ENS - Carta Mensal 1978-2 - Abril

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NC? 2 Abril

Deixemo-nos conquistar . . .. .. ...... . ... .... . . Oração de Paulo VI pelas vocações

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Mensagem para o Dia Mundial das Vocações

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Pedindo a graça de uma vocação . . . . . . . . . .

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A ECIR conversa com vocês . . . . . . . . . . . . . . .

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As coisas importantes da vida . . . . . . . . . . . . . .

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Escolher o Cristo é escolher a justiça . . . . . .

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lntranquilidade .... . . . ...... . ... . ... ... . .. ... .

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Recado aos pais dos "meus filhos" . . . . . . . . Critérios para um casamento .. . ... . .. . .... .

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··· · ······ · ········· ················· Adoção Um banho de deserto ...... . .. . ..... . ...... .

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Guerrear ou construir? ··· ···· ·· ··· ···· ·· · ···

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Testemunho ···· ··· ··· · · ·· · ···· ··· ··· ·· Notícias dos Setores ... . ... . . . . Escolher o Cristo ... . ... . ... . ... . . . . .. ... . . .

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Alegria é oração - alegria é força - alegria é amor alegria é uma rede de amor na qual pegamos as almas. Deus ama aqueles que dão sorrindo. alegria dá mais.

Aquele que dá com

A melhor maneira de mostrar a Deus e aos homens a nossa gratidão é aceitar tudo com alegria. Um coração ardendo de amor é um coração alegre. Não deixem nunca coisa alguma angustiá-los a ponto de esquecerem a alegria da Ressurreição do Cristo. Todos nós aspiramos a ir para o céu , onde está Deus, mas podemos estar no céu com ele desde agora - estar felizes com ele desde este momento. Mas estar feliz com ele quer dizer: amar como ele ama, ajudar como ele ajuda, dar como ele dá, servir como ele serve, salvar como ele salva, estar junto dele em todas as horas do dia, tocá-lo sob o manto da dor.

Madre Teresa de Calcula


EDITORIAL

DEIXEMO-NOS CONQUISTAR

Recordem vocês, por um momento, aqueles dias em que se encontraram e os momentos em que tomaram a decisão de fundar juntos um lar. Rememorem como foram conquistados por aquele sorriso radiante, pela luz daquele olhar. . . pelo brilho de uma inteligência, o fervor de uma fé, a generosidade de um c<>ração. . . Pela alegria de viver e de construir juntos. . . Quantas promessas, quantos apelos! E, para sobrepujar a apreensão do futuro, aquela confiança no outro, para assumir o risco de engajar definitivamente a própria liberdade. Esta sedução atingia em vocês o "eu" mais profundo, despertava a capacidade de doação, de amor, de uma dedicação de que talvez nem mesmo suspeitassem. Poder-se-ia por acaso dizer que, sob a influência daquele amor, tinham abdicado de si mesmos, da própria liberdade? Não o creio. Por que teria eu rememorado aquilo que vocês poderiam dizer muito melhor do que eu? É porque vocês têm aí um meio para compreender a maneira pela qual Deus age em nós, sem destruir em nada a nossa liberdade. Quando Jeremias dizia: "Tu me conquistaste, Senhor, e eu me deixei conquistar" (20, 7), o seu coração estava dividido. Ele se lembrava com que enlevo tinha-se deixado apoderar por Deus, mas sabia as provações em que a sua fidelidade o tinha lançado (15, 16-18). Outros profetas tiveram consciência de estar cedendo à sedução divina e exprimiram a mesma queixa. Jó revolta-se ante a desgraça imerecida e atira contra Deus o seu escândalo, mas, do fundo de seu coração dilacerado, continua fascinado por Deus e o amor vence a revolta. Como estes homens do Antigo Testamento, não somos nós também atraídos por Deus e ao mesmo tempo retidos por sentimentos de inquietação, de apreensão? Temos sempre necessidade de descobrir em Jesus a verdadeira face da ternura divina. -1-


Desde os seus primeiros encontros com aqueles que irão se tornar os Doze, Jesus exerce bastante atração, inspira bastante confiança para que esses homens simples e rudes tudo abandonem para o seguir. Mas foi preciso a luz da Ressurreição para consolidar a fé e sustentar a coragem daqueles que tinham sido os seus mais íntimos companheiros. E foi preciso ainda que o Espírito Santo se apoderasse deles para que se entregassem plenamente a Jesus. · São Paulo, qua:p.do encontra Jesus, o Ressuscitado, entrega-s~ inteiramente a ele e por ele renuncia a tudo o que tinha sido o seu orgulho, a sua segurança. Ele mesmo foi "conquistado" por Jesus Cristo (Fil 3, 12) e dali por diante esforça-se por conquistá-lo ainda mais. Nós também, deixemo-nos conquistar por Cristo. Ao procurá-lo, vivo, no Evangelho, como um amigo, ouvindo-o e com ele falando na oração, deixemos que ele atinja em nós o mais profundo de nós mesmos, o nosso verdadeiro "eu". Deixemos que ele sacuda nossos receios, nossas inércias, nosso egoísmo e nossos desalentos, deixemos que ele desperte a esperança, aqueça o nosso coração, reforce nossa capacidade de amar, nos conduza para nossos irmãos, faça cantar em nós a alegria dos filhos de Deus. É este, sem dúvida, nosso mais íntimo desejo, nossa aspiração mais profunda; mas este desejo de vida, esta vontade de amar, quantas vezes os deixamos submersos, ocultos, sufocados sob o peso das preocupações e a multidão das solicitações! Procuremos em Jesus a verdadeira face de Deus, bem mais fascinante do que o pressentiam os profetas. Se "Deus é amor", por que recearíamos ser conquistados por Ele? Deixemo-nos guiar pelo Espírito nesta descoberta de Jesus. Ele nos conduzirá para este verdadeiro conhecimento que é comunhão com Cristo no seu Mistério. Ora, "onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade" (2 Cor 3, 17). Esta ação do Espírito, que chamamos graça, é apelo à vida, ao impulso da liberdade como, para cada um de vocês, o encontro do outro era promessa de alegria, despertar de um amor. Quanto mais deixarem que o Cristo os conquiste e os leve a conquistar a liberdade, tanto menos serão vulneráveis a estas seduções que eram evocadas por S. João: "a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a confiança orgulhosa nos bens" (1 Jo 2, 16), seduções estas que tantas vezes se assemelham ao dinheiro, ao conforto, ao sucesso spcial, ao poder ... Deixem-se conquistar por Cristo. Ajudem-se um ao outro em acolher o desejo de Deus que o Espírito faz surgir no recesso do nosso coração e que, quando sozinhos, muitas vezes não ousa-

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mos ouvir. É ele que alimenta a nossa oração. "Tua ambição é a oração; se tua ambição é contínua, contínua será a tua oração", escreve Sto. Agostinho. Deus estará no íntimo de cada um de vocês, na intimidade do amor que os une. Despertará em vocês inspirações talvez um pouco entorpecidas, abrandará o que sofreu um endurecimento com o tempo, dará nova generosidade aos impulsos dos seus corações. Não é possível que a irradiação da graça divina na personalidade de cada um de vocês não lhes venha dar maior luminosidade ao olhar, nova ternura ao coração. Possamos nós acolher o dom de Deus e deixar-nos atrair pelo Cristo Jesus. "Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o atrair" (Jo 6, 44). "Quanto a mim, quando for levantado da terra, atrairei a mim todos os homens" (Jo 12, 32).

Yves Le Chapelier

Procurei minha alma, mas não a pude ver. Procurei meu Deus, mas esquivou-se de mim. Procurei meu irmão . . . e achei os três.

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Cristo precisa do teu amor Ele pede tua coragem Ele te escolheu para sua herança Ele espera tua resposta. Senhor, pelo Batismo vós nos chamastes à santidade e à cooperação generosa na salvação do mundo. Na messe, que é tão grande, auxiliai-nos a corresponder à nossa missão de membros do Povo de Deus. Qualquer que seja o chamado, que cada um de nós seja verdadeiramente outro Cristo no meio dos homens.

ó Senhor, por intercessão de Maria, Mãe da Igreja, concedei-nos o dom misericordioso de muitas e santas vocações sacerdotais, religiosas e missionárias de que a Igreja necessita. Paulo VI

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MENSAGEM PARA O DIA MUNDIAL DAS VOCAÇCES

Toda a Igreja, de um polo a outro do mundo, a rezar pelas vocações! Que maravilhoso espetáculo de unidade e de fé! De unidade, porque a Igreja, esteja onde estiver, tem uma só mesma razão de ser: a salvação dos homens pela redenção de Cristo através do sacerdócio católico. De fé, porque a Igreja acredita, firmada na palavra de seu fundador, Jesus Cristo, que a oração pelas vocações é eficaz. "Pedi e recebereis" (Jo. 16, 24). "Pedi ao Senhor da Messe que mande operários para sua roesse". (Mt. 9, 38). Entremos todos no coro universal de orações. Rezemos fervorosamente: nas paróquias e capelas, nos colégios e escolas, nas famílias e conventos, orações individuais, comunitárias, litúrgicas, principalmente a oração do Sacrifício Eucarístico. Peçamos que Nosso Senhor repita o gesto de amor infinito que teve outrora ao chamar um por um os apóstolos, os discípulos. Seu olhar bom e compassivo percorra nossas comunidades, aconchegadas no lar para a oração ou unidas na igreja para a Missa. E escolha, e chame, e faça, pela graça penetrante que ~1tinge a alma, seja aceito o convite de amor que é a vocação! Depois, sejamos coerentes. Tendo rezado pelas vocações, não nos oponhamos a que elas vicejem, floresçam e frutifiquem. Não as sufoquemos com argumentos falaciosos e mundanos; nem as estrangulemos, quando já crescidas, por motivos interesseiros e egoísticos. Abramo-nos para o sacrifício, semelhante ao de Abraão, de entregar com generosidade, para o serviço de Deus, aqueles que têm nosso sangue e nossa vida. A vocação, segundo a palavra de Pio XII, é flor que brota do sangue dos pais.

D. Manoel Pedro Cintra, Bispo Diocesano de Petrópolis

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PEDINDO A GRAÇA DE UMA VOCAÇÃO

Desde os nossos tempos de noivado - h á uns 28 anos - rezamos. para ter um filho sacerdote. Sempre quisemos ter muitos filhos (e o conseguimos, pois temos 11 filhos) e pedíamos a Deus que se dignasse escolher alguns deles p ara o sacerdócio ou a vida religiosa. E quando os filhos foram nascendo, era com grande alegria que os recebíamos e os oferecíamos a Deus e a Nossa Senhora, pedindo-lhes a graça de inspirar-lhes a vocação sacerdotal. Com dois anos de casados, entramos para as Equipes de Nossa Senhora, e o Movimento nos ajudou a crescer no conhecimento e no amor de Deus, a nos amarmos mais e melhor e a vivermos a espiritualidade conjugal, que é a arte de nos santificarmos pelas pequenas e grandes coisas, pelas alegrias, sofrimentos, trabalhos e preocupações que a vida de casados nos proporciona todos os dias. Mas tivemos sempre o cuidado de não externar este nosso desejo diante de nossos filhos. Como nunca dissemos: "Gostaríamos de ter um filho médico, ou engenheiro, ou economista", também nunca dissemos a eles: "Gostaríamos de ter um filho padre", pois achamos que eles devem ter liberdade de escolher sua própria vocação e seu próprio caminho. O que sempre conversamos com eles e o desejo que sempre lhes mostramos é que eles sejam competentes na profissão que escolherem, a serviço da comunidade, e que contribuam para o desenvolvimento do Brasil. O tempo foi passando, os filhos crescendo (atualmente o nosso mais velho está com 25 anos), o mundo passou por uma grande evolução, o Concílio aconteceu, trazendo uma primavera de renovação para a Igreja, abalando e levantando a poeira que se tinha acumulado através dos séculos. E nós, não sabemos mesmo dizer porque, fomos esquecendo o nosso desejo de ter um filho sacerdote e deixamos de rezar com essa intenção. Até que, em

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1972, Deus no-s deu uma sacudidela e mandou um profeta, o Padre Caffarel, para nos lembrar ... Um dia, conversando conosco, ele nos disse de sua tristeza, de sua frustração de existirem tão poucas vocações em lares de casais equipistas. E nós então lhe falamos do nosso desejo, desde o noivado, de ter um filho padre, mas que, até agora, nenhum deles tinha manifestado algum indício de vocação. . . E ele respondeu: "Mas o que vocês fazem para isto? Vocês rezam? Estou convencido de que o que falta é oração. Deus não pode deixar de atender à oração de pais que pedem para ter filhos padres. Deus não pode deixar de suscitar vocações nos lares que rezam com perseverança, com esperança, com fé". Isto nos abalou. E fizemos um exame de consciência: "Há quanto tempo não rezamos com essa intenção? Fazem anos já ... E por quê? Quem sabe se a crise por que passou e passa ainda o sacerdócio nos assustou, e temos medo do que os nossos filhos vão enfrentar?" Mas, depois deste exame de consciência, surgiu em nós, ainda mais forte, o desejo de ter um ou mais filhos sacerdotes: é agora, neste momento de purificação, de procura da verdadeira função do padre no mundo de hoje, que devemos ser mais generosos e oferecer a Deus os nossos filhos. O padre perdeu seu "status", sua "auréola". Hoje em dia, mais do que nunca, seu lugar é cheio de sacrifícios, de incompreensões e de lutas. Há 6 anos, portanto, recomeçamos a rezar, oferecendo a Deus nossos filhos, pedindo-lhe, de todo coração, esta graça imensa de uma vocação sacerdotal em nossa família. Temos uma grande confiança em que seremos atendidos - quando e como, só Ele sabe. Pensamos muitas vezes que se Ele ainda não nos atendeu é porque não estamos preparados para isto, não somos suficientemente pobres, nos julgaríamos muito bons cristãos, merecedores de tão grande graça ... É necessário uma purificação interior, uma consciência mais profunda do nosso nada, da gratuidade dos dons que Deus nos concede em profusão: o nosso amor, os nossos filhos, que são tão bons, alegres, verdadeiros, a paz e a alegria do nosso lar. E, como todos os outros dons, esse, de um filho sacerdote é absolutamente gratuito, sem mérito algum de nossa parte, a não ser talvez o de termos pedido sempre, sem desanimar, com esperança.

Esther e Marcello

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A ECIR CONVERSA COM VOC~S

Caros amigos, Revendo papéis relativamente recentes das Equipes, a nossa atenção se voltou mais uma vez para os Boletins dos Setores. Trazem eles notícias de longe, um pouco da vida das equipes locais, testemunhos que com freqüência merecem ser mais largamente conhecidos e que vêm alimentar substancialmente as páginas de nossa Carta Mensal. Caberia aqui, se fosse preciso, uma palavra de estímulo para os responsáveis por esses boletins, no sentido de manterem sempre alto o nível espiritual desses instrumentos de trabalho, que muito podem contribuir para a unidade das equipes de uma mesma região. Pois bem, revendo esses boletins, detivemo-nos sobre os de dois Setores. E se a nossa atenção foi chamada para eles é que ambos se referem, muito a propósito, a aspectos de um tema que vem sendo objeto da diretriz da própria Igreja: a evangelização. No primeiro, (1) referindo-se ao documento "O que é uma equipe de Nossa Senhora", diz o Conselheiro Espiritual de uma das equipes: É preciso "progredir no amor de Deus e do próximo a serviço da comunidade humana e não só em termos da própria família, ou dos casais equipistas. Isso deve levá-los a se tornarem membros ativos da pastoral diocesana, no que seja específico de um movimento de casais, embora as Equipes de Nossa Senhora não sejam um movimento de ação em si". No segundo, (2) encontramos estas palavras, quando o Boletim comenta o 3.0 Plano Bienal da Igreja do Estado de São Paulo \1)

Boletim do Setor de Campinas -

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Boletim do Setor de Marília -

out. 1977. out. -nov. 1977 .

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e, referindo-se às varias prioridades escolhidas para esse plano, diz: "Neste plano bienal, as Equipes de Nossa Senhora têm um papel específico e bem determinado. Cada equipista deve descobrir, dentro de seu próprio carisma, o papel que lhe cabe dentro da Pastoral da Igreja onde se situa, mais especificamente dentro da Pastoral Familiar". Estas considerações vêm ao encontro daquilo que "conversávamos com vocês" na última Carta Mensal, sobre "o empenho de abertura . que se nota nas equipes de todo o mundo, no sentido de sensibilizar os casais para os anseios do mundo e particularmente da família. . . levando os equipistas a darem tempo e trabalho, com generosidade, dedicação e competência, para responder aos apelos da Pastoral dos seus Bispos". (3 ) Esta abertura não é uma orientação nova nas Equipes de Nossa Senhora, mas vem sendo propugnada de maneira cada vez mais consciente. É portanto com satisfação que se vê hoje o entrosamento dia a àia mais estreito entre os Setores e seus respectivos B'spos e a colaboração de numerosos equipistas nas comissões de Pastoral Familiar, nas várias dioceses onde o nosso Movimento se acha implantado.

• • • Caros amigos, a abertura para a qual as Equipes nos convidam nada mais é do que o desdobramento da orientação dada pela Igreja quando, na palavra de Paulo VI (A Evangelização no Mundo Contemporâneo), e na do mais recente Sínodo dos Bispos, nos aponta, como ponto específico a ser trabalhado, a evangelização ou a catequese. Harmoniza-se ainda com as diretrizes que foram dadas pela C.N.B.B. e vividas durante a quaresma, através do slogan da Campanha da Fraternidade, "Trabalho e Justiça para Todos", que nos levou a nos interessar mais de perto pelas necessidades dos outros e a trabalharmos para que haja uma repartição mais fraterna e justa dos bens criados e transformados através do trabalho do homem. Harmoniza-se, finalmente, com as linhas propostas na ainda recente peregrinação a Roma em 1976 e que o Pe. Tandonnet apontou na conferência que depois repetiu entre nós: o despertar mútuo da preocupação com o próximo e particularmente do próximo mais necessitado. . . a descoberta, juntos, dos talentos que cada um recebeu de Deus, para consagrá-los à construção de um

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mundo mais justo e melhor ... suscitar, discernir, assumir compromissos eclesiais ou seculares que correspondam a estes talentos ... Estas pistas foram por ele condensadas nas três frases do Evangelho que foram adotadas como "orientações" a serem trabalhadas pelas Equipes nos anos que se seguissem à peregrinação e que são atualmente objeto de aprofundamento: "Proclamai a Boa-Nova" - "Nada leveis pelo caminho" - "O Espírito do Pai falará em vós". Tudo isto é um convite insistente à prática cada vez mais profunda do desprendimento, do desapego, que nos tornarão "livres para a Boa-Nova", a palavra-chave do Encontro que comemorou os 30 anos dos nossos Estatutos. Neste tempo da liturgia da Igreja, em que repercutem ainda os sinos da Páscoa, deixemos que repercuta em nosso íntimo o canto da Ressurreição: "Este é o dia que o Senhor fez. Exultemos e rejubilemo-nos neste dia, Aleluia!" O abraço fraterno da ECIR

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Estas reflexões são particularmente oportunas neste momento em que os nossos Bispos, reunidos em Assembléia Geral Extraordinária, acabam de debruçar-se sobre o problema da famüia, dando a público diretrizes para uma Pastoral Familiar adequada à nova situação criada pela aprovação da lei do divórcio em nosso pais. Apresentando o matrimônio sob o prisma sociológico, teológico e pastoral, esse importante documento deverá merecer, por parte de todos os equipistas, estudo aprofundado - não só com o intuito de se inteirarem do pensamento dos seus Pastores em torno da problemática da família, mas principalmente procurando descobrir, à luz do Espírito Santo, o convite que está sendo dirigido a cada um para uma pronta e eficiente colaboração no sentido de tornar vida as determinações nele consignadas .

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AS COISAS IMPORTANTES DA VIDA

As coisas importantes para a vida não são muitas. Necessitamos de paz. Precisamos de água, pão, casa, cultura. E, sobretudo, precisamos de amor. O amor é o secreto dinamismo que dá unidade à existência. Quem não ama está morto. O amor é vida. Por outro lado, andamos criando muitas necessidades. Nossos olhos não se fatigam de ver, nossos ouvidos de escutar; inúmeras são as novidades. É preciso andar na moda. Estar na crista da onda ... E nos dispersamos. Complicamos nossa vida. E a vida quer ser simples, porquanto ela é simples resistindo a todas as camisas-de-força. Andamos, na verdade, muito preocupados . . . Nosso orçamento está apertado. Não dá para viver, dizemos nós. E gastamos milhões, mensalmente. A nosso lado, aquela família vive e vive bem, com mais modesto. É que suas necessidades são menores. lado, se não nos defendermos, criarão necessidades quando nós não as criarmos . .. E pensar que a vida é simples ... E pensar que nem o ouro, nem a prata fazem feliz

orçamento Por outro para nós,

o homem!

Preocupados com tantas coisas, nós deixamos de nos preocupar com as pessoas. Ficamos envolvidos por amarras. Estamos atados. E fomos feitos para a liberdade. Acontece, porém, que as coisas escravizam. Somente o encontro com as pessoas é que nos liberta. Tudo o que tivermos, se não for instrumento de comunhão, será motivo para nos amarrar. E pensar que a vida é tão simples. . . Basta-nos este cantinho, um pouco de água cristalina, o pão generoso e o amor que transfigura. D. Angélico Sândalo Bernardino Bispo da Região Leste II, São Paulo

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ESCOLHER O CRISTO ~ ESCOLHER A JUSTIÇA

Prosseguindo com a l'eflexão iniciada na Campanha da Fraternidade, parecem-nos qportunas a.s seguintes considerações sobre o uso cristão dos tien.S. O cri&tão deve buscar "primeiro o Reino de Deus e 'suá · justiÇa", mesmo porque "ninguém pode servir a dois senh9res". ·. ;

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O cristão é um homem que encontrou um tesouro, uma "pér ola de grande valor" (Mat. 13, 44-45) :· é a Btia Nova de um Deus de Amor, revelado em Jesus Cristo. 'Eis o que, de agora em diante, constitui para ele o Bem Supremo, o que ele procura acirqa ~e tudo. · Decorre desta descoberta um novo estilo de vida, uma nova moral ou, como diz São Mateus, uma nova "justiça". Por termos descoberto o Deus de amor e de perdão, podemos e devemos tam~ bém amar e perdoar. A justiça segundo o Evangelho se resume praticamente na lei do amor, a que ch;unamos "a regra de o'u ro": "Tudo o que desejais que os outros vós façam, fazei-o vós mesmos por eles: eis a Lei e os profetas." (Ma~. 7, 12). Vivemos numa sociedade onde reina o culto ao dinheiro e à riqueza, numa sociedade em que o valor predominante é o vato:r "~conômico". Somos também atingidos por esta mentalidade, mas ' Cristo nos pede firmemente que não nos deixemos arrastar por esta engrenagem. Devemos escolher, fazer uma escolha radical: "Não podeis servir a Deus e ao dinheiro" (Mat. 6; 24). ' . b cristianismo não é um setor separado de nossa vida, é uma direção de conjunto dada a todas ás nossas atividades, um novo estilo de vida. O cristão dá à sua vida uma orientação que unifica tudo e o valor predominante que unifica a vida do cristão pode 'ser resumido por essas palavras: "Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça" (Mat. 6, 33). '

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Não existe uma conversão interior autêntica que não se exprima através de gestos práticos e exteriores. É bastante revelador a este respeito o episódio do jovem rico (Mat. 19, 16-26). É difícil para aquele que tem muitas posses não fazer delas o fundamento de sua existência. É difícil para ele tomar o caminho do Reino ... Escolher como bem supremo o Deus que se revelou em Jesus Cristo é viver efetivamente no amor ao próximo. Se, por um lado, o culto ao dinheiro e às riquezas é o culto ao egoísmo e não ao Deus de amor, por outro lado, usar o dinheiro ou as r iquezas para servir o próximo é servir o Deus de Jesus Cristo. Desligar-se do dinheiro não é desprezá-lo, é deixar que os outros também possam aproveitá-lo ... É assim que se deve realizar o desprendimento efetivo. Procurar valorizar as próprias capacidades, produzir riquezas em maia.r quantidade é legítimo desde que o objetivo não seja o seu desfrutar egoísta. O objetivo deve ser o serviço aos outros, a partilha, e a disposição de partilhar deve se estender a todos. No entanto, a solicitude para com o próximo, a vontade de compartilhar, que são a chave do uso cristão do dinheiro, não se podem manter e desenvolver se não nos impomos alguns sacrifícios materiais, uma certa ascese. Lembra o Concílio esta necessidade, pedindo aos cristãos que "respeitem a devida hierarquia entre as atividades terrenas, fiéis a Cristo e ao seu evangelho, de maneira que toda a sua vida, tanto individual como social, seja penetrad~ do espírito das Bem-aventuranças, e especialmente do espírito de pobreza". O amor nos leva a não usufruir egoisticamente de nossos bens, a compartilhá-los, segundo a justiça. Não podemos nos contentar com as nossas inspirações subjetivas para repartir os nossos bens com os outros: há uma exigência de justiça. A caridade que não fosse inspirada na justiça não seria autêntica. Sendo exigência da justiça que "os bens criados devem chegar equitativamente às mãos de todos" (GS 69), se outros estão pa-'decendo necessidade, devemos repartir até o qué nos é necessário. É o que manda o Concílio: "Os homens têm obrigação de auxiliar os pobres, e não apenas com o que lhes é supérfluo." (id.) (Do tema "Crer e Viver", n9 VI, "0 discípulo de Jesus e o Dinheiro")

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COM A PALAVRA OS CONSELHEffiOS ESPIRITUAIS

INTRANQUILIDADE

Estamos vivendo num mundo intranquilo, o que é normal, pois crescimento traz intranquilidade. A nossa vida, tanto natural quanto espiritual, deve crescer e, conseqüentemente, deve ser intranquila. Intranquilidade, portanto, não é algo puramente negativo. Pode a intranquilidade ser negativa se se transformar em medo, e o medo é sempre mau conselheiro e um pecado contra o Espírito Santo. A -

intranquilidade pode ser santa: se ela nos acorda da nossa letargia se ela nos faz ouvir a voz de Deus se ela nos faz enxergar a face de Deus no conJuge, nos filhos, nos companheiros de equipe, nos outros.

Neste caso, a intranquilidade é aquela preocupação que constitui um aspecto do amor. Esta santa intranquilidade, portanto, ·não tem nada a ver com a ardente procura de si mesmo, muitas vezes debaixo de aparências altruísticas. Ela não tem nada a ver com aquela falta de harmonia e de ordem na nossa vida humana e religiosa, pela qual não suportamos mais o silêncio e que nos torna incapazes de ficarmos a sós com Deus. Aquela santa intranquilidade não tem nada a ver com a mentalidade infantil de "derrubar tudo e mais um pouco", num ativismo estéril, nem tampouco com o desejo de renovação, somente para renovar, sem levar em consideração a nossa renovação pessoal e a do povo de Deus dentro do espírito evangélico. "Se és cristão, deves estar inquieto" (São Bernardo). Essa intranquilidade, preocupação · de voltar cada vez à fonte, Cristo Jesus, inspiração e força da e parei a nossa vida, pode e deve ser nossa; porque ela é a intranquilidade da Igreja hoje, como o foi ontem e será amanhã.

Con. Constantino Van Veghel, o. praem. Conselheiro Espiritual do Setor A, São Paulo

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RECADO AOS PAIS DOS "MEUS FILHOS"

Realizou-se, com pleno êxito, em Belém do Pará, o 1.0 Encontro "Jesus Adolescente", do qual participaram cinqüenta e quatro meninos e meninas, na faixa etária de 10 a 13 anos, em sua maioria filhos ou parentes de casais das Equipes de Nossa Senhora. Eis o "recado" que o Pe. Aderson escreveu, enviando-nos a seguir uma cópia.

Ao encerrar esse Encontro, estou escrevendo a vocês, pais desses adolescentes e pré-adolescentes, os quais, agora mais do que nunca, são meus filhos também, não somente pela amizade realmente paternal que me une a eles todos, mas porque eles mesmos não aceitaram, no Encontro, que eu fosse chamado de "tio", como o foram os outros membros da Equipe que os orientou, mas exigiram que eu fosse para eles aquilo que sou, o padre, o pai. E, por causa disso, voltei de Icoaraci, onde se realizou o Encontro, não só com saudade enorme de meus filhos tão queridos, mas refletindo, mais uma vez, com Saint Exupéry, que somos responsáveis por aqueles que cativamos. E é por causa dessa responsabilidade, que agora comparticipo com vocês, que quero lhes escrever algo sobre o Encontro, o que ele representou para nós, membros da Equipe orientadora, em que ele nos preocupou, nos questionou e nos fez refletir seriamente sobre a nossa missão pós-Encontro. Os que compareceram à Missa e ao ato de encerramento do Encontro devem ter saído de lá impressionados com a franqueza c a sinceridade com que aqueles meninos e meninas falaram, dando expansão à sua alegria interior, - alegria essa que~ como acontece também com os adultos, algumas vezes se manifestava em soluços - e como eles disseram verdades que, embora ex-

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pressas com amor, não deixaram de nos sacudir a alma. Pena que a comoção os tenha impedido de dizer melhor as coisas, como o fizeram nas reuniões de grupo, de plenário, de reflexão comunitária ou mesmo de depoimentos. Infelizmente não me é possível lembrar tudo o que ouvi, mas valeu a pena ter pedido que escrevessem alguma coisa e que, no final do Encontro, respondessem a um breve questionário de avaliação. Poderia citar, se espaço houvesse, todas as respostas, tendo certeza que todas nos trariam alguma mensagem de esperança. Tenho, porém, que me limitar a escolher algumas delas para a nossa reflexão. A primeira pergunta do questionário se referia ao que o Encontro tinha representado para eles. Eis algumas respostas, a começar pela do menor da turma: "O Encontro foi uma mudança muito grande na minha vida". Perguntamos: Qual mudança? Uma compreensão melhor do amor de Deus e dos irmãos? Outro disse expressamente: "Uma parada só de amor na minha vida". Outro ainda: "Uma nova vida dentro de mim". Ou aquela quase jovem, que marcou o Encontro por uma manifesta busca de Deus: "O Encontro preencheu um vazio dentro de mim". Que vazio? Um adolescente já pode sentir o vazio da vida, como muitos dos adultos, quando deixamos Deus de lado e começamos a pular de desilusão para desilusão? Ou esse vazio estava se formando precisamente pela falta de Deus ou pela idéia deturpada do mesmo Deus, recebida no próprio lar? Um garoto teve a coragem de escrever: "O Encontro foi para mim uma descoberta de um Deus novo". E outro disse mais: "Um Deus todo novo". Que Deus novo? Certamente o autêntico Deus da Bíblia, o Deus-Amor, o Deus-Irmão, - não mais um Deus distante, - mas o "Emanuel", o Deus-com-a-gente. Um menino, cuja família só na última hora permitiu a sua participação no Encontro, referiu-se à meditação silenciosa que todos fizeram, de manhã cedinho, sentados nas pedras ou na areia úmida da praia em frente à "Betânia": "Eu senti Deus entrando no meu coração". E a jovenzinha: "No dia em que fomos meditar na praia, me comovi muito porque eu e Deus estávamos abraçadinhos, bem juntos". E, por isso, um garoto prometeu: "Vou tentar não sair mais de perto de Deus". E outro, na humildade do seu coraçãozinho, pensou na "parábola do amor paternal" e confessou: "Eu sou um filho para Deus, ,um garoto igual ao filho pródigo, que vai e volta". Caríssimos pais, foi belo sentir que nossos filhos experimentaram Deus. Tanto que o que mais os marcou no Encontro foi precisamente a meditação na praia, as experiências de oração

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diante do Sacrário, as reflexões na Missa. E eles sentiram logo que não poderiam guardar Deus só para si mesmos e pensaram em vocês, nos irmãos, nos coleguinhas. . . e logo prometeram: "Eu vou tentar passar aos outros a felicidade de Deus". "Vou repartir minha alegria". "Vou ensinar para os outros o que aqui aprendi". Ficarei por aqui nas citações do questionário. Mas isso que citei foi o mínimo, um quase nada diante da beleza que Deus manifestou através dos corações ainda abertos e escancarados à ação da Graça, da qual muitos deles ouviram falar pela primeira vez e "vibraram", "se comoveram" ao pensar na presença amorosa de Deus em nós. Os depoimentos e as conclusões dos grupos, no plenário da noite, foram simplesmente lindos. O mesmo se diga dos cartazes. Um deles, sobre como deve viver uma família cristã, trazia diversas figuras simbolizando a união, mas em um dos cantos da cartolina havia um ramo de flores e o chefe da equipe explicou, no plenário, a que conclusão o grupo tinha chegado: "As flores são o símbolo da harmonia em uma família, porque, embora muitas delas tenham espinhos em seus talos, elas nunca se ferem umas às outras". É o caso de nos perguntarmos: aprendemos a lição? Todos os que trabalhamos nesse Encontro aprendemos demais com as crianças. Elas nos ensinaram principalmente a simplicidade no relacionamento com Deus, Ele que é o Simples por excelência. Nossos corações vibraram ao compasso daqueles cinqüenta e quatro corações, pequenos no tamanho físico, mas gigantes no Amor, desabrochando para a Vida como plantinhas que necessitam de muito cuidado, muito carinho e muita dedicação. Olhando para esses adolescentes, muitas vezes pensei nos milhares ou milhões de outros, que não têm e nunca terão uma chance de realizar um Encontro na vida. Por isso, senti o soluço da felicidade apertar-me a garganta, quando um dos menores rezou, na última experiência de oração de domingo, quando o Encontro já estava a terminar: "Olha, Jesus, tu sabes que desde pequenino eu quero ser padre. E agora quero te dizer novamente: eu quero ser padre para fazer o mesmo trabalho que este padre está fazendo". Obrigado, Senhor!

Pe. Aderson N eder Conselheiro Espiritual das Equipes 2 e 4o de Belém do Pará

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CRITÉRIOS PARA UM CASAMENTO

Só o amor é capaz de fazer um homem e uma mulher viverem lado a lado, sorrindo juntos, chorando juntos, construindo juntos um lar, dia após dia, ano após ano, sem cansar nunca, sem nunca desanimar! Bem ... Eu não vejo dentro dos corações, não sei o que ali se passa. Por isso dou a bênção de Deus a um casal que vem pedir essa bênção. Mas sei o que pensa a maioria dos jovens, sei sobre que valores constroem no tempo do namoro ou do noivado o dia do casamento e sua vida a dois. Valores não inspirados pelo amor nem no amor: beleza física, imagem social, casa na cidade, outra na praia, dois carrões na garagem, sexo ... Esses valores jamais foram estáveis, eternos. E o amor é feito de eterno. Compreendam minha dúvida, entendam meu sorriso amarelo na hora do. . . "unidos em matrimônio até que a morte os separe"! Falou o padre. Claro, nem o juiz nem o padre são critérios absolutos de verdade. Mas nos mostram um quadro muito real, muito da vida de todo o dia. Que nos leva a pensar. Que nos estimula a refletir. Um problema: somos condicionados para o consumo. Quanto mais, melhor. Quanto mais rápido, melhor ainda. E este condicionamento para o consumo sempre maior e mais rápido, nos leva, inconscientemente a consumir amor. Quando dois jovens que caminham para o casamento olharem para além das aparências físicas, para além de valores sociais ou econômicos. . . quando fizerem do amor um assumir o outro, não um produto de consumo a mais. . . quando pensarem no casamento não como uma forma de "uso legal do sexo", mas acreditarem ser o sexo para a vida e não a vida para o sexo . . . quando não buscarem o casamento como um fim a ser alcançado de qualquer modo. . . quando se descobrirem capazes de assumir o outro, responsavelmente, totalmente, com suas qualidades, com seus defeitos, estimulando as qualidades, ajudando a vencer os defeitos... então o dia do casamento será o início duma caminhada a dois pela vida, duma união feliz, que nem mesmo a morte poderá separar. O amor, feito do eterno, penetra a eternidade. Atilio Hartman, s.j.

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ADOCÃO (

(Da Carta Mensal Internacional)

Se acontecer um dia de baterem à nossa porta e serem atendidos pelos nossos filhos, não fiquem preocupados! E, sobretudo, face a esses quatro pares de olhos rasgados, não comecem a pensar que, por um estranho toque de varinha mágica, vocês mudaram por instantes de continente. Foi apenas uma bela história de amor que os transportou para longe: mas pousem os pés na terra e entrem. Há cerca de 10 anos, então recém-casados, pressentíamos, sem o compreender ainda bem, que o amor, por maior que seja, não se pode contentar com uma troca sem fim de "eu te amo", como numa partida de tênis; para sobreviver e realizar-se, precisa de uma linha de força a que se agarrar. É por isso que nós desejávamos ter filhos . .. e depressa. A regulação dos nascimentos colocou-se para nós de uma forma muito particular: regular na improdutividade! Ainda noivos, tínhamos falado de adoção, tínhamos falado nela de uma forma distraída, assim, entre dois beijos. Mas, desta vez, estávamos encostados à parede e "adotamos" a adoção, assim mesmo, também muito simplesmente, entre dois beijos. Foi por isso que a "nossa" primeira "gravidez"(!) durou cinco anos; cinco longos anos de esperança e de d ;ligências penosas. Mas que alegria, que explosão de amor quando Maria nos foi entregue em 9 de agosto, dia do aniversário do nosso primeiro encontro. Tinha ela então quatro meses; tem agora cinco anos. Ainda que nascida em França, ela é de origem havaiana e dessas i1has tem todo o encanto. Cecília tem seis meses a menos que Maria; nasceu em Saigão, de mãe vietnamita e de pai americano de raça negra. Que sombrias páginas da história do mundo se podem ler naqueles olhos, tão doces e tão meigos! Tinha um ano quando nos foi confiada. Antonio, dois anos e meio, vietnamita e igualmente nascido em Saigão, tinha também um ano quando -19-


chegou à França, desnutrido e sem sequer de sua cabecinha. É um rapazinho muito pelas suas irmãs, talvez agora um pouco dezembro último, cedeu o lugar de caçula catorze meses, nascido em Seul.

poder aguentar o peso meigo, muito mimado menos, porque, desde a Etienne, co-reano de

Somos felizes, muito felizes, e desejamos que os nossos filhos tenham sempre uma alegria de viver igual à que têm hoje. "Por que é que adotaram crianças de co-r?" É uma pergunta que nos é feita freqüentemente. Muito simplesmente porque eles são os mais deserdados e é a nossa modesta forma de partilhar o que temos com os mais desprotegidos do Terceiro Mundo. Igualmente para deixar lugar aos pais adotivos que não podem, por várias razões, receber senão crianças francesas. "Não têm medo de virem a ter problemas mais tarde, quando eles forem grandes?" Quem não os têm com os seus próprios filhos? Temos confiança na Providência e tentaremos resolver cada dificuldade, no momento em que vier, com a ajuda de Deus ... Pai adotivo de todos nós (Ef. 1, 5). Como todo filho, os nossos filhos serão o que puderem e quiserem ser; possamos nós conseguir partilhar com eles o que temos de melhor, como eles conseguem agora fazer-no-s partilhar toda a riqueza das suas diferenças.

Jean François e Evelyne

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UM BANHO DE DESERTO

"Vinde à parte, para um lugar deserto, e descansai um pouco." (Me. 6, 31)

"O homem moderno, disse alguém, estará perdido se não encontrarmos um meio de reeducá-lo para a contemplação, para o silêncio, para o diálogo com Deus." Mais do que nunca, precisamos todos de um "banho de deserto": Este "banho" nos é proporcionado, todo ano, pelo nosso Setor ou pela nossa Região. É uma graça que não podemos deixar passar. Como já se disse, "retiro não é obrigação, é privilégio" ... Eis algumas pistas para aproveitarmos bem o retiro. 1. Buscar o silêncio - Fazer retiro é tomar distância, desligar do cotidiano, das preocupações envolventes, do trabalho. Fazer retiro é tomar um banho de silêncio, lavar os olhos para encontrar o rosto claro de Deus. 2. Desarmar o coração - Querer rezar, sem fazer as pazes consigo mesmo e com os irmãos, é uma ilusão. Desarmar o coração é arrepender-se das faltas, do egoísmo, do pecado. Desarmar o coração é perdoar a si mesmo, suplicando o perdão de Deus e dos irmãos. 3. Ligar as antenas - Deus está próximo, basta achegar-se a Ele, ligar as antenas e entrar em sintonia. Se falamos tão pouco e tão mal com Ele é porque há ruídos em demasia, dentro e fora de nós. 4. Ouvir o Mestre - Ele fala - quando a gente cala. O Evangelho contém suas mensagens. Toda a natureza guarda suas pegadas. Os acontecimentos de cada dia trazem a sua assinatura. Leve a Bíblia para seu retiro. Releia sua própria vida à luz do Evangelho, da Palavra de Deus.

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5. Tomar notas - Coloque no papel o que você está sentindo, durante a oração, nas horas de retiro. Fotografe o Deus que passa, o Deus que fala, mostrando amor. Fotografe, escrevendo, tomando algumas notas. Mais adiante, tudo isso ajudará você, servindo de estímulo e recordação salutar. 6. Rezar com ferv or - Fale com Deus, de verdade. Num diálogo filial, perpassado de confiança. Reze pelos que não rezam. Adore a Deus pelos que não o adoram. Louve-o por sua grandeza, bondade e misericórdia. Faça silêncio. Respire Deus. Inunde-se do seu amor. Ele é Pai e nos ama. Ele é Pai e nos quer felizes, alegres, realizados. 7 . Pedir e agradecer - Temos tanto a pedir e tanto a agradecer. Ele mesmo aconselhou: "Pedi e recebereis" . . . Retiro é petição: o abismo da miséria humana de joelhos perante o Pai. Retiro é um hino de louvor e agradecimento: corações humanos cantando e bendizendo: "O Senhor fez em mim maraviLhas" . O retiro é "uma parada para repousarmos junto de Cristo. Um tempo de férias com Ele, para respirar fundo, refazer nossas forças e voltar depois, sempre com Ele, para o posto que Ele nos confiou, entre os homens, nossos irmãos."

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GUERREAR OU CONSTRUIR ?

• Em nossas andanças pelas Equipes, nos vários encontros e como pilotos, ouvimos, com freqüência, das dificuldades que muitos equipistas encontram em fazer o "dever de sentar-se". Entre os diversos motivos, três aparecem mais que os outros. Alguns ainda não entenderam a sua finalidade e a sua origem uma falha que provavelmente remonta ao período de pilotagem. Outros o consideram como "escola para o diálogo" e, como tal, bom; porém, uma vez que o casal "aprendeu a dialogar", não há mais motivo para praticá-lo. Disseram-nos: "O nosso cotidiano é um permanente dever de sentar-se. Portanto, porque tê-lo com data marcada?" Os terceiros sentem-se impedidos pela necessidade de "colocar-se o casal na presença de Deus". "Se fosse no plano humano, só entre nós dois", disseram-nos, "n~ teria tanta dificuldade. Mas, depois da oração inicial, ficamos inibidos, olhando um para outro, num silêncio desagradável, esperando que o outro comece a dizer algo". O que falta a todos esses casais é a compreensão da finalidade que o Movimento deu ao "dever de sentar-se" e cujos elementos encontram-se no próprio texto bíblico em que se apoiou. Fala-nos S. Lucas, no capítulo XIV do seu Evangelho, do homem que, antes de começar a construir uma torre, senta-se primeiro para examinar se dispõe do necessário para fazê-lo, ou, antes de partir para uma guerra, senta-se primeiro para considerar se poderá enfrentar os vinte mil soldados do outro com os seus dez mil, ou se deveria enviar os embaixadores da paz. Em ambos os casos da história bíblica, o sentar-se significou uma parada antes da ação, parada para examinar e refletir. No caso do primeiro, era para construir; no caso do segundo, era para guerrear. Os dois elementos estão presentes no "dever de sentar-se" dos equipistas. Parada para construção e parada para a "guerra". -23-


Somente que escolhemos com maior freqüência a "guerra" . .. Assim, o "dever de sentar-se" torna-se mais ajuste de contas, a oportunidade de dizer-se naquela hora tudo aquilo que, em condições normais, não se diria. Enfim, serve para desabafar e pedir. Deus presente, nesse tipo de "dever de sentar-se", é como um árbitro ou juiz, que, com seu poder, garante que tudo transcorrerá bem numa hora tão delicada. E assim não é de estranhar que um Deus como esse incomode com Sua presença. Apesar de tudo, para aqueles casais que só se encontram e se abrem no "dever de sentar-se", até esta "guerra" é abençoada, porque é melhor do que nada e ainda pode ser a escola e abertura para um diálogo mais intenso no futuro. Mas o sentido verdadeiro do "dever de sentar-se" está no "construir". Quando começamos a vida a dois, iniciamos a construção de nossa casa espiritual. Suas paredes e cômodos: crescer no amor mútuo e, juntos, no amor a Deus; amar os filhos, fazê-los crescer sadios e responsáveis e mostrar-lhes a face verdadeira de Deus. Ao entrarmos nas Equipes, aumentou a construção. Fiéis à nossa família, saímos do âmbito dela e, através do nosso amor, testemunhamos a outros casais a Boa Nova de Cristo e que Ele ''salvou o amor". Tudo isso, porém, tem os seus altos e baixos. E é por isso que devemos parar e sentar para controlar, examinar e replanejar a construção desta nossa casa espiritual. Perguntar-se simplesmente como é que vivemos o nosso amor e como, através dele, tornamos Deus visível a outros. Neste caso, a presença de Deus no "dever de sentar-se" será, para nós, o encontro com o Autor do projeto de que somos os executores.

Elfie e Dragan Equipe 3 de Petrópolis

E você, querido casal equipista, qual a sua opinião sobre o "dever de sentar-se"? Quer contar-nos sua experiência?

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TESTEMUNHO

Somos um jovem casal (com quase três anos de casados) e Ja em nosso início de vida conjugal planejávamos entrar nas Equipes de Nossa Senhora. Já contávamos com algum "know-how" em vida de Igreja: conhecemo-nos num grupo de pastoral para jovens e eu, o marido, fui seminarista, tendo concluído o curso de teologia. Depois de um ano e cinco meses de casados, ingressamos na Equipe de Nossa Senhora de Fátima, em Blumenau, e nos sentimos felicíssimos por esta graça. É-nos realmente gratificante esta nova forma de integrar o nosso amor no trabalho salvífico de Cristo e sua Igreja. Nosso amor ganhou maior ênfase, embora já o vivêssemos como sacramento, e a presença do Pai nele ficou mais viva e realizadora. Antes de efetivamente ingressarmo·s nas Equipes, tínhamos a impressão de que muito daríamos ao Movimento, e confessamos ter havido uma modificação sensível: agora sabemos que realmente podemos dar muito, mas é porque recebemos muito mais ... Dentro ainda desta nova e magnífica experiência de vivência dos Estatutos, tão apropriada à vida eclesial de nosso tempo, gostaríamos de ressaltar a função maravilhosa do casal piloto. Trabalho realmente de Igreja, sacerdócio régio, atuante e salutar, presença viva de Cristo e de sua Santa Mãe. Foi nossa primeira e grande experiência de equipe, o exemplo marcante desse casal, cujos nomes não citamos porque estão inscritos no Livro da Vida e seus lugares estão reservados por Aquele que nos antecedeu na Glória juntamente com sua Mãe. Josely Mary e Sálvio Alexandre Muller Equipe 1 de Blumenau

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NOTíCIAS DOS SETORES

JAO -

A semente brotou 'I

Foi lançada em terra fértil, pois, dos 40 casais participantes do Encontro de Corações realizado em novembro, 23 já estavam, em janeiro, engajados em círculos familiares. Entusiasmados com sua primeira reunião, uniram-se também para a preparação do Natal em família, todos com aquele desejo de união e aprofundamento na vida cristã. Se Deus quiser, formarão 3 novas equipes. O Espírito Santo há de prover à falta de sacerdotes ... -

Manhã de recolhimento

Realizou-se, no domingo 4 de dezembro, no Colégio São Norberto, uma manhã de recolhimento, de proveito espiritual muito grande para todos os participantes. Foi lembrada de maneira muito especial a data de 8 de dezembro em que completou 30 anos de existência a "Carta das Equipes", os nossos Estatutos. Os 75 casais que compareceram para dar graças a Maria (assunto das palestras), unidos em oração, pediram as bênçãos de Deus por aqueles que os levaram para as E.N.S., pelo seu fundador, Pe. Caffarel, e pelo casal que trouxe o Movimento para o Brasil, Da. Nancy e Dr. Moncau, e ainda pelos padres assistentes. As palestras, proferidas pelo Cônego Pedro e pelo casal Helena e Tata, orientaram a reflexão através de toda vida de Maria: A Anunciação, Maria em Belém, A fuga para o Egito, Maria no Calvário e Maria no Cenáculo. Foram colocações que vieram enriquecer o conhecimento, a admiração e a fé dos presentes n'Aquela que foi a criatura mais livre sobre a terra, porque Ela se libertou de tudo para acolher a palavra de Deus. Ficou muito bem gravado nos corações de todos o grande exemplo: Maria que luta na paz de Deus, Maria que se entrega, que se ocupa sem preocupar-se e Maria que aceita. Encerrou a manhã uma missa muito bem participada.

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"Equipestinhas"

Foram formadas 2 equipes de crianças, uma de 7 a 9 anos, a outra de 9 a 12 anos. Dois casais da equipe Nossa Senhora Mãe da Igreja, Clélia e Manoel e Wilma e Pedrinho, disseram: "Queremos que nossos filhos sintam, desde crianças, a vida de Equipe de Nossa Senhora". Daí trabalharam e conseguiram formar as duas equipes, compostas de 8 a 10 crianças cada uma. Trabalho bonito, e a criançada alegre e satisfeita de estar em equipe. ("

Curso para piloto e ligação

Participaram 23 casais. Os assuntos do curso, que constou de três palestras e de círculos de estudo, foram expostos pelo Cônego Pedro e por Helena e Tata. O Côn. Pedro falou sobre "vocação do homem é vocação de amor", ressaltando: pontos de nossa missão, nossa disponibilidade ao Espírito Santo, nós como missionários do amor, o Casal Piloto e o Casal de Ligação como tendo também a missão de levar o Espírito Santo aos irmãos pelo amor. Helena e Tata falaram sobre o Movimento das Equipes, sua estrutura e situação atual, trabalhos e responsabilidades do C.P. e do C.L. No final, Helena fez uma palestra muito rica de mensagens sobre "Cristo e nós". Curso muito bom e de grande proveito para os numerosos participantes. BIO DE JANEIRO -

Novas equipes

O Setor B do Rio lançou, em dezembro, as equipes 53 e 54, ambas em Padre Miguel, compostas de casais que participaram de um "encontrinho" realizado, em junho, por equipistas da mesma localidade e após o qual vinham se reunindo mensalmente, para sentir o que é a vivência em grupo, num verdadeiro teste de perseverança. No mesmo mês, o Setor B promoveu ainda o lançamento da equipe 55, com casais, em sua maior parte, residentes em Marechal Hermes. Colaborou decisivamente para a formação do grupo o antigo Conselheiro Espiritual da equipe 46, Frei José Maria (Frei Zézinho) . -

Noites de oração

Os Setores do Rio estão seriamente empenhados em que seus casais cresçam efetivamente na oração, convocando-os para participar dos retiros, o primeiro deles programado de 7 a 9 de abril,

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e para as "noites de oração", que se realizam mensalmente. Damos a seguir dias e locais dessas noites, para os que porventura estejam de passagem pelo Rio e queiram participar: na zona norte, às últimas terças-feiras, às 20h30, no Colégio Santa Tereza (Rua São Francisco Xavier, 11); na zona sul, às penúltimas segundas-feiras, às 21h, na Igreja da Divina Providência (Rua Lopes Quintas, 274).

MARíLIA -

Um retiro "bossa. . . velha"!

As equipes de Marília realizaram seu último retiro de 1977 com a participação de 44 casais: 20 de Garça, 20 de Marília e 1 de Araçatuba. No Seminário São Vicente, foi pregado pelo Côn. Pedro Branco, há 20 anos Conselheiro Espiritual em Jaú e um dos primeiríssimos pregadores de retiros para casais no Brasil. Graças a ele, os participantes descobriram os benefícios de um retiro em silêncio e dão por aprovada o que um deles chama a "nova" dinâmica adotada. . . Relata o Boletim: "Como ele mesmo disse, não iria apresentar novidades, pois não é esse o objetivo do retiro, mas .s im propiciar a todos condições de reflexão, meditação e interiorização para a transformação do "homem velho" em "homem novo". A nossa vocação, o relacionamento com Deus, o relacionamento com a família e com o próximo, a vida de equipe - esses foram os temas para reflexão individual, reflexão a dois e dever de sentar-se. O retiro foi bastante valorizado pela participação consciente de todos os casais, que mantiveram um clima de silênc' o e recolhimento durante todo o tempo. O aproveitamento foi excelente, como provam as avaliações. Eis uma delas:

Pontos positivos: Se retiro é encontro com Deus, esse encontro exige recolhimento, silêncio interior, só possível com o silêncio ex terior. Só assim há possibilidade de uma verdadeira r evisão de vida, capaz de proporcionar uma retomada de posição.

A programação desenvolvida, com r eflexões constantes, a sós e do casal. Não houve avalanche de mensagens, sem tempo de encaixá-las na vida. Graças ao recolhimento, é possível sair do retiro com uma conclusão prática, sem confusão. Não se continua tateando, sai-se com uma meta definida. Tempo para tudo. sem correrias. -28-

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O pregador. Atingiu amplamente os objetivos. Linguagem fácil, fartas explicações, excelentes colocações. Sem abordagens teóricas. Prático, sumamente prático. Comunicador por excelência. O tema. Bastante feliz sua escolha. Sem mistérios. Focalizou boa parte do que sabemos e não vivemos. É um tema da vida, do dia a dia de cada um de nós. Não é necessário saber muito. O que importa é viver em plenitude o pouco que aprendemos. O tema desenvolvido teve esse objetivo.

Sugestões: t i

1) Repetir essa dinâmica (do silêncio e do recolhimento) nos retiros futuros. 2) MantE:r esse tipo de programação. As reuniões de grupo nem sempre propiciam os resultados desejados, pela dispersão inevitável dos componentes. Depois, a partir da expos1çao, da maneira como foi colocada, não há o que discutir em grupo. A verdade foi franca demais.

3) O retiro trimestral e não anual!" BAURU -

Inter-equipes

As reuniões inter-equipes do segundo semestre tiveram a participação de 36 casais e de 5 sacerdotes. A análise dos relatórios permitiu ao Setor considerar como plenamente válida a promoção, abrindo caminho para a sua continuidade nas suas programações anuais. Síntese das respostas à pergunta: "Vocês têm encontrado no Movimento tudo quanto dele esperavam? Se não o têm, o que estaria faltando da parte de sua equipe de Setor?" Equipe A: O Movimento é bom, basta saber ser equipista. Todos têm recebido mais do que esperavam, tanto na família, na vida conjugal, com os filhos, quanto pessoalmente. Equipe B: Pergunta ultrapassada. É preciso inovar para motivar os debates. Equipe C: O Movimento é tudo quanto os casais esperavam e as raras falhas existentes são de equipes e de pessoas e não do Movimento. Equipe D: Todos têm se beneficiado com o Movimento. Alguns custaram a concordar em ingressar nas Equipes, mas, hoje, não querem sair ... Equipe E: No geral, acham que estão encontrando na equipe o que desejavam, embora não saibam aproveitar ... -29-


GARÇA -

Reflexão sobre a oração

Os equipistas garcenses - diga-se de passagem, a maioria reuniram-se, no dia 30 de novembro, para ouvir o P e. Mathias falar sobre a oração. Escrevem Maria Benedicta e Antoninho, Casal Responsável pela Equipe 1: "Alertou-nos quanto ao fato de que cada momento de nossa vida é um momento único e, por isso, devemos acordar o que está dormindo dentro de nós para podermos viver plenamente esse momento único, que não se repetirá jamais. Colocou-nos quatro pontos fundamentais que nos ajudam a criar condições para orar. São eles: a necessidade de relação consigo mesmo; a necessidade de relação com O· mundo; a necessidade de relação com o próximo; a necessidade de relação com Deus. Lembrou que é imprescindível irmos derrubando "nossos ídolos" para deixarmos Deus ocupar seu lugar em nosso íntimo. Impossível retratar tudo o que nos foi transmitido pelo Pe. Mathias. Ficamos, porém, com uma gravação, que nos permitirá refletir muito e tentar traduzir em vida a mensagem que dele recebemos, para rezar mais e melhor, para abrir-nos e deixar Deus morar em nosso coração, onde é seu lugar." -

Tarde de reflexão

As Equipes de Garça estiveram reunidas para uma tarde de reflexão no dia 4 de dezembro. O assunto foi o documento "O que é uma Equipe de Nossa Senhora". Márcia e Nilson, da Equipe 5, a caçula das equipes garcenses e responsável pela organização da tarde, relatam: · O aproveitamento foi muito bom e eis algumas das conclusões dos debates em grupos: - "Nas nossas reuniões, colocamos Deus no lugar das pessoas. Ele, falando através delas. Isso traz maior proveito e nos faz sentir o Cristo vivo nas reuniões da equipe. É importante, porém, que o Cristo seja visto não só nas reuniões, mas na vida de cada elemento da comunidade." - "A entre-ajuda tem sido constante. As vezes não é possível fazê-la de maneira pessoal ou material. Mas ela sempre ocorre através de orações." -

"Cristo é a meta. A Equipe é o nosso caminho." -30-


- "A Equipe é importante caminho para chegarmos ao Cristo. Oferece-nos orientações, ensinamentos e testemunhos para a nossa vida de cristãos."

'

Após o plenário, Padre Tomás, vigário da Matriz e Conselheiro Espiritual de várias equipes, falou sobre a Família de Nazaré, deixando, entre outras, essas mensagens: "O modelo de família é a Família de Nazaré. A escola para se chegar a Deus é: Maria, José e Cristo." Em seguida, todos os participantes rumaram para a Matriz, onde participaram da Missa. Dos 54 equipistas garcenses, apenas 35 participaram da Tarde de Reflexão. As ausências ficam justificadas pelas chuvas torrenciais que caíam sobre a cidade naquele dia e que causaram sérios transtornos à população, culminando, inclusive, com a decretação de calamidade pública pelas autoridades municipais ...

DEUS CHAMOU A SI Suely Therezinha Francesca Pelegrina

Da Equipe n. 0 10 de Jaú, no dia 28 de dezembro. Recebemos do Setor de Jaú a seguinte comunicação:

Partiu com as mãos cheias de flores, colhidas nos 33 anos de sua vida dedicada, não só ao Oswaldo, a seus 4 filhos, à família e aos amigos, como também a um profundo apostolado junto aos casais de noivos e às equipes. Para todos que tiveram a graça de com ela conviver, foi Suely um anjo de amor, um exemplo de fé inabalável e de força de vontade. Na sua missa de sétimo dia disse-nos bem o Cônego Ricardo, "é uma missa de ressurreição; Suely morreu para ressurgir junto a Cristo, na plenitude do amor que tão bem soube espalhar à sua volta." Em meio à saudade já pudemos sentir os frutos desse amor, pela paz que reina em sua família e pelas palavras do Oswaldo, seu esposo: "Meu Deus e meu Pai, nesta paz e neste silêncio, assim como a recebi de Suas mãos, eu a restituo, tão pura e tão cheia de amor."

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ESCOLHER O CRISTO

I

' Cristo pede-nos uma opção total, exclusiva, urgente e irreversível. deste mundo pode prender-nos, a não ser Ele.

TEXTO DE MEDITA,ÇAO -

Nada

Lc. 9, 57-62

Enquanto caminhavam, um homem lhe disse: "Senhor, seguir-te-ei para onde quer que vás". Jesus replicou-lhe: "As raposas têm covas, e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça". A outro disse: "Segue-me". Mas ele pediu: "Senhor, permite-me ir primeiro enterrar meu pai". Mas Jesus disse-lhe: "Deixa que os mortos enterrem seus mortos; tu, porém, vai e anuncia o reino de Deus". Um outro ainda lhe falou: "Senhor, seguir-te-ei, mas permite primeiro que me despeça dos que estão em casa". Mas Jesus disse-lhe: "Aquele que põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o reino de Deus".

ORAÇAO -

-

Salmo 14

Alegrem-se os corações que buscam a Deus!

Quem será recebido, Senhor, em vossa casa? em vossa montanha santa, quem habitará? -32-


Aquele que na perfeição caminha e que pratica a justiça, que diz a verdade segundo o seu coração ; que põe um freio em sua língua e não faz mal ao seu irmão, nem insulta o seu próximo; despreza a companhia dos ímpios, mas honra aqueles que temem ao Senhor. E, se jurou, atrás não volta, mesmo em prejuízo seu; não empresta seu dinheiro com usura, nem aceita suborno contra o inocente. Aquele que assim proceder jamais vacilará. -

Alegrem-se os corações que buscam a Deus!

Oremos

6 Deus, que pela Ressurreição do vosso Filho nos ensinastes que o Amor é mais forte que a morte, ajudai-nos a morrer a nós mesmos e aos nossos apegos terrenos, a fim de seguirmos o Cristo e, desapegados de tudo que não sois Vós, podermos proclamar as maravilhas do vosso Reino. Isto vos pedimos, pelo mesmo Jesus Cristo, vosso Filho . .. Amém.


EQUIPES DE NOSSA SENHOH.A Movimento de casais por uma espiritualidade conjugal e familiar

Revisão, Publicação e D istribuição pela Secretaria das EQUIPES DE NOSSA SENHORA 01050 -

Rua João Adolfo , 118 - 99 - conj. 901 SAO P AULO, SP

somente para dist ribuição interna

T eL: 36 -6177


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