ENS - Carta Mensal 1980-2 - Abril

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N9 2

1980

Abril

Sombra e luz ............•........ ... ....... Somos o povo da Páscoa .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .

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Sobre o aborto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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A caminhada do peregrino .. .. .. .. . .. .. . .. ..

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A Ecir conversa com vocês . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Valores básicos d1 vida e da família . . . . . . . . .

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Oração e testemunho . .. .. .. .. .. .. . .. .. .. .. .. .

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Amor e fé dentro de casa .. .. .. .. . .. .. .. . .. .

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Rezemos sempre... para que seja o filh o do outro . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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"De Maria ... "

"Outra m3neira .de .Jamília" . . . . . . . . . . . . . . . . . .

23 .2ô

A nova pedagogia .. .. .. .. .. .. .. .. .. . .. .. .. .. •

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Uma PáscoJ diferente .. . .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .

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Notícias dos Setores .. . . .. . .. . .. . .. .. .. .. . .. .

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Deus o ressuscitou . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Um casal brasileiro na reunião do CELAM . . . .


EDITORIAL

SOMBRA E LUZ

Tocamos num ponto sensível da consc1encia contemporânea (pelo menos no Ocidente) quando falamos de pobreza. Não será ocasião para perguntar se qs numerosos discursos sobre pobreza já modificaram qualquer coisa nos nossos comportamentos concretos? Já nos convencemos de que somos privilegiados de muitas maneiras? Já fizemos um inventário preciso das nossas riquezas - dinheiro, cultura, tempo, relações sociais, etc.? Já nos perguntamos como fazemos uso destas mesmas riquezas: só para nosso prazer próprio, pessoal, egoísta ou para serviço dos outros? Compete a cada um de nós responder por si a estas perguntas, que nossa época nos faz, mas que o Evangelho já nos havia colocado muito antes. Gostaríamos de sublinhar aqui um aspecto: o que se refere ao próprio casal. Reconhecemos desde já a nossa dificuldade em dar às exigências evangélicas a sua feição conjugal. As nossas maneiras de pensar e de viver ainda são muito individualistas. Passados os primeiros meses de vida em comum, em que nos parecia fácil partilhar tudo, entrincheiramo-nos prudentemente nas nossas posições individuais e defendemos enérgica ou dissimuladamente a nossa "independência" em relação ao nosso cônjuge. Detectamos no nosso casamento um misto de riqueza e de pobreza, cujo sentido e repercussão nos compete descobrir. A nossa grande riqueza é o nosso amor. Estamos nós bem convencidos disso? Daí decorre uma série de interrogações: - será que subordinamos tudo à manutenção e ao crescimento do nosso amor? - será que as posições de "entrincheiramento" referidas acima não o prejudicam? - sabemos .traduzir o nosso amor em pequenas atenções quo~ tidianas? e este amor, que nos foi dado, pômo-lo ao serviço do Homem, ao serviço de um mundo que não fala senão de amor mas de onde, ao que parece, o amor verdadeiro se afastou? -1-


Poderíamos multiplicar perguntas semelhantes. Tomar consciência de uma tal riqueza é ao mesmo tempo descobrir as pobrezas do nosso casamento. O nosso amor não é perfeito. Sofre das nossas limitações. Aceitamo-nos e ajudamo-nos tal qual somos? Ou procuramos modificar o nosso cônjuge apenas para que ele corresponda ao modelo que dele fizemos? Estas pobrezas reais, e por vezes dolorosas, às quais nenhum casal escapa, são provas para o nosso amor, no sentido em que se comprova a solidez de um material: o nosso amor pode sair delas engrandecido ou, ao contrário, desfeito. É preciso também falar aqui da provação, muito dura, da separação radical pela morte do ser amado: como acolhê-la para que dê fruto? A ação de graças pelo dom do Amor, deve juntar-se sem cessar o ped~do ao Senhor de que este dom seja continuado e aumentado. Do nosso lado, devemos cultivar este amor aproveitando mesmo as suas pobrezas. As Equipes propõem-nos para isso o "dever de sentar-se", que é um excelente instrumento para os que sabem utilizá-lo. As considerações esboçadas a propósito do casal podem ser estendidas ao núcleo familiar. Os nossos filhos são nossa alegria, nosso orgulho, o coroamento do nosso amor. Podem também ser fonte de sofrimentos. Existe toda uma variedade de provações que nos chegam pelos nossos filhos. Mencionemos apenas algumas das mais terríveis: casais que não podem ter filhos; casais em que um ou mais filhos são deficientes; casais que perderam um filho. . . Sempre a mesma justaposição: pobreza e riqueza, wmbra e luz. E dela o que fazemos nós? Não há aqui nenhuma referência à pobreza material. Limitamo-nos voluntariamente a aspectos psicológicos e espirituais, geralmente esquecidos quando se fala de pobreza. Porque somos um casal cristão, vivemos um mistério de amor, do qual Cristo é o modelo - portanto, um mistério de morte e ressurreição. Assim, vistos à luz da Fé, os nossos fracassos como os nossos sucessos, as nossas pobrezas como as nossas riquezas podem ser fonte de esperança, ação de graças e testemunho. Assumamos em nossas orações todos os casais do Movimento, todos os casais do Mundo, para que, através do caminhar muitas vezes árduo do seu amor humano, possam progredir em direção ao Amor eterno. Jean e Annick Allemand

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A PALAVRA DO PAPA

SOMOS O POVO DA PASCOA

"Este é o dia feito pelo Senhor: alegremo-nos e exultemos nele." (SI. 118) Cristo veio trazer a alegria: alegria às crianças, alegria aos pais, alegria às famílias e aos amigos, alegria aos trabalhadores e aos estudantes, alegria aos doentes e aos anciãos, alegria a toda a humanidade. No seu verdadeiro significado, a alegria é a nota característica da mensagem cristã. Se nós não falarmos da alegria que vem de conhecermos Jesus, gritarão as perdas de nossa cidade! Porque nós somos o povo da Páscoa, e o "Aleluia" é a nossa canção. Com São Paulo, exorto-vos: "Aleg1·ai-vos sempre no Senhor, repito, alegrai-vos." Alegrai-vos porque Jesus veio ao mundo! Alegrai-vos porque Jesus morreu na cruz! Alegrai-vos porque ressuscitou da morte! Alegrai-vos porque no batismo Ele apagou os nossos pecados! Alegrai-vos porque Jesus veio tornar-nos livres! E alegrai-vos porque Ele é o Senhor da nossa vida! Mas quantas pessoas não conheceram nunca esta alegria! Alimentam-se do vazio e caminham pela estrada do desespero: "Encontram-se nas trevas e na sombra da morte". E não precisamos ir procurá-las nos confins longínquos da terra: vivem à nossa volta, caminham pelas nossas estradas, podem ser até membros das nossas próprias famílias. Vivem sem verdadeira alegria porque vivem sem esperança. Vivem sem esperança porque não ouviram nunca, não ouviram verdadeiramente, a Boa Nova de Jesus Cristo, porque não encontraram nunca um irmão ou uma irmã que tocasse nas suas vidas com o amor de Jesus e os libertasse da sua infelicidade. Devemos ir ter com eles como mensageiros de esperança. Devemos levar-lhes o testemunho da verdadeira alegria. Devemos prometer-lhes o nosso compromisso de trabalharmos por uma


sociedade justa e por uma sociedade em que eles se sintam respeitados e amados. Exorto-vos, portanto, a que sejais homens e mulheres de profunda e constante fé. Sede arautos da esperança. Sede mensageiros de alegria. Sede verdadeiros promotores da justiça. Irradiai dos vossos corações a Boa Nova de Cristo, e a paz, que só Ele pode dar, permaneça sempre no vosso espírito.

<A comunidade negra americana, Ilarlem, 2-10-79)

SOBRE O ABORTO

É missão vossa testemunhar diante de todos a estima e o respeito que alimentais no coração pela vida humana; dando-se o caso, tomar ousadamente a defesa dela; e recusar a cooperação para diretamente a suprimir. Não há disposição humana que possa legitimar uma ação intrinsecamente iníqua e menos ainda obrigar seja quem for a consentir nela. Diante de uma lei que se coloque em contraste direto com o bem da pessoa, que rénegúe mesmo a pessoa em si própria, tirando-lhe o direito de viver, o cristão, lembrado das palavras do Apóstolo Pedro diante do sinédrio "Importa mais obedecer a Deus do que aos homens", não pode senão opor a sua cortês mas firme recusa.

(De alocução a um gmpo de part.eiras, 26-1-80)

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A CAMINHADA DO PEREGRINO

Toda peregrinação é uma caminhada, a caminhada do exilado que procura a "pátria". Nessa caminhada, ele descobre ao vivo a instabilidade das coisas terrenas. Ele anda, porque dessa mesma maneira ele vive. Viver o temporal é caminhar para o eterr.o: não temos aqui na terra nossa pátria definitiva. "Enquanto vivermos neste corpo, estaremos peregrinando longe do Senhor". Assim pensava São Paulo. Peregrinar é sentir-se desprendido, é libertar-se do que fixa, do que prende, do que estabiliza. É perceber que a vida terrena não tem sentido se não for rota aberta para o eterno. Toda peregrinação é uma oração, uma oração que se encarna no esforço da caminhada, na retidão perseverante da vontade que procura a Deus. Tudo reza no peregrino: o esforço do corpo e a tensão da alma. A peregrinação se faz para uma aproximação maior de Deus, para uma união maior com Ele. Toda peregrinação é uma ascese. O esforço da caminhada tem o sentido de uma penitência; a procura de união com Deus exige purificação. Nenhuma virtude é mais própria do homem do que a penitência, porque nada lhe é mais comum do que pecar. A penitência é dom máximo da misericórdia de Deus. Peregrinar é colocar-se de uma só vez dentro das condições de ascese que a nossa condição de pecadores exige: desprendimento, esforço, oração. Toda peregrinação é fonte de alegria porque purifica, porque liberta, porque aproxima do eterno. Feliz do homem que consegue ver na caminhada terrestre o seu valor, fundamental, de rota para o céu: o peregrino é esse homem que se purifica do pecado, que se liberta do terreno, que olha para Deus, de frente, como o caminhante tem fixos os olhos onde a estrada se confunde com a meta dos seus passos.

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O peregrino é o homem da esperança: sabe que há de chegar onde mora o seu Senhor e sabe que Ele está à sua espera. O peregrino é o homem que crê: seus passos a caminho do lugar santo são a afirmação repisada de que o seu Senhor existe e o seu esforço não é vão. O peregrino é o homem que ama. De nada valeria toda a fé e toda a esperança se, no fundo de seu coração, ele não se desse numa adesão consciente, numa doação integral e fiel. Nem haveria alegria nos seus passos se eles não conduzissem para junto de quem ele ama. Toda a sofreguidão de sua caminhada, toda a firmeza da sua marcha não significam outra coisa que o desejo da presença do Senhor. "Bendito aquele que me diz: eis que vamos para a casa do Senhor".

(Transcrito da Carta Mensal de setembro de 1959, em preparação da peregrinação das Equipes de São Paulo ao Santuário do Embu)

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A ECIR CONVERSA COM VOC~S

Caros amigos,

Aproxima-se o nosso encontro com Maria em Aparecida. Enquanto o Movimento todo se prepara para esse evento, na alegria e na oração, não pode perder de vista os grandes acontecimentos da Igreja do Brasil neste ano. Assim, à ação de graças que fazemos desde já pelos 30 anos da fundação das Equipes de Nossa Senhora no Brasil, à nossa súplica para que o Movimento em nossa terra possa corresponder sempre melhor aos desígnios de Deus e às necessidades do nosso tempo, devemos acrescentar outras ações de graças, outras súplicas.

* Ação de graças, inicialmente, pela 18.a Assembléia Geral da C.N.B.B. em Itaici, em fevereiro, que trouxe uma palavra fir-

me diante das inúmeras e crescentes agressões que vem sofrendo & instituição familiar, por parte dos meios de comunicação, pela licenciosidade dos costumes, pela injusta distribuição da renda, e um incentivo a todo o Povo de Deus para que oponha um não firme à permissividade, aos métodos inaceitáveis de limitação da natalidade e, principalmente, à campanha orquestrada em favor do aborto. Ação de graças pela palavra firme e corajosa diante dos angustiantes problemas que afligem o nosso povo, principalmente as populações rurais, essas famílias que em número cada vez maior vêm engrossar o contingente de migrantes desamparados às portas de nossas cidades, a exigir de todos nós, cristãos, um esforço continuado de justiça e caridade fraterna. Ação de graças pela Campanha da Fraternidade, que despertou

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tanta generosidade, num movimento irreversível de solidariedade que se há de prolongar por todo ano, dinamizado ainda pelo Congresso Eucarístico a realizar-se em julho, em Fortaleza.

* Súplicas pelo êxito desse Congresso e, principalmente, pelo acontecimento máximo do ano, ou seja, a visita que o Papa fará ao nosso país em julho. Todos os que acompanharam as viagens de João Paulo II ao México, à Irlanda, aos Estados Unidos, à Turquia, podem avaliar o que irá repres·entar a presença do Papa entre nós. Muito além de sua irresistível simpatia pessoal, importa a mensagem espiritual que o sucessor de Pedro vai trazer ao nosso país, as diretrizes que vai traçar para a Igreja do Brasil. Desde já - faltam apenas três meses - devemos elevar nossas preces a Deus por essa viagem, formar uma verdadeira cadeia de oração, em casal, em equipe, a preparar a visita do Papa ao Brasil. Precisamos pedir, desde já, que o Espírito Santo "abra caminho à sua palavra" quando estiver entre nós. Esta será, em Aparecida, uma súplica fervorosa que apresentaremos, juntos, ao Pai, pelas mãos de Maria.

* Em julho também ocorrerá um importante evento para o Movimento Familiar Cristão, que realizará, em Porto Alegre, seu VIII. 0 Encontro Latino-Americano. A partir de dados concretos enviados pelas delegações dos outros países da América Latina e baseado nas diretrizes da Igreja universal e, particularmente, do Episcopado Latino-Americano em Medellin e Puebla, o M.F.C. estudará as respostas que deverá propor aos problemas específicos da família no nosso Continente, hoje. Para a preparação desse Encontro e para que possa trazer muitos frutos, o Moviwento irmão pede também desde já as nossas orações. A ECIR

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VALORES BASICOS DA VIDA E DA FAMrLIA

Além do gravíssimo problema da terra, a 181J. Assembléia Geral da CNBB, reunida em fevereiro em Itaici, pronunciou-se sobre dois assuntos: a família e as agressões que vem sofrendo, e a catequese.

A evangelização, missão prioritária dos bispos, envolve o dever de orientar a vida dos fiéis segundo a mensagem de Cristo, promovendo a pureza da fé e da moral. É por este motivo que nós, bispos da Igreja Católica, reunidos em Itaici, ao mesmo tempo em que nos dedicamos ao estudo dos problemas da terra, preocupamo-nos com outros valores básicos da vida e da família particularmente abalados em nossos dias. Pois percebemos uma onda de permissividade e de insinuações sutis e perversas, sistematicamente planejadas, que desorientam a opinião pública e provocam graves desvios na vida familiar e na conduta sexual. Dignidade humana

"O mistério do homem só se ilumina perfeitamente pela fé em Jesus Cristo" (Puebla 31) . Orientando a conduta dos cristãos, a Igreja parte da visão cristã da pessoa humana para a defesa de sua dignidade inviolável. A Lei de Deus, os preceitos da moral cristã não são obstáculos para uma vida livre, plena e feliz. Contêm antes orientações imprescindíveis para iluminar a própria identidade do homem e o sentido da vida (cf. Puebla 306). Jesus Cristo veio para que tivéssemos a vida e a vida em abundância ( cf. J o. 10, 10). Todo ser humano busca uma vida plena e feliz. Todos sentem que o amor é o caminho único para esta felicidade. Cristo, e somente Ele, mostrou-nos o sentido do amor para chegar à verdadeira realização humana. A sexualidade está a serviço do amor, na abertura para o outro que se realiza na comunhão e participação. O corpo não é para a luxúria e sim para o Senhor, porque somos Corpo de Cristo, templos do Espírito Santo; já não mais pertencemos a r.ós mesmos (cf. I Cor. 6, 12-19).

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Amor e família

Cristo libertou-nos do egoísmo que escraviza e destrói, da escravidão do pecado pessoal e social. Ele libertou-nos para o amor, para a comunhão e participação, na "gloriosa liberdade dos filhos de Deus" (Rom. 8, 21). O amor cristão une a família por vínculos de fidelidade e solidariedade. Cada membro da família cresce em dignidade e realização humana na medida em que se dedica, mesmo à custa de riscos e sacrifícios, a promover o outro, no pleno respeito à sua personalidade. É confortador verificar que são numerosos os cristãos que procuram viver sua fé no ambiente familiar, dando valioso testemunho evangélico e educando com generosidade a sua família, mesmo numerosa.

Não poucos são também os noivos que se preparam com seriedade para o matrimônio e tratam de dar à celebração deste um sentido verdadeiramente cristão. Nota-se também o empenho em revigorar a pastoral familiar e adaptá-la aos desafios e circunstâncias da vida moderna (cf. Puebla 579). "Quem tem sobre o homem a visão que o cristianismo dá assume o compromisso de não poupar sacrifícios para garantir a todos a condição de autênticos filhos de Deus e irmãos em Jesus Cristo" (Puebla 490). Escalada da permissividade

Lamentavelmente, por outro lado, estamos assistindo a uma escalada da permissividade. As mudanças culturais de hoje abalam valores de uma cultura anterior e deixam desnorteada a consciência de muitos. A esta crise de valores acrescenta-se agora uma investida sistemática que pretende banir toda noção de pecado e reduzir todas as aberrações morais a meros casos clínicos de competência psiquiátrica ou a possíveis delitos da esfera policial. A permissividade apresenta-se como libertadora de recalques, complexos e tabus. A experiência de outras nações, porém, e também do nosso País, mostra que ela cria novas formas de servidão. Assim, um imenso dinamismo que poderia ser orientado para a promoção de um Brasil sadio, mais justo e mais

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fraterno, é consumido em pura perda, levando a um fim melancólico tantas vítimas, especialmente entre os jovens. Se hoje reina em toda parte tanta insatisfação, agressividade e violência, descobrimos nesta situação as conseqüências de uma mentalidade consumista que, erigindo o bem-estar em valor supremo, gera a idolatria do dinheiro e do poder, causa da injustiça e infelicidade. Em nome da liberdade apregoa-se a idolatria do prazer, que gera a licenciosidade dos costumes. Uma insinuante mentalidade hedonista penetra por toda parte, provocando verdadeira poluição moral. Um nudismo audaz atenta contra o sentimento de pudor, defesa natural da pessoa humana contra a invasão da sua intimidade. Em nome do amor se defende um egoísmo mal disfarçado, vma busca desenfreada do prazer sexual. Denunciamos fortemente a ganância que explora a fraqueza humana para faturar grandes lucros com o tráfico de tóxicos, com a produção de pornografia e com todas as formas de exploração do sexo. Planejamento familiar mal orientado

O planejamento familiar nunca pode obedecer meramente à busca de prazer e comodismo. Lamentamos que, por uma situação econômica, os pais não possam receber mais um filho que gostariam de ter. O que não aceitamos é que a limitação da natalidade seja imposição de uma sociedade injusta. Pior ainda quando é ditada por pressões externas ou interesses excusos, servindo-se de instituições, aparentemente humanitárias, mas na verdade empenhadas na redução da natalidade a qualquer custo. Sabe-se que hoje entre os comércios mais rentáveis do mundo estão os dos armamentos, dos tóxicos e dos anticoncepcionais. O aborto

Num declive sistemático, já experimentado em outras nações, passando pela legalização do divórcio e pela introdução de uma mentalidade contraceptiva, começa-se também no Brasil, um país cristão, a defender abertamente o aborto e, conseqüentemente, a sua liberalização legal. Aliás, numa sociedade onde a violência -11-


cresce todos os dias e a vida é sempre mais desvalorizada, o aborto emerge como uma das formas mais cruéis de violência contra a vida humana, crime que brada aos céus. Assim, um assassínio será veladamente introduzido como meio ordinário de solucionar o problema demográfico, ao lado do controle artificial da natalidade e da esterilização, que em escala crescente é praticada inclusive sem o conhecimento das pacientes, sobretudo pobres. Contra toda a argumentação capciosa que proclama o direito exclusivo da mulher sobre o seu corpo ou a necessidade de frear legalmente uma situação calamitosa já existente (abortos clandestinos), a Igreja proclama e proclamará a inviolabilidade da vida, desde o primeiro instante da concepção no seio materno. O direito à vida é o direito mais fundamental do nascituro. Muitas vezes não é a idolatria do prazer e do bem-estar que levam ao aborto, mais dolorosas situações pessoais ou condições de miséria criadas pela iniqüidade social. Entretanto, reafirmamos que a lei humana não pode permitir o que a Lei de Deus proíbe: "Não matarás". Compromisso e apelos É grave neste momento a responsabilidade dos que têm o dever de velar pela dignidade da nação. Não podem ficar omissos perante a permissividade moral crescente. Não podem sucumbir à sedução demagógica de pretender coonestar pela lei humana práticas atentatórias à Lei divina. A prática de abusos, orquestrada muitas vezes por minorias ruidosas sobre pretexto de progresso, não pode ser assumida como critério para a definição da norma jurídica. Seria necessário, aliás, lembrar que nenhuma norma jurídica pode modificar o valor moral de um ato intrinsecamente mau. Nem tudo o que é legal é moralmente bom. Numa cultura perplexa que sabe cada vez mais como fazer as coisas e cada vez menos por que fazê-las, nós nos solidarizamos com o Papa João Paulo II, cujo carisma se revela no fato de ter a coragem evangélica de anunciar as grandes certezas e de apontar para referências definitivas. Na aceitação e aplicação da doutrina da Igreja encontramos, bispos, padres e demais responsáveis pela formação das consciências, a necessária unidade de critérios no campo moral familiar e sexual. Queremos ajudar os casais, sobretudo os das classes humildes, nas suas reais angústias e situações aflitivas, através da

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orientação para a maternidade e paternidade responsáveis nos moldes de métodos naturais, cuja validade é reconhecida pela própria Organização Mundial da Saúde. Apelamos aos médicos e enfermeiras no sentido de respeito e amor à vida, conforme seu juramento. Apelamos aos meios de comunicação social, que não se orientem pelo lucro e pelas pesquisas de audiência, mas também pela auto-crítica, segundo os ditames de ética profissional. Terminamos com um apelo final a todos os católicos e homens de boa vontade: muita vigilância e muito senso crítico. Hoje, mais do que nunca, vale a palavra de São Paulo: "Examinai tudo e ficai com o que é bom." (I Tes. 5, 21). Nossas advertências, inspiradas na visão cristã, visam unicamente o bem de todos os homens. A dignidade e felicidade da pessoa e da família são ameaçadas pela idolatria do prazer, que fecha o coração no egoísmo. Só o amor verdadeiro, capaz de renúncias e sacrifícios, garante esta dignidade e felicidade.

• SOBRE A CATEQUESE A catequese deve ser ação prioritária na Igreja do Brasil em todos os níveis, quer diocesano, quer regional, quer nacional A catequese deve ser considerada um "processo dinâmico, gradual e permanente" da educação da fé - integrando não só as diversas fases da vida humana, com prioridade aos adultos, mas também os "lugares da catequese" (comunidade, família, escola). A catequese promova a educação da fé a partir da comunidade que é sua origem, lugar e meta. Os pais sejam ajudados a cumprir sua tarefa de primeiros e permanentes catequistas de seus filhos. (Das

"Orientações Pastorais sobre a Catequese")

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"DE MARIA ... "

A Sagrada Escritura é parcimoniosa ao falar de Maria. O grande objetivo dos Evangelhos é projetar o Messias e a sua obra salvadora. A grande meta é a história da Salvação, da qual Cristo é o máximo protagonista, a figura principal. Os outros são personagens secundários. Daí a parcimônia de notícias sobre Maria. O pouco, entretanto, que os Evagelhos nos relatam a respeito dessa excelsa criatura é de uma riqueza tão profunda, tão exuberante, que precisamos explorar essa preciosa mina.

"De Maria nunquam satis" tante" .. .

"De Maria nunca se fala bas-

Temos de recolocar Maria no lugar que sempre ocupou na Igreja. Pensando nos maravilhosos frutos de santidade que a devoção a Maria produziu em milhares de santos e santas, ao longo da história da Igreja e, ao mesmo tempo, vendo hoje tantos e tantos sacerdotes, religiosas e leigos, desertarem de sua vocação e esfriarem na sua vida cristã, podemos perguntar-nos: A marginalização de Nossa Senhora na nossa vida espiritual não será uma das grandes causas de nossa frieza como cristãos? Por que todos os santos (sem exceção) foram devotos de Maria? Por que todos os ardentes devotos da Maria são, em geral, fervorosos cristãos também? E por que todos os que voluntariamente deixaram Mària de lado (alegando sentimentalismo) fracassaram como cristãos .. . e até como padres?

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Por que? Coincidência apenas? Impressão apenas? Que pretendo fazer, na minha vida particular, no que diz respeito à devoção a Maria? Como casal, como família, que fazemos para colocar Maria no nosso lar? no lugar que é só dela? e que, se faltar, não deixará que realizemos o nosso sonho - fazer de nosso lar um cenáculo de virtude e santidade cristãs? Os equipistas "de Nossa Senhora" rezam todos os dias o "Magnificat". Bem meditado e vivido, que maravilhoso estímulo para nossa vida espiritual!

*

Infeliz quem não te conhece, Maria! Mas os meus olhos começaram a contemplar-te. Bem-aventurados olhos que, uma vez cativos de ti, não te querem jamais deixar. Apodera-te de mim, entrego-me a ti. Vive no meu pensamento, porque "nós vivemos das idéias que alimentamos". Vivendo eu de ti, viverei de Cristo. Ele viverá em mim e eu atrairei a Ele todas as pessoas que se achegarem a mim.

(Do

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Boletim de São Carlos>


ORAÇÃO E TESTEMUNHO

Dizia o Pe. Loew a intelectuais católicos: "É antes de tudo a contemplação da face de Deus que nos há de transformar e .fará de nós autênticas testemunhas do Deus vivo". Para o Pe. Marie-Eugene, fundador do Instituto Secular Notre-Dame de Vie, ser testemunha é levar para dentro do mundo o testemunho da existência de Deus, da vida de Deus em nós. A vocação do cristão não é apenas contemplativa, mas exige uma inserção em cheio no mundo. A profissão de cada um, seu trabalho, seus contatos, tudo é posto a serviço da dimensão divina. Levar a oração para dentro do mundo, levar a contemplação para as ruas, eis o que ensinava. O que é a oração

A oração é essencialmente um "encontro", um encontro da alma com Deus. É um diálogo com Deus. Para haver oração, dois então se fazem necessários. São Paulo nos ensina: "Não sabeis que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?" (1 Cor. 3, 16). A oração é, antes de mais nada, o tomar consciência dessa presença, que é uma realidade para a alma em estado de graça. Para rezar, é preciso saber que Deus está em nós, e nos convida a entrarmos dentro de nós, para encontrá-lO e nos entretermos com Ele, olhando para Ele, escutando-O, amando-O, adorando-O. Decidir-se a rezar é ir para um encontro, encontrar um amigo que nos ama e a quem amamos. "Se alguém me ama, meu pai o amará e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada", diz o Senhor (Jo. 14, 23) . Essa presença de Deus em nós é uma realidade fantástica, uma verdade assombrosa! Uma verdade essencial para o cristão. E, contudo, quantos a ignoram! -16-


Essa ignorância explica, em parte, a crise de oração pela qual passa o mundo. Quando Deus não é senão um conceito, uma idéia, um ser vago e longínquo, quando Deus não é considerado como uma Pessoa viva, como a Trindade Santíssima presente em nós, que nos ama, que nos atrai para Ela, nos aclara, nos aquece, nos transforma, então a meditação e a oração, em vez de serem um encontro de amizade, tornam-se um formalismo e, bem depressa, um peso. . . No entanto, quando alguém vai para a oração não como para alguma idéia a aprofundar, mas para uma Pessoa a amar, a situação muda bem rápido! Quando me dirijo a pessoas não iniciadas, emprego a palavra "encontro" de preferência à palavra "oração" ou "meditação", para acentuar que não se trata de um trabalho só de inteligência, de reflexão, de aprofundamento de uma verdade religiosa. O trabalho da inteligência, habitualmente necessário, não passa de mero trampolim que permite o salto para o amor. "A oração não consiste em pensar muito, mas em amar muito", ensina Santa Teresa.

Por que orar São Paulo, quando quis reivindicar sua qualidade de apóstolo, valia-se do fato de que ele também tinha visto o Cristo. Nos tempos de hoje, como no tempo do apóstolo, é preciso ter "visto" a Deus para ser apto a testemunhar Deus. Quem não conhece Deus é incapaz de O revelar. Quem não O possui é incapaz de dá-10. Quem não O encontrou pelo caminho, como poderia testemunhar que Deus está vivo? Para sermos apóstolos verdadeiros, tais como nos conclama o Concílio Vaticano II, precisamos rezar para ver a Deus, lançando sobre Ele um olhar simples e prolongado, que nos ajudará a praticar os dois grandes mandamentos: o amor de Deus, que é o maior, e o amor ao próximo, que o segue necessariamente se o amor de Deus for autêntico.

Tempo para ·orar Precisamos de um tempo todos os dias para orar. Esta necessidade, ensinou-a o próprio Cristo: quanto tempo consagrava aos colóquios com o Pai! O Papa Paulo VI dizia, numa audiência: "Todos os cristãos são chamados, por vocação, a orar". Orar é tão essencial para um cristão como respirar e os que não rezam são, como disse -17-


uma vez Pio XII, "cadáveres ambulantes", que vão e vêm pelas ruas das nossas cidades - cristãos que andam privados da amizade divina, da presença de Deus. O tempo que se dá a Deus na oração, além de nos colocar em sintonia com Deus e com sua vontade, assegura uma dilatação das nossas faculdades, redobra nossas energias intelectuais. Freqüentes vezes, meu marido e eu temos feito esta experiência: quanto mais tempo damos a Deus, tanto mais "rendemos" em nossos trabalhos. Pode parecer paradoxal, mas na realidade é assim. Você tem muito trabalho, dizia o Pe. M. Eugene - pois bem, aumente seu tempo de oração! E falava por experiência ... Além do tempo especificamente destinado à oração, é preciso exercitar-se a perceber a presença de Deus no decorrer do dia. Essa atenção a Deus, no meio das ocupações profissionais, na rua, no ônibus, nas conversas, supõe um desapego que permite esse olhar constante sobre Deus, olhar que sustenta a oração prolongada, que dura 24 horas por dia .. .

-oFalei da oração, de suas dificuldades, de suas exigências, mas não falei de seus frutos e alegrias. São proporcionais à união de cada alma com Deus e, portanto, à sua fidelidade aos encontros cotidianos com Ele. "Deus não se dá completamente enquanto nós não nos tivermos dado a Ele de maneira absoluta." Sendo testemunhas do Deus vivo, testemunhas que se entregam a Deus, tornar-nos-emas instrumentos de Sua graça no meio do mundo.

(De uma palestra da Sra. Georges Hubert, mãe de família, jornalista e escritora, num curso de espiritualidade marista em Roma)

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CATEQUESE

AMOR E Fé DENTRO DE CASA

Coisa com coisa, junto dos filhos, em casa. Em casa! Não sei de expressão que mais condiga com a Fé. Estamos nela, a Fé, como que em casa! Deveria valer isto também: estamos em casa como que num ambiente de Fé! Dizem os que entendem: há uma estreita (e estrita!) relação entre o modo de os pais amarem seus filhos com o de os filhos aceitarem a Deus. (Os pais ... estes natos primeiros catequistas!) Um amor sem Fé cedo fracassa , perde louçania, vira rotina pesada do coração. Uma Fé sem amor é Fé que não arrebanha, nem muito menos arrebata as pessoas que a vêem em nós, fria e meio sem vida. A Fé se prova amando as pessoas, como são e não como queremos que sejam, nós modelos seus. Mormente os filhos, cuja idade não é de nada aceitar sem mais, mas, imita esperta, copia arisca, seleciona o que acha valer, joga fora os traços e trastes sem valia. Tão fácil e bem "bolado" isto de a gente contentar ao mesmo Deus, contentando os de casa! Deve estar relacionado com isto o fato de a Igreja ter aceitado, logo nos seus albores de vida, o hábito de batizar as crianças, ainda menores, logo depois de aparecidas. Vem a ser: que os pais, criando atmosfera sadia e santa em casa, "ajudem" o Senhor a enriquecer as almitas dos garotos com as "aulas" diárias dos exemplos de casa. Deve ser e é mesmo. Batemos palmas ao mundo dos pais de hoje, que descobriram: a paternidade física longe anda de bastar ao dever da paternidade. Não basta gerar, tem-se de educar, tanto para a vida, como para a Fé, que é super-vida das pessoas, primeira vida das almas. -19-


Hoje, com os tais "Movimentos" de casais, a gente respira fundo, vendo como as famílias se conscientizam no cargo divino de educar os filhos. De novo, parabéns aos caros pais, acordados para a grande lida da educação. De resto, com amor, esta lida acaba não sendo pesada, fica mesmo leve. A mais, a Fé ajuda a que se carreguem os pesos do amor educador. E tudo naquele velho passinho, que é o passo mesmo da vida: vagaroso que nem ele, calmo como ele só. Vagar e calma que confiam, como o grão de mostarda, tão tico e capaz de tanto! Fé e amor, ambos de passo certo, de passo manso, sem a menor pressa. Mesmo no apressado mundo dos nossos dias, doente de tanta velocidade. Pe. Vasconcelos

A familla cristã, evangelizada e evangelizadora, deve seguir o exemplo de Cristo orante. Assim, a sua oração manifesta e sustenta a vida da Igreja doméstica, na qual se acolhe o germe do Evangelho, que cresce para tornar todos os seus membros capazes de serem apóstolos e fazerem da família um núcleo de evangelização. (Puebla, 933)

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DIA MUNDIAL DE ORAÇAO PELAS VOCAÇOES

REZEMOS SEMPRE . . . PARA QUE SEJA O FILHO DO OUTRO . ..

No encerramento do IV Encontro Vocacional Interdiocesano de Anápolis, um pai deu o seguinte testemunho: "Tive hoje, dizia ele, uma conversa com os meus três filhos, o mais velho já com 19 anos. Examinando em família o que poderíamos fazer a respeito das vocações, agora que a Diocese começa a despertar, o meu filho mais velho veio com esta constatação: 'Mas, papai, nunca nos foi dito que nós poderíamos ser Padres. O senhor nunca nos falou nisso!'" E esse pai tirava uma conclusão: "Todos nós, católicos praticantes, cursilhistas, leigos engajados, falamos de vocação, rezamos pelas vocações, mas será que veio em nossa mente rezar para que algum de nossos filhos possa ser chamado, possa aspirar a ser Padre? Rezamos sempre para que seja o filho do outro .. . ". Afirmação esta que mereceu os aplausos da assembléia. Há, em todo o Brasil, um despertar para o problema vocacional, há Seminários que são reabertos, há Seminários repletos. Mas nos encontramos com um déficit de cem mil Padres, já que os Seminários estiveram fechados durante o período da crise, e estamos longe ainda da solução do problema, que aflige o Santo Padre, os bispos, os padres, os próprios leigos: precisamos de padres, de religiosos e religiosas, numerosos e santos, para que se possa atender às necessidades cada vez maiores de evangelização no país e para uma vivência religiosa e apostólica mais profunda. Mesmo dentro do Movimento nos deparamos com essa dificuldade: toda Equipe tem que ter seu Conselheiro, para "tornar Cristo presente como cabeça do Corpo", e muitas equipes ficam à espera de serem lançadas por falta de sacerdote; ou, quando -21-


se encontra um, ele está tão ocupado que pouco tempo poderá dedicar à equipe ... Ficaremos rezando para que ... ''seja o filho do outro", ou pediremos para que Deus se digne chamar, escolher também entre os elementos de nossa família? É chegada a hora de também os nossos casais arregaçarem as mangas, para que haja mais vocações, sacerdotais e religiosas, para que o sacerdote, o religioso, a religiosa sejam olhados realmente como chamados, escolhidos por Deus, para nossa edificação, evangelização e santificação!

Trinômio do discurso do Santo Padre em Puebla: a família, as vocações sacerdotais e religiosas, a juventude. Tomemos isso a peito: Se estamos em Equipe para que tenhamos e nossos filhos tenham o que nós não tivemos, se estamos empenhados na formação de nossa "pequena Igreja doméstica", poderemos descuidar da formação da grande Igreja? Para o Brasil e para o mundo, peçamos também que Deus envie, chame, desperte entre nós essa vocação, que tem um pouco da paternidade que o casal tem, para que dentro da Igreja haja formadores, educadores, santificadores. E rezemos também para que Deus escolha dentro de nossos lares, dos lares equipistas, e, principalmente, dentro do nosso próprio lar, elementos que possam ser seus ministros! Não rezemos somente para que escolha "os filhos dos outros"! Imaginaram vocês a alegria de ter um filho padre?

Frei J amaria V. La Pila Conselheiro Espiritual das Equipes 2 e 8 de Brasília

Que a nossa oração se difunda e seja continuada nas igrejas, nas comunidades, nas famflias, nos corações crentes, como num mosteiro invisível, do qual suba ao Senhor uma invocação perene . JOAO PAULO II

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UM CASAL BRASILEIRO NA REUNIAO DO CELAM

A caixa do Correio, na porta de nossa casa, é uma caixa de surpresas. É por isso que procuramos tão pressurosamente a nossa correspondência. Foi assim que, lá pelo início do último r.ovembro, recebemos uma carta assinada por Mons. Antonio Quarracino, Secretário Geral do CELAM, na qual o ilustre bispo argentino nos contava que o CELAM, em preparação ao próximo Sínodo dos Bispos, realizaria em Bogotá, na última semana daquele mês, uma reunião de "expertos" - padres e leigos - sobre a família, para preparar documento destinado a oferecer subsídios à reunião do episcopado em Roma, com o Papa, neste ano de 1980. É claro que a surpresa foi grande. Não nos sentíamos de jeito nenhum em condições de participar da reunião: nossos conhecimentos sobre a família não eram tantos a nos habilitar a discutir tão importante assunto com bispos e teólogos! Isso mesr.:w, bispos e eminentes teólogos, cujos nomes vieram na lista dos participantes enviada junto com o convite, com o tema que cada um deveria preparar e enviar diretamente aos outros, dada a premência do tempo.

Ademais, o convite chegou em época muito inoportuna. Um filho nosso, coisa de um mês antes, havia passado por um transplante renal, recebendo, para recobrar a vida que se ia, o rim de um de seus irmãos. Estávamos, assim, muito cansados, depois de tantos meses de preocupações e emoções. Achávamos, apesar dos pesares, que deveríamos ir. Afinal, era a primeira vez que as Equipes de Nossa Senhora eram convidadas para uma reunião do CELAM... Nossos filhos, por outro lado, passavam tão bem que não poderíamos fugir ao convite, que parecia vir do Senhor. Compramos as passagens. Aí começaram a chegar os trabalhos sobre os quais deveríamos opinar. Cada um melhor que o outro. Muito bem feitos, realistas, cheios de conteúdo. O medo foi se apoderando de nós, pois também nós devíamos apresentar um trabalho. Só o título já nos deixava atrapalhados. Nele não faltava nem o velho latim: "Como potenciar os Movimentos familiares ad intra e ad extra." Todos os dias já levantávamos preocupados com o trabalho. Tentávamos escrevê-lo, e não conseguíamos. E os dias -23......;,


passando. . . Já começávamos a esperar que a reunião fosse cancelada ou acontecesse algo que nos impedisse de ir! Nem cancelaram nem aconteceu nada. Lá fomos nós, levando o trabalho para ser completado em Bogotá. Bem à última hora. Bem à brasileira ...

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A reunião durou uma trabalhosa semana. Realizou-se na Casa de Retiros de Los Finares, num lindo recanto em plena "savana" de Bogotá. Éramos umas 16 pessoas, sendo 14 "expertos" e um casal de "espertos". . . Éramos quatro brasileiros. Lá encontramos o Pe. David Reagan, Conselheiro Espiritual de equipe em Brasília, que ali estava representando a Comissão de Pastoral da C.N.B.B., e uma encantadora criatura pernambucana, a Irmã Maria José Torres, médica e freira dorotéia, especialista em métodos naturais de controle da natalidade. Além de nós dois, havia um outro casal, muito simpático e preparado, vindo da cidade de Monterrey, no México, Elizabeth e Roberto de La Fuente, dirigentes do M.F.C. naquele país irmão. Na bancada dos casados, havia ainda 3 casais "incompletos", ou seja, o marido ou a mulher haviam ficado em casa. Os outros participantes eram padres de diversos países e 3 bispos, todos eles muito qualificados. Em três tempos viramos uma bela família. Todos os dias, pela manhã e pela tarde, tínhamos inesquecíveis momentos dedicados à missa e à recitação do ofício divino, onde ouvíamos alocuções, de sacerdotes e bispos, altamente enriquecedoras, simples e evangélicas. E todos demonstravam, não apenas um profundo conhecimento da família, mas sobretudo uma entranhada convicção acerca do papel fundamental da família na construção do Reino. Todos, padres e bispos, apesar de grandes teólogos, tinham uma visão realista, resultado do trabalho concreto com famílias e movimentos familiares.

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Impressionou-nos muito o clima das reuniões. É claro que os participantes não chegaram lá com o mesmo pensamento. Havia alguns mais conservadores, outros mais progressistas. Com posições diversas e maneiras distintas de encarar os problemas. Mas todos, sem exceção, tinham, como primeira preocupação, escutar os outros. Não escutar simplesmente por delicadeza, mas para procurar penetrar o pensamento do outro, sempre no sincero desejo de descobrir a verdade. Mons. Quarracino, como representante oficial do CELAM, e o "nosso" Pe. Primeau (Conselheiro de equipe em Bogotá), como coordenador, timbraram em criar um clima de completa liberdade, onde cada um podia expor o ponto de vista que lhe parecesse melhor. -24-


Os participantes foram divididos em três grupos: o primeiro, sobre a situação concreta da família na América Latina, o segundo, sobre doutrina, e o terceiro, sobre pastoral. Nós dois fizemos parte deste último, juntamente com Mons. Cox, bispo de Chillan, no Chile, a Irmã Maria José e um médico colombiano, Armando Cifuentes, muito preparado, que trabalha numa fundação de amparo à família e esclarecimento dos métodos naturais de controle da natalidade, como 0 de Billings. Coube ao nosso grupo a parte mais difícil, pois, além de dependermos das conclusões dos dois primeiros grupos (situação e doutrina), deveríamos elaborar linhas pastorais atuais e concretas, mas que não fossem genéricas demais, nem muito pormenorizadas, pois cada diocese deve elaborar sua pastoral de acordo com sua problemática particular. Mas o grupo com que trabalhávamos era excelente. Mons. Cox, que foi o relator, é um homem de grande espiritualidade e simplicidade, profundamente interessado na problemática familiar. Em sua diocese, é tudo centralizado sobre a família e tem como lema: "Família diocesana, Iglesia de esperanza". Sabia ouvir a todos com grande delicadeza e interesse: qualquer coisa que se dissesse, ele valorizava, e sabia acatar as diversas opiniões, respeitá-las com fidelidade e harmonizá-las. Como não podia deixar de ser, nós dois insistimos muito na espiritualidade conjugal, a partir da vivência concreta de cada dia. Daí haver se falado muito, durante aqueles dias, no que ficou conhecido como "la teologia de los pafíales y biberones", o que, em português castiço, se traduz prosaicamente por fraldas e mamadeiras. Finalmente, o documento, penosamente elaborado, ficou pronto. Podemos asseverar que representa um verdadeiro aprofundamento em tudo aquilo que já lemos e ouvimos sobre família e casamento, um rico passo à frente na teologia do matrimônio, e, sem dúvida, uma valiosa contribuição para o Sínodo, sobretudo pela visão teológica do casamento a partir das realidades vividas. Nestes dias, aliás, recebemos carta de Mons. Quarracino, em que nos conta que o CELAM julgou o trabalho tão bom que vai publicá-lo para servir de subsídio à vida pastoral da Igreja nesta tão sofrida América Latina. Saímos do Brasil cansados e preocupados. . . Voltamos alegres e enriquecidos pela vida fraterna que vivemos em Bogotá, pelo muito que ali aprendemos e pelos amigos que lá fizemos.

Esther e Marcello -25-


((OUTRA MANEIRA DE F AMtLIA"

Há alguns anos, numa viagem à Alemanha, tivemos com um estudante universitário um diálogo mais ou menos assim:

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Não somos contra a família, mas estamos cansados dela, gostaríamos de arranjar uma outra maneira de família. Mas como? Que outra maneira? Sei lá, às vezes ficamos até altas horas conversando. E já tiveram alguma idéia? Sim. Uma delas seria morar juntos, sem compromisso algum. Aquele que se cansar não precisa explicar nada, vai embora, ou já nem volta para casa. E os filhos? Como fariam com eles? A gente não teria filhos. Mas assim onde vai parar a Alemanha? Vai acabar? Isso não é problema nosso. É dela. E isto lhe tr aria equilíbrio, segurança? Aí é que está. . . não é fácil. Eu fico pensando que se um dia, depois de um mal entendido, um dos dois se atrasasse, o outro já se creria abandonado. Nós também pensamos isto, haveria também o medo de voltar para casa e não encontrar ninguém lá. E que outra idéia tiveram? Nem sei dizer quantas, mas parece que nunca vai dar certo. Nós gostamos de idéias revolucionárias, mas no fundo, todos queremos um lar. E o que você acredita ser um lar? Como você formaria o seu? Não acho que minha casa era um lar. Eu tinha muitas coisas, mas a maior preocupação de meu pai era o trabalho, de minha mãe o trabalho e a ordem da casa. -26-


Será que eles se amavam? Não sei. Não demonstravam. Pareciam acostumados.

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-

Será que eles me amavam? Acho que sim, também não demonstravam. Eu, era uma espécie de dever. Mas tínhamos uma casa em ordem, com fartura, bem cuidada, f'l'equentava boas escolas. Por favor, entendam que não estou falando mal de meus pais, de minha família. E daí, como você pensa montar sua família? Nem sei, depois de falar de tantas idéias revolucionárias, acho que vocês vão rir de mim. Rir por que? Fale. No fundo nós todos somos uns sonhadores e conservadores. Eu queria primeiro poder escolher bem, que a minha companheira tivesse sobre a família as mesmas idéias que eu. E quais são as suas idéias?

-Primeiro, o amor. Amor que é atração, mas é também compreensão, é auxílio, é diálogo, é respeito à pessoa do outro. Que o nosso amor usasse o dinheiro e o trabalho mas não fosse usado por eles. Que os nossos filhos percebessem, sentissem esse amor, que em nossa casa se conversasse, que as atitudes não fossem impostas, que a gente fosse companheiro para rir,. para brincar, para trabalhar. - Veja que nós pensamos as mesmas coisas . .. - Não sei, nós jovens vemos vocês como uns ((vendidos" à ctmlização de consumo, sem coragem para ver, para sorrir, para. amar. -

Talvez você tenha razão. conversar com você.

Você nos fez pensar. Foi muito bom

-

Eu também gostei de conhecer vocês. Vocês me parecem unidos apesar de não se'fem jovens. Acho até que gostaria de conhecer sua família . .. -o-

E se este jovem aparecesse por aqui, como encontraria a nossa família? E a sua?

Maria Helena e Dutra Equipe 3 de Ribeirão Preto.

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A

NOVA

PEDAGOGIA

Este é o assunto do dia entre os casais das E.N.S. Fala-se a todo momento nas reuniões, nos bate-papos entre os equipistas, sobre a nova pedagogia. Vejo aí o perigo de se fixar muito na "letra" esquecendo-se o "espírito". Será que já nos pusemos a entrar, bem profundamente, nas orientações que nos foram dadas nos encontros, nos Cadernos de folhas coloridas, na mística mesmo, que é contida em tudo isso? Vejamos alguns pontos essenciais sobre o assunto: O que é realmente uma Equipe de N assa Senhora? A Nova Pedagogia responde:

"É

uma comunidade que se

reune em nome de Cristo." A primeira vista parece não apresentar nada de novo. Entretanto, se nos aprofundarmos mais detalhadamente, vamos encontrar nessa afirmativa tudo o que precisamos para viver o que o Movimento nos propõe, desde o seu início. Comunidade: vida em comum. Pessoas que se reunem com o objetivo de encontrar o Cristo e seguir seus apelos. Comunidade cujas regras são: o amor, a oração, a entrega total, o abandono nas mãos do Pai. Crescer nesses pontos, com o auxílio de outros casais, é a meta. Cada qual é responsável por esse crescimento, não somente para consigo mesmo, mas também, pelo outro, seu companheiro de equipe. Eis porque a partilha precisa ser enfocada com empenho, pois é nela que repousa, de maneira mais intensa, o auxílio mútuo. A partilha deve ser o S.O.S. do casal na reunião da equipe. Somos fracos e precisamos de ajuda. Precisamos atentar para a firmeza do auxílio mútuo. A Nova Pedagogia enfoca sobretudo o valor da oração. Uma comunidade que reza passará a viver e, conseqüentemente, também a testemunhar, a ser o "sal do mundo", sacramento (sinal) no meio dos homens. -28-


Nossas equipes precisam se tornar essas comunidades. Comunidades humanas, de pessoas limitadas e fracas, onde os casais, apoiados uns nos outros, vão descobrindo seus dons, aprimorando as virtudes da compreensão, do perdão, da paciência caridosa, apoiados na força poderosa de Deus. Somente assim essas comunidades terão condições de serem lá fora, no mundo conturbado e confuso de hoje, o testemunho vivo, a luz e o fermento, tentando provar que o Cristo continua vivo e presente e que a missão que deixou à sua Igreja não é letra morta, mas sim vida sempre renovada e, que nós, os evangelizadores do século XX, não estamos esquecidos daquele mandato que o Cristo nos deixou: "sereis minhas testemunhas".

Maria da Conceição Bernardes Dias Equipe n9 3 de Marilia

O ASSUNTO

É

APARECIDA

- Haverá em São José dos Campos, durante os dias da Peregrinação a Aparecida, um encontro de jovens de todo o Brasil, filhos de equipistas ou não, com mais de 14 anos. O programa inclui, além da formação espiritual, a apresentação, no dia 2. de testemunhos acerca dos principais problemas que preocupam nossa juventude. Serão apresentados os diversos tipos de comunidades de jovens existentes e estudada a viabilidade de se estabelecer um sistema de ajuda mútua entre elas. Os jovens participarão dos atos finais da Peregrinação dos casais em Aparecida.

o - Louis e Marie d'Amonville, bem como o Pe. Tandonnet, confirmaram a sua presença em Aparecida. Devem chegar ao Brasil por volta do dia 20.

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APOSTOLADO

UMA PASCOA DIFERENTE ...

Não me lembro ao certo de quem partiu a idéia, mas foi uma idéia sensacional: resolvemos comemorar a Páscoa num orfanato. A nossa primeira reunião foi na quarta-feira santa e o principal problema que surgiu foi: o que iríamos fazer? Levar chocolates e distribuí-los? Sim, seria bom, mas sentíamos que seria muito melhor se organizássemos algo que nos aproximasse mais dos meninos. E, acolhendo a idéia de cada um de nós, chegamos à conclusão de que uma gincana seria um divertimento ótimo para as crianças. Sabíamos que eram aproximadamente 110 meninos e rapazes, de 7 a 20 anos, e resolvemos dividi-los em equipes para a brincadeira. Decidimos quais seriam as provas, o prêmio para a equipe vencedora, a compra dos chocolates, o lanche que iríamos servir, o horário de cada atividade, e tudo mais. Bem, no dia seguinte, quinta-feira, eu e as meninas saímos para conseguir doações de distribuidoras de chocolate, mas n ão fomos muito felizes em nossas visitas e nada conseguimos; acham que ainda é mais importante vender um ovo de chocolate do que doá-lo para fazer alguém feliz. É pena que sej a assim, m as ... O mundo é isso aí! Mas não desistimos e fomos tentar ar recadar algum dinheiro com os parentes e amigos ; em poucas horas, tínhamos uma ótima quantia , que deu para comprar uma grande variedade de chocolates, além das medalhas para a equipe vencedora da gincana. Na sexta-feira, nos reunimos para saber se estava tudo certo e também para ensaiarmos algumas músicas que iríam os cantar para eles. Algumas novidades surgiram: tínhamos conseguido até uma Kombi para irmos até o orfanato, em São José dos Pinhais, a cerca de 40 km. A organização estava ótima e foi incrível como o pessoal se doou para faz er tudo da melhor maneira: o programa estava datilografado, o material para os jogos estava pronto, enfim, tudo OK!.

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Saímos sábado, logo depois do almoço, e o trajeto até lá esteve divertidíssimo, pois éramos 15 em uma Kombi, além de caixas de chocolate, bolas, etc. Mas tínhamos medo de que as coisas não dessem tão certo como imaginávamos. Lá, que surpresa! Não poderia ter sido melhor. A gincana esteve ótima. O futebol, com juiz e bandeirinha, o jogo de caçador, a corrida de bastão, o jogo de palavras, foi tudo um sucesso total. Os meninos vibravam e nós não nos limitávamos a comandar os jogos, torcíamos com eles. Ali, a ordem número um era: temos a mesma idade, somos todos iguais, vamos brincar juntos! A entrega das medalhas foi emocionante: os vencedores sentiam-se orgulhosos. Depois das tradicionais fotografias, um lanche para recuperar as forças! Enquanto eles lanchavam, nós cantávamos. Lemos então uma mensagem de Páscoa e um "coelhinho" chamou cada um pelo nome para receber o pacote de chocolate. Bem, aí íamos nos despedir, mas um deles chegou com um violão e disse que gostariam de cantar algo para a gente. Um coro de 110 meninos cantando "Amigo", de Roberto Carlos. Sou sincera, emocionei-me muito, acho que todos nós. Eu me sentia pequenina diante de tudo aquilo e ao mesmo tempo parecia que o meu coração estava cheio de felicidade! Quase um mês já se passou, (1) mas ainda me lembro de cada pequeno detalhe deste magnífico dia, do rostinho de um garoto que me olhava com os olhos bem abertos e que pareciam dizer: gosto de você! Você me dá amor! O que nos custou essa mente nada, e deste modo mo se por algumas horas. ção maravilhosa de sentir amor ...

visita ao orfanato? Nada. Absolutaconseguimos fazer alguém feliz, mesE o que ganhamos? Tudo. A sensao coração explodindo de alegria, de

Maria Cristina e os "brotos" da Equipe 4 de Curitiba

(1)

Foi na Páscoa do ano passado.

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NOTíCIAS DOS SETORES

FLORIANóPOLIS -

Vinte e cinco anos . ..

De espiritualidade e apostolado ! Vinte e cinco anos a serviço àa Igreja e da Família. Vinte e cinco anos, durante os quais Florianópolis irradiou por todo o Estado de Santa Catarina . . . Merecia uma bela comemoração, que se realizou de 6 a 8 de março, iniciando - como nem poderia deixar de ser - com uma Hora Santa, a já tradicional Hora Santa da!;' quintas-feiras no Colégio Catarinense. No dia 7, às 20 hs, numa sessão solene, presidida por D. Afonso Niehues, Arcebispo de Florianópolis, no Centro Arquidiocesano de Pastoral, Dilma e Miguel fizeram um histórico do Movimento em Santa Catarina. Seguiu-se uma palestra de Dirce e Rubens, vindos especialmente de São Paulo, sobre "as Equipes de Nossa Senhora e a Igreja no Brasil". Encerrou-se a sessão com a leitura das mensagens recebidas por ocasião do grato aniversário. Bem a propósito, terminou na noite com a inauguração da sala das Equipes no Centro Arquidiocesano de Pastoral. No dia seguinte, foi celebrada a Missa em ação de graças, concelebrada por D. Afonso, mais D. Wilson Laus Schmidt e 8 Conselheiros Espirituais. Durante a missa, foi feita a renovação do compromisso da Equipe 1 e Dirce e Rubens deram posse ao novo Casal Responsável Regional, Irani e N ereu, que, por sua vez, empossaram os novos Responsáveis dos Setores de Blumenau e Criciúma. Digno de nota: os comentaristas da missa eram filhos de equipistas da Equipe 1. Encerrando as comemorações, os equipistas reuniram-se para um jantar de confraternização, que, para a alegria de todos, contou com a presença de D. Afonso e 10 Conselheiros Espirituais. -

Simpósio de preparação ao casamento

Com o intuito de buscar uma forma de preparar melhor os noivos para o casamento, o Instituto da Família da Arquidiocese se organizou um simpósio sobre "A Introdução ao Matrimônio Cristão". -32-


O mau tempo - o dia amanheceu sob forte temporal - não chegou a arrefecer o entusiasmo dos participantes: dos 150 casais inscritos, compareceram 111, oriundos de Itajaí, Tijucas, Brusque, São João Batista, Nova Trento, Santo Amaro, Biguaçu, São José, Palhoça e Florianópolis. O simpósio foi aberto com palestra de D. Afonso Niehues, Arcebispo de Florianópolis. Os participantes, divididos em sete grupos, trabalharam sobre os diversos temas abordados nos "Encontros de Preparação ao Matrimônio Cristão", como são agora chamados os Encontros de Noivos lá em Santa Catarina. Dada a impossibilidade de se reunir todos os sacerdotes naquele dia, o grupo que estudou as normas para a palestra "O casamento no plano de Deus" limitou-se a preparar, com os sacerdotes presentes, subsídios que ficaram de ser aprofundados em reunião posterior com os demais. O encontro transcorreu em clima de alegre e perfeita harmonia e encerrou-se com belíssima celebração eucarística presidida pelo Pe. Agostinho Staelin. -

Encontro de jovens

A idéia nasceu num retiro, em que vários casais sentiram a necessidade de se promover algo para os filhos. O Encontro contou com a colaboração de dois jovens de Curitiba, especialmente convidados, dois sacerdotes e 10 jovens de Florianópolis. Participaram 40 jovens, entre filhos de equipistas, seus amigos e jovens de vários bairros da cidade que, devido à sua situação econômica, nunca haviam tido a oportunidade de participar de um Encontro. As palestras foram excelentes, propiciando aos jovens participantes uma maior aproximação com Cristo.

PETRóPOLIS -

Pastoral vocacional <Do Boletim)

Atendendo a convite de D. Manoel Pedro da Cunha Cintra, Bispo diocesano, as Equipes, representadas por 12 casais, compareceram no Seminário de Nossa Senhora do Amor Divino, em Correas, onde tiveram a oportunidade de mais detidamente tomar contato com o Plano de Pastoral Vocacional da Diocese. Foi muito destacada a importância da família na vocação sacerdotal e também nossa responsabilidade, como casais engajados -33-


em movimentos católicos, de ajudar o despertar de novas vocações. Foram debatidas, em grupos, as seguintes perguntas:

- A família, hoje, aprecia a vocação sacerdotal e religiosa ? Por que sim, por que não? - O que podem fazer os movimentos de família para se tornarem agentes da Pastoral Vocacional? - Quais os obstáculos que um jovem encontra para se tornar padre? Sentiram os casais que, embora privilegiados por terem sacerdotes a orientá-los e dar-lhes seu testemunho cristão, muito pouco têm feito para motivar novas vocações sacerdotais, e concluíram que é chegada a hora de se buscar meios para despertar vocações nos próprios lares e na comunidade. A começar, é claro, da oração para que "os que receberem o chamado para dedicarem sua vida a Deus dêem o seu sim num engajamento do coração e de toda a vida".

BRASlLIA -

Retiro

Tal foi o impacto do retiro que poucos (16) mas privilegiados casais fizeram com D. José Newton de Almeida Batista, Arcebispo de Brasília, que a metade do Boletim é dedicada a testemunhos. "É difícil falar desse acontecimento sem correr o risco de falhar na transmissão da realidade ou de cair no lugar-comum do 'maravilhoso', escreve um dos casais participantes. Mas, se formos dizer diferente, o risco é maior e a realidade pode ficar escondida. Foi, realmente, maravilhoso!" "O pregador, nosso querido Pastor, escreve outro casal, foi simplesmente maravilhoso. Sua simplicidade, sua humildade, sua imensa Fé, que a todos contagiou, seu carinho, sua vida de intensa oração e estudo, transpareciam em cada palavra que ele emitia. O que ficou impresso na mente de todos e ajudou a que todos se elevassem a Deus foi o Amor que aquele homem de frágil aparência revelava em suas palavras e atitudes: Amor a Deus, amor imenso à Eucaristia, e amor às suas ovelhas. Tínhamos diante de nós um homem que irradiava santidade." "E que exemplo de disponibilidade! Foram 32 pessoas que se confessaram com ele, que queriam a todo custo ter um diálogo particular com aquele sacerdote tão aberto e tão acolhedor. Por isso ele trabalhou como ninguém, e todos se confessaram."

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"Papo" com jovens

Rose e Elifas contam, ainda no Boletim, que "um grupo de jovens, saídos de uma 'Escalada', queria conversar, colocar questões e pedir esclarecimentos sobre "sexo e amor, amor e sexo". E acrescentam: "Apesar de não termos, ainda, experiência com filhos da mesma faixa etária (13 a 17 anos), aceitamos o convite, e lá fomos nós, "movidos à oração" e baseados em nossos relativos conhecimentos e vivência. No início do encontro, procuramos estabelecer diálogo sobre assuntos gerais para poder pegar o 'jeito do papo'. Resultado: uma abertura e franqueza contagiantes. Tiveram lugar então as perguntas e colocações desejadas e foram tantas que nem deu para tomar fôlego! Amor-livre, prostituição, casamento-contrato civil, casamento-sacramento, casamento-amor, aborto, gravidez indesejada, união e relações pré-matrimoniais foram alguns pontos colocados com clareza e objetividade. Uma parada! Foi uma experiência válida, que serviu para nos abrir os olhos sobre o que pensam nossos filhos sobre as 'coisas da vida'; se temos conversado com eles ou se os temos deixado por conta e risco dos meios de comunicação social, com suas 'edificantes' novelas . .. Mas estávamos ali como amigos. Ouvimos, procuramos entender e, como fora previamente combinado, emitimos nossa opinião pessoal, baseada na moral cristã com a qual procuramos nortear nossa vida. Entre outras coisas, dissemo-lhes que, no amor entre um homem e uma mulher, o sexo não é o único fator importante. Ele tem um grande valor, mas nunca essa supervalorização que o erotismo, a propaganda aos quatro ventos e sob todas as formas lhe tem dado, fazendo-nos esquecer, e até mesmo menosprezar, uma virtude válida para todos os estados de vida, para toda e qualquer vocação : a castidade. Depois de passarmos por todos os tópicos que eles haviam lançado, falamos sobre o amor, dizendo-lhes que independe do desempenho de qualquer das partes em qualquer terreno. Depende, sim, de os dois desejarem construir em sólida base a morada daquele amor, impulso inicial puramente humano mas já com germe do divino, que os atraiu, irreversivelmente, um para o outro. Não são os acidentes da vida - cruzes que todos têm as causas de tantos lares destruídos por todo tipo de infidelidade - pelo menos, não deveriam ser! Toda vocação, assumida com garra e fidelidade, tem seus momentos de cruz." -35-


CURITIBA -

Tardes de oração

Escrevem, no Boletim, Marlene e Pacheco, da Equipe 26: "Por ocasião da Quaresma, o Setor B havia pedido que nossa equipe fizesse uma vigília. Escolhemos como texto de meditação a Tentação no Deserto. Buscamos meditá-lo, tentando sorver todos seus ensinamentos. Ao irmos para a reunião, não tivemos a intuição de que esse encontro, marcado para um domingo, às 6 horas da tarde, seria o primeiro de uma série, de que viríamos a sentir verdadeira necessidade. Ao acabar a vigília, todos os casais foram unânimes em afirmar que outros momentos iguais deveriam ser programados, independentemente de circunstâncias especiais. Pois todos, sem exceção, tivemos a certeza de que o Divino Espírito Santo havia estado presente em nossa vigília. A sensação de alegria e bem-estar espiritual estampavam-se nas feições de cada um. Agora, além da reunião normal da equipe, realizamos, mensalmente, um encontro desses e já tivemos nossa terceira vigília. Por sentir a necessidade de extravasar o nosso contentamento, estamos dando este depoimento. Acreditamos firmemente no que disse Nosso Senhor: "Se dois de vós se unirem na terra para pedir seja o que for , consegui-lo-ão do meu Pai que está nos céus. Pois, onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles." (Mt. 18, 19-20) ." LINS -

Retiro

Participaram 36 casais, de Lins e Cafelândia, do retiro pregado pelo Pe. Gusson, Conselheiro das Equipes 3, 5 e 6 de Lins. Durante dois dias grande de espiritualidade e reflexão, o pregador abordou, inicialmente, os meios de aperfeiçoamento, como utilizá-los para deles tirar o melhor proveito, salientando inclusive a importância de o equipista estar psicologicamente em condição de utilizá-los, e mostrando como conseguir estas condições. As palestras seguintes versaram sobre Pastoral Familiar Diocesana, O Documento de Puebla e Perseverança. SAO CARLOS -

Aniversário do Setor

Por ocasião de uma missa em ação de graças pelo 7. 0 aniversário do Setor, concelebrada pelo Pe. José Carlos, Mons. Virgílio, Pe. Antonio Desan, Pe. João Corso e Pe. José Luís (de Arara-36


quara), foi feito um ofertório "sui generis": foram ofertados, um por um, os documentos base do Movimento, incluindo a Nova Pedagogia, os Anos de Aprofundamento, os Encontros de Noivos e. . . a nossa Carta Mensal! Diz o "ofertório" do Encontro de Noivos: "Senhor, Deus de Amor, nós vos oferecemos o Manual do Encontro de Noivos, apostolado por excelência das E.N.S., fruto do extravasamento de cada casal, na sua missão de ser santo e apóstolo. Recebei o sacrifício e a dedicação de cada casal, que, consciente de sua formação, coopera para a santificação do matrimônio cristão." O da Carta Mensal: "Senhor, Deus de Amor, nós vos oferecemos a Carta Mensal do Movimento. Mensageira de riquezas espirituais sublimes (nem tanto . .. ! ) , e fonte de informações preciosas, que animam e dão vida às ENS e representam a unidade do Movimento no mundo de hoje." -

Solidariedade equipista

Duas são as mensagens, no Boletim, agradecendo auxílio em orações e presença de amizade - em casos de doença. Os filhos do Gallucci, da Equipe 1, escrevem, entre outras coisas: "Muitas páginas não dariam para contar e agradecer a todos os irmãos equipistas o que passamos e o que todos nc·s ajudaram naquele momento difícil. De todos os equipistas encontramos, no decorrer deste tempo, muito amor, doação, fé e estímulo para que suportássemos a dura provação. Além da corrente de orações, recebemos uma grande ajuda moral e material. Agora que nosso espírito está menos tenso, podemos avaliar intensamente a verdadeira e profunda amizade que existe entre todos vocês." Um casal da Equipe 8, cuja filha precisou ser internada em Ribeirão Preto, também pôde sentir a solidariedade, não só dos equipistas do próprio Setor unidos em orações, mas também dos de Ribeirão Preto: "A força dessa oração foi tão grande que, depois de vinte e quatro horas, Ele nos atendeu e ela começou a melhorar." DOIS CóRREGOS -

Ainda a força da oração

Recebemos de Maria Helena, da Equipe 2, um ped' do insistente para que publicássemos um agradecimento pela sua recuperação, o que fazemos de bom grado, já que, ao que parece, esta recuperação tornou-se motivo de edificação e testemunho sobre o poder da oração : -37-


"Quero agradecer de coração às Equipes de Dois Córregos, J aú e Brotas, que se uniram em orações e atenções para meu n~stabelecimento.

A minha recuperação foi um verdadeiro milagre, que abalou toda a cidade, e uma demonstração ao povo do poder da oração das Equipes de Nossa Senhora. Que este meu depoimento sirva de exemplo a todos para que nunca desanimem na hora da aflição, pois Nossa Mãe, Maria Santíssima, está ao nosso lado ·e Deus nunca se esquece de nós." RIBEIRAO PRETO -

Retiro (Do_ Boletim)

É empreitada difícil repro-duzir numa notícia o que fo! o retiro pregado pelo teólogo Nelson Carloni, que soube como penetrar na intimidade de nosso coração, através de sua inteligência, de sua sensibilidade, de sua intuição, enfim, do seu carisma especial.

Como foram maravilhosas as suas palavras! A mensagem evangélica, como chuva miúda, foi caindo dentro de nós, nos desinstalando e mostrando novos rumos para nossa vida. A temática foi o homem, criatura, na dimensão do eu, do nós e na dimensão teologal. Ponto alto foi a palestra sobre as Parábolas do Reino - que continua viva em nosso coração e cremos esteja se tornando realidade em nossa vida. Os 35 casais, de Ribeirão, Catanduva e Batatais, que se dirigiram à Casa de D. Luís naquela sexta-feira, ávidos da Palavra de Peus e disponíveis ao Seu apelo, receberam o impulso esperado para o . amadure.c imento de sua fé e sua vivência no amor de Deus. VÓLTOU PARA O PAI

Jose

Emílio· Medeiros

Da Equipe 11 de Florianópolis. Casado com Belarmina. No dia 14 de fevereiro, vítima de acidente automobilístico. Escrevem Carlos e Aparecida, responsáveis pelo Setor B: "O Zé foi o primeiro responsável de sua equipe, era ligação de duas equipes e, como animador nos cursos de preparação para o casamento, não media distâncias para atender ao Senhor. Homem de missa diária, era membro de diversas Irmandades e um equipista que nos marcava pela sua fé." ·

-38-


NOVOS RESPONSAVEIS Região Santa Catarina

Irani e Nereu substituem Eda e Aldo à testa da Região. Setor de Blumenau

"Aposentaram-se" Dalva e Luís, sendo substituídos por Anilsa e Guino Sgrott. Setor de Criciúma

Sairam também Maria Zélia e Sesconeto, ficando com a responsabilidade do Setor Waldomira e Aristeu Gomes. Curitiba, Setor A

Zilda e Bleggi deixaram o Seto·r nas mãos de Ivone e Darcy Madalosso. Curitiba, Setor B

Substituem Dalva e Walmor na responsabilidade pelo Setor Luisa Maria e Edeveno Filla. Coordenação de Assis

Desmembrada do Setor de Marília, está sob a responsabilidade de Sofia Teresinha e José Martini San Felice .

• RETIROS LONDRINA -

Abril -

12 e 13 -

Outubro -

Casa de retiros "Emaús" Retiro das Equipes do Menino Jesus (adolescentes)

4 e 5-

Casa de r etiros "Emaús" Pe. Francisco Pio Dantas "A ação do Espírito Santo"

-

39 -


DEUS O

TEXTO DE MEDITAÇAO -

RESSUSCITOU

At. 2, 22-24a, 36; 3, 13-15, 17-20a

Homens de Israel, escutai estas palavras! Jesus de Nazaré foi por Deus aprovado entre vós com milagres, prodígios e sinais que Deus operou por meio dele entre vós, como bem sabeis. Este homem, que fora entregue segundo o desígnio bem determinado e a presciência de Deus, vós o entregastes, crucificando-o por mão de ímpios. Deus, porém, o ressuscitou, livrando-o das dores do Hades. Saiba, portanto, toda a casa de Israel, com certeza: Deus constituiu Senhor a Cristo, a esse Jesus que vós crucificastes. O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos pais glorificou o seu servo Jesus, que entregastes e que negastes diante de Pilatos, já decidido a soltá-lo. Renegastes, porém, o Santo e o Justo e reclamates graça para um assassino, enquanto fazíeis morrer o Autor da vida. Deus o ressuscitou dos mortos: disto somos nós testemunhas. Entretanto, meus irmãos, sei que agistes por ignorância, assim como vossos chefes. Deus, porém, realizou deste modo o que predissera pela boca de todos os profetas: que seu Cristo haveria de sofrer. Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, a fim de que os vossos pecados sejam perdoados e deste modo venham da parte do Senhor os tempos de consolação. -40-


SALMO 104

Cantai para o Senhor, anunciai entre os povos seus grandes feitos. Dai graças ao Senhor, invocai o seu nome, anunciai entre os povos seus grandes feitos! Cantai, entoai salmos para ele, meditai sobre todas as suas maravilhas; gloriai-vos de seu santo nome, exulte o coração dos que buscam a Deus. Sim, buscai ao Senhor e sua força, em sua presença vivei constantemente; lembrai-vos das maravilhas que ele fez , de seus prodígios e dos julgamentos de sua boca.

ó vós, descendentes de Abraão, seu servo, filhos de Jacó, seu eleito : ele é o Senhor, nosso Deus, :wbre toda a terra vigoram suas leis. Lembra-se Deus para sempre de sua aliança, da palavra promulgada para mil gerações ; aliança concluída com Abraão, juramento que fez a Isaac. Cnntai para o Senhor, anunciai entre os povos seus grandes feitos.


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EQUIPES DE NOSSA SE HORA Movimento de casais por uma espiri tualidade conjugal e familiar

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