ENS - Carta Mensal 1981-5 - Agosto

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N<? 5 Agosto

Você assume seu papel de leigo? . . ..... ... . . A Igreja entregue ao Espírito . . . . . . . . . . .. . . . . A ECJR conversa com vocês Quando Deus nos espera .... . ...... .. ........ . Preparando noivos em pequenos grupos . . . . . . . O sacerdote, homem para Deus e para os irmãos Conselheiros espirituais elevados ao episcopado Seus cam!nhos não são os nossos . . . . . . . . . . . . . Atrás da cortina de ferro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Descalços . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Testemunho de um Conselheiro espiritual . . . . . . Servindo onde Deus nos põe . . . . . . . . . . . . . . . . . . Centro de Pastoral Familiar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Quero agradecer-te .. . . ... . .. . ......... . ... . . _.. EACRE / 81 no R!o de Janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . O EACRE em Curitiba . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . f:cos do EACRE gaúcho . . . . . . . . .. . . . . . .. . . . . . . Flashes do EACRE de São Carlos . . . . . . . . . . . . . Em Brodósqui . . . . . ...... . .............. _. _. . . . Sessão de formação de Santos . . . . . . . . . . . . . . . . Encontro regional de casais de ligação . . . . . . . . Notícias dos Selares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Gloriosa no céu, alua na terra . . . . . . . . . . . . . . . .

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RETIROS

AGOSTO -

7 a

9, em Valinbos

14 a 16, em Petrópolis 21 a 23, em Bauru e em Mogi das Cruzes 28 a 30, em Limeira e em Porto Alegre

SETEMBRO -

11 a 13, em Florianópolis 18 a 20, em São Paulo 25 a 27, em Porto Alegre

OUTUBRO -

2 a

4, em Florianópolis

9 a 11, em Petrópoíis 16 a 18, em Santos 23 a 25, em Porto Alegre e em São Paulo

SESSõES DE FORMAÇÃO

RIO DE JANEIRO CAXIAS DO SUL -

4 a 7 de setembro 30 de outubro a 2 de novembro


EDITORIAL

VOC~

ASSUME SEU PAPEL DE LEIGO?

Neste mês em que a Igreja dedica extensa reflexão ao tema das vocações, abrimos esta Carta Mensal com um editorial do Boletim de Marília, em que D. Daniel Tomasella, Bispo Diocesano e Conselheiro Espiritual da Equipe 10, lembra a misSão à qual nós, os leigos, somos chamados.

Está aí uma boa pergunta. Quantos leigos, membros de associações e movimentos, continuam ainda pensando que seu papel é o de "ajudar o padre"! Nos seus testemunhos, leigos atuantes freqüentemente destacam atividades que são meramente eclesiais ou auxiliares.

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Ora, a Igreja repete, com insistência, que a missão ' específica dos leigos é "procurar o Reino de Deus exercendo funções temporais e ordenando-as segundo Deus". Devem exercer o próprio munus, guiados pelo espírito evangélico, de sorte a transformar o mundo "de dentro, à 111aneira de fermento"; contribuindo assim para a santificação do mundo. "Cabe-lhes, de maneira es· pecial, iluminar e ordenar de tal modo as coisas temporais, às quais estão intimamente unidos, que elas continuamente se fa· çam e cresçam segundo Cristo" (LG 31). As afirmações do Concílio Vaticano II nesse sentido repetem -se, sob outras formas, porém sempre de maneira clara: o apostO< lado específico e inalienável dos leigos é "sanar as instituiçõe~ e condições do mundo", "impregnar de valor moral a cultura E as obras humanas", "imbuir o mundo do espírito de Cristo nl7 justiça, caridade e paz", "gravar a lei d ivina na vida da cidade terrestre", "animar as coisas temporais por dentro, como um fermento, e organizá-las para que se conformem cada vez mais a Cristo", "dar, pelo espírito cristão, nova forma à mentalidade e -1-


aos costumes, às leis e às estruturas da comunidade". Numa palavra, pertence ao leigo, como tarefa própria e específica, "a animação cristã da ordem temporal" (AA 19). Quer dizer: é função do leigo infundir alma nova, cristã, no mundo. Já a antiga "Carta a Diogneto" dizia enfaticamente: "O que é a alma no corpo, isto sejam os cristãos no mundo". Tem-se insistido sobre a missão do leigo na ordem temporal, mas sem resultados palpáveis e generalizados. Com efeito, é mais fácil fazer uma leitura na missa, dar uma palestra num encontro, organizar uma quermesse, do que atuar cristãmente nos ambientes temporais em que se vive e se trabalha. É mais fácil ser Ministro da Eucaristia do que ser sal da terra e luz do mundo. É mais fácil organizar uma celebração do que ser fermento na massa. Dirá alguém: devemos, então, deixar de fazer essas coisas? Não. Aqui também vale o dito evangélico: "É necessário fazer estas coisas sem omitir aquelas" (Mt. 23, 23). O que importa é distinguir e hierarquizar valores. Diz o Concílio: "Além deste apostolado, que atinge todos os cristãos sem exceção, os leigos podem ser chamados, de diversos modos, a uma cooperação mais imediata com o apostolado da Hierarquia. . . Além disso, gozam da aptidão de serem designados pela Hierarquia para alguns misteres eclesiais, a serem exercidos para um fim espiritual." (LG 33). Parece bastante claro: um é o apostolado obrigatório para todos, o outro pode ser confiado a alguns; um é o apostolado específico do leigo, o outro é um apostolado auxiliar, pelo qual o leigo "ajuda o padre" ou até o substitui. Em reuniões de agentes de pastoral tenho às vezes perguntado a professoras que são também catequistas: se vocês têm uma reunião de catequistas e, ao mesmo tempo, uma importante reunião da escola, a qual das duas devem dar preferência? Nem sempre a resposta vem correta e pronta. As vezes as pessoas se entreolham, hesitam ou, então, aguardam um sinal do padre. Como dizer que a catequese não é a principal tarefa, a · obrigação prioritária? Entretanto, à professora cabe, em primeiro plano, animar cristãmente a sua escola, como ao comerciante compete santificar o comércio e ao lavrador cabe fazer com que o Cristo esteja presente no seu ambiente por meio da justiça, da caridade e da paz. Por que encontramos tão poucos leigos dispostos a fazer da política uma atividade que se desenvolva "segundo Deus"? -2 -

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O leigo é, antes de tudo, secular: é nas atividades seculares que ele deve dar testemunho cristão. As "Diretrizes gerais da ação pastoral da Igreja no Brasil" mencionam com destaque "a ação evangelizadora ambiental a partir dos movimentos de Igreja" (p. 52). É aqui precisamente que se vislumbra a grande missão dos movimentos familiares. A família é o primeiro e principal ambiente de vida das pessoas. Aí é que se forjam, em primeira mão, os homens e os cristãos. Aí é que deve ser infundida alma nova. Esta não é tarefa do padre: é missão específica dos leigos, principalmente dos que estão engajados em movimentos familiares.

Pense um pouco e responda: você assume o seu papel de leigo? D, Daniel Tomasella Bispo diocesano de Marilia

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A PALAVRA DO PAPA

A IGREJA ENTREGUE AO ESPíRITO

<Da homilla na solenidade de comemoração dos 1600 anos do Concílio de Constantinopla e dos 1550 anos do Concílio de ltfeso. O primeiro formulou a doutrina sobre o Espírito Santo que professamos no credo, o segundo proclamou Maria "Mãe de Deus".)

Encontravam-se aqueles que constituíam a primeiríssima Igreja no mesmo local em que- cinqüenta dias antes -na tarde do dia da Ressurreição, Jesus tinha vindo ter com eles. "Veio Jesus ... e colocou-se no meio deles e disse-lhes: 'A paz esteja convosco!' E tendo dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado" (Jo. 20, 19-20). Naquele momento, já não podiam ter dúvida alguma; e "os discípulos - escreve o Evangelista - ficaram cheios de alegria, ao verem o Senhor", o Senhor ressuscitado. Jesus então disse-lhes novamente: "A paz esteja convosco! Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio". Em suma, disse palavras já conhecidas e, contudo, novas. Novas pela novidade de todo o Mistério pascal e novas pela novidade do Senhor Ressuscitado, que as pronunciava: «Eu vos envio . .. ". E sobretudo eram novas por motivo daquilo que era afirmado por Cristo imediatamente a seguir a elas. Efetivamente, "depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse-lhes: 'Recebei o Espírito Santo'." (Jo. 20, 22). Desta maneira, já nesse momento, receberam o Espírito Santo. Já então se havia iniciado o Pentecostes; o Pentecostes que chegaria, cinqüenta dias depois, à sua plena manifestação. E isto era necessário para que pudesse maturar neles e revelar-se para o exterior aquilo que havia acontecido quando eles tinham ouvido: "Recebei o Espírito Santo ... " - a fim de que a Igreja

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pudesse nascer. Nascer, no caso, quer dizer sair para o mundo e, por esse mesmo fato, tornar-se visível no meio dos homens. E isto realizou-se com a potência própria daquela tarde pascal, a tarde daquele mesmo dia da Ressurreição; isso aconteceu com a potência da paixão e da morte do Senhor, o qual, já na véspera da mesma paixão, havia dito claramente: ". . . se eu não for, o Consolador não virá a vós"; mas se eu for, enviar-vo-lo-ei" (Jo. 16, 7). Tinha partido, pois, através da Cruz, e voltou através da Ressurreição; mas voltou não já para permanecer, mas sim para soprar sobre os Apóstolos e dizer-lhes: "Recebei! Recebei o Espírito Santo!"

Oh! Como é bom o Senhor! Ele deu-lhes o Espírito Santo, que é Senhor e dá a vida. . . e com o Pai e o Filho recebe a mesma glória e adoração... Ele, igual, na Divindade! Sim, Jesus deu-lhes o Espírito Santo; disse, de fato, "recebei". Mas, mais ainda, não os entregou Ele, não os confiou, a eles, aos Apóstolos, ao Espírito Santo? Cristo deu os apóstolos, aqueles que eram o início do novo Povo de Deus e o fundamento da sua Igreja, ao Espírito Santo, ao Espírito que o Pai haveria de mandar em Seu Nome, ao Espírito da Verdade, ao Espírito por meio do qual o amor de Deus foi derramado nos nossos corações. Deu-os ao Espírito Santo, a fim de que eles, por seu turno, O recebessem como Dom. Dom alcançado do Pai por obra do Messias, do Servo sofredor de J avé, do qual fala a profecia de Isaías. Trata-se do Dom do Alto, dado à Igreja que é enviada a todo o mundo. No dia de Pentecostes, os Apóstolos - e juntamente com eles aquela que era a primeirísssima Igreja - saíram daquele cenáculo pascal; e imediatamente se encontraram no meio do mundo sujeito ao pecado e à morte; e encontraram-se aí com o testemunho da Ressurreição. Ao evocarmos o primeiro Concílio Ecumênico constantinopolitano, nós professamos hoje a mesma fé nAquele que é Senhor e dá a vida, que com o Pai e o Filho recebe a mesma glória e adoração... Sim, nós recebemos o mesmo Dom, ou seja, confiamo-nos a nós próprios e confiamos a Igreja ao mesmo Espírito Santo, ao Qual ela já foi confiada de uma vez para sempre, naquela tarde da Ressurreição e depois na manhã de Pentecostes ... Nós permanecemos nessa entrega confiante ao Espírito Santo que constituiu a Igreja e continuamente a constitui sobre os seus fundamentos. Nós permanecemos, assim, em tal entrega confiante ao Espírito Santo, mediante a qual somos a Igreja e mediante a qual somos enviados, de um modo análogo como

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foram enviadós do Cenáculo aqueles primeiros apóstolos, aquela primeiríssima Igreja.

* Recordando de maneira particular a presença de Maria no nascer da Igreja, fixamos o nosso olhar na sua Maternidade maravilhosa, que é para nós esperança e inspiração ao longo dos caminhos da missão herdada dos Apóstolos. Sim, agradeçamos pela Maternidade de Maria, que se comunicou e continua a se comunicar à Igreja! Agradeçamos pela Mãe sempre presente no cenáculo de Pentecostes. Agradeçamos, ainda, porque podemos chamá-IA também Mãe da Igreja!

ó Vós, que mais do que qualquer outro ser humano fostes confiada ao Espírito Santo, ajudai a Igreja do Vosso Filho a perserverar na mesma entrega confiante, a fim de que ela possa derramar sobre todos os homens os inefáveis bens da Redenção e da Santificação, para ser libertada a inteira criação. (7-6-81)

e

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A ECIR CONVERSA COM VOCtS

Como em anos passados, o Movimento acaba de viver tempos muito fortes. Cerca de 800 casais responsáveis de equipe, uma centena de Conselheiros Espirituais, com o apoio dos muitos casais das equipes de serviço, passaram dois dias louvando e escutando o Senhor e se relacionando uns com os outros, num profícuo intercâmbio, onde predominou o auxílio mútuo. Foram os EACREs de 1981. Este ano, realizamos, ao todo, 9 Encontros, que a Carta Mensal procurará documentar neste e no próximo número. Gostaríamos de enfatizar aqui alguns aspectos. Primeiramente, a riqueza e o dinamismo que o Movimento manifestou. Riqueza, porque foram pródigos nos frutos. Dinamismo, porque, descentralizados, foi possível impregnar cada um dos EACREs das fisionomias locais, cada um caracterizando as aspirações dos casais participantes. Pudemos conhecer inúmeras "revelações" em termos de palestristas, os quais, por sua vez, tiveram a oportunidade de testemunhar as maravilhas hauridas na sua vivência pessoal. Foi uma manifestação da multiforme ação do Espírito: "Há diversidade de dons, porém é o mesmo Espírito." (1 Cor. 12, 4). Em segundo lugar, o apreço do Movimento às coisas da Igreja. As Equipes de Nossa Senhora têm sido, no decurso dos tempos, fiel arauto dos grandes pronunciamentos da Igreja. Só para nos atermos aos últimos, lembramos a importância que alcançou entre nós o estudo da Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, do Papa Paulo VI, que, nos anos de 1976 a 1978, ocupou o segundo lugar como tema mais estudado nas equipes. Igual destaque mereceu A Catequese no Nosso Tempo. Ultimamente, temos nos concentrado no estudo da Carta Encíclica Dives in Misericordia, de João Paulo II. Nos EACREs agora encerrados, uma das palestras foi dedicada a essa encíclica.

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Com isto, queremos proporcionar aos nossos casais a oportunidade de conhecer melhor as orientações da Igreja, motivando-os para que prossigam, nos seus Setor es e Coordenações, seus esforços no sentido de se tornarem mais competentes onde quer que sejam chamados. Para a consecução desses objetivos, contamos com a imprescindível parfcipação do·s nossos Conselheiros Espirituais, que poderão de modo eficaz programar o desejado aprofundamento dos casais. Paralelamente, e no âmbito da terceira orientação, É o Espírito de Vosso Pai que falará em vós, refletimos sobre a missão do casal responsável, com particular ênfase na sua ação na reunião de equipe, que deve ser o ponto alto da vida do casal equipista durante o mês. Desejamos com isso valorizar esse encontro mensal com o Cristo Comunitário. Estamos profundamente convencidos de que, se assumirmos realmente essa transcendente rea~ !idade da presença do Cristo quando dois ou três estão reunidos em seu nome, poderemos usufruir toda a riqueza desse mistério capaz, só ele, de dar sentido à nossa reunião. Finalmente, uma exortação a todos: sejam co-responsáveis. No Movimento, não há uma categoria de casais responsáveis e outra de casais beneficiários passivos. Somos todos co-responsáveis e, portanto, chamados a participar. O ano equipista que agora se inicia afigura-se-nos cheio de esperança. Há, por certo, muitas dificuldades pela frente, há todo esse número, sempre crescente, de casais que "têm necessidade de serem ajudados", como nos lembrava Paulo VI, há o imenso campo da Pastoral Familiar a requisitar a nossa colaboração - mas temos a forte convicção de que, com o Cristo que encontramos em nossas reuniões, com o Espírito que falará em nós, poderemos responder aos apelos da Igreja e do mundo.

A ECIR

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QUANDO DEUS NOS ESPERA

Gostaria de chamar sua atenção para algo que, mais do que nunca, considero importante: a oração conjugal. É um dos momentos privilegiados em que o casal se abre à ação do Espírito Santo. Com efeito, não se deve imaginar o casal como duas metades de uma esfera que, ao se aproximarem, formam um todo bem .fechado, mas sim como as duas metades de uma taça, que se unem para se oferecer à efusão do Espírito Santo. Encontrei no meu arquivo testemunhos de casais das Equipes que desejo lhes comunicar:

"Quando rezamos juntos, nossas almas não nos parecem mais impenetráveis." E ainda: "Louvamos a Deus juntos e Deus nos deu um magnífico presente: ao formular em voz alta nossa oração interior, comunicamos um ao outro o mais profundo de nossa alma e o mais secreto impulso de nossa vida interior. Pode se avaliar a importância dessa descoberta quando se acredita que o conhecimento profundo de um ser é a primeira cond;ção do amor verdadeiro." E ouçam isto ainda: "Foi ela, a oração conjugal, que forjou nossa alma comum." Cuidado, no entanto; podemos nos enganar. Foi o que um casal percebeu: "No começo, fiquei decepcionada com nossa oração conjugal. Esperava dela uma maior intimidade com meu marido. Acreditava que seria um meio de me dar a conhecer, de lhe revelar a minha vida interior. Tinha uma idéia errada da oração conjugal. A decepção originou-se no fato de ser a nossa oração para nós, e não para Deus!" Parece-me que está bem posto o problema. Eis um testemunho particularmente comovente: "íamos ficar separados durante várias semanas e, pouco antes da partida, tivemos uma briga. A atmosfera estava pesada, sentíamos que nossos últimos momentos juntos iam ser estragados irreme-

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diavelmente pelo orgulho que nos impedia de dar o primeiro passo. Um de nós, então, propôs que nos ajoelhássemos. Então, diante de Deus, foi preciso despojar-nos de nossa vaidade e deixar de querer bancar o mais forte. Na Sua presença, pedimos perdão um ao outro e, ao orarmos ambos em voz alta, tivemos momentos de verdade e de intensidade que não sonháramos jamais poder compartilhar." É preciso ir mais longe ainda e sublinhar a ligação entre oração conjugal e sacramento do matrimônio. A oração conjugal é o tempo forte do sacramento do matrimônio. Ouçam as quatro afirmações de quatro casais diferentes: "Na oração conjugal, é como se nos casássemos novamente." "A oração conjugal é um prolongamento do nosso sacramento do matrimônio." "Uma de suas razões de ser é alimentar em nós a graça do matrimônio." E finalmente: "É como se, todas as noites, pronunciássemos novamente o sim sacramental."

Antigamente, eu insistia muito para que esta oração conjugal fosse muito espontânea. Depreendo do que me dizem muitqs casais que esta espontaneidade é difícil: "Embora não hesite em rezar em voz alta na reunião da equipe, em casa não consigo." Então, hoje, eu lhes digo: Quando esta espontaneidade - tão desejável - lhes for impossível, pelo menos façam juntos, e com grande sinceridade de coração, algumas orações vocais; mas, por nada deste mundo deixem de comparecer a este "encontro sacramental" que é a oração conjugal diária - pois Deus está aí, à sua espera.

Henri Caffarel

(Da conferência aos responsáveis de equipe de Paris sobre "0 Espírito Santo, alma do casal".)

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PREPARANDO NOIVOS EM PEQUENOS GRUPOS

Maria Enid Buschinelli entrev.Lsta Frei Joaquim Dutra Alves, Vigário Cooperador da Paróquia Imaculada Conceição, em São Paulo.

C.M. -

Frei Joaquim, falam tanto em seu "novo" curso de noi-' vos que a Carta Mensal resolveu levar o assunto aos seus leitores. Gostaríamos que o sr. nos contasse tudo a respeito desse trabalho.

J.i'rei Joaquim -

O curso de preparação para o matrimônio não é "meu", mas um trabalho pastoral desta paróquia Imaculada Conceição. Até o fim do ano de 1979, os cursos para noivos desta paróquia eram feitos em um ou dois dias, em fins de semana. Usava-se o sistema de palestras, com algumas reuniões de grupos para troca de idéias entre os noivos. Numa tentativa de melhorar a preparação para o matrimônio em nossa paróquia, resolvemos trabalhar com o sistema de reuniões em pequenos grupos, onde o casal coordenador, em vez de palestras, num d "álogo com os noivos, trabalha exclusivamente com a dinâmica de grupo. O sr. falou em "tentativa de melhorar a preparação para o matrimônio". Isto porque admite que o curso anterior não estava atendendo bem à sua finalidade? C.M. -

Frei Joaquim -

Não se pode negar a relativa validade dos cursos de noivos feitos com palestras, como relativa também a validade de outros cursos. A mudança do nosso nesta paróquia é um esforço para pôr em prática as "Orientações Pastorais sobre o Matrimônio", aprovadas pela Assembléia Extraordinária da CNBB, em ltaici, em 1978, (Documento da CNBB n. 0 12) e as orientações do "Diretório dos Sacramentos", do II. 0 Plano de Pastoral da Arquidiocese de São Paulo. Na apresentação do Diretório dos Sacramentos, o nosso Cardeal Arcebispo, Dom Paulo Evaristo Arns, diz: "Precisamos de fato renovar constantemente nossa visão a respeito dos Sacramentos que Cristo nos legou, a fim de cumprirmos com Ele e com o seu povo a tarefa máxima de santificação nos dias de hoje".

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C.M. -

E quem idealizou este sistema atual?

Frei Joaquim -

Formamos uma equipe de sacerdotes e casais da paróquia. Esta equipe reuniu-se várias vezes durante o ano de 1979 para refletir e elaborar um esquema prático para a aplicação do curso em dinâmica de grupo. Foram elaboradas as apostilas para serem usadas provisoriamente dentro desta nova dinâmica. CM. -

Como são distribuídos os temas nestas apostilas?

Frei Joaquim -

São cinco temas, na seguinte ordem: Sentido da Vida (1 reunião) , Pessoa, Diálogo e Amor (2 reuniões), Sacramentos (1 reunião) , Harmonia Sexual e Conjúgal (1 reunião) e Vida no Lar (1 reunião). C.M. -

As apostilas trazem perguntas prontas?

F1·ei Joaquim -

As apostilas trazem perguntas prontas e os temas distribuídos segundo o método do v er, julgar e agir. Mas os casais coordenadores podem e devem preparar perguntas de acordo com o grupo. Na primeira reunião, o casal coordenador precisa estar bem atento porque os noivos se sentem um pouco inibidos.

C.M. -

O sr. poderia dar exemplo de perguntas?

Frei Joaquim -

Na reunião sobre Sacramentos - e Sacramento do Matrimônio - perguntamos aos noivos: "Por que vocês vão se casar na Igreja? O que é a Igreja para vocês? O que são as celebrações que a Igreja realiza? Que sentido vocês acham que tem casar-se na Igreja para alguém que não pertence a essa Comunidade ou dela não participa?" C.M. -

Dentro deste questionamento, dá para imaginar o quanto precisam estar preparados, na doutrina e na vivência cristã, os casais que coordenam os cursos!

Frei Joaquim -

Realmente. Antes de iniciarmos esse tipo de curso, os casais coordenadores foram preparados. A preparação consiste num dia de oração, estudo e reflexão entre os casais coordenadores e sacerdote responsável pela pastoral do matrimônio. Feita a preparação, cada casal está apto a assumir um grupo de noivos e dar o curso por completo e sozinho. C.M. -

Nisto também é que consiste a "novidade", não é? Como funciona? -12-


Cada casal coordenador se reúne com um grupo de sete casais de noivos, uma vez por semana, durante seis semanas. Cada reunião tem a duração de uma hora e meia.

Frei Joaquim -

C.M. -

Se o mesmo casal acompanha e coordena todas as reuniões do mesmo grupo de noivos, o fato de um só casal ter que assumir todos os assuntos não assusta um pouco? Os casais não se assustam porque estão preparados para o curso. Há muitos casais competentes. Há casais que não aceitavam dar palestras nos cursos anteriores porque tinham dificuldades, não conseguiam ser palestradores - e neste curso de trabalho de grupo trabalham com muita eficiência. O que importa é ter segurança na doutrina, ótimo testemunho de vida, estar por dentro da pastoral da Igreja e da diocese, entender e ser capaz de trabalhar com a dinâmica de grupo.

Z.'rei Joaquim -

C.M. -

E a "palestra do médico", como fica?

Cada casal coordenador estuda previamente os slides da "Sonoviso do Brasil" sobre anatomia sexual. Nem todos os slides são projetados: há uma seleção dos mais significativos para a compreensão do tema. Esta parte de anatomia sexual é feita numa apresentação audio-visual. Os noivos participam com perguntas ou pedidos de esclarecimentos. Quando há noivos médicos, eles prestam uma ótima colaboração. Depois, os problemas de harmonia tanto sexual como conjugal são tratados na dinâmica de grupo.

Frei Joaquim -

C.M. -

Neste sistema, os casais coordenadores têm que estar muito "por dentro" de todos os assuntos ...

Para isso estão em constante preparação e atualização. Cada quatro meses, temos um dia de reun;ão, para oração, reflexão, análise e revisão dos esquemas. Há uma troca de experiências sobre as dificuldades encontradas, são revistos os pontos positivos e negativos e propostas sugestões para melhorar sempre os esquemas e a pedagogia do trabalho de grupo.

Frei J Oalquim -

C.M. -

Foi tudo muito bem pensado . .. E conseguem atender o mesmo número de noivos que antes?

É claro que não. No sistema de um dia só em fins de semana, tínhamos mensalmente cursos com c;nqüenta e até cem casais de noivos. Neste sistema de reunião de grupo durante seis semanas, o número de casais que

Frei Joaquim -

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aceitam ou podem fazê-lo é bem menor. Quando o número de noivos inscritos é grànde, dividimos os casais de noivos em tantos grupos quantos forem necessários. Já tivemos três grupos funcionando simultaneamente, em salas diferentes. Na realidade, .não estamos preocupados com a quantidade de noivos que passam pelos cursos. Importa, isto sim, que fiquem preparados para viverem o seu matrimônio. C.M. -

E os noivos, como recebem este tipo de curso? Não acham muito longo?

Frei Joaquim - Em nossa paróquia há um trabalho de pastoral · do matrimônio, em vista de uma pastoral familiar. O curso é dado pelos casais, mas sou sacerdote assistente tanto dos cursos como do trabalho de preparação dos casais. Fico disponível o tempo todo para trabalhos com noivos que procuram a paróquia. O atendimento aos noivos não é feito por secretárias ou recepcionistas, é feito por mim, sacerdote encarregado da pastoral do matrimônio. Marcar o casamento, orientar os noivos quanto aos documentos necessários par a os papéis, bem como dar toda a orientação necessária sobre o casamento são pretextos para um contato com os noivos e, por meio desse contato, para um trabalho pastoral. Nesse trabalho, há muita franqueza e sinceri~ dade. Fica bem claro para eles o trabalho pastoral e evangelizador da igreja com relação ao casamento. Fica bem claro também o respeito à liberdade das pessoas. Não há imposição. Os que não querem e os que não podem fazer este curso são orientados para outros tipos de curso. Os que querem e podem começam o curso já bem preparados, porque houve vários contatos prévios, já houve um trabalho pastoral. Por isso o curso é bem aceito. C.M. -

Quando são feitas as reuniões?

Somente o primeiro encontro é marcado para um dia determinado. Depois o grupo decide com o casal coordenador sobre o dia e a hora dos encontros seguintes. Em geral as reuniões são feitas uma vez por semana, à noite, das 21,00 às 22,30 hs.

Frei Joaqui m -

C.M. -

Os noivos são separados pelo nível de escolaridade?

Não. Ocorre, às vezes, a homogeneidade na formação de grupos de nível intelectual mais elevado, ou de grupos de pessoas simples, mas não há essa preocupação. Frei! Joaqui m -

C.M. -

E numa dinâmica de diálogo em grupo assim, os mais simples não ficam inibidos ou prejudicados? -14-


Não ficam, porque, em termos de vivência cristã, muitas vezes os mais simples têm mais a dar. Então os "intelectuais" e eles se sentem nivelados. O que importa é o trabalho pastoral que precede. Todos os grupos, tanto os homogêneos como os heterogêneos, têm sido ótimos grupos, com aproveitamento confortador.

Frei Joaquim -

C.M. -

Voltando aos temas dos cursos, no final é tirada uma conclusão?

Sim. Os noivos respondem a um questionário de avaliação. Desde o início fica bem claro que nosso curso não visa apenas cumprir a exigência de conseguir um certificado para anexar ao processo matnmonial, mas que se trata de um trabalho sério de pastoral matrimonial e familiar ao qual desejamos dar continuidade depois do casamento. No trabalho com cada tema, levamos os noivos a perceberem qual o significado daquele tema em termos de preparação para a vivência de sua futura vida conjugal, tanto humana como cristã. Despertamos neles a responsabilidade de se engajarem em suas próprias comunidades paroquiais.

Frei Joaquim -

C.M. -

E já deu para sentir os resultados?

A celebração do casamento já ficou diferente. Prevalece o clima religioso e sacramental, que é percebido até pelos parentes e convidados. Muitos noivos já aceitaram participar do nosso trabalho pastoral aqui na paróquia. Querem dar continuidade à reflexão em grupos depois de casados. Vários casais de noivos têm procurado os cursos daqui porque deles tomaram conhecimento pela propaganda feita pelos colegas, amigos ou parentes que já passaram pelo curso. Esses noivos que já fizeram o curso têm exercido a função de fermento, mediante o testemunho que dão aos outros. Isto para nós é mais um sinal de que o aproveitamento do curso é bem maior do que o do curso intensivo de fim de semana.

Frei JoCLquim -

C.M. -Além desse aproveitamento muito maior, parece que o

sr. ainda consegue essa coisa tão difícil e tão necessária: manter o contato com os noivos depois! Com os que moram mais perto, sim. Muitos vão morar muito longe, então é difícil. Mas estamos organizando na paróquia círculos de jovens casais para aqueles que expressaram o desejo de continuar este trabalho de pastoral familiar. Pretendemos começar agora, no segundo semestre.

li'rei: Joaquim -

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HOMENAGEM AOS NOSSOS SACERDOTES NA FESTA DO SEU PADROEffiO

O SACERDOTE, HOMEM PARA DEUS E PARA OS IRMÃOS

O sacerdote que, na pobreza radical da obediência a Deus,

à Igreja, ao seu bispo, tiver sabido fazer da própria vida uma oferenda pura para oferecer, em união com Cristo, ao Pai celeste, experimentará no seu ministério a força vitoriosa da graça de Cristo morto e ressuscitado. Como Mediador, o Senhor Jesus foi, em todas as dimensões do seu ser, o homem para Deus e para os irmãos. Assim também o sacerdote; esta é a razão pela qual se requer dele a consagração de toda a sua vida a Deus e à Igreja, na profundidade do seu ser, das suas faculdades e dos seus sentimentos. O sacerdote que, na escolha do celibato, renuncia ao amor humano para se abrir totalmente ao amor de Deus, torna-se livre para se oferecer aos homens por um dom que não excluí ninguém, mas compreende a todos na efusão da caridade, que provém de Deus e conduz a Deus.

João Páulo 11

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CONSELHEIROS ESPIRITUAIS ELEVADOS AO EPISCOPADO

Enquanto a Igreja de São Paulo, do Paraná e do Mato Grosso ganha novos Pastores, os equipistas, em São Carlos, Ribeirão Preto e Curitiba, perdem dedicados Conselheiros Espirituais. Trata-se de Mons. Virgílio de Pauli, Conselheiro Espiritual das Equipes 1 e 2 de São Carlos, do Pe. João Bergese, Conselheiro Espir~tual da Equipe 2 de Ribeirão Preto, e do Pe. Isidoro Kosinski, Conselheiro da Equipe 2 do Setor C de Curitiba. D. Virgílio

Vigário Geral da Diocese de São Carlos e Cura da Catedral há 23 anos, Mons. Virgílio sempre foi um sacerdote aberto e dinâmico. Não só introduziu na paróquia da Catedral todos os movimentos atuais, como também contribuiu para seu aperfeiçoamento. Para dar prosseguimento ao "Encontro de Casais com Cristo", fundou o "Grupo Fundamental de Cristãos", em que, semanalmente, cerca de 400 casais recebem formação religiosa. Entusiasta do neo-catecumenato, deixa 8 comunidades neocatecumenais, com cerca de 320 elementos. Para incentivar as vocações religiosas, além de ser um dos fundadores do Serra Clube, trouxe para São Carlos o escotismo, masculino e, mais recentemente, feminino. Fundou a "Casa da Mãe Solteira" e a "Creche Padre Teixeira", para 200 crianças, considerada a mais primorosa da cidade. Convencido de que delas surgirão cristãos autênticos, que, revi vendo o espírito das primi · tivas comunidades cristãs, tão impregnadas de amor e de unidade, venham ser luz e sal, Mons. Virgílio tem dedicado um carinho todo especial à formação de comunidades cristãs bem vivas, através de uma catequese sistemática e continuada. Entre elas, nem é preciso dizê-lo, as Equipes de Nossa Senhora.

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A convivência de muitos anos com Mons. Virgílio, seja como Conselheiro das Equipes 1 e 2, seja como incentivador do Movimento, seja por sua participação marcante no Encontro de Noivos, foi para os equipistas verdadeira escola de amor e dedicação. No dia 17 de junho, as Equipes de São Carlos reuniram-se para uma noite de oração - hora santa eucarística - para agradecer as graças recebidas por intermédio de Mons. Virgílio e pedir a Jesus sacramentado suas bênçãos para a missão que a Igreja lhe confiou. D. Virgílio recebeu a ordenação episcopal em São Carlos, na Festa de São Pedro e São Paulo. Os equipistas da 1 o presentearam com o anel episcopal e os da 2 com a cruz peitoral. No dia 19 de julho, o novo Pastor tomou posse de sua diocese: Campo Mourão, no Paraná.

O. João A guisa de apresentação de D. João Bergese, sagrado no dia 5 de maio primeiro Bispo de Guarulhos, na Grande São Paulo, transcrevemos a mensagem de despedida da Equipe 2 de Ribeirão Preto, da qual era Conselheiro há 7 anos:

Ao "nosso" querido Padre João: Apesar do "nosso", sabíamos que o senhor não iria ficar muito tempo na nossa comunidade, na nossa equipe. A razão disto? Quem não conhece seu trabalho na paróquia do Ipiranga, o que fez lá, transformando-a numa verdadeira comunidade cristã, inclusive fazendo brotar ali vocações de diáconos, assim como o que, com o mesmo empenho, continuou na paróquia da Vila Seixas? E tudo isso não abandonando nem seus alunos de teologia no Seminário, nem seu trooalho na pastoral arquidiocesana, junto a D. Miele, nem nós da equipe. Percebíamos, sentíamos que o senhor, com sua firmeza, com seu saber, com seu modo de encarar as coisas, com sua coragem, com seu dinamismo, baseado numa fé verdadeira, iria ser chamado muito logo para uma visão maior de apóstolo, de evangelizador e de pai também. Pai é aquele que sabe distinguir amor, sabedoria e muita vivência do dia-a-dia, numa firmeza de objetivo, sem nunca esquecer a missão a que se propôs. Isso o senhor tem sido. Saudosos, mas felizes em saber que muitos esta>rão usufruindo disto tudo, prometemos vê-lo em breve na sede de seu bispado.

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O. Isidoro

Não só em Curitiba, mas principalmente em Mafra, foi grande o alvoroço com a nomeação do Pe. Isidoro como Bispo de Três Lagoas, MT: foi Conselheiro Espiritual das Equipes de Mafra de 1974 a 1979. Transfer;do para Curitiba, assumiu a Equipe 2 em 1980. D. Isidoro foi sagrado em Curitiba, no dia 24 de julho, tomando posse de sua diocese no dia 9 deste mês. Mais detalhes na próxima Carta. O Movimento no Brasil, através da Carta Mensal, associa-se às homenagens prestadas aos queridos ex-Conselheiros, unindo-se às orações para que o Espírito Santo ilumine e Maria Santíssima acompanhe os novos Pastores em sua missão.

JUBILEU EPISCOPAL DE O. GERALDO PENIDO

D. Geraldo Maria de Morais Penido, Arcebispo Coadjutor e Administrador Apostólico da Arquidiocese de Aparecida, comemorou, no dia 11 de maio, 25 anos de sagração epjscopal. Além de Conselheiro Espiritual da Equipe 2 desde sua chegada a Aparecida (vindo de Juiz de Fora), em 1978, D. Geraldo é hoje Conselheiro Espiritual do Setor. Heloisa e João Maurício, Casal Responsável do Setor, acompanhados de Marlene e João Roberto, agora Casal Regional, e de vários outros casais, entregaram ao querido Pastor um cartão de prata comemorativo. O Movimento, que tem recebido o apoio e o incentivo de D. Geraldo em todas as ocasiões, deseja unir-se às homenagens prestadas a S. Excia. por ocasião da grata efeméride. -19-


SEUS CAMINHOS NÃO SAO OS NOSSOS ...

N asei e fui criado dentro de princ1p10s religiosos. Recordo-me que, ainda pequeno, acompanhava minha mãe, católica fervorosa, às missas, às "rezas" e, ainda em minha infância, integrei a Cruzada Eucarística. Jovem e passando a morar em outra cidade, aos poucos fui me afastando da Igreja, da religião e, conseqüentemente, de Cristo. Casado e com esposa muito religiosa, assim mesmo continuava ausente da Igreja e das coisas de Deus. O fato é que eu não aceitava, em hipótese alguma, a figura do padre como representante de Deus na terra, pois conhecera um, naquela ocasião, cujo procedimento e testemunho de vida não eram condizentes com sua pregação, com sua missão. Esquecido de que o padre é um ser humano como nós, sujeito também a falhas e fraquezas, não conseguia aceitá-lo como r'e presentante da Igreja. Por isso, por causa de um padre, afastei-me da Igreja durante quinze anos. A minha esposa, católica praticante, minha rebeldia causava mágoa e tristeza. Mas ela não esmorecia e sei que, em suas orações, pedia para que eu me reconciliasse com a Igreja. E assim foi durante todos aqueles anos. Sempre persistente, e com a ajuda de vários casais amigos, ela finalmente "conseguiu" enviar-me ao Cursilho. O que representaram para mim aqueles três ·dias, aquele reencontro com Cristo, não encontro palavras para dizer. Logo após o "reencontro", passamos a integrar uma equipe de casais em Piracicaba. Todo sábado, nossa equipe fazia a Celebração da Palavra na zona rural. E eu, que por causa de um padre me distanciara de Cristo, fazia, naqueles memoráveis sábados, o papel do padre ...


Residindo em Sorocaba e como membro da Diretoria do Secretariado dos Cursilhos daquela cidade, a primeira Ultreya que coordenei teve como tema principal. . . "O papel do padre na comunidade" Coube a mim fazer a saudação ao padre que fora convidado para receber a homenagem - a mim, que por causa de um padre estivera afastado de Cristo ... E eu, que por causa de um padre estive afastado de Cristo, tenho hoje a dádiva, a graça, por bondade de Cristo, de ter um filho fazendo o seminário, em Campinas. Um filho com o firme propósito de se tornar padre, enfrentando as dificuldades que se lhe possam apresentar. Um filho que me pede: "continue orando ... ", "peça orações ... ". Por isso, peço a todos os irmãos equipistas orações para que meu filho persevere e venha a alcançar seu grande objetivo, que· é o sacerdócio, e venha a ser, como diz São Paulo: " ... escolhido entre os homens e constituído em favor dos homens como mediador nas coisas de Cristo, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados" (Heb. 5, 1). Maucyr Equipe 2 de Ribeirão Preto

Oremos pelos jovens aos quais o Senhor faz o Seu convite para O seguirem mais de perto; para que eles sejam capazes de desapegar-se das coisas deste mundo e abram o próprio coração à voz amiga que os chama. Oremos pelas famílias, para que elas consigam criar o clima cristão adequado para as grandes opções religiooas dos seus filhos . JOAO PAULO II

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ATRAS DA CORTINA DE FERRO

Mártir hoje

"Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente toda espécie de mal contra vós por causa de ·mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus." (Mt.. 5, 11-12). "Virá a hora em que todo aquele que vos tirar a vida julgará prestar culto a Deus. Procederão deste modo porque não conhecem o Pai, nem a mim. Disse-vos, porém, estas palaiVras para que, quando chegar a hora, vos lembreis de que vo-lo anunciei." (J o. 16, 2-3). Estas duas palavras de Jesus são bem atuais para os casais das Equipes de Nossa Senhora de um país que não podemos nomear, cuja população na sua grande maioria não é cristã. Há cinco meses, um equipista, funcionário do Estado, foi preso, sem explicação, ao sair de sua casa. Durante três meses, sua família esteve sem notícias; depois ficou sabendo que ele estava vivo, mas nunca o pôde ver. Chegou o dia em que, após um julgamento teleguiado pela polícia estatal, foi pronunciada a sua condenação à morte. Ele havia pedido, e acabado por conseguir, não sem dificuldade, para estar com um padre antes de se encontrar frente ao pelotão de execução, com outros condenados não cristãos. O padre foi para o lugar do suplício e, ao chegar a camioneta, viu descer os condenados. Dirigindo-se ao chefe dos guardas, apontou-lhe um deles, dizendo: "O cristão é aquele?" Era ele, efetivamente. A sua serenidade constrastava com a atitude dos outros. Aproxima-se o padre e começa o diálogo. Como se admira em vê-lo tão sereno, o equipista lhe responde: "Desde que fui preso, nunca deixei de rezar". E acrescenta: "Diga a minha mulher, que está grávida, e à minha família para não chorarem. Que tenham confiança. Eu morro inocente." Algumas horas mais tarde, contando esta morte à esposa, o padre começou a sua narração dizendo: "Acabo de ver morrer um santo, um mártir da fé." -22-


A família espera ainda a notificação oficial desta execução. A única queixa que as autoridades do país podiam ter contra esse equipista é que ele havia continuado com a catequese de jovens quando isto lhe tinha sido proibido, uma vez que se tratava de um funcionário do Estado. Embora sabendo do risco que corria, ele havia mantido o propósito de ser até o fim uma testemunha fiel do amor mais forte que a morte. As Equipes na Polônia

A convite do movimento de casais Oasis, foi-me dado viver dez dias extraordinários com as equipes de cinco cidades da Polônia, participando todas as noites, seja de uma reunião de equipe, seja de uma reunião de Setor. Tentar contar tudo em poucas palavras é de todo impossível. Limitar-me-ei, pois, a alguns fatos que fazem pensar. As equipes polonesas estão organizadas como as nossas. O essencial do que vivemos nos outros países encontra-se lá também, mas com um sabor local. E este sabor é muito forte para nós, uma vez que, para eles, é coisa de todos os dias. Um dos ingredientes é o acolhimento. Quando um equipista polonês nos abre a porta de sua casa (sempre minúscula para quem vem do lado de cá da cortina de ferro), abre-nos ao mesmo tempo a porta do seu coração: tudo, mas tudo mesmo, o que é dele é nosso também. E não importa se não encontramos uma língua para nos comunicar: os olhos e os gestos são mais do que eloqüentes. Um outro "tempero" de vida de equipe é o compromisso. Lá, trata-se de um compromisso total: seja a serviço do movimento, seja a serviço da paróquia. O que vou contar a seguir faz pensar mais ainda quando se leva em conta que ambos os esposos trabalham 46 horas por semana para conseguir a subsistência da família e que devem fazer ainda duas a três horas de fila por dia para conseguir comprar o mais necessário . . . Esse compromisso total a nível paroquial traduz-se, por exemplo, na construção da igreja pelos paroquianos. Isto quer dizer que, num primeiro tempo, cada um compra com o seu dinheiro os materiais necessários, armazena-os em casa e, ao mesmo tempo, fica de guarda para que o governo ou a prefeitura não venham construir um conjunto habitacional ou uma fábrica no terreno escolhido. . . Esta vigilância faz-se com o risco de encontros violentos com a polícia comunista (4 mortos em Nowa Huta). Uma vez reunidos os elementos necessários, os paroquianos, aos milhares, lançam-se à construção, não só para ganhar -23-


tempo, como também para desencorajar uma eventual intervenção policial. Compromisso total no movimento. Este possui um centro de retiros e sessões nos Cárpatos. Quarenta mil pessoas (casais e jovens) tomam parte, todos os anos, em sessões de quinze dias. Não é preciso. dizer que nem o recrutamento de equipistas, nem o recrutamento de quadros formados representam problema. Como aguentam? Com todos os seus problemas, individuais e coletivos, serão eles felizes? São perguntas que a gente se faz desde os primeiros dias passados na Polônia. Depois do que vi, creio que posso responder: sim, são felizes. Os equipistas poloneses são felizes porque, num empenho de todo o seu ser, alimentam-se, quase com avidez, em três fontes: os sacramentos, a Palavra de Deus e a oração (individual, familiar, coletiva). Lembro-me, a esse propósito, de uma reunião de duas equipes a que assisti. Eram cerca de 25 pessoas reunidas na sala de um apartamento num conjunto habitacional de uma cidade industrial do sul da Polônia. A meditação sobre a Palavra durou cerca de duas horas e todos estavam de pé, por falta de espaço para sentar. A maior parte desse tempo passou-se no silêncio, entremeado de cantos e de orações pessoais. A não ser eu próprio, ninguém parecia achar demorada essa oração ... O fato de a reunião ter terminado pela uma hora da manhã não iria impedir que, no dia seguinte, todos, tanto funcionários como operários, estivessem às 7h30 no emprego, após terem aprontado as crianças para a escola. Hoje, quando pedem minha impressão geral sobre essa viagem, minha resposta é essa: eu pude ver, com os meus olhos, que, quando é levada verdadeiramente a sério, a fé na Boa Nova ergue montanhas. (Da Carta francesa)

VOCAÇõES NA POLóNIA Em 1980, foram ordenados 632 padres, pertencentes a 27 dioceses e 29 congregações religiosas . 1!: o número mais elevado, pois o maior tinha sido em 1975, quando foram ordenados 606 padres . No total, há na Polônia 20.234 padres 05 .486 diocesanos e 4 . 748 re]J.giosos) . Dos 632 ordenados em 1980, 470 são diocesanos e 162 religiosos . O total dos seminaristas é de 6.285, sendo 4.449 diocesanos. Se pensarmos que temos, num pais do tamanho do Brasil, cerca de 12.000 padres - e quantas ordenações por ano? . . .

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DESCALÇOS ... u Tira a.s sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras é uma terra sa:nta . .. " (:t:xo-

do 3, 1-6). A voz pausada, suave, da Ib nos convidava, na capela, a "tirar as sandálias", a entregarmos todo o nosso corpo, parte por parte, toda nossa alma, para, numa atitude de entrega total, meditarmos a palavra de Deus a Moisés no monte Horeb. Tal qual sarça ardente, Deus ali estava em nossos corações, pTeenchendo todo o nosso espaço, sem entretanto o consumir, mas, ao contrário, vivificando-o com o Seu Espírito. Foi para nós uma experiência maravilhosa! No dia seguinte, novamente nos encontrávamos na capela, "descalços", vazios de nós mesmos, indigentes, para, dessa vez, "caminharmos" pelas ruas de Jerusalém, "subirmos" as escadas de pedra do Cenáculo, até o andar superior, para o encontro da última Ceia. "Recostamos" nos bancos toscos, quando Jesus reuniu Seus amigos para lavar-lhes os pés. Cristo presente, ensinando-nos a maravilha do servir. Todos nós testemunhávamos em nossos grupos de co-participação (1) como aquela forma de meditação estava nos transportando para junto de Deus, para a Sua companhia, para que Ele, através da luz de Seu Espírito, revelasse o Seu chamado pessoal a cada um de nós. No último dia, todos nós já nos sentíamos sedentos, buscando no Encontro o sentido para as reflexões daquele dia. Novamente Ib foi o instrumento que nos ajudou a, naquele dia, viver o Pai Nosso. Em outras ocasiões, já havíamos participado de grupos de oração ou reflexão, onde procuramos entender as palavras do Pai quando nos ensinou a rezar. Agora, foi diferente! A posição do nosso corpo, novamente orientada para o abandono. A certeza de Jesus ali, conosco, ensinando-nos a santificar o Nome de Deus Pai, a desejar um reino de Amor, a fazer a vontade do Pai, a amar, e sobretudo, a perdoar. Podemos dizer que a meditação nos ajudou realmente a nos sentirmos na presença, nos braços de Deus.

Santinha e Roberto Equipe 3 de Rlbelrão Preto (1)

Durante a Sessão de Formação de Brodosqui.

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TESTEMUNHO DE UM CONSELHEIRO ESPIRITUAL

Os pioneiros das Equipes já haviam descoberto quanta riqueza se encerra "na soma dos nossos dois sacramentos, o do matrimônio e o da ordem", como escrevia um deles. O artigo que segue, primeiro de uma série, ilustra bem essa constatação.

Que dizer da conv1vencia de vinte e cinco anos como assistente de uma equipe? Deus seja louvado! Quanta troca de experiências, quantos valores humanos e cristãos nos enriqueceram mutuamente nesses vinte e cinco anos de vida em equipe, nas horas de alegria e de dores! Quanta lenta mas sólida vivência dos casais nos caminhos da vida ascética e do testemunho crist ão . . . da responsabilidade apostólica engajada nas comunidades. . . cursos de noivos, catequeses e trabalhos em paróquias, aconselhamento conjugal, etc. Sobre o que os casais da Equipe 1 receberam do Movimento e da convivência de vinte e cinco anos com o mesmo assistente, a rigor só eles podem falar. O que o assistente recebeu dos casais? - Uma imensa e rica amizade e o amor de irmãos. - Um exemplo de testemunho de vida cristã que para mim sempre foi uma recompensa de não ter consagrado em vão minha vida ao Reino de Deus. - Quantas vezes nesses casais encontrei amor, consolo e coragem nas horas difíceis da vida. - Quanto estímulo para minha vida espiritual, vendo neles uma busca sempre mais séria e profunda de Deus, através da oração. · -26-


- Santo Tomás de Aquino diz que "o zelo procede da intensidade do amor": nesses casais vi e apalpei que suas múltiplas atividades sempre foram sustentadas pelo amor a Deus, jamais ·buscando a si mesmos. - Sempre me edificou o espírito de sacrifício e doação com que se entregam às solicitações apostólicas da hierarquia. - Quantas vezes vi que a virtude não é privilégio de ninguém e que o Espírito Santo sopra onde quer, transformando o amor humano de um casal num reflexo do amor de Cristo à sua Igreja. - Oxalá todos os sacerdotes novos se engajassem como assistentes em uma Equipe de Nossa Senhora! Só teriam a receber, em todos os sentidos: humano, cristão e sacerdotal. - No fim de minha vida, serena e conscientemente poderei dizer a Cristo Juiz: Senhor, por vinte e cinco anos e mais dediquei meu sacerdócio a casais de três equipes (1), tentando ajudá-los a crescer na espiritualidade conjugal e familiar, e espero que minhas mãos não estejam vazias. - Se em próximo futuro assumir de novo uma paróquia o que espero - o primeiro Movimento que tentarei organizar será o das Equipes de Nossa Senhora.

Pe. Francisco de Salles Bianchini Conselheiro Espiritual da Equipe 1 de Flor.t.anópolls

Próximo testemunho: o do Pe. Antonio Lorenzatto, em Itaici.

(1)

Na realidade, muito mais casais se beneficiaram com a assistência sacerdotal do Pe. Bianchini, pois ele foi, durante cerca de 20 anos, também Con.selheiro Espiritual de Se tor.

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SERVINDO ONDE DEUS NOS PõE

As vezes, em nosso desejo de servir a Deus, nós ficamos pensando em grandes chamados, grandes oportunidades, grandes coisas, e perdemos de vista o que Ele realmente quer. Vamos lhes contar um fato da vida real, da vida diária de uma mãe. Uma pessoa comum, gente como todos nós: que se levanta de manhã e tem uma porção de coisas e coisinhas para fazer, e que muitas vezes fica pensando como gostaria de servir a Cristo em tarefas realmente importantes. Uma mãe, ainda moça, estava pedindo a Deus que lhe desse um serviço no seu Reino. Estava triste, pensando porque estaria ela presa à sua casa e sem tempo para sair (como outras pessoas que conhecia), a fim de servir o Senhor. Um serviço de real valor, pois ela queria tanto. . . Enquanto estava ali, orando e pensando, sua filhinha de seis anos, que brincava por perto, veio várias vezes a ela com a boneca nas mãos, pedindo: - Mamãe, conserta para mim o braço da minha boneca?. . Conserta para mim? ... Vem, mamãe, eu não consigo ... E assim vinha a criança com o problema que para ela era tão importante. Até que por fim a mãe zangou-se e a mandou embora. Estava ocupada. Precisava de sossego. Desapontada, a pequenina foi para um canto, onde se assentou com a boneca e, choramingando, adormeceu. Quando por ali passou, a mãe viu aquela carinha rosada, ainda molhada de lágrimas e, no colo da menina adormecida, a boneca. E foi ali que Deus falou ao seu coração: "Minha filha, em sua busca de serviço mais alto para mim, você magoou um pequeno coração. Aquele que é fiel no pouco também é fiel no muito, e o que é infiel no pouco não é adequado para o muito ... " A mãe entendeu a lição. Pediu perdão a Deus e desculpas à sua filhinha. E foi então que começou a aprender que realmente podemos servir a Cristo onde estamos. Basta que haja amor e lealdade às tarefas, e disposição do coração para servi-lO.

Cacilda e Ireneu Equipe 4 de São Carlos

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CENTRO DE PASTORAL FAMILIAR

Está em vias de organização, sob os ausp1c10s da Arquidiocese de São Paulo, um Centro de Pastoral Fami.liar - CENPAFAM, que pretende, no futuro, colocar-se, por intermédio da CNBB, a serviço de todas as dioceses do Brasil. Tem por finalidade "promover o cuidado pastoral das famílias e o apostolado específico no campo familiar, com a aplicação dos ensinamentos e das orientações manifestadas pelas competentes instâncias do Magistério eclesiástico, ajudando as famílias cristãs a realizar sua missão educativa, evangelizadora e apostólica". São seus objetivos específicos: -

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colocar-se à disposição para informações, trocas de experiências e orientações que se inspirem na Pastoral Familiar; tratar da difusão da doutrina da Igreja acerca dos problemas familiares; promover e coordenar os esforços pastorais em ordem ao problema da paternidade responsável, segundo os ensinamentos da Igreja; estimular a elaboração de estudos relativos à família e, especialmente, à espiritualidade conjugal e familiar; animar, sustentar e coordenar os esforços em defesa da vida humana, durante a sua existência desde a concepção;

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colaborar na formação específica de leigos, sacerdotes, religiosos e religiosas que se disponham a trabalhar na educação de crianças e jovens para o amor e na preparação para a vida conjugal e familiar;

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incentivar as associações e movimentos familiares ao compromisso com o apostolado familiar, dando especial atenção aos problemas familiares.


Visando a consecução desses objetivos, o Centro dividiu o trabalho em seis Setores, três dos quais prioritários (2., 4. e 5.) : 1. Comunicação (informação e documentação); 2. Paternidade Responsável; 3. Estudos sobre a família. Espiritualidade conjugal e familiar. 4. Defesa da vida. 5. Educação para o amor e preparação para a vida conjugal e familiar. 6. Movimentos familia?·es. O programa para o Setor 2., Paternidade Responsável, já está delineado, e o Centro pretende: - montar uma equipe de especialistas que colaborem em cursos seminários e conferências, bem como no treinamento de instrutores para o planejamento natural da família (PNF); - oferecer cursos sobre PNF e, especialmente, sobre o Método da Ovulação (Billings), para agentes da Pastoral Familiar (palestristas de curso de noivos, etc.); - oferecer subsídios para a organização de Centros paroquiais de ajuda à família e para a atuação em escolas, hospitais, obras sociais, meios de comunicação de massa, etc. O Centro, sob a supervisão episcopal de D. Francisco Manuel Vieira, Bispo responsável pela Pastoral Familiar na Arquidiocese de São Paulo, está assessorado pelo Pe. Guilherme G~bbons, médico, autor do trabalho "Planejamento familiar com o método da ovulação", em colaboração com Dionísio Santamaria, bem como do folheto de divulgação "Como planejar sua família, naturalmente, com sucesso" (ambos das Edições Paulinas), e com muitos anos de experiência de aplicação do "método Billings" em El Salvador. A Coordenadora do Centro é a incansável propagadora do mesmo "método Billings", a Irmã Maria José Torres, e é Vice-Coordenadora a Irmã Cecília Behring, que conta com vários anos de experiência no acompanhamento de casais na utilização do método em São Paulo. Assessoram ainda o Centro dois médicos, nossos companheiros de equipe, Arthur Wolff (Tusa) e Chafi Sawaya. Participam também casais dos Focolari, do MFC e das ENS.

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QUERO AGRADECER-TE . ..

São Paulo, 16 de abril de 1966

Querido Papai Não poderia deixar de escrever-te esta cartinha, já que as palavras não são suficientes para exprimir os meus sentimentos de amor, gratidão e respeito a uma criatura a quem, junto com outra não menos maravilhosa, devo tudo que sou. Papai, quero agradecer-te tudo o que tens feito por mim, desde o meu primeiro dia de vida; quero agredecer-te a alegria que tiveste no dia em que nasci; quero agradecer-te as noites em que me embalaste, cantando canções de ninar, sempre com paciência e carinho; quero agradecer-te os sacrifícios que não poupaste, renunciando a muitas coisas para me dar conforto e alegria; quero agradecer-te a compreensão que tiveste, nas horas em que eu merecia repreensão; quero agradecer-te o carinho e a doçura com que me acolheste nos momentos difíceis; quero agradecer-te por me teres feito chegar ao que hoje sou. E mais do que tudo, quero agradecer-te com toda a minha alma, o privilégio de teres-me criado no amor de Deus, na religião, não só através de conselhos e de ensinamentos, mas, principalmen.te, através do teu exemplo. Esse é o principal motivo de minha gratidão. E por isso tudo e por outras mil coisas é que eu hoje, de todo coração, peço a Deus que continue te aben-31-


çoando e que, um dia, quando os teus cabelos já estiverem bem branquinhos, possas ter a alegria de ver ao teu redor todos os filhos bons, direitos e, sobretudo, cheios da mais terna gratidão. E, nesse momento, então poderemos dizer-te: "Papai, muito obrigado". Mas isso tudo . não será nada perto do que receberás lá no céu: uma grande coroa com nove pedras preciosas, simbolizando nove almas que, um dia, Deus te deu, e que, graças ao teu sacrifício, amor, desapego de ti mesmo, juntamente com a colaboração de uma querida esposa, puderam alcançar o triunfo como bons cristãos e verdadeiros filhos de Deus. Da filha gratíssima

Maria Odila

Esta carta, escrita pela filha mais velha de Alberto da Cruz, da Equipe 1 de São Paulo, por ocasião de seu aniversário, foi conservada por ele em sua carteira durante 12 anos ou seja, até o dia de sua morte, três anos atrás.

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EACRE/81 NO RIO DE JANEIRO

Não hesitamos em afrmar que EACRE é um tempo especial no calendário das Equipes de Nossa Senhora. Poucos de nossos eventos se equiparam a ele, e talvez nenhum o supere, tal sua carga de emoção, força fraterna e, sobretudo, valores incon· táveis para cada casal que a ele comparece. O EACRE/81 das Regiões Rio e Centro-Leste confirmou tudo isso. Foram, como nos anos anteriores, momentos fortes, em que se irmanaram cerca de 130 casais responsáveis de equipe, recém-eleitos e 11 Conselheiros Espirituais - e mais 60 casais das diversas equipes de serviço. Eram casais do Rio (5 Setores e Coordenação da Ilha do Governador), Petrópolis, Niterói, Friburgo, Juiz de Fora, Pirapora (MG), Valença (RJ), Varginha (MG), Belo Horizonte, Brasília, Recife e Belém. O local foi novamente o Colégio São Bento. Embora em pleno centro da cidade, no alto de uma colina que propicia belos cenários da Cidade Maravilhosa, é tranquilo, confortável e muito adequado para a realização de um encontro da envergadura de nossos EACREs. Desde a primeira palestra até os atos de encerramento, o nosso EACRE foi num ritmo de crescimento constante, entusiasmando, criando uma atmosfera de vibração e intensa e alegre participação de quantos estavam presentes. As reuniões de grupos foram consideradas por muitos como um dc-s pontos mais importantes do EACRE, pelo salutar intercâmbio de vivências, orientações, informações e novas amizades que proporcionam. Na missa de encerramento, houve um toque de profunda emoção, quando um coro formado por penitenciários entoou vários cânticos: eram detentos que fizeram o "Encontro dos Penitenciários com Cristo" e que agora também na fé cristã, buscam a redenção de seus pecados. As palavras pronunciadas por um dos integrantes do coro arrancaram muitas lágrimas da platéia. E o EACRE terminou deixando, com a saudade, uma certeza: a de que o Movimento caminha firme, pujante, e atingindo cada vez mais suas finalidades, entre elas a de iluminar as famílias para que reflitam a luz de Cristo numa sociedade cada vez mais sedenta, porque, carente, da presença de Deus.

Helena e Paulo Xav ier Equ,tpe 3 de Niteról Casal Relator do EACRE / 81-Rio

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O EACRE EM CURITIBA

O homem e a natureza formaram um pacto de louvor: dois dias de sol maravilhoso, numa temperatura agradável em termos de Curit"ba, o bosque tão bem cuidado, o verde exuberante a natureza toda juntou-se à alegria, à disponibilidade e à esperança de 52 Casais Responsáveis, de 14 Conselheiros Espirituais e das equipes de trabalho. Foi o EACRE em Curitiba. O antigo Cassino de Ahú, já transformado em templo de oração pelas Irmãs da Divina Providência, cedeu seu palco ao Espírito Santo. A alegria fugaz e passageira que o mundo tanto valoriza deu lugar à alegre responsabilidade dos que acreditam nas palavras do Cristo: "Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei no meio deles". Com este pano de fundo, os Casais Responsáveis da Região Paraná, v ·ndos das cidades de Londrina, Pitangueiras, Astorga, Mafra (SC), Rio Negro e dos Setores A, B e C da capital, se encontraram para formação e informação, trocar experiências, buscar forças pela oração e constatar a ação do Espírito Santo nas ENS.

"Abri os vossos corações ao Espírito Santo", foram as palavras que, na abertura do EACRE Regina e Rui, Casal Responsável pela Reg·ão Paraná, repetiram tr ês vezes e calaram fundo em todos. A seguir, Dirce e Rubens, Casal Responsável da ECIR, ressaltaram a importância da equipe de base e lembraram a necessidade de o Casal Responsável repetir na oração sacerdotal (Jo. 17), o pedido que Cristo elevou ao Pai rogando-Lhe que olhe pelos casais que durante um ano Ele colocou sob sua responsabilidade. A primeira palestra teve como tema "O Espírito Santo". Proferida pelo Pe. Isidoro, ou melhor, Dom Isidoro, de vez que seria sagrado B 'spo em breve, foi muit o profunda. Abordando tópicos como: O E. S. na Igreja, o E. S. e os Homens, as doenças da irresponsabilidade e a missão cristã, o Pe. Isidoro demonstrou a importância e a atuação do E. S., bem como a responsabilidade dos homens diante da missão a eles destinada. -34-


"A missão do Casal Responsável de Equipe" foi a segunda .Palestra, a cargo de Alice e Luis Pilotto. O Casal Responsável foi definido como "profeta", isto é, o escolhido por Deus e o arauto de Deus, na sua missão de animação, ligação e gestão. A oração, a humildade, a disponibilidade e o despojamento são os pré-requisitos para esta missão, além da necessidade de uma boa formação através de EACREs, Dias de Estudos, Sessões de Formação e outros. Sensibilizou muito os participantes a palestra de Frei Eduardo Quirino de Oliveira sobre a Encíclica "Dives in Misericordia". Conhecimento profundo, vivência evangélica e comunicação fácil foram o fundamento para atrair a atenção de todos. Apresentou uma maneira prát;ca de entender o tema de João Paulo II, bem como a linha mestra do pensamento do autor, destacando item por item. Os painéis foram quatro: A co-participação, O porque do "Magnificat" nas Equipes de Nossa Senhora, O Conselheiro Espiritual nas Equipes e A partilha, sendo apresentados por Thecla e Ottokar, Angela e Moacir, Pe. Marcelo e Cirilo e Dinha, respectivamente. Quanto à liturgia, os textos escolhidos para as celebrações Eucarísticas e demais orações criaram um ambiente propício ao recolhimento e à intimidade com o Senhor. Queremos destacar de modo especial as reuniões inter-equipes nas casas dos equipistas. O acolhimento dos anfitriões, a simplicidade da ceia, o ambiente alegre, o clima de oração e abertura evidenciaram que, além do esforço do homem, o Espírito do Senhor conduz o Movimento. Motivo de grande alegria para todos foram as presenças marcantes de D. Ladislau, Bispo Auxiliar de Curitiba, na concelebração de sábado e na participação numa das reuniões inter-equipes, e de D. Pedro Fedalto, Arcebispo Metropolitano, na celebração de encerramento. Isso demonstra o interesse dos nossos pastores para com o Movimento e ao mesmo tempo a grande responsabilidade que temos perante a Igreja. O EACRE encerrou-se com uma confraternização, na qual a alegria incontida juntou-se à ânsia de começar de imediato uma novã fase de vida em cada equipe, tal o entusiasmo dos Casais Responsáveis.

Yeda e Darei Casal Relator

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~COS

DO EACRE GAOCHO

A simpática cidade de Osório, sede de uma florescente Coordenação, com mais de 15 equipes espalhadas por sua redonde:r:a, teve a oportunidade de fazer aflorar extraordinariamente o grande espírito cristão de sua gente (até irmãos de outras religiões hospedaram os nossos equipistas) e nos mostrou o quanto pode o discernimento e o espírito de servir de seus casais equipistas. Registre-se até - pasmem - o funcionamento no local do EACRE de um pronto socorro, com enfermaria e dois médicos, e de uma creche, que recebeu filhos recém-nascidos (um mês e pouco ... ).

Marcello e Esther, Padre Gregório e Padre Antonio foram de uma felicidade a toda prova nas três palestras proferidas. O painel, com seus palpitantes assuntos, ferveu. . . As celebrações litúrgicas, acompanhadas com viva fé e muito calor por todos, foram um dos pontos altos do EACRE. A par da dedicação insuperável dos casais da equipe de serviço, atenta a todos os detalhes, foram momentos de intensa fé. A experiência desses EACREs "Regionais" nos parece de grande valia: capacita muita gente a demonstrar o quanto ama o Movimento e os irmãos em ideal. Edy e Adherbal

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FLASHES DO EACRE DE SAO CARLOS

O Encontro foi uma maravilha. Marcará época. . . Qual teria sido o segredo? Embora todos os nossos Encontra.s estejam sempre amparados na oração, o que se conseguiu em São Carlos (vimos a relação das alavancas) é algo de impressionante. Alguns destaques:

- A palestra da Marisa - "Missão apostólica do Casal Responsável": lembrando que, ainda hoje, "Cristo chama, escolhe, forma e transforma", transmitiu motivação e ânimo aos casais responsáveis, convidando-os a acreditarem na força do Espírito Santo, capaz de fazer, ainda hoje, através dos cristãos, as maravilhas realizadas com os primeiros apóstolos. - O Pe. José Geraldo do Valle, de Ribeirão Preto, com o assunto "O Casal Responsável se deixa conduzir pelo Espírito", mostrou que o Espírito está presente no mundo, fecundando-o, e apresentou vários exemplos práticos de como realizar os meios de aperfeiçoamento, principalmente a oração conjugal: "Conversando com Deus de mãos dadas, esposo e esposa poderão manifestar e renovar, a cada dia, o seu amor recíproco."

- A mensagem de D. Constantino, durante a missa de sábado: pediu que, num extravasamento de amor, os equipistas levem o Movimento até a periferia e desenvolvam um apostolado junto às populações carentes. - A visita e as palavras de D. Virgílio, recém-sagrado Bispo, na manhã do domingo: após receber muitas manifestações de carinho, D. Virgílio exortou os responsáveis a constituírem equipes de um só coração e uma só alma; lembrou que os meios de aperfeiçoamento bem vividos levam ao amor e à unidade, base das equipes; finalmente, convidou os equipistas a acreditarem na qualidade das equipes e não na sua quantidade: os equipistas devem se amar profundamente, disse ele, o que lhes possibilitará converter e santificar o mundo, ainda que sejam poucos, como os apóstolos. - E ainda: a liturgia, nota 10, com destaque para os cânticos e, no final, a participação de um coral de encontristas; e o grupo de cerca de 20 jovens, filhos de equipistas, que, desde cedo, enfrentando um rigoroso frio, recepcionava os participantes com canções acompanhadas por seus violões. -37-


EM

BRODOSQU I

"E caminhando ao .longo do mar da Galiléia, Jesus viu Simão e André, seu irmão, lançando a rede ao mar, pois eram pescadores, e disse-lhes: Vinde comigo, farei de vós pescadores de homens." E eles, deixando imediatamente as redes, o seguiram. (Mt. 4, 18-20) Quando Terezinha e Flávio bateram à nossa porta, nada mais estavam sendo do que os enviados do Espírito Santo a nos dizer: larguem tudo e vão para Brodosqui, porque lá haverá uma Sessão de Formação, com casais vindos de muitas cidades (1), para ouvirem e meditarem sobre os ensinamentos do Senhor e serem realmente os portadores de sua Palavra. Com a convicção plena do chamamento de Cristo para mais uma missão, preparamo-nos para atender à convocação, certos de que teríamos a oportunidade de conhecer com maior profundidade o Movimento que abraçamos e que nos está ajudando tanto a nos conscientizar como pessoas e como casal cristão. Na tarde de quinta-feira, após deixarmos nosso lar aos cuidados de nossos parentes e entregarmos nossos filhos à proteção da Virgem Maria, empreendemos a viagem, juntamente com outro casal de nossa cidade, Olímpia e Heliodoro. Ao chegarmos a Brodosqui, começamos a nos surpreender com o calor humano com que fomos recebidos. O que nos emocionou muito foi ver a entrega e o desapego demonstrado por aqueles que, com toda a certeza, eram os próprios enviados do Senhor. A partir desse momento, fomos nos extasiando com tudo a que U)

22 cidades: Aguai, Araraquara, BatataLs, Bauru, Brasflia, Casa Branca•. Catanduva, DoiS Córregos, Jaú, Llns, Piracicaba, Ribeirão Preto, São Carlos, São Paulo, Sorocaba e Vinhedo, num total de 43 casais participantes; 17 casais não puderam tomar parte por falta de acomodações ...

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assistíamos. A cada palestra, a cada reflexão, a cada ato litúrgico, sentíamos mais intensamente o chamado do Senhor, e nos edificávamos com os ensinamentos e os testemunhos dos apóstolos que ali estavam a nos falar.

Nosso desejo seria relatar aqui o que ouvimos e aprendemos, mas como isso é impossível, ficamos apenas com a lembrança de quando, no domingo, Mary-Nize e Sérgio fizeram com que acordássemos do êxtase em que vivíamos e nos mostraram que, ao sermos "Portadores da Palavra do Senhor", iríamos encontrar muitas barreiras em nossos caminhos, mas que, com fé em Deus e com amor aos irmãos, seríamos capazes de vencer todos os obstáculos. Três dias se haviam passado desde a nossa chegada e disso não nos havíamos apercebido! Egoisticamente, queríamos que eles nunca findassem. . . Mas, como os Apóstolos ao descer com Jesus do Monte Tabor, tínhamos que voltar ao nosso lar, à nossa cidade, ao nosso ambiente de vida e de trabalho, para aí, humildemente, começar a caminhada de portadores da Sua Palavra como dóceis instrumentos do Espírito Santo. Obrigado, Senhor, pela ventura que nos proporcionastes, de termos pod~do participar daqueles dias!

Maria Inês e Antonio Carlos Equipe 3 de Aguai

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SESSÃO DE FORMAÇÃO DE SANTOS

Para mais uma Sessão de Formação, foi escolhida a cidade de Santos, que possui uma casa bem apropriada para encontros dessa natureza, o CEFAS - Centro de Formação Apostólica de Santos -, construída pela Diocese com o concurso dos diferentes movimentos. Naquele ambiente acolhedor, reuniram-se, de 21 a 24 de maio, 34 casais, sendo 10 de São Paulo, 5 do A.B.C., 4 de Santos, 3 de J acareí, 2 de Aparec ·da, 2 de Guaratinguetá, 2 de Jundiaí, 2 de Pindamonhangaba, 2 de Sorocaba, 1 de Caçapava e 1 de Florianópolis! (As adesões haviam superado todas as expectativas, tendo sido necessário, inclusive, recorrer à fila de espera, uma vez que o número dos casais desejosos de participar ultra· passava de muito a capac~ dade da casa.) As palestras do Pe. Chiquinho, verdadeiras homilias, empolgaram a todos, o mesmo sucedendo com as que foram proferidas pelo Rubens e por Nenê e Zinho. Todos eles transmitiram, de forma clara e precisa, o verdadeiro espírito das Equipes. Segundo os testemunhos, quanta coisa se aprendeu, quantos caminhos foram abertos para melhor viver todas as dimensões da espiritualidade conjugal. No domingo, como que coroando esses dias de intensa vivênc.i a espiritual, D. David Picão compareceu ao CEFAS, trazendo. com sua presença carinhosa, o incentivo para que os equipistas estejam sempre atentos aos apelos de sua vocação de verdadeiros apóstolos da Família.

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ENCONTRO REGIONAL DE CASAIS DE LIGAÇÃO

Reuniram-se em Jundiaí, no dia 9 de maio, cerca de 20 casais de ligação da Região São Paulo/C - Setores de Sorocaba, Itu, Valinhos/Vinhedo e Jundiaí. Foi um dia extremamente rico da graça de Deus. Iniciando, Mons. Castanho, do Setor de Sorocaba, falou sobre A ação do Espírito Santo em nossas vidas. Logo após, houve uma meditação individual. A seguir, Rubens fez uma exposição sobre as grandes preo~ cupações do Movimento. Suas colocações foram bastante oportunas, pois, de um modo geral, os casais de ligação não estão a par das atividades da ECIR. Após um cafezinho, Marisa desenvolveu o tema A missão do Casal de Ligação. Enfatizou a necessidade de o casal de ligação acreditar no que faz, amar aquilo em que acredita, conhecer o que ama. Caracterizou com muito entusiasmo a importância do casal de ligação dentro da estrutura do Movimento, mostrando os instrumentos de que ele se deve servir para bem desenvolver a sua missão. Seguiu-se um verdadeiro dever de sentar-se entre os casais, que analisaram suas atuações diante das colocações feitas por Marisa. Cada casal levou o seu farnel, que foi colocado em comum assim foi o nosso almoço. Seguiram-se grupos de co-participação, com uma rica troca de experiências. José Antonio e Nilza fizeram uma síntese do que foi o último grande encontro nacional de responsáveis em Itaici, atendo-se mais à palestra do Pe. Aquino sobre a Dives in Misericordia. Não poderia ter havido melhor encerramento para esse encontro do que a participação na Santíssima Eucaristia, celebrada por Mons. Castanho. Assim, fortalecidos pela Palavra e pelo Corpo de Cristo, os casais se despediram e voltaram para suas respectivas cidades, conscientes da necess ·da de de corresponderem, com amor, àquilo a que foram chamados, ou seja, à sua missão de casal de ligação.

Dina e Chico Ca.sal Responsável Regional, SP /C

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NOTíCIAS DOS SETORES

PETROPOLIS -

Equipes de jovens

Iniciaram-se as equipes de jovens em Petrópolis. Numa primeira reunião, compareceram 62 jovens interessados. Com outras adesões que se verificaram depois, formaram-se quatro grupos, cada um sob a orientação de um casal do Setor. Regina e J ob, da Equipe 15, sãó os responsáveis pelo novo Departamento do Setor. Conselheiros Espirituais das equipes de jovens: Frei Rossini e Frei Francisco. Novos Conselheiros

Continua a transferência de frades franciscanos de Petrópolis para outras plagas. E com isso continua a movimentação de Conselheiros Espirituais nas Equipes. Agora é a vez de Frei Eduardo Nitchak, Conselheiro de várias equipes e, por mais de um ano, do Setor, ao qual se dedicou de corpo e alma. Mons. Paulo Daher é o novo Conselheiro Espiritual do Setor, ao qual já vem dando o melhor de seu dinamismo - foi um dos 23 Conselheiros presentes em Itaici, e proferiu, para os responsáveis, pilotos, ligações e membros da Equipe de Setor, uma palestra sobre a Dives in Misericordia. Quanto à Equipe 3, ganhou como Conselheiro Espiritual o próprio Bispo, D. Manuel Pedro da Cunha Cintra. Não obstante seus inúmeros afazeres, D. Manuel assumiu a direção da noite de oração, que estava a cargo da equipe, proporcionando aos equipistas do Setor o privilég· o de meditar com seu Pastor sobre a Eucaristia. -42-


CURITIBA -

Carta do Vaticano

As Equipes de Curitiba receberam da Secretaria de Estado do Vaticano uma carta, agradecendo "os sentimentos de regozijo e de veneração, acompanhados de votos de bem e da oferta de preces" que haviam dirig·do ao Santo Padre por ocasião de sua passagem por Curitiba. Dizia a mensagem dos equipistas:

A Sua Santidade João Paulo II A paz do Senhor esteja contigo. A nossa oferta. Enquanto descansas, João Paulo II, nosso amado Pa,pa, nós vigiaremos humildemente para que o teu despertar seja cheio de luz e transmissor de testemunhos de amor que poderão ser ·vistos, ouvidos, percebidos pela multidão de "pobres" espalhada entre as famílias de todo o nosso Brasil. Os casais das Equipes de Nossa Senhora de Curitiba estarão em vigília de oração das 0,00 às 6,00 horas do domingo, dia 6 de julho deste. Unidos ao Cristo "que intercede por nós sem cessar", agradecemos a Deus a tua presença em nosso meio. As Equipes de Nossa Senhora do Paraná BRASlLIA -

Reunião dos Conselheiros

Os Setores A e B de Brasília realizaram novamente juntos a reunião semestral com os Conselheiros Espirituais. Foram tantos os assuntos que a reunião se prolongou até depois da meia-noite, sempre muito animada e enriquecedora. Estiveram presentes 11 Conselheiros, representando 16 equipes. -

Peregrinação em honra a Na. Sra.

A peregrinação promovida pelas Equipes de Nossa Senhora para abrir o mês de Maria teve grande repercussão, com a participação de s'gnificativo público. A caminhada já se tornou tradicional e tem contado com a participação, a cada ano mais marcante, da população e dos movimentos de leigos. O programa, organizado pelas Equipes 5 e 14, constava de concentração na Catedral, às 22h30, seguida de mensagem de D. -43-


José Newton de Almeida Batista_, Arcebispo de Brasília, dando-se então início à peregrinação, no horário previsto de 23 hs. O percurso, todo à luz de velas, foi feito com muita fé e devoção. No retorno à Catedral, às 24 hs, teve início a Santa Missa. Em sua mensagem, D. José Newton enfocou particularmente o problema da catequese.

JUIZ DE FORA -

D. Geraldo prega retiro

Apesar de seus muitos compromissos, D. Geraldo Maria Penido, Arcebispo de Aparecida, e antigo Bispo de Juiz de Fora, aceitou pregar o retiro das Equipes. Falou sobre: O Espírito Santo, Nossa Senhora, O Corpo místico, A família à luz do Sínodo. Participaram 22 casais, que comemoraram com o antigo Pastor seu aniversário de ordenação. -

Diálogos conjugais

Em elaboração o "Manual do Casal Piloto junto aos Diálogos Conjugais". A experiência parece que vem sendo adotada com sucesso em outros setores, inclusive fora do Brasil, segundo escrevem Margarida e Agostinho, e muitos pediram e estão aguardando a remessa do Manual.

BAURU -

Retiro da "Equipinha"

A Equipinha São Domingos Sávio, formada por filhos de equipistas da 2, da 4, da 7 e da 8, e acompanhada pelo casal Cidinha e Gilberto, da 12, teve o seu retiro, cujo orientador foi o noviço Elcy, ficando as confissões a cargo do Pe. Jonas. O tema do retiro foi a Páscoa. -

Novena a Nossa Senhora

Escrevem Linda e Albino, no Boletim: "Nossa Senhora disse aos videntes, em Fátima, que o mundo só se salvaria pela oração. Pensando nisso e querendo proporcionar aos irmãos mais uma oportunidade para orar juntos por tantas necessidades particulares e do mundo que nos cerca, o Setor organizou mais uma vez a novena do mês de maio. Fizemos a novena em três segundas, três t erças e três quartas-feiras." A cada noite, havia: canto, rito penitencial, leitura de um trecho do Evangelho relativo -44-


a Maria, reflexão tirada do livro "Maria", da coleção Novos Rumos, canto, recitação do terço, rito da Comunhão, saudação a Maria, do livro "Meu Rosário", do Pe. José Carlos Pedrosa, canto e despedida. "Era uma hora durante a qual nos ligávamos a Maria e podíamos sentir a sua presença amorosa, pois <se mediante a luz da fé podemos fazer com que Cristo esteja presente na nossa v ida, temos também a possibilidade de que Maria, a seu modo, esteja presente na nossa alma: e e esta presença é, precisamente, o fim exato da verdadeira devoção'." A.B.C. -

Agora é Setor

A Coordenação do Grande A.B.C. passou a Setor, no dia 21 de junho, em solenidade durante a qual também ocorreu a transmissão de cargo dos novo-s casais responsáveis. Nilza e Caldeira continuam responsáveis pelas Equipes do A.B.C. no novo Setor. A m;ssa foi dedicada a Nossa Senhora, cuja intercessão os equipistas imploraram para os novos responsáveis. Na hora do ofertório, Thaís e Duprat, Casal Regional, oficializaram a passagem da Coordenação a Setor, fazendo Nilza e Caldeira seu compromisso como Casal Responsável. A seguir, deu-se a posse dos novos casais responsáveis, que constituiu o momento ma:s solene da cerimônia. Travou-se um diálogo entre Responsável de Setor e casais responsáveis, pelo qual os responsáveis eleitos comprometeram-se a cumprir fielmente sua missão, guardar o espírito do Movimento, "segundo a inspiração de seus fundadores e a solene aprovação que lhes deram os Sumos Pontífices". Os demais equipistas, por sua vez, comprometeram-se a colaborar com seus respectivos responsáveis, na fidelidade aos compromissos assumidos, e no trabalho pela difusão dos ideais do Movimento na região do Grande A.B.C. Finalmente, a solene invocação do Espírito Santo sobre os novos responsáveis, para os quais foi pedido que fossem "para todos testemunhas da fé e defensores intemeratos da santidade do casamento e da família".

CATANDUVA- Retiro

Na Casa do Cursilho de São José do Rio Preto realizou-se, de 1 a 3 de maio, sob a responsabilidade da Equipe 2, o retiro pregado pelo Pe. Vicente Bortolato. Muito feliz na apresentação dos temas, falou sobre Oração, sobre O Espírito Santo e a missão do cristão, Família, e N assa Senhora. As três primeiras -45-


palestras foram um chamamento para viver o amor a Deus e ao próximo, a última mostrou o modelo a ser seguido. Liturgia muito "caprichada", numa apresentação não menos caprichada. O Pe. Vicente, que já foi Conselheiro Espiritual da Coordenação, é Conselheiro das Equipes 2 e 6 e atualmente ainda assiste a Equipe 1. A Coordenação fez questão de externar-lhe sua gratidão por ainda ter encontrado tempo para pregar o retiro.

VOLTARAM PARA O PAI Hélio Fábio Cannetieri

Da Equipe 4, Nossa Senhora do Carmo, de Caçapava. Casado com Geny. Após dois meses de intensos sofrimentos, suportados com amor, sem reclamação alguma. Escrevem seus companheiros de equipe: "De gênio alegre, simples e amigo de todos, "Helião" era um puro de coração." Wilton Franco

Da Equipe 7 de Santos. Casado com Carolina (Lili). No dia 20 de maio, véspera da Sessão de Formação de Santos, na qual foi dada a notícia, sendo que aguardávamos maiores detalhes, que não chegaram ...

NOVAS EQUIPES Lages

Equipe 7, Nossa Senhora do Rosário - Casal Piloto: Ivanilda e Hamilton; Conselheiro Espiritual: Frei Sergio Pagan. Manaus

Equipe 12, Nossa Senhora da Natividade e José; Conselheiro Espiritual: Pe. Hilário.

Casal Piloto: Ita

São Paulo, Setor D

Equipe 17 - Casal Piloto: Edith e João; Conselheiro Espiritual: Pe. Rui Mello. -46-


Varginha

Equipe 2, Nossa Senhora da Alegria - Casal Piloto: Irene e Geraldo; Conselheiro Espiritual: Pe. Aloisio Hellmann. Valinhos/Vinhedo

Equipe 11 - Casal Piloto: Bernadete e Oswaldo; Conselheiro Espiritual: D. Martinho.

NOVOS RESPONSAVEIS A.B.C.

A Coordenação do Grande ABC passou a Setor, continuando Nilza e Caldeira como Casal Responsável. Bauru

Olanda e N adyr entregaram a responsabilidade do Setor a Neusa e Orlando Miranda Machado. Casa Branca/ Aguai

No lugar de Ana Terezinha e Flávio, Luiza Celi e José Norberto Gomes assumiram a responsabilidade pela Coordenação. que passou para o 2. 0 grau. Rio de Janeiro, Setor D

Substituindo Maria Aparecida e Silvério, ficaram à testa d11 Setor Aline e Edmund Alves Abibe.

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GLORIOSA NO C~U, ATUA NA TERRA

TEXTO DE MEDITAÇAO -

Puebla, n<?s 287 e 288

Foi-nos revelada a fecundidade maravilhosa de Maria.

Ela

torna-se Mãe de Deus, Mãe do Cristo histórico, no Fiat da anunciação, quando o Espírito Santo a cobre com sua sombra. É Mãe da Igreja porque é Mãe de Cristo, Cabeça do Corpo Místico. Além disso, é nossa Mãe "por ter cooperado com seu amor" (LG 53), no momento em que, do coração transpassado de Cristo, nascia a família dos redimidos; "por isso é nossa Mãe na ordem da graça" (LG 61). É a vida de Cristo que irrompe vitoriosa em Pentecostes, onde Maria implorou para a Igreja o Espírito Santo Vivificador. A Igreja, pela evangelização, gera novos filhos hoje.

Esse

processo, que consiste em "transformar a partir de dentro", em "renovar a própria humanidade" (EN 18), é um verdadeiro renascimento. Neste parto, sempre renovado, Maria é nossa Mãe. Ela, gloriosa no céu, atua na terra. Participando do domínio do Cristo ressuscitado, "cuida com amor materno dos irmãos de seu filho, que ainda peregrinam" (LG 62); seu grande cuidado é este: que os cristãos "tenham vida abundante e cheguem à maturidade da plenitude de Cristo". -48-


ORAÇÃO -

João Paulo II, na celebração do Concilio de Éfeso

ó Vós, que estivestes com a Igreja nos princípios da sua mis;:;ão, intercedei por ela, a fim de que, indo por todo o mundo, ensine a todas as gentes e anunc:e o Evangelho a todas as criaturas. Que a Palavra da Verdade Divina e o Espírito de Amor tenham acesso aos corações dos homens, os quais, sem esta Verdade e sem este Amor, não podem realmente vrver a plenitude da vida.

ó Vós, que assim tão profunda e maternalmente estais ligada à Igreja, pr·ecedendo na caminhada da fé, da esperança e da caridade todo o povo de Deus, abraçai a todos os homens que se acham a caminho, peregrinos através da vida temporal em direção aos destinos eternos, com aquele amor que o próprio Redentor Divino, Vosso Filho, derramou no Vosso coração do alto da Cruz.

I~

ó Mãe dos homens e d8s povos, Vós conheceis todos os seus sofrimentos e as suas esperanças. Vós sentis maternalmente todas as lutas entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas, que abalam o mundo ... Tomai sob a Vossa proteção materna a inteira família humana que, com enlevo afetuoso, nós Vos confiamos, ó Mãe. Que se aproxime para todos o tempo da paz e da liberdade, o tempo da verdade, da justiça e da esperança. ó Mãe de Jesus, Vós que já estais glorificada no Céu em corpo e alma, aqui sobre a terra, enquanto não chegar o dia do Senhor, não deixeis de brilhar diante do Povo de Deus peregrino, como sinal de esperança segura e de consolação. Amém.


EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de casais por uma espiritualidade conjugal e familiar

Revisão. Publlcação e Distribuiç ão pela Secretaria das EQUIPES DE NOSSA SENHORA 01050 -

Rua Joã o Adolfo , 118 - 99 - con j . 901 SAO PAULO. SP

TeJ.:

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