ENS - Carta Mensal 1979-9 - Dezembro a Fevereiro

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NC? 9

1979/1980

Dezembro a Fevereiro

Deixar que Deus passe por nós . . . . . . . • . . . . • .

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O futu ro depende dl vida familiar . . . . . . . . . . .

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Continuem a ser de Maria e da Igreja . . . . . . . .

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A EC!R conversa com vocês . . . . . . . . . . . . . . . . .

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A propósito de um menino pobre nascido em Belém . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Corações ao alto! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Um retiro na Polônia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Sonho de Natal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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A oração partilhada entre esposos . . . . . . . . . . .

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Ano mariano jubilar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Carla de um viúvo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Falando de Natal . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . Comunidades "verticais" . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Os óculos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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" ... foi a mim que o fizesles" . . . . . . . . . . . . . . .

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Livros

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Notícias dos Setores . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . • . . . .

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Eis que Ele vem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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. EDITORIAL

DEIXAR QUE DEUS PASSE POR NóS

Há no Evangelho palavras duras, que só lá poderíamos encontrar, porque só justificadas por quem as disse. Entre elas, destaca-se esta: "Não leveis nada para o caminho." A mensagem a transmitir não é nossa, não parte de nós e todos têm o direito de recebê-la na sua pureza. O despojamento pessoal é imprescindível para o evangelizador, para que possa receber intacta a Boa Nova e comunicá-la sem lhe misturar seu pensar e sentir egoísta, seu mundo cheio de impurezas. O que ele vai transmitir não é fruto da sua capacidade, mas puro dom recebido. O esvaziamento de nós mesmos não é fim negativo e injustificado, mas condição para nos enriquecermos. Porquanto aos pobres Deus farta de bens. Aos ricos, diz: ai de vós, porque estais fartos, porque perdestes a capacidade de receber; por isso, até o que vos foi dado vos será tirado. Precisamos desenvolver a nossa atitude de "acolhedores de Deus", que permanecem sempre à sua escuta. Quantas vezes somos nós que pretendemos determinar "quando" e "como" Deus nos deve falar! Ora, Ele nos fala de variadíssimas maneiras, mas só na espontaneidade perfeitamente livre do seu amor. Nas palavras dos simples como nas dos sábios. Nos acontecimentos agradáveis e nos desagradáveis. Para sermos evangelizados e para evangelizarmos, temos que ser pobres. Então o Espírito falará em nós e falará por nós. Podemos e devemos aprofundar a mensagem, pelo estudo e pela meditação, mas o mais importante é criarmos em nós espaço para que Deus se expresse, e terra funda para que a mensagem lance raízes bem vivas. Lembremos que ninguém leva Deus a ninguém. Ele já está lá, no mais íntimo de cada um dos homens, e fala. Nós só po-

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demos ajudá-lo a descobri-lO. Como? Criando a atitude interior para que Deus passe por nós e sejamos fator de ressonância, para que os outros ouçam a Palavra que se pronuncia neles. Esta disposição exige humildade e despojamento, para respeitarmos os planos de Deus, aceitarmos o seu "quando" misterioso e não levarmos as nossas "riquezas", mas a nossa disponibilidade. Conscientes de que quem evangeliza deve estar na atitude de ser evangelizado. Demos lugar ao Espírito. O despojamento do nosso egoísmo, do nosso querer auto-suficiente cria o espaço necessário para que o Espírito suscite no mais íntimo de nós a oração da unidade pela qual Jesus se entregou. NEle nós pedimos um mundo novo e nEle estamos seguros de sermos ouvidos. Fora da sua oração, "oramos como pagãos". NEle toda a oração, ao contrário de uma fuga ou evasão do mundo, é um apelo a solicitar o encontro do céu e da terra, para produzir nesta a expressão da família divina, que é unidade de amor em Trindade de pessoas: "Vem, Senhor Jesus".

Pe. Inocêncio Pinho, s.j. Conselheiro Espiritual do Setor Porto F

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A

PALAVRA DO PAPA

O FUTURO DEPENDE DA VIDA FAMILIAR

A todos digo que respeitem e protejam a sua família e a sua vida familiar, porque a família é o primeiro terreno da ação cristã... As condições modernas e as mudanças sociais criaram novos esquemas e novas dificuldades para a vida familiar e para o matrimônio cristão. Quero dizer-vos que não desanimeis, que não sigais os critérios que consideram anacrônica uma família com laços estreitos; a família cristã é importante para a Igreja e para a sociedade, hoje mais do que nunca.

t verdade que a estabilidade e a santidade do matrimônio estão ameaçadas pelas novas idéias e pelas aspirações de muitos. O divórcio, introduzido seja por que motivo for, torna-se inevitavelmente cada vez mais fácil de obter, e é gradativamente aceito como fato normal da vida. A grande possibilidade de divórcio, na esfera da lei civil, torna cada vez mais difícil todos os matrimônios estáveis e duradouros. Sobretudo conservai em alto apreço a maravilhosa dignidade e graça do sacramento do matrimônio. Preparai-vos com zelo, desde agora: acreditai no poder espiritual que este sacramento de Jesus Cristo oferece para reforçar a união matrimonial e superar todas as crises e os problemas da vida a dois. Os esposos devem acreditar no poder do sacramento para os tornar santos; devem acreditar na sua vocação, para testemunhar através do seu matrimônio o poder do amor de Cristo. Um amor verdadeiro e a graça de Deus jamais poderão deixar transformar um matrimônio em relação egoísta de dois indivíduos que vivem um ao lado do outro, pelo interesse particular de cada um. O matrimônio deve incluir a disponibilidade para o dom dos filhos. Disponibilidade generosa para aceitar os filhos da parte de Deus. Aceitar de Deus os filhos como um dom ao seu amor é o sinal característico da união cristã.

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E assim, digo a todos que tenham respeito absoluto e santo pelo caráter sagrado da vida humana, desde o primeiro momento da sua concepção. O aborto, como afirmou o Concílio Vaticano, é "crime abominável". Ofender a vida ainda não nascida, em qualquer fase de sua concepção, significa subverter toda a ordem xr.oral, que é a verdadeira proteção do bem-estar do homem. A defesa da inviolabilidade absoluta da vida ainda não nascida é parte da defesa dos direitos do homem e da dignidade humana. Queridos pais e mães, acreditai na vossa vocação, a bela vocação do matrimônio e da paternidade que Deus vos deu. Acreditai que Deus está convosco, porque toda a paternidade, no céu e na terra, é dEle que recebe o nome. Não acrediteis poder fazer na vossa vida algo de mais importante do que ser bons pais cristãos e boas mães. Oxalá as mães, os jovens e as jovens não ouçam quantos lhes dizem que trabalhar numa profissão do mundo, ter êxito num trabalho externo, é mais importante do que transmitir a vida e cuidar desta vida como mãe. O futuro da Igreja, o futuro da humanidade depende em grande parte dos pais e do tipo de vida familiar que se vive nas casas. A família é a autêntica medida da grandeza de uma nação, exatamente como a dignidade do homem é a verdadeira medida de uma civilização. As vossas casas sejam sempre casas de oração. Transmitir aos vossos filhos a fé que recebestes dos vossos pais é o vosso primeiro dever e o vosso maior privilégio. A casa deveria ser a primeira escola de religião, como também a primeira escola de oração. . . porque a evangelização começa em casa e é em casa que desabrocham e se desenvolvem as vocações. (Da Homilia em L1merick, Irlanda, 1/10/79)

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"CONTINUEM A SER DE MARIA E DA IGREJA .. ."

Para serem verdadeiramente de Maria, os equipistas precisam viver como Maria, nos dois aspectos fundamentais da vida cristã: conversão pessoal séria, vida apostólica sem distorções. Como Maria: "toda de Cristo, toda servidora dos homens". Para serem verdadeiramente da Igreja, e não do grupo, da seita, os equipistas precisam inserir-se, consciente e alegremente, em suas Comunidades locais, em sua Igreja Diocesana. Desejo, nesta ocasião, dizer uma palavra de Pastor: continuem a ser de Maria, continuem a ser da Igreja! Quero também dizer uma palavra de amizade, que sempre ofereci: a Família seja o lugar privilegiado de suas preocupações apostólicas! ~ assim que irão realizar, na Igreja, a missão que lhes compete por vocação mesma do Batismo. Que sejam os equipistas, sob a inspiração e bênção materna de Maria, os evangelizadores da Família, que tanto necessita da presença do Evangelho!

D. Gilberto Pereira Lopes Arcebispo Coadjutor de Campinas

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A ECIR CONVERSA COM VOC~S

De volta de sua viagem a Roma, Dirce e Rubens nos contam como foi o Encontro de que participaram e, principalmente, a audiência com o Santo Padre.

Caros amigos, As Equipes de Nossa Senhora reuniram seus Casais Super-Regionais no mês de setembro último. O encontro foi realizado em Frascati, localidade situada nos arredores de Roma. A Equipe Responsável Internacional convidou-nos para participar do encontro. Esther e Marcello, nosso querido casal Super-Regional, não puderam estar presentes, em virtude de dois de seus filhos estarem se preparando para uma cirurgia de vulto. Assim, no dia 14 de setembro, no Centro "Giovanni XXIII", teve início para nós uma experiência inesquecível, de intensa vivência, e difícil de reproduzir em palavras. Ao todo, éramos 15 casais e o Pe. Roger Tandonnet. Vivemos ali uma verdadeira comunidade cristã, reunida em nome de Cristo, e que diariamente celebrava a Eucaristia, às vezes em diversas línguas, como que a marcar nossa supranacionalidade; tivemos uma vigília e alguns tempos forte~ de reflexão e co-participação. Durante esses dias, pudemos analisar a situação do Movimento no mundo, repassamos a função do Super-Regional hoje, a formação de quadros, a próxima peregrinação das ENS, bem como as "orientações" para o período 1981-86.

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Um parêntese: as ENS, em 1976, em Roma, propuseram aos seus membros três orientações que deveriam servir de bússola para os anos vindouros: - a Evangelização: "Enviou-os a proclamar o Reino de Deus" (Lc. 9, 2); - o Desapego: "Não .leveis nada para o caminho" (Lc. 9, 3); - a Docilidade ao Espírito: "É o Espírito do vosso Pai que falará em vós" (Mt. 10, 20). Entre nós, encontramo-nos às vésperas do lançamento da 3.6 orientação. Relativamente à próxima peregrinação, após consulta a todos os casais Regionais e Responsáveis de Setor do mundo, constatou-se que 98,4% das respostas eram favoráveis à realização de uma peregrinação internacional das ENS, tendo a maioria optado por Roma, no ano de 1982. Quanto ao mês, deverá ser maio ou setembro, dependendo das possibilidades do Papa João Paulo II. A partir de agora, unamo-nos para que, quer possamos participar fisicamente, quer não, estejamos unidos em espírito, a fim de que o evento se constitua numa autêntica manifestação da família cristã num mundo que teima em hostilizar os valores maiores do matrimônio. Ainda durante o nosso Encontro, tivemos uma Missa celebrada pelo Pe. Tandonnet na Catacumba de São Calixto, como que a simbolizar nossa união com os primeiros cristãos cujos restos mortais repousam naquele sítio. Outro instante marcante vivemos quando fomos recebidos no Pontifício Conselho para os Leigos. Durante mais de uma hora, pudemos ouvir de D. Lucas Moreira Neves, Vice-Presidente do Conselho, ampla exposição sobre as atividades desse organismo auxiliar do Papa, especialmente no que diz respeito ao Comitê para a Família. Durante a maior parte da entrevista, esteve presente o Presidente do Conselho, o Cardeal Opilio Rossi. Ao final, D. Lucas disse que o Conselho esperava que o Movimento das Equipes de Nossa Senhora continuasse na sua missão formadora de casais cristãos capazes de, com segurança e competência, participarem das atividades espirituais, profissionais e apostólicas a que cada casal foi vocacionado. Na primeira noite do nosso encontro, tivemos uma reunião com o Pe. Moreau, da Rádio Vaticana, que discorreu sobre o Vaticano como instituição, seus vários organismos, o porque de sua existência e, sobretudo, acerca da personalidade do Papa João Paulo II. Pe. Moreau teve oportunidade, mercê de suas funções

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na Rádio Vaticana, de acompanhar Sua Santidade desde o instante de sua eleição, e assim deu-nos uma visão bem completa deste Papa carismático que tem assombrado o mundo. Nas palavras do Pe. Moreau, o Santo Padre caracteriza-se pelo seu interesse pelo homem, atraindo multidões exatamente por esse seu lado humano e, ao mesmo tempo, profundamente fiel à autêntica mensagem do Evangelho.

Tudo isto serviu como preparação para o instante máximo que vivemos: a audiência que nos concedeu o Papa. A audiência teve lugar segunda-feira, dia 17 de setembro, às 13:00, na sala do Trono do Vaticano. Antes, participamos da celebração Eucarística celebrada pelo Pe. Tandonnet na capela situada sobre o túmulo de S. Pedro. Foi, assim, com fortíssima emoção que contemplamos aquele homem que o mundo hoje vê com perplexidade e que, qual um pai, veio dirigir a palavra àquele pequeno grupo de cerca de 30 pessoas reunidas ' numa pequenà s'ála. De que nos falou o Papa? O texto integral vocês já conhecem ( 1). Naquele momento, marcou-nos profundamente a manifestação de sua alegria em encontrar-nos, bem como a prioridade que ele dedica à família, que, para responder as exigências da vida atual, (1)

Editorial da Carta Mensal de novembro.

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deve buscar a perfeição cristã, para depois beneficiar os filhos, a Igreja e a sociedade. Disse-nos ainda que devemos colocar nossas convicções a serviço da pastoral familiar e, finalmente, convidou-nos a dedicar a melhor atenção e contribuição para a preparação do Sínodo dos bispos, enfatizando que o papel da família não pode ser assumido de maneira cristã se não se aprofunda na teologia matrimonial e se não se vive praticamente esta espiritualidade no interior dos lares. Terminada a leitura do discurso, Sua Santidade veio até nós, conversou longamente com Marie e Louis D'Amonville, com o Pe. Tandonnet e, finalmente, com cada um dos casais presentes. Meus caros, não há palavras para traduzir a grandiosidade daquele momento que vivemos! O Papa quis saber tudo sobre as Equipes, o que fazem, como estava o Pe. Caffarel e, revelando um extraordinário humor, ainda fez comentários jocosos acerca de uma passagem ou outra. Ao despedir-se, o Santo Padre disse que nos aguarda em 1982 e que seremos sempre benvindos. Encerrado o Encontro de Frascati, tivemos, nos dias posteriores, a oportunidade de nos reunir com casais equipistas de Roma. Depois, fomos para Paris e estivemos dois dias na casa dos D'Amonville, em Versailles, onde pudemos tratar mais particularmente de questões específicas das equipes brasileiras e ouvir testemunhos valiosos do casal responsável pelo Movimento. Em seguida, estivemos em Vigo, para uma reunião com o futuro casal Super-Regional da Espanha, Bernardo e Marisol. Passamos também alguns dias com os Super-Regionais de Portugal, Sofia e Carlos Grijó, que muitos de vocês já conhecem. Foram inexcedíveis na hospitalidade e proporcionaram-nos proveitosos encontros com os quadros portugueses. Em nosso regresso, paramos em Recife, a fim de nos reunirmos com casais que já foram das Equipes e que hoje residem naquela cidade. Temos esperança de que, num futuro próximo, poderemos contar com equipes em Recife, as primeiras Equipes de Nossa Senhora do Nordeste brasileiro. Aos que conhecem casais ou sacerdotes naquela Região, pedimo·s que nos avisem, a fim de que possam ser contactados. E rezemos todos para que possamos corresponder sempre melhor aos desígnios de Deus. Recebam o abraço fraterno de

Dirce e Rubens

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PUEBLA

A PROPóSITO DE UM MENINO POBRE NASCIDO EM BELÉM

Ouçamos nossos bispos em Puebla ...

Na Igreja da América Latina, nem todos nos temos comprometido bastante com os pobres; nem sempre nos preocupamos com eles e somos com eles solidários. O serviço do pobre exige, de fato, uma conversão e purificação constantes, em todos os cristãos, para conseguir-se uma identificação cada dia mais plena com Cristo pobre e com os pobres. Ao aproximar-nos do pobre para acompanhá-lo e servi-lo, fazemos o que Cristo nos ensinou, quando se fez irmão nosso, pobre como nós. Por isso o serviço dos pobres é medida privilegiada, embora não exclusiva, de nosso seguimento de Cristo. O melhor serviço do irmão é a evangelização, que o dispõe a realizar-se como filho de Deus, o liberta das injustiças e o promove integralmente. Para o cristão, o termo "pobreza" não é somente expressão de privação e marginalização de que nos precisemos libertar. Designa também um modelo de vida que já desponta no Antigo Testamento no tipo dos "pobres de Javé" e é vivido e proclamado por Jesus como Bem-aventurança. São Paulo resumiu este ensinamento dizendo que a atitude do cristão deve ser de usar os bens deste mundo (cujas estruturas são transitórias) sem absolutizá-los, pois são apenas meios para chegar ao Reino. Este modelo de vida pobre é exigido pelo Evangelho de todos os que crêem em Cristo e, por isso, podemos chamá-la "pobreza evangélica". Os religiosos vivem de maneira radical esta pobreza, exigida de todos os cristãos, ao comprometerem-se por seus votos a viver os conselhos evangélicos.

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A pobreza evangélica põe-se em prática também pela comunicação e participação dos bens materiais e espirituais; não por imposição, mas por amor, para que a abundância de uns remedeie a necessidade dos outros. No mundo de hoje, esta pobreza é um desafio ao materialismo e abre as portas a soluções alternativas da sociedade de consumo. A exigência evangélica da pobreza, como solidariedade com o pobre e como rejeição da situação em que vive a maioria do continente, liberta o pobre de ser individualista em sua vida e de ser atraído e seduzido pelos falsos ideais de uma sociedade de consumo. Da mesma forma, o testemunho de uma Igreja pobre pode evangelizar os ricos, que têm o coração apegado às riquezas, convertendo-os e libertando-os desta escravidão e de seu egoísmo. Para viver e anunciar a exigência da pobreza cristã, a Igreja deve rever suas estruturas e a vida de seus membros, sobretudo dos agentes de pastoral, com vistas a uma conversão efetiva. Esta conversão traz consigo a exigência de um estilo de vida élustero e uma total confiança no Senhor, já que na sua ação evangelizadora a Igreja contará mais com o "ser" e o poder de Deus e de sua graça do que com o "ter mais" e o poder secular.

o A Igreja ( ... ) acentua melhor o valor evangélico da pobreza, que nos faz disponíveis para a construção de um mundo mais justo e mais fraterno. Sente vivamente a situação penosa dos que não possuem o necessário para viver uma vida digna. Convida todos a transformar suas mentes e corações segundo a escala de valores do Evangelho.

(Conclusões de Puebla, IV Parte, Capítulo I, Opção preferencial pelos pobres, n9s 1140, 1145, 1148, 1150, 1152, 1156 e I Parte, Capítulo I, Tendências atuais e evangelização no futuro, n9 148)

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CORAÇÕES

AO

ALTO

Já viram uma esponja que, de tanto apagar um quadro negro, cheio de giz, fica impressionantemente seca?. . . Há corações assim ... Há corações que viraram uma pedra de gelo; outros, simplesmente uma pedra; outros se tornaram metálicos, de tanto lidar com dinheiro ... Nossos corações se elevam facilmente? E os corações em volta de nós? .. . Importante é saber como dar asas aos corações, ajudando-os a elevar-se, com mais facilidade e rapidez. A oração, a prece, vinda de dentro d'alma, alivia o coração, torna-o alado como um pássaro ... Gestos de autêntico amor ao próximo, feitos como o Evangelho ensina - sem que ninguém saiba, nem a mão esquerda o que fez a direita - tornam o coração um pássaro de asas velozes e firmes. Corações ao alto! Cada vez que dissermos ou escutarmos estas palavras, lembremo-nos dos que andam de coração na fossa, sem ânimo, sem esperanças, sem razão de viver. Corações ao alto! Que esta expressão seja, em nossos lábios, uma prece para que todos os corações de todas as criaturas humanas se ergam, se elevem para Deus, nosso Criador e Pai! D. Helder Câmara

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UM RETIRO NA POLONIA

(Da Carta Mensal francesa>

Um casal da região parisiense, cujo marido é de origem polonesa, foi fazer seu retiro na Polônia. É esta experiência que ele nos conta.

Durante as três semanas de timo verão, tivemos a sorte de Kroscienkó, um dos centros da Queremos transmitir-lhes o que poloneses.

nossa viagem à Polônia, no úlpoder passar uma semana em renovação católica na Polônia. vivemos com os nossos irmãos

Kroscienkó é uma aldeia na montanha, situada nos Cárpatos, no sul da Polônia, mas é, principalmente, um dos centros de encontro e de formação do movimento "Oasis".

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Agrupando os jovens, a partir dos onze anos, passando pelos estudantes, as famílias, os solteiros, os padres, as religiosas - em suma, uma representação completa do povo de Deus -, esse movimento, de expressão popular, é de criação recente, pelo menos no que diz respeito às famílias (início em 1974, com trinta equipes, e já com duzentas equipes!). O seu lema é "Luz e Vida" que a luz do Evangelho se transforme em vida. Foi a comunidade das famílias - uma das dezessete pequenas comunidades da grande comunidade denominada "A nova Jerusalém"- que nos acolheu e é sobre ela que lhes vamos falar. Uns trinta casais, com seus filhos, provenientes de todas as cidades da Polônia - enfrentando meios de transporte muito precários - viveram, durante um retiro de quinze dias, tirados das suas férias, a vida de uma comunidade da Igreja primitiva. -13-


O objetivo do retiro era, para alguns, favorecer a conversão; para outros, aprofundar a oração e o conhecimento da Palavra de Deus; e, para todos, viver um tempo forte para, depois, ao voltarem para suas paróquias e enquanto grupos de casais com uma espiritualidade semelhante à das Equipes de Nossa Senhora, anunciarem o Evangelho. Nesta perspectiva, revive-se, durante o retiro, o ciclo litúrgico, cada dia sendo centrado sobre uma etapa deste ciclo: Anunciação, Visitação, Nascimento de Cristo, etc., até Pentecostes e envio em missão - tudo isto com cantos muito bonitos, acompanhados ao violão. Associam-se a cada etapa manifestações que ajudam a penetrar no seu sentido e permitem maior participação comunitária. Para a Apresentação ao Templo, por exemplo, começa, à noite, na igreja, uma procissão da Luz, que continua até a casa de cada um (os participantes hospedam-se com os habitantes da aldeia). Vê-se, assim, iluminar-se aos poucos a montanha, pois há também várias comunidades de jovens e de estudantes cerca de 500 pessoas - que vivem em Kroscienkó. Para preparar a Paixão, faz-se uma Via-Sacra na montanha, sendo que cada família carrega a Cruz por sua vez. Para a Vigília Pascal, antes da cerimônia penitenciai, há uma reconciliação entre pais e filhos, que se faz com flores do campo. Pentecostes é a festa da unidade: cada comunidade visita uma outra e, juntas, põem-se a caminho de uma terceira . .. até que todas se encontrem no lugar combinado, onde é celebrada urp.a missa. Finalmente, antes da separação, distribui-se a todos uma vela acesa, símbolo do envio em missão. Trouxemos conosco esta vela e a sua luz brilha ainda hoje em nossos corações. Que ela ajude os nossos irmãos poloneses nas suas dificuldades. Porque não é fácil ser cristão na Polônia, principalmente cristão que queira viver com coragem e autenticidade a sua fé. O Estado vigia muito: há sanções para os que hospedam os participantes nos retiros, os padres são interpelados pela polícia, os cristãos sofrem ataques públicos, com publicidade nas ruas da aldeia, e toda espécie de vexames cotidianos que desgastam, mas que dão aos nossos irmãos poloneses uma combatividade, um~ perseverança e, conseqüentemente, uma esperança tenaz. E daí resulta também uma solidariedade que nos impressionou fortemente. Eles pediram nossas orações para se manterem fortes em todas as circunstâncias. Como, por nossa vez, não lhes pedir as, suas para que também nós sejamos fortes, não obstante a nossa situação confortável? -14-


O ingressar nas equipes faz-se sempre com o auxílio de um Conselheiro Espiritual, ao nível da paróquia, porque é indispensável, na Polônia, estar dentro de uma estrutura reconhecida, a fim de não aumentar ainda mais as dificuldades existentes. Trata-se, para essas equipes, de ser "o sal da terra", num ambiente geralmente tradicional. As suas exigências se assemelham às das Equipes de Nossa Senhora: oração individual, conjugal e familiar; dever de sentar-se mensal; retiro anual de quatro dias para, pelo menos, um casal da equipe; reunião mensal em que, depois da refeição partilhada, se faz uma meditação. A troca de idéias do casal sobre o tema foi, por ora, substituída por uma partilha evangélica em família uma vez por semana, exigência essa considerada como obrigação, a título de experiência, por um período de dois anos embora não exista nos Estatutos das Equipes de Nossa Senhora, pareceu-nos muito interessante, pois permite a compreensão e o aprofundamento da Palavra em família. Há também uma formação inicial de 15 dias nos centros "Oasis". É certo que essa formação ultrapassa de longe a assistência dada pelo casal piloto durante algumas reuniões. Não há dúvida que o Espírito sopra em Kroscienkó. Possamos nós compreender que Ele sopra aí onde dois ou três se reunem em Seu Nome.

Régine e Jean-Michel

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COM A PALAVRA OS CONSELHEffiOS ESPffiiTUAIS

SONHO

DE

NATAL

Foi no primeiro domingo do Advento. Naquele dia, o Evangelho nos recordava a pregação de João Batista. O grande profeta, austero, corajoso e humilde, gritava no deserto, perto do rio Jordão: "Preparai o caminho do Senhor, aplanai as suas veredas ... " Ao meditar essas palavras, tive um sonho ... Até sonhei em voz alta, para você ouvir as coisas lindas que imaginei. O que falaria hoje João Batista? Como traduziria ele em linguagem atual o seu "Preparai o caminho do Senhor?". O profeta do deserto de Judá, entre outras coisas, diria uma verdade simples como esta: Natal é o aniversário do Senhor Jesus. Vocês, homens, mulheres e crianças do século XX, com as suas compras, seus cartões de Natal, suas roupas novas, suas viagens à praia, fazem do Natal uma festa bonita, mas se esquecem do Aniversariante. Este ano, sonhei que tudo seria diferente. Os cristãos vão colocar Cristo no centro do Na tal. Todos aqueles que podem irão às igrejas ou capelas participar da Festa Eucarística, celebrando o mistério de Deus-conosco, em comunhão com a Igreja toda, meditando as leituras bíblicas, aproximando-se da mesa do Senhor. Será uma beleza! Aqueles que não podem frequentar as igrejas rezarão em casa, lerão o Evangelho do nascimento de Jesus, ou simplesmente rezarão o terço, meditando os mistérios da Infância ... E meu sonho continuou ... Este ano, o Natal será uma festa familiar. Minai de contas, a família é uma igreja doméstica. Os fiéis comemorarão o Natal em casa, com o presépio, a árvore, os presentes, os enfeites, a ceia ... O Aniversariante terá seu lugar - o primeiro - em todos os lares. Sem Ele, a festa fica vazia. Seria como cantar -16-


"Parabéns a você" sem o aniversariante ... Nas famílias, haverá paz, amor, fraternidade, amizade, e também reconciliação. Precisamos sempre de um pouco de reconciliação ... E vem o último capítulo do meu sonho. O Natal de 1979 será a festa da Paz e do Amor. O grande presente de Jesus à humanidade é a Paz. Jesus nos confia sua Paz. Enfim, neste Natal, os homens compreenderão que Deus é o Pai de todos, que somos irmãos, que a guerra é uma loucura, que é preciso menos armas e mais ajuda aos pobres. . . Como o "menino do dedo verde", onde os homens puserem a mão vão fazer brotar flores, flores de concórdia, de fraternidade, de paz, de amor, de compreensão ... Porque Natal é a festa do amor, antes e depois de 25 de dezembro, vamos multiplicar os gestos de amor, tais como visitar os doentes ou uma família necessitada, convidar à nossa mesa um amigo ou uma pessoa esquecida, promover uma festa para as crianças pobres ou para os presos. . . Já sei que temos muito que fazer no tempo do Natal. Por isso, comecemos pelo mais importante ... que é a celebração cristã do Natal. Passou meu sonho. Mas, se você quiser, meu sonho se tornará uma realidade. Pe. Alberto Boissinot Conselheiro Espiritual do Setor de Marília

o

Nascerá um Filho, que será um homem de paz . Ele será chamado Príncipe da Paz .. . (I Cr . 22, 9)

A paz será fruto da justiça e o fruto da paz a tranqullidade. (ls. 32, 17)

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A ORAÇÃO PARTILHADA ENTRE ESPOSOS

(Da Carta Mensal colombiana>

"É uma lástima que tantos casados limitem sua vida de oração a uma atividade individual". "Não há outro campo de nossa vida matrimonial que guardamos tão zelosamente para nós mesmos quanto a vida de oração". E poderia acrescentar-se: "Quantos de nós rezamos como casal, em casa?" Estas frases, lidas na revista "Liguorian" (1), resumem o que durante um ano esteve analisando nossa equipe, ao adotar como tema de estudos o folheto "Oração e Encontro". Uma de nossas primeiras conclusões foi: Que maravilha é poder partilhar com o cônjuge nossa espiritualidade!

O Pai Nosso teria podido começar: "Pai meu que estás no céu ... ", mas Cristo não o ensinou assim. Mais ainda, o Evanvelho nos diz que é mais fácil para o cristão salvar-se integrando-se nalguma forma de vida comunitária. Os próprios monges trapistas e cartuxos, várias vezes ao dia, rompem seu silêncio para, unidos em comunidade, orar. Por que, então, hesitamos em partilhar nossa vida espiritual com aqueles que nos são mais próximos? É provável que nossa resposta seja algo como: a tradição, o hábito, a timidez, o desejo de ter um Deus só para nós. No passado, aprendemos a rezar em comunidade e em voz alta, geralmente com fórmulas que, apesar de seu valor maravilhoso, foram se tornando rotineiras; somente a exigência que nos faz o Movimento conseguiu fazer com que rezemos em família, em voz alta e com nossas próprias palavras. (1)

"Liguorian" -

revista publicada pelos Padres Redentoristas em Liguori,

Missouri, USA.

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É verdade que as Equipes nos ensinaram a combater a rotina na oração; no entanto, como combater a timidez? Como superar esse receio de expor diante do outro nossos mais íntimos pensamentos espirituais? Quem sabe se o melhor não seria tomarmos consciência de que Jesus está conosco e procurarmos orar com simplicidade e humildade, tratando de partilhar nossas esperanças, nossos temores, nossas dúvidas, nossas necessidades e apoiar-nos no Evangelho, rezando com fé, com esperança e com perseverança.

Quando pedimos algo a Deus, quando nos encontramos verdadeiramente em dificuldade, não é verdade que nos sentimos mais animados e mais esperançosos sabendo que nosso próximo está unido a nós em oração? E acaso não é nosso 'c ônjuge nosso próximo mais próximo? É humano buscarmos ou oferecermos companhia quando ternos uma aflição ou uma grande alegria, quando celebramos uma ocasião importante. Não deixou verdadeira marca em nossa vida cada diálogo com Deus? E se não estamos sós mas temos nosso cônjuge ao nosso lado para apoiar-nos e complementar-nos nesse diálogo, não é verdade que temos melhores possibilidades de realizá-lo bem? É inegável que na oração nos aproximamos mais de Deus. Mas também é certo que, se partilharmos nossas experiências espirituais mais íntimas e profundas com nosso cônjuge, inevita.. i velmente nos uniremos muito mais como casal.

Gabriel e Gaby Ortega

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ANO MARIANO JUBILAR

De setembro de 1979 a agosto de 1980, a Igreja do Brasil celebra dois acontecimentos ligados à sua Padroeira: -

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o 75. 0 aniversário da Coroação da Imagem de Nossa Senhora Aparecida, em 8 de setembro de 1904, mediante permissão do Papa Pio X; o 50. 0 aniversário da proclamação da Senhora Aparecida como Padroeira do Brasil, segundo decreto oficial do Papa Pio XI, em 16 de julho de 1930, atendendo a solicitação de nossos Bispos.

A devoção a Nossa Senhora foi trazida para o Brasil pelos portugueses, quando D. João IV proclamou Nossa Senhora da Conceição padroeira de Portugal e de todas suas colônias. Em outubro de 1717, quando três pescadores, João Alves, Domingos Garcia e Felipe Pedroso pescavam no Rio Paraíba, encontraram, no local chamado Itaguassu, uma imagem de madeira de Nossa Senhora da Conceição, que passou a chamar-se desde então Nossa Senhora Aparecida. Levada para a casa de Felipe Pedroso, lá permaneceu por 15 anos, em tosco altar de madeira, num oratório onde, aos sábados, os devotos rezavam o terço, faziam promessas e tinham seus pedidos atendidos, muitas vezes de modo miraculoso. Em 1745, foi construída a primeira igreja a Nossa Senhora Aparecida, onde está a atual Basílica velha. Em 1888, foi substituída por uma maior e, em 1895, o Papa Leão XIII aprovou oficialmente o culto a Nossa Senhora Aparecida. No primeiro jubileu da Coroação, decidiu-se celebrá-lo a cada 25 anos. Neste Ano Mariano Jubilar (o 3.0 ) , muitas solenidades estão programadas, entre elas a inauguração da Nova Basílica Nacional, ato para o qual está sendo esperada a visita do Papa João Paulo II. -20-


CARTA

DE

UM

VIÚVO

Recebemos do Setor de Santos esta colaboração, que publicamos na íntegra, sugeríndo, como o autor, que, "nos diálogos à beira-mar"- ou em casa mesmo- marido e mulher troquem idéias sobre o seu conteúdo.

Estava pensando em vocês quando chegou o seu convite para novo descanso em Boracéia. Queria agradecer a remessa das iotos (ótimas) com uma mensagem que suprisse, na paz daquela praia, a presença física deste velho amigo. De fato, "a distância não separa os homens". Pode, quando muito, privá-los da convivência. A gente, mesmo distante, fica junto em espírito; não pela ubiquação, mas pela Graça que a todos une, os vivos desta terra e os ressuscitados da bem-aventurança. O perto e o longe não existem. Há entre este mundo e o outro unidade harmoniosa, diferente da unidade matemática, que compara grandezas e valores terrenos. Tudo vem de uma Harmonia preestabelecida, que coordena o que existe, agregando as coisas simples às complicadas. A separação estaria assim fora de seu alcance. Seria uma espécie de ausência fria, indiferente e ilimitada. Ora, o homem tem coração e alma. Dentro do seu corpo - feio, bonito, baixo, alto, defeituoso ou atlético - há uma consciência de pureza e unidade. Parece que, no seu todo, não existem separações. O homem integra a harmonia existente em todos os mundos.

--x-Ainda agora, as geadas de agosto poderiam induzir a certeza de que foi rompido o ciclo normal e harmonioso da natureza, confundindo as estações do ano. Nada disso. Apesar dos céus -21


poluídos, a primavera está chegando. Daqui estou vendo as árvores que plantei vestindo-se de novo. A seiva nelas trabalha em segredo, os seus tecidos se revigoram, surgem as primeiras folhas. Enfim, a gente percebe a força renovadora que faz o milagre de todos os dias - o da Harmonia na natureza. Não há solução de continuidade nos ciclos. A eclosão da primavera apenas recompõe o quadro festivo e harmonioso da Criação. Tudo obedece à ordem natural, sem o trabalho do homem. Que maravilha! - Não poderia também atuar, dentro de nós, a seiva dinâmica da Graça, vestindo-nos de novo, dando-nos força e compreensão renovadoras, para enxugarmos as nossas lágrimas e as lágrimas dos outros? Isto, em parte, depende de nós: Deus, pela seiva salvadora do Espírito, pode ajudar-nos a encontrar dimensões mais abertas e luminosas e roteiros seguros que nos tirem do abismo. Os pássaros, cantando aqui ao lado, já festejam a chegada da primavera. Até mesmo um humilde João-de-barro está cantando no chão. Todos se alegram com este céu azul, que desintegrou as brumas de ontem. Os passarinhos ensinam os homens a comemorarem a páscoa da natureza, a transformarem as preocupações e sofrimentos de ontem em primavera, em paz e alegria. Os espinhos em flores.

--x-Esse casal de joão-teneném, que está construindo na árvore em frente mais uma casa de gravetos entrelaçados, não briga, não repudia o cônjuge. Os desentendimentos são invenção humana. Enquanto os dois fazem sua moradia, sem alvarás e dis" córdias, os casais humanos têm suas provações, erros e crises. São incapazes de transigir e de desenvolver suas virtudes, visando à felicidade. As vezes permanecem juntos, mas em estado de animosidade. O casamento, hoje, é fonte de vergonha, de remorso, de angústia, de incompreensão e de arrependimento. Por isso todos nós tiramos do evangelho sofrido das nossas vidas as regras que o preservam. Eis algumas delas: A perfeição não existe no casamento. Na vida, as coisas emergem do imperfeito para a perfeição, mas esta não é atingida, nunca dos nuncas. O casamento é, no entanto, forma sublime de vida, coisa sagrada. O marido deve ser servido; a esposa, amparada e protegida. -22-


Ele e ela mantêm sua personalidade original básica. As dificuldades opostas pelo destino criam imprevistos e, apesar destes, as diferenças e dúvidas podem levar à harmonia. Sem o espírito de doação, nada feito. O amor é a base. Quando sustenta os dois, nasce daí a unidade, ou seja, a harmonia, festejada na terra e no céu. Os defeitos dos dois passam pelo crivo do amor. O que purifica as imperfeições é justamente o amor-doação. As doenças e os erros afetam a comunidade; se um membro erra, ou adoece, o outro sofre as conseqüências. Inventaram uma fórmula infalível do casamento: 2 x 2 100. Se um tem 98% de culpa e o outro 2%, - mas se este pede desculpa pelos seus 2%, então o desentendimento desaparece 100%. Com que cara fica então o outro, o que carrega a quase totalidade da culpa?

=

A série de preceitos é infinita. Não sei porque, neste meu 312.0 dia de viuvez, estou escrevendo estas coisas. Talvez por uma parcela de remorso ante minhas omissões do passado. Serei feliz se, com o meu testemunho, puder ajudar a felic:dade dos outros. A vida da família está em perigo permanente. Marido, mulher e filhos devem refazer pedacinhos de si mesmos, espalhados por este mundo afora, perto e longe de casa. Que venha Cristo para os lares. Esposo e esposa ''não são mais dois" - se antes o eram, agora são um único ser, são um em Cristo, - realizam uma comunidade. Casamento é instituição natural, coisa divina. Veio antes das leis e dos contratos escritos. Direito Natural é Direito Divino. Apesar disso, existe gente trombeteando riqueza, conforto, machismo, feminismo e. . . a "deliciosa" liberdade do divórcio! Mas gente que não conhece a paz, a harmonia do lar, a verdadeira liberdade, que é a de realizar o bem neste mundo. Gente que vive no vazio terrível.

--x-Um dia a morte rompe o vínculo. O vmvo mergulha então na perplexidade e na hesitação, ante a incerteza do seu destino. Só Aquele que quis o seu casamento poderá salvá-lo. Dou o meu testemunho, que dói muito, misto de tormento e paz. Compreendo que hoje seria, embora carregando minhas imperfeições, marido exemplar, caso Olguinha recuperasse a saúde. Nos dias da nossa cruz, sentíamos, de coração partido, como a doença terrível dia-a-dia aperfeiçoava nosso espírito de doação, -23-


dando-nos vigoroso impulso espiritual. Ela, poupando-me, o coração angustiado, escondia suas dores; eu, na ânsia da Esperança, daria minha vida para salvá-la. Deus, que me deu de comer "o pão das lágrimas", com bondade depois me ajudou. Não fez cair um furacão para destruir-me, mas fez desabar sobre mim tempestada passageira. Recebi , desde então, na medida certa, a capacidade para suportá-la. No momento em que verifiquei que a ciência dos homens, os recursos da medicina não curavam a esposa querida, e que ela, conformada, pedia fosse feita a vontade de Deus, percebi que contávamos com a presença do Espírito Santo. Presença que continua amparando a minha viuvez e que "não separa os homens", como leio em sua carta.

--x--

'.. ·

Com Olguinha ressuscitada, estou vivendo em paz os dias que me restam. No início não foi fácil. Lembro-me daquela madrugada de 15 de dezembro. Aqui retornei, salvo mas ferido, às 4 horas. Subi a rampa e abri a porta da casa. Que susto! Pareceu-me que a sala grande queria me sufocar, gelando-me o seu silêncio. Nem a luz que acendi penetrou no vazio deixado por quem era a razão de ser deste rincão entristecido. Hesitante, a princípio dormitei ansiado na poltrona empoeirada. Sensações arrepiantes não me deixaram dormir. Logo depois senti que não estava sozinho. Enxuguei as lágrimas, acendi a luz, li alguns textos do Evangelho. A partir daquele momento, Olguinha conseguira, do Alto, a ratificação da presença do Espírito Santo. De manhã, segui para Belo Horizonte, onde venci, em última instância, causa trabalhosa. -

Por que tanta Graça?

No casamento, marido e esposa se santificam... A morte traz apenas a separação física, a saudade crucificada. O relacionamento espiritual permanece na Harmonia divina, que une os vivos e os mortos. Estes, mais perto de Deus, tornam-se nossos anjos protetores.

--x-Perdi a esposa da terra e ganhei um anjo no Céu. Esta mudança é guinada para as coisas sublimes. . . Sinto na minha fraqueza novos impulsos. Esperava o outono triste, a decadência, e cedo está chegando esta primavera, que inspira aos homens o comportamento proveitoso. Há um destino sobrenatural a ser -24-

I

(


cumprido. Que o Criador me conceda humildade, caridade e forças para que eu possa ainda realizar algo de útil neste mundo. São de Saint-Éxupery, que vocês gostam de citar, estas palavras oportunas: "Quando tomamos consciência de nosso papel, mesmo o mais obscuro, só então somos felizes. Só então podemos viver em paz e morrer em paz, pois o que dá sentido à vida dá sentido à morte".

Agradeço o convite de vocês. Mas sigo para o Rio esta semana. Havia compromisso anterior. Breve aí estarei. - Sabem por que escrevi este testamento? Para que o analisem, na paz de Boracéia. Por caridade, perdoem minha prolixidade. Como vocês terão tempo de sobra, peço que, nos diálogos à beira-mar, façam reflexão sobre esta torrente de conceitos. Alegro-me com isso porque lá estarei presente, embora através desta carta. O amigo agradecido, Mário Aguas Santas, 27-08-78

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FALANDO DE NATAL

Que quer dizer N atai para você, homem da rua, que passa apressado, com o rosto enrugado de preocupação? E para você, moça comerciária que tem que fazer serão nesta época? E para você, criança, trombadinha das ruas, que namora as vitrines das lojas? E para o senhor, doutor de terno e gravata, o executivo dos anúncios comerciais? O que é o Natal? São os presentes frustrados, o orçamento esticado, o cansaço físico, o brinquedo roubado, a árvore repleta e a mesa fartíssima, a presença da solidão? E para você, que se diz cristão, o que é o Na tal? É a festa do nascimento de Cristo. Só isto? Vamos, o que é o Natal? É a árvore enfeitada, o presépio armado, os cartões, os presentes? Não, Na tal é o estado de espírito que todo cristão deve ter a vida inteira. É ser a gruta de Belém, o Presépio vivo, ter a presença de Deus em nós. É a tristeza de ver que o mundo colocou valores errados e distorcidos, é o absurdo de ver o Cristo esquecido. Ninguém se lembra dele. Estão todos ocupados com os presentes, as compras - com a parte material. E a oração, onde fica a oração? Que fazemos nós, cristãos? Ficamos de braços cruzados, guardando para nós o verdadeiro sentido do Advento? Vamos repartir com nossos vizinhos, parentes e amigos? Vamos semear a palavra de Deus em terrenos ainda não semeados. Façamos a novena de Natal, pelo menos para repartirmos com alguns o pouco que temos a dar. Vamos ajudar uma família pobre a fazer a sua ceia para festejar com alegria? Vamos fazer uma criança sorrir? Quem sabe, no ano que vem, com a nossa irradiação_de fé e alegria, possamos colher novas respostas: Natal é Luz. LNatal é a esperança que nasce com Jesus Cristo, nosso Salvador. Natal é sentir o Cristo presente em nós e transmiti-lo aos outros. , Vamos sorrir, é Natal!

Cristina e Sérgio Equipe 8 de Brasflla

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COMUNIDADES "VERTICAIS"

A -

Entrevista com Hélio e Lourdinha, da Equipe 44 São Paulo.

setor

Ouvimos dizer que vocês trabalham em uma comunidade de base "vertical" e gostaria de conhecer mais a respeito deste trabalho, quando e como começou. Carta Mensal -

Há 2 anos surgiu a idéia, lançada pelo Padre Afonso Pastare, de se iniciar as comunidades verticais, isto é, em prédios de apartamentos, abertas também a todos os vizinhos da mesma rua. Apesar de termos notícia de uma primeira experiência sem sucesso, começamos uma em nosso prédio. Hélio -

C.M. -Por que sem sucesso?

Hélio -

Achamos que foi por falta de um lugar neutro para as reuniões.

C.M.- O que vocês chamam de lugar neutro?

Hélio -

Um salão ou uma casa fora do prédio, onde as pessoas se sintam bem e possam ter mais abertura.

C.M. -

Pensávamos que estas reuniões fossem cada vez em um apartamento!

Hélio -

Realmente, no IniCIO era assim. Mas com o engajamento de novas famílias e o problema de que "na casa dos outros nem sempre se consegue total abertura", sentiu-se a necessidade de partir para o "local neutro". -27-


C.M.- Vocês alugaram ou compraram um imóvel?

Hélio -

Conseguimos adquirir uma casa nas imediações, com contribuições da paróquia, das demais comunidades irmãs e, em menor escala, da nossa comunidade. C.M. -

Com que freqüência vocês se reunem?

Hélio -

Temos reuniões para reflexão do Evangelho todas as terças-feiras, à noite. Missas às quintas-feiras, também à noite, alternando, em uma quinta-feira, a missa celebrada por um sacerdote da paróqua e, na outra, a liturgia da palavra e eucaristia conduzida por um dos maridos. C.M. -

Os maridos são diáconos?

Hélio -

Não. Apenas receberam licença do vigário para o ministério da palavra e da eucaristia, aqui.

Lourdinha -

Temos também a catequese das crianças. Quem dá as aulas são as próprias mães. Uma representante de cada comunidade comparece às aulas semanais na paróquia, que consistem em estudo e reflexão de um tema e orientação sobre os assuntos das aulas de catequese. Depois, cada uma reune as mães catequistas em sua comunidade e leva a elas a orientação recebida. C.M. -

Isto tem dado resultado?

Lourdinha -

Oh, sim! Temos dois grupos de crianças de 7 a 13 anos, aprendendo, entusiasmadas, a viver em comunidade o seu cristianismo.

Nossa catequese não visa apenas a preparação para a Primeira Eucaristia. Pro-curamos, antes de tudo, o engajamento da família na comunidade, para que os pais, juntamente com seus filhos , vivam o verdadeiro cristianismo na fraternidade. Após a primeira comunhão, todos continuam engajados nas atividades religiosas e as crianças nos seus cursos de catequese. Aos domingos, temos nosso almoço comunitário para os que estiverem em São Paulo e quiserem tomar parte. C.M. -

Como vocês organizam isto?

Lourdinha -

Cada família leva seu almoço e carne temperada para churrasco, colocando tudo em comum. Há divertimentos para as crianças e para os adultos: pingue-pongue, -28-


pebolim, futebol "no corredor", baralho, lousa para desenhar, bate-papo, etc. É uma delícia. C.M. -

Quantas famílias participam de sua comunidade?

Umas vinte famílias. O ideal para um bom entrosamento é, no máximo, 60 pessoas. Quando aumenta muito o número de pessoas numa comunidade, torna-se necessário desdobrá-la em duas. Não fazemos distinção de credo, e também recebemos desquitados, pois não nos cabe julgar a vida particular de cada um. ' Hélio -

C.M. -Quem coordena uma comunidade? É o Conselho, eleito cada 2 anos e constituído de cinco casais. Em cada nova eleição conservamos um casal do Conselho anterior para que haja continuidade de linha.

Hélio -

C.M. -

Como foi o início da sua comunidade?

Junto com o vigário e mais um casal daqui, fomos de porta em porta, nos três prédios deste conjunto de apartamentos, visitando e convidando as famílias para a Novena do Natal, que seria uma noite em cada apartamento. Depois, seguiram-se reuniões quinzenais para leitura de trechos bíblicos e reflexão sobre nosso procedimento do dia-a-dia em face deles. O resultado foi o início de um crescimento interior que nos levou a essa vida atual de fraternidade. Hélio -

Lourdinha -

Antes, aqui no prédio, mal nos cumprimentávamos. De quase estranhos, passamos a uma só e verdadeira família. Conhecemos as necessidades, os problemas e as alegrias de cada um e todos procuram se ajudar.

O ponto alto da comunidade eclesial de base é a nossa vida em fraternidade. Sentimos realmente uma vivência do reino de Deus que começa aqui na terra e que continuará em plenitude na vida eterna, com a presença do Pai, numa fraternidade sem limites! C.M.- Como é o nome de sua comunidade?

Hélio -

Chama-se São Camilo, e fica na Rua Cajaíba, n. 0 183.

Nosso endereço, para os que desejarem mais informações, é o seguinte: Rua Caiowás, n. 0 1.210 - apto. 95 - fone: 262-2024 - Sumaré, São Paulo. -29-


C.M. -

Agradecemos a atenção e esperamos que esta entrevista possa inspirar outros a seguirem a sua bela expe-

riência. (Entrevista colhida por Maria Enid Buschinelli)

o

No ta da Redação - A entrevista acima reflete a v1vencia de uma das 10 comunidades que existem na Paróquia de Vila Pompéia, em São Paulo, à qual estão subordinadas e de quem recebem orientação e apoio. Cada uma dessas comunidades tem o seu "conselho" e um dos membros deste conselho faz parte do Conselho Paroquial. Há, assim, unidade de espírito e entrosamento com a paróquia, embora cada comunidade tenha a sua fisionomia própria e flexibilidade de organização, de acordo com a sua composição. Funcionam portanto em perfeita sintonia com as "Diretrizes sobre a Pastoral das CEBs", da Arquidiocese de São Paulo, fi- . cando garantida a sua ligação com a Igreja Particular. Como se vê da entrevista, as atividades são várias. Todas as comunidades, em todos os níveis, têm periodicamente uma "Se'mana da Palavra" (várias por ano), com reflexões sobre o Novo Testamento. Cada comunidade exerce a sua ação dentro de sua área, variando tal atividade de acordo com a sua localização. Há assim, entre outras, o atendimento a famílias carentes, visitas aos doentes, catequese, preparação para a primeira eucaristia, preparação para o casamento - sendo que os noivos são recebidos nas casas e preparados pelos casais da comunidade designados para isto e com base num curso de preparação ao casamento -, etc. . .'

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OS ÓCULOS (De um folheto de Curitiba, chamado "Encontro", transcrito no "Equipetrópolls")

Já faz muitos anos. Os cinemas exibiram uma curta-metragem interessantíssima. Para vê-la, os espectadores recebiam uns óculos de cartolina branca com dois retângulos de papel celofane, um verde e outro vermelho. Recomendavam que não se tirasse os óculos durante a projeção, pois poderia ser prejucticial à vista. O pequeno filme dava a impressão perfeita de ter três dimensões. As bolas, as locomotivas, etc., pareciam saltar da tela em direção à platéia. Lá pelas tantas, não resisti à curiosidade: tirei os óculos para ver como ficava a fita sem eles. E não vi nada além de riscos e borrões confusos. Eu me lembro disso quando olho ao redor de mim e não compreendo o significado de movimentos incessantes que não levam a nada, de manchas deformadas de antigos valores, de traços firmes de aperfeiçoamento técnico, de pingos de desespero, de nódoas vermelhas de ódio e crueldade, tudo se movendo, aparentemente sem sentido algum. Então, coloco os meus óculos e tudo se ajusta. O sofrimento não é menos dolorido, mas já não é inútil. Através dele, muitos sobem degraus para a perfeição. As injustiças não são irremectiáveis pois existe quem restabelecerá a verdade. A humanidade não é mais um bando de mercenários matando e roubando uns aos outros, mas uma família de irmãos, alguns mais fracos , mais desajustados, mais precisados de auxílio. Esses óculos milagrosos estão sempre ao meu alcance - basta que eu coloque, numa armação de fé, as lentes da esperança e da caridade. -31-


APOSTOLADO

FOI A MIM QUE O FIZESTES"

(Mat. 25, 40)

Lá está à nossa espera aquele prox1mo recomendado por Jesus Cristo: sofredor, faminto , doente, envergonhado, roto, deseducado, mal cheiroso, e impertinente muitas vezes. Súplice de tudo: alimento, roupa, remédio, compreensão e até carinho. Carinho não só para a criança que traz em seus braços enfraquecidos, mas, principalmente, para aquela que, triste, vive em seu coração. Interessante: a dignidade com que carrega sua pesada cruz nos envergonha e humilha, fazendo a nossa, até então insuportável, parecer uma pluma. Sua humildade comovente fere a nossa sensibilidade, atinge nosso orgulho e nosso egoísmo, convidando-nos a meditar sobre as Bem-aventuranças. Seu olhar manso nos acompanha por toda parte, ora abençoando nossas boas ações, ora reprovando nossos excessos. Sob aquele olhar cheio de mistério, sentimo-nos intranquilos em nossas mesas fartas e no calor de nossos lares nas noites frias e chuvosas. O "SOM" é uma grande escola, onde muito se aprende, razão pela qual exige duras provas: coragem, paciência, renúncia, muito amor e bondade. O que é o "SOM"

Há cerca de dez anos, alguns casais da Equipe 2, desejosos de ajudar os mais necessitados, começaram a vender jornais velhos e garrafas vazias. Com o dinheiro apurado, adquiriam remédios e mantimentos, a fim de minorar as dificuldades de ai-32-


gumas pessoas mais próximas dos integrantes dessa equipe (o jardineiro, a filha da cozinheira, o menino vendedor de laranjas). Os necessitados cresciam em número, o entusiasmo da Equipe 2 se avivava, a cada dia. O seu exemplo chegou a tocar outros e surgiu o S.O.M. - "Serviço de Obras de Misericórdia". Começou a funcionar em duas salas da Igreja do Rosário e passou a fornecer alimentos, remédios, atendimento médico, encaminhamento para reg;stros civis e outros documentos, enxovais para recém-nascidos. Depois de algum tempo, o S.O.M. passou a funcionar em dependências da Congregação Mariana, chegando a atender 200 famílias. Percebeu-se, logicamente, a necessidade crescente de fundos. As Equipes dispuseram-se a realizar, a cada mês, uma programação em benefício dessa obra: chá, jantar, gincana, bazar de pechinchas. Novamente foi preciso entregar as dependências que haviam sido cedidas ao S.O.M. Resolveu-se então partir para a construção de uma sede própria. Mãos à obra. Participação entusiasta, não só dos equipistas, mas também de familiares e amigos. A fonte de renda mudou: a programação das Equipes limitou-se a uma por ano - a Noite de Queijos e Vinhos - e criou-se o sistema de contribuintes: qualquer pessoa pode contribuir mensal ou anualmente (taxa mínima: Cr$ 20,00). Deliberou-se diminuir o número de famílias atendidas (de 200 para 60), para haver mais tempo para ouvir e orientar as pessoas, com o objetivo não só de "dar o peixe" mas também de "ensinar a pescar". No último Natal, contrariamente aos Natais anteriores, quando os atendidos iam ao S.O.M. receber sua saca, os equipistas foram às suas casas, muitas delas de chão de terra, sem janelas, onde as camas são feitas de capim.

Morro acima . .. "No meio do caminho, respiração apressa, disse a mim mesma: mas por que subirmos este morro? Melhor teria sido entregarmos estes mantimentos e estes brinquedos na nossa sede. Contudo, já que havíamos iniciado a caminhada, melhor, a subida, fomos em frente. Levávamos, além das sacas preparadas pelo SOM, alguns brinquedos a mais, uma modestíssima arvorezinha de Natal (já estávamos antecipadamente constrangidas por levála) e um Novo Testamento (idéia de última hora ... ) . -33-


Lá em cima, o primeiro choque: a casa (mas que casa, meu Deus) era um cômodo de não mais de 10m2, onde moravam (moravam?) nove pessoas. Entregamo·s os presentes com os quais julgamos satisfazer nossa responsabilidade para com essa pobreza sem adjetivos, e recebemos em troca o testemunho de que há quem vá ao SOM e goste de fazê-lo apenas para desfrutar da boa acolhida em gestos e palavras, já que, não sendo cadastrados, sabem que não levarão nada de material! E, ao final da visita, o grande presente: a promessa de que, na Noite de Natal, aquela família iria rezar a Deus pelos casais das Equipes de Nossa Senhora, pelo muito que fazem pelos pobres. Sabemos que haverão de ter cumprido a promessa, tanto quanto estamos certas de que essas orações propiciaram bênçãos para as Equipes, sim, mas, sobretudo, para eles mesmos, que, em meio a tanta miséria e abandono, sabem agradecer e orar pelos seus irmãos. Assim vamos entendendo porque é deles o Reino dos Ceus." (Do Boletim de Petrópolis)

• Deus identificou-se com o faminto, o doente, o nu, o sem-lar; faminto não só de pão, mas de amor, de atenção, faminto de ser alguém para alguém; nu, não só por falta de roupa, mas por falta dessa compaixão que tão poucas pessoas sabem oferecer ao desconhecido; sem lar, não só por falta de um abrigo de pedras, mas sem uma pessoa que possa chamar de sua. Não devemos contentar-nos em dar dinheiro; o dinheiro não é suficiente, pois pode ser adquirido . 1!: das nossas mãos que os pobres necessitam para serem servidos, é de nossos corações que precisam para serem amados . A maior doença atual não é a lepra nem a tuberculose, mas o sentir-se indesejado, mal-amado e abandonado por todos. O maior pecado é a ausência de amor e de caridade, a terrivel indiferença para com o próximo que, à beira do caminho, é vitima da exploração, da corrupção, da indigência e da doença .

MADRE TERESA

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LIVROS

PUEBLA E OS JOVENS- UMA ESPERANÇA E UM DESAFIO- Pe. Carlos A. Schmitt Edições Paulinas, Coleção "Participar", 1979, 2'1- edição - Cr$ 45,00.

Precioso livrinho para nossos grupos de jovens. Trata-se de "reflexões e questionamentos para a juventude brasileira, a partir das conclusões da Conferência de Puebla". Linguagem bem simples e direta, apresentação bem variada dos temas, entremeada ou seguida de ótimas pistas de reflexão, individual ou em grupo, ou de perguntas para debate, capítulos curtinhos, algumas ilustrações. A primeira parte, "Puebla e seu espírito, visão geral da realidade latino-americana", é uma apresentação do tema (Depois de Medellin, Puebla - Tempo de Renovação e Esperança - Realidade em que vivemos - Obstáculos a superar - Visão nova que Puebla oferece - Opção preferencial pelos jovens). Na segunda parte, o autor, servindo-se da reflexão atual e encarnada na nossa realidade que Puebla proporciona, aborda os diversos aspectos da vida do jovem, suas aspirações e seus anseios, sua missão na Igreja e no mundo, oferecendo verdadeira oportunidade de catequese. Vejam os títulos dos capítulos: O ser-jovem hoje: algumas características - Tempo de reflexão e compromisso - Mensageiros da alegria - Os jovens, agentes da história - Construamos a "Civilização do Amor" - Cremos na força do Amor! - Quem é, para você, Jesus de Nazaré? - A Igreja que Jesus Cristo fundou - O homem, valor supremo da criação - Atitudes do jovem perante a Igreja - O jovem e a família - O jovem perante o futuro - Os ídolos modernos e os valores do Evangelho - Secularização x secularismo - Até que ponto somos hoje manipulados? - Formação do senso crítico - A importância da reflexão e dos grupos de juventude -35-


Espaço interior e chamativos externos - Aspirações e anseios do jovem de hoje - O jovem novo, segundo Cristo. Verdadeiramente, precioso livrinho! Tanto é que já está na segunda edição ... M.D. EDUCAÇAO SEXUAL -

SEUS FUNDAMENTOS E SEUS PROGRESSOS Paul-Eugêne Charbonneau - Editora Pedagógica e Universitária Ltda., 1979 - Cr$ 150,00.

Considerando que, no decorrer dos últimos anos, sobretudo nos fins de 1978, surgiu com maior intensidade entre nós o problema da educação sexual, o Pe. Charbonneau escreveu este livro, para pais e filhos, adultos e jovens, solteiros e casados. É costume confundir grosseiramente o sexual com o genital: nestas condições, é bem compreensível que se recuse ou se entenda mal a presença do sexual no homem. Daí a total desorientação de que somos testemunhas: amor-livre, ligações sem casamento, divórcio e casamentos se desfazendo por desarmonia sexual. Em sua recente viagem aos Estados Unidos, o Papa João Paulo II teve a coragem de se referir ao problema do homosexualismo e do sexo irresponsável, ameaçados de se tornarem "normais" na cultura ocidental. Este livro, abordando questões como a psicologia do homem e da mulher, a sexualidade para o adolescente, para o jovem, para o casal, vem nos ajudar a conhecer sem preconceitos este aspecto da maravilhosa engrenagem humana, tornando-nos aptos a melhor orientar nossos filhos, gerados com a finalidade de serem felizes, para melhor louvarem a Deus. D.P.S. MIL RAZõES PARA VIVER- MEDITAÇõES DO PE. JOS~ - D. Helder Câmara - Editor a Vozes, 3~ edição, 1979 Cr$ 100,00.

Se você ainda não comprou, aproveite o Na tal: é um presente cristão para a mulher ou para o marido, e para os amigos. Aprofunde suas razões de crer e de viver lendo e meditando esses poemas-preces escritos com a alma de quem vive, crê e ama em uníssono com Aquele que é a própria Vida. M.D. -36-


DESCUBRA O VALOR DO TERÇO- João Mohana Cr$ 55,00.

Edições Loyola, 1979,

Aproximadamente 50 páginas de reflexões, de esclarecimentos, mostrando-nos a riqueza espiritual do terço. Dirigido aos simples, isto é, aos batizados de qualquer nível cultural, porém simples de coração, Mohana nos propõe uma descoberta ou re-descoberta do terço. "O terço é tão pouco olhado na medula, é olhado com tanto preconceito histórico, que apenas os olhos de poucos percebem a seiva teológica, a autenticidade evangélica, a fertilidade psicológica e, em conseqüência, o peso pastoral que ele carrega." As orações do terço nos permitem uma verdadeira participação nos acontecimentos bíblicos. A moda de Virgílio com Dante, o Pe. Mohana decidiu pegar o leitor pelo braço, para, juntos, empreenderem uma viagem aos acontecimentos bíblicos fundamentais. Enquanto rezamos o terço, diz o autor, acompanhamos todo o peregrinar terreno de Jesus Cristo. D.P.S. EM ESPíRITO E VERDADE -

Haroldo J. Raham e Maria J. R. Lamego Edições Paullnas, 1978 - Cr$ 30,00.

O Pe. Haroldo e Maria Lamego têm o dom de falar de realidades sobrenaturais com a mais absoluta simplicidade. Trata-se, neste livro, das verdades fundamentais de nossa fé. Trata-se de contemplar, de adorar o Pai, o Filho, o Espírito Santo, a Santíssima Trindade. No silêncio do seu quarto, abra o livro e aprenda a ser mais um adorador "em espírito e em verdade".

M.D. A BíBLIA HOJE -

Alfred Lapple - Edições Paullnas, Coleção "Entender a Bíblia", 1979 - Cr$ 100,00.

O mundo da Bíblia é um mundo completamente diferente deste nosso mundo. Interessante para a história da civilização, o mundo bíblico é de importância fundamental para a vida espiritual da humanidade. Nos últimos cem anos, os arqueólogos têm trazido para mais perto de nós este mundo, tornando-o mais real. Estes conhecimentos ajudam-nos a descobrir a dimensão profunda da Bíblia e é isto o que Alfred Lãpple, em seu livro, nos comunica. Uma riquíssima série de fotografias, ilustrações, -37-


quadros e cartas geográficas torna o livro mais atraente. Pelo seu teor didático, este livro é usado em muitas escolas da Alemanha e da Itália. D.P.S. OS SALMOS- Tradução pelo Pe. Ernesto Vogt e D. Marcos Barbosa Edições Loyola, 1978 - Cr$ 70,00.

Estava fazendo falta uma tradução assim, ao mesmo tempo fiel ao original hebraico - o Pe. Vogt é um biblista de renome internacional, hoje Reitor do Pontifício Instituto Bíblico- e fluente e poética, como não poderia deixar de ser em se tratando de D. Marcos Barbosa. Excelente oportunidade de renovarmos nossa oração dos salmos. Formato fácil de manusear e preço mais do que acessível - é mais para uso pessoal ou para presentear os companheiros de equipe, pois trata-se de uma edição simples. M.D. COMBATENDO NO ESPíRITO -

Paulo Cesar da Silva e Wilma A. Tirelli da Silva - Edições Loyola, 1979 - Cr$ 60,00.

Escrito por um casal cristão, em que marido e mulher aprenderam a viver juntos seu cristianismo e nos querem ajudar com sua experiência "na caminhada com Deus e para Deus". De leitura fácil e agradável, um livro para os casais que desejam crescer na sua vida espiritual e um guia ótimo para meditação e exame de consc'ência. Excelente também para recolhimentos, quando não se tem pregador. M.E.B. VIDA DE CRISTO -

Contada para os homens do nosso tempo, por Garofalo, Piccinillo, Gregori, Cascio e Coacci - Edições Paulinas, 1977 - Cr$ 400,00 .

Um jornalista, um pintor, um fo-tógrafo, um arqueólogo e um biblista uniram seu trabalho e seu talento no desejo de redescobrir Jesus Cristo de um modo mais autêntico e sincero. E sobretudo no espírito mais condizente com os nossos tempos. Se você estiver disposto a gastar um pouco mais, um lindo presente para qualquer época do ano, mas principalmente no Natal. D.P.S. -38-


NOTíCIAS DOS SETORES

RIO DE JANEIRO -

Reunião dos Conselheiros

Recebemos de Mary-Nize e Sérgio, Responsáveis pela Região Rio de Janeiro, a notícia do primeiro encontro dos Conselheiros Espirituais da Região. Cada Setor costuma reunir seus Conselheiros, mas era a primeira vez que se programava um encontro a nível de Reglão. Todos os Conselheiros receberam de Mary-Nize e Sérgio e do Pe. Almeida, Conselheiro Espiritual da Região, uma circular-convite com a pauta dos assunto-s a serem debatidos, pauta "pesada", constando de 3 itens principais, cada um deles com três perguntas. Vejam algumas:

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Questões levantadas na Carta da ECIR aos Conselheiros Espirituais

Profundas transformações ocorreram no mundo e na Igreja nos últimos cinco anos. Qual a influência destas transformações na vida dos casais cristãos de sua região e, em particular, na vida dos casais das Equipes de Nossa Senhora do seu Setor? Quais, por conseguinte, as necessidades atuais dos casais equipistas do seu Setor: em quais domínios de suas vidas conjugais, familiares e apostólicas têm eles maior necessidade de ajuda em nossos dias? As ENS dão esta ajuda? Poderiam fazer melhor? Como? -

Questões de Pastoral Familiar

Em referência ao n.0 608 do Documento de Puebla (texto definitivo), que atitudes devemos tomar diante dos casos concretos de "uniões matrimoniais de fato" e das famílias incompletas? Em referência ao Apostolado, como temos procurado manter o equilíbrio entre ação e vida espiritual em nossas equipes? -39-


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Vocação equipista e opções de Puebla

Em 'dias de Puebla', como alimentar nos Conselheiros e dirigentes das ENS a unidade de pensamento e ação em torno dos objetivos de aprofundamento espiritual? Como encarnar nos equipistas o sentido de Opção prioritária pelos pobres e pelos jovens?

Presentes 18 Conselheiros Espirituais, dos Setores do Rio e de Niterói, que demonstraram grande entusiasmo e foram da opinião unânime que deverá ser repetida essa reunião mais de uma vez por ano, sugerindo que a data fosse marcada com maior antecedência (esta o foi com apenas 10 dias), para possibilitar o comparecimento de todos eles. Foi um encontro sério, todos muito interessados em participar. Encerrou-se com "profunda oração de agradecimento", seguida de gostoso jantar, em ambiente alegre e descontraído. A reunião foi decididamente um sucesso e Mary-Nize e Sérgio e o Pe. Almeida repetiram a dose em novembro, em Friburgo, bem como o Pe. Almeida, sozinho, em Belém e Manaus, também em novembro, onde pregou retiros para os equipistas das duas cidades. -

Outras

Realizou-se, na segunda quinzena de outubro, uma inter-equipes, sobre o tema Justiça e Paz. Enquanto, nos anos anteriores, todos os casais da região participavam em conjunto, este ano, os Setores misturaram "dois a dois" os seus casais (A com C, e B e D com E). Programado para novembro um dia de palestras sobre a nova pedagogia e estudos para reciclagem dos casais pilotos e de ligação da Região que não puderam participar dos Encontros realizados em Niterói e Petrópolis. -

Noites de oração

A noite de oração de outubro, organizada pela Equipe 3 do Rio, teve como tema: A esperança cristã. As noites de oração no Rio de Janeiro são realizadas duas vezes por mês: nas segundas 2as.-feiras, na zona sul, organizada pelos Setores A e C, alternadamente, e, nas últimas 2as.-feiras, na zona norte, revezando-se na sua organização os Setores B e D. Há sempre a presença de um sacerdote e, no final, é distribuída a Sagrada Comunhão. -40-


SAO JOS~ DOS CAMPOS -

Equipinha

Recebemos de Ana Luiza e Alvaro, casal lnformador do Setor, a seguinte noticia, que muito agradecemos:

A experiência com a instalação de uma equipinha continua com pleno êxito. Coordenada por Maria Helena e Falcão, a equipinha compõe-se de 8 jovens, moças e rapazes, com mais de 14 anos de idade. Funciona nos moldes de nossas reuniões de equipe, com algumas adaptações. Há uma reunião mensal, antecedida de uma reunião preparatória. Os meios de aperfeiçoamento são quatro: presença à reunião, leitura do Evangelho, regra de vida, missa semanal. Um rapaz e uma moça são indicados pelo grupo para serem os responsáveis do ano. A reunião começa com a leitura do Evangelho, segu;da de troca de impressões sobre o que foi lido. O tema escolhido para discussão diz respeito a um assunto do interesse dos jovens. Esta etapa normalmente se confunde com a co-participação. Em face do êxito da equipinha, o Setor já cogita de organizar outra, o que deverá ocorrer no próximo ano.

LONDRINA -

Apostolado paroquial (e outros)

Entusiasmados com a atuação dos equipistas da 9 na sua paróquia, transcrevemos para vocês seus engajamentos. Vimos no Boletim que a 11 não fica muito atrás, com a diferença que são diversas as paróquias: - um casal atua nos Círculos Bíblicos de sua paróquia (além de ser casal responsável pela informação e expansão do Movimento, e responsável da equipe pela segunda vez) - outro toma parte ativa nas promoções e na liturgia de sua paróquia (além de atuar na pastoral familiar, na equipe que promove os cursos de noivos) - outro atua na pastoral familiar de sua paróquia (além de ser o casal líder da Escola de Pais e ministrar cursos sobre educação de filhos para grupos de casais em paróquias, escolas, entidades) - outro é coordenador de setor na sua paróquia e colabora na liturgia -

outro colabora ativamente na liturgia de sua paróquia.

Se quiserem, mandem seus "currículos", veremos quem ganha de Londrina! -41-


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Puebla em palestra

Durante a tarde de reflexão promovida pela Coordenação, Cyrillo, da Equipe 4, falou durante 50 minutos sobre "O Documento de Puebla e a Família". Interpretando o aspecto prático das conclusões de Puebla, concitou os equipistas a participarem ativamente da evangelização, exatamente por serem equipistas e, nesta qualidade, os primeiros com o dever de serem agentes leigos de evangelização na Igreja particular onde Deus os colocou.

PETRóPOLIS -

A nova pedagogia

Realizou-se, no Convento Madre Regina, um Encontro de Casais Pilotos e de Ligação, visando a implantação da nova pedagogia. "Casais de Belo Horizonte, Juiz de Fora, Valença, Rio de Janeiro, Niterói, Petrópolis e São Paulo enriqueceram-se mutuamente durante três dias. As quatro palestras estiveram a cargo de Mary-Nize e Sérgio, Elfie e Dragan, Glória e Payão e Frei Neylor. Pela primeira vez, todas as equipes de Petrópolis colaboraram direta e efetivamente para o êxito do Encontro, participando da Vigília, confeccionando lembranças e redigindo mensagens aos equipistas participantes. Motivo de grande alegria foi a presença de D. Manoel Pedro da Cunha Cintra, que conduziu, com a felicidade de sempre, a meditação da noite de sexta-feira". Numa "extensão" desse Encontro, o Setor programou uma série de encontros, em outubro e novembro, para os responsáveis de equipe, pilotos e ligações debaterem juntos e se orientarem quanto à nova metodologia. Os dois primeiros realizaram-se nos dias 11 e 25 de outubro, no salão paroquial da Catedral, com a presença de Frei Orlando Bernardi, Conselheiro Espiritual do Setor. -

Orientação familiar

Recebemos em setembro notícia de que estava "em estudo um apostolado do Setor para assistir casais e pessoas necessitadas de convívio e conselho para solução de problemas" e que receberíamos detalhes em breve. Continuamos aguardando, com muita esperança, as prometidas notícias.

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Assim se faz uma capela

Graças à mão forte que os equipistas, principalmente os da 10 e da 14, do Frei Antonio Moser, deram em junho, foram lançadas em setembro as fundações da nova capela da localidade de Rio do Ouro, na Serra Velha, onde Frei Antonio é "vigário aos domingos", "pela graça de Deus e pelo incentivo de suas equipes". Ainda vamos contar-lhes como foi a história toda, através da pena do interessado. Por enquanto, saibam que, para possibilitar a realização do sonho do vigário - celebrar a missa de Na tal no meio dos andaimes -, todos trabalharam de novo para valer em outubro. BRASILIA -

Novo "furo"

Repetiram nossos irmãos de Brasília a façanha de três anos atrás, quando publicaram o Discurso de Paulo VI às Equipes de Nossa Senhora. Novamente, em absoluta primeira mão, o Boletim de Brasília publicou o discurso do Papa João Paulo 11 aos membros do Conselho Internacional das Equipes. O discurso foi pronunciado no dia 17 de setembro, publicado no "L'Osservatore Romano" de 23 e já saiu no Boletim de outubro. Quanto a nós, só conseguimos encaixá-lo nas provas da Carta Mensal de novembro ... -

Nova equipe

Iniciou em setembro mais uma equipe em Brasília, a 21.a. Escreve o Casal Piloto, Sofia e Angelo: "Um pouco além do Plano Piloto, lá no Guara 11, brota uma nova Equipe de Nossa Senhora em Brasília. Nasceu mais uma equipe com gente nova, que procura reunir-se em nome de Cristo, viver uma vida comunitária cristã e assim tentar dar uma resposta ao chamado de seu Mestre, apoiando-se na Mãe Comum, Maria, para testemunhar que o Senhor continua fazendo maravilhas." JUIZ DE FORA -

Equipistas na APAC

Através dos casais Geralda e Caetano e Ruth e Antonio Carlos, da Equipe 6, as Equipes se fizeram presentes desde os primeiros contatos, em 1978, que culminaram com a fundação, em Juiz de Fora, da APAC - Associação de Proteção e Assistência ao Condenado - entidade destinada a prestar assistência aos encarcerados. -43-


Como se sabe, a entidade tem suas origens em congênere criada em São José dos Campos, onde tem prestado relevantes serviços, num trabalho pioneiro de recuperação dos que se encontram em débito com a sociedade. Tendo por base o apostolado cristão, a entidade sustenta-se na ação de casais que se disponham a exercer seu apostolado dentro dos princípios que norteiam a Pastoral dos Encarcerados. Caetano foi escolhido para presidir a Diretoria e Antonio Carlos foi eleito membro efetivo do Conselho Deliberativo. JAO -

Cônego Pedro Prior

Recebemos notícia de que o Con. Pedro Rodrigues Branco, Conselheiro Espiritual do Setor e das equipes desde a fundação do Movimento naquela cidade, foi nomeado primeiro Prior da Ordem Premonstratense no Brasil. A antes Província brasileira está agora desvinculada da casa central na Bélgica: esteve no Brasil o Abade Geral, para efetivar a "independência"; o Con. Pedro foi eleito primeiro Prior, cargo que corresponde ao de Abade Geral, e Jaú está abrigando a casa central da Ordem no Brasil. Parabéns ao querido sacerdote e amigo! JACAREf -

Instalação do Setor

Recebemos do Setor notícia da passagem da Coordenação a Setor, com missa de ação de graças concelebrada por Mons. Sebastião Faria e pelo Cônego Borges, acolitado pelo Diácono Adernar. Presentes, além das 7 equipes da cidade, Véronique e Jacques Six que, anos atrás, introduziram o Movimento em Jacareí, tendo sido pilotos da Equipe 1. !rene e Dionísio deram posse a Adilson e Cleusa como responsáveis pelo novo Setor. Mons. Sebastião falou da importância do Movimento no mundo inteiro, particularmente para a família, e salientou o caráter de amor e disponibilidade de que se reveste a missão dos novos responsáveis por equipes, bem como dos responsáveis pelo Setor. VALENÇA -

Grupos paroquiais

O casal Maria José e Cesar já entrou em contato conosco, enviando-nos alguma notícia da Coordenação de Valença, que conta com quatro equipes. Quatro equipes que não dormem no ponto, pois já se "desdobraram", por assim dizer, em quatro grupos paroquiais de casais.

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Com a ajuda de quatro casais, o Pe. Pedro Higino Dias, Conselheiro Espiritual das Equipes 1 e 2, idealizou esses grupos, que contam cada um com 6 a 8 casais interessados num melhor aprofundamento da vida matrimonial à luz do Evangelho. As reuniões, que têm lugar uma vez por mês, são em moldes mais simples que as das Equipes.

Aguardamos maiores detalhes!

S.AO CARLOS -

Frutos das reuniões de oração

Transcrevemos do Boletim o seguinte trecho, comunicação da Equipe 3: "Com imensa alegria, afirmamos que continua atingindo o objetivo proposto o encontro semanal de oração que estamos realizando. Queremos destacar três pontos importantes, preciosos frutos colhidos pela nossa equipe:

1. a descoberta das riquezas que exaurimos no contato com o Cristo vivo, através de suas palavras no texto evangélico; 2. a seiva preciosa que absorvemos no estudo dos ensinamentos de Cristo, que nos transforma e insere nEle, dando-nos a oportunidade de testemunhá-lO junto aos nossos filhos, fami· liares e amigos; 3. a amizade fraterna, que semanalmente é revivida de maneira admirável no amor do Cristo e que, ao envolver-nos cada vez mais, nos une e nos faz crescer mutuamente no caminho da santificação. Um conselho: experimentem - e verão o resultado." -

Como conseguiram

A Equipe 8 explica, no Boletim, como fez para ganhar o troféu no Concurso Bíblico organizado pelo Setor no dia 1.0 de setembro: "O casal responsável dividiu o Novo Testamento em partes, e cada um dos membros da equipe ficou com um trecho determinado. Como poderia acontecer - e aconteceu -, alguns, por razões plenamente justificáveis, não puderam comparecer ao Concurso, mas essa situação também fora prevista pelo nosso responsável que, além da sua parte, ficou com a coordenação geral das partes. -45-


Como podem observar, não foi tanto 'a sorte' que contou, como disseram, e sim a preparação. E, com esse preparo, quem acabou ganhando fomos nós, que aprendemos mais coisas do nosso Pai celeste."

VALINHOS/VINHEDO -

Retiro

Com a participação de 22 casais, realizou-se, na casa de retiros do Mosteiro de São Bento, em Vinhedo, o retiro do Setor, pregado pelo Pe. Leopoldo Von Liempt, Conselheiro Espiritual das Equipes 4 e 6 de Valinhos, sobre o tema "Caridade e Amor". A equipe 6 de Valinhos, encarregada de toda a organização, "saiu-se maravilhosamente bem." -

Tarde de estudos

O Setor promoveu uma tarde de estudos que constou de:

- pesquisa entre os presentes visando a apresentação de críticas e sugestões ao Setor, sugestões e críticas essas que estão sendo estudadas para incorporação na nova programação do Setor; - palestra sobre "PuebZa - Uma visão geral", a cargo do Pe. Ercilio Turco e de D. Martinho Roth, Conselheiros Espirituais de várias equipes; - palestra sobre a nova pedagogia, pelo casal Ruy e Maria Lúcia. Estiveram presentes e participando 30 casais. -

Em prol do Centro Comunitário

As Equipes de Vinhedo, em conjunto com os Vicentinos, realizaram uma grande "Festa da Amizade", com a finalidade de angariar fundos para a construção do centro comunitário do Jardim Três Irmãos. Escrevem Adalgiza e José, casal encarregado do noticiário e boletim (que está para sair), a quem muito agradecemos as notícias: "Foi uma festa magnífica, com a participação de toda a comunidade vinhedense, numa colaboração deveras animadora e numa participação cristã das mais elogiáveis, angariando uma bela soma inicial para a construção do primeiro marco da célula inicial da comunidade do Jardim Três Irmãos."

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COORDENAÇÃO DO GRANDE ABC -

Várias

Durante o ano todo, a Equipe 4 esteve reunida todas as segundas-fejras para suas costumeiras reuniões de formação, tendo aprofundado o Documento de Puebla. Regozijando-se com a visita de um casal antigo companheiro de equipe, Roque e Kikina, que moram nos Estados Unidos e ingressaram numa equipe lá, os equipistas comunicam, aos que porventura quiserem procurá-los por ocasião de uma eventual viagem, seu endereço em Nova York: Roque Antonio e Josefina Vargas 775 East Main Street MOUNT KISCO, 10549 N . Y.

NOVAS EQUIPES Brasília

Equipe 21 - Casal Piloto: Sônia e Angelo; Conselheiro Espiritual: Pe. Salvattore Sotille. Lins

Equipe 7 - Nossa Senhora de Fátima - Casal Piloto: Therezinha e Paulo; Conselheiro Espiritual: Pe. Antonio dos Anjos Salvador. Petrópolis

Equipe nova 4 - Casal Piloto: Gilda e Arthur; Conselheiro Espiritual: Mons. Paulo Daher. Piracicaba

Equipe 1 -Nossa Senhora Auxiliadora- Casal Piloto: Arany e Mira; Conselheiro Espiritual: Pe. Manoel Pinto Pereira. Equipe 2 - Nossa Senhora de Fátima - Casal Piloto: Cida e Mário; Conselheiro Espiritual: Pe. Antonio Feltrin. Faz tempo que não publicamos equipes novas. Ora, sabemos que não pode haver só essas. Por que não comunicam??? Por outro lado, dados incompletos não resolvem. Por exemplo, soubemos que começou uma equipe em Castanha!, PA, mas só temos o nome do casal piloto . Soubemos também que foi lançada a equipe 8 de Manaus, sem mais ...

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EIS QUE ELE VEM

TEXTO DE MEDITAÇAO

No tempo do Advento, a Igreja une-nos de modo particular a Maria Santíssima. Ela, de fato, é para nós de grande exemplo naquela expectativa da vinda de Cristo que permeia todo este período. Nela, desde o momento exato da Encarnação do Verbo, tal expectativa assume forma concreta: torna-se Maternidade. Sob o seu coração virginal . palpita já a nova vida: a vida do Filho de Deus, que se tornou homem no seu seio. Maria é, toda Ela, Advento! E eis que a vemos, depois da Anunciação, dirigir-se da Galiléia para o sul, a fim de visitar a sua prima Isabel, em Ein-Karem. Ali, precisamente, à entrada da casa de Isabel e de ' Zacarias, seriam pronunciadas as palavras que nós repetimos cada vez que saudamos Maria: "Bendita és Tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre." JOAO PAULO 11

SALMO 11'7 B

Abri-me as portas da justiça: entrarei e darei graças. Eis aqui a porta do Senhor: por ela o justo entrará. Graças vos dou, pois me atendestes e fostes para mim o Salvador. A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isto é obra do Senhor, admirável a nossos olhos. Eis o dia que o Senhor fez, dia de alegria e regozijo!

. .··.

Dai-nos, Senhor, a salvação, dai-nos, Senhor, a vitória! Bendito o que vem em nome do Senhor! Desde a casa do Senhor vos bendizemos!

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. _,.'


CRISTO veio ao mundo para ser a riqueza dos pobres a alegria dos tristes e a vida de todos.

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NATAL é qualquer dia do ano em que um homem se aproxima de outro homem para chamar-lhe irmão e tratá-lo como IRMÃO.


EQUIPES DE NOSSA SENHORA Mov imento de casais po r uma esp iritua lidade conju gal e familiar

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