ENS - Carta Mensal 1976-7 - Outubro

Page 1

N9 7

1976

Outubro

A Evangelização e os Leigos Evangelizar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A ECIR conversa com vocês .. .. .. .. .. .. .. .. .

4 5

Escutai vossos filhos . . .. .. .. . . . . . . . . . . . .. .. ..

7

O Terço c Nossa Senhora .. . . . . . . . . . .. . . .. .. . 8 Visita-nos um casal pioneiro . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 "A Família e s~us Adolescentes" . . . . . . . . . . . . A propósito da co-participação . . . . . . . . . . . . . . . Barueri - um lugar muito especial . . . . . . . . . . Encontro de Responsáveis de Equipe em llaici

15 18 21 23

Os caminhos da vida .. . . . .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. 25 Notícias dos Setores . . . . . . . . . . . . .. .. . . . . . . . . . . 27 Londrina - Instalação da Coordenação . . . . . . . 36


EDITORIAL

A EVANGELIZAÇÃO E OS LEIGOS

Quem participou de um dos Encontros de Casais Responsáveis de Equipe teve a oportunidade de ficar conhecendo a Exortação Apostólica "A Evangelização no Mundo Contemporâneo". Desejando estender esta oportunidade aos demais equipistas, achamos que, como primeiro contato com o documento, nada melhor do que as palavras de D. Lucas Moreira Neves no Boletim ·'Consilium", órgão oficial do "Consilium de Laicis". Fazemos delas o Editorial desta Carta, querendo com isto sublinhar a importância de que se reveste o documento pontifício para nós, leigos, membros de um Movimento da Igreja.

Através dos meios de comunicação, vocês ouviram certamente falar da publicação, em meados de dezembro do ano passado, da Exortação Apostólica que o Santo Padre quis dedicar ao problema da evangelização, exortação conhecida pelo nome de "Evangelii Numtiandi" - " A evangelização no mundo contemporâneo". Espero que, através de trechos citados na imprensa, tenham tomado conhecimento do texto desse documento do Magistério de Paulo VI. Mais ainda, espero que tenham acolhido e lido a exortação, como mensagem pessoal dirigida a cada um de vocês. Porquanto ela diz respeito com muita força, embora por ângulos diferentes e com ressonâncias diversas, a cada membro desse Povo de Deus que é a Igreja. Talvez não seja supérfluo lembrar algumas das lições fundamentais do documento: -1-


Evangelizar é a tarefa essencial da Igreja, por fidelidade à missão recebida do Salvador. A evangelização é um serviço prestado à comunidade dos fiéis, mas também a toda a sociedade dos homens e, em última análise, à humanidade. Reduzir a evangelização a um ou outro de seus elementos ou de suas dimensões - a predica·:;ão da Palavra, a catequese, o testemunho da vida cristã, a simples solidariedade humana , a ação sacramental - significa empobrecê-la e até mesmo destruí-la. Somente uma visão global de uma realidade por si só complexa pode traduzir essa realidade. Gostaria de sublinhar aqui alguns trechos da Evangelii Nuntiandi" que dizem respeito diretamente aos leigos. Penso que os leigos são particularmente visados pelo desenvolvimento de todo o capítulo V, sobre "os destinatários da evangelização". São leigos, em sua imensa maioria, esses "que estão longe", a quem se deve levar um primeiro anúncio do Evangelho; são leigos esses homens que vivem uma fé assediada, envolta em problemas, enfraquecida, desviada; esses não-cristãos; esses fiéis expostos ao cansaço e ao desgaste de sua fé, ao secularismo ateu, à negligência e ao cessar de toda prática religiosa; esses cristãos que procuram, nas comunidades de vida e de ação, um aprofundamento e uma irradiação, um novo consolidar de sua fé. Mas, de maneira muito significativa, é também - e principalmente - no capítulo VI, "aos obreiros da evangelização", que a Exortação Apostólica se dirige. Os números 70-73 falam diretamente dos leigos e aos leigos. É sem dúvida útil apontar os pontos principais de um ensinamento que mereceria ser explicitado em quase todas as suas frases. Prestemos atenção, inicialmente, a esta afirmação muito precisa, retomada do capítulo VI da "Lumen Gentium": a vocação específica do leigo o torna portador de uma fisionomia original, no coração do mundo; seu papel primordial não é o de convocar, presidir, animar a comunidade visível dos cristãos: esta função pertence aos pastores. Seu primeiro papel é pôr em prática o que a "Evangelii Nuntiandi" chama de "tarefas as mais variadas na ordem temporal" ou "o mundo vasto e complicado" que compõe o tecido vivo da sociedade humana. Para a "Evangelii Nuntiandi", não seria exagerado dizer que o fato de inserir nesse tecido vivo a força da mensagem evangélica é uma forma privilegiada de evangelização. É em grande parte o que preconiza a Exortação Apostólica quando destaca com veemência, como elementos essenciais da evangelização, o esforço

-2-


para "converter ao mesmo tempo a consciência pessoal e coletiva dos homens", para "atingir e como que modificar pela for-ça do Evangelho, os critérios de julgar, os valores que contam", "para evangelizar a cultura e as culturas do homem". Pois bem, é esta obra que é confiada quase que exclusivamente aos leigos, não isolados ou cortados da comunidade, é claro, mas em união com ela e principalmente com os seus Pastores. Esta obra consistirá acima de tudo - como dirá ainda a "Evangelii Nuntiandi" - em pôr a serviço do Reino e da Salvação em Jesus Cristo as realidades do mundo, sem sacrificar por isso o coeficiente humano. É o que farão os leigos nos campos, dados pela Exortação Apostólica como exemplares, da vida familiar e do mundo dos jovens. São também chamados a fazê-lo em todos os demais campos da vida. Encaixa-se aqui a mensagem da "Evangelii Nunti andi" sobre os mistérios não-ordenados: o serviço prestado pelos leigos à comunidade eclesial. Não poderia concluir sem uma breve alusão ao seguinte ponto: a Exortação Apostólica sublinha fortemente que os leigos serão tanto melhores evangelizadores quanto mais impregnados do Evangelho. E acrescenta a Exorta-ção que os leigos não poderão realizar a sua missão se não se prepararem com dedicação e amor. Possa a leitura atenta desse documento ser, para muitos leigos no mundo, um convite para que se preparem seriamente à sua vocação; e pnssam eles encontrar nas palavras do Papa um caminho para o aprofundamento de suas vidas segundo o Evangelho. A obra essencial da evangelização tornar-se-á assim mais ativa, mais dinâmica, mais eficaz, para o bem da Igreja e da humanidade. D. Lucas Moreira Neves Vice-Presidente do "Conselho de Leigos"

• ·~como

hão de crer naquele de quem não ouviram falar? E como hão de ouvir falar dele se não houver quem pregue?" Rom. 10, 14 "Anunciar o evangelho não é título de glória para mim; é, antes, uma necessidade que se me impõe. Ai de mim se eu não anunciar o evangelho!" 1. Cor. 9,16

-3-


Evangelizar é, em primeiro lugar, dar testemunho, de maneira simples e direta, de Deus revelado por Jesus Cristo, no Espírito Santo. Dar testemunho de que no seu Filho Ele amou o mundo; de que no seu Verbo Encarnado Ele deu o ser a todas as coisas e chamou os homens para a vida eterna.

Nosso século tem sede de autenticidade . . . acreditais verdadeiramente naquilo que anunciais? viveis aquilo em que acreditais? pregais verdadeiramente aquilo que viveis? O testemunho de vida tornou-se uma condição essencial para a eficácia profunda da pregação. Sob este ângulo, somos até certo ponto responsáveis pelo avanço do Evangelho que proclamamos.

PAULO VI " A Evangell.za çã.o no Mundo Contemporâneo" (n9 26 e n 9 76)

-4-


A ECIR CONVERSA COM VOC~S

C&ros amigos Com o mês de outubro, entramos no 2.0 trimestre do "ano equipista". Um rápido volver de olhos para os três primeiros meses mostra que foram eles ricos em atividades importantes: Encontros dos Responsáveis de Equ;pe no Rio e em Brusque (SC) no começo de julho e em Itaici (SP) em fins de agosto; Sessão de Formação em Florianópolis em fins de agosto e, mais recentemente, a grande Peregrinação a Roma, em fins de setembro. Pelos comentários que se ouvem depois desses Encontros é inegável que os seus participantes, na sua quase unanimidade, poderiam repetir de bom grado e, quem sabe mesmo com mais vigor, o testemunho de um deles: "Conservamos desses dias uma lembrança muito viva. Neles encontramos uma qualidade excepcional de oração. Neles descobrimos ou compreendemos melhor o Movimento das Equipes de Nossa Senhora, a sua profundidade, as suas orientações, a riqueza da fr aternidade e tivemos a resposta a várias questões que se nos apresentavam". Creiam vocês que um sentimento paralelo poderia ser testemunhado por aqueles que têm a responsabilidade da organização e do desenvolvimento desses Encontr os e poderiam eles subscrever as palavras que constam da correspondência mantida com o Pe. Caffarel no início do Movimento entre nós. Foi em março de l 960, logo após um dos primeiros Encontros dos Responsáveis de Equipe. No Encontro se achavam presentes cerca de 50 casais, não só de São Paulo, mas das várias cidades onde já se achavam implantadas as E.N.S.: Caxias do Sul, Florianópolis, Curitiba, Rio de Janeiro e até mesmo um equipista de São Luís do Maranhão, cuja equipe não vingou, dada a difculdade de comunicações. Naquela ocasião escrevíamos ao Pe. Caffarel: "Há uma desproporção enorme entre aquilo que damos realmente aos casais no decorrer dos dois dias e aquilo que eles recebem. Sente-se palpavelmente que nós estamos aí apenas como intermediários, para transmitir um impulso certamente sobrenatural." Ao que

-5-


o Pe. Caffarel respondeu: "Como compreendo a frase que me escrevem! Quantas vezes já fiz a mesma constatação, quer se trate dos grandes encontros dos responsáveis, quer das grandes peregrinações. Os efeitos ultrapassam largamente os meios postos em ação - prova irrecusável da graça do Senhor. É maravilhosamente reconfortante.'' Esta graça não é propriedade exclusiva daqueles que a recebem. É uma luz, uma força, um estímulo, um dom que lhes cabe transmitir. E vem-nos à mente a significativa cerimônia da liturgia da noite Pascal, o eloqüente simbolismo do Fogo Novo. Apagam-se todas as luzes do templo. O celebrante entra, portando um círio aceso e canta solenemente por três vezes: "A Luz de Cristo!" Em seguida, nessa pequenina luz, vem acender-se a vela de um dos circunstantes que, por sua vez, a transmite aos seus vizinhos e assim sucessivamente. Aquela Luz de Cristo rapidamente se propaga por todo o templo. As trevas de há pouco foram vencidas pela luz! É um pouco o que nos cabe fazer. A luz que recebemos devemos transmiti-la ao redor de nós. Caros amigos, os grandes Encontros promovidos pelas Equipes de Nossa Senhora, no dizer de um dos documentos do Movimento, "~ão essencialmente tempos fortes de oração, de co-participação fraterna, de reflexão sobre tudo o que as E.N.S. nos propõem."

Tempos fortes, tempos de graças, capazes de reavivar o impulso de uns, sacudir os sonolentos, animar a todos. E quando se trata das grandes peregrinações como a que acaba de se realizar em Roma, é no plano mundial que a força do Espírito Santo exerce a sua ação. Vocês que foram ao Rio, a Brusque, a Itaici. .. Vocês que acabam de voltar do Centro da Cristandade. . . Procurem transmitir ao redor de vocês, na própria equipe, no Setor a que pertencem, as riquezas, as luzes recebidas, como delegados de seus irmãos. Fraternalmente A ECIR

E. T. -

Aguardem para novembro os ecos da Peregrinação . Por ora, quando estamos fazendo esta Carta, nossos representantes nem sairam ainda!

-6-


ESCUTAI VOSSOS FILHOS

É necessário que os pais encontrem tempo para estarem com os filhos e falar com eles. Os filhos são o mais importante: mais importante que os negócios, que o trabalho, que o descanso. Nessas conversas, convém escutá-los com atenção, esforçar-se por compreendê-los, saber reconhecer a parte de verdade - ou a verdade inteira - que possa haver em algumas das suas rebeldias. E, ao mesmo tempo, ajudá-los a canalizar retamente seus interesses e entusiasmos, ensiná-los a considerar as coisas e a raciocinar, não impor-lhes determinada conduta, mas mostrar-lhes os motivos, sobrenaturais e humanos, que a aconselham. Em uma palavra, respeitar-lhes a liberdade, já que não há verdadeira educação sem responsabilidade pessoal, nem responsabilidade sem liberdade. Os pais educam fundamentalmente com a sua conduta. O que os filhos e as filhas procuram no pai e na mãe não são apenas uns conhecimentos mais amplos que os seus, ou uns conselhos mais ou menos acertados, mas algo de maior categoria: um testemunho do valor e do sentido da vida encarnado numa existência concreta, confirmado nas diversas circunstâncias e situações que se sucedem ao longo dos anos. Se tivesse que dar um conselho aos pais, dar-lhes-ia sobretudo este: que vossos filhos vejam - eles vêem tudo desde meninos e tudo julgam, não alimenteis ilusões - que procurais viver de acordo com vossa fé, que Deus não está apenas em vossos lábios, que está em vossas obras, que vos esforçais por ser sinceros e leais, que vos quereis e que os quereis de verdade. É assim que melhor contribuireis para fazer deles cristãos verdadeiros, homens e mulheres íntegro·s capazes de enfrentar com espírito aberto as situações que a vida lhes apresente, de servir aos seus concidadãos e de contribuir para a solução dos grandes problemas da humanidade, de levar o testemunho de Cristo onde quer que se encontrem mais tarde na sociedade.

José Maria Escrivá de Balaguer

-7-


Com a palavra os Conselheiros Espirituais

O TERÇO E NOSSA SENHORA

"Quando rezo o terço, não penso em Nossa Senhora!" Mas será que o terço é uma oração a Nossa Senhora para pensarmos nela? Se o fosse, como escaparíamos à crítica de Cristo: "Nas orações, não multipliquem as palavras como fazem os pagãos. Pensam que Deus os ouvirá por falarem muito." (Mat. 5, 7). Então o que significa o Rosário? ~ um modo de fazermos atuar em nós a Maternidade de Nossa Senhora. Ela é Mãe de Cristo, Mãe da Palavra de Deus, que favorece em nós a sua germinação, qual a terra boa em que a semente germina, cresce e produz fruto.

Logo, o mais importante ao rezarm os o terço é antes a recordação dos mistérios do Evangelho. Os quinze mistérios tradicionais, como também todo gesto de Cristo e toda palavra de Cristo ou dos Apóstolos, constituem o alimento da nossa educação de cristãos. Por que então a reza das "Ave Maria" ? Podemos dizer que a repetição das "Ave Maria" cria em nós como que uma consciência da presença de Nossa Senhora. E é no ambiente desta presença que a Palavra de Deus lança raízes em nós, se desenvolve e se difunde. O exemplo das crianças ajuda a compreender. As vezes, enquanto estão brincando, elas chamam a mãe repetidas vezes, para sentir-lhe a presença. Não é que pensam nela, antes pensam no brinquedo . Mas a mãe é como que o ar que elas precisam respirar e querem ter certeza de que ela está por perto.

-8-


Assim com Nossa Senhora ao rezarmos o terço. Ela continua a sua função própria, que é de gerar o Cristo. Eia pode dizer, ainda mais apropriadamente que São Paulo: "Meus filhinhos, sofro de novo por vés como que dores de parto, até que Cristo seja formado em vós." (Gal. 4, 19)

Frei Miguel Pervis, o.p.

"O ordenado e gradual desenrolar do Rosário reflete o modo pelo qual o Verbo de Deus, ao inserir-se por misericordiosa decisão nas vicissitudes humanas, operou a Redenção. O Rosário, de fato, considera numa sucessão harmoniosa os principais eventos salvíficos da Redenção que se realizaram em Cristo. A tríplice divisão dos mistérios do Rosário não só coincide de maneira perfeita com a ordem cronológica dos fatos, mas, sobretudo, reflete também o esquema do primitivo anúncio da fé e evoca o mistério de Cristo, do mesmo modo como ele é visto por São Paulo no célebre "hino" da Epístola aos Filipenses: despojamento, morte e exaltação (2, 6-11).

Oração evangélica, centrada sobre o mistério da Encarnação redentora, o Rosário é, porisso mesmo, uma prece que orienta profundamente para o Cristo." PAULO VI

-9-


VISITA-NOS UM CASAL PIONEIRO

Denise e Jean Brocart, da Equipe n Q 5 de Paris, passaram por São Paulo e tivemos a alegria de poder conversar com eles. O casal, além da Juventude do espírito, conserva também uma aparência bem mais jovem que seria de se esperar, pois tem 11 filhos e 23 n etos . Dos sete filhos casados, dois estão nas Equipes.

Nós - Já nos visitaram vár ios equipistas franceses, mas nunca encontramos um casal do início - um dos primeiríssimos . .. Embora tenhamos ouvido muito falar nos primeiros tempos, é para nós uma oportunidade única de saber, pelos que viveram esse início, como aconteceu. Como foi que vocês começaram?

Denise - Foi em 1943 que conhecemos o Pe. Caffarel. Com ele se tinha formado , em 1938, a primeira equipe, que se dissociou durante a guerra. Tínhamos 10 anos de casados e, há tempos já, sentíamos falta de "algo mais", quando Pierre Poulenc (1) nos convidou para jantar em sua casa e encontrar o Pe. Caffarel. Éramos 5 ou 6 casais. Ficamos imediatamente conquistados, embora tenha-se falado naquela noite apenas de espiritualidade. Começamos com recolhimentos. Depois passamos a nos reunir uma vez por mês para rezar. Havia uma refeição, ultra simples e realmente partilhada: cada um trazia o que podia, pois eram ainda os tempos da guerra e os alimentos estavam racionados. Depois, rezávamos. Depois da oração, como um de nós era apaixonado por Santo Tomás de Aquino, ficávamos discutindo assuntos de espiritualidade noite a dentro. . . Em 1944, foram formadas várias equipes, inclusive a nossa. (1)

Pierre Poulenc foi o 29 casal de ligação das Equipes do Brasil . O primeiro foi Jean PilHas, também da mesma equipe.

-10-


Nós - Como apareceram os meios de aperfeiçoamento seja, o que durante muito tempo chamamos de obrigações?

ou

Jean - Começamos a pensar em obrigações depois de uns dois anos. Percebemos que necessitávamos delas para progredir. Talvez o ponto de partida tenha sido o desejo de nos coiócar à altura daqueles que dentre nós estavam mais adiantados na vida espiritual. Foi a nossa equipe que elaborou os primeiros temas. Todos nós comprávamos livros e ficávamos trabalhando até tarde várias noites por mês. Cada um preparava um texto, que iria ser entregue 5 dias antes da reunião ao nosso Assistente (já não era mais o Pe. Caffarel, que tivéramos conosco até então, isto é, durante mais ou menos dois anos). Era difícil cumprir com esse prazo - todos nós tínhamos muitos filhos, os filhos ainda eram pequenos, as mães sobrecarregadas, os pais cheios de trabalho e de apostolados, mas, durante vários anos, conseguimos - Deus sabe com que sacrifício! Logo também surgiu o dever de sentar-se, esse por sugestão do Pe. Caffarel, diante das dificuldades que a maioria dos casais tinha para comunicar-se. E para alguns de nós era realmente uma obrigação muito difícil. A regra de vida, pelo contrário, não colocava problema algum. Trocávamos idéias com muita simplicidade sobre nossas dificuldades espirituais. É verdade que atravessávamos uma fase de muita abertura, devido às dificuldades da guerra, que tornavam as pessoas mais solidárias. Havia mais disponibilidade também, talvez devido a menos solicitações. Não havia TV, não se saía nos fins de semana, viajava-se pouco, quase ninguém tinha carro ... Nós - O famoso "armário comunitário" durante a guerra, então, foi algo que vocês mesmos viveram? Denise - Nós - e as outras equipes do início. Ganhamos um armário que, como tínhamos uma casa grande, acabou ficando lá em casa mesmo, porque, depois, ninguém tinha lugar para ele. Os equipistas doavam sapatos, principalmente sapatos de criança, que naquela época eram quase impossíveis de se comprar. Noutra casa, eram ternos, noutra, roupas de mulher. Formamos até um fundo de emergência para os que se encontrassem em apuros financeiros. Todo mês, cada casal doava uma quantia em dinheiro para esse fim. Quando os tempos melhoraram, aquilo caiu, por sugestão daqueles para quem isso representava maior sacrifício. Nós- Ter vivido tudo isso deve unir demais uma equipe ... Vocês continuam os mesmos casais do início? -11-


Jean - Basicamente, sim. Pelo menos cinco, desde o início. Os laços, depois de tantos anos - 33 - são realmente muito fortes. Principalmente devido a todo esse passado vivido juntos, a todo esse trabalho que realizamos juntos. Temos conosco duas viúvas - perdemos, há três anos, um dos nossos companheiros; a outra já entrou viúva para a equipe. Nós - E como é que vocês vivem a vida de equipe depois de tantos anos? Jean - Temos duas reuniões por mês, às primeiras e terceiras quartas-feiras, únicos dias livres de nosso Assistente. É o mesmo de 30 anos atrás, um homem extraordinário. A primeira reunião é só de oração - volta-se às origens, pois foi assim que começamos. Após os dois anos de aprofundamento para as equipes antigas, passamos a dar maior ênfase à oração, que é, agora, muito mais em profundidade. Dura duas horas e meia. Como fazemos? Temos de início 15 minutos de silêncio antes da leitura de um texto. Convencionamos que seria sempre o Evangelho do dia seguinte; assim, os que porventura chegam atrasados já estão sabendo do que se trata. Seguem-se 3/4 de hora de meditação silenciosa. Depois fazemos em voz alta nossa oração pessoal, seguida pela do Assistente. Novo silêncio para interiorizarmos tudo aquilo. Só então é que temos as intenções e a oração litúrgica. Se dedicamos todo esse tempo à oração, é porque acreditamos que, para conseguir realizar o material, é preciso estar-se animado pelo espiritual .. . E a outra reunião? Jean - A segunda reunião é com jantar - voltamos à simplicidade de outrora, para não sobrecarregar o orçamento de alguns -, co-participação sobre uma dificuldade, um apostolado ou um assunto de atualidade. Essa co-participação faz as vezes do tema. Fazemos partilha somente quando alguém tem uma dificuldade. Em compensação, temos um recolhimento a cada 3 meses. Nós -

Nós - Vocês souberam "inventar" --:- única maneira para uma equipe antiga de sobreviver - guardando o espírito do Movimento. E por falar nisso, como vocês e a sua equipe se sentem, hoje, em relação ao Movimento? Paternalistas? Relegados ao esquecimento? Ultrapassados pelo desenvolvimento do Movimento? Ou participantes ainda? Denise - Embora o Movimento hoje em dia esteja de certa forma polarizado em torno dos jovens, não nos sentimos "marginalizados". Pelo menos não nós dois. Acho que realmente é preciso distinguir entre nós e os outros casais da nossa equipe. Por-

-12-


que, da nossa parte, permanecemos em contato com o Movimento por mais tempo que os outros. Depois de termos sido Regionais, voltamos a ser Casal de Ligação e fomos, muitas e muitas vezes, Responsáveis da nossa equipe. Por termos uma casa grande, sempre hospedamos um ou dois Casais Responsáveis por ocasião dos Dias de Estudos. Tudo isso fez com que ficássemos mais em contato com o Movimento que os outros casais da nossa equipe. Talvez tenhamos também conservado o espírito mais jovem e mais disponível. .. Agora mesmo, estivemos tomando parte numa Sessão especial sobre os problemas do "outono da vida". Os nossos companheiros de equipe acharam esquisito o fato de nos interessarmos por esse problema - embora t0dos nós o estejamos vivendo! E também o fato de ainda querermos dar a nossa contribuição ao Movimento. Acontece que, além de acharmos que esse é um problema que merece ser estudado - e inclusive pensado em termos de uma preparação, como a preparação ao casamento - temos o sentimento de estarmos devendo algo ao Movimento e pensamos que seria uma pena deixarmos de dar o nosso tempo, agora que temos tempo para dar! Com isso não queremos dar a impressão de sermos os únicos a trabalhar: há outros casais em nossa equipe que também continuam como Casal de Ligação. Nós - Você disse que o Movimento anda dando muita atenção aos jovens casais. Vocês têm dois filhos nas Equipes. Como se sente a nova geração em relação ao Movimento? A que atribui mais valor? Denise - Acho que valorizam principalmente a amizade. Consideram muito importante o auxílio mútuo para progredir na vida cristã, na vida de oração: sentem que, sozinhos, não conseguiriam ir para a frente. Acham muito natural que haja obrigações - embora talvez não as encarem tão seriamente como os mais velhos. O principal mesmo, para eles, é certamente o auxílio mútuo, que realizam - como aliás a co-participação - com muita naturalidade. Quanto mais simples o meio, ou mais dificuldades de vida dos jovens casais, maior o auxílio mútuo, maior a abertura. O que não impede a vida espiritual: assistimos a duas cerimônias de batismo (de filhos dos nossos 2 filhos equipistas), realizadas durante a missa, na presença de todos os casais de suas equipes e filhos- e ficamos surpresos com a intensidade do clima de oração. Jean - Realmente, parece que os jovens de hoje - pelo menos os que têm mais parcos meios de vida - sabem atribuir a devida importância às coisas essenciais. Aliás St. Exupéry d~s­ se que "o importante é fazer passar o essencial antes do urgen-13-


te" ... Nós vivemos assediados pelo urgente. Somos sempre tentados em ceder-lhe, fazendo-o passar antes do essencial. Ora, no Paraíso, não há nada urgente ...

Denise - Sabem, os jovens, inclusive, nos têm ajudado principalmente em matéria de abertura. Minha filha equipista, por exemplo, ficou escandalizada quando lhe contei a nossa dificuldade, na equipe, ainda hoje, depois de todos esses anos, para partilharmos os nossos problemas. Ela me aconselhou tanto que resolvi um dia entrar de chofre com um problema - para forçar um pouco - e agora os casais têm mais facilidade em abrir-se. Nós- E como se situam eles em relação à oração? É comum quererem participar das Semanas de oração em Troussures? Denise - Bem, não negam a importância da oração, mas estão longe de lhe atribuir o mesmo valor que nós, os mais velhos. Aliás, costumam justamente dizer que "isso é coisa para vocês, os mais velhos". . . E, mesmo que tenham atração pela oração, é materialmente impossível passarem uma semana em Troussures; não podem deixar os filhos, nem o trabalho. Basta ver as dificuldades que têm para fazer o r etiro: para eles representa realmente um problema, por causa d as crianças. Nós - E vocês, estiveram em Troussures? Denise - É claro que estivemos. Foi o Paraíso! Aliás tenho um irmão padre que tem ajudado bastante o Pe. Caffarel em Troussures. Não fica permanentemente, porque tem muitos outros afazeres, mas tem ido para lá muitas vezes. Nós- Então, querem fazer-nos um favor? Mandem entregar ao Pe. Caffarel, através do seu irmão, a Carta Mensal de agosto, em que damos a notícia da vocação do filho de Dilma e Miguel, vocação na qual ele teve a sua parte. E peçam-lhe que venha para cá, para fazer uma Semana de Oração. . . São muitos os sacerdotes e os leigos que anseiam por isso! Denise e Jean -

Fiquem sossegados: daremos o recado!

1!: fácil ver que, depois de 33 anos de equipe, o casal nada perdeu do seu entusiasmo pelo Movimento . 1!: isto um estúnulo

para todos nós.

-14-

,

1


" A FAMÍLIA E SEUS ADOLESCENTES"

Sobre este tema, desenvolveu-se em junho, no Colégio Santa Cruz, o XIIJ.O Congresso da Escola de Pais, com a participação de delegados de todo o Brasil que, somados aos participantes de São Paulo, totalizavam 1.500 pessoas.

Abrindo o Congresso, o Pe. Charbonneau discorreu sobre aA vivência conjugal e seu impacto sobre o adolescente". Observou este grande educador que a adolescência do filho geralmente coincide com a terceira grande crise na vida do casal: a crise da indiferença. De um lado, o pai, absorvido pelos seus negócios, não tem tempo para nada; de outro, a mãe anda preocupada com seu envelhecimento iminente. Há um contraste entre o empobrecimento das relações familiares e as necessidades crescentes que o adolescente experimenta, exatamente na medida em que amadurece a sua personalidade: sua sexualidade, sua observação, que se torna aguda e crítica, suas dúvidas e incertezas, que adquirem nesta altura a máxima expressão. O jovem não só sente necessidade como exige afeto, segurança, autenticidade, coerência e exemplo. E isso não só em relação a ele, mas entre seu pai e sua mãe. Quando seu lar carece destes valores, defronta-se com seus pais e estes percebem, pelos olhos vivazes de seus filhos, que, diariamente, estão sendo julgados por eles. No sábado, três psiquiatras e um educador abordaram os aspectos biológico, psicológico, soc;al e cultural do desenvolvimento do adolescente em relação à família - ou seja, a influência do meio familiar no desenvolvimento da personalidade do adolescente.

-15-


Iniciou o Dr. Bachir Haidar Jorge mostrando que o homem tem necessidade de imprimir suas características pessoais a tudo que lhe é próprio, sendo isso verdade também do adolescente. Uma maneira de os pais impedirem esse tipo de afirmação pessoal nos filhos é não afirmando eles próprios a sua personalidade. Se os pais não "definem o seu território", trazem insegurança para os filhos. Insistiu também sobre o papel positivo da agressividade, como energia que nos leva a conseguir objetivos. A seguir, o Dr. Isaac Mielnik afirmou que, para analisar o adolescente, é preciso considerar o que ocorreu em sua infância e na sua meninice. Quando os pais são adultos insatisfeitos, frustrados e fracassados, agarram-se muitas vezes aos filhos para salvar-se de si mesmos, formando novamente adultos infelizes. Os lares que são locais de conflitos "abertamente reconhecidos ou obstinadamente negados" hostilizam o jovem nas suas necessidades de independência e desmistificação, dificultando a cristalização de sua vocação profissional e da identificação sex ual correspondente. O adolescente se aborrece em casa, onde sempre escuta as mesmas coisas, sentindo-se atraído pelo mundo lá fora, onde, pelo contrário, tudo é novo. Oscila entre a dependência infantil e a autonomia adulta. Ao invés da agressividade, passa a usar a ironia. Conclui o conferencista que embora nem tudo dependa dos pois, pois existe no adolescente a personalidade nuclear que lhe vem dos seus ancestrais, os pais não podem omitir-se nessa fase do desenvolvimento dos seus filhos. Quanto ao Prof. Luís Antônio Amaral, disse que é comum confundir-se cultura com transmissão de conhecimentos, r azão pela qual os pais acreditam que o desenvolvimento cultural dos filhos depende da escola e não deles. Ora, a escola não é meio de expressão cultural, mas apenas instrumento de transmissão e informação, que apresenta uma cultura pronta, acabada, na qual o jovem não tem participação. Cultura, no entanto, é a manifestação do homem; cabe aos pais conhecer, para depois interferir e estimular a capacidade que o adolescente t em para produzir e criar, compensando o abafamento produzido pela cultura tecnológica e sociológica de nossa época, extremamente competitiva, que funciona como um rolo compressor. O adolescente, que ainda não trabalha, anseia por realizar, por auto-afirmar-se; ainda não sabe usar o dinheiro e é presa fácil da propaganda dos artigos de consumo. Os pais devem procurar preencher o vazio cultural existente, não permitindo que a televisão se coloque entre eles e os seus filhos.

-16-


O Dr. Bernardo Blay Neto, discorrendo sobre o desenvolvimento social do adolescente, lembrou que pais e adolescentes devolverão o respeito que lhe for concedido. Sendo a família o primeiro núcleo social, deve oferecer ao filho adolescente um relacionamento macio, agradável, coerente, reto e sensato. O jovem deve ser ouvido sem ironias, o que facilitará a sua sociabilidade posterior. Os pais não precisam "saber tudo". Mas devem estar abertos a aprender sempre, admitindo inclusive que o próprio filho lhes ensine a serem pais. No domingo, encerrando o Congresso, falou o sociólogo e psicólogo Pe. João Edenio Valle sobre "O adolescente, a família e o meio exterior". Enfatizou o Pe. Edenio o fato de o adolescente ser um produto artificialmente criado pela nossa sociedade. Há 100 e mais anos o jovem assumia plenamente as suas funções, na profissão e na família, muito mais cedo, ao passo que hoje ele tem que esperar durante cinco ou dez anos para adquirir status, família e profissão. Portanto, o comportamento do adolescente é um comportamento novo na história. No fundo, os filhos não são muito diferentes dos pais; apenas encontram-se em outra encruzilhada. A família ainda é, na sociedade, o agente que mais influencia; no entanto, à medida que vai perdendo as suas funções, outras instituições passam a assumi-las. Isto, numa sociedade pluralista e móvel, onde existe um verdadeiro "mercado cultural", é perigoso: o indivíduo é quem escolhe, ou são os outros que escolhem por ele? O problema da juventude é o mesmo dos adultos: reflete as contradições da sociedade como um todo.

Eis, caros equipista.s, tópicos, questões, sugestões para um exame de consciência, para um "dever de sentar-se", para uma co-participação em equipe. Nunca nos questionaremos suficientemente quando se trata de nosso papel no desabrochar harmonioso da personalidade dos nossos filhos .

-17-


A PROPóSITO DA CO-PARTICIPAÇAO

Terminamos hoje a nossa reflexão sobre a co-participação evocando, com Pierre Roland, esses três últimos aspectos: -

Examinar

o

Examinar o problema que se coloca a um casal. Descobrir as exigências do Evangelho. Procurar as verdadeiras responsabilidades de cada um.

problema que se colocGJ a um casal

Que um casal peça o auxílio dos membros de sua equipe Ja é uma prova muito grande de amor, mas parece que deve ser [~ inda mais importante que um casal traga para a equipe um problema grave que o preocupa, e que a equipe toda junta o e.:;tude com ele, diante de Deus: um problema profissional, a adoção de uma criança, seu engajamento político . .. Isto pressupõe que o casal traga o seu problema antes de ter optado por uma solução e que ele confie em seus coequipistas para que o aconselhem sensatamente, conservando naturalmente a plena liberdade e responsabilidade de sua decisão. Podemos fazer várias observações: Em primeiro lugar, este esforço de apresentação de seu problema pelo casal o obriga a delimitá-lo melhor, a distinguir entre o essencial e o acessório: este primeiro trabalho já é proveitoso, pois permite tirar dele alguns elementos para uma solução. Conseqüentemente, com relação à própria equipe, esse sinal de confiança estreita os laços de amizade entre todos os casais. O auxílio mútuo funciona também porque cada membro da equipe assume na sua oração aquele casal e seu problema. Finalmente, é uma grande prova de amor oferecer a seus coequipistas a oportunidade de trazer o seu auxílio aos companheiros de equipe.

-18-


Mas o jogo deve ser jogado francamente: que não aconteça que sejam sempre os mesmos que apresentem um problema e os outros escutem passivamente. Assim também, é preciso, a todo custo, eliminar os problemas sem importância, as pequenas dificuldades. Para um verdadeiro problema é que um casal pedirá a ajuda da equipe. Qual é então o obstáculo que podemos encontrar aqui? Será certamente o nosso orgulho de sempre! É por orgulho também que temos a tentação de dizer: não temos verdadeiros problemas, 11ós já os resolvemos! Um equipista diz muito bem: "É preciso uma boa dose de humildade para pedir auxílio, assistência e conselho, e também para aceitar o conselho que vem sem que se o tenha pedido". Aceitar significa que vamos considerá-lo como um elemento de julgamento que nos é trazido. Outro obstáculo é uma espécie de cegueira que nos esconde os nossos verdadeiros problemas. Isso se deve a um certo medo, contra o qual é preciso lutar, principalmente através da oração. Descobrir as exigência'S do Evangelho Atingimos um ponto onde a noção de equipe funciona ao máximo. Aquilo que nos anima, então, é o desejo intenso e comum de conhecer melhor os diferentes aspectos do ideal evangélico proposto pelo Cristo, ideal que está sempre para ser descoberto, a fim de chegar a realizá-lo melhor, auxiliados uns pelos outros. No decorrer de uma tal co-participação, de tempos em tempos partiremos para a descoberta das exigências do Evangelho: pobreza, abandono à Providência, perdão das ofensas, consideração pelos pobres, etc. Mas não podemos estacionar aí, será preciso procurar sinceramente quais são as atitudes que essas exigências determinam para as nossas vidas. No fim de uma tal co-participação, não tiramos conclusões gerais, mas cabe a cada casal examinar as mudanças que devem ser operadas, quando descobrir que o seu comportamento cristão num determinado setor de sua vida deveria ser muito diferente daquele que ele tinha adotado. A coragem de mudar aquilo que deve ser mudado, nós a encontraremos na oração e no auxílio da equipe. E, de reun~ ão em reunião, cada setor da nossa vida será passado pela peneira, tomaremos as medidas necessárias para a sua purificação, para a sua santificação. Faremos isso em comum, em equipe. Nesse estágio a co-participação é uma fonte de verdadeira maturidade espiritual. E esta é uma das maiores razões pelas quais ela deve tomar o lugar previsto dentro da vida de nossas equipes.

-19-


Procurar as verdadeiras responsabilidades Abordamos este sexto aspecto com muita prudência, pois requer bastante tato. Alternativamente, em equipe, examinamos as responsabilidades de cada um. Cada casal está situado no centro de uma rede de relações múltiplas: família, amizades, vizinhança ... paróquia, diocese, Igreja ... - profissão, sindicato ... - nação, comunidade internacional. . . Trata-se de nos ajudarmos mutuamente a descobrir as nossas inúmeras responsabilidades com relação aos indivíduos e coletividades no meio dos quais vivemos. E descobri-los é tomar consciência das exigências de Deus para conosco, porque a caridade nos obriga a considerar o contexto dentro do qual vivemos. E é ainda mais necessário porque, muito presos pelas ocupações da vida diária, e temendo instintivamente as complicações, corremos o risco de nos fecharmos nos nossos costumes. Meses E: anos podem passar sem que reflitamos sobre todas essas responsabilidades inerentes à nossa situação dentro do mundo. Ajudar um casal a descobrir todas as suas conexões e a assumir todas as suas responsabilidàdes é um dos picos da caridade fraterna, é sem dúvida o mais alto cume que a coparticipação pode alcançar. Mas é evidente que os equipistas devem precaver-se de intervir de um modo intempestivo na vida dos companheiros. É um aspecto dessa discreção essencial para a coparticipação da qual já falamos. (Da Carta Mensal Internacional)

-20-


BARUERI -

UM LUGAR MUITO ESPECIAL ...

Recebemos um convite muito amável de um casal equipista de Santos para participarmos de um retiro em Barueri. O nome Barueri nos é particularmente querido, pois ali estivemos várias vezes, a primeira vez há 17 anos ... Sempre me lembro de quando fizemos o nosso primeiro retiro, levando a nossa filha mais velha dentro do cesto: ela tinha apenas 2 meses. . . Aliás, ela foi a única das crianças que ficou conosco, na casa "de cima". Tivemos a felicidade de poder voltar durante yários anos seguidos e, como a cada ano a família aumentava, anualmente, levávamos mais um novo hóspede para lá. . . Todos os nossos 6 filhos tiveram a oportunidade e a alegria de conhecer a Chácara São José e de conviver pelo menos dois dias por ano com as tão boas Irmãs Missionárias. Acho que é esse o segredo da "santiàade" deles ... Não sei se é coincidência, mas o fato é que sempre, na volta de um retiro, sentimos que, não só nós dois estamos mais calmos e mais animados, mas a família toda parece que recebe os bons fluídos das nossas orações, mais intensas naqueles dois dias. Realmente, achamos que qualquer sacrifício é válido e o casal

nãe~ deve medir esforços para ir a um retiro, po; s, além de ser

uma necessidade fazer "uma pausa para meditação", dele só advirão benefícios para o casal e para toda a família. Toda essa introdução foi apenas para dizer que deveríamos ser suspeitos para elogiar um retiro, principalmente realizado em Barueri, porque estamos ligados àquela Casa, não só espiritualmente, mas também sentimentalmente. E esse foi extraordinário. Éramos 29 casais - a grande maioria de Santos. A organização foi perfeita - não houve um senão, tudo foi previsto (os santistas são concorrentes dos cursilhistas, na certa!). Logo à chegada, na sexta-feira à noite, recebemos uma pasta que cont;nha a lista dos participantes, todas as orações da manhã e da noite, os textos da missa e os cantos. E como a turma canta! Também, além de serem bem afinados, eles têm um violeiro que é um mestre! Nós só conhecíamos um casal, mas a acolhida foi tão "santista" e equipista que, em poucos minutos, todos se sentiram amigos e irmãos.

-21-


Fomos apresentados ao pregador: Pe. João B. Libânio homem franzino, estatura mediana, fisionomia bem jovial, tanto que, à primeira vista, ele dá a impressão de ser um colegial em férias ... Porém, já na primeira palestra, quando começou a falar, ele foi crescendo, crescendo - e transformou-se naquilo que ele é: um grande teólogo, um professor eficientíssimo, mas, acima de tudo, um verdadeiro sacerdote, um digno representante de Cristo na terra. Pe. Libânio foi Diretor dos Estudos Brasileiros no Colégio Pio-Brasileiro, em Roma. Doutor em teologia pela Universidade Gregoriana, lecionou teologia em quase todas as capitais do Brasil. Em 74, participou do Sínodo dos Bispos em Roma. Apesar de toda essa bagagem, nunca havia pregado um retiro para casais e disse que estava receioso de não conseguir transmitir-nos aquilo que esperávamos. O tema escolhido por ele foi: "Reflexões sobre a existência cristã atual". Como não seria possível resumirmos em poucas palavras todo c rico conteúdo de 2 dias inteiros de palestras, preferimos transcrever um pequeno trecho de um livro, "Credo para amanhã", para o qual ele colaborou:

"A nossa fé se coloca sob o signo da esperança. Esperar é crer no amor. A nossa fé nos coloca então dentro desse processo histórico em que todos estamos envolvidos. Evangelização é um processo de transmissão de uma realidade pertencente ao sobrenatural, do mundo divino que já se possui e que se quer comunicar a outro. Assim, reflete uma dupla consciência: a certeza de que essa realidade é importante para todos os homens, necessária mesmo, mas de uma natureza tal que eles não a percebem através da sua experiência, e a necessidade moral e religiosa de comunicá-la aos outros. Não se trata de uma realidade particular, para uso de um grupo, mas de destino universal. Quem a conhece não é um privilegiado, mas é responsável para que e.la seja divulgada. Evangelizar é uma obrigação que nasce da consciência certa de que Jesus Cristo é o Salvador e fora dele não existe outro evangelho, nenhuma outra boa nova." Terminando, só temos que agradecer a Maria Leda e Ayrton, que em tão boa hora nos convidaram para participar desse retiro, e nos congratularmos com os santistas pelo êxito total do mesmo. Magda Equipe 7, São Paulo, Setor D

-

2~-


ENCONTRO DOS RESPONSAVEIS DE EQUIPE EM ITAICI

Foi o 3. 0 deste ano, congregando em Itaici, nos d ;as 28 e 29 de agosto, os Responsáveis de Equipe de todo o Estado de São Paulo, com exceção de São Paulo e do Vale do Paraíba. Em número de pessoas, superou todas as expectativas: 145 Casais Responsáveis e mais 5 maridos, 16 Conselheiros Espirituais e 33 casais entre membros da ECIR, Responsáveis Regionais, Responsáveis de Setor e Equipe de Serviço. Ao todo 377 pessoas. Com isto ficaram lotadas as acomodações da Vila Kotska, o que levou os casais das cidades vizinhas (Campinas, Itu, Louveira), num admirável gesto de auxílio mútuo, a abrirem mão de seus quartos, indo passar a noite do sábado para domingo em suas próprias casas. Para dar uma idéia do número de participantes, para aqueles que conhecem Itaici, é suficiente dizer que a Igreja estava completamente lotada, bem como o refeitório, a sala de conferências transbordando pelas galerias que a envolvem. Dizer o que foram esses dias seria repetir o que todos já sabem: ambiente de grande recolhimento nas cerimônias litúrgicas, de atenção e interesse nas palestras, de alegria e abertura nos momentos livres. Como nos dois outros EACRES, a "Evangelização" foi o ponto central ao redor do qual giraram não só as palestras como as cerimônias litúrgicas. Pe. Antonio Aquino, Conselheiro Espiritual da ECIR, desenvolveu o primeiro tema: "As exigências da Evangelização". Com o dom de síntese que possui, Pe. Aquino condensou toda a Exortação Apostólica "A Evangelização no Mundo Contemporâneo", dando uma idéia nítida do conjunto desse documento de Paulo VI. O casal Nair e Amauri Munhoz da Rocha veio de Curitiba para expor aos Casais Responsáveis todas as riquezas de que dispõem no Movimento para ajudar os seus equipistas a caminharem para o Senhor. Apoiando a sua palestra em cartazes - estava -23-


prevista a projeção de numerosos :;lides, o que não pôde ser feito, devido ao excesso de claridade do salão de palestras - Nair e Amauri desenvolveram muito bem a idéia de que a equipe é um dos grandes meios de evangelização para os equipistas. Da terceira palestra desincumbiu-se o casal Heloisa e Jorge Fortes, que vieram também de longe - Rio de Janeiro, - para darem a sua colaboração. Foi também uma palestra profunda, objetiva, rica de testemunhos, para apresentar a equipe como ponto de irradiação para a evangelização do meio em que se encontram os equipistas. Cada uma destas palestras foi seguida por "grupos de participação" que permitiram aos equipistas não só uma troca de idéias sobre o que acabavam de ouvir , como também o estreitamento no conhecimento mútuo. Uma reunião dos Conselheiros Espirituais permitiu aos sacerdotes presentes aprei)entarem observações e sugestões grandemente válidas, com base na sua vivência nas equipes. As missas do sábado e do domingo foram concelebradas por todos os Assistentes presentes, sendo oficiantes, no sábado, Dom Gabriel Couto, b:spo de Jundiaí, e no domingo, o Pe. Aquino. Um grupo de participantes se encarregou de dirigir os cânticos e um coro muito bem conduzido coroou a Sessão de Encerramento com um canto muito apropriado à circunstância. Em resumo, como nos dois outros EACRES, poucas foram as equipes que não se achavam presentes através dos seus Responsáveis. Pode-se dizer que o tema "Evangelização", como nos outr os dois EACRES, foi muito bem desenvolvido. Ficou bem claro o papel das Equipes de Nossa Senhora como meio de evangelização dos seus próprios membros e, através deles, do mundo que os cerca.

-24-


OS CAMINHOS

VIDA

Caminhar juntos é um lema de fraternidade que nos oferece, no nosso dia a dia, muitas ocasiões de servir ao próximo. Essas oportunidades geralmente ocorrem de modo simples, pela prática de sorrir, animar, amparar, ser paciente, mas às vezes acontecem de maneira tão peculiar que nos dão a impressão de estarmos tomando parte numa cena fantástica em um fantástico "show". Vejam, por exemplo, o que ocorreu com o Edison, da Equipe Nossa Senhora Auxiliadora. Em um dia qualquer de dezembro, lá ia o Edison, apressado, para São Paulo, com um curto horário, a fim de resolver problemas de trabalho. Ao passar por São Miguel Paulista, viu, sob a chuva, uma moça que, com o desespero estampado no rosto, tentava parar um táxi. Dotado de uma disponibilidade e um espírito cristão que o peculiarizam muito, percebeu que a jovem necessitava de urgente ajuda. Esquecendo-se imediatamente das próprias necessidades, parou e perguntou-lhe se precisava de alguma coisa. A moça lhe disse, desesperada, que precisava, urgentemente, de um carro para levar a irmã a um hospital, pois ela estava prestes a dar à luz. Mandou-as entrar no carro imediatamente e procurou rumar, o mais rápido possível, para o hospital mais próximo. Ocorre, porém, que o bebê nada sabia da necessidade de médicos para vir ao mundo e resolveu que o carro do Edison até que era bem confortável para que ele desse o seu alô à vida. E lá vinha ele ...

-25-


Vocês podem imaginar um homem que se dedica a transportes, dirig·ndo a toda velocidade, orientando uma moça solteira, irmã da parturiente, que também nada entendia do caso, a agir? Pois foi o que ele fez. . . Sem deixar de dirigir a Deus seus pensamentos, pedindo-lhe proteção e ajuda, para a mãe, o bebê, a irmã e para ele próprio, nessa entrega ao Senhor, conseguiu coragem para conduzir um carro e um parto! E o bebê ... nasceu no carro e, quando a jovem t ia lhe perguntou se não tinha algo com que pudesse cortar o cor dão umbelical, só lhe ocorreu que tinha um macaco e uma chave de . fenda. E agora, Senhor? - deve ter pensado ele. "Chegastes ao hospital!" Foi, certamente, o que Deus lhe disse ao ouvido. Nesse dia, lhe terá dito Jesus: "Caminhamos bem juntos, hoje, não é? Eu estava desesperado na estrada, e você me reconheceu, eu estava prestes a dar a vida, e você percebeu, eu queria nascer, e você me ajudou". É isso aí gente, é preciso vigiar sempre para caminhar mos juntos; quer em coisas tão fantásticas como essa, quer no nosso dia a dia rotineiro, onde sempre poderemos encontrar algo para dar, como um sorriso, o pão, o perdão, a roupa, a atenção desinteressada, o remédio, a presença confortadora e amiga, o lar, e até um carro em movimento para que nasça um bebê. (Do Boletim de Mogi das Cruzes)

Atenção! Se um dia você se encontrar numa situação em que tenha que acudir a um parto, .sa iba que n ão basta cortar o cordão umbilical: é preciso amarrá-lo primeiro, senão a criança morre!

Amarre na distância de um dedo ou pouco mais, com o que tiver à mão: barbante, cordão de sapato, gravata - qualquer coisa serve. Amarre bem forte. E só depois corte . E desinfete, assim que puder, também com o que tiver à m ão: álcool, colônia, etc. ll: claro que, havendo tempo, é bom amarrar também o lado da mãe, da mesma forma.

o ideal seria fazer os dois nós,

~m

apertados, e cortar depois.

-26-


NOTíCIAS DOS SETORES

MANAUS -

Mais duas equipes

As duas primeiras equipes da cidade vêm mantendo estreito contato, o que tem beneficiados ambas em suas atividades e no seu crescimento espiritual. Com a procura que vem tendo o Movimento e a disponibilidade de dois casais para pilotarem novas equipes, já foi lançada a equipe n .0 3 e está em pauta a n. 0 4, ambas com membros de uma mesma paróquia. Por enquanto, é ainda um pequeno núcleo, mas vejam como já trabalham os equipistas de Manaus: -

Preparação para o casamento

Por iniciativa e contando com a colaboração de ambas as equipes, foi lançado o Curso de Noivos. Com a duração de um dia, no estilo de encontro, é realizado sempre no primeiro domingo d~ cada mês. O reconhecimento deste curso por parte dos vigários vem provocando uma constante procura. Antes, existia apenas um curso, realizado na Catedral, constando de uma palestra por noite, num total de quatro palestras. Considerando que grande parte da população jovem de Manaus estuda à noite, muitos se viam com problemas para participar. Foi esta a razão que levou as Equipes a montarem o curso de um dia inteiro. A divulgação do curso e o conhecimento da maneira como é apresentado tem levado algumas paróquias e colégios a solicitarem certas palestras para grupos, enfocando algum ponto de maior interesse. Uma das palestras que têm sido mais solicitadas é "Harmonia Sexual", que até então não existia. -

Participação no "DICA"

Embora não tenha nascido através das Equipes, praticamente todos os equipistas estão dando uma colaboração decisiva no Encontro que se faz para casais, com a duração de um dia e cons-

-27-


tando de 6 palestras. Foi planejado um re-encontro para os que tomaram parte no "DICA" - Dia dos Casais -, como é chamado esse Encontro. -

Trabalhos paroquiais

Membros das duas equipes estão ajudando na formação de grupos de reflexão e trabalho nas paróquias, bem como na preparação de pais cujos filhos vão fazer a primeira Comunhão. -

Pastoral Familiar

Está sendo desenvolvida em Manaus a organização de uma Pastoral Familiar. Também neste caso as Equipes estão presentes. Parte dos equipistas lideram outros Movimentos, o que veio facilitar a unidade de esforços em torno de um mesmo objetivo. A Coordenação dos trabalhos, composta por sacerdotes e leigos, conta com sete casais, dos quais quatro são equipistas. Parabéns, Manaus! SAO CARLOS -

Semana da Família

Quando os Bispos do Regional Sul 1 da CNBB (Estado de São Paulo) decidiram estender a todas M dioceses a Semana da Família, escolhendo para a sua realização a semana de 19 a 26 de setembro, em São Carlos a Semana já estava institucionalizada desde o ano passado, por decreto-lei, estipulando que se realizaria anualmente na semana que antecede o Dia das Mães. Já que a iniciativa partira das Equipes (cf. C.M. de setembro de 1975), a realização da Semana também se fez sob a sua responsabilidade. Eis o que conta o Setor :

"A Semana da Família, em São Carlos, teve início no dia 2 de maio de 1976, com intensa divulgação nas missas, pelos sacerdotes, e também pelos casais. Já vínhamos de uma preparação intensa durante as semanas anteriores, com exposição de cartazes alusivos ao evento, bem como através da imprensa falada e escrita da cidade. As equipes foram divididas pelos diversos setores da cidade, cada qual auxiliando o Movimento mais atuante em cada igreja ou paróquia, além de dar assistência também às escolas de cada setor, onde foram feitas diversas palestras aos alunos, bem como às associações de pais e mestres. A maior parte das homilias nas -28-


missas durante a semana foi feita por casais equipistas, todos sob o comando de Silene e Vitória Bernasconi, eleito Casal Responsável pela Semana da Família. De certa forma, cobrimos todos os setores da cidade a contento e a Semana culminou, no dia 9 de maio, Dia das Mães, ocasião em que se programou uma missa especial para as mães em todas as paróquias da cidade, efetuando-se a entrega de botões de rosas a todas as mães participantes, botões estes que nos foram gentilmente doados pela Comissão N ·micipal de Turismo de São Carlos, em colaboração com a Prefeitura Municipal. Ao final da tarde, efetuamos a entrega de botões de rosa a todas as senhoras hospitalizadas na Santa Casa de Misericórdia, ocasião em que também levamos o apoio e o carinho da palavra amiga aos enfermos." -

Curso de preparação para o casamento

"Após virmos engatinhando durante muitos anos no Curso de Preparação para o Casamento, efetuamos a primeira grande mudança, passando do sistema tradicional de palestras, onde os noivos simplesmente ouviam, para um sistema mais atualizado, integrado na d "dática moderna de ensino, onde os noivos participam em grupos dinâmicos e têm a oportunidade de discutirem os assuntos propostos e depois avaliarem suas respostas no plenário em franco debate com os palestrantes. Já efetuamos dois cursos nesse novo sistema e estamos realmente convencidos de que acertamos e fomos felizes na mudança, mudança essa que nos foi possível graças à dedicação dos casais Lourdes e Carlos, Terezinha e Arnaldo, e do Pe. José Carlos de Mambro, que programaram toda a adaptação necessária. O curso, que até então era realizado somente na manhã e tarde de um domingo, passou a ter início no sábado após o almoço, indo até às 22,00 horas, e continuação no domingo, das 7,00 às 20,00 horas. Cada curso conta com 49 casais, que são divididos em grupos de 7 casais. A nova sistemática é muito bem aceita e, pelos testemunhos, percebemos que estamos atingindo o objetivo proposto." -

Retiro espiritual

"Tivemos em junho, no Seminário da Igreja de São Sebastião, o retiro pregado pelo Conselheiro Espiritual do Setor, Pe. José Carlos de Mambro. Participaram 28 casais. Muito bem re-29-


cebido por todos, o retiro, inteiramente preparado pelo pregador, que soube muito bem distribuir palestras, meditações e conversa a dois, resultou num inteiro sucesso. Queremos registrar nossa gratidão ao Pe. José Carlos, que tanto se tem doado pelas Equipes, visto que, além de suas duas equipes, ainda é o Conselheiro espiritual do Curso de Preparação para o Casamento e acaba de assumir a parte espiritual do Setor."

PORTO ALEGRE -

Congresso Arquidiocesano de Leigos

Foi considerado um sucesso o 1.° Congresso Arquidiocesano de Leigos, organizado em homenagem a D. Vicente Scherer por ocasião do seu jubileu de ouro sacerdotal. O Congresso foi como que um prolongamento do Sínodo realizado na arquidiocese nos últimos anos. O tema central do Congresso foi "A F AMfLIA EDUCADORA NA FÉ". Houve muitos oradores, entre os quais D. Antonio Cheuiche, Bispo Auxiliar de Porto Alegre, e D. Lucas Moreira Neves, vindo especialmente de Roma. Dois dos sub-temas do Congresso tiveram como expositores casais equipistas: Denyse e Fernando Gay da Fonseca e Esther e Marcello, "estes, como sempre, excepcionais, arrastando o auditório com seu testemunho de vivência efetiva de espiritualidade conjugal, causando a mais profunda impressão em todos os 540 participantes do Congresso". Seu tema era "Espiritualidade Conjugal" e escreve um dos participantes: "agora conseguimos ver com clareza, pois eles abordaram com simplicidade verdades profundas que tínhamos extrema dificuldade em viver." As Equipes de Nossa Senhora tiveram uma participação bastante expressiva, com 19 casais delegados do Movimento e mais 7 casais representando paróquias da capital e do interior, integrando a Comissão Executiva, assumindo a responsabilidade pela publicidade do Congresso junto aos meios de comunicação, no grupo responsável pela redação final das conclusões e na coordenação dos grupos de trabalho. O Congresso, além de lançar as bases para uma Pastoral Familiar mais efetiva e calcada na fundamentação teológ'ca em relação à instituição da família e ao sacramento do matrimônio, propiciou ainda um congraçamento dos diversos movimentos leigos e deu ensejo ao lançamento do Instituto da Família na arquidiocese.

-30-


BRASILIA -

Coordenação de 29 Grau

Para presidir à passagem da Coordenação para o 2. 0 grau, esteve em Brasília o Casal Regional, Maria Alice e Adelson. A cerimônia, realizada no dia 31 de julho, constou de missa concelebrada por D. José Newton de Almeida Baptista, Arcebispo de Brasília, Frei Jamaria, Pe. Urbano e Frei João. Maria Alice e Adelson dirigiram algumas palavras ao novo Casal Coordenador, Maria José e Dorgival, e a todos os equipistas de Brasília. Seguiu-se a aceitação da incumbência pelo novo Casal Coordenador e o propósito de colaboração afirmado pelos equipistas presentes. Após a missa, deu-se uma reunião festiva, que foi aberta com as palavras do casal que vinha conduzindo a Coordenação de Brasília, Germana e Joaquim, o qual expressou seus agradecimentos pela cooperação que lhe foi dedicada no transcurso do seu mandato e formulou votos de pleno êxito ao casal que o substitui. Nesta mesma oportunidade, o novo Casal Coordenador também fez uso da palavra e exortou os equipistas a serem pródigos em colaborações que tornem possível levar avante esse trabalho de expansão em que se encontram as Equipes de Nossa Senhora no Planalto Central. Finalizando, Maria José e Dorgival apresentaram ao grande número de equipistas presentes os casais componentes da Equipe de Coordenação e os Casais de Ligação que entrarão em ação com a elevação da Coordenação a 2. 0 Grau. PETRóPOLIS -

Conselheiros espirituais em reunião

O Setor reuniu os Conselheiros espirituais em casa de Lilian e João para, depois de "suculento" jantar, minuciosa troca de idéias sobre o andamento das equipes. "Reunião 'quente', escrevem os Conselheiros, num artigo especial para o Equipetrópolis, sob o tópico "Um 'alô' do Convento" (são todos Franciscanos). Constatou-se que, enquanto há "muitos casais entusiasticamente envolvidos no Movimento, dando o melhor de si para que as Equipes continuem a propiciar o bem duma espiritualidade conjugal a todos aqueles que realmente se abram diante da força da Palavra de Deus e do convívio fraterno", por outro lado, "nem todos os equipistas abraçam decididamente a sua vocação cristã." Diante disso, "os Assistentes concordaram em tomar algumas medidas conjuntas de ação. Ser equipista não é uma obrigação, mas um privilégio, que apenas uns 100 casais de Petrópolis têm. De um privilégio nasce alguma obrigação que, no caso, traduzir-31-


-se-ia numa vida cristã mais intensa (razão de ser da presença do Conselheiro) e numa maior harmonia conjugal (razão de ser do Movimento)." Mereceu a atenção de todos a questão da correção fraterna. O que os Conselheiros de Petrópolis escrevem a respeito é tão importante que iremos dar-lhe destaque especial em outro número.

MARJLIA -

Finalmente de volta

Há meses não recebíamos o Boletim do Setor. O que chegou nos fez sentir mais ainda a falta dos anteriores. Recado aos Responsáveis: mandem sempre, sim? (Isto vale também para RIBEIRÃO PRETO: o Boletim ultimamente também anda sumido - e é uma pena ... ) Encontro de Responsáveis

Os responsáveis antigos entregaram suas pastas aos novos durante uma tarde de reflexão, que contou com um bom número de casais. Inicialmente, o Pe. Claudio, Conselheiro espiritual da Equipe 4, levou os casais a se interrogar sobre o valor do equipista no mundo de hoje. Formulou a seguir quatro perguntas para serem debatidas em grupo: - como devemos atuar na Igreja, nos dias de hoje (nós, o casal cristão equipista) ? -

temos vivido a realidade do casamento cristão? Como?

- os meios de aperfeiçoamento atendem ou satisfazem as necessidades do homem cristão no mundo de hoje? -

as nossas equipes são comunidades de base?

Depois dos debates em grupos - cada um dos 4 grupos debatendo uma pergunta - houve plenário e, a seguir, a missa, celebrada pelo Pe. Herman, Conselheiro espiritual da Equipe 8. No ofertório, os casais responsáveis entregaram aos responsáveis eleitos a sua pasta e, logo após, todos leram como que um compromisso de serem de fato responsáveis, seguindo-se a bênção do sacerdote. A tarde encerrou-se com um lanche, oferecido pelos responsáveis que deixavam o cargo.

-32-


RIO DE JANEIRO -

Um casal equipista em Paris

Therezinha e João Berredo, da Equipe 11, estiveram em Paris e contam como foram recebidos pelos equipistas de lá:

"Tendo procurado a sede central das Equipes, na Rue de la Glaciere, fomos recebidos por Fere Tandonnet e por Jean Allemand, com a maior atenção, e postos em contato com casais equipistas .franceses, que nos procuraram em nosso hotel. Um deles, o casal Colette e Fred Mayer, convidou-nos para jantar em sua encantadora casa nos arredores de Paris, onde saboreamos um excelente jantar, tipicamente francês, preparado e servido pessoalmente por Colette e sua filha. Embora não os conhecêssemos antes disso, sentimo-nos realmente entre irmãos e conversamos como velhos amigos, apesar do nosso pobre francês ginasiano ... Fere Tandonnet, a quem fôramos procurar como a um pai espiritual, mostrou-se também incomparável em seu interesse, chegando ao ponto de fazer questão de nos levar em seu carro até Vaucresson (e na hora do "rush" ... ) , com medo de seus amigos brasileiros não acharem o caminho certo até lá. Ficamos realmente muito gratos e encantados com o acolhimento carinhoso que encontramos entre nossos irmãos da França."

DEUS CHAMOU A SI Maria Hercília e Salvador Renda, José Maria Faria

Todos da Equipe 6 de Caçapava. Em desastre de automóvel que vitimou também os pais de Salvador. Salvador, José Maria e os pais de Salvador faleceram na hora, no dia 6 de julho. Hercília, na madrugada de 12 de agosto, após mais de um mês hospitalizada em estado gravíssimo. O casal deixa três meninos, o menor com 11 anos, que estão com os tios, pois os pais de Hercília têm idade bastante avançada. Hercília e Salvador tinham sido eleitos Responsáveis da equipe, que se encontrava em fase final de pilotagem. O Casal Regional, externando a consternação dos equipistas de Caçapava e Taubaté diante da tragédia, pede orações por Teresa, esposa de José Maria, para que Deus a conforte e lhe dê fortaleza. -33-


NOVAS REGiõES, NOVOS SETORES, NOVOS RESPONSAVEIS Nova Região

A Região Sul foi desdobrada em duas: Região Santa Catarina, que continua sob a responsabilidade de Edy e Adherbal, e Região Rio Grande do Sul, cujo Casal Responsável é Helma e Luiz Pauletti. Novos Regionais

Com a designação de Cidinha e Igar para a ECIR, foram eles substituídos à testa da Região São Paulo/C (Jundiaí, Itu, Itapetininga, Angatuba, Valinhos) por Dina e Francisco Franchi. - Tendo o casal Maria Angélica e Sergio Sandoval pedido o seu afastamento, foram designados para substitui-lo como Responsáveis pela Região São Paulo/D (Campinas, Americana, Limeira) Maria Luiza e Constantino Esper Neto. Novo Setor

As Coordenações de Valinhos e Vinhedo formam agora o novo Setor de Valinhos, cujo Casal Responsável é Léa e Armando Geraldo. Nova Coordenação

Foi instalada a Coordenação de Londrina. sáveis Doroty e João Wanderley Cernnach.

São seus Respon-

Novos Responsáveis

Florianópolis A - Em substituição a Eda e Aldo, assumiu o Setor A de Florianópolis o casal Neyda e Alvaro Camargo. Rio de Janeiro C - Saíram Heloisa e Jorge e o Setor C do Rio de Janeiro passou às mãos de Mary Nize e Sergio Ribeiro Pai v a. Brasília - Ao passar a Coordenação para o 2. 0 grau, Germana e Joaquim deixaram a responsabilidade para Maria José e Dorgival Brandão. Jaú - Substituindo Maria de Lourdes e Ary, estão à frente do Setor Maria do Carmo e Evandro de Oliveira Mello. -34-


Assumiram o Setor Maria de Lourdes e José

Campinas -

Roberto Sancho. Santos - Deixaram a responsabilidade do ~etor Elza e Oswaldo, sendo substituídos pbr Marceline e Ezzio Bertazzini. Taubaté - Tendo Celina e Rubens deixado o cargo, foram substituídos por Odiléa e Luigi Turrini. Parabéns a todos - aos que saem, pela feliz gestão, e aos que entram, pedindo para eles as luzes do Espírito Santo.

NOVAS EQUIPES Manaus Equipe 3 -

Casal Piloto: Neusa e Antonio Martins.

Porto Alegre, Setor A Equipe 9 -

Casal Responsável: Ilse e Paulo Boldrini.

São Paulo, Coordenação E Equipe 65 -

Casal Piloto: Maria Adélia e Rômulo Carneiro

da Cunha. Marília Equipe 6 (nova) - Casal Piloto: Conceição e Clovis. Responsável: Odete e Edilberto. Equipe 8 (nova) - Casal Piloto: Janete e Hélio. ponsável: Renée e Darly.

Casal

Casal Res-

Lins Equipe 5 -

Casal Responsável: Mercedes e Francisco Ra-

fael dos Santos. Equipe 6 - Casal Piloto: Iracema e Martinho da Silva Lemos. Conselheiro Espiritual: Mons. José Barbosa.

-35-


LONDRINA -

INSTALAÇÃO DA COORDENAÇÃO

Realizou-se, na tarde de 17 de junho, a instalação da Coordenação de Londrina, que abrange a reaião do Norte do Estado do Paraná. Presentes as 8 Equipes de Londrina, representadas por 3 a 6 casais. De Curitiba, o Regional do Paraná, Luís Pilolto (Alice não compareceu por estar doente), Da1va e Wandique, Responsáveis pelas Equipes do Interior do Paraná, Zilda e Bleggi e Geni e Celso, Casais de Ligação das Equipes de Londrina. Depois das orações iniciais, dirigidas por Zilda e Bleggi, Luís Pilolto instalação da Coordenação de 1.0 grau em Londrina e exortou os casais a com o Casal Responsável escolhido, Doroly e Wanderley, da Equipe L Na sião, informou a lodos do sorteio deste mesmo casal para representar as Paraná na Peregrinação a Roma.

justificou a colaborarem mesma ocaEquipes do

Enquanto isso, reuniam-se os Conselheiros Espirituais com Dalva e Wandique, para trocarem idéias sobre a participação do sacerdote na equipe e no Movimento. Esteve em rápida visila ao Encontro o Arcebispo de Londrina, D. Geraldo Fernandes, que dirigiu algumas palavras ao plenário, dizendo de sua satisfação pelo progresso do Movimento e pela instalação da Coordenação. Ci!ando sua preocupação pastoral com a família, conclamou os casais presentes a se unirem com Cristo e Nossa Senhora pela expansão das equipes, para que mais casais venham engrossar as fileiras do Movimento e a sociedade se espirilualize com a cristianização de todas as famílias. Durante a Missa de ação de graças, celebrada pelo Pe. Antonio Radigonda - Pe. Toninha -, auxiliado pelo diácono Wandique, Doroly e Wanderley foram empossados no cargo através de um compromisso, cujas palavras o sacerdote lia e o casal repetia. Foi uma cerimônia simples, mas muilo comcvenle, principalmente porque nesse dia se comemorava a fesla da Santíssima Trindade e todos os presentes se uniram em oração dirigida à Trindade Sanla, pedindo não só pela Coordenação de Londrina e seu primeiro casal responsável, como lambém pela expansão do Movimento e por lodos os Conselheiros Espirituais e por lodos os casais equipislas do mundo. Após o encerramento da missa, às 19 horas, vários casais participaram de um jantar de confraternização com os casais de Curiliba. Impressionou-nos: a alegria e a seriedade de lodos os casais presentes, o clima de espirilualidade e fralernidade reinantes, o interesse com que participaram e as abundantes graças derramadas sobre todos pelo Espírilo Sanlo, o entusiasmo das Equipes de Londrina, cônscias de sua responsabilidade, pois a instalação da Coordenação representa a perspectiva de expansão em todo o Norte do Estado; a dedicação e disponibilidade dos casais de Curiliba, que se deslocaram de uma distância de 400 quilômelros; a disponibilidade dos casais de Londrina que, em a!ilude decidida de cristãos conscientes, reiteraram seus propósilos de colaborarem material e espirilualmenle para a missão confiada não apenas ao casal Doroly e Wanderley, mas a lodos os casais equipislas áe Londrina.

Dinha e Cyrillo Equipe 4, Londrina

-36-


ORAÇÃO PARA A PRóXIMA REUNIÃO "Conservemos o fervor de espírito, conservemos a suave e reconfortante alegria de evangelizar, "'11esmo quando for preciso semear com lágrimas ." (Evangelii Nuntiandi, nQ 80)

TEXTO DE MEDITAÇÃO -

2 Tim. 1, 6-11

Eu te exorto a reavivar o dom de Deus que há em ti pela imposição das minhas mãos. Pois Deus não nos deu um espírito de medo, mas um espírito de força, de amor e de domínio próprio. Não te envergonhes, pois, àe dar testemunho de nosso Senhor, nem de mim, o seu prisionE:iro; pelo contrário, participa do meu sofrimento pelo evangelho, confiando no poder de Deus, que nos salvou e nos chamou com uma vocação santa, não em virtude de nossas obras, mas em virtude do seu próprio desígnio e graça. Essa graça, que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, foi manifestada agora pela aparição de nosso Salvador, Cristo Jesus. Ele não só destruiu a morte mas também fez brilhar a vida e a imortalidade pelo evz.ngelho, para o qual eu fui constituído pregador, apóstolo e mestre. ORAÇAO LITORGICA -

Salmo 125

Aquela vez em que Deus mudou o nosso destino, tudo nos pareceu um sonho. Nosso rosto brilhou de alegria, nossa boca se encheu de riso. Chegou-se mesmo a dizer entre os outros povos: "Deus realizou maravilhas com eles!" De fato, o Senhor fez grandes coisas conosco. Nossa alegria foi imensa! Ah, Senhor, muda também agora o nosso à semelhança dos rios do sertão, despertados pela chuva repentina. Pois quem semeia com lágrimas colhe com gritos de alegria. Quem vai, vai chorando, a semear sua semente, Ao voltar, voltará cantando, a carregar o seu trigo.

dest~no,


EQUlPES DE NOSSA SENHORA Movimento de casais por uma espiritualidade conjugal e familiar

Revisão, Publicação e Distribuição pela Secretaria das EQUIPE'S DE NOSSA SENHORA 04538 -

Avenida Horácio Lafer, 384 -

Tel.: 210-1340

SAO PAULO, SP

-

somente para distribuição interna -


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.