ENS - Carta Mensal 1982-7 - Outubro

Page 1

1982

N<? 7

Outubro

CARTA MENSAL das EQUIPES de NOSSA SENHORA Continua conosco Apóstolo da família

MOVIMENTO

de .CASAIS POR UMA ESPIRITUALIDADE 'CONJUGAL E FAMILIAR

A função evangelizadora da família .......... . Maria, um dom de Deus aos homens ......... . A morte que dá vida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 . . . . . . . . . . . . . . . 14

Total confiança em Deus

. . . . . . . . . . . . . . . . . 16

Surpresa aqradável Santa Teresa de Ávila, peregrina de Deus

uma

. . . . . . . . . . . . . . . 18

20

O jardineiro invisível .. ..... .

Peregrinos contam suas experiências . . . . . . . . . . . 21 " Já não há mais lugar para eles em cossa casa ... " . • . . . .

. . . . . . . . . . . 23

Família e sociedade . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . 27

O amor, educador da liberdade

. . . . • . . . . . . . 29

Querido aluno ...

32

As Equipes de Belém no EACRE .....

34

Notícias dos Setores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37


EDITORIAL

CONTINUA CONOSCO

Tinha de acontecer, um dia. O mais tarde possível, meu Deus! Nesses últimos dois anos, por várias vezes, esteve bem perto. No entanto, ele foi ficando. Mais um pouquinho. Em maio, parecia ter se recuperado bastante, e a gente novamente pensou que aquele dia poderia estar longe ainda. Recomeçara a trabalhar. Traduzira um livro inteiro! Teria isto feito parte do plano de Deus? Deus ter-lhe-ia concedido mais alguns meses entre nós exatamente para fazer esse trabalho, para que por seu intermédio ainda muitas graças fossem derramadas sobre nós, equipista·s, através desse livro? Sabendo que o livro pode mudar a nossa oração e, portanto, a nossa vida, por que não? Ele mesmo tinha tanta convicção do valor do livro ("Trinta minutos para Deus", de André Seve) que resumiu os três primeiros capítulos para que fossem publicados na Carta Mensal. Infelizmente, nem o primeiro capítulo impresso, voltou para o Pai antes .. . Agora que aconteceu, que ficamos órfãos - de pai somente, pois Da. Nancy está aí, pronta a continuar o trabalho -, que já passamos pelo choque da separação, o que fica não é o vazio, mas, pelo contrário, uma extraordinária sensação de plenitude. Essa vida tão cheia, tão fecunda, tão intensamente vivida em prol de uma causa - a da Boa Nova a ser anunciada aos casados -, continua! Ele se foi apenas na aparência, na realidade, -1..;._


permanece. Tudo fala dele. O que nos legou proclama muito mais sua presença do que sua ausência. Não é pois hora de lamúrias, mas de glórias e hosannahs! De louvor e de ação de graças pela vida tão bela, pelo exemplo que nos deixou. Uma vida santa, a realização mais próxima que nos foi dado conhecer do ideal apontado pelo Pe. Caffarel quando nos falava dos leigos santos que deveríamos ser. É esta certeza de termos conhecido um santo, essa graça - nem sempre totalmente valorizada? - de termos convivido com este santo, que faz com que a tristeza da separação seja superada por esse sentimento de profunda gratidão. "A minh'alma engrandece o Senhor ... " Sim, graças te damos, Senhor, pela vida e pelo exemplo do teu servo, Pedro Moncau! Sim, fizeste nele e por ele maravilhas! Nele puseste os olhos e pela própria humildade o fizeste teu instrumento, assim como escolheste Maria para ser a tua e nossa Mãe! Humilde, simples e disponível, como Ela! Instrumento, como Ela, para fazer nascer em muitos lares o Salvador do próprio amor. . . Por causa desse seu sim, tantas e tantas vezes renovado ao longo desses 32 anos de Movimento, somos o que somos hoje, cada um dos nossos casais e as Equipes do Brasil como um todo. É verdadeiramente justo e bom louvar-te e agradecer-te, Pai Santo, Deus eterno e todo-poderoso! Por esse pai que não perdemos mas que ganhamos no Céu! Enquanto ele, servo bom e fiel, entra na alegria do seu Senhor, possamos nós aprender a seguir-lhe os passos, na humildade e na doação que foram as características mais marcantes da sua vida.

Monique e Gérard pela EQUIPE DA CARTA MENSAL

o

-2-


APóSTOLO DA FAMíLIA

Quando se relê o artigo escrito em maio de 1980, "Lembrando os primeiros tempos", fica-se abismado diante da coincidência de propósitos existente entre o "Departamento de Casados" do Centro D. Gastão, onde militavam os Moncaus, e as Equipes de Nossa Senhora, lá na França- e de como tudo se encaixou para que o Movimento nascesse aqui entre nós. E chega-se a uma conclusão: Dr. Moncau foi predestinado a trazer as Equipes de Nossa Senhora para o Brasil. Por trás de tudo, percebe-se a ação do Espírito Santo, encontrando em Moncau e Nancy o terreno fértil para que frutificasse a semente. Deus escolhera esse casal, devoto de Maria, aberto à graça, animado pelo fervor apostólico, para realizar a sua obra de santificação dos nossos casais.

Quando da primeira visita do Pe. Caffarel, em 1957.

Num outro artigo, este da Carta Mensal de maio de 1975 (comemorativa dos 25 anos das Equipes no Brasil), os próprios Nancy e Moncau relatam as dificuldades do início - a incerteza

-:3-


diante da novidade da experiência, o desânimo após as primeiras tentativas de se recrutar novos elementos, as noites em claro (isto eles não dizem) com os trabalhos de secretaria, à medida que as equipes se multiplicam. . . Dificuldades compensadas pelas alegrias cada vez maiores ao ,ver o Movimento expandir-se em novas cidades, em outros Estados. Novamente, fica-se impres.sionado pelo fato de um só casal ter sido a chama onde se foram acendendo novos focos: a modesta casa da rua Venâncio Ayres, e depois da rua Paraguaçu era o posto onde se vinham abastecer os pioneiros de Florianópolis, de Campinas, de J aú.

Reunião da ECIR, nos anos 1970

Se hoje, 30 anos depois, somos mais de 800 equipes, pode se dizer sem medo de errar que a seiva espalhada pelos galhos da grande árvore veio, pura e forte, do tronco inicial! Os braços que vieram prolongar os dos Moncaus receberam vida na própria fonte e a foram transmitindo por sua vez a outros - os quais, por sua vez ... Mesmo com funções mais reduzidas com o passar dos anos, os Moncaus -continuavam sendo a alma do Movimento. Quantos textos Dr. Moncau traduziu, adaptou, reviu! E alguns anos atrás ainda aceitou ser o animador das Equipes em Anos de Aprofundamento~ Na realidade, ·nunca pároti. . . Sua capacidade de trapJilh"q, mesmo ngs últimos anos, · era impressionante. -=. 4=


Sempre que alguma orientação tinha de ser tomada, ele dava seu parecer, sábio, ponderado. Embora a preocupação de fidelidade às origens nunca o deixasse, conseguia ele enxergar muito além e era sempre o primeiro a alertar quanto à necessidade de as Equipes corresponderem às expectativas da Igreja do nosso tempo. Diante de suas idéias, muitas vezes mais avançadas que as dos mais jovens, percebia-se a presença atuante do Espírito Santo numa alma profundamente eclesial. Doara sua vida ao Movimento. Mas nem por isso deixava de atender aos doentes que lhe vinham bater à porta. Desde o início de sua carreira de médico, dedicara-se por predileção aos pobres e humildes. Tratava-os com o maior carinho e, é claro, nada lhes cobrava. Curava-os, como gosta de dizer o vicentino João Baptista Villac, metade pela ciência e metade pela espiritualidade. . . Sua habilidade em acertar diagnósticos difíceis vinha-lhe de sua grande experiência com os mais humildes, portadores de todo tipo de doença. Ele mesmo viveu totalmente as bem-aventuranças. A pobreza evangélica. . . "Não leveis nada para o caminho" para ele não representava novidade, era algo que já vivia. Sua vida esteve palmilhada de cruzes, todas aceitas com espírito de fé e de entrega a Deus. O sorriso luminoso traduzia a pureza que lhe ia na alma. Era manso e misericordioso, irradiava paz ... Contudo, o que mais impressionava, talvez, nesta personalidade moldada pela graça, era a humildade. Fora ele o iniciador de tudo, era ele a fonte e a alma - e ele, em vez de falar , ouvia... Como Maria, meditava as coisas em seu coração ... 'última vez em que participou de um grande encontro - rtaicl, 27 a 29 de março de 1981

Este mesmo homem que, em novembro de 1949, escrevia ao Pe. Caffarel estar à procura da "fórmula prática de execução de um programa de reerguimento cristão da família" teve a felicidade de ver seu ideal realizado. Quantos lares não contribuiu a consolidar, quiçá a salvar, por ter

-5-


sido instrumento de Deus na introdução e expansão do Movimento no Brasil? Quantos casais não trouxe de volta à Igreja? Quantos apóstolos não ajudou a formar? Missão cumprida... No dia 17 de agosto, entrou no Céu, levado pela mão de Maria, um santo leigo - nem viúvo, nem solteiro, - um santo leigo casado, que ganhou a Vida dedicando seu tempo, sua inteligência e o melhor das suas forças à causa da espiritualidade conjugal e familiar. M. e G.

(1)

Págs. lO a 16.

(2)

Págs. 29 a 32 .

(3)

Cf. Carta Mensal de maio de 1980, pág. 14 .

-6-


A PALAVRA DO PAPA

A FUNÇÃO EVANGELIZADORA DA FAMILIA

O texto que segue, da Mensagem para o Dla Mundial das Ml.ssões/1981, pela sua importância merece uma meditação do casal e em equipe. Chamamos também a atenção para a sua oportunidade na hora em que muitos de nós estão envolvidos nas programações da Semana da Familia.

Apelando para a colaboração de todos, queria dirigir-me muito especialmente às famílias cristãs. A nossa época tem necessidade de que se volte a valorizar a importância da família, da sua vitalidade e do seu equilíbrio. Isto é verdadeiro no plano humano: a família é a célula de base da sociedade, o fundamento das suas qualidades profundas. E é igualmente verdadeiro para o Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja; foi por essa razão o Concílio deu à família o belo título de "Igreja doméstica" (LG, 11). A evangelização da família constitui, portanto, o principal objetivo da ação pastoral, e esta última, por seu turno, não atinge plenamente o seu fim se as famílias cristãs não se tornarem, também elas, evangelizadoras e missionárias: o aprofundamento da consciência espiritual pessoal faz com que cada um, pais ou filhos, tenha o seu próprio papel e a sua própria importância para a vida cristã de todos os outros membros da família. Não há dúvida de que, tanto no plano religioso como no plano humano, a ação da família depende dos pais, da consciência que eles têm das suas responsabilidades próprias, do seu valor cristão. E é a eles, portanto, que gostaria de me dirigir de uma maneira muito particular. Pelas suas palavras e pelo testemunho da sua vida, segundo o ensinamento da exortação apostólica Catechesi Tradendae, os pais são os primeiros catequistas dos seus filhos (n. 0 68). Nessa ação, a oração deve ocupar o primeiro lugar.

-7-


Permitam-me que insista neste ponto. Com efeito, a oração, apesar da magnífica renovação que se constata num ponto ou noutro, continua a ser difícil para numerosos cristãos, que rezam pouco. Perguntam a si mesmos: para que serve a oração? Será ela compatível com o nosso sentido moderno da eficácia? Não haverá qualquer coisa de mesquinho em responder pela oração às necessidades materiais e espirituais do mundo? Em face destas dificuldades, saibamos mostrar incessantemente que a oração cristã é inseparável da nossa fé em Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, da nossa fé no seu amor e no seu poder redentor, que atua no mundo ... A verdade da oração implica a verdade da vida; a oração é ao mesmo tempo a causa e o resultado de uma maneira de viver que se desenrola à luz do Evangelho. Nesse sentido, a oração dos pais, assim como a da comunidade cristã, será, para os filhos, uma iniciação na procura de Deus e na escuta dos seus convites. Ela supõe que os filhos aprendam em família, como conseqüência normal da oração, a olhar o mundo de uma maneira cristã, segundo o Evangelho! Supõe igualmente que eles aprendam concretamente, em família, que há, na vida, preocupações mais fundamentais do que o dinheiro, as férias ou os divertimentos! A educação dada às crianças poderá então despertá-las para o dinamismo missionário e para a dimensão completa da vida cristã, porque os pais e os outros educadores estarão, também, impregnados do espírito missionário inseparável do sentido da Igreja. Pelo seu exemplo, ainda mais do que pelas suas palavras, os pais ensinarão aos seus próprios filhos a serem generosos para com os fracos, a partilhar a sua fé e os seus bens materiais com as crianças e os jovens que ignoram ainda Cristo ou que são as principais vítimas da pobreza ou da ignorância. Os pais cristãos tornar-se-ão então capazes de encarar a eclosão de uma vocação sacerdotal ou religiosa missionária como uma das mais belas provas da autenticidade da educação cristã que lhes deram, e pedirão ao Senhor que chame um dos seus filhos. A solicitude missionária manifesta-se assim como elemento essencial da santidade da família cristã. Como afirmava o meu venerado Predecessor João Paulo I: "Pela oração familiar, a Igreja doméstica torna-se uma realidade efetiva e conduz à transformação do mundo. E todos os esforços dos pais para impregnarem os seus filhos do amor de Deus e para os ajudarem pelo exemplo da sua fé constituem um dos mais importantes apostolados do século XX".

-8-


MARIA, UM DOM DE DEUS AOS HOMENS

As nossas Equipes foram fundadas sob o patrocínio de Maria. Mas, às vezes, tem-se a impressão de que este título não tem nada a ver conosco, ao ponto de alguns o considerarem "ultrapassado"... Diz-se que, se nós nos chamássemos simplesmente "Equipes de casais" ou outro nome qualquer, daria no mesmo. No entanto, se Deus assim inspirou o nosso fundador, é porque nos quis dizer alguma coisa, porque nos quis da/r alguma coisa! É pena, mas a realidade é que perdemos Maria de vista em nossa devoção, em nossa oração. Por que? Será porque nós a tínhamos rodeado de muito romantismo? Será porque somos muito racionalistas e não conseguimos compreender aquela que é o sorriso e a poesia da nossa fé? Será porque a psicologia nos perturbou ao falar de nossas "projeções", dos nossos traumas - e Maria é bem mais simples do que isto tudo? Será porque somos muito complicados, e Ela é tão transparente? Não sei. Mas é um fato. Antigamente, rosários, mês de Maria, novenas, procissões... E agora? Apesar das aparências, eu creio que todos nós conservamos em nossos corações, como uma brasa, um grande amor Aquela a quem o poeta chamou "a menina do Sim". O Vaticano II e Paulo VI, na sua Exortação sobre o culto à Virgem Maria, definiu bem as coisas dando-nos uma doutrina clara e precisa: necessitamos redescobrir Maria. Maria é um presente de Deus à humanidade. Uma "atenção" que Deus teve conosco. As vezes, Deus parece-nos longínquo, demasiado impressionante em sua onipotência, para pobres pecadores como nós.

-9-


Parece até que, às vezes, temos medo dEle! Será por causa disso, ou simplesmente porque Ele a amava, que colocou bem perto de si uma mulher da nossa raça, uma mãe para todos nós. Uma mãe que, como todas as mães, tudo pode para seus filhos. Nas minhas peregrinações através da vida e através do mundo, no contato com os seres humanos, descobri um grande amor por Maria em toda espécie de pessoas. O que mais me impressionou foi descobrir esse amor naqueles que marginalizamos, naqueles que, por não se adaptarem às nossas normas, princípios e conveniências, foram postos à margem da sociedade: Maria é para eles a última esperança, o grande e secreto amor em sua solidão e em suas lágrimas. Encontrei pessoas de fé vivendo em pecado, que, orando a Maria, voltaram à esperança. Cheguei a encontrar pessoas que se proclamavam atéias, mas conservando o seu amor a Maria! Entre elas, encontrei moços e velhos, sábios e ignorantes - todos amando Maria. E também encontrei pessoas que, nas mil e uma lutas da vida, apesar das feridas, face a situações incompreensíveis e desesperadas, levantaram os olhos para Maria, em quem encontraram a força e a alegria para continuar. Deus fez as coisas bem feitas. É por isso que Ele colocou Maria tão perto de si. Há dias, li esta frase (Is. 5) , atribuída ao próprio Deus: "Que posso eu fazer pela minha vinha (por vós) que não tenha feito?" E é verdade. Deus deu-nos tudo. Até seu Filho, Jesus. E Jesus ofereceu-nos os seus dois amores: o do Pai, pelo Espírito Santo, e o de sua Mãe, pela Cruz. "Que posso eu fazer por ti?" Nas horas negras da vida, levantem os olhos, "olhem para a Estrela, invoquem Maria".

Pe. Manuel Iceta (Traduzido da Carta espanhola)

-10-


A MORTE QUE DA VIDA

Dom Lucas Moreira Neves

No dia 10 de outubro, o Papa João Paulo II canonizará Maximiliano Kolbe, beatificado por Paulo VI há onze anos. Quem era Frei Maximiliano

Uma figura invulgar, a deste polonês nascido no fim do século passado (1894}, membro da Ordem dos Franciscanos Conventuais. Foi um grande místico. Seus amores mais marcantes: Francisco de Assis e Nossa Senhora. Escreveu muito, e seus escritos deixam transparecer uma espiritualidade forte e viril, feita de uma fé sólida, sem brechas, e de um amor sem medida a Deus e aos irmãos. Mas foi também um homem de ação, líder e organizador talentoso. A devoção ardente que desde jovem o uniu à Mãe de Deus o levou a criar, ainda antes de ser sacerdote, a "Milícia da Imaculada", hoje difundida em todo o mundo. E, em ligação com a "Milícia", um sem-número de iniciativas religiosas, todas de invejável atualidade ainda hoje. Foi formador de futuros sacerdotes, orientador e guia de uma infinidade de cristãos comprometidos - sacerdotes, religiosos e leigos. Foi missionário, e estendeu até o Japão sua presença e sua atuação. O mártir

A guerra o surpreendeu em plena ação na sua "Cidade da Imaculada", na sua Polônia natal. A terrível guerra que, como -11-


por uma fatalidade, começa pela invasão da Polônia e, pela enésima vez, culmina com a opressão e a humilhação da sua pátria. Conhecemos todos a tragédia dos bombardeios, das prisões por obra das forças nazistas, das deportações, dos campos de concentração e, como triste epílogo, a dominação soviética. Um dia qualquer de 1940, os esbirros da cruz gamada vêm buscar Padre Maximiliano, como haviam levado tantos de seus co-irmãos e discípulos. Prisão. Farsa do julgamento sumário. Por fim, o internamento em Auschwitz. Primeiro, num campo de concentração normal, se é possível dizer assim. Aqui, a humilhação. O isolamento. O medo. Mas, tormento pior, o terror de pensar que a qualquer momento do dia - ou, melhor, da noite - haveria passadas no corredor, estrépito de botas, uma voz de soldado gritaria um nome - talvez só um número - e mais um companheiro se afundaria na escuridão, rumo à "cela da fome", daquilo que a história chamaria "o bunker da morte", porque dele ninguém jamais saiu vivo. Um dia gritaram um nome. Um infeliz se levantou, aterrorizado, e caiu em pranto. Talvez não chorasse por si, chorava pela mulher e pelos filhos que de agora em diante o esperariam em vão. Então levantou-se também Padre Maximiliano e, como quem pede um favor, pediu que deixassem estar aquele companheiro. Levassem-no a ele: ao menos não deixava atrás de si a desesperança e a angústia de esposa e filhos. Daquela vez foi o vulto do franciscano que mergulhou na noite a caminho da "cela da morte". Por meses, em meio a dezenas de outros condenados iguais a ele, Maximiliano só pode esperar a morte - e preparar-se para ela. A morte virá pela fome. Cada dia o físico, antes normal senão robusto, do franciscano aparece mais depauperado, devastado pela inanição. Breve estará reduzido a uma larva. Em torno dele, cada dia, um a um, sucumbem todos aqueles que foram trazidos com ele. Melhor assim: abrem-se vagas para outros. Há muitos ainda a trazer para o bunker. E Padre Maximiliano, por que espécie de mistério não sucumbe ele também? No dia 14 de agosto de 1941, um soldado entra na cela e se aproxima do frade; débil fio de vida num pobre corpo esquelético. Vistosa, na mão do soldado, a seringa. O veneno cortaria aquele fio de vida. Resta ao Padre um pouquinho de força quanto basta para estender livremente o braço para a injeção. "Para que tenham vida"

Há na morte de Maximiliano Kolbe alguns aspectos fundamentais que não posso deixar de assinalar. -12-


Primeiro, é a morte de um inocente. É impossível apontar nele o menor mal. Seu crime, o de ser cristão, religioso e polonês. Só o ódio cego e demente podia golpeá-lo. Segundo, é morte que dá vida a outro. Está vivo, depois de 40 anos, aquele pai da família cuja vida foi trocada com a de um filho de São Francisco. Assistiu à Beatificação. Poderá assistir à canonização. Terceiro, foi morte voluntária. Meses a fio, com lucidez e humilde coragem, ele caminha para o fim. No fim, consciente, ele estende o braço, e o gesto derradeiro é gesto de um homem livre. Por último, é morte de infinito perdão. Quem pode dar testemunho da jornada final atesta que Padre Maximiliano foi capaz de entregar-se inteiro à morte porque não tinha entregue nada de si mesmo ao ódio ou amargura. São as quatro pontas da cruz de Cristo, as quatro dimensões da morte de Jesus. Morte inocente: "Não fez nada de mal" (Lc. 23, 41). "Passou fazendo o bem" (At. 10, 38). Morte que dá vida: "Morreria pela nação - e não só pela nação mas para congregar na unidade os filhos de Deus dispersos" (Jo 11, 37). Morte voluntária: "Ninguém arranca a minha vida, sou eu quem a entrego" (Jo 10, 18). Morte de perdão: "Pai, perdoai-lhes, não sabem o que fazem" (Lc. 23, 34). Esta canonização é um conforto e um estímulo. Nesta "hora do chacal" que estamos vivendo, tempo de ódios desencadeados, de agressões e mortes em nome do humanismo, da civilização e até do Evangelho, alegra-me invocar, depois de 10 de outubro, não mais o Beato Kolbe, mas São São São São

Maximiliano Maximiliano Maximiliano Maximiliano

da caridade, da mansidão, da bondade, do perdão e da reconciliação,

São Maximiliano da paz. (Transcrito do "Cavaleiro da Imaculada")

-13-


TOTAL CONFIANÇA EM DEUS

É com emoção que continuamos a publicação da condensação, feita pelo Dr. Moncau especialmente para a Carta Mensal, dos primeiros capítulos de sua tradução do livro de André Seve, "Trinta minutos para Deus": este foi o seu último trabalho - que, infelizmente, não chegou a ver publicado.

A oração é como uma aposta sobre a maneira de se levar a vida: tudo viver com Deus. A partir do momento em que procuramos levar esta vida, a aposta está ganha. A partir do momento em que, no cotidiano da nossa vida, tudo é encarado com o Senhor, em diálogos em que pomos nEle toda a nossa confiança não creio que seja possível abandonar esta maneira de viver, e já não existe o problema da oração. Quando falamos em oração, tudo se resume nesta confiança cada vez mais extraordinária naquilo que Deus pode fazer com a nossa personalidade e a nossa vida. Isto não é mero lirismo. Santa Teresinha de Lisieux construiu a sua santidade sobre esta base: "ter uma confiança total em Deus ... e prová-lo." Pensar e dizer que se tem confiança em Deus não é muito difícil. Mas basta refletir um pouco para ver que, chegada a hora, empacamos ... Todas as vezes em que nossa oração entra em crise, se aprofundarmos as coisas chegaremos sempre a esta conclusão: não acreditamos que ela possa realmente mudar a vida. Não mergulhamos em cheio na oração porque não ousamos nos atirar numa total confiança em Deus. Enquanto hesitarmos, enquanto acrescentarmos apenas um pouco de oração à nossa vida, "por via das dúvidas", com uma confiança apenas superficial, não teremos feito uma verdadeira experiência de oração.

-14-


Na realidade, não são nossas formas de oração que estão doentes; é a nossa confiança radical: o que a minha oração vai mudar? Por certo, não chegarei quase nunca a ver esta mudança. Mas terei recebido forças para aceitar, para superar. Só conseguirei rezar bem no dia em que, sem ver, estarei convencido de que estou cumprindo algo misteriosamente decisivo. Deus me conhece, Ele me ama e sabe o que fazer comigo. A oração estabelece um liame entre a minha vida e o poder de Deus. Sem este liame, não me abre verdadeiramente ao poder de Deus. Na realidade, a minha oração não acredita na oração. Ora, Deus, para agir, quer ser pressionado pela nossa confiança. Este relacionamento de oração entre Deus e nós é desconcertante. Por que há necessidade de tanto insistir? Em última análise, não sou capaz de imaginar aquilo que Deus pode quando eu rezo. Jesus mostrou-se surpreendido diante das manifestações de incredulidade dos homens de seu tempo. Leiamos em Marcos (9, 14-29) a cura da criança epiléptica. A súplica do pai infeliz provoca em Jesus um movimento de irritação quase estranho: "ú geração incrédula, até quando vos deverei suportar!" O pai, então, todo trêmulo, explica: "Teus discípulos não foram capazes de curar meu filho. Mas tu, se puderes ... " Nova reação violenta de Jesus: "Como, se puderes? Tudo é possível àquele que crê!" A oração ante o impossível: eis até onde precisamos chegar. Mergulhar na confiança ilimitada: "Senhor, eu creio! Mas ajuda-me a crer! A crer até este ponto!" Quantas vezes as nossas orações se assemelham a pequenos murmúrios de rotina: falta-lhes a confiança de que podemos arrancar de Deus aquilo que pedimos. Isto nos habitua a rezar superficialmente, e acabamos resvalando para a não-oração. O número freqüente de orações fracas solapa pouco a pouco a intensidade interior com a qual precisamos nos aproximar de Deus. A oração insistente, aquela que leva Deus a dar-lhes ouvidos, é a oração que crê em si mesma.

-15-


SURPRESA AGRADAVEL

Folheava a "Carta Mensal das ENS" de agosto deste ano (1982). Chego à página 17. "O despertar de uma vocação". Perguntei-me logo: Tratar-se-ia de vocação no seio de uma família das ENS? E a resposta - aí está minha surpresa agradável foi positiva. É verdade, das poucas famílias das ENS que cheguei a conhecer, algumas houve que aspiravam a ter algum filho ou alguma filha consagrado a Deus, no sacerdócio ou na vida religiosa. Eram famílias de fé adulta. Mas, no momento em que escrevo, não me lembro de ter conhecido caso algum em que se tenha realizado tal desejo. Isto me incomodava. Tanto mais que outros movimentos novos, de modo geral, igualmente não estão ainda conseguindo ser aquilo que o Concílio Vaticano II sonha: " ... em particular as Associações Católicas esforcem-se por formar de tal maneira os adolescentes a si confiados que possam perceber a vocação divina e livremente segui-la". (O.T. 2). Onde está a culpa? Nos assistentes espirituais? Nos fiéis, em geral? Deixo a cada um dar resposta diante de Deus. O fato é que em geral passamos a culpa ao outro. Hoje, sou o primeiro a me penitenciar. No entanto, na passagem do Concílio citada acima, além das Associações Católicas, o Concílio lembra mais outras cinco pessoas ou entidades responsáveis pelas vocações, nomeadamente: a família, que o Concílio define como "primeiro seminário", isto é, "sementeira" de vocações. Lembra, depois, as paróquias, em seguida os professores e educadores, e em quarto lugar as já mencionadas Associações Católicas, entre as quais vemos figurar as ENS, a seguir, os Sacerdotes e, enfim, os Bispos. Nesta catalogação de responsáveis pelas vocações, podemos deduzir que os Sacerdotes não são os únicos responsáveis pelas vocações. Se estes não fizerem nada pelas vocações, haveria ou deveria haver outras cinco fontes de vocações. Quando funcionarão todas elas? -16-


O que você já fez pelas vocações? O que dizer, se dependesse de você o Padre que um dia vai lhe ungir a fronte para lhe abrir as portas do céu? O que dizer, se dependesse de você aquela religiosa que um dia lhe prestará os últimos cuidados no asilo ou no hospital? O que dizer, se dependesse de você o novo Bispo que um dia estará à frente de sua própria diocese? O que dizer, se dependessem de você os Pastores para o serviço dos cristãos que, em todo o mundo, são apenas um bilhão e trezentos milhões? O que dizer, se dependessem de você os Missionários que devem evangelizar os mais de três bilhões de não-cristãos, que ainda desconhecem o Cristo e o Evangelho? O que dizer? Deve-se dizer que tudo isso depende de fato de você, como também depende de mim. Pois "as vocações são da responsabilidade da comunidade cristã, toda inteira". (O.T. 2). Um dia, na casa do Pai, conheceremos sem dúvida aqueles todos que na Igreja receberam e seguiram a vocação de especial consagração graças ao nosso trabalho vocacional, graças às nossas orações e sacrifícios pelas vocações. E, então, teremos todos, uma eterna "surpresa agradável".

-17-


SANTA TERESA DE AVILA, -

UMA PEREGRINA DE DEUS

"Podes partir de novo. Por que duvidas ainda? Aqui tudo já está feito". Assim falava o Senhor à Madre Teresa de Jesus, impelindo-a a retomar suas viagens, a trocar mais uma vez a quietude e a contemplação do claustro pelas agruras de novas fundações do Carmelo em terras de Espanha. E foi por esse caminho que Deus fez dela uma grande santa. Em 1567, o Padre Superior Geral lhe dera ordem para fundar tantos mosteiros "quanto o número de cabelos que tinha na cabeça". Teresa se lançou à obra. De cidade em cidade, lutando contra as canseiras das viagens longas e penosas, com dificuldades para conseguir a autorização dos bispos, sem casa, sem dinheiro e sem saúde, Madre Teresa de Jesus realizou uma obra estupenda para uma simples mulher, e naquele tempo ... No mapa da Espanha, a ladainha das cidades onde Santa Teresa fundou Carmelos perfaz o itinerário atordoante de suas viagens. . . Quantas e em que condições fez essa admirável mulher de 52 anos pelas estradas poeirentas, de carroça ou no lombo de burros, enfrentando mau tempo e mil outros desconfortos! Teresa de Cepeda y Ahumada nascera em A vila, a 8 de março de 1515, de família de antiga nobreza espanhola. A mãe morreu cedo, quando Teresa tinha doze anos. Dos 10 irmãos, um se fez dominicano no mesmo dia em que Teresa ingressava no Carmelo. Corria o mês de outubro de 1536. Em novembro de 1537, Teresa fez sua profissão solene conforme as Regras da Ordem. Mas foram precisos mais de 20 anos vividos no Mosteiro da Encarnação - onde a Regra era mitigada, o ambiente mundano e frívolo, sem obediência nem pobreza - para que Teresa chegasse a tomar a decisão de converter-se, atendendo aos desejos de Deus. E o que Deus queria dela? Apenas isso: que empreendesse a reforma da Ordem do Carmelo e fundasse novos mosteiros, restabelecendo a Regra primitiva no esplendor e na pureza das origens ...

Em julho de 1562, Teresa funda, com algumas companheiras, o Mosteiro de São José de Avila, o primeiro onde se restau-18-


rou a Regra primitiva da Ordem de Nossa Senhora do Monte Carmelo, favorecendo às religiosas uma vida austera de contemplação, penitência e humildes trabalhos caseiros. Começava assim a relizar sua grande tarefa. Levou quase um ano para obter a autorização de transferir-se para lá. . . Quando após ferrenha oposição, conseguiu partir para o Mosteiro, na primavera de 1563, sua bagagem pessoal não era muita: uma esteira de palha, um instrumento de penitência e um velho hábito, já bem usado. Ia muito feliz por ingressar finalmente e para sempre (pensava ela) na clausura rigorosa e perpétua. Deus, porém, se encarregou de tirar Madre Teresa da clausura, lançando-a na aventura incessante das fundações ...

~

Teresa de A vila foi também uma grande mística. Sua experiência de Deus foi marcada por fases de visões, êxtases e outros fenômenos semelhantes. Ela escreveu livros de mística que retratam seu itinerário espiritual: "Conceitos do Amor de Deus", "Caminho de Perfeição" e "Castelo da Alma". Sua intimidade com o Senhor era tão grande que conversava com Ele constantemente e sem a menor cerimônia. Certa vez, a carroça em que viajava caiu no rio e Madre Teresa, doente e cheia de reumatismos, precisou içar-se pela ribanceira barrenta até a estrada. Reclamou com Nosso Senhor de mais esse contratempo. "É assim que eu trato meus amigos", respondeu-lhe Ele, "Pois não me admira, Senhor, que os tenhas tão poucos!" replicou então Teresa. Envelhecida, alquebrada pelas fadigas, enfraquecida pela doença, sabia que sua tarefa terminara. Aproximava-se a hora da morte, do seu encontro com o Senhor. "Chegou a hora desejada. É hora de nos vermos, meu Amado, meu Senhor. É hora já de caminhar ... " Assim rezava Madre Teresa ao receber pela última vez a Sagrada Comunhão. Morreu no dia 4 de outubro de 1592, no Mosteiro da Anunciação de Nossa Senhora do Carmo, na cidade de Alba de Tormes, uma de suas tantas fundações. Madre Teresa de Jesus foi canonizada pelas suas virtudes heróicas. Pelos seus escritos, Paulo VI proclamou-a, em 1971, juntamente com Santa Catarina de Sena, Doutora da Igreja. (1) Sua festa litúrgica celebra-se no dia 15 de outubro. Encerram-se nesta data as comemorações do 4.° Centenário de sua entrada no Céu. (Adaptado de E.stella Sampaio, no "0 São Paulo" de 16-22/10/81) (1)

Cf. Carta Mensal de outubro de 1971, págs. 5-9, "Duas mulheres entre os doutores da Igreja".

-19-


O JARDINEIRO INVISíVEL

Sobre o valor, a importância e a eficácia apostólica da Oração, este é um dos pensamentos mais lindos e profundos que eu conheço. - Se não fores o semeador que atira o grão de trigo ao solo, sê, pelo sofrimento, pela oração e pela caridade, o jardineiro invisível que rega a semente. Nem todos podem ser apóstolos ativos, sempre. Os carismas e talentos, no Reino de Cristo, são diversos e diferenciados. Uns pregam, outros catequizam. Uns têm saúde e tempo disponível, outros se acham doentes e já alquebrados pela idade. Mas todos podemos assumir o gesto redentor do jardineiro invisível que rega a semente. Talvez estejas sofrendo, o coração machucado por alguma injustiça ou incompreensão. Talvez te sintas inútil, pobre, vazio, preterido, marginalizado. . . com aquela sensação de que Deus se acha longe, insensível aos teus apelos, decepcionado talvez com tua fé em declínio . .. Coragem, minha amiga, meu irmão. Dentro da noite da tua angústia, reza o teu sofrimento, oferta as tuas cicatrizes, plantando a flor da bondade, da alegria, do amor. Mesmo sangrando e vertendo lágrimas, mesmo esperando contra toda a esperança, podes ser o jardineiro invisível e benfeitor que rega a semente, na misteriosa seara das almas. Não é o ativismo, a retórica brilhante, o espalhafato, a correria e a publicidade ruidosa que conferem eficácia apostólica. São os joelhos em terra, a oferenda das dores e a vivência da fraternidade que regam a semente, convertendo os corações, redimindo a humanidade. No vasto campo apostólico do século XX, sobram Martas inquietas, solícitas, atarefadas. E faltam corações orantes, almas contemplativas, como a silenciosa Maria, em Betânia. Nos misteriosos caminhos da Redenção, Um homem que reza Vale por Cem ati vistas, cheios de entusiasmo e boa vontade, talvez, mas ... desligados de Deus. Enclausurada atrás das grades do Carmelo, profundamente orante, Santa Terezinha do Menino Jesus foi proclamada padroeira universal das Missões. Oportuno lembrete da Igreja: é a oração, o sacrifício, a renúncia, a generosidade, a fé e a esperança que alimentam o apóstolo, que atingem os corações, que salvam o mundo. E a vivência da fraternidade, acima de tudo. Pe. Roque Schneider, S.J. -20-


PEREGRINOS CONTAM

SUAS EXPERII':NCIAS

Enquanto não nos chegam noticias dos "nossos" peregrinos, o consolo é conhecer as experiências de outros casais, que participaram de peregrinações anteriores!

I -

Miscelânea ...

"Fomos a Roma para pedir uma graça bem concreta. Voltamos de lá com a convicção de que o Senhor nos acompanhará no caminho difícil que escolhemos." "Foi uma tomada de consciência da universalidade do Movimento e da fraternidade que ele soube criar entre os seus membros. Saber que a mensagem de Cristo que tentamos fazer penetrar em nossa vida é partilhada por outros casais semelhantes a nós é fonte de coragem renovada." "Foi uma descoberta em profundidade da universalidade da Igreja no tempo (contato com os Apóstolos, os primeiros cristãos, Francisco de Assis ... ) e no espaço (encontro com casais cristãos do mundo inteiro, de todas as idades, de todas as condições sociais ... ) ." "Que alegria a de rezarmos todos juntos! Que fraternidade! Se pudéssemos ostentar no rosto, depois de cada Eucaristia de que participamos em casa, a mesma alegria que sentíamos durante esses dias, que grande testemunho seria o nosso!" De um Conselheiro Espiritual: "O que mais me marcou é que falávamos diversas línguas, mas estávamos todos na mesma freqüência de ondas. . . Era um Pentecostes: muitas línguas, um só Espírito, "unidade na diversidade". Verdadeiramente, foi o que vivi em profundidade. Mais uma vez, descobri a importância do Movimento para o mundo contemporâneo. Para mim, é um Movimento do futuro. Mas depende muito de cada um de nós!"

-21-


II -

Roma, é o máximo

"Roma- é o máximo! É preciso ir, sem falta! Uma reunião de equipe de 8 dias! A partir da hora em que se entra no trem (ou no avião), tudo começa: o acolhimento, a amizade, os contatos com casais de todos os países." Assim se exprimiam com entusiasmo os participantes do grande Encontro realizado em R.oma em 1976. Mais alguns testemunhos: "Foi a Igreja universal que nós como que tocamos com as próprias mãos, em várias ocasiões marcantes: na apresentação das Equipes pertencentes às diferentes nações, nas celebrações eucarísticas nas Basílicas onde, com um só coração, cantávamos em francês, alemão, inglês e espanhol! Para além das diferenças de língua e de cultura, todos nos sentíamos unidos, porque todos tínhamos sido chamados a proclamar a Boa Nova do Evangelho: Amai-vos uns aos outros." "Em Roma, pela primeira vez na nossa vida, sentimos que estávamos no ponto de origem, na própria fonte da Comunidade cristã. Foi um encontro individual com Pedro, que repousa no coração da basílica a ele dedicada - e que representa tão bem a imensidade da Igreja de Cristo. Ao vermos o Papa, este encontro se completou, traduzindo-se numa emoção cuja profundidade nunca teríamos imaginado. Mais do que o chefe de uma Igreja universal, foi verdadeiramente o sucessor de Pedro que pudemos ver e ouvir!" "Em Roma, conhecemos o máximo da amizade, o máximo da unidade na fé, um sentimento muito forte de fazermos parte deste grande Povo de Deus, desta humanidade inteira caminhando para Deus. Pudemos sentir palpavelmente a universalidade da Igreja e esta fé que nos foi transmitida de geração em geração através dos tempos por outros cristãos." "Quando a Palavra de Cristo ressoava na enorme basílica de São Pedro - por três vezes a mesma pergunta: 'Pedro, tu me amas?'- senti que o Senhor não se contentava com um 'sim' superficial de nossa parte, mas que Ele nos queria dizer que o nosso amor devia ser forte e consciente, um amor que sabe renunciar a si mesmo em favor dos outros! Senti, até as lágrimas, a pobreza do meu amor pelos outros . .. A igreja de São Pedro será sempre para mim esta pergunta de Jesus: 'Tu me amas?' e sua recomendação: 'Cuida daqueles que te são confiados'."

-22-


"JA NÃO HA MAIS LUGAR PARA ELES EM NOSSA CASA . .. "

A Equipe da Carta Mensal procurou enfocar o problema do abandono do ancião. Maria Enid procurou obter vários depoimentos de pessoas idosas, entre os quais selecionou três. Yvette escreveu o testemunho que segue e Fellcio, o último comentário.

D. Maria, 75 anos de idade, há 5 anos morando no Asilo de São Vicente

Não para cá, ção em do cada

gosta de lá, onde diz faltar muita coisa. De uns meses só comem arroz e feijão. Quando alguém faz uma doaalimentos, as coisas melhoram. Mas isto tem acontecivez mais raramente.

Teve dois filhos. Ambos estão casados e moram em São Paulo mesmo. Recebe a visita deles no Natal e no dia das mães ... Logo ao enviuvar, foi residir com a filha, a qual disse-lhe não ter condições de dar-lhe atenção e conforto, além de ela constituir um peso no orçamento doméstico ... Na casa do filho, não houve possibilidade, pois a nora não gostava dela. De certo modo, sente-se melhor no asilo, por não incomodar os filhos, mas queria mesmo é poder ficar perto de seus netos, que lhe querem bem. Seu passatempo favorito: conversar com as pessoas. Tem muita fé em Deus, sem o que seria muito mais difícil aceitar o seu destino. Reza o terço diariamente, pelos filhos, netos e pelas outras vovózinhas mais sofredoras do que ela.

-23-


D. Anita, viúva, 78 anos de idade, há 15 anos morando em abrigo 1·emunerado para pessoas idosas Ondina Lobo.

Gosta de lá. É bem tratada. Teve um filho, já falecido. A nora e os netos vêm visitá-la. Veio para esta casa por ter perdido a visão e não haver lugar em casa do filho para ela. Sentia-se melhor em casa da nora, por não passar tanto frio e gozar da companhia dos netos. Sente muita falta deles. Seu passatempo favorito: ouvir rádio. Tem grande fé em Deus. Reza o terço todos os dias, pelos mortos e pelos santos. D. Maria, solteira, 69 anos de idade, há 4 anos residindo no Asilo São Vicente de Paulo

Acha que as pessoas que lidam com ela não são muito pacientes com os velhos. É austríaca. Sua família veio tentar a sorte no Brasil. Quando os pais morreram, seus dois irmãos voltaram para a Austria. Ela permaneceu aqui como governanta em casa de uma família em São Paulo.

Quando não pôde mais trabalhar devido à idade e à perda quase total da visão, foram bons para ela, levando-a para o asilo. É o melhor que poderia esperar, por não ter parentes nem amigos. Sua aposentadoria é pouca, mal dá para seus pequenos caprichos: talco, sabonetes perfumados e bolachas. Paga ainda uma pequena taxa como mensalidade no asilo. Seu passatempo favorito: ouvir música. Sente-se grata por ainda ter um te to e Deus ... Crê muito na Providência Divina. Reza diariamente o terço, faz novenas e assiste às missas na capela local. Reza por todos os que não têm fé e magoam a Nosso Senhor, e pelos seus dois irmãos, estejam onde estiverem ...

o Positivamente, não tem a mínima razão de ser a mania que temos de nos queixar diante de pequenas dificuldades: coisas sem qualquer relevância já nos levam a nos sentir infelizes. Felizmente, ainda há pessoas neste mundo que nos dão lições de otimismo e confiança em Deus. -24-


Temos um círculo, oriundo de Encontro de Casais com Cristo, que visita periodicamente um asilo de velhos, muito carente, para levar algumas doações materiais e, principalmente, a nossa solidariedade humana. Por ocasião da visita que fizemos no último N atai, levamos alguns presentes, modestos, para distribuir aos velhinhos. Coube a mim a entrega do presentinho a uma simpática senhora, com 81 anos de idade e há 20 anos internada nesse asilo. Meu Deus, como eu me senti pequena diante da grandeza de alma dessa criatura! Seu otimismo e sua fé fazem com que a gente sinta o quanto Deus é bom e como Ele sabe transformar em felicidade aquilo que a nós parece profundamente infeliz. Quando lhe entreguei o pequeno presente, vi estampada em seu rosto a própria felicidade. Sua alegria era tamanha que, para agradecer, colocava a mão sobre o peito e, em seguida, a levava em direção ao crucifixo. É preciso dizer que essa senhora, com sua alegria contagiante e que se chama Maria Luiza de Jesus, está há 20 anos com paralisia dos membros inferiores, portanto há todo esse tempo na cama. . . . Não bastasse isso, Dona Maria Luiza é também completamente muda... E não tem um parente sequer. Apesar de tudo, essa extraordinária mulher, com bastante dificuldade, faz desenhos muito bonitos e, como que para patentear a sua fé, em todos os desenhos há uma cruz. E nós ... ?

o O zelador do prédio tocou insistentemente a campainha do apartamento do Sr. João para fazer um conserto de emergência; como não houve resposta, resolveu abrir a porta com a chave-reserva. Encontrou o sr. João morto. Morto havia mais de 4 meses. Nenhum dos moradores do prédio de 40 apartamentos percebeu ou estranhou a ausência do vizinho. Também a morte de uma senhora, em outro local, em circunstâncias parecidas, provocou um choque na opinião pública. Sociólogos, psicólogos e ensaístas escreveram tratados sobre a solidão na cidade grande, o abandono na velhice ou a falta de humanidade da sociedade industrializada. Na prática, porém, a situação permaneceu a mesma ... A morte que levou mais tempo para ser descoberta foi a de Gherard Koenig, no seu apartamento também, mas depois de ... 7 anos! Não fossem as comodidades do serviço bancário alemão - todos os meses a aposentadoria era creditada diretamente em sua conta corrente e eram descontados os pagamentos de aluguel,

-25-


gás e eletricidade - essa morte teria sido descoberta mais cedo. Sem nenhum cobrador a bater-lhe à porta, sem cantatas com os parentes e sem amigos, a falta de Gherard não foi sentida por ninguém - durante 7 anos ... A descoberta do corpo de Koenig só aconteceu quando o seguro da aposentadoria decidiu atualizar seus dados, enviando-lhe uma carta. Sem resposta, os pagamentos foram suspensos, à espera de que ele aparecesse para reclamar. Seis meses depois, a administração resolveu alertar a polícia. O mais triste de tudo é que, depois de divulgado o fato pela imprensa, apareceu alguém: a filha! Reclamava seu direito à herança juntada pelo pai ... Todos esses casos, infelizmente verídicos, aconteceram na super-civilizada Alemanha, relatados em artigo recente no "O Estado de São Paulo". Poderemos dizer: ora, estas estórias não acontecem aqui; no Brasil é diferente! nós temos mais sentimentos! Será? Nós, como cristãos, e além do mais equipistas, já procuramos de alguma forma aliviar o sofrimento de um idoso solitário? Na nossa rua, no nosso prédio, não estará alguém sedento do conforto de um pouco de companhia? "Eu estava só, velho, triste, infeliz e desamparado. . . mas você conseguiu dar-me um pouco de alegria, consolo e esperança!" Assim seja!

A família cristã é chamada a oferecer a todos o testemunho de uma dedicação generosa. e desinteressada. pelos problemas sociais, mediante a "opção preferencial" pelos pobres e marginalizados. Por isso, progredindo no cantinho do Senhor mediante uma. predileção especial para. com todos os pobres, deve cuidar especialmente dos esfomeados, dos indigentes, dos anciãos, dos doentes, dos drogados, dos sem-familia.. (Familiaris Consortio, 47)

-26-


FAMÍLIA E SOCIEDADE

Há muito a família é classicamente definida como a célula mater da sociedade. Mas tantas foram as vezes em que esta definição foi usada e explorada para fins oratórios que acabou por perder o sentido de seu significado e o respeito ao seu profundo conteúdo. Poucas são as ocasiões em que nos damos ao trabalho de refletir sobre o papel da família na sociedade, sobre a família, instituição básica para a formação de um povo. Quantas vezes já paramos para pensar que uma comunidade nada mais é que reunião de famílias? Quantas vezes já nos demos ao trabalho de imaginar que, se queremos um povo forte e uma nação respeitável, é preciso que tenhamos primeiro uma instituição familiar solidamente constituída? Não ousamos afirmar que de toda família desajustada e desorganizada nascerá um criminoso. Não chegamos a tanto. Mas para nenhum de nós é desconhecido, e a própria psicologia nos ensina, que os desequilíbrios emocionais e as carências afetivas, hóspedes de honra dos lares em crise, são fatores preponderantes no aparecimento de psicoses, do alcoolismo, das toxicomanias e da criminalidade em todos os seus matizes. A Igreja de nossos dias se lança a campo em apoio à instituição da Família. Ninguém melhor que ela, a Igreja, sabe que, para o desenvolvimento do plano de Deus, há necessidade de se colocar na base a família. Há necessidade de que esta família se organize harmonicamente num plano social, político e religioso. Esta a razão das lutas hodiernas da Igreja pela justiça social, para que os chefes de famílias possam reassumir seu papel de esposo, de pai, trazendo para dentro de seus lares a segurança e o respeito que muitas vezes perdem, quando, premidos pela injustiça dos baixos salários, da exploração econômica, são obrigados a assistir, impotentes, à prostituição das filhas, à morte e à fome que destroem seus lares. Não queremos pintar um quadro muito pessimista, mas, não podemos deixar de ver e denunciar a realidade vivida por grande parte das famílias brasileiras. -27-


É preciso que voltemos a pensar que uma sociedade não se faz somente de petróleo e cofres abarrotados de dólares, mas também e principalmente de tradições, de respeito à dignidade do homem, de civismo, de religião, valores estes que somente nas famílias podem ser forjados. É preciso que retornemos à família planejada desde o Gênesis, quando Deus, criando homem e mulher, lhes ordenou que crescessem e povoassem a terra, se tornassem dela senhores e nela completassem sua obra. Para esta família deveremos, todos os cristãos, estarmos voltados, fazendo sua promoção humana, dotando-a dos meios materiais a que por direito natural faz jus - como educação, alimentação, saúde, moradia e trabalho para que ela possa cumprir o seu destino histórico, na formação de uma sociedade mais justa, mais humana, mais cristã.

Aos cristãos que militam nos meios de comunicação cumpre o dever de evitar que por seu intermédio se destruam os valores básicos da família, a exemplo do que vemos hoje. A destruição desses valores, sem que haja outros a lhes tomar o lugar, deixa nas pessoas um enorme vazio, quase sempre preenchido pela propaganda inescrupulosa de consumismos e modismos e, o que é pior, com culturas alienígenas contrárias aos princípios e às origens de nosso povo, altamente maléficas aos interesses da comunidade cristã brasileira. A finalidade da Semana da Família é levar-nos a refletir de que forma nós e nossa família, estamos contribuindo para a melhoria ou a manutenção da sociedade que muitas vezes deploramos - a menos que, fechando os olhos para o que ocorre à nossa volta, consideremos o momento social como o paraíso sonhado para a formação de nossos filhos. Maria dos Anjos e José Maria Equipe 2 de Mogi das Cruzes

O dever social próprio de cada família diz respeito, por um título novo e odginal, à família cristã, fundada sobre o sacramento do matrlmônio. Assumindo a realidade humana do amor conjugal com todas as suas conseqüências, o sacramento habilita e empenha os cônjuges e país cristãos a viver a. sua vocação de leigos e, portanto, a 'procurar o Reino de Deus tratando das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus'. Famlliarls Consortio, 47

-28-


O AMOR, EDUCADOR DA LIBERDADE

Vocês já perguntaram a seus filhos se estão dando para eles um testemunho de amor como casal? (Testemunhos de um casal e de uma equipe, tirados do Boletim de Florianópolis . )

Um casal Foi com certa surpresa e emoção que recebemos as respostas, gratificantes e realistas ao mesmo tempo, de nossos 6 filhos (3 casados e 3 solteiros). Sempre pensávamos ser tão pouco o que pudemos dar, apesar do esforço. . . Eis o resultado das entrevistas, individuais e grupal, que fizemos com eles: - "Não nos faltou base, nem estrutura para formarmos uma família bem estruturada, com condições de viver, cada um individualmente, sem fazer 'besteira'." - "Sim - pelo exemplo de vida, apoio um ao outro, equilíbrio e maturidade para enfrentar esportivamente as dificuldades, mostrando-nos como se pode e se deve amar um ao outro. Nunca deixaram o outro 'cair' ou desanimar, e ainda não nos sobrecarregaram com suas dificuldades. Não roubaram o desenvolvimento e o ritmo normal das nossas vidas. A fé em Deus e a confiança que nos introjetaram fizeram com que aprendêssemos a superação. Vocês nos deram 'garra'. Aprendemos, como sempre dizem, a fazer uma limonada quando a vida nos dá um limão ... " - "A meta nos foi definida- temos um ideal, todos nós." - "Sim - também porque a mãe e o pai são muito seguros e tranqüilos, automaticamente nos transmitem segurança. E porque a mãe tem 'muita lábia' para convencer os filhos."

-29-


Outra surpresa: uma filha casada confessou que podíamos ficar tranqüilos, pois várias vezes o marido dissera: eu queria ter os pais que tens; são equilibrados! Acrescentou: "Sim, dão testemunho pelo equilíbrio, maturidade e por vocês se amarem mesmo, pois isto é uma coisa que não dá para esconder." O que bastante nos emociona e gratifica são os cartões e telegramas que recebemos deles nos nossos aniversários de casamento. Todos dizem: "Agradecemos pelo exemplo de amor que vemos em vocês ... " "É tã.o bonito como vocês se amam ... " "Sempre, mesmo nas dificuldades, como é bom ver como vocês se dão bem, se gostam ... " Estas opiniões todas foram dadas pelos quatro filhos mais velhos. Os dois mais novos também acharam positivo, mas gostariam que déssemos mais tempo a eles. Os quatro mais velhos nos alertaram: "Conosco, foi tudo ótimo. Mas com os dois mais novos, vocês não estão com a mesma paciência e dinamismo de antes, podendo torná-los inseguros." Agradecemos e aceitamos, pois foi o que os dois menores (18 e 14 anos) também acharam ... Sempre é tempo de recomeçar! Vários casais de uma equipe

- Nossos filhos responderam que damos a eles um testemunho de amor como casal principalmente nestes últimos anos, depois de termos ingressado nas Equipes de Nossa Senhora, que nos têm ajudado muito. - Sentimos que o nosso amor é reconhecido por eles pela maneira como se referem a algum outro casal, com admiração, respeito e aprovação, dizendo: "Eles são como vocês!" Isto é, para nós, o maior elogio ... - "Sim, vocês, pai e mãe, nos dão muito testemunho de amor como casal. Porque mostram para nós que estão juntos porque se amam, se completam, e não simplesmente por comodismo. Mostram para nós que a vida conjugal é uma coisa 'muito difícil', pois ambos têm que se doar. Vocês mostram isso quando se falam (nas refeições) e nas horas de lazer, ou seja, o dia inteiro. Sempre procuram não discutir em nossa presença, para não ficarmos chateadas. O amor de vocês é um amor sincero, verdadeiro. Sentimos isto não só por causa de vocês, mas porque temos exemplos contrários de fora. Esses exemplos fazem com que a gente sinta o amor de vocês um pelo outro. De vocês, como pais, não temos muito o que falar, porque são pessoas fabulosas, são incríveis, não existe ninguém assim

-30-


como vocês. E, às vezes, não reconhecemos isso. E até nos tornamos injustas. Vocês fazem tudo por nós e sempre achamos que é pouco e reclamamos. Desculpem-nos! É que somos jovens e queremos sempre protestar. Vocês vivem realmente o amor conjugal!" - "Muitas vezes nota-se o bem dos temas da equipe para o casal, para maior ensinamento, união e exemplo de amor, e mensagens para uma vida conjugal e familiar melhor." (Jovem de 13 anos). - Como nossas filhas têm 10 e 8 anos, achamos que a resposta a esta pergunta seria condicionada ou direcionada. Mais correto, talvez, será responder com base em manifestações espontâneas que temos a felicidade de ter sentido e ouvido. Temos certeza que a resposta é sim, que temos dado esse testemunho e que elas sentem que nos amamos. Como exemplo, citaríamos duas expressões delas: "Estou louca para crescer, para ter meu marido e meus filhos" ou "Será que quando eu crescer eu encontro um marido como o pai?" - Nós nunca fizemos essa pergunta aos nossos filhos. Eles nos deram essa resposta em algumas ocasiões especiais, quando quiseram nos transmitir uma certeza: a de que eles tinham os pais que eles escolheriam, se pudessem escolher.

-31-


QUERIDO ALUNO . ..

Carta publicada no jornal "0 Estado" de FlorianópoliS de 25-11-81. Foi escrita pela Mafalda, da Equipe 6.

Querido Aluno: Você é o meu aluno de ontem, de hoje e de amanhã. O da 5.a série, o da 8.a, de Recuperação, o do Curso Científico. Você é aquele que nas minhas primeiras aulas se divertia com o meu nervosismo (há 26 anos atrás, eu tinha medo até de entrar em sala!) Você é aquele que já experimentou todas as formas possíveis e imagináveis de colar, algumas vezes até afrontosamente, para ver a minha reação ... Você é o que faz perguntas e mais perguntas só para ver se fujo do plano de aula, e se diverte muito com isso. Você é o que irrita os colegas escondendo material ou escrevendo com tinta nas suas camisas. Você é o que agressivamente discute meu método de ensino e também o que simplesmente não acredita em adultos, sejam quem for. Você é o que apaga o quadro quando começa a aula (por gentileza? ou para poder ir lavar as mãos e então entrar mais tarde?) Sei que você não acredita muito em mim quando lhe falo das distâncias entre as galáxias, nem quando abordo certos aspectos do subdesenvolvimento no mundo. Até é bem possível que você não assimile a idéia que eu gostaria de gravar na sua inteligência e no seu coração: a de que você é o construtor do seu próprio futuro ... -32-


Mas você também é o que se interessa, opina e discorda, e nos seus olhos eu vislumbro um maravilhoso universo de projetes e esperanças ... Você também é o aluno que tem problema em casa, ou não tem pais, ou não sente o amor da família, ou está atravessando problemas que impedem a concentração em aula: busca respostas e apoio que nem sempre encontra. Se você soubesse o quanto eu gostaria de ajudá-lo e aliviar-lhe a carga! Você, meu aluno, que me chama "velha" e "magrela" quando não estou perto, eu abraço com muito carinho neste final de ano letivo. Não lamento nenhum dos muitos e longos dias que dediquei a você e ao seu futuro. Você irá pela vida afora. Talvez eu ainda o veja: na coluna social, no convite do seu casamento, na Formatura da Universidade, na loja que você vai ter, no escritório onde você for trabalhar, nos corredores da escola onde você também for lecionar ... E irei chorar, certamente, se descobrir que você jamais conseguiu ser feliz! Saiba que, se eu fosse recomeçar minha vida profissional, escolheria ser Professora. E faria tudo como sempre fiz, e seria como sempre fui. Neste final de ano, revejo na recordação centenas de jovens como você, a quem dei um pouco de mim. Sinto que fui um pouco mãe de cada um dos meus alunos - e isto me realiza, e justifica plenamente a minha existência. Querido aluno, ouça mais uma vez a sua professora: Seja feliz! Mafalda Pereira Bõing

-33-


AS EQUIPES DE BEL~M NO EACRE

Mary-Nize e Sérgio nos colocaram a possibilidade de Belém participar do EACRE em Brasília. Os contatos foram sendo realizados. E, à medida que a hora se aproximava, dúvidas: será que a turma não terá dificuldades demais para se deslocar, de ônibus, para Brasília? Dois dias antes, um último encontro dos "viajantes". Colocando um sentido de peregrinação. Procurando lembrar as últimas providências práticas para a viagem. E chegou o dia 29 de julho. Lá estavam os casais, antes das 6 horas, na Basílica da Virgem de Nazaré, com Pe. Marini celebrando. 6h30, partia o ônibus. Rezamos o Magnificat, pedimos a proteção do Pai, uma bênção do Pe. Marini, peregrino como nós, e lá fomos. Aos poucos, o clima foi se tornando maravilhoso. Fraterno e simples. Ler a Palavra. Partilhar reflexões. As brincadeiras. O terço da Virgem, rezado ao cair da tarde. A noite, a passagem pelo "Paraíso do Norte" - tão diverso talvez da casa do Pai. As imagens da pobreza, descobertas ao longo da viagem. As reflexões sobre a situação da terra, feitas pelo Pe. Marini. Em Araguaína, um carona, protestante, rezando e trocando idéias conosco. Dia 30, de tarde. Chegamos ao Colégio Militar, onde os irmãos de Brasília nos recebem cantando o Magnificat. Nossos hospedeiros à nossa espera, com alegria e fraterna acolhida. Os reencontros com aqueles já conhecidos, o encontro de irmãos antes não conhecidos mas logo entrosados fraternalmente. No dia seguinte, o EACRE. De Belém, dez casais e meio. Além do Pe. Marini, é claro. Para a maioria dos casais de Belém, a primeira oportunidade de participar de um encontro assim - por dois anos consecutivos, Mary-Nize e Sérgio estiveram em Belém. O encontro com os irmãos. As palestras. De D. Avila, sobre a Familiaris Consortio. De Lilian e Quadra, sobre a Função do casal responsável, de Mary-Nize e Sérgio sobre o Compromisso. Os grupos de co-participação. Casais novos, casais mais antigos. E todos dando e recebendo. A alegria da Equipe de serviço. Quanta oportunidade para um enriquecimento, para um crescimento, para sentir a responsabilidade mesmo.

-34-


Durante a volta, agora tão mais fácil, nossa rev1sao sobre a participação dos casais de Belém. Os primeiros passos para o que fazer em nossas equipes. Nossa preparação remota já para 1983. Sem esquecer o sentido da peregrinação. Para nós, casais equipistas de Belém que estivemos em Brasília, o exemplo, a acolhida fraterna, a alegria dos nossos irmãos de Brasília, Belo Horizonte, Pirapora, Recife, muito nos teve a dar. Colocamos nas mãos da Virgem nosso abraço fraterno a todos os que nos proporcionaram a alegria de participar deste EACRE, o primeiro de Brasília. Que Maria lhes retribua, com muito mais, pela acolhida, pelo sentido fraterno e cristão. E até breve!

Terezinha e Artemio Casal Responsável pelo Setor

-·EACRE/SÃO PAULO Neste ano, as Equipes da Região SP/A tiveram o prazer de receber seus companheiros das Regiões SP/C, SP/D e Setor de Mogi das Cruzes, para o EACRE que se realizou nos dias 31 de julho e 1. 0 de agosto de 1982, no Colégio Emilie de Villeneuve. Diversos casais de outras cidades, que não puderam assistir aos Encontros para eles programados, também aderiram ao de São Paulo, o que permitiu a reunião de aproximadamente 170 Casais Responsáveis e 27 Conselheiros Espirituais, além de 16 Casais Responsáveis de Setor. O Encontro foi prestigiado pela presença marcante de D. Emílio Pignoli, Bispo de Mogi das Cruzes, que participou de toda a programação, e de D. David Picão, Bispo de Santos, Conselheiros Espirituais de algumas equipes das suas cidades. Impossibilitado de comparecer, D. Paulo Evaristo Arns enviou-nos carinhosa mensagem. A leitura de Atos 1, 1-14, logo na manhã de sábado, transmitiu a maravilhosa promessa de Cristo de que receberiam o Espírito Santo aqueles que perseverassem na oração. Em seguida, em três "mini"-palestras, Monique e Gérard falaram sobre O Compromisso, Márcia e Simão, sobre A partilha e Esther e Marcello, sobre O Retiro, temas estes que o Movimento procura sem-

-35-


pre aprofundar e que foram discutidos nos grupos de coparticipação e no plenário que se seguiu. Enquanto os casais se reuniam nos grupos, os Conselheiros Espirituais reuniram-se com a ECIR, representada por Thais e Duprat, e expuseram suas experiências, testemunhos e opiniões. Com o tema A Missão do Casa.l Responsável, Cidinha e Igar, com sua proverbial disponibilidade, substituiram de última hora Vania e Valter Denari, ausentes por motivo de falecimento do pai do Valter. Seguiu-se a missa, concelebrada por um grande número de sacerdotes presentes, e intensamente participada. Depois do jantar, cada grupo de coparticipação transformou-se numa reunião de equipe e, na parte reservada ao tema, foi discutida a palestra. Terminada a reunião, todos foram para o merecido descanso nas residências de muitos casais de São Paulo e do ABC, que praticar am a virtude cristã da hospitalidade. Domingo de manhã, a meditação de Jo. 15, 1-17 (a videira e os ramos), levou todos à consciência de que, sem Cristo, nada ou pouco podem fazer. O ponto alto do Encontro foi a palestra de D. David Picão que, de maneira muito viva e agradável, destacou os principais conceitos da Familiaris Consortio, ressaltando a importância de seu estudo e reflexão por parte de todos nós, cristãos casados. Com a celebração eucarística, encerrou-se o EACRE - que, mais uma vez, repetiu aquela maravilhosa experiência: casais que se conheceram, casais que se reencontraram, amizades que s e criaram, consciências que se formaram. E a doação dos que trabalharam, sob a batuta de José Eduardo e Lourdinha, com destaque especial para o pessoal do ABC, principalmente a turma da recepção, de plantão desde a madrugada, firme e sorridente apesar do frio intenso ...

A Santidade é uma causa, uma condição e um fim da vida interior a que todos s ão chamados, mas de que fugimos a cada momento pela nossa mediocridade e pela nossa fraqueza. a força da renúncia, da mortificação, da humildade, do espirito de sacrifício. Mas não é, longe disso, a renúncia à felicidade. Ê mesmo a sua busca maior . Por isso é a santidade, ao mesmo tempo, tão humana e tão sobre-humana . Por isso a Igreja a solicita a todos os fiéis, por mais que tenha consciência da sua mediocridade. Ê

Tristão de Athaide

(citado pelo Simão no EACRE)

-36-


NOTíCIAS DOS SETORES

BRASfLIA -

Falando de- Maria

Além do terço, que já vêm rezando e:in muitas equipes semanal ou quinzenalmente, os equipistas de Brasília estão agora divulgando para fora a espiritualidade mariana. Teresinha, da Equipe 1, realizando palestras sobre Nossa Senhora na Escola Normal Na. Sra. de Fátima para futuras professoras, no Santuário de Fátima para os paroquianos e no Colégio Santa Dorotéia, para ex-alunas. Francisco, da Equipe 23, além de uma palestra para os servidores do Ministério da Fazenda sobre "O sentido cristão da vida", falou a casais do M.F.C. sobre Maria. Quanto ao Walmor, da Equipe 26, fez uma exposição aos companheiros de equipe sobre a vida de Maria, antes da reza do terço. -

Apostolados ~a _ 1_

A Equipe 1 está se destacando por suas iniciativas no plano do apostolado. Além das palestras acima referidas da Teresinha, Cavalcante vem realizando, sob a liderança de D. Avila e com um grupo de cristãos animados pelo mesmo ideal, um trabalho há muito sonhado em prol dos indigentes, "pessoas carentes de tudo, desde teto até documentos, mas principalmente de afeição". Ele e Teresinhá - segundo diz o Boletim, incentivados pelo exemplo dos equipistas ingleses publicado na C.M. de maio/82 - resolveram "dar uma de ecumênicos: convidaram para o churrasco das ENS um pastor evangélico e sua esposa, a fim de que eles, que exercem atividades na área familiar, pudessem conhecer de perto o nosso Movimento". A equipe tem se preocupado em não deixar que o Ano Internacional do Idoso fique apenas em discussões teóricas e Myriam iniCiou uma ação concreta ao acolher entre ~suaá alunas ·de ·artesanato uma ·senhora :de 82 anos.

-37-


-

Dupla comemoração

A notícia não é nova, mas como a iniciativa nos pareceu bastante original, aqui vai! A Equipe 13 resolveu comemorar, ao mesmo tempo que os 5 anos de sua fundação , o Dia das Mães. Até aqui, nada de extraordinário, mas vejam como eles fazem (já é o segundo ano): o almoço é preparado pelos maridos, com a colaboração dos filhos, "que fizeram um delicioso bolo e sobremesas. A surpresa era total para todas as mães, que desconheciam o 'cardápio'. Foi aquela expectativa... Uma beleza. Almoço gostoso, servido pelos filhos. O chefe da cozinha comandava todos, inclusive Mons. Damasceno, que também participou ativamente." Na hora do bolo, as mães foram homenageadas pelos filhos, com botões de rosa é lindas mensagens, e Mons. Damasceno dirigiu belas palavras às mães e a todos os presentes, que incluíam genros, noras, netos - e até o Casal de Ligação. "Foi um dia de grande emoção e alegrias inesquecíveis." Dá para imaginar!

-Retiro O 4.0 retiro do ano equipista 81/82 foi pregado por D. Vitor, que "encantou a todos com suas reflexões profundas e seus comentários sempre muito oportunos sobre 'A missão da família cristã no mundo de hoje'. Segundo o pregador, a Exortação Apostólica 'deve ser lida em meditação, em oração, no silêncio, sem correria'. Então estabeleceu-se a norma do silêncio. Silêncio muito proveitoso, que propiciou uma interiorização maior por parte de todos." Silêncio inclusive muito apreciado pela Equipe 18, que, em outra coluna do boletim, elogiou muito os dois últimos retiros, "onde o silêncio absoluto foi a palavra de ordem; através do silêncio, escutamos a Deus. Esperamos ver repetidas mais vezes a experiência." Colaborando com a Arquidiocese

No Editorial do Boletim, Marieta e Cid, da Equipe 11, que colaboram na campanha para a construção do Centro Vocacional Arquidiocesano, conclamam os equipistas a colaborarem efetiva.:. mente com a campanha adquirindo o respectivo carnê - que eles se oferecem para levar pessoalmente, "pois sabemos que o mais difícil é apanhar o carnê na Cúria, dadas as enormes distâncias e os múltiplos afazeres de cada um". Acrescentam: "Festejamos com vocês a singular felicidade de podermos contribuir concretamente para a formação de novos sacerdotes para a .Igreja. -38-


Agradeçamos ao Senhor da messe ter colocado ao nosso alcance esta oportunidade de transformar em gesto concreto as nossas orações de todos os dias, agradecendo-lhe com isso a existência dos Conselheiros Espirituais que possibilitam a formação de nossas equipes."

BELO HORIZONTE -

Noticias

Recebemos de Marllda e Waldon, a quem muito agradecemos as seguintes noticias:

"Em Belo Horizonte, vida nova no novo ano equipista. No dia 21 de agosto, a pré-equipe da Pampulha, coordenada por Sonia e Waldeir e tendo como Conselheiro Espiritual o Pe. Eli Carneiro, numa missa festiva, tornou-se a Equipe 5, Nossa Senhora das Graças. Pré-equipe, para quem está curioso, é uma maneira de reunir casais com um casal coordenador e um Conselheiro durante 8 meses, até 1 ano, se for preciso. Depois de aderirem totalmente, formam uma equipe verdadeira, passando a seguir fielmente as linhas do Movimento. As pré-equipes funcionam como um 'ensaio para a grande festa'." -Retiro

"Com o tema "Espiritualidade sacramental e nossa união com Cristo", Frei Neylor, com toda a sua comunicação, deu o recado para 23 casais de Belo Horizonte. Os participantes gostaram muito, mas o silêncio sonhado não foi conseguido. Numa avaliação feita ao final do retiro, sentimos a importância do recolhimento num ambiente propício ao silêncio, e já estamos procurando marcar para 83 nossa parada anual numa casa de retiros onde nos recolheremos para falar com Deus com mais intimidade."

NOVAS EQUIPES Porto Alegre -

Setor C

Equipe "nova" 27 - Na. Sra. da Paz - Casal Piloto: Valquiria e João Carlos; Conselheiro Espiritual: Pe. Werner Rauber. Equipe 45 - Na. Sra. Maria Imaculada - Casal Piloto: Isabel e Gualter; Conselheiro Espiritual: Pe. Romolo Mariani. -39-


Curitiba -

Setor C

Equipe 37 - Casal Piloto: Adir e Valdir; Conselheiro Espiritual: Pe. Helvécio Baruff. Belo Horizonte

Equipe 5 - Na. Sra. das Graças - Casal Piloto: Sonia e Waldeir; Conselheiro Espiritual: Pe. Eli Carneiro. Rio de Janeiro -

Setor E

Equipe 72 - Casal Piloto: Maria Imaculada e Edson; Conselheiro Espiritual: Frei José Vidoeira. Vinhedo

Equipe 5 - Casal Piloto: Marilene e José; Conselheiro Espiritual: Ir. Claudio. Grande ABC

Equipe 12 (São Caetano do Sul) - Casal Piloto: Ivani e Araken; Conselheiro Espirituàl: Pe. Wladyslaw Simoriewicz.

RETIROS

Outubro -

1a 3 -

no Rio de Janeiro

15 a 17- em São Paulo 29 a 31- em Porto Alegre

Novembro- 5 a 7 - em São Paulo 26 a 28 -

no Rio · de Janeiro

26 a 28 -

em Porto Alegre

-

40~


POR CAUSA DE

CRISTO

São Francisco não assumiu a pobreza como um hábito, mas a sua pobreza nasceu da contemplação de Cristo pobre; ele depois a viveu e dividiu com os pobres . Despojou-se de todos os bens, convidando os outros a abandonar dinheiro e prestígio, causa constante de luta entre os homens e principal obstáculo para a justiça e a paz.

(Irmã Erlinda Abueg)

TEXTO DE MEDITAÇÃO -

Flp . 3. 7-8a

Todas essas vantagens que eu possuía , passei a considerá-las como prejuízo por causa de Cristo. Mais ainda , considero todas as coisas como desvantagens , quando comparadas com o extraordinário valor do conhecimento de Cristo Jesus , meu Senhor. Por ele renunciei a tudo e tenho tudo como esterco, para ganhar a Cristo. ORAÇÃO -

Hino de adoraç ão

Tu és grande, Tu és altíssimo. Tu és rei onipotente. Pai santo, rei dos céus e da terra. Tu és trino e uno , Senhor Deus, todo bem. Tu és o bem, todo o bem , o bem supremo. Senhor Deus, vivo e verdadeiro. Tu és caridade , és amor. São Francisco


EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de casais po r uma espiritualidade conjugal e famil iar

... Revisão , Publicação e Distribuição pela Secretaria. dM EQUIPES DE NOSSA SENHORA 01050 -

Rua João Adolfo, 118 - 99 - conj . 901 SAO PAULO, SP

Te!. : 34-8833


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.