ENS - Carta Mensal 1980-4 - Junho e Julho

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N~

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1980

Junho-Julho

Mensagens . . ..... . .. . ..... ... ..............•.. Editorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . .. . . . . . . .. . .

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Realidad es do casamento . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . .

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O altar e o corpo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 As três maneiras de ser discípulo de Cristo . . . . 11 Aparecida do Norle - Celebrando os 30 anos das equipes no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 13 Nós em São José e Aparecida . . . . . . . . . . . . . . . . 18 Vamos re zar pela viagem do Papa? . . . . . . . . . . 21 Como Deus levou o Miguel . . . . . . . . . . . . . . . . .. 23 "Morreu a serviço de Deus" . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 Carla de Portugal

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Dos Estados Unidos . . . . . . . . .. . .. . . . . . . .. . .. . . 30 Em tempo de balanço . . . . . . .. . . . . .. .. . .. . .. . . 32 Amor sem cálculos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Para ser missionário, basta descer a serra . . . . 36 Alguns livros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . 40 Nolícias dos setores . . .... . ... . ... . ...... . ....

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Na fração do pão . . .. . .. .. . .. . . . .. . .. . .. . . . . .. 48


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CHANOINE HENRI CAPFAREL

Le 2 avril 1980

Amis tres chers, Votre lettre m1 est arrivée trop tard pour que je puisse trouver la te~ps de vous rédiger le billet que vous souhaitez, ava.nt la date que vous me donnez, à l'oocasion de oe gra.nd anniversaire des 30 ans des Equipes Notre-Dame au Brésil - anniversaire q~i correspond à l'anniversaire de mon ordination sacerdotale, 11 y a 50 ans. Mais ne doutez pas que je suis avec Yous tous psr la pensée st par la priàre. Aveo quelle ferveur js demande, à ma messe, au Seigneur, que les Equipes Notre-Dame soient un élément dynamique de 1 1 essor de 1 'Eglise en votre granel paye-. Croyez, Monique et Gérard, à mes sentimente tràs affeotueux.

Amigos carú;slmos, Sua carta chegou tarde demais para que eu pudesse encontrar o tempo necessário para redigir a mensagem que vocês me pedem dentro do prazo que me deram, por ocasião deste grande anivers;rio das Equipes de Nossa Senhora no Brasil - aniversário que corresponde ao aniversário de minha ordenação sacerdotal, 50 anos atrás. Mas, não tenham dúvidas, estou com vocês todos, pelo pensamento e p€-la oração. Com que fervor peço ao Senhor, na minha missa, que as Equipes de No€sa senhora sejam um elemento dinâmico do progress'O da Igreja no vosso grande pais. Creiam, carú;slmos amigos, nos meus sentimentos muito afetuosos.

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EDITORIAL

Louis e Marie d'Amonville e o P e. Tandonnet vieram de Paris para as comemorações dos 30 anos das Equipes do Brasil. No encerramento da Peregrinação de Aparecida, Louis dirigiu-nos algumas palavras, que aqui resumimos .

Estamos, desde ontem, agradecendo com vocês por todas as graças recebidas, por todas as graças vividas nesses trinta anos de equipes no Brasil. É uma maravilhosa epopéia! Quanto caminho percorrido desde daquele dia de novembro de 1949, quando Pedro e Nancy Moncau escreveram ao Pe. Caffarel pedindo informações sobre as Equipes de Nossa Senhora! Hoje, com perto de 800 equipes, o Brasil figura em segundo lugar no mundo pelo número de equipes e entre os primeiríssimos pelo seu dinamismo espiritual e apostólico. Este progresso excepcionalmente rápido não se realizou sem dificuldades. Mas tornou-se possível graças ao trabalho persistente de todos aqueles, sacerdotes e casais, que, no decurso desses 30 anos, dedicaram-se sem medir esforços e com uma preocupação constante de disponibilidade ao Espírito, de comunhão com todos os demais responsáveis de nossa grande comunidade, e de fidelidade ao espírito e à letra das Equipes de Nossa Senhora na sua originalidade específica. Aí reside a explicação da edifcácia ae sua ação. Queremos, em nosso próprio nome e em nome de todos vocês, dizer-lhes hoje o nosso "muitíssimo obrigado". Foi também com grande alegria que constatamos, nestes 15 dias que passamos com vocês, que, ao lado desse desenvolvimento das Equipes, continua o aprofundamento espiritual e a abertura sempre maior à Igreja e ao mundo. No entanto, se este desenvolvimento rápido é fonte de alegrias, também cria deveres. Por terem recebido muito, as Equipes devem tornar-se cada vez mais missionárias - no interior e fora do Brasil.

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Pela ação de cada um de vocês em torno de si, vocês já são missionários, bem o sei. Mas devem continuar a sê-lo sempre mais. Uma equipe de Nossa Senhora que vive fechada sobre si mesma não é uma Equipe de Nossa Senhora. Não se esqueçam disto nunca! A ação dos equipistas deve exercer-se em benefício de outros - seja em organismos já existentes, seja através de iniciativas individuais. No momento em que o casamento cristão é cada vez mais questionado, não esqueçam que a nossa responsabilidade cresce na mesma proporção. . . Não temos o direito de guardar para nós as riquezas descobertas: devemos compartilhá-las com outros casais e ajudá-los a sair do nível onde se encontram. E falar-lhes também sobre as Equipes de Nossa Senhora. Vocês já fizeram muito nos últimos anos pela difusão do Movimento, mas, quando se olha para o mapa do Brasil constata-se que ainda há muitos espaços vazios... Nos próximos anos, é preciso que vocês se empenhem para que não os haja mais! Esta difusão, é claro, não exclui nc·ssa ação pessoal em todas as comunidades em que vivemos - nossas responsabilidades políticas, sociais, profissionais, que devem ser partilhadas em equipe, para que nos ajudemos mutuamente a vivê-las melhor. Como já disse, uma equipe que vive verdadeiramente não pode deixar de ser missionária. As Equipes do Brasil têm também uma responsabilidade dentro do Movimento como um todo. Devem assumir seu papel na própria construção deste Movimento, pois têm muitas riquezas. a partilhar. É preciso vir até o Brasil para descobri-las. . . Embora afastadas geograficamente do centro do Movimento, é preciso que essas riquezas sejam aproveitadas por todos e faremos tudo, nos próximos anos, para que essa partilha possa realizar-se. Com vocês, rendemos graças ao Senhor por esses 30 anos e pedimos-Lhe que lhes conceda a força do seu Espírito para continuarem a caminhada. Maria irá ajudá-los, como semp:::-e fez até hoje, se vocês souberem escutá-la todos os dias! E Marie acrescentou apenas:

Só queria dizer-lhes uma coisa: não se esqueçam de que fonte de toda missão é a oração . ..

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A PALAVRA DO PAPA

REALIDADES DO CASAMENTO

Nestas semanas que precedem a visita do Santo Padre ao nosso pais, convém familiarizar-no.!? um pouco mais com seu pensamento .wbre o matrimônio. Há muitos meses vem o Papa - como assinalou em seu discurso aos dirigentes das Equipes em setembro passado - abordando sistematicamente o assunto, em preparação para o próximo Sínodo. O discurso que segue foi dirigido, no dia 3 de novembro de 1979, a uma delegação do "Centro de Ligação das Equipes de P esquisas" e aos membros do Conselho administrativo da "Federação Internacional de Ação Familiar" .

A realidade sacramental do matrimônio Primeiro, para cristãos, é fundamental elevar o debate, considerando de imediato o aspecto teológico da família, meditando por conseguinte na realidade sacramental do matrimônio. A sacramentalidade só pode ser compreendida à luz da história da salvação. Ora, esta história da salvação qualifica-se como história de aliança e de comunhão entre Javé e Israel primeiramente, depois entre Jesus Cristo e a Igreja. Do mesmo modo, precisa o Concílio, "o Salvador dos homens, Esposo da Igreja, vem ao encontro dos esposos cristãos pelo sacramento do matrimônio". O matrimônio constitui, pois, ao mesmo tempo, memorial, atualização e profecia da história da aliança. "Este mistério é grande", diz São Paulo. Casando-se, os noivos cristãos não começam apenas a sua aventura, mesmo entendida no sentido de santificação e de missão ; começam uma aventura que os insere de maneira responsável na grande aventura da história universal da salvação. Sendo memorial, o sacramento dá-lhes a

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graça e o dever de fazerem memona das grandes obras de Deus e darem testemunho delas junto dos próprios filhos; sendo atualização, dá-lhes a graça e o dever de executarem no presente, um para com o outro e para com os filhos, as exigências de um amor que perdoa e resgata; sendo profecia, dá-lhes a graça e o dever de viverem e testemunharem a esperança do futuro encontro com Cristo. Características do amor conjugal

Sem dúvida, todos os sacramentos comportam participação no amor nupcial do Cristo para com a sua Igreja. Mas, no matrimônio, a modalidade e o conteúdo desta participação são específicos. Os esposos participam nesse amor como casal, a ponto de o efeito primário e imediato do matrimônio não ser a graça snbrenatural mas o laço conjugal cristão, comunhão entre dois tipicamente cristã por representar o mistério da encarnação de Cristo e o seu mistério de aliança. E o conteúdo da participação na vida de Cristo é também específico: o amor conjugal inclui totalidade, em que entram todos os elementos da pessoa - apelo do corpo e do instinto, força do sentimento e da afetividade, aspiração do espírito e da vontade -, tende para uma unidade profundamente pessoal, aquela que, para além da união numa só carne, leva a não constituir mais que um coração e uma alma; exige a indissolubilidade e a fidelidade na doação recíproca definitiva; e abre-se para a fecundidade. Numa palavra, trata-se certamente das características normais de todo o amor conjugal natural, mas com significação nova, que não somente o purifica e con~olida, mas o eleva a ponto de fazer dele a expressão de valores propriamente cristãos. Eis a perspectiva a que devem e!"guer-se os esposos cristãos: nisso está a sua grandeza, nisso a sua força, nisso a sua exigência e nisso também a sua alegria. Paternidade responsável É também nesta perspectiva que se deve encarar a paternidade responsável. Neste plano, os esposos, os pais podem encontrar certo número de problemas que não consigam resolver sem um amor profundo, amor que encerre também um esforço de continência. Estas duas virtudes, amor e continência, exigem uma decisão comum dos esposos e a vontade de se submeterem eles próprios à doutrina da fé, ao ensinamento da Igreja. Sobre este vasto assunto, contentar-me-ei com três observações. Primeiro, é não falsificar a doutrina da Igreja, tal como foi claramente exposta pelo Magistério e pelo Concílios e pelos meus

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predecessores; penso explicitamente na Encíclica Humanae Vitae de Paulo VI, no seu discurso às Equipes de Nossa Senhora de 4 de maio ~e 1970, e nas suas outras numerosas intervenções. É para este Ideal das relações conjugais, mantidas dentro dos limites e do respeito da natureza e das finalidades do ato matrimonial que é preciso conservar continuamente a orientacão sem a desviar para uma concessão mais ou menos larga, mai; o~ menos explícita, em favor do princípio e da prática dos costumes contraceptivos. Deus chama os esposos à santidade do matrimônio, para o seu bem próprio e para o testemunho que devem dar. Mantendo-se firme este ponto, por obediência à Igreja, não é menos importante ajudar os casais cristãos e os outros a fortificarem as suas próprias convicções, procurando com eles as razões profundamente humanas de ass~ m se proceder. Bom é que eles entrevejam como esta ética natural corresponde à antropologia bem compreendida, de maneira que se fuja às armadilhas de uma opinião pública ou de uma lei que sejam permissivas, e mesmo para contribuir, em toda a medida do possível, para retificar esta opinião pública. Muitos elementos de reflexão podem contribuir para que se forjem sãs convicções que venham ajudar a obediência do cristão ou a atitude do homem de boa vontade. Por exemplo, numa época em que tantas correntes ecológicas pedem respeito pela natureza, que pensar de uma invasão de procedimentos e de substâncias artificiais neste campo eminentemente pessoal? Substituir por técnicas o domínio próprio, a renúncia a si mesmo em favor de outrem e o esforço comum dos esposos não assinala porventura uma regressão daquilo que forma a nobreza do homem? Então não se vê que a natureza do homem está subordinada à moral? Mediu-se, acaso, todo o alcance da recusa, constantemente acentuada, do filho sobre a psicologia dos pais sendo que eles trazem em si o desejo do filho, inscrito na sua natureza - e dessa recusa sobre o futuro da sociedade? E que pensar de uma educação sexual dos jovens que não o-s precavenha contra a busca de um prazer imediato e egoísta, dissociado das responsabilidades do amor conjugal e da procriação? Sim, é necessário preparar de muitos modos para o amor verdadeiro, a fim de evitar que se degrade, neste ponto capital, a partir de conceitos instáveis ou falseados, o tecido moral e espiritual da comunidade humana.

Aborto O respeito da vida humana já concebida faz evidentemente parte, a especial título, das convicções que é necessário iluminar e fortificar. É ponto em que a responsabilidade do homem e da

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mulher deve levá-los a acolher e proteger o ser humano de que eles foram os procriadores e que não têm nunca o direito de eliminar: é campo em que o ambiente. a sociedade, os médicos, os conselheiros conjugais e os legisladores têm o dever de permitir que tal responsabilidade se exerça, sempre no sentido do respeito da vida humana, apesar das dificuldades e sendo oferec:da uma ajuda mútua nos casos de miséria. É ponto sobre o qual a Igreja se pronunciou de maneira unânime em todos os países, de modo que não há porque insistir agora. A legislação do aborto levará fatalmente muitos a deixarem de sentir este respeito e esta responsabilidade para com a vida humana, banalizando um pecado grave. E deve mesmo acrescentar-se que a generalização da prática contraceptiva por métodos artificiais leva também ao aborto, porque uma e outra situam-se, embora a níveis diferentes, na mesma linha do medo do filho, da rejeição da vida, da falta de respeito pelo ato e pelo fruto da união, tal como ela é querida entre o homem e a mulher pelo Criador da natureza. Aqueles que estudam a fundo estes problemas bem o sabem, ao contrário do que certos raciocínios ou certas correntes de opinião poderiam levar a crer.

Métodos naturais de regulação da natalidade Por fim, é preciso pôr em prática tudo o que é capaz de ajudar concretamente os casais a que vivam esta patern:dade responsável. As investigações científicas para adquirir conhecimento mais preciso do ciclo feminino e permitir utilização mais serena dos métodos naturais de regulação dos nascimentos merecem ser melhor conhecidas, animadas e propostas efetivamente para serem aplicadas. Gosto de saber que um número cada vez maior de pessoas e organismos, no plano internacional, apreciam esses esforços de regulação natural. A esses homens de ciência, a esses médicos e a esses especialistas, to<los os meus votos e as minhas palavras de ânimo, porque daí depende o bem das famílias e das sociedades, no cuidado legítimo que têm de harmonizar a fecundidade humana com as suas possibilidades, e contanto que apelem sempre para as virtudes do amor e da continência, daí depende o progresso do domínio humano conforme o desígnio do Criador. Animo do mesmo modo todos os leigos qualificados, todos os casais que, na qualidade de conselheiros, professores e educadores, prestam o seu concurso para ajudar os esposos a viverem o seu amor conjugal e a sua responsabilidade de pais de maneira digna, ajudando ao mesmo tempo os jovens a se prepararem para fazer o mesmo.

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PREPARANDO-NOS PARA O CONGRESSO EUCARíSTICO

O ALTAR E O CORPO

Queres honrar o Corpo de Cristo? Começa por não desprezá-lo quando está nu. Não o honres aqui com panos de seda e o negligencies lá fora, onde padece frio e nudez. Pois aquele que disse: «Este é o meu corpo" é o mesmo que disse: "Vistes-me faminto e não me destes de comer". Para que deveria estar a mesa de Cristo carregada de taças de ouro quando ele está morrendo de fome? Sacia primeiro o faminto e depois adorna a Sua mesa. Forjas uma taça de ouro, mas não dás um copo d'água! Ao adornar a Sua mesa, lembra-te de não desprezar t eu irmão afli~ to: pois este templo é mais precioso do que aquele .. . Quem pratica a esmola exerce uma função sacerdotal. Queres ver o teu altar? É constituído pelos próprios membros de Cristo. O Corpo de Cristo torna-se para ti um altar. Venera-o. É mais augusto que o altar de pedra onde celebras o Santo Sacrifício .. . Tu honras o altar que recebe o Corpo de Cristo e desprezas aquele que é o Corpo de Cristo... Este altar, em toda parte podes contemplá-lo, nas ruas e nas praças; e a todo momento podes nele celebrar a tua liturgia.

São João Crisóstomo

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AS TRÊS MANEIRAS DE SER DISCíPULO DE CRISTO

Somos discípulos de Cristo. Queremos implantar o Evangelho em nossa vida. As Equipes nos proporcionam a oportunidade de confrontar nossa vida com a Palavra de Deus. Há três maneiras de ser discípulo de Cristo. Podemos ser discípulos de Cristo, primeiro, pela doutrina; segundo, relacionando-nos com Sua pessoa; terceiro, seguindo a Cristo no Seu Espírito Santo. A primeira - ser discípulo de Cristo pela sua doutrina - é o que faziam as multidões que O seguiam na Galiléia. Seguiam a sua Palavra - Palavra que os transformava -, viviam de Sua Palavra - esqueciam-se até de comer ... Uma segunda maneira era reservada a um grupo menor. Esses eram os que acompanhavam Jesus e tinham um relacionamento pessoal com Ele. Jesus era para eles alguém vivo, concreto, alguém que eles amavam. Quando um cristão passa da doutrina de Jesus para a pessoa de Jesus, isto faz uma diferença em sua vida! Aí, Jesus fica Alguém na sua vida. Isto acontece conosco quando decidimos - a fé é uma decisão de vida- que Jesus Cristo vai ser o centro de nossa vida. Quando um casal decide que vai ser propriedade de Jesus e que Jesus

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é ~ue vai ma~dar r:a sua vida. Então acabou o cálculo, a pechmcha - vai ou nao vai. . . - aí, vai mesmo! No dia em que conhecerem a Jesus numa amizade muito pessoal, provavelmente acontecerá algo mais. Estarão vivendo no Espírito Vivo mesmo de Jesus. Como os apóstolos depois de Pentecostes. Esta é a terceira maneira de ser discípulo de Cristo. Nesse dia, vão perceber que é Deus que faz, é o Espírito de Deus soprando dentro de suas vidas. Serão os discípulos de Jesus vitorioso. O Evangelho de Jesus Cristo vitorioso! É outra coisa ... ! O Espírito da renovação, o Espírito que renova a face da terra e o coração de todos os que se deram a Jesus! O povo perguntava a Pedro: "O que devemos fazer?" E Pedro respondeu: Primeiro, arrependam-se. Segundo, sejam mergulhados em Cristo para o perdão de seus pecados. Terceiro, receberão a efusão do Espírito Santo dentro dos seus corações. Esta é a promessa, que é para todos vocês e para seus filhos! Que seja derramada sobre estas equipes, estes casais, com a bênção de Nossa Senhora, Esposa do Espírito Santo, para irem em frente, com o coração ardendo, ser um testemunho neste mundo de ho-je, que tem tanta dificuldade para ouvir a Palavra de Deus. Pe. Osca1· Melanson

(Notas tomadas em Aparecida)

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APARECIDA DO NORTE -

2 e 3 de maio -

CELEBRANDO OS 30 ANOS DAS EQUIPES NO BRASIL

Talvez, para a maioria dos habitantes da cidade, aquele dia 2 de maio fosse igual aos outros, habituados que estão às multidões que ali afluem. Para aqueles casais que acolhiam os peregrinos das Equipes de Nossa Senhora, entretanto, a expectativa ia cedendo terreno a uma intensa alegria, um júbilo indescritível, que às vezes embargava a, voz. Quando às 9:00 horas foi dado início a cerimônia litúrgica, a emoção era tão grande que, somente depois de algum tempo, foi possível um retorno à normalidade. Que magnífica visão apresentavam aquelas 1.000 pessoas reunidas em torno do altar! As saudações iniciais foram dadas e novament~ a emoção quando N ancy e Moncau iniciaram um retrospecto desses 30 anos. Fatos inéditos ali foram colocados numa verdadeira co-participação de quem teve a graça de ver o Movimento dar seus primeiros passos, participar de toda a sua trajetória e agora contemplar as maravilhas que o Senhor fez. Porém, as coisas estavam apenas começando. Ainda nessa manhã tivemos a palestra de D. Geraldo Penido, Arcebispo Coadjutor e Administrador Apostólico de Aparecida - e Conselheiro Espiritual de uma Equipe - scb o título: "Reflexão sobre Nossa Senhora". A presença de Maria :no plano salvífico de Deus, na Igreja e como estrela da Evangelização foi colocada à nossa med ~tação por alguém que, autêntica autoridade no tema, soube colocá-lo com amor. No período da tarde, três painéis foram desenvolvidos: -

Relacionamento pais e filhos Nossa Senhora

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A família cristã no Brasil de hoje

Durante duas horas, casais e sacerdotes detiveram-se na re~ flexão desses assuntos. Destaque especial merece o primeiro -13-


Louis e Marie

Marcha luminosa

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Uma . parte do plenรกrio

Os jovens

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deles, que despertou maior interesse e superou em muito o tempo a ele reservado. A seguir, reunidos novamente na Basílica, teve início a Concelebração Eucarística. Eram quase 50 sacerdotes. Após as orações iniciais, D. Geraldo e os demais concelebrantes desceram do altar e colocaram-se à disposição dos presentes para o sacramento de penitência. A quase totalidade dos casais presentes procurou um dos sacerdotes para aquele importante momento da 1·econciliação. Vivemos um tempo de grande densidade espiritual. Após a celebração eucarística, novo tempo forte: aquela imensa passarela foi pequena para comportar todos os casais que, em procissão luminosa, seguiram até a basílica velha, onde se encontra a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Lá, em frente à igreja, fizemos nossa consagração a Maria Santíssima. . No sábado, Pe. Raimundo José Soares, de Brasília, além de Conselheiro Espiritual do Setor B, na ocasião representando a C!\BB, falo'u~nos sobre "A Família, Igreja Doméstica". · De forma sutil, Pe. Raimundo foi-nos conduzindo através das profundas verdades contidas no trinômio Família, Família Cristã e Família Cristã = Igreja Doméstica. Em seguida, mais três painéis marcaram esse nosso Encontro: - O Conselheiro Espiritual numa E.N.S. - As E.N.S, ·a serviço da Igreja e do mundo - As E.N.S. e o Documento de Puebla, todos muito concorridos e profundamente enriquecedores. Na Sessão Final, realizada após o almoço, foi prestada uma homenagem ao Pe. Alberto Boissinot, Conselheiro Espiritual do Setor de Marília desde os primeiros tempos do Movimento naquela cidade e que deixa o Brasil para Roma. Logo em seguida, momentos de grande emoção: a chegada dos jovens, filhos de equipistas ou não, que, em número de 150, estavam reunidos desde a véspera em São José dos Campos. Chegaram cantando e, num gesto inesperado e tocante, abençoaram-nos, a nós, os pais! Esses jovens, vindos dos mais variados pontos do país, haviam, durante dois dias, rezado, refletido e confraternizado, trocando experiências sobre comunidades de jovens. Deram sua mensagem, contagiaram a todos com seu entusiasmo e ficaram conosco para os atos finais da Peregrinação. Falou então o Pe. Oscar Melanson, primeiro Conselheiro Espiritual de equipe e um dos iniciadores do Movimento no Brasil,


que viera do Canadá especialmente para participar conosco dessa ação de graças em Aparecida. Finalmente tomou a palavra o nosso querido casal responsável pelo Movimento no mundo, Louis e Marie d'Amonville, que manifestaram sua alegria em viver conosco essa data, ressaltando que, em vários países do mundo onde estavam sendo realizados encontros nesses dias, estávamos sendo lembrados através da oração, inclusive num encontro que estava tendo lugar na Polônia. Ressaltaram também a nossa responsabilidade pela difusão do Movimento em outras regiões do país e da América Latina. Uma surpresa nos estava reservada: carinhosa carta de D. Lucas Moreira Neves, atual Secretário da Congregação dos Bispos, encaminhando-nos mensagem especial, acompanhada de bênção apostólica, de Sua Santidade o Papa João Paulo li! Era demais. Após tudo o que vivemos em Aparecida, só podíamos, aos pés da Virgem, dizer-Lhe o nosso imenso "muito obrigado" e pedir-Lhe que, mais do que nunca, nesses tempos difíceis, continuasse a nos ajudar a "fazer tudo aquilo que Ele nos disser". Como último ato, no final da missa concelebrada, um casal leu, em nome de todos, nossa manifestação de fidelidade à Igreja e ao Santo Padre. Não podemos encerrar este relato sem destacar que participaram também da Peregrinação um casal pertencente à equipe n. 0 5 do Porto - Portugal, o Conselheiro Espiritual da Equipe Responsável Internacional, Pe. Roger Tandonnet, que fez a homilia da última missa, o Arcebispo de Campinas, D. Gilberto Pereira Lopes e o Bispo de Mogi das Cruzes, D. Emílio Pignoli. Em nome do Movimento, agradecemos aos que puderam participar da comemoração, e principalmente, aos equipistas e sacerdotes de Aparecida, Guaratinguetá, Pindamonhangaba, Taubaté, Caçapava e São José dos Campos, que tornaram possível a sua realização, através de uma organização impecável, e a todos aqueles que, nos mais diversos pontos do país, lembraram-se em suas orações de rezar pelas intenções do Movimento, inclusive os Setores e Coordenações que marcaram a passagem da data com celebrações eucarísticas, vigílias, etc. Com a alegria característica do cristão, estejamos atentos às manifestações do Espírito Santo, a fim de podemos discernir os seus desígnios a respeito do Movimento. "Sede agradecidos. A palavra de Cristo permaneça entre vós em toda a sua riqueza, de sorte que, com toda a sabedoria, vos possais Instruir e exortar mutuamente." (Col. 3,15-16)

Dirce e Rubens -17-


NóS EM SÃO JOS~ E APARECIDA

Impressões de um jovem participante

Lá estávamos nós, 149 jovens de vanos lugares ( 1 ) e idades, reunidos. Mas, vocês me perguntariam, para que se reuniram 149 jovens num feriado, em São José dos Campos, nos dias 2 e 3 de maio de 1980? E eu mesmo respondo: para crescer espiritualmente! E não eram só esses jovens que estavam reunidos. Com eles havia 9 casais, 4 palestristas e 1 padre, que resolveram aproveitar de modo estranho um feriado. Mas, para que? Novamente eu respondo: para plantar, regar e orar a Deus para que dê frutos o crescimento desses jovens, segundo a vontade deste mesmo Deus! Vejamos então o que fizeram esses jovens, esses casais, esses palestristas e esse padre durante aqueles dias.

* Alguns jovens eram de São José dos Campos, então ajudaram na preparação e acolhida. Outros, que chegaram no dia 1.0 de maio, também deram uma ajuda na preparação do Encontro. Houve então, na noite do dia primeiro, uma missa preparatória - o alimento da equipe de serviço, que encheu o seu cantil para saciar a sede dos peregrinos. -18-


O retiro propriamente dito começou com uma palestra, no dia 2, sobre Maria, essa Mulher tão maravilhosa que a nós no final só coube nos fazer uma pergunta: "Que lugar ocupa Maria em nossas vidas?" Essa Mulher, que é Mãe, Modelo, Mestra, Protetora, Portadora do Cristo, que é Parte de nós. Mais tarde, tivemos uma surpresa: o Pe. Zezinho veio dar uma palestra, veio trazer a sua alegria, sua felicidade e foi justamente sobre isso que ele falou: o que fazer para ser feliz. E fez-nos concluir que não existe fórmula para atingir a felicidade; o que existe são caminhos e um deles é saber fazer a pergunta certa na hora certa, e saber ouvir a resposta, é não querer dar a resposta antes de serem feitas as perguntas, e é também não fazer de um probleminha uma tempestade num copo d'água. Munidos destas duas palestras, discutimos em grupos os assuntos. Depois do almoço, nova palestra, desta vez sobre "amizade". E aqui eu fico com apenas uma frase que diz muito: "Um amigo ou uma amizade não se define, se vive; ou se tem, ou não se tem". Por fim, como quarta palestra, tivemos uma rápida noção de comunidade que, segundo o nosso grupo, é fundamental para o andamento de uma equipe de jovens. E importante não apenas viver juntos, mas conviver, formar uma real comum-unidade. Também debatemos em grupos estas duas palestras. A noite tivemos uma missa, explicada em cada uma de suas partes e cada um dos objetos utilizados pelo sacerdote durante a celebração. No dia 3 fomos para Aparecida e, no caminho, fizemos uma meditação. Na Basílica, ouvimos uma mensagem do casal d'Amonville que falou também em nome de sua filha, que faz parte de uma equipe jovem na França. Para nós foi bom saber que em outras partes do mundo há jovens como nós, também preocupados em crescer espiritualmente. Mais tarde, fizemos uma surpresa para os pais, que não sabiam a hora em que devíamos chegar a Aparecida. Foi alegre 0 reencontro entre pais e filhos e, como encerramento, participamos de uma missa celebrada na Basílica de Nossa Senhora Aparecida.

o 19-


O importante é a mensagem tirada, e eu tirei a seguinte: Para ter uma vida feliz não há fórmulas, mas há caminhos: Colocar suas dificuldades ao Pai através de Maria e tomá-la como exemplo, saber ser amigo e ter amigos, conseguir superar os problemas não fazendo deles o centro de nossas vidas e, o que é ~mportante: ninguém tem o direito de ser feliz sozinho, para ser feliz é preciso comunidade. E mais, para uma equipinha (2) i~ par·a frente, é preciso que ela seja uma comunidade de amizade e de amor que tem Maria como exemplo e na qual as dúvidas e os problemas são postos e solucionados em comum. Após esta reflexão eu percebi que os 149 jovens, os 9 casais, os 4 palestristas e o padre não perderam ·um feriado , mas na realidade ganharam e muito, pois a semente foi lançada e regada e Deus a fez crescer, pois cada um daqueles jovens cresceu um pouco e, com a ajuda de Deus, fará crescer outros jovens. Só me resta dizer: Obrigado, Senhor, por mais esta oportunidade de Te encontra,·, obrigado!!

Christian Nadas

.<1)

Presentes jovens de Aguaf, Araçatuba, Araraquara, Batatals, Bauru, Catanduva, Caxias do Sul, Curitiba, Florianópolis, Gravataf, Juiz de Fora, Jundiaí, Mogi das Cruzes, Niterói, Petrópolis, Porto Alegre, Rinópolls, Rio de Janeiro, São Carlos, São José dos Campos, São Paulo, Sorocaba, Teresópolis.

(2)

Equipe de jovens ou de adolescentes.

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VAMOS REZAR PELA VIAGEM DO PAPA?

Podemos fazê-lo com suas próprias palavras!

Confio-Te, ó Mãe da Igreja, todos os problemas desta Igreja, toda a sua missão, todo o seu serviço, quar:do se está para concluir o segundo milênio da história do cristianismo sobre a terra. Ajuda-nos todos a que anunciemos o Cristo e revelemos a força e a sabedor ia divina escondida na Sua cruz. Tu, que primeira de todos O revelaste em Belém não só aos simples e fiéis pastores, mas também aos sáb:os dos países distantes. Mãe do Bom Conselho! Indica-nos sempre corno devemos servir ao homem, à humanidade em cada nação, como conduzi-la pelos caminhos da Salvação. Como proteger a justiça e a paz no mundo, continuamente ameaçadas de vários lados. Quão vivamente desejo confiar-te todos estes difíceis problemas das sociedades, dos sistemas e dos Estados, problemas que não podem ser resolvidos com o ódio, a guerra e a autodestruição, mas só com a paz, com a justiça e com o respeito dos direitos dos homens e das nações.

-21-


ó Mãe da Igreja! Faze que a Igreja goze de liberdade e paz ao cumprir a sua missão salvífica, e que para este fim atinja nova maturidade de fé e de unidade interior. Ajuda-nos a vencer as oposições e as dificuldades. Ajuda-nos a descobrir de novo toda a simplicidade e a dignidade da vocação cristã. Faze que não faltem os operários para a vinha do Senhor. Santifica as famílias. Vela . pela alma dos jovens e pelo coração das crianças. Ajuda a vencer as grandes ameaças morais que atingem os ambientes fundamentais da vida e do amor. Obtém para nós a graça de nos renovarmos continuamente por meio de toda a beleza do testemunho dado à Cruz e à Ressurreição do Teu Filho. A Igreja inteira, de que sou o primeiro servidor, a Ti ofereço e confio aqui, com imensa confiança, ó Mãe. Amém.

(Consagração da. I greja a No.ssa em Jasna Gora, Polônia)

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s~nhora


COMO DEUS LEVOU O MIGUEL

.4. vigília

Eram 23 horas. O dia era o dia 12 de abril. A televisão anunciou, nosso telefone tocou - "o av1ao da Transbrasil caiu, eram 58 a bordo, o Miguel deveria estar entre eles, mas atenção, existem sobreviventes". E o telefone não parou mais, os casais da Equipe 1 foram avisados e acionadas as famílias. A Dilma já sabia, mas esperava e confiqva. E nas linhas telefônicas, nas lágrimas de aflição, nos gritos, v.as providências, nas andanças, nas diligências, naquela noite de chuva e tragédia, havia um só pensamento- "Senhor, meu Deus, o Miguel ainda tem muito o que fazer nesta terra; faze, Senhor, que ele esteja entre os sobreviventes! Mas Senhor, meu Deus, faça-se a tua vontade, nós a aceitaremos não obstante a dor que nos invade". E este pensamento, esta oração foi perfeitamente explicitada pelo filho mais moço do Miguel, o Paulo, ao conferir o terceiro sobrevivente: - "Eu aceito a morte de meu pai, ó meu Deus, mas pô, faz com que ele esteja vivo!" E a corrente de orações formou-se, ia de São Paulo a Criciúma e estendeu-se de Porto Alegre ao Rio - "Que o Miguel viva!" Mas o Senhor da vida queria o Miguel junto dEle, e o Miguel nos foi retirado, não estava entre os 4 sobreviventes, não havia mais nenhum sobrevivente ... E à Dilma coube reviver o "fiat" de Maria e vivendo o "fiat" consolou os filhos, os parentes e os amigos. Consolou, não foi consolada. E eram agora 5 horas da manhã ... A missa

Na Capela da Irmandade do Espírito Santo, da qual o Miguel havia sido provedor, às 4 horas da tarde foi entregue o seu corpo. E o corpo foi cercado pela Dilma, pela mãe do Miguel, pelos 7 filhos e nora, pelos futuros genros e nora, pela mãe da Dilma. -23-


E foi cercado pelos equipistas, pelos irmãos, pelos jovens do Polem e do Emaús, pelos cursilhistas, pelos casais do MFC, por religiosas, pelo povo. E o corpo do Miguel colocado diante do Altar da Vida deu vida à Fé; fé expressa pelo Bispo, Dom Afonso, que presidiu a Missa Pascal, pelos 8 Presbíteros e pelo Diácono, que cantaram Glória a Deus! E a fé foi participada pelo povo, que rezou, fez silêncio, cantou e comungou; mas foi mais vivida pela família, presidida pela Dilma, que no sacrifício da missa sacrificou a sua dor e a sua saudade. O enterro

As 5 horas e 30 minutos da tarde, a multidão de amigos tomou o cemitério São Francisco de Assis de assalto através de sua oração e de seu canto. Era a dor da perda, era a certeza da ressurreição! Era a fé que, imperiosa, cantava, rezava, escutava a bênção final do Pe. Bianchini, o assistente da Equipe 1, e novamente cantava e chorava. E quase houve silêncio, mas o grito do Francisco, o Quico: "Cantem, cantem! Para que a dor seja levada no pico do canto e as lágrimas sejam espalhadas por ele! Cantem!" E cantou-se, a multidão cantou até que a noite desceu sobre a. terra ... E cada um saiu de lá cantando, dentro de si, a sua fé.

Ademí Pereira de Abreu Equipe 1 de Florianópolis

NOTA:

Pediram-me sarnento do depois, pude tória e sim

que escrevesse sobre os 3 tópicos acima relativos ao pas- · nosso irmão Miguel M. E. Orofino. Só agora, 15 dias escrever, mas mesmo a.ssim, não deu para escrever hissentimento.

A tragédia atingiu toda a cidade. Este diácono, ao sair do . cemi-. mitério após o enterro do Miguel, foi solicitado, por uma outra família; para "cantar" a sua morta. E o diácono tentou elevar a voz e não conseguiu, ela havia sido gasta chorando os 54 mortos e o nosso Miguel... Houve apenas um sussurro na entrega daquela mulher à sepultura.

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"MORREU A SERVIÇO DE DEUS"

Testemunho de um casal que conviveu com Miguel no .seu último dia aQui na terra.

Acabamos de saber, através do rádio, que Miguel Orofino, membro atuante da Igreja particular de Florianópolis e uma das vigas mestras das ENS naquela região, faleceu em desastre, ocorr:do ontem à noite, com o avião em que regressava de São Paulo para Florianópolis. Ficamos momentaneamente chocados e perplexos diante do fato, porque, além da brutalidade da ocorrência, participamos dos mesmos trabalhos para os quais Miguel havia sido convocado pela CNBB, convivendo com ele o dia todo na Comissão de Emergência destinada a tratar do problema do aborto. Ontem, às 17 horas, dávamos em Miguel aquele forte abraço de despedida de irmãos que se separam no tempo e no espaço, mas que ficam permanentemente unidos pelos ideais e, principalmente, por Cristo. Hoje, às 9 horas, um vazio, uma sensação de amargura, uma incompreensão pelo acontecido, um início de questionamento a Deus. Mas por que ele, Senhor, que era seu fiel servidor? Mas por que ele, Senhor, que tinha tanto para dar? Mas por que ele, Senhor, que viajou para São Paulo a Seu chamado, para servir à Sua Igreja? Somente a fé pode dar o conforto da aceitação dessas situações incompreensíveis; somente nossa fé conseguiu aquietar nossos corações aflitos e deu-nos condições de pensar, de rever, de orar, de decidir. E decidimos, neste instante, escrever sobre o Miguel, como nossa mais forte homenagem a esse irmão que, em tão pouco -25-


tempo de convívio, aprendemos a querer tanto, e a admirar mais ainda. E o fazemos como cronistas dos últimos instantes de sua atuação como apóstolo, testemunhas que fomos de sua presença nessa primeira reunião da Comissão de Emergência já citada. Eis os fatos: A CNBB, através de sua Comissão Episcopal de Pastoral, decidiu constituir uma "Comissão de Emergência" para planejar uma mobilização nacional das forças vivas, não só da Igreja, mas de todos os segmentos de nossa sociedade, visando enfrentar e derrubar, de forma definitiva, qualquer possibilidade de institucionalização do aborto em nosso país. Da primeira reunião, realizada no dia 12 de abril, em São Paulo, na sede do Regional da CNBB, participaram os bipos D. Luciano Mendes de Almeida, D. Claudio Hummes, os padres Mario Do nato e David Reagan (1) , todos representando a CNBB, bem como representantes de alguns Institutos da Família de diversas cidades brasileiras, entre os quais estávamos incluídos e também o nosso querido Miguel Orofino, representando o Instituto da Família da Arquidiocese de Florianópolis, do qual era presidente. Das 9h às 16h30, o pequeno grupo de dezesseis pessoas trabalhou intensamente, trocando experiências, refletindo, procurando caminhos, num clima muito fraterno, franco e com grande participação de todos. Almoçamos juntos e Miguel esteve bem ao nosso lado, comunicativo, com sua alegria contagiante. Mas o que realmente nos marcou foi a atuação de Miguel na Comissão: soube escutar a todos com atenção e respeito, próprios de quem já amadureceu em todas as dimensões de sua vida; soube contagiar a todos com seu entusiasmo, principalmente pelas coisas de Cristo e de Sua Igreja; soube despertar em todos a disponibilidade aos chamados que Cristo nos faz; soube enriquecer a todos com suas intervenções oportunas, objetivas e criteriosas; soube testemunhar a todos o que é uma vida autenticamente cristã, marcada pelo serviço, pelo amor fraterno, pela alegria e pela simplicidade; soube relembrar a todos a importância da oração, alertando-nos, em sua última intervenção na reunião, para que embasássemos nossos trabalhos em muita oração. (1)

Nota da redação : o Pe. David Reagan, representando a CNBB, deslocou-se especialmente de Brasília. para visitar a Dilma e celebrar, em Florianópolis, uma semana depois, no horário do acidente, a missa da Ressurreição.

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E não ficou nisso sua participação, uma vez que, constituído um grupo de trabalho de 4 membros, destinado a sintetizar, em caráter de urgência, as sugestões e propostas num projeto de plano de ação, dele ficaram fazendo parte Dilma e Miguel ... Ficamos a imaginar como, durante a viagem de regresso, estariam funcionando o coração e a mente do Miguel, ávido por pôr em prática o que o Senhor lhe havia delegado; ordenando idéias, relacionando de quem solicitar colaboração, ter Dilma a seu lado nessa missão tão importante. Miguel transpôs o limiar da vida terrena e temos a plena convicção de que está entre os escolhidos de Deus; dele podemos dizer, à maneira de S. Paulo: "Combateu o bom combate, cumpriu sua missão, guardou

a fé!" Elza e Oswaldo Aly Setor de Santos

Os meus caminhos não são os vossos caminhos, diz o Senhor. (ls. 55, 8}

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CARTA DE PORTUGAL

Sofia e Carlos Grijó, Super-Regionais de Portugal, enviaram a Dirce e Rubens a seguinte carta por ocasião doo nossos 30 anos de equipe .

Caríssimos amígos, Há já um ano que tivemos a Graça de estar entre vós; a Graça de conhecer e viver com muitos de vocês a mesma experiência de encarnação do nosso Deus vivo; a Graça de sermos recebidos nas casas abertas de muitos de vocês. E a Graça de termos estado em casa de Miguel Orofino e de assim termos conhecido um Santo dos tempos modernos. Um verdadeiro amante do Senhor, por pensamentos, palavras e obras, e que nesta altura já goza - disso temos toda a certeza - da presença amorosa de Deus. Foi para nós um profundo golpe, que nos custou a compreender, mas que aceitamos com toda a Fé, embora sofrendo muito. E aceitamos porque se nós gostamos tanto dele, o Senhor ainda mais e melhor o ama! Todo um ano de caminhada! E eis que surgem as comemor ações dos 30 anos do Movimento no B:rasil. Já 30 anos! O nosso Movimento no Brasil está cheio de força, adulto, pleno de vida. Nós vimos e sentimos bem a sua vitalidade. Mas, como tudo na Natureza, precisa ser constantemente renovado, constantemente questionado, diariamente construído. E são vocês que terão de fazer esse trabalho. A nós, a todo o Movimento Internacional, também nos fica, sem dúvida, uma boa parte. Primeiramente, pela oração. Depois, pela entre-ajuda. E ainda pelo exemplo da palavra e da vida. De tudo e em tudo queremos ser solidários com vocês.

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Pela mesma Fé na pessoa de Jesus Cristo e pela intercessão de Nossa Senhora de Fátima, estaremos unidos a todos em Aparecida. E pedimos à Virgem que abençoe o nosso Movimento, aí representado pelo casal D'Amonville e pelo Padre Tandonnet. Pedimos a Senhora as suas Graças para todas as equipes, casa:s e assistentes do Brasil. E para os vossos filhos. E pedimos-Lhe mais: que não vos deixe ficar instalados, satisfeitos do já feito, contentes com o já atingido. Que a Senhora dê uma santa inquietação a todos vocês, que vos leve a nunca parar, a não ter senã.o a visão de infinito na construção de um mundo melhor e mais justo para todos os Homens e duma Igreja que seja sinal vivo de Cristo na Terra. Nós os dois, Sofia e Carlos, em nosso nome e no de todas as equipes de Portugal que aqui representamos, cantamos louvores ao Senhor pelas equipes do Brasil. E aos equipistas no Brasil cantamos "parabéns a vocês pela data feliz"!

Um abraço muito forte dos amigos e irmãos,

(a) Sofia e Carlos

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DOS ESTADOS UNIDOS

Mensagem do Responsável Regional norte-americano .

Caros amigos, Foi uma alegria receber sua carta convidando-nos a comparecer à celebração do aniversário de 30 anos de existência das Equipes de Nossa Senhora no seu país. É evidente que desejaríamos, e com muita alegria, aceitá-la, mas não podemos fazê-lo devido às implicações financeiras da viagem! Seria muito caro para nós e esta é a única razão pela qual devemos escrever-lhes que nos será impossível comparecer. Adoraríamos participar com vocês desse Encontro, encontrar os casais de suas equipes, e partilhar com vocês a alegria da celebração. Concordamos com vocês que a presença de casais de outros países tem um significado todo especial e ajuda os casais a entender melhor as características internacionais do Movimento.

No entanto, pediremos ao Senhor para que esses dias sejam alegres para todos vocês e que o acontecimento seja coroado de sucesso, com muitos casais participando. Nos dias, 27, 28 e 29 de junho, teremos uma Peregrinação da Família Americana ao Santuário da Imaculada Conceição, em Washington, D.C. Esta será a primeira vez em que realizaremos este tipo de congraçamento e desejamos convidá-los, bem como todos os casais de seu país que possam encontrar-se nos Estado·s Unidos, a dele participar. (1) (1)

Endereço de Dick e Lee, para quem porventura esteja nos Estados Unidos na data assinalada e queira participar: Dick e Lee Smith 824 15 1/2 Street N . W. Rochester, Minnesota 55901 Telefone: (507) 288-8295

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As Equipes estão progredindo rapidamente em nosso país apenas nos últimos quatro meses, tivemos 17 novas equipes e ttmos atualmente por volta de 152 equipes, com aproximadamente 850 casais. Este progresso deve-se em parte à ênfase dada ao "Ano da Família" pelos Bispos da nossa terra. Mais uma vez, lamentamos muito não poder aceitar o seu convite - seria uma maravilhosa oportunidade para nós, se não fosse tão caro ... Nossa Senhora das Equipes, rogai por nós!

(a) Lee e Dick Smith.

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EM TEMPO DE BALANÇO (Do Boletim de Jundiaí>

A nossa motivação constante dentro das Equipes de Nossa Senhora tem que ser o Cristo que nos convida: "Vem e segue-me". Toda vez que dizemos: "Permita-me ir primeiro enterrar meu pai" ou "Seja-me permitido primeiro despedir-me dos meus", Cristo responde:

"Quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para c reino de Deus". O objetivo

Uma Equipe de Nossa Senhora é uma comun;dade cristã de casais. Uma comunidade cristã é o lugar da acolhida do amor que Cristo nos comunica para ser vivido e irradiado. Por isso nos reunimos em Seu nome. Restringir o nosso "amor" à reunião mensal e limitá-lo aos elementos de nossa equipe significa que não estamos vivendo realmente o amor de Deus. Não seremos nunca testemunhas de Seu amor se não vivemos esse amor em comunidade; e não estaremos em condições de vivê-lo se não o acolhemos constantemente do Pai. Daí o valor dos meios de aperfeiçoamento que nos são colocados, não como fins em si mesmos, mas para ajudar-nos a progredir no sentido do objetivo comum que nos propusemos crescer no amor de Deus e no amor ao próximc., ou seja, acolher, viver e testemunhm· o amor de Deus. Se não fazemos bom uso dos meios porque perdemos de vista esse objetivo, ou porque nunca o tivemos, nossa equipe pode -32-


ser um grupo de pessoas amigas que sentem prazer em encontrar-se e trocar idéias, mas ela não é, embora tenha o nome, uma Equipe de Nossa Senhora. Somos Igreja?

No documento "O que é uma Equipe de Nossa Senhora", encontramos que a equipe é uma das pequenas comunidades de que se compõe a grande comunidade, a Igreja, e "quer estar, portanto, ao mesmo tempo, ligada ao Pai, em comunhão estreita com a Igreja, e plenamente aberta para o mundo". Quão engajados estamos na ação pastoral de nossa diocese ou de nossa paróquia? Quanto conhecemos dos documentos atuais da Igreja pós-conciliar, que tanto exortam à ação evangelizadora da família? Quanta atenção damos aos documentos do Movimento que enfatizam a nossa ação apostólica na Igreja, ao Discurso de Pauló VI às Equipes em Roma, aos textos publicados na Carta Mensal baseados em Puebla, e outros documentos eclesiais? Pertencer a uma equipe, participar das reuniões mensais e atividades propostas pelo Movimento, ter, enfim, uma vida de equipe, é excelente por ser esse o caminho que escolhemos, o meio através do qual amadurecemos a nossa fé e a nossa participação na Igreja de Cristo. Mas não é, de maneira alguma, o ponto final. Pois, "ser Igreja" não é formar um "ghetto", um grupo pequeno e fechado de famílias privilegiadas. Para sermos Igreja, precisamos, em primeiro lugar, estar abertos e em contato com ela, conhecer suas diretrizes, orientações e prioridades. É necessário sabermos o que ela espera de nós, casais cristãos, e o que nós podemos dar. E finalmente, nos engajarmos, de corpo e alma, a seu serviço.

José Antonio e Nilza Casal Responsável pelo Setor de Jundiai

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AMOR SEM CÁLCULOS (Do Boletim de Florianópolis)

Comparecemos domingo a um batizado diferente: em vez de ser na igreja, foi numa casa pequena e humilde, num bairro pobre. Na sala, uma pequena mesa com a água, o sal e o óleo necessários. Presentes apenas os familiares e alguns amigos da família. E a grande presença do AMOR! Luiz e Jandira já tinham 6 filhos, a mais velha com 19 anos, mas nos últimos meses pegaram para criar mais 20 crianças, cujas mães não podiam ou não queriam criar. Dessas crianças, 12 têm menos de 1 ano de idade! E no domingo foram batizadas 13 das 20, em meio a risos, choros, mamadeiras, emoção. Crianças de todo tipo: gordinhas, magrinhas, loiras, mulatas, pretinhas, risonhas, tristinhas, grandinhas, menorzinhas, um lindo ramalhete do jardim de Deus. Também os nomes que receberam, bem à moda brasileira, variavam de Fabiano a Robson Roberto, a Kely Cristina, etc. Padre Antonio falou da preparação que fizera com toda a família - os filhos mais velhos são padrinhos de alguns dos bebês, - batizou as crianças, que voltaram para as camas e para as mamadeiras, e saimos de lá com a voz meio embargada e a certeza de ter convivido por momentos com gente que vive o Evangelho dos primeiros cristãos. Luiz e Jandira não ouviram que se comentou na cidade serem eles temerários, irresponsáveis e alienados por aceitarem 20 crianças a quem dificilmente poderão dar conforto, estudo, um futuro melhor. Também não se preocuparam pelo fato de as mães das crianças exercerem uma profissão à margem da soc' edade: uma criança é sempre uma criança, e precisa de amor HOJE (o futuro, Deus proverá ... ) -34-


Há 2.000 anos, quando Cristo mandou que amássemos a todos, e sempre, e quando disse aos fariseus que os publicanos e as prostitutas os precederiam nos céus, esse mesmo Cristo foi chamado louco, temerário, alienado, e até mesmo O crucificaram. Cristo morreu por amor, e é também pelo amor que seremos julgados ... Louvemos ao Senhor pelo casal pobre que é rico do verdadeiro amor: o amor sem cálculos! Sobre esse amor falamos em todas as nossas reuniões de Equipe, mas na realidade somos tão pouco familiarizados com ele que, quando alguém o VIVE, nos causa pasmo e até nos choca ... ". . . Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas por atos e em verdade ... " (J o. 1, 3-18).

Albio e Mafalda Equipe 6 de Florianópolis

Nota da Redação: Reproduzam este artigo em volantes. tra o aborto?

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Haveria melhor propaganda con-


APOSTOLADO

PARA SER MISSIONARIO, BASTA DESCER A SERRA

(Trata-se da Serra Velha de Petrópolis . )

Primeira etapa: "S.O.S. - Ajude a construir uma nova comunidade eclesial". Com esse título, escrevia Frei Antonio Moser no Boletim de maio àe 1979: Incentivado pelas equipes 10 e 14, estou dando assistência religiosa numa localidade chamada Rio do Ouro, a 8 km de Piabetá (Serra Velha). Quando lá cheguei, em março último, encontrei ao menos 4 igrejas de "crentes", várias "assembléias", centros espíritas, Igreja brasileira, etc. Encontrei igualmente uma enorme "catedral" católica, que mede, no máximo, 5 x 3 metros. A capelinha é o símbolo de uma comunidade que nunca contou com a assistência regular de um padre. É feita de pau-a-pique. Logo no primeiro domingo, ela ficou lotada. . . com umas 15 pessoas, entre mulheres e crianças. Nenhum homem. Passei a benzer casas, visitar os doentes, distribuir balas às crianças. Hoje, são mais de 100 pessoas que frequentam a missa regularmente aos domingos. Estou celebrando numa escolinha que fica ao lado da capela. Mas também a escolinha mal dá abrigo para a metade do pessoal. A gente fica rezando para que não chova, nem faça sol muito forte . Diante disto, me vejo na contingência de construir urgentemente um abrigo, uma espécie de capela-barracão. O povo é muito bom e manifesta grande boa vontade, mas é bastante pobre. Muitos vêm descalços ou com chinelos de dedos. Eles vivem numa situação um pouco superior à dos favelados. Os resultados se refletem nas coletas: no máximo, Cr$ 100,00.

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Programamos dois dias de festa, em junho, em comemoração ao padroeiro, Santo Antonio. · De antemão, todos os equipistas estão convidados para pàssarem lá nestes dias, em contato direto com a natureza e. . . deixando um pouco das suas economias.' A seguir, Frei Antonio, dizendo que bem sabe "que não é educativo trazer contribuição de fora" , mas que "é preciso dar a arrancada inicial para animar o povo", dá três pistas para qug os equipistas colaborem: na "Campanha do quilo de carne", doando pequenos b1·indes pam a "pesca milagrosa" e oferecendo matérial para o bazar. E termina: Ao faminto pertence o pão que se estraga em tua casa. Ao descalço pertence o sapato que cria bolor debaixo da tua cama. Ao nu pertencem as vestes que ficam em teus baús. Ao miserável pertence o dinheiro que desvaloriza em teus cllfres. (São Basílio Magno)

Desde já, meus paroquianos agradecem. Frei Antonio Moser (Doutor em teologia moral durante a semana; Vigário da roça aos domingos)

Segunda etapa: "Rio do Ouro agradece" (Boletim de julho-agosto) Quando lancei o S.O.S. em favor da comunidade católica de Rio do Ouro, sinceramente, não esperava tamanha receptividade entre os equipistas. Entretanto, de todas as equipes chegaram donativos em dinheiro (cobrindo quase todas as despesas da carne: 100 quilos de carne e 100 de salsichão), em prendas e roupas usadas (renda da barraca do bazar: 7.200,00). Ademais, muitas equipes marcaram sua presença, representadas por vários casais. I sto sem falar da 10 e da 14. Agora chega o momento do muito obrigado. Para que não seja um muito obrigado convencional, darei um panorama dos resultados. Devo dizer, inicialmente, que todos os santos ajudaram, pois todos os objetivos foram amplamente alcançados: 1) A festa tinha como objetivo primordial encorajar uma comun:dade que se encontrava perdida e desanimada no meio de outras religiões. A Missa, celebrada pelo Senhor Bispo diocesano, foi um sucesso, não só pelo número de pessoas presentes, mas -37-


pela participação entusiástica. Na mesma linha, um grande número de pessoas circulou por lá nos dois dias, sobretudo nas duas noites. Agora a comunidade católica já pode andar de cabeça erguida, sem complexos. 2) A festa visava dar ao povo o testemunho de fé e unidade, através da participação de outras comunidades vizinhas. As Equipes não só se fizeram presentes, como impressionaram profundamente o povo de lá. Na despedida, vários líderes da comunidade se expressavam mais ou menos deste modo: "Frei, sem os casais de Petrópolis, nós nunca teríamos feito uma festa destas". E se perguntavam: "A troco de quê eles estão nos ajudando?" Só pude responder: "A troco da solidariedade cristã e do ideal das Equipes de Nossa Senhora". O vigário de Piabetá ficou tão entusiasmado que já mandou, por meu intermédio, um convite ao Setor para "implantar aqui um movimento de gente tão disposta" . .. 3) A festa visava também ganhar fundos para o início da construção de uma capela. Quando um mês antes anunciei que deveríamos conseguir ao menos 50.000 cruzeiros, todo mundo riu. Ninguém acreditava. A festa de Santo Antonio, no ano passado, dera 8.000 cruzeiros.. . Pois bem, com a ajuda de todos, o resultado bruto foi de Cr$ 88.500,00; o resultado líquido: Cr$ 72.000,00. Diante disto tudo, o entusiasmo do povo é grande. E o reconhecimento às Equipes também. Um projeto definitivo já está em andamento; um mestre de obras (Sr. P edro Martinho, pai de dois equipistas) e um pedreiro experimentado já estão de prontidão. O sonho do povo e do vigário é rezar a primeira missa na nova capela já pelo Natal. . . nem que seja entre os andaimes. Para tanto, deveremos fazer mais alguma festa, e sobretudo bater mais vezes às portas dos irmãa.s equipistas: Com o sucesso do bazar, o povo pediu para que haja lá um bazar permanente aos domingos . .. Finalmente, com São Paulo (2 Cor. 9, 7, 2, 12, 13, 14), agradeço, pela comunidade de Rio do Our o, dizendo: "Deus ama a quem dá com alegria .. . O vosso zelo tem estimulado a muitos ... A distribuição de tais esmolas não só provê às necessidades dos irmãos, mas também se faz fonte de ação de graças para com Deus. . . Cons' derando a comprovada virtude que esta assistência revela da vossa parte, eles glorificam a Deus . . . Eles rezam também por vós, dedicando-vos a mais terna afeição ... " Frei Antonio Moser (Vigário pela graça de Deus e pelo incentivo das suas equipes 10 a 14) -38-


Terceira etapa: Capela de Rio do Ouro (Boletim de setembro) Podemos informar que já foram iniciadas as fundações da nova Capela do Rio do Ouro, à frente de cuja construção está Frei Antonio Moser, assessorado por alguns casais equipistas.

Quarta etapa: Convite: (No mesmo Boletim) A comunidade do Rio do Ouro convida para mais uma festa, nos dias 27 e 28 de outubro. Irmão equipista, sua presença é uma grande contribuição. Vamos prestigiar.

Quinta etapa: O resultado da festa: quase Cr$ 100.000,00 de renda, que permitiram nova etapa na construção da igreja. Frei Antonio celebrou, entre os andaimes, a missa do Natal, realizando assim "o sonho do povo e do vigário".

Sexta etapa: Em fins de março, a igreja está quase pronta. O Setor conseguiu doação de um quadro do pintor Wim L. Van Dijk, tela a óleo, "São Francisco", no valor de Cr$ 250.000,00, para rifar em benefício da conclusão das obras . . . Em nome de todas as equipes, também comprometeu-se a doar a imagem de Nossa Senhora que lá ficou como símbolo de fé e de um apostolado efetivo das Equipes, que há de prosseguir através de atividades- já iniciadas- como palestras, cursos, etc.

(A igreja, nestas alturas -

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junho -

deve estar pronta! .. . )


ALGUNS LIVROS

ADOLESC:tNCIA E LIBERDADE- Pa1,1J-Eugi'me.Charbonneau- Editora Pedagógica e Universitária Ltda . 1980.

Mais um excelente livro do Pe. Charbonneau. Nele aprendemos a melhor conhecer a psicologia do adolescente e o quanto o nosso relacionamento como casal influi na sua formação e no seu amadurecimento. É um livro indispensável para nós, pais. O Pe. Charbonneau, na dedicatória do seu livro às Equipes de Nossa Senhora, lembra que elas "vêm há tanto tempo trabalhando de modo admirável para os jovens". Lendo o livro, compreenderemos melhor o seu pensamento, pois é quando o casal procura melhorar seu relacionamento com Deus e entre si que ele está influindo diretamente na boa formação dos seus filhos. M.E.B.

CASAMENTO E FAMíLIA- Edição Sonoviso, Movimento Familiar Cristão, 1980.

Trata-se de um manual de preparação para o casamento destinado aos professores do 2. 0 grau, uma vez que, pelo decreto-lei de 22 de junho de 1979, foi incluída esta nova "matéria" no currículo de moral e cívica. Está de parabéns o Movimento Familiar Cristão, que conseguiu preparar e editar este livro em apenas 9 meses - por pouco não saiu para o início das aulas. Um grande serviço prestado à família, porquanto, como assinala o Pe. Charbonneau na entrevista publicada no mês passado, o grande problema da preparação para o casamento, como da educação sexual, tornadas obrigntórias nas escolas, é a falta de pessoal habilitado. Além de aplausos, a iniciativa merece todo o apoio: a maior divulgação. M.D.

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E POR FALAR EM FELICIDADE . .. -Paul Ruffier, s.j . 1979 .

Edições Loyola,

As reflexões, bastante práticas, do Pe. Ruffier giram em torno de um impasse com o qual nos defrontamos mais cedo ou mais tarde: gostar ou amar? Com uma vivência sacerdotal de 25 anos - pela qual este livro é uma ação de graças - e tendo tido o privilégio de nascer numa família de pais cristãos, cuja vida conjugal de 63 anos foi um testemunho de Amor, o autor quer ajudar os casais que procuram vencer suas crises e aqueles que se propõem a orientar os jovens que se preparam para o casamento. E adverte: a maioria das pessoas pensam viver uma vida de amor quando, na realidade, estão mergulhadas no egoísmo! D.P.S.

O ITINERARIO DE JOS"t- José de A. Aguiar Coimbra- Editora Vozes, 1978.

Sete dias nos caminhos da Palestina de sempre - é um roteiro, também um documento, escrito por um cristão que procurou pisar o mesmo chão do Mestre e assim encontrar melhores respostas para sua vida. Levando em conta a geografia, a história e a mensagem de Jesus, o autor nos proporciona uma viagem espiritual à Terra Santa, sem a necessidade de passaporte nem de divisas - apenas livro na mão e coração aberto. D.P.S.

DILES: EM BUSCA DE SI MESMO- Virginla M. Axline Editora, 1980 .

Livraria Agir

A autora é americana, autoridade internacional em técnicas de ludoterapia, ou seja, a terapia através da liberdade de brincar como a criança bem entender. Este livro é um resumo do processo psico-terápico de um garotinho de 6 anos e nos mostra a sensibilidade, a pureza e o julgamento coerente de uma criança. Hoje, Diles é uma personalidade forte e saudável, mas, quando criança, foi marcado por profundos traumas de rejeição e considerado até retardado mental por seus pais que, embora eruditos t> profissionalmente competentes, desconheciam a maravilhosa compreensão e o Amor verdadeiro que se aprende no Evangelho. D.P.S. -41-


NOTíCIAS DOS SETORES

PETRóPOLIS -

Visita da E.R.I.

Marie e Louis D'Amonville e o Pe. Tandonnet estiveram em Petrópolis, participando de uma reunião com o Conselho do Setor, acompanhados pelo Casal Regional, o recém-nomeado "adjunto de Regional" e Mons. Paulo Daher. Visitaram as dependência do SOM (Serviço de Obras de Misericórdia, cf. C. M. de dezembro), cujas atividades os deixaram vivamente impressionados. -

"Porta Aberta"

O novo departamento do Setor de Petrópolis já tem nome, embora esteja ainda em fase preliminar, os futuros conselheiros conjugais preparando-se no curso ministrado por Frei Hipólito às segundas e quartas-feiras (cf. C. M. maio). Logo será iniciado o trabalho propriamente dito. -

Peregrinação é notícia

O jornal "A Tribuna de Petrópolis" publicou na primeira página de sua edição de 1. 0 de maio notícia sobre a peregrinação a Aparecida. Sob o título "Equipes de Nossa Senhora comemomm 30 anos", noticia ainda a passagem dos d'Amonville e Pe. Tandonnet por Petrópolis. Coisa redigida por gente nossa, cert amente! Para vendê-las em benefício do SOM, o Setor levou para Aparecida um grande número de camisetas azuis com o emblema das ENS. Foi um sucesso: aos poucos as cores de Na. Sra. iam tomando conta do auditório. -42-


RIO DE JANEIRO -

Retiro

Escrevem Daisy e Adolfo: "Quando chegamos à Casa Pe. Anchieta e conversamos com Pe. João a respeito de um retiro com crianças, ele não entendeu muito bem. Achou estranho. Mas acabou concordando e assim marcamos o retiro dos dias 12 e 13 de abril, quando os pais tiveram possibilidade de levar seus filhos. A Casa de Retiros tem três andares. No primeiro andar, o refeitório e os quartos onde abrigamos as crianças. Nos outros andares, os casais, o auditório e a Capela. Para que pais e filhos não se encontrassem, perturbando o clima de recolhimento do retiro, as refeições foram servidas em horários diferentes. O dia de sábado, ensolarado, permitiu grande liberdade de movimentos e jogos ao ar livre. No domingo, começou uma chuva fina, o que perturbou um pouco a pretensão do silêncio. Mas, graças a Deus, correu tudo bem. Três casais e vários jovens se dedicaram inteiramente às crianças (de 4 a 14 anos) e o Pe. Spencer foi o pregador do retiro, vencendo habilmente as dificuldades ocasionais, quando a algazarra das crianças ficava debaixo das janelas do auditório. Pe. Spencer questionou-nos sobre "A experiência de Deus, hoje", levando os casais a se perguntarem sobre o essencial e o supérfluo em suas vidas. O esquema permitiu a acolhida de casais que não podiam participar de retiros habituais e nos trouxe novas idéias para futuras ocasiões." Realmente, havendo possibilidade de se isolarem as crianças, é o ideal. E elas gostam muito da experiência. Colhemos do boletim de Florianópolis o seguinte comentário, que vem bem a propósito:

"Os equipistas que fizeram retiro em novembro comentam que, de vez em quando, seus filhos perguntam: quando é que nós vamos fazer retiro outra vez? ... " NITERói -

Dia de estudo

Organizado pela Equipe 12, realizou-se no dia 26 de abril o primeiro dia de estudos de 1980. Foram palestrantes: Frei Orlando, com o tema "Missão de profeta" e Elfie e Dragan, com o tema "Missão dos Conselheiros Espirituais nas Equipes". Foi para todos os presentes uma ajuda muito grande para seu crescimento espiritual e como equipiGtas. Terminou o dia com uma missa celebrada pelo Pe. Tarcísio e participada por mais de 50 pessoas. -43-


ASSIS -

Instalação da Coordenação

Recebemos do casal Hilda e Acacio a seguinte notícia: "Ocorreu durante a tarde de sábado, 1. 0 de março, a instalação da Coordenação das Equipes de Nossa Senhora em Assis, com uma programação carinhosamente elaborada pelo Casal Re-, gional, e da qual participaram a maioria dos casais das sete equides de Assis. Do Setor de Marília, ao qual as equipes de Assis se achavam ligadas, vieram três casais: Inês e Ricieri, Conceição e Clovis e Sônia e Juraci. Compareceu também o Responsável Regional, Maria Diva e Venício. A abertura do encontro foi feita por Inês e Ricieri, iniciando com uma oração dialogada e a leitura de um texto de reflexão do Pe. Caffarel. Ao final da leitura, alguns equipistas fizeram comentários sobre o texto, destacando passagen.s que acharam mais importantes e colocando em comum mensagens sugeridas pelo texto. Após esta primeira parte, que serviu certamente para elevar o "tonus" espiritual de todos, houve uma palestra de Conceição e Clovis sobre o tema "Ser equipista hoje", seguida de uma reflexão a do~ s, na base de pistas oferecidas pelos palestristas para meditação do casal. As 16 hs., a missa, celebrada pelo Bispo, D. Antonio de Souza, que falou de seu contentamento em estar presente nesse encontro e ter a oportunidade de renovar sua confiança no apc·stolado das Equipes de Nossa Senhora. Durante a missa, o casal Sofia e Sanfelice, da Equipe 1, assumiu o encargo e o compromisso de Casal Responsável pela Coordenação. Cerimônia bastante significativa, marcada pelo fervor e pela fraternidade. Encerrada a missa, breve intervalo para o cafezinho e a palestra de Maria Diva e Venício, que falaram sobre "O que é uma Coordenaçãc.'', sendo a exposição bastante clara, objetiva e instrutiva. Inês e Ricieri, ao final, usaram novamente da palavra, ressaltando o espírito cristão que deverá sempre nortear o nosso trabalho. Por fim, Maria Diva e Venício ofereceram ao Casal Responsável pela Coordenação um significativo presente: uma silueta de Nossa Senhora. ' Encerrando a programação, os equipistas se reuniram numa confraternização alegre ao redor de uma mesa de salgadinhos, doces e refrigerantes." -44-


JUIZ DE FORA -

Várias

O Setor assumiu, no início do ano, a responsabilidade pela metade dos Cursos de Noivos da diocese. Cada equipe tomou sob sua responsabilidade um a dois cursos por ano. Os que se realizaram até agora foram com sucesso total. Todas as equipes contribuem, duas vezes por ano, para o bazar da pechincha organizado pelo Setor. É uma forma de ajudar os casais a se desapegarem, em favor dos menos favorecidos. Como em anos anteriores, a eleição do Casal Responsável foi preparada na oração, cada equipe usando de criatividade para fazer dessa preparação um tempo forte, possibilitando a escuta do Espírito: tríduos, novenas e até retiro. LINS -

Novo Responsável

Escrevem Diva e Venício, Casal Regional: "Uma Tarde de Reflexão, realizada no Colégio Na. Sra. Auxiliadora, em Lins, marcou, no dia 13 de abril, a posse do novo Casal Responsável pela Coordenação, Terezinha e Octacílio de Cardoso Franco, em substituição a Iracema e Martinho que, durante quatro anos, deram sua preciosa colaboração ao Movimento. Foi grande a nossa satisfação ao constatarmos a presença da quase totalidade dos casais das 7 equipes de Lins e 2 de Cafelândia. De Marília, compareceram Inês e Ricieri, Conceição e Clovis e Sônia e J uraci. As 14 hs., o Casal Regional abriu a reunião. Seguiu-se uma meditação e a palestra "Como viver em equipe", por Conceição e Clovis que, ao final, deram algumas pistas para uma reflexão entre o casal. Após o cafezinho, falou o Casal Regional, enfatizando a parte inicial dos Estatutos e a importância da escolha do casal responsável. Falou também sobre a peregrinação a Aparecida, o EACRE e a Sessão de Formação. A posse solene deu-se durante a Santa Missa, concelebrada pelos Conselheiros Espirituais Pe. Pascoal Forim e Cônego Norberto Kondó, sendo que o Pe. Pascoal representou o Sr. Bispo Diocesano, que não pôde comparecer, por motivo de saúde. Após a missa, houve uma confraternização, que transcorreu num clima de intensa alegria. Na oportunidade, o novo Casal Responsável foi efusivamente cumprimentado por todos os presentes." -45-


SAO PAULO/COORDENAÇÃO E -

Várias

Temos recebido regularmente o Boletim mensal da Coordenação. A missa da Região, organizada no final de março pela Coordenação, foi um tempo forte de meditação sobre o tema da Campanha da Fraternidade. O dia de estudos da Coo·r denação, realizado nas dependências da igreja de Nossa Senhora do Carmo da Aclimação, foi um sucesso. Escrevem Myriam e Chico: "Tivemos a presença de 20 casais e dois casais convidados: Thaís e Duprat, Regionais, e Da. Nancy e Dr. Moncau, que deram a última palestra. Tivemos também várias crianças, que foram olhadas por 3 equipistas e 2 filhas de equipistas. As palestras foram dadas pelos casais responsáveis de cada equipe e versaram sobre os meios de aperfeiçoamento. A última, sobre o compromisso, foi por Da. Nancy e Dr. Moncau. O almoço foi um lanche, quando pusemos tudo em comum, e transcorreu em clima de grande fraternidade. Encerramos com a Santa Missa, concelebrada pelo Pe. André e pelo Pe. Luís." EQUIPES NOVAS Florianópolis

Equipe 27 - Casal piloto: Maria Ernestina e Milton; Conselheiro Espiritual: Pe. Vitor Galdino Feller. Petrópolis

Equipe 20 - Casal piloto: Heloisa e Dirceu; Conselheiro Espiritual: Frei Dari. Jacareí

Equipe 8 - Casal piloto: Guilhermina e Ismael; Conselheiro Espiritual: Diácono Adernar Mesquita.

RETIROS

Em São Carlos -

2 e 3 de agosto 4 e 5 de outubro -46-


VOLTOU AO PAI Pe. Roland Jalbert

Seria muito difícil para qualquer um de nós, em algumas poucas linhas, dar um perfil do Pe. Rolando, ainda que meramente cronológico. Por sua dedicação, disponibilidade e entusiasmo, esse perfil escrito teria dimensões de um tratado; à humildade dele, porém, um tratado constituiria até ofensa, e por isso vamos ficar, com tristeza, no simples registro de seu passamento, ocorrido em Campinas, no dia 13 de abril de 1980. Canadense de nascimento, viveu 33 dos seus 60 anos no BraSIL Trabalhou em São Paulo de 1947 a 1964, período no qual foi pároco da igreja do Jaguaré, assistente espiritual da Equipe 3 de São Paulo, além de outros misteres no Colégio Santa Cruz. Veio para Campinas em 1964, onde ficou como pároco da igreja do Parque Industrial. Em Campinas, também trabalhou junto às ENS, primeiro como assistente espiritual da Equipe 1 e depois da Equipe 19; em 1968, deixou a Congregação de Santa Cruz para ser padre secular da Diocese de Campinas, e assumir a Pastoral Diocesana da Família. No desempenho da Pastoral da Família, seu trabalho mais importante foi a fundação do Centro de Orientação Familiar (COF), em 2 de fevereiro de 1968, instituição que, com o auxílio de casais e assistentes sociais, presta ajuda a famílias com dificuldades de vida conjugal e de relacionamento entre pa's e filhos, procurando nesse trabalho, com carinho e paciência, as causas, tanto próximas como remotas, inclusive de inadaptação social. Pe. Rolando viveu o amor ao próximo numa receptividade e numa intensidade como muito poucos cristãos do nosso tempo terão vivido. Sempre alegre, sorrindo, dono de uma simpatia presente em todos os momentos, irradiava aquela fé profunda que era sua. Numa demonstração carinhosa de seu denodado amor à família, costumava dizer, figurativamente, - e jamais por megalomania é claro, - que era "o maior pároco entre todos" e isso em função da "Igreja Doméstica", a primeira e a mais importante, sem a qual não poderia existir nenhuma outra. Nos últimos anos, o Pe. Rolando foi um crítico das ENS. Suas razões, porém, hão de ter s· do as mais puras e fraternais, porque os nossos defeitos são mais um conjunto dos defeitos dos equipistas, e não do Movimento em sua essência, motivo pelo qual só nos cabe pedir à sua santa memória um contrito perdão por qualquer radicalização que possa tê-lo ofendido. Do Setor de Campinas -47-


NA FRAÇÃO DO PÃO

Na fra ção do pão, os discípulos de Em aú s reconheceram o Cristo . . . Na partilha do pão os homens de hoje devem reconhecer os cristãos.

TEXTO DE MEDITAÇAO -

Lc . 24. 13-16, 28-35

Eis que dois deles viajavam neste mesmo dia para uma aldeia chamada Emaús, a sessenta estádios de Jerusalém; e conversavam sobre todos esses acontecimentos. Ora, enquanto conversavam e discutiam entre si, o próprio Jesus aproximou-se a pôs-se a caminhar com eles; seus olhos, porém, estavam impedidos de reconhecê-lo. Aproximando-se da aldeia para onde iam, Jesus fez como se fosse mais adiante. Eles, porém, insistiram, dizendo: "Permanece conosco, pois cai a tarde e o dia já declina". Entrou então para ficar com eles. E, uma vez à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, depois partiu-o e distribuiu-o a eles. Então seus olhos se abriram e o reconheceram; ele, porém, ficou invisível diante deles. E disseram um ao outro: "Não ardia o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, quando nos explicava as Escrituras?" Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém. Acharam aí reun idos os Onze e seus companheiros, que disseram: "~ verdade. O Senhor ressurg iu e apareceu a Simão". E eles narraram os acontecimentos do cam inho e como o haviam reconhecido na fração do pão.

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HINO

À

EUCARISTIA

6 língua, canta o mistério deste Corpo precioso e do Sangue que na terra o Coração derramou vindo de nobre fonte que o Rei dos reis ofertou. Para nós, seus irmãos, nasceu de Virgem imaculada ; espalhando a Verdade realizou sua missão. Supremo gesto de amor coroou a Redenção. Na noite de sua Páscoa, os doze à mesa com ele, antes da despedida e depois do rito antigo, a si mesmo se entrega com suas mãos aos amigos. Deus e Homem , torna o pão, pela palavra, em seu corpo, e o vinho no próprio sangue; os sentidos não o alcançam, mas a fé sozinha basta se é sincero o coração. Este grande sacramento veneremos com humildade e o rito da antiga lei ao novo ceda o lugar ; à fraqueza dos sentidos sirva a fé de complemento. Ao Pai, ao Filho igualmente nosso hino de alegria, toda honra e toda glória suba da terra constante ; também ao Espírito Santo seja dado igual amor. Amém .


EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de casais por uma espiritualidade conjugal e familiar

R evisão, Publicação e D istr ibuição pela Secretaria das EQUIPES DE NOSSA SENHORA 01050 -

Rua João Adolfo, 118 - 99 - conj . 901 SAO P AULO, SP

T e!.: 34-8833


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