ENS - Carta Mensal 1980-1 - Março

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1980

NC? 1 Março

Aparecida, em maio A verdade, base da paz Família hoje .. A ECIR conversa com

v~cês

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Caminhar contra a corrente

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Madre Teresa, uma pont~ entre ricos e pobres

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Oração a Nossa Senhora do Sim

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Para onde vais?

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" t: preciso lazer que brilhe"

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A primeira peregrinação das Equipes a Aparecida . . . . . . . . . . . . .... ... . . .

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Esses maravilhosos equipistas do Sul

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Notícias dos Setores

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Eu te ordeno

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Apostolado em meio rural .....


Quando estava sentado à margem de um ribeirão, tirei da água uma bela pedra, dura e redonda. Essa pedra tinha estado muito tempo na água, m as a água não tinha molhado o interior da pedra. Assim se co mportam os homens no Ocidente. Há muitos séculos que estão submersos pelo cristianismo e mergulhados nas suas bênçãos. Vivem no cristianismo, mas o cristianismo não penetra neles nem neles vive. O mal não está no cristianismo, mas sim na dureza dos corações.

Assim, não me espanto que, no meu país, muitos concidadãos não compreendam o que é o cristianismo.

UM PENSADOR HINDU


EDITORIAL

APARECIDA, EM MAIO

1980. Ano 30 das Equipes de Nossa Senhora no Brasil. Para celebrar condignamente esta data, optou-se por uma peregrinação. Isto, após pesar outras alternativas e após uma consulta feita a todos os Responsáveis pelo Movimento, quando houve quase unânime apoio à idéia de uma peregrinação a Aparecida.

* Por que uma peregrinação? - Uma peregrinação é um dos gestos religiosos fundamentais da humanidade. Não só dos cristãos, mas também de outras religiões. Os muçulmanos, por exemplo, dirigem-se todos os anos à Meca. Sem falar na grandiosa peregrinação do povo hebreu em direção à Terra Prometida, vemos, no Antigo Testamento, os peregrinos subindo para o Templo em longas caravanas. É numa peregrinação, 1.050 anos antes de Cristo, que Ana obtém do Senhor a graça de um filho que será o profeta Samuel. São Lucas nos conta que José e Maria "iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa". E é na primeira peregrinação com Jesus, quando este tinha 12 anos, que tem lugar o episódio da perda de Jesus e o seu encontro no Templo, para a sua primeira pregação (Lc. 2, 41-50). O saltério trouxe até nós, pelos seus "Salmos das ascenções", os sentimentos dos peregrinos que anualmente subiam à Cidade Santa. Com o advento do cristianismo, as peregrinações dos cristãos continuaram aquela prática milenar, primeiramente na Terra Santa e, depois, nos túmulos de S. Pedro e S. Paulo e nas catacumbas de Roma. Multiplicaram-se mais tarde os "lugares santos", onde a piedade construiu as maravilhas de arte que são -1-


as catedrais e basílicas. Quem não conhece, quem não ouviu falar de Assis, na Itália, de Lourdes na França, de Fátima em Portugal, de Compostela na Espanha, de Guadalupe no México, de Aparecida entre nós - sem falar nos múltiplos centros de peregrinações espalhados pelo Brasil? Nesses inúmeros santuários acorrem incessantemente multidões de fiéis, para, recorrendo à mediação de Maria, glorificar a Deus e elevar-Lhe orações de súplica, de agradecimento, de penitência. É, principalmente para uma fervorosa ação de graças que, pela primeira vez em plano nacional, as Equipes de Nossa Senhora vão a um santuário para uma grande oração comunitária. Mas é também para uma súplica a Maria, para pedir-lhe que nos alcance as graças necessárias a fim de que esta etapa da vida do Movimento seja um novo ponto de partida e possamos corresponder cada vez melhor aos apelos de Cristo.

* Por que Aparecida? Porque é um santuário dedicado a Maria, sob cujo patrocínio as Equipes de Nossa Senhora se colocaram desde o princípio, "acentuando assim o desejo de servi-la e afirmando que não há melhor guia para levar a Deus do que a própria Mãe de Deus".

Contam-se aos milhares os casais que, todas as noites, elevam a Maria o mesmo cântico que ela pronunciou em casa de Isabel. Querem eles, por sua intercessão, levar até seu Filho os louvores ou as súplicas de seus outros filhos. É preciso que seja também fervorosa a nossa voz em Aparecida, fazendo subir a Deus nossos louvores e nossas ações de graças; e esperando que, como em Caná da Galiléia, ela nos obtenha as graças de que precisamos para a execução da missão que nos foi confiada.

* A missão que nos foi confiada - Foi na volta de uma peregrinação do Movimento, a primeira de caráter internacional realizada em Roma. Os três casais que tinham recebido o mandato de representar as Equipes do Brasil publicaram na Carta Mensal de julho/agosto de 1959, a mensagem de que transcrevemos um trecho:

"Foi em nome de vocês todos - vocês para isso nos finham dado poderes - que afirmamos solenemente, ao mesmo tempo

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que os mil casais da Peregrinação, a nossa fé no Sacramento do Matrimônio, a nossa firme disposição de envidar todos os esforços para levar a tantos casais que ignoram em nosso país a grandeza do casamento cristão a boa nova de que, pelo Sacramento do Matrimônio, Cristo veio curar, enobrecer, salvar o amor humano e dar-lhe o seu significado total. Mas também trazemos, particularmente, a decisão - também tomada em nome de vocês- de trabalhar com energia, com dedicação, com ardor, para tornar conhecida das famílias brasileiras a vida cristã do lar. Somente quando esta decisão for também a de vocês, só então nos consideraremos desincumbidos da missão que nos foi confiada" .

.....,. Caros amigos, façamos nossa a súplica de João Paulo II na basílica de Guadalupe, ao inaugurar a Conferência de Puebla:

"Mãe, fortalece a fé de todos os nossos irmãos leigos para que em cada setor da vida social, profissional, cultural e política, atuem de acordo com a verdade e a lei que teu Filho deu à humanidade, para levar os homens à salvação eterna e, ao mesmo tempo, para tornar a vida sobre a terra mais humana, mais digna do homem". A ECIR

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A PALAVRA DO PAPA

A VERDADE, BASE DA PAZ

Queremos verdadeiramente a paz? Será preciso então cavar bem fundo em nós mesmos para alcançarmos as regiões em que - para além das divisões que constatamos em nós e entre nós - possamos reforçar a convicção de que o dinamismo próprio do homem, o reconhecimento da sua verdadeira natureza levam ao encontro, ao respeito recíproco, à fraternidade e à paz. Esta laboriosa procura da verdade objetiva e universal em torno do homem formará, como resultado do seu próprio processo, homens de paz e de diálogo, fortes e ao mesmo tempo humildes na busca de uma verdade a que os homens compreenderão que é preciso servir, e não dela servir-se para atender aos seus próprios interesses.

-oNão existe paz se não existe uma disponibilidade para o diálogo sincero e contínuo. A própria verdade se faz no diálogo, reforçando, portanto, esse indispensável instrumento de paz. Nem a verdade tem medo do honesto entendimento, já que este traz em si a luz que nos permite comprometermo-nos, sem por isso sacrificarmos nossas convicções e valores essenciais. A verdade aproxima os espíritos. E revela aquilo que já unia as partes, antes em contraste entre si. Faz com que desapareçam as desconfianças de ontem e prepara o terreno para novos progressos àa justiça e da fraternidade, na coabitação pacífica de todos os homens.

-oSim, esta é minha convicção: a verdade reforça a paz de dentro para fora, enquanto que um clima de maior sinceridade permite mobilizar as energias humanas para a única causa digna delas: o pleno respeito da verdade sobre a natureza e o destino do homem, fonte da verdadeira paz na justiça e na amizade.

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Construir a paz é interesse de todos os homens e todos os povos. De fato, todos, sendo dotados de coração e de inteligência, e tendo sido feitos à imagem de Deus, são capazes de fazer um esforço de verdade e de sinceridade em apoio à paz. É a esse trabalho em comum que convido os cristãos, para que dêem a contribuição específica do Evangelho, a qual conduz às profundas nascentes da verdade, isto é, ao Verbo de Deus encarnado.

-oSim, o Evangelho de Cristo é um evangelho de paz: "Bemaventurados os construtores da paz, porque serão chamados filhos de Deus" (Mt. 5, 9). E a mola da paz evangélica é a verdade. Jesus revela ao homem a sua completa verdade. Ele o restaura na sua verdade, reconciliando-o com Deus, reconciliando-o consigo próprio, reconciliando-o com os outros. A verdade é a força da paz, porque revela e cumpre a unidade do homem com Deus, consigo próprio e com os outros. A verdade, que reforça a paz e a constrói, inclui constitutivamente o perdão e a reconciliação. Recusar o perdão e a reconciliação quer dizer mentir a si mesmo e entrar na lógica homicida da mentira. Eu sei que cada homem de boa vontade é capaz de compreender tudo isso em sua própria experiência pessoal, quando escuta a voz profunda do seu coração. É por isso que dirijo meu convite a todos, a todos vós que quereis reforçar a paz devolvendo-lhe seu conteúdo de verdade que ·d issipa todas as mentiras: que saibais compartilhar o esforço de reflexão e ação que eu vos proponho neste XIII Dia Mundial da Paz, interrogando-vos sobre a vossa disponibilidade para o perdão e a reconciliação, e fazendo, no campo de vossas responsabilidades familiares, sociais e políticas, gestos de perdão e reconciliação. Vós fareis assim a verdade, e a verdade vós tornará livres (Ef. 4,15 e Jo. 8, 32). A verdade libertará luzes e energias insuspeitadas, abrindo assim novas possibilidades para a paz no mundo. Da Mensagem para o Dia Mundial da Paz (Extratos dos n9s 4, 8, 9, 10 e 11)

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UM ANO DE PUEBLA

FAMíLIA HOJE

A III Conferência Episcopal Latino-americana de Puebla dedicou-se ao estudo da evangelização da família. E resumiu suas conclusões dizendo que ela deve ser centro de comunhão, escola de participação. E mais, precisa ser evangelizadora. A família é campo (objeto) permanente de evangelização por parte da Igreja. Mas é também "igreja doméstica", ou seja, agente de evangelização (sujeito).

* * * Hoje, a família sofre pelo menos três agressões muito fortes do meio ambiente social. Em primeiro lugar, a guerra que é movida contra a família pela sociedade de consumo em que vivemos. Olha-se a família como mercado de compra e venda que deve ser estimulado por todos os meios. Estão aí a televisão, o cinema, o rádio, a imprensa de jornais e de revistas, o furacão de boletins de propaganda e de anúncios de publicidade. . . São os interesses de "marketing", que procuram explorar todos os tipos de família para tirar lucro. Não somos contra o progresso técnico, que oferece melhores produtos para criar mais conforto, mas o que é perigoso é o ataque para condicionar o "homem comprador" e a "família compradora". Há também, como decorrência, uma manipulação cultural querendo fazer da família um subproduto da civilização urbano-industrial. Esmaga-se com o ridículo tudo o que não contribui para produzir o "homo-technicus", o executivo do esquema e do sistema capitalista - e, em outras plagas, do sistema comunista, que não passa de outra forma de capitalismo: o "capitalismo de Estado". Em qualquer das duas áreas, vão de roldão as vocações pessoais, a visão humanista da vida, a cultura geral personalista.

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Até a escola, nos seus vários níveis, em vez de ser prolongamento da família, passa a ser fábrica de "robots" humanos classificados em alguma especialidade produtiva e programados para não causar problemas em áreas assim ditas "colaterais": política, economia, cultural, etc ... Apresenta-se como ideal a família "riquinha", "acomodada", com "status" ou padrão de vida que anule qualquer pretensão de transformação social e anestesie o "senso crítico". As famílias que têm meios para isso, sofística-se a necessidade de aperfeiçoamento; às que não têm, por serem pobres ou miseráveis, o mesmo ideal é apresentado como "miragem". Uma miragem é sempre alimentadora de esforço e de chegar lá no futuro... No fim, o caminheiro cai morto, porque perseguiu o engano ... A tudo isto Puebla vem responder pedindo um esforço li· bertador. E, por isso mesmo, evangelizador. Libertar a família do "ter mais" para o "ser mais". Ser comunhão de pessoas. Ser amor no deserto de egoísmo que nos cerca. Ser confiança na desorientação que nos envolve. "Não adorar ídolos, mas, ao Deus vivo do amor" (Puebla, n. 0 589). Em segundo lugar, a família de hoje sofre uma tremenda pressão de confinamento e de isolamento. Propõe-se como protótipo uma família pequena (pouquíssimos membros), fechada sobre si mesma, isolada das outras, tendo tudo o que é preciso para formar o seu "paraíso encantado", alienada de tudo o que constrói realmente o mundo. Em síntese, uma família que não constrói a história, mas sofre alegremente a história manejada por outras forças. Os filhos não são preparados para viver o presente, mas o "futuro". Nesta mentalidade age muitas vezes a escola, assim desenvolve-se a administração familiar, assim é também a "cultura" que se respira no clube, nos "hobbies", nos divertimentos. Não interessa o que "forma pessoas" em todas as suas dimensões. Mas propõe-se como ideal buscar um lugar rendoso na vida, ou pelo menos um lugar ao sol, com o máximo de conformidade e o mínimo de inquietude. É a lei do menor esforço. Diante disto, Puebla propõe uma família "participante", capaz de analisar e de criticar o meio em que vive. Capaz de descobrir o "porquê" das coisas que acontecem. Família centro de participação, em que se compreende a vida insubstituível de cada membro. Família que estimula o que é bom e o que personaliza. Família aberta ao mundo de hoje, mas sabendo iluminar tudo com a verdade, a justiça, a fraternidade. Família que forma para a responsabilidade pessoal e coletiva.

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Há uma terceira frente de combate contra a família. Procura-se atingi-la no mais íntimo do ser familiar, provocando a desunião, a desagregação, o conflito entre as pessoas. Aqui podem ser elencados o divórcio, o desquite por qualquer motivo, o aborto, o amor livre, as práticas antinatalistas, a pornografia, o alcoolismo, as drogas, a prostituição. Isto, e muito mais que anda pela atmosfera que respiramos, leva ao desencanto, ao hedonismo, à fuga do ambiente familiar, ao abandono dos filhos , à família que vira pensão ... Puebla propõe como pista de solução a família "comunhão de pessoas e de vidas". Família comunidade. Família em que a vida é partilhada. Quando se trata de família cristã, nascida do Sacramento ç1o Matrimônio, que vive a fé em dimensão conjugal e familiar, temos o testemunho do amor de Deus vivido no testemunho diário do lar. É a vivência do amor de Cristo à sua Igreja. E assim a família torna-se o primeiro núcleo da Igreja: a "igreja doméstica", onde se vive o mistério pascal. Aí vive-se a experiência de Deus como Pai, a experiência de Cristo como irmão, experiência de filhos em Cristo, experiência de Cristo como esposo da Igreja (Puebla, n.0 582-583).

* * Caberá às Equipes de Nossa Senhora da América Latina aprofundar Puebla. Não só para estudar, mas para se inserirem na caminhada de renovação e atualização da Pastoral da Família. Seria utopia pensar em ENS mais evangelizadoras de seus membros e mais missionárias? D. Bernardo Miele Arcebispo de Ribeirão Preto

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A ECIR CONVERSA COM VOC~S

"Seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa". Lc. 2, 41

Caros amigos, É de coração jubiloso que nos dirigimos a vocês. Antes do assunto principal, algumas considerações. O Movimento hoje no Brasil conta com mais de 750 equipes, que congregam cerca de 5.000 casais. Esta Carta Mensal vai a Belém e Manaus, no extremo norte, e chega a São Lourenço do Sul, no Rio Grande do Sul. Pelos seus frutos conhecereis a árvo.r e. . . Pois bem, esta árvore agora em maio completará 30 anos! Sim, há 30 anos surgia em São Paulo a primeira equipe brasileira. Já no seu nascedouro é visível a mão de Deus. Foi uma equipe pilotada a uma distância de 9.000 km, comunicando-se em outra língua, por casais que não se conheciam (como é difícil, às vezes, lançar uma equipe numa cidade a 20 km da nossa! ... ) .

O fato é que essa árvore deitou raízes e, hoje, o Brasil é o 2. 0 país em número de equipes. Pareceu-nos, assim, que todas essas evidências, extremamente significativas, não poderiam passar despercebidas no instante em que comemoramo-s 30 anos de Movimento. Após ouvir todos os nossos quadros, resolvemos marcar esses 30 anos com uma grande celebração, que signifique, ao mesmo tempo, uma ação de graças, uma afirmação de nossa vocação mariana e uma presença, a do casal cristão que quer testemunhar ao mundo que vale a pena o esforço de viver cristãmente o seu matrimônio. Como se fará isso? Através de uma grande peregrinação dos casais e conselheiros espirituais das equipes a Aparecida do Norte, em São Paulo, o santuário mariano do Brasil que estará "'--'- 9 - ·


celebrando o Ano Mariano Jubilar. É lá que, nos dias 2 e 3 de maio, faremos nossa prece de agradecimento e a afirmação de nossa fidelidade a Maria e à Igreja de Jesus Cristo. A caminhada começará ao sairmos de casa. A partir daí, em espírito de peregrinação, será desenvolvido um programa de preparação que constará de liturgias, reflexões, orações e cânticos. Para que isso possa acontecer, as viagens deverão ser feitas em ônibus especiais. Todos serão acolhidos nas residências dos equipistas e seus familiares da cidade de Aparecida e imediações. Junto conosco estarão, também, alguns casais de outros países e membros da Equipe Responsável Internacional. Tudo isso, entretanto, terá muito mais valor se brotar do interior de cada um de nós e de nossas famílias. Assim, nós os convidamos a refletir, no íntimo de seus corações, sobre todas essas coisas, a pedir a Deus para que se manifeste a sua vontade a respeito de cada um de nós e para que sejamos fiéis a essa vontade. Em nossas reuniões de equipe, que seja incluída uma intenção pelos 30 anos de nosso Movimento. Este pulsar conjunto de todo o Movimento é fundamental para que possamos viver integralmente este tempo, que terá o seu clímax em nossa J erusalém, aqui representada pela cidade de Aparecida.

Dirce e Rubens de Morais

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PARA OS JOVENS (E PARA NóS TAMBltM)

CAMINHAR CONTRA A CORRENTE

"Se alguém quiser vir após mim, renegue a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me" (Lc. 9, 23). Não pense que, por estar no mundo, você possa se comportar nele como um peixe n'água. Não pense que, se o mundo entra em sua casa através de certas estações de rádio e televisão, você esteja autorizado a ouvir qualquer programa ou a ver qualquer transmissão. Não pense que, pelo fato de circular pelas ruas do mundo, você possa olhar impunemente todos os cartazes e comprar nas bancas e nas livrarias qualquer publicação, indiscriminadamente. Não pense que, por estar no mundo, você possa aceitar toda maneira de viver do mundo: experiências fáceis, imoralidade, aborto, divórcio, ódio, violência, furto. Não, não. Você está no mundo. Isto é evidente. Mas "ocê não é do mundo. E isto faz uma grande diferença. Isto o classifica entre aquelas pessoas que se nutrem não das coisas que são do mundo, mas daquelas que são ditadas pela voz de Deus dentro delas. Essa voz está no coração de cada homem e faz você entrar se a ouvir - num reino que não é deste mundo, num reino onde se vive o amor verdadeiro, a justiça, a pureza, a mansidão, a pobreza, onde reina o domínio de si. Por que muitos jovens ocidentais buscam o Oriente - a índia, por exemplo - para encontrar um pouco de silêncio e descobrir o segredo de certos mestres espirituais que, pela longa mortificação de seu próprio eu interior, deixam transparecer um amor não raro verdadeiro, que impressiona a todos aqueles que cs encontram? É a reação natural à confusão do mundo, ao barulho que vive fora e dentro de nós, que já não deixa espaço ao silêncio para se ouvir a Deus. -11-


Mas será que se deva mesmo ir à índia quando já há dois mil anos Cristo disse "Renegue a si mesmo. . . renegue a si mesmo ... "? Ter uma vida cômoda e tranquila não é próprio do cristão e Cristo ainda hoje não lhe pede menos do que isso, se você quer segui-lo. O mundo procura arrastá-lo como um rio em tempo de cheia e você deve caminhar contra a corrente. O mundo para o cristão é como uma floresta cerrada, na qual é preciso ver bem onde se pisa. E onde se deve pisar? Nas pegadas que o próprio Cristo deixou quando esteve nesta terra: são as suas palavras. Hoje Ele repete a você: "Se alguém quiser vir após mim, renegue a si mesmo . .. " Talvez isto o exponha ao desprezo, à incompreensão, à zombaria, à calúnia; significará o isolamento; será um convite a perder a própria reputação, a deixar de lado um cristianismo de moda. E tem mais: "Se alguém quise1· vir após mim, renegue a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me". Queira ou não queira, a dor aflige cada existência. Também a sua. E pequenas e grandes dores não faltam todos os dias. . : Quer evitá-las? Quer rebelar-se? Provocam-lhe ímpetos de _:·ir-a?' Neste caso, você não é cristão. .

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O cristão aceita a cruz, aceita a dor, mesmo entre as lágrimas, pois sabe que têm um grande valor. Não foi por acaso que Deus, entre os inúmeros meios à sua disposição para salvar a humanidade, escolheu justamente a dor. Mas Ele, lembre-se, depois de ter carregado a cruz e nela ter sido pregado, ressuscitou. A ressurreição é também o seu destino. Basta que, ao invés de desprezar a dor decorrente da sua coerência cristã e de tudo aquilo que a vida lhe manda, você saiba aceitá-la com amor. Perceberá, então, que a cruz é o caminho para ter, já nesta terra, t1ma alegria jamais experimentada .. . Aí, sim, você poderá considerar-se seguidor de Cristo: "Se alguém quiser vir após mim, renegue a si mesmo, tome cada dia a sua c1·uz e siga-me". E, _p or ter seguido Cristo, você será, como Ele, luz e amor para sanar as inúmeras chagas que afligem a humanidade de hoje. Chiara Lubich

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MADRE TERESA UMA PONTE ENTRE RICOS E POBRES

Ao ser notificada de que lhe fora outorgado o prêmio Nobel da Paz, Madre Teresa, com aquele seu sorriso, com aquela sua simplicidade, d!Ese apenas: "Vou poder abrir mais uma casa para os sem teto". O dinheiro é sempre benvindo, porque é para seus pobres, mas ela adverte: "0 dinheiro não é suficiente . Só serve para comprar coisas materiais, como alimen-. tos, roupas, moradia. :2 preciso algo mais. · Hi males que não se curam com dinheiro, mas com amor. " O amor, este "algo mais" que ela dispensa com prodigalidade há 30 anos .. .

Ao repórter da revista "VEJA" que lhe perguntara se "já refletira sobre as causas da pobreza no mundo", Madre Teresa respondeu: "Já. E poderia resumi-las numa só: o egoísmo. Não temos a generosidade de partilhar com os outros o que temos. Os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. A inflação que assola o mundo inteiro quase impede os pobres de viver. Eu confio, no entanto, que no Brasil, como em outros países, as Missionárias da Caridade se tornarão uma ponte entre ricos e pobres. É o que aspiramos a ser: uma ponte entre esses dois mundos." Alegria

As Missionárias da Caridade, congregação fundada em 1950, na índia, por essa religiosa albanesa de quase 70 anos, para cuidar dos "pobres mais pobres", atraem sempre mais vocações e já se espalharam por vários países. Instalaram-se no Brasil em julho de 1979, entre os favelados dos Alagados, em Salvador. Aqui, -13-


como alhures, dão testemunho do Evangelho através do seu amor e carinho para com os mais pobres, com a mesma alegria que causou admiração no jornalista inglês Malcom Muggeridge: "No sentido mais literal e mais completo, fazem brilhar a luz diante dos homens. Sua existência, decerto, é austera, segundo os critérios do mundo; no entanto, nunca encontrei mulheres que irradiassem tanta felicidade, numa atmosfera de tanta alegria." Madre Teresa tem uma explicação para essa alegria e essa felicidade: "É isto que elas querem: dar tudo para Deus. Sabem muito bem que é com o Cristo faminto, com o Cristo nu, o Cristo sem teto que lidam. É esta convicção, este amor que fazem a alegria da doação. Por isso são tão felizes. Não se esforçam para sê-lo: são felizes naturalmente, porque encontraram o que procuravam." Pobreza

Sobre o fato de viverem como os pobres que escolheram servir, Madre Teresa diz: "A diferença entre a pobreza dos pobres mais pobres e a nossa está em que eles são pobres porque são forçados a sê-lo e nós o somos por escolha." E escreve José Luiz Gonzalés-Balado, no seu livro "Madre Teresa de Calcutá Cristo nos subúrbios" (1) : "Por terem brotado no meio da pobreza, as Missionárias da Caridade são 'constitucionalmente' pobres. Por terem brotado entre gente esquecida e desprezada, são 'constitucionalmente' humildes. Parece até que o fato de serem humildes e pobres não lhes custa nada. São pobres ao nível dos pobres que servem. Comem como eles. Vestem-se como eles. Não são, como muitos cristãos de hoje, pobres só em espírito (expressão com a qual, muitas vezes, se justifica a coexistência com riquezas materiais enormes). As Missionárias da Caridade são também autenticamente pobres em coisas. É a condição que as deixa mais totalmente disponíveis para a missão de entrega sem reservas a seres de uma indigência total." (Seus pertences cabem todos num balde: limitam-se a uma muda de roupa e um pedaço de sabão ... ) Fé

Lavar as feridas dos moribundos encontrados semi-roídos pelos ratos nas sarjetas de Calcutá, dar-lhes comida na boca, cuidar dos leprosos - tudo isso com amor e alegria. . . Somente a santidade pode explicar Madre Teresa. Como afirma Mugge(1)

Edições Paullnas, 1977.

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ridge: "Por trás de sua obra, maravilhosa e necessária, há algo mais: a sua fé." Fé que lhe permite ver o próprio Cristo através de cada um dos infelizes a quem se doa: "Se não fosse porque estamos convencidas de que Cristo permanece oculto sob o rosto dos deserdados da sorte, a nossa vida seria impossível. É certo: não tocaria num leproso por um milhão - mas faço-o de boa vontade por amor de Cristo." Num dos diálogos que registrou no seu livro, "Algo de belo para Deus" (2), Malcom Muggeridge pede a Madre Teresa que fale de sua fé, "pois é algo que falta terrivelmente, no mundo de hoje". Eis o diálogo: A fé é um dom de Deus. Sem ela, não haveria vida. E nossa obra, para dar frutos, para pertencer somente a Deus, para ser bela, deve construir-se sobre a fé. Cristo disse: "Eu estava faminto, eu estava nu, eu estava doente, eu estava sem abrigo, e você fez isso por mim." É na fé nessas palavras que se baseia toda a nossa obra. Màdre Teresa:

Malcom:

Como poderíamos ter esta fé, que tanto falta no mundo atual?

Falta fé porque há demasiado egoísmo e procura do lucro pessoal. Para que a fé seja verdadeira, é preciso que seja generosa. O amor e a fé andam juntos, completam-se. Madre Teresa:

Como poderiam as pessoas descobrir isto? A maioria perdeu seu caminho. A senhora, que o encontrou, como faz para ajudá-las a reencontrar o seu? Malcom:

Madre Teresa: Malcom:

Trazendo-as para perto dos outros, pois, nos outros, encontrarão a Deus.

Quer dizer que o caminho da fé e o caminho para Deus passam pelos nossos semelhantes?

Como não podemos ver Cristo, não podemos exprimir-lhe o nosso amor; mas vemos o nosso próximo e podemos fazer por ele o que gostaríamos de fazer pelo Cristo, se pudéssemos vê-lo. Madre Teresa:

Malcom:

(2)

O mundo ocidental é um mundo sofredor, à sua maneira. Há pessoas que têm impulsos de generosidade.

Edições Paulinas .

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Mas falta-lhes aquela centelha, aquela sensibilidade dada pela fé que as tornaria de repente capazes de realizar tudo o que é necessário. Como faria para levar-lhes esta fé?

Madre Ter esa:

Começando a trabalhar juntas. Insisto sempre para que as pessoas participem dos nossos tr abalhos, no nosso interesse e no seu. Nunca lhes peço dinheiro nem nada parecido. Peço-lhes simplesmente que tragam seu amor, que tragam suas mãos para servir, seu coração para amar os pobres. Então, assim que os conhecem, seu primeiro impulso é fazer algo por eles. E quando voltam pela segunda vez, já estão engajadas. Depois de algum tempo, sentem que têm parte com os pobres: quando compreendem o quanto eles são amáveis, quem são e o que eles mesmos podem dar-lhes.

Malcom:

Não pensa a senhora que um dos erros de nosso século é crer que deva haver sempre uma solução coletiva? E que esta maneira de ver as coisas impede que as pessoas se lancem no tipo de obra que a senhora realiza?

Madre Teresa:

Não gosto muito da maneira de se fazer as coisas em grande escala. Não penso nunca em termos de multidão, mas de pessoa. Se pensasse em multidões, não começaria nunca. O que importa para nós é a pessoa. Para amar uma pessoa, é preciso chegar pertinho dela. Se esperarmos atingir muita gente, perder-nos-emos na quantidade e nunca poderemos demonstrar respeito e amor por aquela pessoa. Creio no encontro de pessoa a pessoa. Cada pessoa é para mim o Cristo, e, como Jesus é único, esta pessoa é então para mim única no mundo . E Madre Teresa afirma: "O importante não é o que se dá, mas o amor com que se dá. Não é necessário realizar grandes coisas para dar mostras de um grande amor a Deus e ao nosso próximo. É o amor que colocamos em nossos atos que faz do nosso sofrimento algo de belo para Deus."

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ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DO SIM

Para que se diga NAO ao aborto

ó Virgem, Mãe de Deus e Mãe dos homens, Nossa Senhora da Anunciação, Maria de N azaré, que dissestes Sim ao Anjo, que dissestes Sim a Deus e. dEle recebestes o Filho desejado dos Povos, dai coragem a todas as mães que enfrentam uma gravidez indesejada. Aquelas, tão numerosas, que se encontram em tal penuna que não teriam mesmo condições de receber mais um filho para criar. Aquelas que se encontram em circunstâncias adversas, desemprego, doença, despejo, os. . três d de dificuldade extrema. . Aquelas que se encontram esgotadas por tentarem, dia após dia, assegurar a subsistência dos filhos. As mães abandonadas com filhos pequenos e mais esse agora que vem vindo. As mães solteiras que não sabem como nem onde irão ter e criar o seu filho. 18-


A todas dai coragem, ó Mãe das mães, coragem de esperar e confiar de esperar confiando mesmo contra toda esperança. Aquelas que simplesmente ainda não se recuperaram das gestações anteriores e não querem nem ouvir falar. Aquelas que acham mais cômodo ter um filho só ou dois ou três no mrunmo e não querem o segundo, o terceiro ou o quarto de jeito nenhum. A essas mães, ó Serva do Senhor, ensinai a generosidade e o esquecimento de si. 6 Virgem que dissestes Sim quando era tão fácil dizer Não, olhai para todas as mães em dificuldade. Para as casadas e as solteiras as moças e as maduras as generosas e as egoístas as pobres e as ricas .

• t

Ajudai todas elas a dizer Sim, como Vós, à vida que nelas se inicia, a acolher, como Vós, este filho que poderá ser, a exemplo do Vosso, um santo para o bem dos homens e para a glória de Deus. Nossa Senhora do Sim, Virgem de Nazaré, levai convosco todas as mães até a gruta de Belém. Amém. -19-


CAMPANHA DA FRATERNIDADE

·.'

~.;-

PARA ONDE VAIS ?

,..

Você, que ouviu você sabe para onde tanta gente que não trabalho e, às vezes,

- ~,.,

o cham·~,qf de Cristo, "Vem e segue-me", vai. E ·vo~ê sofre ao ver em torno de si sabe para onde vai: amigos, colegas de seus próprios filhos.

Além desses, há aqueles que sabenr-otllde querem ir mas não conseguem chegar lá. E precisam de •.alguém que lhes abra o caminho, que lhes estenda mão fraterna. O tema que a Campanha da Fraternidade nos propõe, que foi o da Assembléia Geral da C.N.B.B. e que será também o do Congresso Eucarístico em Fortaleza, focalizando o migrante, traz para dentro de nossos lares a preocupação dominante da Igreja do Brasil neste momento, para fazê-la nossa também. O tema nos diz respeito, e muito, pois "o migrante", quase sempre, é uma família inteira. Não são necessários dados estatísticos para que percebamos uma realidade que nós mesmos constatamos diariamente na periferia de nossas cidades - n-o só das grandes cidades, mas também hoje, infelizmente, das pequenas. O que a Igreja quer é que esta percepção se transforme, de condoída constatação, em atitude de solidariedade, em verdadeiro serviço. Não bastam alguns gestos esporádicos. Trata-se de uma atitude a ser assumida. Não é suficiente preocupar-se, mas ocupar-se. Não é o bastante despojar-nos disto ou daquilo em prol daquela família necessitada, mas é preciso desapegar-nos de no-sso conforto, do nosso lazer, para irmos até essa família e assumirmos com ela os seus problemas. Nunca numa atitude paternalista, mas sempre procurando ser apenas o instrumento para que ela mesma seja agente do próprio destino. · Entre os que andam sem rumo, não podemos esquecer-nos dos menores abandonados, das mães solteiras. Também eles nos -20-

~

I


dizem respeito, pois faltou-lhes o amor e o amparo de uma família. Vamos abrir-lhes as portas do nosso lar - adotar uma criança abandonada, acolher uma mãe com seu filhinho. Será que nossos bispos querem tirar-nos o sono, pensam alguns? Pois é exatamente o que querem: acordar-nos do sono da indiferença e de egoísmo, da vida acomodada enquanto sofrem tantos dos nossos irmãos. Para que, quando entrarmos no sono eterno, não sejamos daqueles a quem o Rei dirá: "Afastai-vos de mim, malditos, porque tive fome e não me destes de comer, porque estive nu e não me agasalhastes, porque fui forasteiro e não me acolhestes ... "

*

Quaresma não quer dizer apenas privar-se: jejuar, ou abster-se de alguma coisa. Seria pouco, quando tantos homens nossos irmãos, vítimas de guerras, de catástrofes ou de outros males, sofrem de modo atroz, física e moralmente. Com a ascese pessoal, sempre necessária e dever do batizado, viver a Quaresma é privar-se, sim, mas para dar. Dar, antes de mais, um testemunho de conversão pessoal e coletiva, aos olhos do mundo: "Todo o Povo de Deus, porque pecador, precisa preparar-se, pela penitência, para viver liturgicamente a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo". Dar, depois, mostras dessa conversão ao amor de Deus com gestos concretos de amor ao próximo. JOAO PAULO 11

(Da Mensagem para a C.F. 1979)

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COM A PALAVRA OS CONSELHEffiOS ESPffiiTUAIS

"É PRECISO FAZER QUE

BRILHE . .. "

São palavras de S.S. o Papa João Paulo li, em discurso dirigido ao Conselho Internacional das Equipes de Nossa Senhora, no dia 17 de setembro: "É preciso fazer que brilhe, aos olhos das gerações novas, o maravilhoso plano de Deus sobre o amor conjugal, sobre a procriação e sobre a educação familiar, o que v,nicamente será crível pelo testemunho dos que tudo isso vivem 1·ecorrendo às fontes da fé". É preciso. . . Todos nós estamos convencidos de que pertencer às Equipes é justamente ser luz e fermento, ser testemunho de fé e de vivência evangélica, para que essa luz possa brilhar, o fermento possa despertar nossa fé e caridade, à luz do Evangelho e, sustentados pela oração, possamos contribuir para a transformação do mundo moderno numa "civilização do amor", como conclamavam os Bispos da América Latina, em Puebla.

Aqui, a situação é "sui generis". A maioria dos elementos que compõem as ENS vieram de movimentos de vida apostólica, impregnados de espírito de atividade até ao extremo. Quem assistiu a reuniões de Equipes recém-formadas, com casais provenientes de outros movimentos, assistiu a reuniões de contestação, de crítica, de rejeição a tudo o que dizia respeito à regra das ENS. É realmente difícil entender o que é ser equipista! Mas, depois, começaram a entender, a tranquilizar-se, a aceitar. Compreenderam a profundidade, o empenho e a conscientização prática de evangelização que buscamos. Mas hoje poderemos perguntar: "Onde está essa gente ativa de ontem, quando agora as Equipes precisam de sua atividade? Até agora nenhum piloto saiu dessa gente ativa . .. " No entanto, é preciso!... É preciso que casais equipistas se disponham a semear a semente que eles receberam; é preciso -22-


que haja casais disponíveis para atender a chamados que vêm de toda parte. As equipes são escolas de espiritualidade, mas precisam de gente ativa! Não formalizemos aquilo que o Movimento não formaliza! Não fiquemos parados porque não temos um diploma em nossas mãos. É necessário ter fé, amor, coragem, confiança e deixar o Espírito Santo agir. Os novos cadernos são feitos justamente para isso: para levarmos aos outros, compartilharmos com eles o espírito de amor ao Pai que nos tornou irmãos uns dos outros, para darmos aos outros, que estão à espera, um pouco da "civilização do amor" que nós estamos vivendo! Lembremos Paulo VI: "Permanecei fiéis à vossa vocação de verdadeira escola de espiritualidade para os casais, implantai em todos os países os valores do matrimônio e suscitai famílias que deles vivam." (Discurso de 1976). Lembremos João Paulo 11: "Desejo que façais beneficiar das vossas convicções e da vossa experiência a pastoral familiar da Igreja, nos vossos respectivos países, associando-vos, segundo as possibilidades, aos esforços imensos que são realizados ou deveriam ser realizados neste campo." (Discurso de 1979). É

preciso, segundo as possibilidades . ..

As nossas po-ssibilidades são imensas. . . o campo que nos rodeia é ilimitado. . . as capacidades são extraordinárias. Ficar à espera de que? " É preciso fazer que bTilhe o maravilhoso plano de Deus sobre o amor conjugal. .. " vivendo esse amor e fazendo que ele chegue a brilhar também nos outros, através de nossa disponibilidade e de nossos propósitos de, baseados numa oração profunda e contínua, sermos gente ativa para os que vivem à espera do Cristo, através daquilo que nós somos e vivemos. É

preciso despertarmos para tantos que despertam e estão

à espera ... Um Conselheiro Espiritual de Setor

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A PRIMEIRA PEREGRINAÇÃO DAS EQUIPES A APARECIDA

Uma peregrinação é a imagem de nossa caminhada pela terra.

A proximidade da peregrinação comemorativa do 30. 0 ano das Equipes de Nossa Senhora no Brasil - a segunda que as equipes fazem a Aparecida - reavivou em mim a lembrança do que foi aquela primeira caminhada ao encontro do Senhor. Não foi , como agora, de âmbito nacional, mas apenas levou à Basílica da padroeira do Brasil equipistas de São Paulo e de algumas outras cidades que a ela aderiram. Cuidadosamente preparada, orientada e animada pelo então casal secretário, Nelson e Doris, permitiu a vivência do conteúdo de uma peregrinação, gesto sempre de profunda religiosidade. Daí a idéia de transmitir a vocês o que foi aquele gesto e algumas reflexões que suscitou. Quinze dias antes houve um encontro geral dos peregrinos no Colégio Assunção - das 15 às 19 horas - para "meditar, estudar, procurar juntos compreender ao máximo o profundo sentido da Peregrinação". E aqueles quinze dias marcaram o esforço dos participantes para alimentar em seu íntimo a realidade que ia ser vivida. Nessa peregrinação ficou bem acentuado que ela era também daqueles que ficassem e que os seus componentes levariam a Maria as intenções que lhes fossem confiadas.

* Em toda peregrinação, há sempre um ponto de partida, um percurso mais ou menos longo, um término em um santuário onde Deus nos espera.

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Um ponto de partida - Zero hora.> do dia 11 de novembro de 1967. Em São Paulo, na escadaria da catedral, nota-se um movimento inusitado àquela hora da noite: numerosc·s casais conversando alegremente, vários padres, um bispo - Dom Lucas Moreira Neves.

Em dado momento, faz-se silêncio. Dom Lucas dirige algumas palavras para colocar os casais em espírito de peregrinos. Não se trata de turismo, de passeio, de excursão, mas de um gesto de profunda espiritualidade. Logo a seguir, tomamos os vários ônibus que nos esperavam e que nos levariam até Roseira. É o início da peregrinação. Lá fora, faz frio. Dentro, o calor da amizade que rapidamente se estabelece entre equipistas ainda há pouco desconhecidos. Reza-se, ensaiam-se cânticos, alguns tentam dormir ... A caminhada - Os ônibus nos deixam em Roseira. São 4 horas da madrugada. Estamos na segunda pista da Via Dutra que ainda não foi inaugurada. De acordo com o esquema previamente elaborado, formam-se rapidamente os grupos, constituídos de 36 peregrinos e 1 sacerdote. Cada grupo tem um casal-chefe e é formado por 6 "linhas" de 3 casais.

Tem início a caminhada que nos levará a Aparecida, a 5 ou 6 quilômetros do ponto em que nos encontramos. No lusco-fusco do amanhecer, a marcha é fácil, no asfalto ainda novo. Entre orações e cânticos, entre a reflexão e a primeira troca de idéias do tema previamente anunciado, avançamos com passo firme. Um ambiente maravilhoso nos cerca. É o nascer do sol, dando reflexos multicores à vegetação: cenário praticamente desconhecido da maioria dos peregrinos. . . Visão impressionante da grandiosidade da Criação! Na outra pista, um cenário bem mais conhecido: é o vai-vem de ônibus e carros necessariamente apressados. Em dado momento, entramos à esquerda num caminho estreito e pouco utilizado. Adeus asfalto! É preciso agora tomar cuidado com as asperezas do caminho. E, no entanto, um dos peregrinos sofre uma queda, que o obriga a socorrer-se do carro que acompanha a caravana. Quatro ou cinco paradas, bem aproveitadas par a "enganar" o cansaço que já se faz sentir. Estes curtos períodos de descanso são aproveitados principalmente para a reunião dos grupos: reunidos em círculo, sentados na relva ainda úmida (que importa!) , pomos em comum as reflexões feitas durante a caminhada, para o que é preciosa a colaboração -25-


do sacerdote que toma parte em cada grupo. E assim vamos aprofundando o trecho do Evangelho de Mateus (28, 16-20) que fora subdividido em várias partes. "Como os onze apóstolos,' estamos a caminho para encontrar o Cristo"; "Esta peregrinação representa nossa vida, que é uma caminhada para a eternidade"; "A presença de Cristo em nossa vida é uma exigência de amor ao próximo, buscando a sua salvação e ajudando-o na caminhada da vida; só assim a peregrinação de hoje ganha verdadeiro sen:. tido: entendermos que a vida é uma peregrinação que fazemos com todos os nossos semelhantes". . . Reflexões essas que lemos no folheto que nos acompanha. Em ritmo cada vez mais lento, enfrentamos corajosamente o trajeto que ainda precisamos vencer e que parece para alguns - ou para todos - quase interminável. Como seria mais penosa a caminhada se estivéssemos sozinhos!

Bruscamente, numa curva do caminho, divisa-se, ainda ao longe, o vulto de uma grandiosa construção: a basílica de Nossa Senhora Aparecida. Já estamos próximos de nosso objetivo! O término da Peregrinação - É o grande momento da peregrinação: o nosso encontro com Deus, que nos espera, pelas mãos de Maria, a quem íilialmente recorremos. Estamos na grande esplanada em frente à basílica, onde, há mais de 200 anos, milhares e milhares de peregrinos, em ondas sucessivas, vêm confiar à Virgem a alegria das graças recebidas, a súplica de corações doloridos, para que Ela as apresente a seu Filho Jesus. A passos lentos, subimos por uma das rampas que levam ao santuário, entoando cânticos de louvor. -26-


Como compreendemos agora com facilidade a alegria que explodia em cânticos dos lábios dos peregrinos de Israel quando, em longas caravanas, divisavam os muros da Cidade Santa de Jerusalém. Os Salmos da Ascensão trouxeram até nós esses gritos de alegria e de louvor: Grande foi minha alegria quando me disseram: "Vamos à casa do Senhor!" Enfim estamos diante de tuas portas, Jerusalém! Para ti sobe todo o povo de Deus, A cumprir o dever de celebrar o Teu Nome! (Salmo 121) .

Depois, a celebração Eucarística. . . a frugal refeição para refazer as forças. . . a volta de ônibus. . . A memória se recusa a registrar mais detalhes. Deste final, apenas me recordo do intenso sentimento de júbilo a invadir o íntimo de meu ser: o de poder oferecer ao Senhor algo de intrinsecamente meu: aquele cansaço da caminhada ao seu encontro, as alegrias do trajeto .. . Um dos peregrinos

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APOSTOLADO EM MEIO RURAL

Quase todo domingo, a equipe se reunia com os filhos na fazenda do Euclides Laguna, que fica bem perto de Ribeirão. O dia transcorria alegre, entre animadas conversas, concorridas "peladas" e jogos de "bochas". A capela ficava ali perto: vazia. De repente, surgiu a idéia: c Pe. Pedro iria celebrar missa no 1.0 domingo de cada mês seríamos nós o pretexto para se "reabrir" a igreja. Na primeira missa, só nós mesmos ... depois, alguns curiosos e, finalmente, a capela repleta de gente, e de gente interessada na Palavra de Deus, que o Pe. Pedro tão bem sabe explicar. Duas de nós resolveram então ensinar as músicas para o pessoal, que já estava animadíssimo com a celebração. E veio a idéia da catequese. Inscreveram-se muitas pessoas. A equipe reuniu-se para estudar a maneira de evangelizar aquela comunidade rural em idades diferentes, convidando para essa reunião uma catequista local muito experiente e sobretudo muito boa. Cada domingo, um casal apresenta um tema, propõe trabalhos, etc. O casal caçula da equipe transmitiu sua mensagem ao som do violão. Pe. Pedro, firme com a gente; além dos casais da equipe, mais alguns casais amigos ajudando; pessoal interessado. Se Deus quiser, no fim do ano, teremos a Primeira Eucaristia, e, com a ajuda de Deus, o trabalho vai se estender. Pois cremos na palavra de Jesus Cristo, que diz: "Ide, pregai o evangelho a toda criatura."

Berenice e Orlando Equipe 14 de Ribeirão Preto

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ESSES MARAVILHOSOS EQUIPISTAS DO SUL

O ônibus que trazia para o Encontro de Responsáveis de Setor e Coordenação em Itaici os equipistas dos Estados do Sul sofreu, no caminho, grave acidente, do qual, felizmente , todos sairam praticamente ilesos. Um dos participantes traduz aqui os sentimentos de todos os que viveram a espera e se impressionaram, na chegada, com a serenidade dos irmãos que acabavam de passar por aquela provação.

A espera ansiosa e tensa foi longa e cheia de sobressaltos, mas, ao clarear a manhã de sábado, dia 24, eles chegaram. Chegaram sem lamentações, sem reclamos, com um sorriso aberto e já, sem um minuto de descanso, iniciaram sua participação nos trabalhos. Que exemplo! Difícil, dificílimo de ser imitado, este testemunho de fé e coragem. Quem teria essa força, essa disposição, depois de enfrentar 25 horas de viagem, mais 10 horas de espera de outra condução, mais um acidente de proporções enormes, depois de sair de um ônibus despedaçado pelo tombamento? Quem teria essa força extraordinária para chegar sorrindo, para não ter voltado para casa - o que seria a reação natural depois de um acidente tão grave? Quem teria esse ânimo para enfrentar, depois de passar por tudo isso, dois dias de intenso mourejar m ental e espiritual? Apenas criaturas privilegiadas, dotadas por Deus de raras virtudes que enobrecem a criatura humana, hoje tão despida de valores morais e espirituais. Esses maravilhosos equipistas do Sul, nossos irmãos de cruzada mariana, nos encheram de fé, nos trouxeram de volta aquela esperança de que nem tudo está perdido no meio das trevas atuais. For taleceu-se em nós aquela esperança em Maria, nossa Mãe, em Cristo, em Deus, nosso P ai, -29-


que, sem que percebamos, estão velando por nós em todos os instantes. Pois, ali, naquele meio-dia trágico, Maria, acompanhando a viagem de nossos irmãos, cobriu-os todos com seu manto azul, amparou-os no momento da queda, e algo milagroso aconteceu. Graças a Maria, graças a Deus. E os dias passaram, rapidamente. Terminada aquela reunião festiva de irmãos, lá se foram os maravilhosos equipistas do sul, com as marcas no corpo da queda na terra, mas com as marcas indeléveis e profundas na alma de uma fé incomum e de uma coragem que só essa fé pode dar. E só pudemos dizer: "muito obrigado, maravilhosos irmãos equipistas do sul, pelo crescimento espiritual que vocês nos proporcionaram". Itaici, em 25 de novembro de 1979.

Adalgl.sa e José Fabri Setor Valinhos/ Vinhedo

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NOTíCIAS DOS SETORES

SAO JOSe DOS CAMPOS -

Vinte anos de Equipe

Na festa da Imaculada Conceição e na igreja dedicada à mes· ma, as Equipes de São José reuniram-se em torno do altar para agradecer a Deus os benefícios recebidos nesses 20 anos desde a fundação da Equipe 1. Após a celebração, houve um jogral evocando o surgimento do Movimento e uma reunião de confraternização. -

Equipes de jovens

Na última Carta Mensal, noticiávamos a formação da primei· ra equipe de jovens do Setor. O sucesso foi tal que em dezembro já eram 5 as "equipinhas" - como são chamadas para distingui-las das "equiponas", de adultos. Sob a invocação, respectivamente, de Na. Sra. da Amizade, Na. Sra. do Amor, Na. Sra. da Paz, Na. Sra. dos Jovens e Na. Sra. da Fraternidade, essas equipes, compostas de 10 a 14 jovens, funcionam nos moldes das equipes de adultos, com as necessárias adaptações. Os jovens foram divididos em diversas faixas etárias, pois as idades variam entre 11 e 20 anos. -

Na. Sra. do Amor. . . ao próximo

Ao invés do tradicional "amigo oculto", os jovens da Equipe Na. Sra. do Amor resolveram comprar, com o dinheiro que iriam gastar entre si, lembranças para crianças necessitadas. Assim, estiveram na Favela da Olaria, distribuindo brinquedos que fizeram a alegria daquelas crianças. Imitando esse exemplo, a Equi· pe 12, de adultos, destinou o dinheiro que gastaria no "amigo secreto" à compra de mantimentos para a ceia de Natal dos pais dessas mesmas crianças. -31-


SOROCABA -

Semana da Família

Fizeram parte da programação oficial da diocese duas promoções das Equipes: a tarde de oração, aberta a todas as famílias, sendo que todos os que participaram se mostraram satisfeitíssimos pela oportunidade de louvar a Deus com um roteiro especialmente elaborado e diante do Santíssimo exposto; e o retiro (pregado por Frei Orlando, de Petrópolis), cuja missa de encerramento foi concelebrada, numa grande concentração das famílias de Sorocaba, com a presença de aproximadamente 5.000 pessoas. Incluiu-se também na programação da Semana a inauguração do Instituto da Família, para cuja criação muito contribuíram os equipistas do Setor. RIO DE JANEIRO -

Deixa o Rio o Pe. Almeida

A partida do Pe. Almeida para Belo Horizonte não deixou ninguém no Rio insensível. Nas Equipes, como no Colégio São Vicente, do qual era diretor há 13 anos, como em todos os ambientes aos quais levava sua palavra e sua presença amigas, reinou verdadeira consternação. O Pe. Almeida, além de Conselheiro de duas equipes há muitos anos, era também Conselheiro do Setor C e da Região. Os equipistas cariocas nos enviaram a revista da A.P.M. do Colégio São Vicente, cujo número de dezembro está quase que inteiramente dedicado à despedida do Pe. Almeida. Muita gente, desde o pessoal da administração zelador, motorista; encarregada do refeitório, secretárias e outros - até professores, diz, em palavras singelas e comoventes, o que lhe vai no coração nessa hora. Além do primeiro artigo, ''Saudade que dói", da pena de Maria Célia Bustamante, da Equipe 1, que encabeça a série de testemunhos a que nos acabamos de referir, há outro, intitulado "O presente de Nossa Senhora", no final do qual Mary-Nize escreve: "Dar adeus ao Pe. Almeida nos parece tão absurdo que nos recusamos a fazê-lo. Apenas, nós, aqui do Rio, nos regozijamos com nossos irmãos das Equipes de Nossa Senhora de Belo Horizonte, que vão tê-lo junto de si . .. " Realmente, uma grande perda para o Movimento no Rio, mas um grande presente para o Movimento em Belo Horizonte! -

Retiro do Frei Almir

Foi tão bom o retiro que Mary-Nize e Sérgio pediram ao Frei Almir que repetisse o mesmo temário para todos os equipistas, num dia de estudos a ser marcado. As cinco palestras focalizaram a vida do casal equipista, como casal, na família, na Igreja, na comunidade, no mundo de hoje. Conhecedor que é do -32-


Movimento, dos problemas que afetam o casal no mundo e da responsabilidade que recai sobre o casal cristão, colocou os participantes diante do seguinte desafio: "os equipistas são sinal, são s:1cramento da presença de Cristo no mundo." Daí partiu para uma exposição sobre o significado dos sacramentos em nossa vida, detendo-se na Eucaristia e na Reconciliação. O retiro desenrolou-se num clima de grande espiritualidade: as palestras todas embasadas em trechos do Evangelho, muitos Salmos para meditação, e, na missa de encerramento, renovação das promessas do casamento. RiBEIRAO PRETO -

Semana da Família

A Semana foi planejada em conjunto pelas ENS e o MFC, que dividiram entre si o trabalho - o MFC ficou com a parte relativa ao comércio, as ENS incumbiram-se das indústrias, dos clubes e de algumas estações de rádio. Foram elaborados faixas e folhetos e distribuídos nos locais. Diariamente, houve artigos em todos os jornais, entrevistas e mesas redondas em rádios. As palestras, na igreja Na. Sra. de Fátima, foram excelentes - "os temas muito bem escolhidos (e bem apresentados!) e perfeitamente distribuídos durante a semana". Os conferencistas foram o próprio Arcebispo, D. Miele, o Pe. Cícero, o teólogo Nelson Carloni e o Geraldão, todos muito felizes nas suas apresentações. VALINHOS/VINHEDO -

Terço em centros comunitários

Desde o início do ano, cada uma das equipes do Setor está rezando o terço nos centros comunitários das respectivas cidades. Sendo os centros comunitários em mesmo número que as equipes - 6 em Valinhos e 4 em Vinhedo - cada uma das equipes vai orar junto com o pessoal do bairro pelas intenções próprias da população local. No final, no mês de fecho, o terço será rezado na igreja matriz de cada cidade, numa grande homenagem a Nossa Senhora. -

Parabéns à Carta Mensal

Escrevem Adalgisa e José, responsáveis pelo Setor, que "a espera da próxima Carta Mensal se assemelha à esperança da chegada de um grande presente para cada casal. A Carta Mensal, precioso relicário de espiritualidade, amor e fraternidade, também é um dos grandes meios de aperfeiçoamento do Movimento." Obrigado, amigos, pelo incentivo!

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GRANDE A.B.C. -

Coroa do Advento

Com o objetivo de dar destaque ao caráter espiritual da festa do Natal, em contraponto ao materialismo que hoje impera, a Coordenação encarregou a Equipe 2, Na. Sra. dos Emigrantes, de São Bernardo do Campo, da realização da Coroa do Advento, na igreja Na. Sra. da Boa Viagem. Nos 4 domingos, os equipistas que abraçaram com muito entusiasmo o trabalho- contaram com a presença amiga de muitos irmãos equipistas e, no último, com a visita do Casal Regional, Thaís e Carlos Eduardo Duprat. A entrada do presépio vivo, ao canto de "Noite Feliz", a coroa com as quatro velas acesas, os cânticos, as leituras, as reflexões, o abraço da paz, tudo contribuiu para tornar místico o ambiente da cerimônia, que terminou com a bênção do Pe. Adelino de Carli, Conselheiro Espiritual da Equipe 2. Em seguida, reuniram-se todos os presentes para uma confraternização no salão da igreja. JUIZ DE FORA -

Levando a semente

Atendendo à solicitação de D. Gerardo Reis, bispo de Leopoldina, teve lugar naquela cidade uma reunião de informação, que reuniu cerca de 40 casais, das diversas cidades da diocese. Os futuros pilotos em dezembro já estavam com o curso feito, sendo que as primeiras equipes deviam ser lançadas em fevereiro. Aguardamos notícias. -

Para as crianças

Preparado com muito carinho pelo departamento de formação do Setor, realizou-se o 1. 0 Mutirãozinho, do qual participaram os filhos dos equipistas com idades de 9 a 15 anos. A experiência foi positiva, pois todas as crianças gostaram muito. Na mesma linha, foi um sucesso a missa dedicada às crianças, a cargo do Pe. Guilherme, "que conseguiu contagiar de alegria e espiritualidade não só os filhos, mas também os pais presentes à celebração." -

Experiência de oração

"Extraordinário", segundo escrevem Olinda e Melquíades, responsáveis pelo departamento de comunicações do Setor - a quem muito agradecemos as notícias enviadas - o retiro pregado pelo Frei Vitória. "Foram três dias de muita alegria e aprofundamento cristão. Cerca de 25 casais participaram desta experiência de oração no Espírito Santo, que foi um verdadeiro encontro com Cristo." -34-


CRICIOMA -

Retiro

Participaram 35 casais do retiro pregado em outubro pelo Pe. Orlando Brand, Conselheiro Espiritual em Florianópolis. Salientou o pregador que, para viver bem em família, é preciso haver comunicação e que essa comunicação seja repleta de amor. Para isso temos que pedir a sabedoria de Deus pela oração, planejar o momento, falar a verdade com amor, não perder a espemnça (paciência), esperar uma reação (do outro), entregar o problema a Deus (com fé). Apontou como sendo palavras de ouro da vida conjugal as expressões: "Desculpe" e "Eu te amo".

CATANDUVA -

Semana da Família, etc.

"As Equipes, por intermédio de seu casal encarregado da espiritualidade, coordenaram as festividades da Semana da Família, em movimento abrangendo quatro paróquias da cidade. Muito boa a participação dos equipistas. Foi marcado um tento. Por ocasião do Dia da Criança, o casal responsável pela animação também deu seu recado, reunindo as quatro equipes da Coordenação numa fazenda próxima à cidade, onde as crianças (e os marmanjos também) divertiram-se a ·váler. O ponto alto foi a missa celebrada pelo Pe. Vicente, que reuniu em torno do altar todas as crianças, que vibraram em participar assim de tão perto de uma celebração eucarística." Gratos, Marlene e Antonio Carlos, pelas noticias!

BAURU -

Puebla (Do Boletim)

O Pe. Carlos, Conselheiro Espiritual do Setor e das Equipes 8 e 9, fez uma palestra sobre o Documento de Puebla, enfocando especialmente os pontos suscetíveis de serem assumidos pelas Equipes na sua caminhada como Igreja. "Se as Equipes querem ser grupo de vanguarda da Igreja, devem inserir-se na caminhada de Puebla", disse o Pe. Carlos, ao início de sua palestra - muito bem desenvolvida e aproveitada pelos casais, que, através de suas anotações, levaram muitas pistas para reflexão e aplicação na vida prática. -35-


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Palestra do Zarif

As Equipes marcaram o transcurso de mais um aniversano da implantação do Movimento (19 anos) , com uma palestra de Maria Helena e Nicolau. O comparecimento foi excepcional, prova do enorme carinho com que as Equipes bauruenses esperavam a palavra do querido casal, que enfocou, com muita propriedade, aspectos da vida do Movimento e da vida dos equipistas. Maria Helena e Nicolau, muito aplaudidos, foram distinguidos com um cartão de prata comemorativo, que Olanda lhes entregou (foto), após saudação feita pelo Nadyr.

MOGI DAS CRUZES -

Encontro de Natal

As Equipes de Mogi realizaram um encontro festivo , iniciado com missa, celebrada pelo Pe. Vicente Morlini, Conselheiro Espiritual do Setor. Durante a Santa Missa, em comemoração às bodas de ouro do casal Rosa e Ciro, da Equipe 7, fez-se a renovação das promessas do matrimônio, cerimônia que emocionou todos os presentes. Prosseguiu a festa com churrasco e várias distrações, num espírito de muita fraternidade. Participou do evento a totalidade dos casais equipistas, com as respectivas famílias, congregando mais de duzentas pessoas.

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CASA BRANCA/ AGUAJ -

Retiro

Com a presença de 36 casais, realizou-se no m1c10 de dezembro o retiro pregado pelo Pe. Antonio de Brito, da Ordem de Sion. As palestras, muito boas, versaram sobre as causas de desunião, o relacionamento com os filhos, etc. Nota engraçada: na missa à.e encerramento, realizada na igreja matriz de Casa Branca, uma das leituras foi feita pelo Tubaca (que, como cantor, já participou de alguns festivais, programas de TV e tem até algumas gravações), quando seu vozeirão estourou dois alto-falantes da igreja; por não estar · a paróquia em condições de trocar alto-falantes a toda hora, o Pe. Florentino proibiu-o de fazer leituras - usando o microfone! DOIS CóRREGOS -

Primeira equipinha

Sob a orientação da Equipe 2 e assistência espiritual do Pe. Isidro Fernandes Freire, está func;onando com todo o entusiasmo a primeira equipe de filhos de equipistas. Escrevem Jane e Pedro Gilberto, a quem agradecemos a: notícia - e pedimos maiores detalhes: "A participação é para valer!"

JACAREJ- Tarde .de reflexão

Realizou-se em outubro a primeira tarde de reflexão após a instalação do Setor. Sobre o tema "Da família à Igreja"; falaram os casais Zuleika e José Antonio, Marli e José Roberto e o Diácono Adhemar. Presença do Cônego Borges e de todos os casais do Setor, que, segundo escrevem Alcides e Maria Pia, "de lá saíram com forças revitalizadas".

PARTIRAM PARA O PAI Jorge·, da Rocha Chataignier ·

Da Equipe 1, Setor A, do Rio de Janeiro. Casado com Dilma. Escreve a Daisy: "Depois de um período de hospit'alização, qU:ando, já em sua residência, recebia as visitas dos amigos, surpreendeu a todos ao partir para o Pai. Homem de grande bondade, disponibilidade e eficiência em tudo que fazia, era admirado por toda a gente equipista · e· deixa ·um · vazio e:v.tte -os c.asais de ligação." . -37-


Ângelo Serrano Nunes

Da Equipe 10, Setor D, de São Paulo. Casado com Hilda. Comunica o Casal de Ligação: "Membro ativo da Igreja, trabalhando com um carinho todo especial no movimento de jovens, deixou para todos exemplo de humildade e bondade, de quem não media esforços para servir." Moacyr Guimarães

Da Equipe 1 de Casa Branca. Casado com Teresa. Vítima de problemas cardíacos. Era o mais antigo equipista de Casa Branca é gozava de grande estima por parte de todos, que se fizeram presentes ao seu sepultamento, no dia 30 de novembro. NOVAS EQUIPES Castanha!, PA

Equipe 1 - Casal piloto: Melania e Alberto; Conselheiro Espiritual: Pe. Marcelino. Pouso Alegre, MG

Equipe 1 - Casal piloto: Maria José e Geraldo; Conselheiro Espiritual: Pe. João Bosco Faria Oliveira. Equipe 2 - Casal piloto: Maria José e Geraldo; Conselheiro Espiritual: D. José d'Angelo Neto. Manaus

Equipe 8 - Casal piloto: Maria Nice e Luiz Carlos; Conselheiro Espiritual: Pe. Daniel. Porto Alegre

Equipe 33 - Casal piloto: Isabel e Moacyr; Conselheiro Espiritual: Pe. Claudio Steffens. Equipe 34 - Casal piloto: Lígia e Ivo; Conselheiro Espiritual: Pe. Egon Binsfeld. Londrina

Equipe 14 - Casal piloto: Idelma e Jorge; Conselheiro Espiritual: Pe. Felipe. -

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Juiz de Fora

Equipe 13 - Casal piloto: Guiomar e Walter; Conselheiro Espiritual: Pe. Zacarón. Petrópolis

Equipe 18 - Casal piloto: Lenir e Hélio; Conselheiro Espiritual: Frei Emílio Santi Piro. Casa Branca

Equipe "nova" 2 - Casal piloto: Carminha e Elzio; Conselheiro Espiritual: Pe. Florentino. Grande A.B.C.

Equipe 8 - Casal piloto: Neide e João; Conselheiro Espiritual: Frei Sebastião. Mogi das Cruzes

Equipe 9 - Casal piloto: Theresinha e Edmundo; Conselheiro Espiritual: D. Emilio Pignoli. São José dos Campos

Equipe 15 - Casal piloto: Yara e Paulo; Conselheiro Espiritual: Pe. José. Sorocaba

Equipe 9 - Casal piloto: Sílvia e Francisco; Conselheiro Espiritual: Pe. Benedito Alter.

RETIROS

Região São Paulo/A MAIO - 16 a 18 - Baruerl - Pe . Germano SETEMBRO - 12 a 14 - Cenáculo - Frei Jean José OUTUBRO - 24 a 26 - Cenáculo - Pe. Chiquinho NOVEMBRO - Pe . Guilherme

Região Rio de Janeiro ABRIL - 11 a AGOSTO - 15 SETEMBRO NOVEMBRO -

13

a 17 26 a 28 (em Niterói) 21 a 23 -

39


EU

TEXTO DE MEDITAÇAO -

TE

ORDENO ...

Deut . 15, 7-11

Se um dos teus irmãos, que moram dentro das portas da tua cidade, na terra que o Senhor, teu Deus, está para te dar, cair em pobreza, não endurecerás o teu coração, nem fecharás a tua mão, mas abri-la-ás ao pobre e lhe emprestarás o que vires que ele precisa. Guarda-te, não te deixes cair num ímpio pensamento e ·não digas no teu coração: está próximo o sétimo ano da remissão; e não afasta os teus olhqs do teu irmão pobre, não lhe querendo emprestar o que ele te pede; não suceda que ele clame contra ti ao Senhor e isto se torne para ti um pecado. Mas dar-lhe-ás o empréstimo e não usarás de astúcia alguma em socorrê-lo em suas necessidades, para que o Senhor, teu Deus, te abençoe em todo tempo e em todas as coisas em que puseres a mão. Não faltarão pobres na terra da tua habitação, por isso cu te ordenô que abras a mão para o teu irmão necessitado e pobre que vive contigo na terra. SALMO 141

Elevo a minha voz até o Senhor e grito. Imploro, clamo pelo seu favor. Diante dele eu me desabafo, exponho-lhe a minha situação angustiante. Senhor, sinto-me desfalecer, mas Tu conheces o meu caminho. Prepararam à minha frente uma armadilha. Ao meu redor, não vejo ninguém que me dê a menor atenção. Não me resta qualquer refúgio. Todos me abandonaram! a ti que eu clamo, Senhor, és o meu abrigo, a parte que ainda me resta na vida. Escuta o meu clamor, porque me sinto totalmente indefeso. Livra-me dos meus perseguidores, são muito mais fortes do que eu.

É

Faze-me sair da prisão da angústia, então poderei louvar o teu Nome. E os justos me acolherão, pelo grande bem que me fizeste. -

40 -


SESSõES DE FORMAÇÃO, PEREGRINAÇÃO E EACRES 1980

ABRIL -

2/ 3/ 4/ 5

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Sessão de Formação em Campinas

2/ 3

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Peregrinação a Aparecida do Norte em comemoração aos 30 anos de ENS-Bras:l

22 / 23 / 24 / 25

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Sessão d e Formação em Criciúm a

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E . A . C .R.E . no Rio em Taubaté em Marília

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E .A . C .R.E . em Por to Alegre

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E . A . C .R .E. em Campinas

AGOSTO- 16/ 17

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E .A . C .R .E . p / CR Equipes em AA em São Paulo

SETEMBRO -

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S ossão de Formação em Nova Iguaçu

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S essão de Formação em Marília

MAIO -

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JUNHO -

28 / 29

JULHO- 5/ 6

-

26 / 27

4/ 5/ 6/7

OUTUBRO-NOVEMBRO -

30/ 31!1/ 2


EQUIPES DE

OSSA SENHORA

Movimento de casais po r uma espiritualidade conjugal e familiar

Revisão, Publicação e D istribuição pela Secretaria das EQUIPES DE NOSSA SENHORA 01050 -

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T e!.: 34-8833


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