ENS - Carta Mensal 1978-1 - Março

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Marqo

Editorial ..... . ................... . .....•..... . As exigências da justiça .... A peneira e o amor fraterno .... . .. . ...... .

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A ECIR conversa com vocês ... . O sinal da cruz .. ....... . ... . .. . .

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Tempo de arr ependi'mento ...... .

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Qual a causa? .... .. ... . ............. .

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A vid a que dá para chorar Meditação para a Festa da Anunciação Ajuda-me, Senhor, a dizer sim . . . . . . . . . . . Escutar, meditar, orar ... .

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Experiências de oração .. .

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Somos privilegiados? . ... .

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EDITORIAL

"Vem e segue-me" foi um apelo que Deus dirigiu a muito~ homens através da História. Nem todos o ouviram do mesmo modo, bem como também nem todos ousaram dar-lhe uma resposta. É um fato que este apelo continua a soar e muitos homens e mulheres conseguem, hoje ainda, ouvi-lo. Talvez seja este apelo que nós ouvimos e ao qual tentamos responder dentro de um grupo chamado Equipe de Nossa Senhora. Contudo não basta ouvir o chamado; é preciso também saber para que estamos sendo chamados. Na equipe, os casais são chamados "a se abrirem

sempre mais ao amor de Deus, para dar testemunho dEle onde Ele os colocou". Tentemos refletir um pouco sobre este objetivo. Os casais são vocacionados a se abrirem sempre mais ao amor de Deus. Isto significa que há necessidade de um despojamento ascético. E quando se fala em despojamento se entende que é preciso haver esforço para se passar a uma atitude de disponibilidade, de simplicidade, que permita descobrir o amor de Deus presente no hoje de cada um, pois é patente que Deus se dirige ao homem lá onde o homem se encontra. Aliás, esta foi a característica de Cristo: colocar todo homem que se aproximava dEle no hoje de Deus. Isto significa que a Cristo não interessava, simplesmente, estar diante deste ou daquele homem, mas interessava a Ele saber se este homem estava de tal modo aberto e livre que Deus podia entrar em sua vida. Esta disponibilidade e simplicidade são características de Nossa Senhora, bem como de uma categoria de pessoas que, na Sagrada Escritura, são chamados os pobres de Javé. Estas pessoas não se caracterizam por não terem bens, mas pela libertação de tudo aquilo que, de algum modo, os torna escravos de alguma coisa, de alguém ou de si mesmos. Esta é a característica e, ao mesmo tempo, a exigência para se poder descobrir o amor de Deus na vida do homem. Permanecer assim aberto aos apelos de Deus é particularidade daqueles que se engajam numa equipe. Contudo, este permanecer aberto não é uma atitude puramente intelectual, fria ou estéril, mas quer ser altamente frutuosa, em palavras e gestos. Por isso é que se afirma que o equipista "é convidado a se abrir ao amor de Deus para dar testemunho dEle -1-


onde Ele o colocou". Este testemunho é fundamental para o equipista-. Aliás, baseia-se na própria palavra do Evangelho: "Nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas aquele que fizer a vontade de meu Pai". Não é assim que, examinando o nosso modo de ser e de agir, devemos confessar que nos colocamos muito mais na lista dos que clamam: Senhor, Senhor ... do que daqueles que agem? Dar testemunho dEle onde Ele nos colocou é, portanto, também característica do ser equipista. Com isto se afirma, pois, que é na vida a dois que se deve manifestar este testemunho. Se não conseguir aparecer ali, é sinal que o apelo apenas soou, mas ainda não conseguiu se transformar em gestos. Dar testemunho de Deus significa atestar diante de seus semelhantes que Deus ocupa um lugar especial em sua vida. Isto se traduz em gestos práticos de amor, compreensão, diálogo, etc. O que realmente importa é apresentar gestos concretos que nos coloquem na categoria dos que fazem a vontade do Pai. (Mensagem do Setor de Petrópolis aos equipistas, por ocasião das reuniões mistas)

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"TRABALHO E JUSTIÇA PARA TODOS"

AS EXIGÊNCIAS DA JUSTIÇA

Deus destinou a terra, com tudo que ela contém, para o uso de todos os homens e povos, de tal modo que os bens criados devem bastar a todos, com eqüidade, sob as regras da justiça, inseparável da caridade. Por esta razão, usando aqueles bens, o homem que possui legitimamente os bens materiais não os deve ter só como próprios dele, mas também como comuns, no sentido em que eles possam ser úteis não somente a ele mas também aos outros. Além disso, compete a todos o direito de ter uma parte de bens suficientes para si e suas famílias. Assim pensaram os Doutores e Padres da Igreja, ensinando que os homens são obrigados a socorrer os pobres, e, na verdade, não somente com o que lhes é supérfluo. Aquele, porém, que se encontra em necessidade extrema tem o direito de procurar o necessário para si junto às riquezas dos outros.

O Concílio Vaticano 11 Constituição Pastoral "Gaudium et Spes", nq 69

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A PENEIRA E O AMOR FRATERNO

Estamos voltando: das férias, da praia, do descanso. Pouco a pouco a cidade vai se enchendo de gente e movimento. Nem todos saímos, mas todos vivemos a sensação de esvaziamento. Talvez sejam as crianças que fazem falta nas ruas. Escolas fechadas são, um pouco, a cidade ausente de si mesma. Agora a cidade está voltando, e nós com ela. Voltamos também, os cristãos, a um ritmo mais intenso na tarefa evangelizadora. Retomamos nossos programas de pastoral, nossa presença atuante nas comunidades. E aí nos espera uma surpresa ... Quem chega parece que quer, enfim, chegar de vez e parar. Quer retomar sua vidinha normal e organizada. A surpresa é uma ordem de volta. É Quaresma: tempo de conversão, tempo de voltar-se para o outro. A Quaresma nos espera bem cedo este ano. Vem com seu perene apelo de penitência, de mudança de vida. Chega logo e "antipática", como o médico que nos pega despreocupados, sentenciando: você está doente, precisa se tratar. . . A Quaresma nos recorda o que queremos esquecer: "lembre-se que você é pó!" E se nós, os homens, somos pó, imaginemos a poeira que é tudo o mais. Tudo o que ocupa a nossa vida, que nos preocupa; que tira o nosso sono e nos transforma em alucinados biscateiros de riquezas, honras, poder e posição social. . . É o redemoinho de poeira egoísta que nos prende a nós mesmos. A crença popular diz que o diabo viaja no meio do redemoinho. Quando crianças, muitos de nós tentamos prendê-lo com uma peneira, mas o parafuso ameaçador de pó sempre nos fugia rápido e zombeteiro ... Aí está a Quaresma! Aí estamos nós, presos ao redemoinho que nos leva onde não queremos. Mas Quaresma não é crendice, é tempo de fé. Penitência cristã não é tentar inutilmente prender o diabo, é libertar-se da aspirai do mal. É romper com as

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volutas da poeira que nos arrasta para o abismo de nós mesmos. É voltar-se livre e conscientemente para a realização do bem. Conversão quaresma! é morte e ressurreição. Ela começa pulverizando nossas falsas grandezas para conduzir-nos a uma vida mais plena. Tornados pequenos, do tamanho de nossa verdade, pela penitência, crescemos para atingir, na Páscoa, a estatura do Homem Novo, à imagem do Ressuscitado. Mas é preciso uma mudança! Não mudança disto ou daquilo, que conversão não é arrumação de coisas, nem tinta nova sobre parede velha. Conversão é volta. Às vezes, meia volta completa, ou mesmo reviravolta total na vida! Saímos do r edemoinho da poeira de nós mesmos e voltamos para alguém. Certamente nosso Deus-Amor está no início e no término. Mas o caminho mesmo da volta é o homem, o outro, o irmão. Aí está a originalidade da conversão cristã. Voltamos para Deus indo ao encontro do homem. Ele é o único caminho, tudo mais não conduz a nada. "Nunca ninguém viu a Deus. Se nos amarmos uns aos outros, Deus vive unido a nós, e seu amor se torna perfeito em nós." (I Jo. 4, 12). O nosso Deus permanece inacessível para quem o busca fora do amor fraterno. A Quaresma é, então, tempo de Fraternidade, tempo de reaprender a trilha da vida. Cada ano a Campanha da Frat~rnidade nos faz aprender um novo trecho da estrada. E ter emos sempre o que aprender, porque o amor fraterno, sendo o caminho de Deus em nossas vidas, é longo e inesgotável.

D. Antonio Celso Quei ToZ Bispo da Região Sul I d e São Paulo

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A ECIR CONVERSA COM VOC~S

Caros amigos, Quem estivesse naquele sábado nas proximidades do "Falais des Sports", nos arredores de Paris, teria notado um movimento intenso de casais que se d;rigiam para aquele estádio. Três mil pessoas encaminhavam-se para o amplo anfiteatro que, dentro em pouco, ficaria lotado. Era o Encontro dos Responsáveis de Equipe, o equivalente aos nossos EACREs, que, com uma solenidade maior que o habitual, ia comemorar naquele fim de semana de 19/20 de novembro o 30. 0 aniversário da publicaçã.o da Carta Magna das Equipes de N assa Senhora. Atendendo a um convite da Equipe Responsável Internacional, lá estávamos nós, representando as equipes do Brasil. Graças a uma impecável organização, encontramos sem dificuldade o lugar numerado que nos fora designado. Assim que chegamos, mãos amistosas procuram as nossas: são os casais com os quais vamos const;tuir a equipe que irá se reunir à noite. Vêm eles da Suíça, da Itália, do sul da França. Pouco depois de aberta a sessão, quando Louis d'Amonville, anunciando as várias, delegações, refere-se à representação do Brasil, palmas calorosas repercutem no grande estádio. Já não nos sentimos mais estranhos, mas sim entre irmãos. Impossível descrever o que foram aqueles dois dias de entusiasmo contagiante, de ampla fraternidade n atural e espontânea. Com o desdobrar do programa, vão sendo pronunc;adas conferências e apresentados testemunhos por vezes emocionantes. Uma liturgia muito bem cuidada, e animada nor um coral das equipes, dá ao encontro a sua característica de espiritualidade. A presenca de 180 a 200 Conselheiros Espirituais imprime um aspecto grandioso às missas concelebradas, a última das quais presidida pelo Cardeal Renard. A tarde do domingo foi reservada para lembrar a história do Movimento. Dois testemunhos foram apresentados. O pri-

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meiro, de um casal que integrava o pequeno grupo que, em 1938, teve com o Pe. Caffarel o primeiro contato do qual nasceram as Equipes de Nossa Senhora. O segundo testemunho coube a nós, que pertencíamos ao primeiro grupo de casais brasileiros a ter também contato com o Pe. Caffarel, iniciando as equipes no Brasil, em 1950. Esta data representa para o Movimento a época em que se deu o salto sobre o Atlântico, iniciando a expansão das Equipes em regiões de língua não francesa.

"Livres para a Boa-Nova" foi o tema central das conferências pronunciadas nos dois dias. É o desdobramento das três grandes orientações dadas em Roma na peregrinação de 1976 e relembradas no recente documento "O que é uma equipe de Nossa Senhora". As várias conferências e muitos dos testemunhos apresentados no Encontro procuraram levar os casais das equipes a quererem viver aquilo que, com tanta propriedade, S. Paulo chama de "liberdade gloriosa dos filhos de Deus" (Rom 8, 21). -o-A nossa estada na França, entretanto, não se limitou a esta participação no Encontro comemorativo dos 30 anos de vivência dos Estatutos. Tinha ·sido organizado para nós um programa que nos permitiu sentir o pulsar vigoroso das Equipes, a sua unidade, o seu dinamismo. E permitiu-nos também sentir que estava sendo dada uma resposta gradativa ao alerta do Pe. Caffarel, quando, em 1973, ao se afastar da direção das Equipes por causa da idade e da saúde, apontou para a urgência de um "grande esforço de oração, de reflexão e de transformação a ser empreendido, com vontade férrea de descobrir a vontade de Deus sobre o Movimento e a sua missão". Desde então a Equipe Responsável Internacional tem se desdobrado a fim de realizar a "mutação necessária" para colocar as E.N.S. em consonância com as transformações e as necessidades de nossos tempos, permanecendo, no entanto, "fiéis às gracas de origem". O documento "O que é uma Equipe de Nossa Senhora"; a nova metodologia para a iniciação progressiva das equipes nos dois primeiros anos de funcionamento (e que está em vésperas de ser implantada entre nós); a revisão dos temas de estudo e a atualização dos "manuais" destinados aos quadros do Movimento. . . são o fruto desse esforço de rejuvenescimento que ainda continua. Ao mesmo tempo nota-se o empenho para a abertura das Equipes. Abertura no sentido de sensibilizar os casais para os anseios e as necessidades do mundo e, particularmente, da Família. Abertura no sentido de levar os equipistas a darem tempo e trabalho com generosidade, dedicação e competência para res-

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ponder aos apelos da Pastoral dos seus Bispos. Abertura, ainda, que permita às Equipes adaptarem-se às várias culturas, já que elas estão sendo cada vez mais chamadas a se propagarem nos vários horizontes. É o que pudemos sentir nos numerosos contatos que tivemos, seja com a Equipe Responsável Internacional, seja por ocasião do último Encontro com os Casais Regionais a que assistimos, seja com a Equipe de Animação dos "Anos de Aprofundamento" e com os grupo de casais que estão levando avante uma experiência para os que se encontram "no outono de vida".

Ao se debruçar assim sobre as peculiaridades dos casais nas várias fases de sua vida conjugal e familiar, não podia o Movimento deixar de sentir a preocupação dos pais em relação aos fi lhos adolescentes ou já adultos. Se as Equipes, desde sempre, foram pioneiras no trabalho de preparação dos noivos para o casamento, ultimamente vem se interessando pelos jovens, procurando dar-lhes apoio. A partir de uma semana de reflexão, oração e estudo, promovida por vários jovens que participaram da peregrinação das Equipes em Roma, e da qual participaram perto de 100 jovens, um trabalho sério e organizado está sendo conduzido. Objetivo: a busca de um ideal de espiritualidade, para o que não hesitaram em se apoiar na experiência de casais das Equipes de Nossa Senhora e em alguns de seus métodos.

-oCaros amigos, foi com um sentimento de profunda gratidão por todas as atenções de que fomos alvo que deixamos Paris nos primeiros dias de dezembro. Desviando-nos da rota habitual, passamos por Belém, Manaus e Brasília. O contato fraterno com as equipes dessas cidades foi dos mais animadores. São três núcleos promissores que serão certamente pontos altos da difusão da espiritualidade conjugal naquelas longínquas regiões brasileiras, através das Equipes de Nossa Senhora. Ao transmitir a vocês a súmula de nossas impressões, por entre o fervilhar de imagens que de novo assomam à nossa mente, dois pontos emergem entre tantos outros: a semana de preces na Casa de Oração do Pe. Caffarel em Troussures, os dois dias passados em Lourdes. Ali, interrompendo contatos, trocas de idéias e debates, colocamo-nos na presença do Senhor, aos pés de Maria, e a eles, mais uma vez, confiamos o nosso Movimento. Toda a fraterna amizade de

Nancy e Moncau

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O SINAL DA CRUZ

Bom dia, Senhor! Minha primeira saudação será a tua Cruz. Ela será tua benção de Pai para mim e para o dia que começa. Quero lembrar-me que não é um sinal de subtração, um sinal de "menos" (-) , mas, sim, um sinal de "mais" ( +) , um grande sinal de adição. Ah, Senhor, não me rebaixo ao confessar-me teu discípulo! Pelo contrário, ao traçar sobre mim o sinal da Cruz, sinto-me crescer, me supero, quebro o círculo de minhas minúsculas preocupações. Vou fazê-lo com respeito! Quero marcar fortemente, com ele, a minha fronte, os meus lábios, o meu peito, para que todos os meus pensamentos, os meus afetos, e toda a minha atividade deste dia fiquem totalmente consagrados a ti. Esta linha vertical que traço da fronte ao peito parece unir o céu à terra. A linha horizontal, de ombro a ombro, quer prolongar-se indefinidamente, para abraçar todos os homens. Senhor, tua benção para mim e para o dia que começa! (Transcrito do Boletim de Bauru)

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TEMPO DE ARREPENDIMENTO

O arrependimento é um passo para a salvação, um processo para viver com autenticidade. Recusar os apelos do arrependimento significa fechar muitos caminhos que levam à nossa realização humana e cristã.

O arrependimento é uma experiência universal. Quem poderia dizer, com sinceridade, que nunca sentiu arrependimento na vida? O que pode acontecer é que as pessoas não queiram confessar-se arrependidas. Poderíamos, então, afirmar que o homem está condenado a arrepender-se? Condenado não. É chamado a arrepender-se. O arrependimento não é um ato de condenação, mas um passo de salvação. O arrependimento, em si , não é azedo nem opressivo. Ao contrário, descongestiona a existência e desobstrui a comunicação. Saber arrepender-se é uma grande virtude. Quem não sabe arrepender-se ou não é capaz de arrepender-se, também não sabe viver. O arrependimento não é apenas um modo de existir. É, sobretudo, um processo para viver com autenticidade. Por vezes, as pessoas têm medo de arrepender-se. Deveriam, antes, ter medo de não arrepender-se. O arrepend;mento devolve ao homem as grandes possibilidades da vida. Recusar os apelos do arrependimento legítimo significa fechar muitos caminhos que levam à realização humana e cristã. -10-


Os falsos arrependimentos

Há falsos arrependimentos:

Arrependimento-lamentação. É inoperante. A pessoa lamenta a falta, soluça os erros, lacrimeja a vida, queixa-se de suas infidelidades, mas nada de novo acontece. Arrependimento-capitulação. É uma forma de desespero. Há os que alegam que não adianta lutar. Julgam que estão perdidos e entregam-se ao desânimo. Reconhecem e detestam o erro, mas submetem-se ao mal como se fossem vítimas de um fatalismo. Arrependimento-abominação. É uma atitude autodepreciativa. O ser humano se despreza por verificar que está falhando. Sente-se indigno, envergonhado, repulsivo aos próprios olhos. Em vez de ter aversão ao erro, rejeita-se a si mesmo. Esquece que arrepender-se não é odiar-se. É ato de amor. Gasta mais em recriminar-se porque caiu na lama do que em limpar a vida. Esse arrependimento não levanta, mas afunda a pessoa na miséria. Arrependimento-punição. É retenção de culpa. É o homem que sente necessidade de autopunir-se quando erra. E por isso, agarra-se morbidamente ao sentimento de culpa. Arrepender-se, não para sentir-se perdoado, mas para sentir-se castigado. Infernado pelo verme da culpa doentia, tem a sensação de estar pagando uma dívida ou legalizando a vida. Em vez de a culpa buscar arrependimento, é o arrependimento que está procurando a culpa. Nesse caso, arrepender-se é sentir-se cada vez mais culpado. O verdadeiro arrependimento

O verdadeiro arrependimento é salutar. É a transformação da vida. É a passagem de uma situação falha a um estado de 'maior fidelidade a Deus e aos irmãos. É renovação radical. Com sabedoria, escreve Rahner: "O arrependimento não é fuga, mas transformação". É deixar um passado infiel e buscar um futuro comprometido com o bem. Quem se arrepende não está desfiando personal:dade, mas reatando os fios rotos da rede existencial. Arrepender-se não é autodestruir-se mas reconstituir-se. Não é dispersar-se, mas reconduzir-se aos caminhos da vida. Diz Dodd: "O arrepender-se, para os evangelhos, é mudança de pensamento e de coração, de onde irá nascer um novo estilo de vida". -11-


O arrependimento não é um retorno ao passado, mas um re~ soluto avançar. Não é uma forma regressiva, mas um processo de superação. Não é desdizer-se, mas recuperar a palavra perdida ou traída. Não é voltar atrás, mas ir além. Arrepender-se não é fugir de si, mas reencontrar-se. Não é abandonar a personalidade, mas :reassumi-la corajosamente. Arrepender-se não é rebaixar-se, mas renascer. O arrependimento é fenômeno eminentemente positivo, porque é força de libertação. Expurga tudo que nega o homem. Negativo é o erro, o pecado. Arrepender-se do pecado, dissociar-se do mal é sempre um passo renovador, é sempre um gesto de esperança, é sempre uma expressão de crescimento. Arrependimento é recolocar, nas próprias mãos, um destino que estava se perdendo. O mal distancia e aliena o homem. O arrependimento reaproxima e desaliena o homem. Arrepender-se não é ser menos. É deixar de ser menos. É ser mais. Arrepender-se é libertar-se. Pe. Juvenal Arduino

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QUAL A CAUSA ? (Do Boletim de São José dos Campos)

É impressionante o enorme quadro de doenças que anda por aí minando a saúde matrimonial dos casais. Desde a aparentemente ingênua e simples gripe de uma mentira, até a terrível tuberculose da infidelidade conjugal, o quadro é variado e assustador. Há uma fraqueza muito grande desses casais, depauperados pela avitaminose de Deus. Não tendo fé, em conseqüência não têm esperança. Sem esta, não têm paciência. E, sem paciência, não têm o perdão e nem o respeito por si e por seu próximo mais próximo. E quando num lar começa a faltar o respeito a si próprio e ao próximo, começa a minguar também o perdão, a paciência. . . Inexiste a paz. É um caos.

Nesses doze meses de trabalho no S.O.F., ( 1 ) a impressão que tivemos, além de todas as aparências, é que a casa vai mal quando falta Deus no coração do casal. O resto: mentira, falsidade, egoísmo, infidelidade, desrespeito, brutalidade, desamor, separação, etc., são conseqüências desagregadoras. A gente pode ficar cuidando das feridas, das mazelas. Mas enquanto o paciente ou pacientes se recusam a receber a injeção da fé no coração, a cura não é completa, nem definitiva. Portanto, amigos, vocês, que se preocupam com o futuro da Família, com a salvação da moral cristã, procurem ajudar os casais que estão ao seu alcance, da maneira como puderem, colocando Deus em seus corações. E, para nos imunizarmos contra essa moléstia indesejável da vida moderna, passemos a tomar com bastante regularidade a "vacina" da Palavra de Deus. Sinceramente, é o que sentem

os "enfeTmeh·os" do S.O.F . (2) (1)

"Serviço de Orientação Matrimonial" -

<2)

Endereço do "S.O.F. ":

cf. C. M. de agosto de 1977.

Praça João Mendes, 139 12.200 - SAO JOSlt DOS CAMPOS

(Endereço de outros centros de aconselhamento matrimonial, na mesma C . M. de agosto de 1977) .

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A VIDA QUE DA PARA CHORAR

(Do

Boletim de Londrina)

"O Senhor Deus disse a Caim: "Onde está teu irmão?". Caim respondeu: "Não sei. Sou porventura eu o guarda de meu irmão?". O Senhor disse: "Que fizeste? Eis que a voz do sangue do teu irmão clama por mim desde a terra".

O mundo atual sofre a "espiral da violência". Atos de bestialidade requintada, antes inimaginável, parecem pertencer à rotina da vida moderna, sem causar assombro. Já não surpreendem. Parecem até catástrofes naturais, embora indesejáveis. Sequestras e assassinatos, tiranias, terrorismo, torturas - imprudência de motoristas ... O número de mortes provocadas pelo homem neste século XX já ultrapassa 110 milhões. O sofrimento se acumula na vida pessoal e na história do mundo. O próprio progresso impõe uma verdadeira "via-sacra". Um estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde informa que, num futuro próximo, o número de pessoas mortas em acidentes automobilísticos chegará a quase 250 mil por ano, devendo anular quase que totalmente os esforços realizados do ponto de vista sanitário para prolongar a vida dos homens. O número de feridos atingirá em breve dez milhões anuais. No seu amor à vida, ao homem e ao mundo, o descrente revolta-se e afirma que Deus morreu nas vítimas inocentes. Ele não enxerga a luz na extremidade do túnel, nem escuta o eco para os gritos de socorro. O crente orienta-se por Jesus de Nazaré, que mergulhou no sofrimento do homem até a morte, mas

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também venceu o sofrimento pela Ressurreição. E isto confere esperança e coragem. O sofrimento é inseparável do amor pela vida, pelo homem e pelo mundo. Quem não sabe mais amar não sabe mais sofrer. A fé em Jesus de N azaré penetra nesse amor, convoca para a luta contra o sofrimento, comunica esperança de que é possível, desde já, diminuir o sofrimento, que, um dia, será vencido. A memória da paixão e ressurreição do Senhor alimenta o compromisso com a liberâade, o direito, e a paz, fruto da justiça. E, na luz desta memória, pergunta-se: Que fazemos com o sofrimento? ...

* Senhor Deus, será que a nossa geração assiste, inerte e impotente a um processo de degeneração constante da moral pública e da consciência coletiva e individual? Que tua Cruz impeça que aceitemos, passivos e fatalistas, a dor, a miséria, a ignorância e a injustiça. Faze que saibamos até arriscar posses e prestígios, tempo e saúde, sono e tranquilidade, em prol de uma vida humana mais digna c de uma sociedade mais fraterna!. Padre Aurélio Conselheiro Espiritual da Equipe n9 7

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COM A PALAVRA OS CONSELHEIROS ESPIRITUAIS

MEDITAÇÃO PARA A FESTA DA ANUNCIAÇÃO

Desde o meu despertar consciente, quantos "sim" pronunc1e1 na minha vida? Impossível calcular o número de aceitações da minha parte até hoje. Pouco importa o número mas o valor do "Sim" pronunciado. O "Sim" e o "Não" competem entre si na vida de cada um de nós. Quantos "sim" foram uma negação na minha vida, negação ao amor, negação ao meu crescimento, negação ao bem dos meus filhos , negação à vida, negação a Cristo? O "Sim" que me livra de insistências inoportunas, o "sim" que me livra de um "não" comprometedor, o "sim" que me faz escravo de mim mesmo, o "sim" que esconde um "não", é um "sim" de negação a tudo aquilo que engrandece a pessoa humana. A propósito do "sim", Michel Quoist começa por dizer: "Tenho medo de dizer 'sim'." Eu também, tenho medo de dizer "sim" ? Tenho medo de dizer o "sim" que me libertaria? Tenho medo de dizer o "sim" que me compromete? Tenho medo de dizer o "sim" que mexe comigo? Tenho medo de dizer "sim" ao amor, à vida? O meu "sim" equivale a uma negação cada vez que ele é o fruto do medo, do comodismo, da falsa liberdade. O "Sim" de Maria: "Eis a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc. 1, 38) é um "sim" comprometedor, é um "sim" total, é um "sim" irrevogável, é um "sim" sem possibilidade de voltar atrás. Afinal, o "sim" de Maria encontra-se carregado de fé, de confiança absoluta, de dom total. É um "sim" para valer. Ao entrar neste mundo, o Filho de Deus, feito homem na pessoa de Jesus, disse: "Sim": "Pai, eis-me aqui para fazer a tua -16-


vontade." A sua vida toda foi a encarnação do "Sim" inicial. No meio da agonia, no Horto das Oliveiras, Ele confirma o "Sim" final: "Pai, se quiseres, afasta de mim este cálice; não seja, porém, a minha vontade a fazer-se, mas a tua" (Lc. 22, 42). O cristão tem em Cristo e sua Mãe os modelos da aceitação até ao extremo. Ambos levaram a efeito as conseqüências do "sim" inicial. A mim pertence, com a ajuda de Deus, concretizar no dia a dia da minha vida o "sim" que faz crescer, o "sim" resposta à vida, o "sim" que origina e culmina no amor, no dom total. Senhor, tenho medo de dizer "sim". Devo ter medo de dizer um "sim" que destrói. Ajuda-me, Senhor, a dizer sempre "sim" ao amor, e contigo viverei e ajudarei outros a viver.

Ir. Julien Laplante Conselheiro Espiritual da Equipe 6 de Marilia

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AJUDA- ME. SENHOR, A DIZER SIM

Tenho medo, Senhor, de dizer SIM. Até onde me conduzirás? Tenho medo de puxar a palha mais comprida, Tenho medo de assinar ao pé da folha em branco, Tenho medo do sim que reclama outros sim. Entretanto, eu não me sinto em paz. Tu me persegues, Senhor, Tu me assedias por todos os lados. Procuro o barulho porque receio ouvir-te, mas infiltras-Te num momento de silêncio. Fujo da estrada, pois vislumbrei-Te ao longe, mas na saída do atalho já me esperas quando chego. Onde esconder-me? Por toda a parte Te encontro: Então, não é possível escapar de Ti? . .. Mas, tenho medo, Senhor, de dizer sim. Medo de dar-Te a mão: na Tua mão a prendes. Medo de encontrar Teus olhos: Tu é sedutor. Medo de Tua exigência: és um Deus ciumento. Estou acuado, mas escondo-me. Estou cativo, mas debato-me, e combato, mesmo sabendo que já estou vencido. Pois és mais forte, Senhor, possuis o Mundo e m'o roubas. Se estendo a mão para pegar pessoas e coisas, desvanecem-se a meus olhos. Não é nada engraçado, Senhor: nada posso apanhar para mim A flor que colho murcha entre meus dedos. O riso que esboço em meus lábios se enrijece. A valsa que danço me deixa ofegante, inquieto, Tudo me parece vazio. Tudo oco. Fizeste um deserto em torno de mim -18-


E tenho fome, E tenho sede, O mundo inteiro não bastaria para me alimentar E, no entanto, Senhor, eu Te amava: que Te fiz eu? Por Ti eu trabalhava, por Ti eu me dava. 6 grande Deus terrível, que hás-de querer ainda?

-o OoMeu filho, quero mais para ti e para o mundo. Antigamente, o que desdobravas era a tua ação tenho a fazer com ela. Convidavas-me a aprová-la, a sustentá-la, querias interessar-me em teu trabalho, Mas, vê, Meu filho, trocavas os papéis ... Acompanhei-te com os olhos, vi tua boa vontade, Quero mais agora, para ti. Não é mais tua a ação que vais fazer, Mas a vontade de teu Pai do Céu.

mas nada

Dize sim, meu filho. Preciso do teu sim, como precisei do sim de Maria para vir à terra, Pois sou Eu quem deve estar em teu trabalho, Sou Eu quem deve estar em tua família, Sou Eu quem deve estar em teu bairro, e não tu. Pois é meu olhar que penetra e não o teu, É Minha palavra que faz efeito e não a tua, É Minha vida que transforma e não a tua. Dá-me TUDO, abandona TUDO. Preciso de teu sim para esposar-te e descer à terra. Preciso de teu sim para continuar a salvação do Mundo.

-o Ooó Senhor, tenho medo de tua exigência, mas quem Te pode resistir? Para que venha o Teu reino e não o meu, Para que Tua vontade seja feita e não a minha, Ajuda-me a dizer SIM. Michel Quoist

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ESCUTAR, MEDITAR. ORAR (Notas de uma palestra)

1. "Escutar" assiduamente a Palavra de Deus - "Escutar" quer dizer: procurar ouvir o que "Ele" está falando para mim.

"Escutar'' é "ouvir nas entrelinhas". Essa "escuta" tem que ser assídua, isto é, mais do que diária, aproveitando-se os vários momentos que se oferecerem a cada dia. Essa "escuta" está maravilhosamente identificada na observação de Jacques Maritain: é o "deixar-se penetrar pelo Evangelho". Anota ele - "Toda vez que se relê o Evangelho, aparece uma nova faceta de suas exigências e de sua liberdade, terrível e doce como o próprio Deus. Feliz aquele que se perde para sempre nesta floresta de luz e é preso pelo laço do Asoluto resplandecente no humano. Quanto mais cresce a nossa experiência, tanto mais nos sentimos longe de pôr em prática os conselhos evangélicos, mas, ao mesmo tempo, a idéia e o desejo de sua verdade misteriosa se imprimem mais em nós: é aquilo que chamo o Evangelho penetrando em nós." 2. Reservar, todos os dias, o tempo necessário para um verdadeiro encontro com o Senhor - Meditação "A meditação - escreve Santa Tereza de Avila - é, a meu ver, uma relação íntima de amizade em que se conversa a sós com Deus que, sabemos, nos ama". A meditação pode revestir formas diversas, segundo as etapas da v;da espiritual, ou também segundo as escolas. Pode ser mais metódica ou mais espontânea. D ar mais lugar à reflexão ou a atos interiores do coração ou da vontade. Simplifica-se progressivamente e tende a tornar-se, sob a ação do Espírito Santo, uma presença de Deus que habita no centro da alma. -20-


reservar = pôr de parte; destacar com destinação certa; todos os dias = na meditação não há fins de semana, feriados nem férias; tempo necessá1·io = é proporcional à medida de nosso amor; para um verdadeiro encontro com o Senhor = precisamos estar "dependentes" e "arrependidos"; dependência que é muito mais do que mera submissão e arrependimento que é "o sentimento agudo de nossa indignidade radical perante a santidade de Deus". 3. Encontrar-se, a cada dia, marido e mulher, numa Oração Conjugal (e Familiar~ quando possível) Trata-se de um "encontro" do "casal" com "o Cristo", vinculado ao sacramento do matrimônio. É a reafirmação, em espírito de humildade, das esperanças que assumimos juntos. Esse encontro deverá ser feito com regularidade. "A necessidade da oração conjugal, a sua grandeza não se explica senão na perspectiva do sacramento do matrimônio. Numa palavra, quando Cristo une pelo seu sacramento um homem e uma mulher, é para fundar um santuário, que é um casal cristão, onde Ele, Cristo, poderá celebrar, com esse casal, por esse casal, o grande culto filial de louvor, de adoração e de intercessão que veio instaurar sobre a terra ... " "Enquanto o dever de sentar-se é um diálogo de corações sob o olhar de Deus, a oração conjugal é um diálogo com Deus sob o olhar do outro. Ela é a ocasião de exprimir ao cônjuge o que se tem de mais profundo e original. Não é, portanto, uma justaposição de orações, mas uma verdadeira comunhão, onde se forja a alma comum do casal. Cada casal deve descobrir sua forma de oração conjugal". A oração conjugal não afastou a recomendação da oração familiar. "Quando possível" deve ser entendido no sentido de "Sempre que possível". "A oração familiar não é um ato como os outros, um ato no meio dos outros. É o instante em que a família toma consciência do que ela é no mais profundo de si mesma, o instante em que ela realiza e desenvolve a sua missão de ecclesia".

(De uma palestra de Nicolau Zarif sobre "Os meios de aperfeiçoamento")

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EXPERI~NCIAS

DE

ORAÇAO

(Do Boletim de Florianópolis)

Florianópolis sempre foi um Setor que primou pela espirit ualidade (e também pelo apostolado) . Em seus vinte anos de Movimento as Equipes da capital catarinense inventaram muitas modalidades para se aproximarem de Deus (e levá-lo ao próximo) . Uma delas é a Hora Santa mensal, c-uja história vai aqui relatada por Dilma e Miguel. De dois anos para cá, a Equipe 1 vinha tendo sua "hora santa particular", várias vezes por semana . Agora, resolveu fazer com que os filhos também participassem. Leiam a seguir também o re• lato dessa experiência.

A nossa Hora Santa tem a sua história

Quando vemos o elevado número de casais que ultimamente têm participado das nossas Horas Santas, sentimos que valeu a persistência de um esforço iniciado desde as primeiras horas das Equipes de N assa Senhora em Florianópolis. Hoje, quanto·s sabem ou quantos se recordam do que foram essas primeiras horas? Nossas Horas Santas tiveram seu começo na Catedral Metropolitana . . Das 15 às 16 horas, nos domingos de tarde. Era o tempo dos filhos pequenos, da turma sem carro, sem casas de praia e sem TV. . . Mas o tempo passou e as Equipes cresceram. Os domingos de tarde deixaram de ser o ideal para o nosso encontro com o Pai, e nos mudamos, com armas e bagagens, para o espaço das 11 às 12 horas. Um domingo por mês, o almoço podia sofrer alguma alteração. E ficamos com a nossa Hora Santa dominical. Começaram então a surgir os carros, os passeios, os programas de dia inteiro. E tivemos que estudar um novo horário para nos reunirmos diante do Senhor. -22-


Foi quando surgiu o horário (1) que permanece até hoje. Naquela hora, normalmente, a turma que trabalha e estuda se acha livre. e os pequenos, possivelmente, dormindo. Mudamos assim de horário, e mudamos também de capela. Passamos a nos encontrar no Provincialato das Irmãs da DiVIna Providência, para, em seguida, nos fixarmos na Capela do Colégio Catarinense. Agora, passados quase 20 anos na história desse nosso Encontro com o Pai, podemos dizer, sem medo de errar, que a Hora Santa tem sido o mais importante ponto de união entre os nossos equipistas, o seu grande momento mensal de elevação espiritual, responsável, quem sabe, pelas grandes bençãos de Deus recebidas pelas Equipes de Nossa Senhora. Uma nova experiência de oração em família

Tudo começou há dois anos, quando a Eouipe 1, sentindo a necessidade de fazer uma experiênc' a de oração, fora dos encontros normais proporcionados pelo Movimento, resolveu se reunir na Capela da Imaculada Conceição. E assim, mês após mês, três dias por semana, no silêncio da noite, às 22 horas, a Equipe de Nossa Senhora do Desterro se encontrava para louvar a Deus e pedir-Lhe. por intercessão da Virgem Imaculada, nas intenções as ma' s diversas. Mais tarde, os casais sentiram que era chegado o tempo de também os filhos participarem dos seus encontros de oração, e a equipe passou a se reunir mensalmente, e por rodízio, na residência de cada um dos casais. E o que fazem na ocasião? Qual o roteiro das reuniões? Tudo se passa de forma sirnnles: um roteiro d'stribuído a todos na hora, uma sala preparada, uma vela acesa, uma ima~em da Virgem, casais e seus filhos numa atitude de prece. Uma palavra de rPcepção pelo dono da casa, um cântico de entrada, a recitacão d.e um salmo, uma pausa para meditacão, a leitura do Novo Test::~ mento, a meditação livre, as intencões colocadas em comum. o Pai Nosso, uma oracão final e o cântico do Magnificat. Tudo em torno de 30 minutos. não mais. No fim. um tempo para a conversa e um retorno ao lar com a alegria de quem se acha com o coração cheio das bênçãos de Deus, que presidiu a oração noturna do grupo. Eis a nossa experiência. Esperamos dos nossos irmãos experiências semelhantes. Vale a pena tentar." (1)

22 horas, na primeira quinta-feira do mês.

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TESTEMUNHO

SOMOS

PRIVILEGIADOS?

O divórcio passou a ser um tema bastante abordado pelas emissoras de rádio, de televisão e pelos jornais. Lendo um desses artigos, fiquei perplexo com o índice estatístico de casais que se separam no Brasil e passei a refletir nas causas da separação. Inconscientemente, eu os criticava, mesmo sem conhecê-los, sem penetrar no problema pessoal de cada um. Considerava-os imaturos, interesseiros, inconseqüentes e outras coisas mais, quando, de repente, vejo-me diante de mim mesmo e me transporto para a minha época de namoro, noivado, meus primeiros anos de casado e facilmente concluo que nem tudo foi um mar de rosas. Como na maioria dos casamentos normais, no nosso primeiro ano vivemos um amor ardente, na base do entusiasmo pelo novo "status" adquirido. Tínhamos algumas discordâncias próprias de um início de casamento, afinal estávamos começando a descobrir facetas até então desconhecidas um do outro, mas éramos felizes e julgávamos bastar-nos mutuamente. Materialmente, tínhamos uma certa segurança; espiritualmente, satisfazíamo-nos em ir à missa aos domingos, quando nada mais tínhamos a fazer. Fechados em nós mesmos, sentíamos nosso amor esvaziar -se e nada fazíamos para manter a chama acesa, nada fazíamos par a edificar aquele amor. Os pequenos detalhes foram esquecidos e a televisão contribuía decisivamente para que a distância entre nós aumentasse. O diálogo quase não existia e a satisfação, o entusiasmo de construir um lar, aos poucos, se apagava. -24-


Nossa apatia foi sacudida com o nascimento de nossas filhas: Ja éramos uma família, mas, passado o entusiasmo inicial, notamos que o vazio continuava. Hoje, talvez, seríamos um número a mais na estatística do jornal, se não tivéssemos sido convidados a participar do Movimento das Equipes de Nossa Senhora. Não temos dúvida que foi através das Equipes e dos meios que elas proporcionam que conseguimos preencher o vazio que existia entre nós e crescer na nossa vida conjugal e espiritual. Foi através das Equipes que Cristo se manifestou todo amor, que Ele se deu a conhecer e nós procuramos conhecê-lO: fomos levados a uma vida que não só é mais cristã mas também mais feliz. Fomos predestinados a ser felizes no casamento? Talvez. Fomos sorteados a encontrar a felicidade em nossa união matrimonial? Não acredito. Somos então privilegiados? Isto sim! Somos privilegiados porque não existe felicidade senão no amor de Deus, que através de Cristo, nós, os esposos, compartilhamos entre nós, entre os filhos e entre todos. Mas esse privilégio não é só nosso. Pertencemos a uma equipe, onde todos foram convidados e aceitaram assumir sua responsabilidade de cristãos casados. Não acredito que sozinhos fôssemos levados a descobrir as riquezas que existem em cada um de nós. A participação do grupo foi fundamental porque, em conjunto, apoiados uns nos outros, vivendo as mesmas problemáticas e visualizando a mesma esperança, aos poucos superando nossas deficiências através da compreensão, do estudo, e, principalmente, do conhecimento do Evangelho, que nos dá normas de vida e fundamenta o nosso amor. Não somos um grupo isolado, pertencemos a um movimento que tem suas raízes na França e se espalhou por todo o mundo: somos 2.800 equipes, sendo que só no Brasil contamos com aproximadamente 600 equipes, de Manaus ao Rio Grande do Sul. Somos um movimento de espiritualidade conjugal, não num sentido contemplativo, mas com o objetivo de levar cada um de nós a assumir a sua responsabilidade de esposos, pais e cristãos. Nossa missão de apóstolos casados nos obriga a abrir as portas, a sair, a irradiar o imenso amor que nos une e a proclamar a felicidade de sermos casados. <Do Boletim de Jundiaf>

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NOTíCIAS DOS SETORES

FLORIANOPOLIS -

Duplo jubileu da Igreja catarinense

As Equipes associaram-se com grande alegria às celebrações dos Jub'leus de Ouro da Arquidiocese e da Província Eclesiástica, que tiveram seu término por ocasião da Festa de Santa Catarina, em 25 de novembro. Escrevem Dilma e Miguel no Boletim: "Aproveitamos a oportunidade para renovar a D. Afonso Niehues a nossa total adesão ao seu trabalho como Pastor da nossa comunidade. O nosso Movimento muito deve a D. Afonso, ele que escolheu para seu lema episcopal o chamado de Cristo: "Ite in vineam!" Ide para a vinha! Dele temos recebido a amizade e o incentivo em todas as horas, motivos pelo qual, em momento tão festivo, elevamos as nossas preces ao Pai, pedindo suas luzes e sua graça para que continue a nos guiar, como ao nosso Pastor, nós que somos operários convocados a trabalhar na vinha". -

Preparação para a Preparação . . .

Visando oferecer um Curso Básico para casais que desejam se engajar nos Cursos de Preparação ao Casamento na Arquidiocese, o Grupo de Trabalho da Pastoral Familiar solicitou a colaboração das Equipes, pela sua larga experiência nesse campo de trabalho apostólico. O curso foi ministrado no dia 20 de novembro, no Colégio Catarinense, teve a duração de um dia e atingiu 27 casais, das paróquias de Florianópolis e cidades vizinhas. Esteve a cargo de 6 casais equipistas.

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LONDRINA -

Atuação dos equipistas Recebemos de Doroty e Wanderley algumas noticias da Coordenação entre as quais as seguintes, sobre o apostolado desenvolvido pelos casais:

"Continua o nosso apostolado em favor da família, principalmente no que diz respeito à ajuda espiritual. A expansão do Movimento, as nossas tardes de reflexão, retiros, tudo tem por finalidade despertar nos casais o desejo de ser um casal ativo, e membro atuante da Paróquia em que reside. A maioria dos nossos casais trabalham em Cursos de Noivos, de Batismo, Preparação à Primeira Eucaristia, Movimentos de Jovens, visitas e ajuda aos asilos, etc. Temos muitos casais que dão palestras, sempre que solicitados, atuando assiduamente em Encontros de jovens e de casais. Temos casais coordenando e assistindo três grupos de adolescentes, compostos de filhos de equipistas, de jovens cujos pais pertencem a outros movimentos e de alguns cujos pais não estão engajados em nenhum movimento - esses últimos já estão 'cobrando' dos pais, pois querem que entrem no Movimento!" SAO JOS~ DOS CAMPOS -

30 anos dos Estatutos

Na Festa da Imaculada Conceição, cerca de 80 equipistas lotaram a Capela de Nossa Senhora de Fátima, com mais um grupo de jovens pertencentes às "equipinhas", para participar da Santa Missa, preparada por Neusa e João e celebrada pelo Pe. Luiz Bertolotti, Conselheiro Espiritual do Setor. Foi uma celebração belíssima de ação de graças, seguida de uma confraternização, durante as quais foram comemorados os 30 anos de vida da Carta de Princípios do Movimento - b em como o aniversário do Pe. Luiz. Ao mesmo tempo em que agradeceram ao Pai por tantas graças recebidas, sob a proteção de Maria Santíssima, os equipistas joséenses não se esqueceram de pedir pelo Con. Caffarel e por Da. N ancy e Dr. Moncau que, "entre tantos outros, lhes propiciaram pertencer às Equipes de Nossa Senhora. Também pediram pelos seus Padres Assistentes e pelo Movimento, para que continue crescendo e se fortalecendo espiritualmente". Equipes de jovens

Reunido-s em casa de Hélene e Peter, cerca de vinte jovens, juntamente com alguns equipistas, ouviram, entusiasmados, a exposição de Natália e Floriano, iniciadores, no Rio de Janeiro,

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das equipes de adolescentes. O casal visitante estava acompanhado de seu filho caçula, de 16 anos, "equipista" há quatro. Ao final da reunião, os jovens presentes já estavam decididos a experimentar esse tipo de vida comunitária com a presença de Cristo e sob a proteção de Nossa Senhora. Rezemos pelo êxito desses novos grupos. -

Nova equipe

Composta, em sua maioria, por casais participantes de grupos de oração, foi lançada em novembro mais uma equipe, que está sendo pilotada por Cida e Olavo. O Setor coloca muitas esperanças nesta nova equipe, constituída por cristãos já conscientizados. -

Jeito gostoso de se "dar uma mão"

Com o objetivo de auxiliar as obras de ampliação da "Casa Kolbe" de Caçapava, excelente local de retiros, freqüentemente utilizado pelos equipistas de Setores vizinhos, assim como de prestar uma colaboração às obrf.s de reforma da Igreja de Santa Theresinha, sede da paróquia do Pe. Luiz, Conselheiro Espiritual do Setor e de mais três equipes, as equipes 3 e 7 encarregaram-se da oganização de um jantar-dançante-beneficente, cuja renda total reverteu àquelas duas obras. Foi uma noite gostosa, da qual participaram cerca de 150 casais. BEL~M

-

Mais equipes

Pe. Giovanni, fundador, em Belém, não só das Equipes como também dos Encontros de Casais com Cristo, selecionou, após dois anos de observação, 30 casais encontristas, aos quais foi dada informação sobre as Equipes de Nossa Senhora. Aguardem notícia das novas equipes a serem lançadas.

RIBEIRAO PRETO -

Compromisso em Catanduva (Do Boletim)

"O compromisso é o gesto ou a atitude de um casai que, tendo tomado consciência de que é parte constitutiva do Movimento das Equipes de Nossa Senhora, renuncia a uma posição de espectador e se põe a serviço de Deus, da Igreja e do Mundo. O compromisso é, portanto, a adoção consciente de todos os meios pro-

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postos pelo Movimento para ajudar os cristãos casados a serem perseverantes no esforço de fidelidade aos dois grandes compromissos: o Batismo e o Matrimônio. Estes dois sacramentos são duas fontes de dinamismo para sustentar e soerguer sempre mais as nossas forças. E vamos às Equipes de Nossa Senhora movidos pela caridade fraterna, a fim de pôr em comum as nossas forças e assim corresponder mais perfeitamente à missão que nos foi confiada, cumprindo, então, a nossa vocação." Com estas palavras iniciou-se a missa onde dez casais das equipes 1 e 2 de Catanduva, assumiram seu compromisso, recebido pelo Casal Regional, Marisa e Gustavo Fleury, que voltaram entusiasmados com o bom desenvolvimento das equipes de Catanduva, principalmente com a clareza de seus objetivos e com seus pés bem no chão. Dava gosto ver a cara de felicidade da Eliana. Parecia a mãe que vê o filho partir e diz dentro de si: missão cumprida. Afinal, foi ela quem lançou o Movimento lá e todos aqueles casais foram pilotadas por ela". (1) -

Reuniões mistas

Cerca de 54 casais, e 7 Conselheiros Espirituais, rezaram juntos, meditaram e trocaram experiências. Neste ano, Batatais e Catanduva fizeram as reuniões mistas em suas próprias cidades e também vibraram com a experiência. (Infelizmente, o Boletim não diz qual foi o tema da reunião.) (Os números do Setor: 25 equipes, sendo 17 em R'beirão, 4 em Batatais e 4 em Catanduva - são 167 casais e 17 sacerdotes. Acrescenta o Boletim: "os computadores não conseguiram registrar a quantidade de amor, testemunho, esforço de criatividade, e registraram: ao infinito.") (1)

Eliana é viúva de Luís Castilho Setor em Ribeirão.

ambos haviam sido Resporu;áveis de

Outra viúva que não deixa por menos é a Neuza, do Granadino. De mudança para São Paulo, vai fazer muita falta em Ribeirão. Vejam sua mensagem de despedida: "Amem-se e muito, mas muito mesmo. Não deixem as pequenas coisas anuviarem o seu amor. O tempo é curto: namorem, conversem. O tempo é curto ... "

Recado de São Paulo para Ribeirão: enviem o endereço da Neuza logo, sim?

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Como prepararam o Natal

De um modo geral, esse foi o mês das novenas, das trocas de presentes, de muita missa, de muita reflexão em torno do Natal. As equipes 1 e 5 resolveram abolir o "amigo invisível", dizendo um "não" à sociedade de consumo. Asseguram que assim os menores entendem que o Natal não é Papai Noel e vivem intensamente o verdadeiro sentido da vinda do Cristo. Empenharam-se algumas equ;pes na ajuda a famílias necessitadas. (Um exemplo a ser seguido por mais gente nos próximos anos.) Houve equipes que partiram para a evangelização do quarteirão. "Vivemos o ano todo só nos "bom-dia", "que calor, hein ?", "é verdade", "pois é", "então" - ou seja, não falamos com os nossos vizinhos daquilo que vai dentro da gente, daquilo em que a gente acred·ta, da nossa fé. Fazer a novena com a vizinhança é realmente uma boa idéia. É um momento para se discutir os problemas da nossa comunidade". As equipes 2 e 9 resolveram dar nas novenas "especial relevo à participação da gurizada: eles deram palpites, fizeram teatrinho - aconteceram". SOROCABA -

Trabalhando que dá gosto . ..

As equipes de Sorocaba são novas - a primeira nasceu há dois anos e pouco -, e dá gosto ver como já está todo mundo trabalh ando. Escrevem Vera e Leosmar, responsáve;s pela Coordenação: "Quase todos os casais trabalham em Encontros de Casais com Cristo, a tal ponto que as reuniões dos grupos de trabalho dos encontros têm servido como reuniões mistas, com bom entrosamento entre os casais das várias equipes. Vários membros das Equipes trabalham em Cursilhos, dando Rollos ou colaborando na escola de aprofundamento. Note-se que todos eles fizeram o Cursilho depois de pertencerem às Equipes. Vários casais trabalham em cursos de noivos, sendo que alguns são coordenadores de curso nas suas paróquias. Temos colaborado com a Pastoral Familiar da Diocese e temos um representante das Equipes na Equipe de Coordenação de Pastoral Familiar. Nosso Bispo conta com a colaboração das Equipes para outras atividades também".

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CURITIBA -

Experiência de um retiro

(Trechos da carta de um casal da Equipe 27 aos seus companheiros de equipe.)

"Confessamos que estávamos receosos de participar deste retiro. Ao chegarmos lá, sentíamos nossa fé tal qual uma folha seca ao sabor dos ventos e estávamos imersos numa treva total, mas, após os primeiros ensinamentos, era como se uma luz pequenina brilhasse, distante, apontando-nos um caminho. Com o passar das orações e meditações, essa luz foi aumentando cada vez mais e nos sentimos repletos dela, pela intimidade com Cristo. Estávamos com fome e comemos o Pão de Deus, estávamos com sede e bebemos sua Palavra Divina. Nós nos encontrávamos à beira do ab!smo espiritual, à procura constante de algo que nos completasse, e os ensinamentos do Pe. Pedro Salette foram como uma ponte que, transpondo este abismo, nos levaram diretamente aos braços de Deus. E qual não era a nossa alegria, com aquele sentimento de paz interior que tomava conta inteiramente de nós, ao verificarmos que não estávamos mais soz~ nhos, mas que "Deus residia em nossos corações". Exortamos a todos para que não deixem a oportunidade de tomar parte nesta comunhão íntima com Cristo que é o retiro, pois é uma experiência que nos dá uma fé viva e nos proporciona muita elevação espiritual".

MARILIA -

Preparação para o Compromisso (Do Boletim)

Os equipistas de Marília receberam um texto mimeografado que explic' tava, de maneira bem obietiva, o que representa o compromisso, assim como a renovação do compromisso. Assim preparados e motivados, compareceram, no dia 13 de novembro, 43 casa' s, para tomar parte no programa que se desenvolveu da seguinte forma: Inicialmente, uma palestra proferida pelo Pe. Alberto Boissinot, Conselheiro Espiritual da Equ;pe do Setor. O interesse com que todos os casais ouviram a palestra e depois se dispuseram a refletir seriamente, partindo do próprio casal e complementando em grupos de co-participacão, daixa transparecer a inspiração com que foi agraciado o palestrista. -31-


Os grupos revelaram em plenário o quanto refletiram e o quanto foi proveitosa a co-participação. Além disso, o Ir. Julien aceitou o convite para comandar essa parte do programa e, ao comentar as conclusões dos grupos, enriqueceu ainda mais essa experiência. A celebração da missa esteve a cargo do Pe. Herman Prince que, com os dons que o Espírito Santo lhe confiou, deixou bem marcante o significado realista do compromisso. Durante o ofertório, compromissaram-se os casais pertencentes às Equipes 6 e 8 e renovaram o compromisso os casais das equipes antigas. -

Curso para pilotos

Como estavam em pauta para 1978 novas equipes no Setor, organizou-se, sob a orientação de Conceição e Clovis, um curso de pilotos, para o qual foi convocado um casal de cada equipe de Marília. De Assis, vieram dois casais e o curso iniciou-se, cem a participação de 10 casais, com aulas, em número de 6, aos domingos, das 8 às 10 hs., em casas de equipistas. Foi dado em dinâmica de grupo, o que, segundo o Boletim, "faz aumentar o interesse e proporciona melhor aproveitamento: todos trabalham e todos participam". O curso foi um verdadeiro sucesso. De uma das avaliações: ' "O Movimento das E.N.S. prima pela pedagc·gia que adota. Devagar e sempre. Assim também acontece com o curso de casais pilotos. Começa devagar e vai crescendo aos poucos. Quando chega na última aula, os participantes começam a sentir pena porque vai terminar. O curso dá uma visão bem larga do que é realmente uma Equipe de Nossa Senhora e da missão do casal piloto. Faz o participante descobrir e sentir a grande responsabilidade. O participante sai daí consciente de que fundar Equipes de Nossa Senhora é algo muito sério. É como a paternidade responsável. Quem se dispõe a pilotar uma equipe deve estar bem consciente da grande responsabilidade que assume. Se não estiver devidamente preparado para essa missão, fará como aqueles que colocam filhos no mundo e os deixam bater a cabeça sem rumo certo. Equipes mal formadas são um desastre para o Movimento". Como sugestão: "Que os casais que fizeram este curso não parem aí. Que procurem se aprofundar cada vez mais, que se mantenham sempre atualizados, e que sejam disponíveis para o Movimento". -32-


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Equipes de viúvas

As duas equipes de viúvas de Marília fizeram o seu encontro anual no dia 27 de novembro. Além dos elementos das duas equipes, compareceram algumas viúvas convidadas, num total de 26 pessoas.

O tema para reflexão foi apresentado por uma das viúvas, enfocando a vocação da viúva como convite de Deus para continuar sua difícil tarefa dentro da família e do mundo. Ressaltou a perpetuidade do amor dos esposos, que perdura além da morte e cuja fidelidade tem valor de redenção. Analisa ainda a marcante predileção do Cristo pelas viúvas, verificada através de várias passagens do Evangelho. A seguir as duas equipes leram os relatórios das atividades desenvolvidas durante o ano de 1977, constando de visitas e auxílios às famílias pobres, aposentadoria de pessoas idosas, campanhas diversas e assistência às famílias dos presos da Casa do Albergado. Foram feitas algumas considerações sobre o funcionamento dessas equipes, como meio propício à melhor vivência do auxílio mútuo fraterno , ao aperfeiçoamento da vida cristã e ao aprofundamento da fé; tudo isso, graças à estrutura e aos métodos das equipes, que seguem a mesma linha das equipes de casais. Seguiu-se uma cerimônia penitenciai, como preparação ao Advento, feita pelo Pe. Alberto e, a seguir, a celebração da Eucaristia. Como fruto desse encontro, espera-se a criação de mais uma equipe de viúvas em 1978.

DEUS CHAMOU A SI Alberto Cruz

Da Equipe 1, Nossa Senhora das Graças, de São Paulo. No dia de Natal, no Rio de Janeiro, onde se achava a serviço. Durante seus 15 anos de equipe, sua vida cristã e sua devoção à Virgem edificaram aqueles que o conheciam. Sua atividade e sua presença na vida paroquial foram lembradas por seu vigário, na Missa de 7.0 dia, celebrada naquele clima de fé e de esperança que sempre marcou sua vida familiar. Para Alberto, Mercedes e seus filhos, pedimos as orações de todos vocês. -33-


NOVAS EQUIPES Belém do Pará

Equipe 6 - Casal Piloto: Mizar e Evandro; Conselheiro Espiritual: Frei Pedro Amem. Equipe 7 - Casal Piloto: Celi e Gelson; Conselheiro Espiritual: Pe. Luciano. Porto Alegre, Setor B

Equ;pe 15 - Casal Piloto: Maria e Francisco; Conselheiro Espiritual: Pe. Antonio Gasparini. Equ;ne ritual: Pe. Equipe Espiritual:

Jfi - Casal Piloto: Dulce e Hugo; Conselheiro EspiGustavo. 17 - Casal Piloto: Célia e Herculano; Conselheiro Pe. Antonio Lorenzatto.

Florianópolis, Setor A

Equipe "nova" 3 - Casal Piloto: Maria Ernestina e Milton; Conselheiro Espiritual: Pe. Walter Goedert. Rio de Janeiro, Setor A

Enu;pe 53 - Casal Piloto: Leila e Bujé; Conselheiro Espiritual: Frei Paulo Tellejen. Campinas

Equipe 28 - Casal Piloto: Angélica e Sérto; Conselheiro Espiritual: Pe. João Antonio Biazoto. Sorocaba

Equir>P. 2 - Casal Resnonsável: Gladys e José Octáv;o; Conselheiro Espir'tual: Pe. Mauro. Equipe 3 - Casal Responsável: Mazé e Serto; Conselheiro Espiritual: Pe. Pavani. Equipe 4 - Casal Responsável: Sílvia e Francisco ; Conselheiro Espiritual: Pe. João. Equipe 5 - Casal Responsável: Floriza e Bottesi; Conselheiro Espiritual: Pe. Lívio. NOVOS RESPONSAVEIS

Substituindo Wilma e Alfredo, são os novos Responsáveis pela Coordenação de Araçatuba Adélia e Juvenal. -34-


TEXTOS DE ORAÇÃO E MEDITAÇÃO

Durante o ano que pass::>u, meditamos os textos apostólicos de São Paulo, pois aspiramos a "ser seus imitadores" em "dar testemunho do Evangelho da graça de Deus". Anunciar o Evangelho pressupõe desapego e abertura ao Espírito Santo. Vamos dedicar este ano de 1978 à interiorização dessa exigência de desapego, meditando os conselhos dados pelo próprio Cristo no Evangelho de São Lucas. Possa essa meditação nos levar a libertar-nos efetivamente de tudo o que nos amarra, a não procurarmos mais do que o essencial e a dividirmos generosamente o que temos, lembrando-nos de que tudo é dom de Deus, como que "emprestado", para fazermos frutificar também em benefícios dos outros. Sem esquecer-nos de que, a exemplo do servo bom que se mostrou fiel no pouco (Lc. 19, 15-19), somos chamados a não esperar atingir as condições ideais para proclamar o Reino de Deus . . .

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A SALVAÇÃO VEM A NÓS

Perdão e salvação para aqueles que, reconhecendo o Cristo como seu único Senhor, empenham-se em mudar de vida.

TEXTO DE MEDITA,ÇÃO -

Luc. 19, 1-10

Jesus entrou em Jericó e ia atravessando a cidade. Havia aí um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos recebedores de impostos. Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, porque era de baixa estatura. Ele correu adiante, subiu a um sicômoro para o ver, quando ele passasse por ali. Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: "Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa." Ele desceu a toda a pressa, e recebeu-o alegremente. Vendo isto, todos murmuravam é diziam: "Ele vai hospedar-se em casa de um pecador ... " Zaqueu, entretanto, de pé diante do Senhor, disse-lhe: "Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quádruplo". Disse-lhe Jesus: "Hoje entrou a salvaçã'o nesta casa; porquanto também este é filho de Abraão. Pois o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido". ORAÇÃO -

Salmo 31

Feliz o homem, cujos pecados foram perdoados, cujas culpas foram apagadas. Feliz ele é, pois o Senhor deixou de considerar sua infidelidade, e ele mesmo acabou por reconhecer: "Eu pequei. .. "

.;_ 36-

'


Enquanto eu abafava a voz da minha consciência, uma aflição me consumia por dentro, e me fazia gemer o dia inteiro. Tua mão, Senhor, pesava sobre mim, e eu me sentia sem ânimo nenhum, como nos dias de mormaço quente do verão. Aí, não aguentei mais ocultar .o meu pecado, \ e te revelei o mal que cometi. Então resolvi: "Vou rel:cnhecer minha infidelidade diante do Senhor". E Tu me perdoaste!

Por isso, quem for seu amigo, recorra ao Senhor no tempo da aflição. Mesmo que aconteça uma catástrofe, e]e não será atingido. Porque também para mim, SPnhor, foste um abrigo seguro, e ainda hoje me preservas da angústi'3. A alegria da tua salvação me envolve mteiramente. Oremos

6 Deus, que escolheste a Virgem Maria entre os pobres do teu povo para ser o instrumento da tua salvação, dá-nos, por sua intercessão, um coração humilde, des;poiado e oronto para servir-te. Isto te pedimos por Jesus Cristo teu filho ... Amém.


EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de casais por uma espiritualidade conjugal e familiar

Revisão , PUblicação e Distribuição pela Secretaria das EQUIPES DE NOSSA SENHORA 01050 -

Rua João Adolfo, 118 - 99 - conj. 901 SAO PAULO, SP

somente para distribuição interna

Tel. : 36-6177


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