ENS - Carta Mensal 1977-7 - Outubro

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1977

NC? 7

Outubro

Editorial: Proclamar o Reino ........ ...... . . Super Região América Latina . . . . . . . . . . . . . . . Evangelizadores do lar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Outubro, mês do Rosário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Uma visita importante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Vinte e cinco anos da Equipe n. 0 2 . . . . . . . .

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"Desenvolvimento, opção de fé" . . . . . . . . . . . .

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Amor, ascese e educação . . . . . .. . . . . .. . .. . .. Primeiro Encontro de Adolescentes em Londrina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Notícias dos Setores .. .. .. .. .. .. . .. .. .. .. .. . lll.0 Mutirão de Petrópolis . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Oração para a próxima reunião . . . . . . . . . . . . •

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EDITORIAL

PROCLAMAR O REINO

Jesus, conforme conta S. Lucas (10, 1-11), enviou setenta. e dois discípulos a proclamar esta surpreendente novidade: o Reino de Deus está próximo, o Reino de Deus chegou. E eles partiram. Não discutiram o conteúdo da mensagem. Nem a sua formulação. Não disseram: "O Reino de Deus! É muito abstrato ... Será que as pessoas se vão interessar por isso? Vai ser preciso expl_icar do que se trata. Dêem-nos argumentos! Como hão de acreditar em nós? É de fato incrível. .. " Não se desculparam alegando a sua insuficiência. Não disseram: "Isso é tarefa de profetas". Ou ainda: "Só doutores e sábios podem falar no Reino de Deus". Ou então: "Para que nos acreditassem, seria preciso que fôssemos os melhores, os mais virtuosos, os mais exemplares". E por fim: "Por que não confiar esta tarefa a outros mais dignos ... " Investidos de missão semelhante, chamados a proclamar a mesma Boa Nova, podemos entregar-nos a esta tarefa com a mesma confiança e a mesma simplicidade. A mesma confiança. Hoje não menos que ontem, a Boa Nova interessa e é crível. Não estaremos demasiadamente dispostos a supor nos outros uma indiferença ou dúvidas que, na realidade, vêm de nós? Não há homem que seja indiferente ao seu próprio destino. Ora, nós cremos e desejamos anunciar a esse homem que, acerca do seu destino, Deus tem qualquer coisa para lhe dizer através do Evangelho. Queremos anunciar-lhe, para a sua felicidade, que Deus, em Jesus Cristo, se aproximou dele e de nós todos, com uma proximidade inimaginável e inesperada. A mesma simplicidade. Certamente que a mensagem ultrapassa o mensageiro. Certamente que a nossa linguagem é inadequada, corre sempre o risco de atenuá-la ou de endurecê-la. Certamente que, para apresentar a Boa Nova, temos ae multipli-


car os esforços de linguagem e de vocabulário, tanto para respeitarmos a mensagem, como por respeito pelo interlocutor. Mas sem esquecer que o que conta não é a maneira como o dizemos. E sem esquecer que, ao pormos o no-sso irmão em contato com a Palavra de Deus, muitas vezes teremos de nos apagar pura e simplesmente. Não receemos exageradamente a nossa incapacidade: sempre seremo~ inábeis. Antes receemos nada dizer ou nada fazer. E receemos sobretudo ser desonestos para com o que temos de dizer, fazendo ressoar as nossas próprias palavras em vez da Palavra de Deus. O papel que temos a desempenhar não é suficiente: a carnç e:. o sangue não bastam para fazerem compreender o que Deus

quer revelar; é o próprio Deus que faz "compreender", no verdadeiro sentido da palavra, a sua Boa Nova. Mas quis que o no.sso papel fosse necessário: "como o ouvirão, se ninguém o proclamar?" (Rom. 10, 14). Cumpre-nos, portanto, viver e testemunhar essa proximidade espanto·sa de um Deus que nos ama, nos acolhe como filhos e nos faz irmãos em Jesus Cristo!

Roger Tandonnet, s.j .

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Não deixaria de ter a sua utilidade que cada cristão e cada evangelizador aprofundasse na oração este pensamento: os homens poderão salvar-se por outras vias, graças à misericórdia de Deus, se nós não lhes anunciarmos o Evangelho; mas, nós, poder-nos-emos salvar se, por negligência, por medo ou por vergonha aquilo que São Paulo chamava exatamente "envergonhar-se do Evangelho" - ou por se seguirem idéias falsas , nos omitirmos de o anunciar? Isso seria, com efeito, trair o apelo de Deus que, pela voz dos ministros do Evangelho, quer fazer germinar a semente; e dependerá de nós que essa semente venha a tornar-se uma árvore e produzir todo o seu fruto. Conservemos o fervor do espírito, portanto; conservemos a suave e reconfortante alegria de evangelizar, mesmo quando for preciso semear com lágrimas! Que isto constitua para nós como para uma multidão de admiráveis evangelizadores no decurso da história da Igreja - um impulso interior que ninguém nem nada possam extinguir.

PAULO VI "A evangelização no mundo contemporâneo", nQ 80

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SUPER REGIAO AM~RICA LATINA

"Pede-nos o Senhor - é nossa conclusão", escreveram à ECIR Esther e Marcello em fins de julho, "pede-nos o Senhor, através de Louis e Marie, que nos ocupemos das Equipes na América Latina . Sobretudo de sua expansão ." Ao responderem, com a habitual generosidade, ao convite da Equipe Responsável Internacional, pedem a todos nós que os ajudemos com nossas orações "nessa nova e difícil missão ". O primeiro passo como responsáveis pela nova Super Região foi acompanhar os D'Amonville e o Pe . Tandonnet em sua viagem à Colômbia - donde resolveram dirigir, através da Carta Mensal, a seguinte mensagem a todos os equipistas do Brasil.

Caros amigos, A cidade de Bogotá foi para nós uma agradabilíssima surpresa e de uma simpatia única. Moderna, mas de um moderno que, ao invés de romper com o tradicional, avançou nas linhas que a arquitetura colonial deixou. Por isso, sente-se um jeito espanhol nas casas. Os jardins, por sua vez, são de uma beleza sem par. Encantadores, sempre floridos, cheios de cores. Arvores. Prados verdejantes. Alguém um dia comporá uma "sinfonia de los jardines bogotanos", porque eles bem merecem. E só a música poderá descrevê-los. Aqui viemos, depois de passar por Manaus, para acompanhar os D'Amonville e o Padre Tandonnet, em visita às 28 equipes da Colômbia. (1) (1)

24 em Bogotá, 2 em Call, 2 em Neiva.

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Como São Paulo em Corinto, também nós aqui chegamos "cheios de fraqueza, receio e tremor" (1 Cor. 2, 3). Sentíamos bem o peso das nossas limitações: falta de tempo e sobrecarga de trabalho e preocupações para Marcello, desorganização, falta de método e 11 filhos de quebra para Esther. Chegamos e começamos logo a trabalhar. Já no dia seguinte houve uma reunião geral para todas as equipes da Colômbia. Noprograma constava: "Experiências do Movimento das Equipes: no Brasil". Com muita fé no Espírito Santo e nas orações de vocês, começamos a falar: nos apresentamos, falamos sobre nossa família e até sobre as nossas bodas de prata. . . tudo o que o Movimento nos ajudou e ao nosso lar, falamos sobre as Equipes do Brasil, sobre o nosso trabalho no movimento, especialmente nestes últimos 8 anos, e tudo o que recebemos em graças e bênçãos por este trabalho. Os que nos conhecem sabem como Esther não gosta de falar. Nem em português, imaginem em espanhol! Pois vocês precisavam vê-la "hablando" um "portufiol". até que bem razoável, durante meia hora, a tal ponto que Marcello ficou com medo dela esgotar o assunto e ele não ter mais nada para falar .. . É muito difícil dizer como fomos recebidos. Os colombianos são de uma simplicidade, de uma amabilidade, de uma simpatia que nos faz sentir em casa desde o primeiro momento. E o amor que têm pelo Movimento é contagiante. Sofrem, como nós do Brasil, do isolamento. Até agora, pouquíssimos contatos tiveram com os equipistas de outros lugares. Daí se mostrarem sequiosos de conhecer nossas experiências, bastante difundidas, aliás e até exageradas - pela "propaganda" que Louis e Marie D' Amonville fizeram.

A partir daqui, iniciaremos um intercâmbio "entre los colombianos y los brasilefíos", enriquecedor para as equipes dos dois países - "además los unicos en America Latina donde hay los Equipas de Nuestra Sefíora". Cremos que isso nos deve fazer pensar que a Colômbia e o Brasil são privilegiados. É um milagre que o Movimento tenha, com tantas dificuldades e mais o Atlântico de permeio, conseguido se implantar nos dois países. E os outros? Bolívia, Argentina, Peru, Paraguai, para citar alguns. Não esperam eles nossa ação apostólica? Conscientes disso, a Equipe Responsável criou agora uma nova Super-Região abrangendo, nada menos nada mais, do que toda a América Latina! E encarregaram a nós dois de sermos os responsáveis por tão vasto mundo. Cremos que tal vastidão

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é a única justificativa para o bombástico título que recebemos: o de "Super-Regionais". Se aqui escrevemos é para contar, antes de mais nada, com a oração de vocês, a ajuda, o apoio! A missão não é só nossa. É de vocês todos. De cada um que nos lê. A todos nós cabe levar aos outros países as riquezas que recebemos. Aqueles que conhecerem casais em outros países, é favor nos escreverem. Quando viajarem, procurem entrar em contato com amigos e sacerdotes. Depois nos avisem. E, sobretudo, rezem muito na intenção dessa difusão. Em particular por nós dois, incumbidos de tão vasta e pesada missão. Em novembro deveremos voltar à Colômbia para uma Ses:são de Formação. Vocês bem podem imaginar como isso será ·difícil. Mas de uma importância fundamental. Não apenas para .as Equipes da Colômbia. Acima de tudo, porque caberá princip almente a eles difundir as Equipes "en los paises de habla espafiola". Rezem, pois, para que o Espírito ali realize suas maravilhas. E desde já um abraço muito agradecido e amigo.

Esther e Luiz Marcello

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EVANGELIZADORES DO LAR

Nenhum filho , quando nasce, pede a seus pais casa própria, conta bancária ou bens materiais. Mas os pais, porque sabem de suas possíveis necessidades, providenciam para que nada lhes falte. Da mesma forma, quando optaram por uma vida cristã, os pais não consultaram seus filhos. E a partir desse dia começaram a lhes dever tudo. A partir desse dia estava estabelecido um compromisso para durar toda uma vida. Da mesma forma como aos pais cabe a tarefa de educar o.s filhos para a vida temporal, é deles a tarefa da educação espiritual. São eles os fundadores e guardiães do lar cristão. E porque hoje há menos padres, a responsabilidade dessa tarefa . -:que sempre pertenceu aos pais - torna-se ainda mais importante. Hoje, a família cristã reencontra a sua vocação evangelizadora tornando-se uma verdadeira "Igreja doméstica" e, como Igreja que é, a ela cabe a missão de evangelizar. Um resumo da experiência espiritual vivida pela Igreja em sua totalidade; assim é um lar cristão. Com leis, deveres e responsabilidades, mas com o amor que estreita a intimidade, a ternura, revelando uma fidelidade que é a resposta ao amor do Deus-Trino. E esta fidelidade aparece sob diversas formas; na oração em comum, no dia-a-dia vivido sob o olhar de Deus, no clima de respeito de um com o outro e na celebração das festas e dos aniversários. Quando a família sabe reconhecer em cada momento vivido um dom de Deus, aí então ela realiza sua verdadeira vocação de "Igreja doméstica". Agradecer em orações a saúde, o trabalho realizado, as férias bem sucedidas, o vestibular bem realizado, a mesa farta, o amor dos pais e dos filhos. Tudo isso faz com que a família, a seu modo, e com seus ritmos próprios, viva a grande realidade da Aliança de Deus com os homens, em Jesus Cristo. Professando e celebrando sua fé no amor de Deus que chama e que salva, a família cristã apresenta sinais nos quais a graça de Jesus torna-se um livro aberto de catequese. Na educação da fé, não são apenas os filhos os beneficiados. E se, em outras áreas, quem dá é sempre tão beneficiado como quem recebe, na educação da família a regra não se modifica. De fato, os pais são igualmente benef:ciados e o casal consegue,

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através do amor paternal-maternal, renovação e purificação interior, fortalecendo ainda o amor dos esposos. Sua fidelidade, ao longo de toda uma vida de amor é a imagem da fidelidade de Deus aos homens. O desprendimento, a luta contra o egoísmo, as renúncias constantes a que a vida cotidiana obriga levam a uma íntima inserção no mistério pascal de Cristo. E é na tensão entre o prazer e o dom que se descobre o próprio destino de morte e ressurreição. Desse modo, todas as realidades da vida dos esposos se tornam ricas de experiências, de analogias, de imagens, graças às quais se aprofunda a fé cristã. E, estando atenta à realidade vivida, a família fará com que o seu credo tenha uma surpreendente e luminosa significação. Ministério conjugal é uma expressão nova a revestir um conceito que, do Vaticano II para cá, vem aprofundando o sentido do Matrimônio como sacramento. É dom especial dentro do Povo de Deus confiado aos esposos. E este dom deve ser entend:do como ofício, tarefa, função. Um serviço eclesial específico dos esposos. E o ministério conjugal não se prende exclusivamente ao fato de ser originado por um sacramento mas também porque o primeiro trabalho que cabe ao casal cristão é o de fazer "transparecer" aquele sinal de unidade que ele deve constituir no meio do povo de Deus. É claro que esta transparência deve ser notada, em primeiro lugar, no lar. A função ministerial do casal começa, portanto, em casa. Assim como a fraternidade.

A família recebe diretamente de Deus o encargo de educar e, conseqüentemente, o direito à educação. Direito esse que nenhuma autoridade pode lhe negar. E como não há duas educações paralelas - uma humana e outra cristã - esse direito dos pais se estende à educação da fé. No dia em que se tornaram pais foi assumida uma tarefa de caráter irreversível: a educação dos filhos através do testemunho diário. Do exemplo dado. E se é junto aos filhos que os cristãos desenvolvem inicialmente seu "ministério", sua vocação de leigos os obriga não só a testemunhar e a professar a fé mas também a ' transmitir a Palavra de Deus. "É como leigos que os pais . vivem e revelam o mistério cristão do lar, agindo como os primeiros mestres da fé". Porque esperar que os mestres ou a comunidade realize essa tarefa é escapar à responsabilidade, é falhar em sua missão pri~eira. E às vezes com conseqüências desastrosas ... (Transcrito do Jornal "0 São Paulo")

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OUTUBRO,

M~S

DO ROSARIO

(Do

Boletim de Brasília)

A Igreja, Mãe e Mestra de todos os povos, mas especialmente do povo cristão, é dotada de divina sabedoria para instruir aqueles que estão sob os seus cuidados, a fim de encaminhá-los na direção certa rumo à meta almejada, usando para isso de uma pedagogia própria. Como resultado desta, temos, por exemplo, o desenrolar do Ano Litúrgico, com as suas diversas fases e comemorações - ora é um período penitenciai seguido por outro alegre, ora é uma data em que se revive algum evento, triste ou triunfal. Dentro do Ano Litúrgico, outubro foi escolhido como o mês do Rosário, tal o apreço que a Igreja dá à maior das devoções marianas. Como as Equipes de Nossa Senhora são um movimento que tem como patrona a Virgem Maria, nada mais justo que dedicar o mês de outubro à devoção que Lhe é mais cara ao coração, conforme se deduz do Seu próprio testemunho nas aparições de Lourdes e Fátima. Em Lourdes, no ano de 1858, Nossa Senhora aparece a Bernadette Soubirous, na gruta de Massabielle, trazendo na mão direita um rosário, e a mensagem que dá a conhecer ao mundo contém três recomendações: "Fazei penitência! Rezai pelos pecadores! Rezai o Rosário!" Hoje, Lourdes é um dos centros marianos mais importantes do mundo e a oração oficial do culto a Maria continua a ser o rosário, rezado por multidões de devotos de diferentes raças e línguas, num único louvor que se eleva diariamente à Rainha dos Céus! Em Fátima, a insistência da Virgem é a mesma: a necessidade de fazer penitência e de rezar o Rosário. Na aparição do dia 13 de outubro de 1917, a última aliás, Ela se declara: "Eu sou a Senhora do Rosário". A Igreja reconheceu os acontecimentos de Fátima merecedores de crédito e o próprio Papa Paulo VI compareceu a Fátima por ocasião do cinqüentenário das aparições, no ano de 1967.

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Os Sumos Pontífices, em sua maioria, foram unammes em recomendar aos fiéis a piedosa prática do Santo Rosário, destacando-se, entre outros, Leão XIII, Pio XII, João XXIII - que rezava integralmente os 15 mistérios todos os dias, e também o Papa Paulo VI, que, além de seu próprio testemunho, recitando-o diariamente, ainda tornou pública a sua atualidade no último documento sobre o culto da Mãe de Deus, declarando-o "oração evangélica", cujo centro é o mistério da Encarnação, sendo por isso "uma prece de orientação profundamente cristológica". "Na verdade, diz a Exortação, (1) "o seu elemento mais característico a repetição da Ave Maria - torna-se, também ele, louvor incessante a Cristo, objetivo último do anúncio do Anjo e da saudação da mãe do Batista: Bendito o fruto do teu ventre (Lc. 1, 42) ". Mas, o que é o rosário? Rosário quer dizer "coroa de rosas", e essa analogia é fácil de se perceber, pois as Ave-Marias são rosas místicas com as quais se tecem guirlandas para coroar Aquela que é a Rainha das Virgens. Como os salmos, em número de 150, o Rosário é um conjunto de 150 Ave-Marias - e por isso é chamado Saltério da Santíssima Virgem - divididas em dezenas, as quais são precedidas pelo Pai Nosso, e seguidas pelo "Glória ao Pai". Antes de cada dezena, faz-se a contemplação de um mistério da Redenção, contemplação esta que é um elemento essencial do Rosário, sem o que, no dizer do Papa, "o mesmo Rosário é um corpo sem alma" (Exortação, 47). Atualmente, costuma-se rezar apenas 5 dezenas, ou seja, o Terço, "medida normal" do Rosário, no dizer do Santo Padre (Exortação, 49, c). Como rezar o Terço? É o próprio Paulo VI que no-lo ensina: "A recitação do Rosário requer um ritmo tranqüilo e uma certa demora a pensar, que favoreçam, naquele que ora, a meditação dos mistérios da vida do Senhor" (Exortação, 47). Essa recitação deve ser "grave e implorante" no Pai-Nosso, "lírica e laudativa" nas Ave-Marias, "contemplativa na recitação atenta sobre os mistérios", e "adorante" nos "Glória ao Pai" (Exortação, 42). Veremos, então, que "essa oração tem grandíssima eficácia em repelir os males e em afastar as calamidades, como demonstra claramente a história da Igreja" (Christi Matri Rosarii, 9).

Terezinha e Cavalcanti Equipe 1 de Brasília

(1)

Exortação At:o.stólica "0 Culto à Virgem Maria", de 24-3-74. n9 186, Editora Vozes, 1974.

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Doc. Pontif.


UMA

VISITA

IMPORTANTE (Do Boletim de Ribeirão Preto)

Pelos padrões sociais, uma visita é importante quando o visitante é reconhecidamente ilustre e sua opinião a respeito do anfitrião pode influir no prestígio ou status do mesmo. É então que se prepara a casa para recebê-lo: são removidas as marcas do uso, são lustradas as pratas, pratos especiais são preparados ... O importante é causar boa impressão. Pelos padrões cristãos, uma visita é importante quando o visitante é reconhecidamente um homem de Deus, cuja experiência de vida interior pode revelar-nos mais d'Aquele a Quem buscamos encontrar sempre e servir melhor. Para tal visitante, procuramos revelar as marcas que o tempo nos conferiu: as teias de aranha, os desgastes, as carências ... O importante não é causar boa impressão, mas colher dele sugestões que nos ajudem a eliminar azinhavres, ferrugens, desgastes e deformações. . . E, por trás de tudo isso - em vez da tensão incômoda que as amabilidades forçadas sempre provocam -, surge a alegria pura da troca de ternura espontânea que caracteriza os irmãos em Cristo. Esta a experiência que acabamos de viver com a visita do nosso querido Pe. Tandonnet. Nosso, porque é todo das equipes; nosso, .. porque nos sentimos em família com ele; nosso, porque nos revelamos a ele com toda a simplicidade, como sempre acontece quando nos sentimos amados; nosso, porque nos compreendeu muito bem, e nos ajudou bastante, inclusive com sugestões práticas (embora nunca superficiais); nosso, porque falou a nossa língua: não só porque se expressou em português, mas principalmente porque entendeu e compreendeu nossa realidade. Maravilhoso poder do amor, que transpõe distâncias e diferenças e se coloca sempre a serviço do outro! Não sabemos o que o Pe. Tandonnet recebeu de nós. Apenas tentamos oferecer a ele a revelação do que somos: e, dentro desse contexto, do quanto amamos nosso Movimento e a ele, nosso querido Assistente. Sabemos bem o que ele nos deixou, além de esclarecimentos e soluções práticas que lhe pedimos. Deixou-nos quatro idéias fortes, quatro parâmetros, para orientar-nos, não só dentro de nossas equipes (no relacionamento eclesial entre casais e Padre Assistente), como em nossas famílias (pais, filhos e familiares)

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e, também, em nosso relacionamento conjugal. São quatro normas que orientarão o auxílio mútuo, a partilha, a co-participação, o diálogo. . . e, muito mais que tudo isso, toda a nossa vivência. Podem servir, inclusive, como pontos fortes sobre os quais nos examinaremos, ou critérios segundo os quais podemos planejar nosso comportamento. Quais são eles? Resumem-se em dois "não" e dois "sim": não julgar - não se ressentir - compreender - amar. Foram eles sua recomendação final, precedida da explicação: "A única receita válida para todas as situações é a caridade; só ela deve estar sempre presente. Para vivê-la é preciso não jul- · gar, não se ressentir, compreender e amar. Será preciso dizer mais alguma coisa? Lygia e Camarero

* * * Figura alta, terno preto, cachimbo sempre na boca, Pe. Tandonnet mostrou-se entusiasmado com tudo o que viu pela cidade. Tentamos mostrar-lhe nossas equipes e absorver as experiências de sua larga vivência no Movimento. Pudemos observar durante os vários encontros que manteve (Padres Assistentes, Dom Miele, muitos equipistas na missa, casais ligação, pilotos e equipe de Setor) alguns conceitos que, frisados várias vezes, tornaram-se a tônica de sua estada entre nós.

Liberdade e não liber·alidade Insistiu Pe. Tandonnet que o amadurecimento cristão dos equipistas e de suas equipes deve expressar-se na criatividade, que faz a adequação das formas e métodos propostos pelo Movimento às condições de cada equipe. Mas, sem chegar à liberalidade, o que seria fugir ao propósito do Movimento (espiritualidade conjugal), à sua mística (a fé no Cristo presente na nossa comunidade) e à essência de sua pedagogia, que é a do auxílio mútuo e da partilha do nosso crescimento espiritual. Traduzindo em bom português é o famoso "não baguncem o coreto, pelo amor de Deus". O essencial das reuniões Por várias vezes relembrou que o essencial em nossas reuniões (o que não pode deixar de existir) são os momentos em 12-


que oramos juntos e os momentos de nossa part:Ih:1 na caminhada da santificação.

Ativos e evangelizadores Reforçou a necessidade de todos os casais equipistas serem cristãos ativos como evangelizado-res. Isso não significando, porém, que devamos seguir todos pelas mesmas formas de trabalhar na evangelização e, sim, cada um segundo seu carisma. Comentando sobre aqueles que supomos não serem ativos, Pe. Tandonnet lembra que, normalmente, os equipistas não usam "crachás" com a inscrição "sou apóstolo". O importante é que realmente o sejam, é o trabalhar em silêncio.

Padre: esse artigo de luxo Quanto à falta de sacerdotes para as equipes, ele nos deixou uma sugestão a ser estudada: "as equipes mais antigas passarem seus padres-assistentes às mais novas". Ao falar sobre o papel do padre-assistente na equipe, frisou que ele é, essencialmente, o de sacerdote, independentemente dos aspectos de instrução, ou simpatia ou santidade. E ainda lembrou as palavras do Papa Paulo VI, incentivando os padres a trabalharem junto aos pequenos grupos de casais, que têm condição de absorver a mensagem cristã em profundidade e de fazê-la fecundar na sociedade, enquanto que as pregações de massa, em geral, atingem somente a superficialidade.

A benevolência ainda não caiu da moda Pe. Tandonnet insistiu também no problema da benevolência, inerente à caridade. Ser benevolente quando estamos à frente de nosso-s irmãos que demonstram ter maior dificuldade em crescer, ser benevolente com aqueles que batem à nossa porta, mesmo quando inoportunos.

"Au revoir, monsieur" E todos esses conceitos Pe. Tandonnet transmitiu com um simpático esforço para falar o português corretamente, mesmo não entendendo o porquê de pronunciarmos diferentemente "amoroso e amorosa". As palavras do Pe. Tandonnet foram coerentes com a sua atitude de viagens consecutivas e exaustivas pelas nossas cidades: um profundo crédito de amor ao Movimento, que há mais de vinte anos ele estuda e acompanha. Beth e Romolo

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VINTE E CINCO ANOS DA EQUIPE N<? 2

A Equipe n9 2 de São Paulo, segunda equipe do Brasil, completou, em agosto, 25 anos de sua fundação. lt, na verdade, a equipe mais antiga do Movimento no Brasil, pois a primeira sofreu vários remanejamentos, enquanto que ela permanece ba!<icamente a mesma: dos sete casais do início, cinco continuam juntos - há 25 anos. Resolvemos entrevistar essa equipe, que muito deu ao Movimento, principalmente nos primeiros anos de sua implantação, contribuindo para sua difusão e animação, não só em São Paulo, como no interior e no Sul . Muito deu à Igreja também, pois partiram dela várias iniciativas apostólicas. Sua participação nos primórdios da preparação para o casamento foi decisiva, bem como na difusão dos círculos familiares. lt uma equipe cujos membros continuam, até hoje, engajados na Igreja e na Sociedade .

.. C.M. - Em tantos anos de equipe, vocês devem ter passado pór períodos de crise e desânimo, mas podemos imaginar que houve mais altos que baixos - a que atribuem isto?

R. - Sim, certamente. Várias foram as crises de desânimo pelas quais passamos no decorrer destes 25 anos. O problema fundamental da sobrevivência de uma equipe é o do convívio harmonioso de seus membros. No caso de nossa equipe- Equipe Nossa Senhora de Nazaré, -ou n.Q 2 - a estima entre os membros, em razão do mútuo conhecimento, já era inicialmente grande; e tornou-se maior com o· correr do tempo. Isto em parte foi conseguido porque se preferiu cuidar bem mais dos assuntos sobre os quais havia convergência de opiniões a discutir pontos de divergência, naturalmente existentes.

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Em boa parte contribuiu para a manutenção da equipe o impulso inicial - quando ela viveu realmente seu período áureo; e a fé, nunca perdida, em seu poder de renovação - força , esta capaz de nos levar a uma retomada daqueles melhores momentOs. Não são facilmente explicáveis as causas das crises de desânimo. Podemos dizer, a grosso modo, que, na nossa equipe, tanto fatores pessoais ou internos (idade e condições atuais dos equipistas), quanto fatores externos (alguns inerentes ao próprio Movimento das Equipes de Nossa Senhora) concorreram para o aparecimento das aludidas situações. Por experiência, sabemos que relativamente aos primeiros anos de casamento (em que a idade anda próxima da juventude) as equipes atendem muito bem às necessidades do casal, cujas indagações e dúvidas são pronta e cabalmente respondidas pelo Movimento. Os temas de estudo, por exemplo, foram, ao que parece, organizados tendo em vista, sobretudo, essa fase inicial da vida de família. De outro lado, por circunstâncias de ordem material e psicológica (insegurança), os casais jovens de então sentiam-se numa dependência muito maior da ajuda, do apoio, da aprovação e do reconhecimento de seus semelhantes. Daí, a extraordinária serventia das equipes nessa fase da nossa . vida.' Com o passar dos anos, porém, chega a sensação de auto-suficiência. Os filhos estão criados e independentes; pouco, agora, dependemos dos outros; sabemos o que queremos e até a mane~ra de realizar os planos traçados; a opinião alheia já não pesa tanto. Aí então, a equipe perde muito do seu prestígio, já que baixa a sua utilidade como meio de resolver problemas imediatos. Acrescente-se a tudo isso o conformismo e o comodismo sólidas incrustações, estas, da idade madura - e compreender-se-á o porque de certas crises de desânimo. Mas, não é só isso. Em virtude da progressão na idade.. e mudança das condições de existência, há como que um deslocamento das preocupações do casal, as quais passam, em muitos casos, da espécie para o gênero, do part:cular para o geral. ü interesse maior, por exemplo, passa do pobre para a pobreza, dO' bem de alguns para o bem estar de muitos, da problemática circunscrita para a solução abrangente. A equipe, porém, por força da natureza de seus objetivo~ emétodos de atuação, não tem condições de adequadamente atender a estas novas exigências de informação, de reflexão, de ação~ principalmente quando ligadas a um campo especializado ou nitidamente profissional. Planta-se, desse modo, mais uma semente de desinteresse pela equipe. ·

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Todavia, e não obstante a existência de tais possíveis inadequações, nunca deixou a equipe, para nós, de se apresentar como instrumento válido de aperfeiçoamento individual e conjugal, de caminho idôneo, pela metodologia adotada, para se chegar à Casa do Pai. Além disso, convictos estamos de que a maior força de influência social existente no mundo é o pequeno grupo - tal qual o de que fazemos parte - onde todos se conheçam, onde todos se encontrem, com freqüência e regularidade, onde todo·s se queiram e se entreajudem com o irmãos, onde, no caso especial das equipes, Cristo se faça presente, como um de nós, para a re-união. C.M. - A rotina é uma grande ameaça para toda equipe. Como têm contornado esse problema?

R. - Na verdade, não temos contornado muito bem esse problema. Em tese, sabemos que ninguém consegue eximir-se cab almente da rotina, sendo preciso, pois, com ela conviver, enquanto se vai trabalhando, com regularidade, para evitar que seja abafado o espírito que deve vivificar todas as na.ssas ações. Assim, ficaríaJ;llos libertos da viscosa ameaça da rotina estéril. Em tese, será fácil compreender que o panorama deslumbrante que se descortina do alto da m ontanha não deixa de ser belo por que a ele nos acostumamos ; ou que o perfume de uma flor não deix ou de existir só por que o nosso olfato, com a contínua presença, parcialmente, se obliterou. O mar, o firmamento, o amanhecer, o pôr do sol, a árvore, a flor, a criança, a esposa, o m arido, a pr ofissão, o lazer, até mesmo a aventura para o aventureiro - tudo enfim, sob um certo ângulo, é pura rotina. Mas, ninguém ousará dizer que tudo isso, que t cd os esses seres nenhum significado têm, porque rotineiros. Será preciso convir, por derradeiro, que a r otina tem o seu lado positivo t ambém. Ela, com bastante freqüência, pode se confundir com o hábito ; e os bons hábitos são os meios que emp regamos para atingir nossos objetivos. Na rotina das equipes, quanta causa boa já não conseguimos, com a prática habitual das orações, de "dever de sentar-se", da d 1scussão dos temas, das reuniões ... Praticamente, a nossa equipe não tem feito muita coisa para reavivar em seus membros, de tempos em tempos, as idéias básicas · relacionadas com as finalidades do Movimento, com a metodologia por ele usada, ou seja, todo o "instrumental" colocado à nossa disposição, geralmente acompanhado dos esclarecimentos 16-


indispensaveis à correta utilização desse bom "arsenal". Para esse fim, as reuniões anuais de balanço têm sido usadas. Para fugir à rotina, temos adotado, com satisfatórios resultados, algumas providências, a saber, estudar determinados textos atuais - preparados alguns deles pelos nossos Assistentes -, debater os temas com sistemática diferente.

C.M. - Por sua experiência de muitos anos, vocês acham que a vida das equipes acompanha a evolução da vida dos casais? R. - Esta pergunta comporta várias respostas, de acordo com o ângulo de entendimento que lhe dermos. Senão, vejamos: v~ faceta: Se os casais evoluem, a equipe, da qual eles são partes integrantes, deve necessariamente evoluir. Não será conforme uma lei física, mas, se as partes que compõem um todo mudam, o todo há de mudar, senão na mesma medida, ao menos em termos proporcionais.

Não nos é fácil, contudo, avaliar quanto difere hoje a nossa equipe daquela em que nos iniciamos há 25 anos. Nem quanto mudou cada um de seus membros. Uma cousa é certa, porém: mudamos nós e mudou a equipe. 2.a faceta: A alguns parece que o Movimento das ENS não tem acompanhado a evolução da Igreja, deixando, por exemplo, de propor como temas de estudo e debates documentos do Concílio, da C.N.B.B., etc., e que, por esse motivo, entre outros, a vida das equipes não tem acompanhado nem a evolução dos casais, nem a da Igreja. Na esteira desta idéia, em nossa equipe, temos procurado debater, às vezes, cartas pastorais e documentos pontifícios, mesmo quando os temas oficialmente propostos eram outros, pois achamos essencial mantermo-nos em perfeita sintonia com a Igreja como um todo, e, em especial, com a Igreja do Brasil, nesta época de profundas e bruscas transformações. 3.a faceta: Parece, à maioria, que o Movimento, melhor ajustado à nossa situação enquanto casais jovens, não acompanhou a natural evolução dos casais com maior número de anos em equipe. Assim, algumas preocupações típicas da idade madura deixam de ser atendidas, da mesma forma que certos aspectos da personalidade humana, nesta fase , deixam de ser cogitados.

Esta afirmativa, é bom de ver, relaciona-se com as ponderações feitas na resposta à 1.a pergunta; e a solução para o problema apontado aqui e lá resumir-se-ia numa adequação dos

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temas de estudos de modo a satisfazer os anseios próprios das diferentes idades dos equipistas. C.M. - Vocês acreditam que o fato de pertencer às equipes teve repercussão no meio em que vivem? Quais os apostolados que mais enriqueceram a sua equipe?

R. - Para nós é de evidência meridiana a repercussão, no meio em que vivemos, do fato de pertencermos a uma equipe. Não saberíamos dizer até que ponto a circunstância de pertencermos às ENS ou o fato de sermos católicos praticantes é que possa determinar, em maior ou menor grau, tal repercussão. Temos, porém, bem nítida a consciência de que ser de equipe muito nos tem ajudado na prática · da religião, e que, na nossa vivência de cristãos, a prática cristã que a equipe mantém reflete-se e transborda nas nossas ações. Aliás, seja qual for o setor de atividade, se não é por sermos equipistas que conseguimos alcançar às vezes algum destaque, é certamente também por causa dela, a equipe, que assumimos as atitudes próprias de um verdadeiro cristão, podendo assim exercer, com toda a probabilidade, salutar influência no meio social. Essa "vivência" de Cristo na Sociedade, por intermédio das nossas pessoas, é um grande mérito que se pode creditar à conta das Equipes de Nossa Senhora. Quanto ao apostolado, todos os casais da equipe têm se preocupado, ao correr destes anos, com alguma atividade, seja dentro do próprio Movimento (como casais de ligação, "pilotos", responsáveis por Cursos de Noivos), seja fora dele, com trabalhos no âmbito das respectivas profissões, ou de índole pastoral, social e política. Nossa equipe teve um carinho todo especial pelo Curso de Noivos, pois participou de sua formação, sistematização e divulgação inaugurais. Sem qualquer sombra de dúvida, todas essas atividades de apostolado, enriquecendo, e muito, os seus participantes, promovem o enriquecimento de toda a equipe. C.M. -

Como os seus filhos vêem o Movimento?

R. - De um modo geral, os nossos filhos consideram os membros (e ex-membros) da equipe e os Assistentes como pertencendo à família: são seus tios e amigos. Sentem que a integração de seus pais em grupo de reflexão desse tipo muito os têm ajudado, durante todos estes anos. Mas, não se sentem animados a repetir a experiência, mediante a participação pessoal, depois de casados, no Movimento. -18-


Alguns vêem o Movimento como uma organização sócio-religiosa um tanto superada e que não corresponde mais ao momento presente ou à realidade hoje vivida. Aceitariam participar de grupos de casais que se reunissem periodicamente, para debater assuntos de interesse comum (culturais, familiares, sociais e de atualidade) e que poderiam também tratar de assuntos religiosos, se bem que esta não fosse sua finalidade precípua, pois acham que cada um tem a sua maneira particular ou pessoal de encontrar a Deus. O fato de terem percebido a existência desse agrupamento em idade muito tenra talvez tenha gerado impressões negativas e falsas, que ainda povoam o subconsciente. Até hoje, lembra um de nossos filhos a ordem que recebia de "subir" para o quarto, logo após a Missa; e a curiosidade de saber o que os casais estariam discutindo na reunião, pois esta se lhe afigurava muito mística. No fundo, essa atitude um tanto agressiva de alguns dos nossos filhos em relação às equipes talvez seja resultante de sentimentos inconscientes (ciúmes?) que se teriam originado e desenvolvido da sua preterição no desempenho de nossas atividades no Movimento. Continuam, por isso, os cas.ais da nossa equipe a pensar que na organização do Movimento deveria haver algum espaço reservado aos filhos, deveriam ser promovidas oficialmente algumas atividades de apoio, concorrendo para sua formação e para que se sentissem partícipes da equipe. O que não nos parece razoável é que continuem ficando de fora.

[t

O nosso Movimento se caracteriza principalmente por engajar os cônjuges, marido e mulher, em tarefa de crescimento integral (e aí está o seu mérito singular). Por que esse mesm<> Movimento não atenta também para os filhos, com quem se completa a unidade familiar? Mais do que indagação, esta é proposta que aqui lançamos ... C.M. - Em todos esses anos, vocês tiveram vários padres assistentes, cada um trazendo a sua riqueza para a equipe. Agora, recuperaram o primeiro. Como sente ele a equipe depois de tantos anos?

R. -

Responde à pergunta o próprio Mons. Enzo:

Há cerca de 25 anos, padre ainda relativamente moço, vivia entusiasmado com a pastoral entre os universitários. Não tinha descoberto o mundo dos adultos nem a importância fundamental da pastoral familiar. -19-


Contudo, a preocupação pelos meus militantes universitários que, ano após ano, se iam formando e, por isso, se desligando da JUC para enfrentarem a profissão e fundarem as próprias famílias, começava, já então, a forçar-me a pensar em soluções que propiciassem a continuação do esforço apostólico junto deles. Apesar disso, recebi com frieza o convite do Pe. Melanson, assistente da Equipe n. 0 1, para formar com casais ex-jucistas a Equipe n.0 2. Por consideração a ele e por não ter outra oferta a fazer aos formados pela JUC, convoquei um grupo de jovens ·casais e lhes transmiti o convite do Pe. Melanson, a quem eles .conheciam e estimavam profundamente porque já tinha sido assistente da JUC. Éramos oito casais e eu. Todos cristãos convictos, vivendo com intensidade a própria fé. Porque todos pro·curávamos um modo de continuar unidos, aceitamos tentar. No início, as reuniões nos pareciam pesadas e formais, regulamentadas nos mínimos detalhes, tão diferentes das reuniões da .JUC, profundamente espontâneas e criativas. Por isso, não fazíamos muita questão de passar por cima das exigências regulamentares das ENS - até que, um dia, o Elias propôs: que tal levarmos a sério esse movimento? Só assim ele nos dirá se vale a pena ou não. E nós todos concordamos. Aí começou, de fato, a Equipe n.0 2. Passamos a sujeitar-nos a todas as formalidades, tentando descobrir e tornar vivo o seu espírito e fomos 'p ercebendo o seu valor e suas vantagens. Aos poucos, porém, superamos também essa atitude formal e passiva de cumpridores das exigências das ENS, tornando-nos sujeitos delas e fazendo-as servirem às nossas necessidades, preocupações, anseios, expectativas: a equipe existia para nós e não nós para ela. A essa altura, já constituíamos, de fato, uma equipe unida, profundamente amiga, consciente de si mesma e suficientemente forte. Depois de dois ou três anos, começamos a pensar de que maneira poderíamos difundir em São Paulo o Movimento e, de algum modo, a Equipe n. 0 2 gerou novas equipes ou influiu seriamente em outras. Era assim a minha Equipe n. 0 2 quando, depois de sete anos, tive de deixá-la para me dedicar exclusivamente à JUC, que exigia de mim tudo o que pudesse dar. Dezessete anos depois, retomando o fôlego em São Paulo, depois de oito anos em Ribeirão Preto, onde, para variar, tinha sido alternadamente assistente de umas três ou quatro equipes, reencontrei a minha equipe, que acabava de perder o seu terceiro assistente. E vocês querem saber como a encontrei.

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Pois bem, logo na primeira reunião, pareceu-me que a tinha deixado no mês anterior, tal a naturalidade com que nos reengrenamos. Nós tínhamos amadurecido. Eles, com os filhos já praticamente criados, estavam estabelecidos na vida e na fé, abertos para os problemas do mundo e nele engajados, cada um à sua maneira. É indiscutível que a equipe lhes serviu de apoio e os alimentou na fé , na esperança e no amor, nestes 25 anos, sem nunca os ter abafado. A confiança, o auxílio mútuo e o mútuo respeito creio terem sido o segredo dessa longa caminhada fraterna, na busca continuada e madura da fidelidade ao Cristo da sua juventude de ontem e de hoje. Porque eles não envelheceram.

li

Vivem no século, i. e ., em todos e em cada um dos ofícios e trabalhos do mundo. Vivem nas condições ordinárias da vida familiar e social, pelas quais sua existência é como que tecida. Lá são chamados por Deus para que, a modo de fermento, de dentro, contribuam para a santificação do mundo. E assim manifestam Cristo aos outros, especialmente pelo testemunho de sua. vida resplandecente em fé, esperança e caridade . A eles, portanto, cabe de maneira especial iluminar e ordenar de tal modo todas as coisas temporais, às quais estão intimamente unidos, que elas continuamente se façam e cresçam segundo Cristo, para louvor do Criador e do Redentor.

Lumen Gentium, 31

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"DESENVOLVIMENTO,

OPÇÃO

DE

FÉ"

Foi este o tema do VII Encontro Nacional do Movimento Familiar Cristão, realizado de 17 a 23 de julho, em Curitiba. Tema coerente com as preocupações do Movimento, que visa a "abrir a família para a compreensão dos grandes problemas sociais do nosso tempo, levando-a a se preocupar, mais responsavelmente, pela promoção global de todas as famílias, especialmente as mais carentes, as mais incompletas" - e com um dos seus objetivos precípuos: "influir decididamente na sociedade, para torná-la mais humana e mais justa, de modo que todas as famílias possam se realizar plenamente". ( 1) Dada a importância do tema em foco, pedimos a Lya e José Sollero, recentement e reconduzidos à Direção Nacional do M.F.C. , como vice-presidentes, que nos contassem como foi aquele Encontro, cujas linhas de ação deverão ser prolongadas pela refleção e atuação das equipes de base nos próximos três anos, cada Região escolhendo aprofundar as que mais se adaptam à sua realidade local.

O tema tratado, "Desenvolvimento - opção de fé?", foi precedido de larga consulta a todas as equipes de base do país, como seqüência do tema do Encontro Latino-Americano realizado em Quito, o qual tratou de "Família - Educadora na Fé". Foi analisado o conceito de desenvolvimento, o desenvolvimento como opção de fé, nas 16 "comunidades" - formadas por casais, jovens, sacerdotes e bispos - através de estudos, cantos, motivações e discussões em grupo, tomando como base a "Populorum Progressio" e a "Octogesima Adveniens", os pronunciamen(1)

Do manual "0 Coordenador da Equipe-Base", cap. II, "M.F.C. que é, como funciona, o que promove, o que realiza".

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O


tos da C.N.B.B., inclusive na parte de pastoral e política do documento "Em favor da Família", e o número de maio do "Correio da UNESCO" ("A UNESCO e o Mundo"). Pretendeu-se iluminar as consciências, à luz do Evangelho e dos grandes pronunciamentos da Igreja e da cultura a-confessional, para descobrirem as exigências cristãs de um desenvolvimento harmonioso de toda a sociedade, sintonizado nas normas evangélicas que nos fazem entender sermos irmãos entre os irmãos, sem divisão de classes sociais, raças e credos. Assim, os participantes, penetrados da exigência de justiça e amor ao próximo, puderam procurar caminhos para atuar nas estruturas sociais e colaborar para orientá-las no sentido de um processo de desenvolvimento integral que leve em consideração as necessidades reais e a dignidade da pessoa humana nos dias de hoje. Cada jornada de trabalho era concluída com cuidadosa liturgia eucarística, mostrando o homem e a família como objeto da dileção de Deus e como seus colaboradores, pela força do próprio sacramento do matrimônio, na criação de condições que facilitem a adequação da vida às exigências do Reino. Em conseqüência do trabalho, o Encontro se fixou no conceito humanista do desenvolvimento do homem todo e de todos os homens, para cuja promoção o M.F.C. se empenhará, tanto na perspectiva pessoal de seus membros - no sentido de conversão, de opção pelos pobres e oprimidos, aprimoramento da capacidade crítica, engajamento como agentes de evangelização -, como na perspectiva comunitária - de atuação no campo pastoral, familiar, educacional, político, estrutural da própria sociedade e do M.F.C., cujas linhas atuais e proféticas foram aprovadas. Essas linhas de ação e compromissos vão servir ao planejamento trienal da nova direção nacional do M.F.C., eleita pela Assembléia Geral realizada antes do VII Encontro e empossada em São Paulo no dia 10 de setembro. (Eleitos para a Região Centro, José e Lya Sollero, da Equipe de Estudo e Reflexão, um dos casais pioneiros do M.F.C., e Alencar e Maryvan Rossi, jovem casal de Sorocaba, com ampla experiência do trabalho do Movimento no meio operário. Com o Pe. Martin Segu Girona, Assistente Nacional, e os casais presidentes das Regiões Norte, Sul e Nordeste, constituem o Conselho Nacional de Direção do M.F.C.).

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AMOR, ASCESE E EDUCAÇÃO

Garça. 15 de maio. (1) Tarde de reflexão. Presente a quase totalidade dos equipistas da Coordenação - 53 em 58! Orador: o Pe. Alberto Boissinot, Conselheiro Espiritual do Setor de Marília e grande amigo das Equipes de Garça, falando sobre "Espiritualidade conjugal e familiar". Padre Alberto dividiu o tema em 3 partes: amor conjugal, ascese e educação dos filhos. Sobre o amor conjugal, situando-o no mundo de hoje, com as dificuldades que encontramos na luta pela sobrevivência e com a grande preocupação que nos aflige e nos faz procurar ter e não ser, disse que essa inversão de valores, como não pode deixar de acontecer, reflete negativamente sobre a vida conjugal; afasta, geralmente, os esposos, premidos pela necessidade de ganhar mais, e diminui os momentos de encontro, tão necessários aos esposos e à família. Valeu-se o Pe. Alberto de uma pesquisa realizada em Curitiba, que mostrou cifras impressionantes de lares desfeitos, filhos abandonados, número de desquites, etc. Afirmou que só vive junto quem se ama e que devemos formar os filhos nessa perspectiva, pois eles serão os únicos responsáveis pela escolha de sua vocação matrimonial, concluindo que devemos dar testemunho autêntico de amor, porque o testemunho é o primeiro meio de evangelização. Falando sobre a ascese, Pe. Alberto diz que é um esforço que todo cristão deve fazer, porque não há doação sem renúncia; mencionou, com bastante oportunidade, que hoje não encontramos tempo para o gratuito, isto é, algo que não renda financeiramente. E por isso nos afastamos da oração, da contemplação, das amizades, da doação, etc. Notamos que isso calou muito nos equipistas, pois, pelas conclusões dos grupos de trabalho, sente-se que, embora contristados, reconhecem essa falha. (1)

Só recebemos a notícia agora, em fins de agosto . ..

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A educação dos filhos foi bem destacada pelo Pe. Alberto, mencionando o testemunho que devemos lhes dar, principalmente o testemunho de amor, para enfrentar o mundo de violências que se vive fora e, às vezes, até mesmo nos lares. Recomendou, inclusive, que os equipistas se preocupem mais em levar a equipe até os filhos, falando-lhes sobre ela, sobre suas atividades e, principalmente, fazendo com que os filhos aprendam a reconhecer a equipe como útil e necessária à família. Colocou, ainda, algumas perguntas para reflexão, como: "quanto tempo dedicamos aos filhos", "quais os modelos que apresentamos a eles" (a TV está aí mostrando modelos completamente falsos!), etc. A julgar pelas conclusões do·s grupos de trabalho formados. após a palestra, o aproveitamento foi excelente. Vamos mencionar apenas algumas conclusões:

"O amor conjugal é o primeiro e mais importante testemunho do equipista. Ele deve constituir também uma ascese, pois é só na cruz e no esforço que esse amor irá consolidar-se". "A ascese deve ser um hábito que devemos cultivar, principalmente na vida conjugal". "Seria bom que realizássemos uma reunião com os filhos , separadamente, isto é, pais numa sala e filhos em outra, e depois um só plenário para cotejar as opiniões". Após o debate das conclusões em plenário, usou da palavra o Casal Responsável pela Coordenação, Albertina e Nascy, agradecendo a presença dos equipistas, do Pe. Alberto e de Diva e Venício, o Casal Regional, também eles grandes amigos dos equipistas de Garça. Como o Pe. Alberto não pôde ficar para celebrar a missa, os equipistas foram convidados a dirigir-se à Igreja de São Pedro, para a missa das 19h30, em agradecimento pela reunião, cuja organização esteve a cargo da Equipe 1, sob a batuta do seu casal responsável, Neiva e Belline.

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NOSSOS FILHOS

PRIMEIRO ENCONTRO DE ADOLESCENTES EM LONDRINA

Nós, casais e Conselheiros Espirituais das Equipes de Nossa Senhora, há muito tempo esperávamos promover um Encontro entre os filhos adolescentes dos equipistas, abrangendo a faixa etária de 10 a 14 anos e que já tivessem recebido a primeira Eucaristia. Este encontro deveria visar um maior entrosamento entre os adolescentes e despertar, ao mesmo tempo, o desejo de ingressarem num movimento. Para tal, seria preciso um encontro bem acessível, que pudesse atingir a todos esses adolescentes, levando-os à descoberta de Deus em suas vidas, despertando-lhes a "alegria de servir", conscientizando-os mais ou menos sobre a sua condição de filhos e o que os pais esperam deles, e completando tudo isso, o desejo de voltar ou permanecer sempre "na amizade com Deus". E graças a Deus, apesar de ser o primeiro Encontro desse tipo, nosso objetivo .foi alcançado. Tudo transcorreu bem e o resultado foi cem por cento satisfatório. A programação constou de quatro palestras, dadas por um jovem, um casal e dois Conselheiros Espirituais, e versaram sobre os seguintes temas: Ideal e vocação, A história da salvação, O que os pais esperam dos filhos, A necessidade de Deus em nossa vida. Nos intervalos, houve círculos de estudos, plenário, ensaios de cantos, recreação, cafezinhos reforçados, um caprichado almoço e, no encerramento, Missa, com a presença de todos os encontristas eram 58 - casais participantes e pais dos encontristas. Enquanto os adolescentes participavam do Encontro, os pais aguardavam, ansiosos, o término do mesmo para saber deles como fora o seu domingo todo fora de casa e se valera a pena.

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Durante o encerramento com a Missa, faltou luz e, ao voltarmos para casa juntamente com um casal amigo, tive a idéia de fazer uma entrevista com os quatro encontristas nossos: um casal nosso (10 e 13 anos) e dois do casal amigo (13 e 14 anos). E, à luz de velas, a entrevista saiu mais ou menos assim: 1.a Pergunta: -

O que você achou do Encontro?

Respostas:

Ana Claudia (10 anos): Muito bom. Foi bem organizado. Das palestras gostei muito. As brincadeiras, o almoço, o lanche, estava tudo uma delícia. Luiz Roberto (13 anos): Este Encontro foi o melhor de todos os de que já participei, porque tivemos oportunidade de união entre colegas. As palestras foram ótimas. Uma melhor que a outra. E a palestra que mais me empolgou, apesar de ser um pouco longa, foi "O Criador do homem e do mundo". João Wanderley (13 anos): Gostei muito das palestras, todas fáceis de se compreender. As piadas do Padre Felipe e do Padre Toninho fizeram a gente rir bastante. Mauro (14 anos): De todos os encontros de que participei, este foi o que mais me prendeu a atenção, pelo modo dos palestristas exporem as palestras, porque foram muito fáceis de serem compreendidas. Espero participar do próximo Encontro e quero pertencer ao Movimento de Adolescentes das E.N.S. de Londrina. 2.a Pergunta: -

O que você achou dos Círculos de Estudos?

Respostas:

Ana Claudia: Gostei muito, porque éramos todos da mesma idade e a gente podia dar opiniões. Bem bolada a maneira de usar cores diferentes nos crachás, para separar os grupos. Luiz Roberto: Foi ótimo, primeiro pela união com os colegas e a chance de formar novas amizades; segundo porque deu para a gente captar mais o assunto das palestras, que foram ótimas. João Wanderley: Nos círculos de estudos nós tivemos a oportunidade de nos conhecermos melhor, de discutirmos as palestras, trocando idéias. Mauro: Muito bom o modo de separar os grupos, para entendermos melhor as palestras. As perguntas foram fáceis e objetivas e, além disso, pudemos formar uma grande união, não só com pessoas de nossa idade, mas com adultos que deram palestras e que ajudaram na coordenação. Isto é muito importante. -27-


3.a Pergunta : -

Então valeu a pena passar um domingo fora de casa, das 7,30 horas até às 18,30 horas?

Respostas:

Ana Claudia: Claro que valeu. contro, quero participar.

Quando houver outro En-

Luiz: Sim, e espero que Deus me proteja para que eu possa participar do próximo Encontro que tiver. João Wanderley: Claro. Espero que todos os que fizeram o Encontro compareçam dia 4 de junho, para um reencontro e para formarmos as Equipes de Adolescentes das E.N.S. Mauro: Sim, valeu a pena e espero que não só eu, mas todos os que participaram do Encontro, tenham a mesma opinião. Espero que Deus nos ajude a formar as Equipes de Adolescentes na mesma linha das reuniões das Equipes de Casais das ENS, para levarmos em frente o amor entre adolescentes e adultos: "Aprender e Ensinar". Esta entrevista poderia ter se prolongado por mais tempo, tamanha a euforia e o entusiasmo dos quatro encontristas. Mas a fome já estava apertando e alguns dos pais reclamando. Por alguns instantes, desliguei-me de tudo e de todos, e fixando a sombra da caneta sob a luz da vela, elevei, como costumo fazer, meu pensamento a Deus, e de todo o coração agradeci por estar vivendo aqueles momentos. Como Deus se faz presente quando voltamos todo o nosso ser, pensamentos e desejos em favor do Seu Reino de Amor! A força do Seu Espírito nos anima, conduz e fornece as graças necessárias para empreendermos, até o fim , qualquer trabalho em favor do próximo, seja ele qual for. Deus se fez presente em cada um daqueles que lá estiveram, tudo fazendo com dedicação extrema, carinho e amor. E estava presente no coração daqueles que trabalharam no anonimato, ou naqueles que estiveram em oração durante todo o tempo do Encontro. E todos nós pudemos sentir que, mais do que as palavras, os adolescentes puderam sentir o Espírito que anima os casais a viverem uma vida comunitária e fraternal dentro do Movimento das Equipes de Nossa Senhora.

Doroty Equipe 1, Londrina

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De Maria Luiza e Ivo, coordenadores desse primeiro Encontro de Adolescentes, recebemos notícia sobre a formação das três primeiras equipes de adolescentes de Londrina. À moda das de Curitiba, também estas se chamam "equipestinhas". A idade dos jovens varia de 10 a 15 anos e são, na maioria, filhos de equipistas. Essas equipes reunem-se uma vez por mês, dirigidas por um casal equipista que não tem filhos no grupo. Seguem roteiros semelhantes ao de nossas reuniões: leitura e comentários sobre o Evangelho, oração individual, partilha, tema de estudos e discussão, lanchinho fraterno.

Considerando-se a predileção de Cristo pelas crianças e por João, seu discípulo adolescente, podemos imaginar com que carinho Ele comparece às reuniões desses jovens, reunidos em Seu nome.

* Dos círculos de estudo:

"Toda pessoa nascida no mundo tem o seu ideal, quando no mundo seu principal trabalho é servir. Servir, por exemplo, é repartir alguma coisa com o i1'mão; este deve ser o nosso ideal". "A oração não é só ir à missa e sim viver diariamente fazendo o bem e amando".

* Maiores informações sobre o Encontro, com Maria Luiza e Ivo Avenida Canadá, 303 Cambé - Paraná - Fone: 0432-543011 e sobre Equipes de Adolescentes (experiência de Taubaté), nas Cartas Mensais de Maio de 1974 (págs. 24 a 27) e Maio de 1975 (págs. 40 a 43), ou com Maria Helena e Roberto Pastorelli Rua Dr . Emilio Winter, 1190 Fone: 0122-23790

Taubaté

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NOTíCIAS DOS SETORES

CURITIBA -

Uma equipe na promoção humana Recebemos de Ivone e Mario, da Equipe 19, Setor B, a seguinte notícia:

Perdoem-nos a falta de modéstia ao contar-lhes o nosso trabalho, mas o nosso objetivo único é, em Deus-Pai, poder ajudar a construir um pouquinho ... Os Estatutos das Equipes dizem, em sua "Razão de ser das Equipes de Nossa Senhora": "Querem se1·, por toda parte, os missionários de Cristo". "Devotados à Igreja, querem estar sempre prontos a responder aos apelos de seu bispo e de seus sacerdotes". "Querem ser competentes na própria profissão". "Querem fazer de todas suas atividades uma colaboração à obra de Deus e um serviço prestado aos homens . .. ". Assim, imbuídos desse dever de cristãos e equipistas - além dos meios normais de aperfeiçoamento, que são um mínimo pedido pelo Movimento -, julgamos poder e dever doar-nos à comunidade paroquial, e o fazemos através de várias atividades no Centro Social do Jardim das Américas e Santa Bárbara, em Curitiba. Nesse Centro, realizam-se diversos trabalhos visando a promoção humana e melhorar os conhecimentos das donas de casa, através de cursos de corte e costura, arte culinária, manicure, crochê, tricô e bordado. O Centro Social recebe verba do Estado para auxílio alimentar às famílias mais carentes e, através do INAM, são atendidas com alimentos mais ou menos 150 famílias. Todas as esposas da "19" estão colaborando voluntariamente nessa obra do Centro Social, juntamente com outras senhoras, visando exclusivamente promover famílias que se encontram em dificuldades diversas, não só financeiras. As esposas colaboram

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com atividades semanais permanentes e os maridos, quando são necessários os seus trabalhos. A nossa equipe, através dos seus membros, colabora também, na liturgia, na catequese de Primeira Eucaristia, no esforço para criar comunidades de base e cobrando o dízimo. Diz o documento "O espírito e as grandes linhas do Movimento": "Se as Equipes tivessem um apostolado oficial para o qual encaminhassem todos os seus membros, não poderiam oferecer à Igreja essa variedade valiosíssima de tipos de colaboração. Isto permite ainda que cada equipista possa se engajar em formas de apostolado mais de acordo com os próprios dons. Assim, o equipista, militante do Cristo, disciplinado e atento, procura servir onde e como se fizer necessário, de acordo com as suas possibilidades e os dons recebidos. O Movimento o incentiva, o apoia, o impulsiona". E Paulo VI, dirigindo-se aos equipistas, diz : "Com a força do Cristo, podeis e, portanto, deveis realizar grandes coisas".

BRUSQUE -

Onde distância não é problema

A gente de Brusque é mesmo disposta. Onde pode, está presente. Iniciou, em 1976, uma equipe em Lages, que dista mais de 300 kms. de Brusque. . . Hoje, são duas equipes consolidadas na cidade serrana, com perspectivas para um crescimento muito bom para breve: é que o terreno é fértil e a disponibilidade dos casais integrantes das duas primeiras equipes é confortadora. Em julho, realizaram o seu primeiro retiro e resolveram convidar alguns casais amigos: tiveram que suspender os pedidos de reservas, pois o número já atingia 40 casais . .. Brusque é um Setor "sui-generis": compõe-se de 19 equipes, espalhadas em 5 cidades: Lages (2 equipes), Itajaí (2 equipes), Navegantes (2 equipes), Guabiruba (2 equipes) e Brusque (11 equipes). A caçula é a Equipe 2 de Itajaí, que está sendo pilotada por Edy e Adherbal.

CAM PINAS -

De volta o Boletim

O Boletim de Campinas, "É.. QUI .. PISTA", depois de alguns anos de recesso, está de volta. No Editorial, o Conselheiro Espiritual do Setor, Pe. Mariani, define o espírito que pretende animá-lo:

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"O informativo noticioso do Setor das Equipes de Nossa Senhora de Campinas está de volta, com características de autêntico desafio. Um desafio a partir do espírito de Deus que inspira e propõe, e sob o signo da esperança que busca sempre resposta e renovação. Tanto essa resposta como a renovação ao apelo de Deus não se limitam ao que é apenas novidade, mas, em nosso caso específico, estão interessadas num relacionamento inter-pessoal e inter-comunitário dos casais equipistas entre si e das equipes entre si. Diria mais: o informativo volta desta vez com o objetivo preciso de relacionar as Equipes de Nossa Senhora do Setor de Campinas com todas as realidades pastorais de nossa Arquidiocese. Relacionamento de presença marcante. Relacionamento de intercâmbio de experiências. Relacionamento de participação ativa e efetiva dentro da Pastoral Familiar". -

Retiros

O Setor já realizou dois retiros, e estará realizando o terceiro no início deste mês de outubro. Ambos foram bastante concorridos, por equipistas e também casais convidados, como manda o figurino . O primeiro foi pregado pelo Pe. Gabriel, numa linha de Igreja Nova, participada, e atingiu plenamente seus objetivos. O segundo, pelo Pe. Carloni, s.j., com palestras profundas e objetivas que agradaram a todos. O terceiro está a cargo do Pe. Mariani, Conselheiro Espiritual do Setor.

NOVAS EQUIPES Florianópolis, Setor B

Equipe 18 - Casal Piloto: Almira e Sebastião; Conselheiro Espiritual: Pe. Sergio Giocomelli. Lajes

Equipe 1 - Casal Responsável: Iranilete e Ives Oliveira; Conselheiro Espiritual: Pe. Ildo Ghizoni. Equipe 2 - Casal Responsável: Yara e Thelmo Ramos; Conselheiro Espiritual: Pe. Ghuenter. ltajaí

Equipe 2 - Casal Piloto: Edy e Adherbal; Conselheiro Espiritual: Pe. Angelo. -32-


Brusque

Equipe 10 - Casal Responsável: Marilde e Altino Maçaneiro; Conselheiro Espiritual: Pe. Tadeu. Equipe 11 - Casal Responsável: . Silvia e Orlando Schaefer; Conselheiro Espiritual: Pe. Normélio. Casa Branca

Equipe "nova" 1 - Casal Responsável: Nuiza e José Roberto; Conselheiro Espiritual: Pe. Raul; (Casal Piloto: Carminha e Elzio). São Paulo, Setor A

Equipe 53 - Casal Piloto: Edei e Francisco; Conselheiro Espiritual: Con. Rogério. São Paulo, Setor B

Equipe 62 - Casal Responsável: Liliana e Gabriel Fernandes Cox Villela; Conselheiro Espiritual: Pe. Jean Joseph Bartoli; (Casal Piloto: Maria Célia e João). São Paulo, Setor D

Equipe 57 - Casal Responsável: Teresa Maria e Luís Prodomo; Conselheiro Espiritual: Pe. Gandolfo; (Casal Piloto: Dulce e Nelson). São Paulo, Setor D

Equipe 58 - Casal Piloto: Wilma e Vinicius; Conselheiro Espiritual: Mons. Neves. São Paulo, Setor D

Equipe 63 - Casal Piloto: Leila e Edgard; Conselheiro Espiritual: Frei Jorge Peres. São Paulo, Coordenação E

Equipe 65 - Casal Piloto: Myriam e José Francisco; Conselheiro Espiritual: Pe. André Osaki. -33-


111<? MUTIR.AO DE PETRóPOLIS

(Do Equipetrópolis)

Bem gostaríamos de reproduzir, nesta notícia, o que foi o IIJ.O Mutirão de Petrópolis, realizado de 20 a 22 de maio, no Convento Madre Regina. Seria difícil empreitada e tomaria demasiado espaço ... Os "mutirantes" foram em número de 33 casais, assim distribuídos: 19 de Petrópolis, 1 de Friburgo, 1 de Valença, 1 de São Paulo, 2 de Juiz de Fora e 9 do Rio. Tivemos o comparecimento de 6 Conselheiros Espirituais - 5 de Petrópolis e 1 do Rio. Os encarregados das palestras foram 4 casais, sendo 2 de Petrópolis, 1 de São Paulo e 1 de Jundiaí, e o Frei Orlando Bernardi, que, obviamente, marcou mais um sucesso. Na Equipe de Serviço trabalharam 10 casais, todos de Petrópolis. A intensa programação foi cumprida à risca, com viva participação de todos, num clima da mais elevada espiritualidade. Esse clima foi de tal modo vivenciado que atingiu seu ponto máximo nas celebrações litúrgicas, cuidadosamente preparadas e realizadas com visível espírito de amor. Momentos de reflexão individual e de reflexão do casal deram oportunidade a um balanço motivado pelos temas apresentados nas palestras. Certamente muito "dever de sentar-se" foi ensejado nesses momentos, o que, sem dúvida, trouxe grande proveito. A Equipe de Serviço, por sua vez, cumpriu com muito amor uma escala de orações na Capela. Houve também um momento de al€gria, no mais intenso ambiente de fraternidade: o da confraternização, com "sketches", jograis e música. As palestras foram as seguintes: "A vocação humana, cristã e equipista", a cargo de Elfie-Dragan (Petrópolis); "Meios de aperfeiçoamento ou "Sinais de identidade", aos cuidados de Stel-34-


la-Tarquinio (Petrópolis); "Reunião de Equipe"', por Marisa-Fleury (Jundiaí); "Espiritualidade conjugal", sob a responsabilidade de Frei Orlando (Conselheiro Espiritual do Setor de Petrópolis); "Alegria do serviço", apresentada por Maria Helena-Zarif (São Paulo). Como foram extraordinárias essas palestras! Se pudéssemos transcrevê-las algum dia .... Todos, sem exceção, sentiram-se tocados pelas palavras ouvidas, como se cada um dos oradores possuísse um especial carisma. Tal carisma realmente existia. Pois o Espírito Santo estava lá agindo neles, como, de resto, sobre todos os mutirantes. Isto era facilmente percebido em todos os momentos, em todos aqueles dias maravilhosos que vivemos no mutirão, dias benditos~ cheios de graças. Após cada palestra, o programa previa a reunião dos "grupos de co-participação", cada qual sob a orientação de um casal-anirpador, com momentos de meditação e oração e de co-participação e debate em torno da palestra recém-proferida. Se a Equipe de Serviço teve muito trabalho, os casais que a compuseram sentiram-se felicíssimos e alegres pela oportunidade de servir. Todos sentiam que, servindo aos irmãos, estavam servindo ao próprio Cristo.

Helyeth e Machado Equipe 3, Petrópolis

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OR.AÇÃO PAR.A A PR:óXIMA REUNIÃO

Meditação -

1 Cor. 9, 16-23

Anunciar o Evangelho não é para mim títu lo de glória: é uma necessidade que se me impõe. Ai de mim se eu não anunciar o evangelho! Se o fizessé por in iciativa própria, teria direito a uma · rêcompensa; mas não o faço por minha iniciativa, é um encargo que me foi confiado. Qual é então a minha recompensa? ~ oferecer gratu itamente na minha pregação o evangelho, renunc iando ao dire ito que me confere o evangelho. Livre em relação a todos, fiz-me o servo de todos, a fim de ganhar o maior número possível. Para os judeus, fiz-me como judeu, a fim de ganhar os judeus. Para os que estão sujeitos à Lei, fiz-me como se estivesse sujeito à Lei - eu, que não estou suje ito à Lei -, para ganhar aqueles que estão sujeitos à Lei. Para aqueles que vivem sem a Lei , fiz-me como se vivesse sem Lei - ainda que não viva sem a lei de Deus, po is estou sob a lei de Cristo -, para ganhar aqueles que vivem sem a Lei. Para os fracos, fiz-me fraco, a fim de ganhar os fracos. Tornei-me tudo para todos, a fim de salvar alguns a todo custo. E, isto tudo, eu o. .faço por causa do Evangelho, para dele me tornar participante.


Oração

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Não deixes que esqueçamos jamais, Senhor, a necessidade de proclamarmos a Boa Nova! Pela nossa vida e pela nossa palavra, tu nos chamas a dar testemunho de ti. Possamos viver de acordo com essa nossa vocação: Ajuda-nos a sermos tudo para todos: crianças com as crianças, pois é delas o Reino dos céus. jovens com nossos jovens, e sempre disponíveis para quando precisarem de nós. alegres com os que se alegram, tristes com os que choram, testemunhas do teu amor. Ajuda-nos a termos os olhos abertos diante de todas as misérias humanas e as mãos abertas para socorrê-las. as nossas mentes abertas às inspirações do teu Espírito para respondermos ao seu chamado. as nossas portas abertas para acolher a todos os que procuram o calor de um lar cristão. Possamos dar a todos, sem esperar recompensa, aquilo que também nós de graça recebemos: o conhecimento da tua glória, Senhor, e daquele que enviaste, Jesus Cristo.

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Não deixes que esqueçamos jamais, Senhor, a necessidade de proclamarmos a Boa No v a.


EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de casais por uma espiritualidade conjugal e familiar

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