ENS - Carta Mensal 1976-5 - Agosto

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NC? 5 Agosto

Preliminar .................... .. .. . .... . .. . Tiberíades: O Evangelho da felicidade . .... . . Bemavenlurados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A ECIR conversa com vocês ....... .. . . . . . . . .

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Sinal de esperança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Pais responsáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Carta ao meu pai . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Minha oração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Muito se ler dito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Estamos no caminho ou nos atalhos? . . . . . . . . .

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Nossos assislenles, esle privilégio . . . . . . . . . . . .

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Descobrindo novas pistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Notícias dos Setores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sessão de formação em São Paulo . . . . . . . . . . . .

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Mutirão em Petrópolis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Oração para a próxima reunião . . . . . . . . . . . . . .

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LEMBRETE-:

CASAIS RESPONSAVEIS DE EQUIPE E CONSELHEIROS ESPIRITUAIS do Estado de São Paulo (menos o Vale do Paraíba): ENCONTRO ANUAL DE CASAIS RESPONSAVEIS DE EQUIPE,

28 e 29 de Agosto, em IT AI C I.


PRELIMINAR

Continuemos a acompanhar os passos de Jesus. Depois de Belém, onde o Verbo se fez carne e habitou entre nós, depois de Nazaré, onde "Deus feito criança tornou-se homem", vamos agora seguir a Jesus na região de Tiberfades, onde iniciou a proclamação da Boa Nova.

Saindo de debaixo do candieiro, a Luz do mundo passa para o candeiabro: de Nazaré, o Cristo parte pelos caminhos da Galiléia. Deixa a Mãe para se dedicar inteiramente aos negócios de seu Pai. E o grande negócio é a proclamação da Boa Nova que não mais deixará de ressoar através dos ' séculos: Somos amados, somos salvos! Seja nas margens do lago de Tiberíades, seja sobre a montanha que lhe fica próxima, Cristo leva o ensinamento às multidões. Com palavras de uma simplicidade e de uma autoridade igualmente admiráveis, Ele faz penetrar· o fermento no mais profundo do coração de alguns homens: "Ouvistes o que foi dito ... Eu porém vos digo ... " (Mat. 5, 21-44). Um fermento da felicidade começa a levedar a pesada massa humana. E, desses filhos do homem que o acolhem, o Filho do homem faz filhos de Deus. Será que penetramos nesse dinamismo do Evangelho? Será que abrimos nossos olhos e nossos ouvidos e, mais ainda, nossos corações a essa novidade que confunde: somos amados, eternamente amados, amados tal qual somos? Nossa vida foi por ela transformada? Sentimos nós a necessidade de ir gritar por sobre os telhados: Deus nos ama, Ele faz de nós os seus filhos? Ele nos convida a nos amarmos uns aos outros, como filhos de um mesmo Pai? Será que seu Sopro nos arranca de nossa quietude para nos impelir por entre ruas e praças? O verdadeiro discípulo é aquele que sobe todos os dias à Montanha, para escutar, não um sermão, mas aquela confidência prodigiosa de Cristo e que desce novamente para junto de seus irmãos, os homens, e das suas lutas, com o coração abrasado pelo encontro íntimo que muda a sua existência. -1-


EDITORIAL

TIBER.íADES: O EVANGELHO DA FELICIDADE ..

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É manhã, nesse dia de maio de 1975. Com o grupo que acompanho nessa peregrinação à Terra Santa, atravessando o lago de barco, de Tiberíades a Cafarnaum. A medida que nos aproximamos do monte das Bemaventuranças, sinto-me mais ;uma vez fascinado ·pela harmonia da paisagem, no entanto muito- simples. , Tein-se a impressão de que ali .não . há :discordâncià entre a água, a terra, o céu; nem falta aquele, semi-círculo de ·nuvens, para equilibrar' na linha do horizonte, ' o . movimento em curva do lado ocidental. Sim, realmente, as propor~ões são perfeitas e a gente se põe a pensar nos versículos do salmo 18: ·

"Os céus publicam a glória de Deus · e o firmannento anuncia a obra da~ suas mãos. Não h4 linguagem nem idioma, nos quais não sejam entendid.as as suas vozes; O seu soim estendeu-se por toda a terra, e as suas palavras até às extremidades do mundo". · E vem-nos à mente, em particular, as palavras de Jesus que, naquele mesmo ambiente, traduziram simplesmente a linguagem das coisas, convidando à felicidade. Mas ai! um ruído surdo, pesado, esmagador, acaba de invadir todo o espaço desse céu onde Deus se fez ouvir: vindos certamente do Golan vizinho, aviões de combate passam por sobre o lago, incessantemente, sem que possamos distingui-los, tal é a intensidade da luz. Há qualquer coisa de opressivo ao relembrar as leis da guerra, num lugar em que só pensamos nas leis do amor. Mas a evidência aí está. E, de repente, tomamos consciência da fantástica metamorfose que se verifica quando passamos da vida segundo o espírito das bemaventuranças para a dura lei da selva que sempre, inexoravelmente, parece conduzir o mundo dos homens, como conduz o mundo animal, o mundo da vida no seu conjunto. -2 - ·


Devo dizer que, naquela manhã do Ano Santo, o Evangelho da felicidade proclamada nas margens do lago de Tiberíades assumiu para mim toda a sua força revolucionária. Toda essa fase da vida de Jesus que se desenrolou ao redor do mar interior, de Tiberíades a Betânia, de Magdala a Cafarnaum, se me apresentou então como o momento decisivo da História dos homens em que a lei impiedosa do mais forte sofreu de repente uma inversão, por Aquele que encarnava em todo o seu ser, uma outra íarça de caráter inteiramente diverso, a do amor.

"Ouviram o que foi dito . .. Mas eu lhes digo . .. " No capítulo 5 de Mateus, logo depois das Bemaventuranças, encontramos esta surpreendente tomada de posição por parte de Jesus: "Se sua justiça não. superar a dos escribas e fariseus, vocês não entrarão no Reino dos céus". E começa então: "Ouviram que foi dito aos antigos: não matarás. Pois bem! eu lhe;s digo: quem se irritar contra seu irmão responderá em juizo; quem disser a seu irmão: Cretino! responderá ao Tribunal; se lhe disser: Renegado! irá para o fogo. do inferno". No entanto, segundo a lei de Moisés, já era muito abster-se de matar. Mesmo nas relações entre um homem e sua mulher, onde vimos que surgiram tantos conflitos sangrentos. A lei fundamental dessa relação, como de toda relação humana, fica sendo o confronto de forças, e sabemos até onde isto conduziu por vezes. A agressividade é hoje reconhecida como o impulso que está no íntimo da natureza humana e Deus sabe como atua no desenrolar quotidiano de uma vida comum. Ora, Jesus nos arrasta num movimento completo de metamorfose a partir de tal impulso. É possível subrepujar as reações de cólera e entrar numa compreensão do outro que leve antes de tudo a respeitar o seu julgamento. Não é possível construir um amor sobre a secreta convicção de que o outro é um imbecil, ainda menos quando expressamos essa convicção! Ora, a vontade de estar com a razão, a desconfiança do julgamento alheio que se traduzirá, no mínimo, por certos silêncios muito sentidos, tudo isto é moeda corrente em muitas vidas familiares. Mas há mais: o prejulgamento que não se hesita em fazer, o pôr em dúvida a sinceridade do outro, tudo o que contribui para lhe dar um sentimento de culpa, inclusive num nível espiritual. "Se lhe disser: Renegado!". . . Isto acontece mais freqüentemente do que imaginamos. Jesus foi até à raiz do mal que mata o amor: esta necessidade de ter boa consciência a qualquer preço, principalmente quando' se· trata das próprias relações do amor. E Cristo torna possível a: cànstb1ção do amor, liberta no sentido do amor as forças que,

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misteriosamente, não deixam de atuar contra este amor naquilo que se chama o comportamento espontâneo ...

"Ouviram o que foi dito.: olho por olho, dente por dente. bem, eu lhes digo: não resistam ao malvado . .. "

Pois

É curioso, mas, à medida que avançamos nesta Carta do espírito evangélico que é o Sermão da Montanha, temos a impressão de que é feito para inspirar muito particularmente a vida do lar. Porquanto, no que se refere à célebre lei do talião, pode-se dizer que funciona com a regularidade de um relógio na atitude habitual da maior parte dos casais e das famílias. Tal lei é muito praticada pelas crianças e encontra-se também muito entre os pais. Ora, o Evangelho arrasta aqui o coração para a atitude absolutamente indispensável, a melhor que se poderia inventar para manter o casal vivo: a do perdão.

Como dirá muito bem São Paulo no seu famoso hino à caridade "O amor não leva em conta a ofensa". Um lar não pode subsistir sem a misericórdia. O ressentimento envenena a vida daqueles e daquelas que não têm um amor bastante forte para completa de nossa vida através da oração: "Vocês, portanto, rezem assim: Pai nosso . .. " Como conclusão dessa maravilhosa descoberta do verdadeiro amor, no Sermão da Montanha, J esus nos exorta à m etamorfose completa de nossa vida através da oração: "Vocês, portanto, rezem assim: Pai: nosso . . . " O Evangelho, vivido no contex to das relações familiares, não cessa de educar o amor e revela finalmente o segredo desse amor: vem de Deus, que nos ama. Fazemos esta descoberta da mesma maneira que um pai ou uma mãe descobrem a que ponto eles amam seus filhos, complementação de seu próprio amor. Rezar é entrar em contato com a própria fonte do amor: "Deus, de quem toda paternidade recebe o nome", como diz São Paulo. Jesus não hesita em apoiar-se sobre a experiência da vida familiar para levar à compreensão do que é esta oração:

"Peçam e alcançarão. Procurem e encontrarão. Batam e abrir-se-lhes-á... Quem dentre vocês, quando o filho lhe pede pão, lhe dá uma pedra? ou se .lhe pede um peixe, dá-lhe uma serpente? Se, portanto, maus como vocês são, sabem dar boas

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coisas aos seus filhos, quanto mais o seu Pai que está nos céu$ dará boas coisas àqueles que lhe pedirem". Numerosas são as passagens do Evangelho que se reportallll aos períodos da vida de Jesus que têm relação com o lago de Tiberíades e que acentuam que Jesus se retirava, sozinho, na montanha, para aí rezar a seu Pai. E é esta oração que ele nos leva a partilhar como o supremo segredo da felicidade de viver, isto é, a felicidade de amar a Deus como um Pai, de sentir a nossa vida inteiramente aberta para o sentido inesperado desse nome de Pai. Em particular, para o sentido daquele "nosso" que o acompanha. Para a vida do casal, a irredutível solidão que parece permanecer para cada um de nós no cerne de todo amor se transforma aqui num "estar juntos" na oração, transpondo as barreiras psicológicas e mesmo espirituais que um homem e uma mulher, sem isso, arriscar-se-iam a conservar para sempre. O silêncio da oração em comum é então o lugar supremo do amor humano tornado, em plenitude, o sacramento da vida com Deus. Tal é o Evangelho da felicidade. Sua luz é capaz de transfigurar a vida de um casal, como também toda vida. Bem perto de Tiberíades, em direção ao mar, encontra-se o monte Tabor. Ali, para mim, encerrou-se a jornada que começara sobre as águas do lago da Galiléia. É à luz da vida trinitária que o Evangelho pode levar um casal, esses dois seres que se amam ~ a se amarem num terceiro, que é o próprio Deus.

Frei J.-M. Pelfrene, o.p.

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BEMAVENTURADOS . ..

. Não podemos deixar de contemplar, no monte das Bemaventuranças, a síntese e o cume da predicação evangélica, nem podemos deixar de tentar captar, na atmosfera mística deste lugar, os ecos que esse discurso parece fazer chegar até Nós. É a voz de Cristo que promulga o Novo Testamento, a nova Lei, que integra e ultrapassa a antiga e leva ao máximo da perfeição a conduta do homem.

Seu Evangelho constitui o código da vida. É na palavra do Cristo que a pessoa humana atinge o seu nível mais elevado, e a sociedade humana sua mais autêntica e forte coesão. Cremos, Senhor, na tua palavra. Tentaremos segui-la e vivê-la. Agora ouvimos o seu eco, que repercute em nossos espíritos de homens do século XX. Eis os ensinamentos que esta palavra parece nos dar: Bemaventurados seremos se, pobres em espírito, soubermos libertar-nos da enganadora confiança nas riquezas materiais e colocar nossas aspirações primeiro nos bens espirituais e religiosos, e se tivermos respeito e amor pelos pobres, irmãos e imagens vivas do Cristo. Bemaventurados seremos se, formados na doçura dos fortes, soubermos renunciar ao funesto poder do ódio e da vingança e se tivermos a sabedoria de preferir ao temor que inspiram as armas a generosidade do perdão, a aliança na liberdade e no trabalho, a conquista pela bondade e pela paz. Bemaventurados seremos se não fizermos do egoísmo o princípio diretor da vida, e do prazer seu objetivo, mas, pelo contrário, soubermos descobrir na temperança uma fonte de energia, na dor, um instrumento de redenção, no sacrifício, o cume da grandeza.

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Bemaventurados seremos se preferirmos ser oprimidos do que opressores e se tivermos sempre fome de uma justiça em evolução. Bemaventurados seremos se, pelo reino de Deus, soubermos, neste tempo e no futuro, perdoar e lutar, agir e servir, sofrer e amar. Não ficaremos decepcionados na eternidade. Tais são os acentos que sua voz nos parece tomar em nossos ãias; naquele tempo, ela era mais forte, mais doce e mais temível: era divina. Nós, porém, ao tentarmos colher alguns ecos da palavra do Mestre, temos a impressão de tornar-nos seus discípulos e de possuir, não sem razão, uma nova sabedoria e uma nova coragem.

Paulo VI

Senhor Deus, reformai vosso mundo, a começar por mim. (Oração cristã chineza)

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A ECIR CONVERSA COM VOC!S

Caros am;gos Ao despontar do novo "ano equipista" queremos acentuar dois pontos, como merecedores de particular atenção: a atuação dos novos Responsáveis de Equipe, a Peregrinação das Equipes de Nossa Senhora a Roma. Para a maioria das equipes, o novo Casal Responsável eleito em maio ou junho últimos já iniciou as suas atividades e muitos mesmo já tomaram parte nos Encontros realizados em julho. Todos eles estão certamente empenhados em dar o melhor de si mesmos para incutir em seus companheiros de equipe, neste início de jornada, a mística do "passo à frente". Passo à frente, no sentido de fazer da equipe uma verdadeira comunidade cristã, cada vez mais interessada em levar os seus componentes a serem fiéis discípulos de Cristo e poderem assim desempenhar a missão de testemunhas de Deus no mundo de hoje. Quais os meios a empregar? Seria ocioso dar uma receita. Os meios seriam tão numerosos quanto as equipes. Exatamente como acontece aos pais, que devem adaptar à personalidade de cada filho os princípios gerais de formação. Nesta altura, cabe ao Casal Responsável, fortemente apoiado no Conselheiro Espiritual e, por que não, nos seus companheiros de equipe, desenvolver o espírito inventivo. O que é importante é repensar a vida da equipe e, particularmente, a sua reunião mensal que é, cada mês, um momento alto de reabastecimento espiritual para cada um de nós. A equipe vale o que vale a sua reunião mensal. Mais ainda, como dizia o Pe. Caffarel em vésperas de se afastar do Movimento, "o Movimento vale o que vale a reunião de suas equipes. Se a reunião se deteriora, a equipe se deteriora, o Movimento se deteriora. Se todas as equipes se esforçarem por viver bem a reunião de equipe, o Movimento progredirá." Estas palavras foram pronunciadas numa palestra que foi considerada como o testamento espiritual do fundador das Equipes de Nossa Senhora.

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Quanto à Peregrinação das Equipes a Roma, a realizar-se dentro em pouco, apenas reforçamos aqui o que já foi dito em outra ocasião. De 19 a 26 de setembro, equipistas de todos os continentes estarão irmanados em Roma, como delegados das equipes de seus países. Insistimos em destacar que esta peregrinação é das Equipes de Nossa Senhora e não apenas dos que estiverem pessoalmente em Roma. Estes deverão sentir-se realmente como os mensageiros das equipes, levando ao centro da cristandade todos os seus irmãos. Um segundo ponto é que se trata de um evento de alto significado espiritual que não pode ser confundido com turismo. Os peregrinos vão a Roma, não à procura de sensações, mas à procura de Deus. Vão a Roma, isto sim, para pedir certamente por eles mesmos, mas também por todos os membros das Equipes de Nossa Senhora, dos quais são os mandatários. O aspecto "turismo" deve portanto ficar muito bem desligado do aspecto "peregrinação". No momento em que redigimos este bilhete, acaba de ser publicado o decreto referente ao depósito de Cr$ 12.000,00, por parte dos turistas, ao prepararem os seus passaportes, o que veio alterar profundamente os nossos planos para a Peregrinação. Será provavelmente bem menos numerosa a nossa representação a Roma. Entretanto, em nada fica alterado o espírito de auxílio mútuo que presidiu a toda a preparação da peregrinação, quando se solicitou de cada casal uma contribuição determinada, com a finalidade de custear a viagem dos enviados das equipes do Brasil. Auxílio mútuo tanto mais significativo que é feito em escala do Movimento todo. Sabem vocês que a Equipe Responsável Internacional já pôs à nossa disposição uma soma significativa para auxiliar as despesas de viagem, soma esta que é doada ao Movimento pelas equipes mais próximas do local da Peregrinação, em favor das mais distantes? Não nos é possível, a esta altura, dizer quais são as iniciativas que estão sendo tomadas para que, no Brasil, todas as equipes estejam em união de espírito com os seus irmãos de Roma. Podemos apenas adiantar o que sabemos: as equipes de Santa Catarina estão preparando uma peregrinação a um santuário de Nossa Senhora. Em São Paulo, está sendo organizada uma semana de vigílias naquela intenção. Esperamos poder acrescentar maiores detalhes no próximo número da Carta Mensal. Muito fraternalmente A ECIR

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SINAL DE

ESPERANÇA

"Um esplêndido sinal apareceu no céu: uma mulher vestida de sol. .. " Neste século tão perturbado, é este com certeza um convite a elevarmos nossos olhos, a interessarmo-nos pelo céu. Maria não é o único motivo da nossa esperança, mas é um "grande sinal", posto entre o céu e a terra, para que não nos pareça excessiva a distância entre nós e Deus. É lamentável, mas parece que os católicos de nosso tempo não estão dando a impressão de querer "encontrar" um pouco a figura de Nossa Senhora; e, assim, o amor para com ela parece ter esfriado. Seja qual for o motivo deste esfriamento, não podemos dispensar a presença de Maria em nossa vida. Correríamos o risco de entregar-nos a um cristianismo incompleto, onde faltaria o doce sorriso da Mãe. Porque ela, como também foi dito no último concílio, é a "Mãe da Igreja". Igreja sem Mãe não é a Igreja que Jesus fundou.

Já pensaram? o que seria a nossa vida, o que seriam as nossas reuniões, as nossas assembléias litúrgicas, se não soubéssemos que por sobre tudo isso paira o sorriso de Maria? Igreja sem Mãe. . . Mas ela está lá, para nossa alegria, Mãe de Deus e Mãe da Igreja. Ela é o elemento materno que o coração humano quer encontrar em certas horas de tristeza e de abandono, especialmente quando a presença do pecado tira da gente a coragem de arriscar um olhar para o Cristo ... Com orgulho, hoje contemplamos a Virgem elevada ao céu. Com orgulho, porque ela é uma da nossa raça, da nossa estirpe: a nossa raça humana elevada ao céu. Ela não é uma deusa, não é de natureza divina -- não merece adoração -- mas é uma criatura igual a nós, que saiu da mesma matéria cósmica e física, assim como eu e como você, e que, apesar de tudo, mereceu ser exaltada acima dos anjos. Maria foi posta entre nós e Deus como sinal de esperança. Isso quer dizer que devemos ser otimistas pelo nosso destino futuro e pelo destino do mundo. Neste tempo em que o homem domina a energia atômica, que muitas vezes usa para a destruição, Maria dá-nos a certeza que seus poderes são usados, não para a destruição e a morte, mas para a felicidade, a salvação c a vida. Pe. Virgílio -- 10--


PAIS RESPONSÁVEIS

Toda paternidade é, por essência, uma m1ssao. Se de um bdo ela não nasceu unicamente da vontade humana, por outro lado, também não está circunscrita unicamente aos propósitos de um projeto paterno. Na verdade, ninguém se torna pai ou mãe a não ser por uma decisão pessoal mais ou menos declarada ou mais ou menos obscura, mas a própria decisão inclui fundamentalmente um compromisso vital que ultrapassa os limites do indivíduo. Existe uma lei da natureza que liga intrinsecamente o pai ao filho, de tal modo que trazer à vida uma criança é comprometer-se irremediavelmente a aceitar que tenha sido posto em sua vida um peso que jamais será retirado. O pai é sempre o pai de seu filho, e este dispõe de um direito indiscutível e irrevogável, conseqüente da dependência na qual a natureza o lançou por ocasião de seu nascimento e o mantém durante os longos anos de infância, da adolescência e, até mesmo, da juventude. Ninguém é pai por um dia, mas para sempre. Ninguém é pai de uma parte somente do filho, mas do filho todo, corpo e alma, carne e espírito, ontem, hoje e amanhã. Apesar de se pensar freqüentemente o contrário, não é o pai que possui um filho, é, na verdade o filho que possui seu pai. E este é seu devedor, que se quis engajado neste compromisso sem medida, o de dar uma vida da qual ele terá que prestar contas, quando o filho, escapando da quietude dos primeiros anos, se voltar para aquele do qual nasceu e perguntar-lhe, inquieto e inquietante, sobre o verdadeiro sentido de sua existência e porque ele foi feito ser. Eis aí, portanto, o compromisso fundamental de toda paternidade: responder, diante do filh0, pela vida que lhe foi dada gratuitamente. Esta resposta, tão comprometedora, não será nunca dada de uma vez por todas, encerrada em algumas palavras lançadas rapidamente do alto de um edifício verbal e abstrato. A resposta à existência daquele que a recebeu reside na própria

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existência daquele que a deu. Pode-se afirmar, sem exagero, que o filho deverá ler seu próprio caminho na vida do pai. Ensinar a existir não se faz da mesma forma como se ensina a escrever e a contar. A pedagogia profunda da existência não se encontra na esfera do dizer, mas na do viver. É a razão pela qual toda paternidade é um compromisso que prende o pai e faz dele o responsável por seu filho, diante do próprio filho, diante dos homens e, em última análise, diante de Deus. O pai responde, diante de seu filho, por sua paternidade. Por que você me concebeu, me fez nascer, me fez viver? Como você me conduziu até este ponto de minha existência em que, doravante, devo viver por mim mesmo, jogado só, nos caminhos em que se busca a felicidade? Quem sou eu e para onde vou? São estas algumas das perguntas do adolescente lançado numa existência que ele não pediu e na qual é envolvido por turbilhões de trevas e luzes. Se a voz daquele que é causa imediata de seu ser lhe chega aos ouvidos, trazida por anos de afeição e ternura, de paciência e indefectível atenção, serena porque luminosa, o jovem reconhecerá e assumirá plenamente a existência com entusiasmo e alegria de viver. Se, pelo contrário, sua interrogação permanece sem resposta, se só encontra silêncio onde tinha direito de esperar a Palavra, se não encontra senão escuridão perscrutando o fogo da lareira que deveria irradiar luz, se só encontra águas turvas e revoltas quando quer beber na fonte donde nasceu, como poderia mergulhar na existência e aceitá-la como expressão da esperança? Se o galho no qual o fruto nasce seca e quebra, o fruto cai com ele, esmaga-se e destrói-se. Como a árvore com sua seiva é responsável pela vida do fruto, por seu sabor, por sua perfeição, assim o pai responde pela qualidade de sua existência, pela esperança e pela alegria de seu filho.

Paul-Eugene Charbonneau (Do livro "Educar, Diálogo de Gerações", Editora Peaagógica e Universitária, São Paulo, 1973)

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CARTA AO MEU PAI

Sabe pai, hoje todos dizem que é o teu dia, mas eu não acredito nisso; pois para mim todos os dias são teus, mais teus do que meus. Hoje eu estou pensando em você mais do que nunca, pensando em como você é, não para os outros, mas para mim. Não como um homem de negócios sentado atrás da mesa com a gravata te apertando a garganta, mas como o velho chato que me dá bronca todo dia, que fala quando eu chego tarde, que me manda estudar, que quer saber com quem ando, para onde eu vou, a que horas volto. É nesse pai que eu estou pensando. É nesse velho, que acorda de madrugada para saber se estou coberto, que de manhã me acorda com um sorriso para eu ir à esco-la, que, depois de trabalhar o dia inteiro com aqueles homens chatos, ainda chega em casa sorrindo, querendo saber como eu passei o dia, como estão todos e se eu fui bem de aula. É nesse pai que eu penso agora. É esse velho que me dá tudo que eu quero e que preciso. Que me aconselha, que me chateia com suas broncas, que nada me pede de volta, a não ser que eu seja alguém na vida um dia.

É, e às vezes eu saio de cara amarrada por ele ter me dito algo, que, além de certo, era para a. meu bem, sem querer saber por que ele disse. As vezes eu o maldigo por não ter conseguido algo, sem saber quais são os seus problemas, e sem me interessar por eles; e ainda faço b'rra para tirá-lo do sério e estragar um dia todo dele; muito mais cheio de problemas que os meus, com compromissos mais importantes que os meus. Sabe, às vezes eu fico tanto tempo sem dizer que te amo, mas eu sei que você sabe disso e que quando a gente briga eu continuo gostando de você do mesmo jeito e é só passar aquela raivinha e pronto, e eu também sei que você continua amando do mesmo jeito, cada dia mais. E é por isso tudo que eu quero agradecer a Deus pelo pai que ele me deu, e pedir que eu consiga chegar a ser para os meus filhos o pai que ele é para mim.

Teu filho -13-


MINHA

ORAÇÃO

Hoje, meu Senhor, eu quero examinar, à luz do seu Espírito, o que tem sido a minha vida de oração, a minha oração pessoal, a minha comunicação com o Pai. Primeiramente, eu creio que sem oração estou perdido, como afirmaram muitos dos seus amigos. Esses foram os que nunca duvidaram das suas palavras. "Sem mim, vocês não podem fazer nada!". E eu talvez t enha procurado B:travessar direitinho o "vale escuro" da vida sem o amparo do seu "bordão" (Sl. 22, 4), sem ter os olhos "Sempre fixos no Senhor", para que "livre do laço os meus pés" (SL 24, 15). Rezo, sim, alguma oraçãozinha pela manhã e à noite, como cumpridor fiel de um dever, e às r efeições , quando na intimidade da família. E não falto à Liturgia aos domingos. Isso é muito mais do que eu fazia antes . . . E estou satisfeito com isso. Não busco mais. Não ouso ultrapassar aquele portão que abre o caminho para a estância do sossego, mas que mostra uma subida íngreme e uma aventura a enfrentar. Como se toda a vida não fosse uma aventura, um desafio aos valentes, uma conquista por Deus e em Deus, um esforço m agnífico que Deus quer realizar em mim, comigo. Esforço que significa planejamento, comunicação constante, aferição de métodos e de resultados, testemunhos de fidelidade e dedicação indefectíveis. Em suma, vida interior, vida de oração. Quero considerar estas palavras de Paulo: "Não que sejamos capazes por nós mesmos de atribuir-nos alguma coisa como de nós mesmos. Nossa capacidade vem de Deus, Ele é que nos faz aptos para ser ministros da nova aliança, não a da letra, e sim a do Espírito. Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica". (2 Cor. 3, 5-6). Quer dizer, de mim mesmo, sou fraco e incapaz. "É Deus quem, segundo o seu beneplácito, realiza em vocês o querer e o executar". Sabendo disso, vou me estabelecendo na humildade, mas também em confiança. Sei que "tudo posso naquele que me fortifica". -14-


Sei que, como para a sua pequena serva, Deus quer faze:rr "em mim maravilhas", e que, como ao seu apóstolo, ele me diz: "Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força". Portanto, com Paulo, "prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo". Para que tudo isso se cumpra em mim, porém, sei que uma condição é necessária: a minha entrega, a minha adesão à ação do Espírito que me quer santificar e fazer alcançar "a estatura da maturidade de Cristo". E essa condição eu só a posso realizar na vida de oração, fazendo de Deus aquele amigo do peito, a quem tudo confio, cujos interesses são os meus, sabendo que os meus interesses são os seus. Começarei por ter o meu encontro diário, ao qual não faltarei. Talvez na sala de visitas, na Eucaristia, talvez no silêncio do meu quarto, mas compromisso certo, custe o que custar, chova, faça sol, ou seja de cinza e névoa a minha atmosfera interior. Serei fiel, custe o que custar. Sei que, nas coisas de Deus, não é o sentimento que conta, e que mostro mais amor e generosidade quando dou folga ao Senhor, como diria Teresinha, e deixo que dispense antes os favores sensíveis àqueles que não podem passar sem eles. Sei que ele me escuta sempre. Ele observa todas as expressões de meu rosto com mais solicitude do que a mãe que vela junto do seu filho doente. E ele me fala. Fala-me sempre em tudo, eu é que não o quero escutar. Quando parece emudecer, ainda está querendo dizer algo, está brincando de esconde-esconde com seu filhinho, ou está falando pela mímica (que diz tanto!) do olhar, do sorriso, da lágrima, do aperto de mão. E quando não ouço nada, nem vejo nada, e ele parece longe demais, tenho uma fita gravada em mim que me reproduz a sua voz, na lembrança de tudo o que me dá no presente, de tudo o que me reserva no futuro. "Tenho para mim que os sofrimentos da vida presente não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada" (Rom. 8, 18). Creio, Senhor, mas aumente a minha fé!

Haroldo J. Aahm, s.j. Maria J. R. Lamego {"Vida no Espírito, Vida de Oração" -

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Edições Paulinas, 1975)


MUITO SE TEM DITO

e ainda muito está por se dizer a respeito do "dever de sentar-se". Para aqueles que se uniram em matrimônio, tal obrigação seria óbvia, pois não se concebe uma firma onde os sócios não se consultem, não se informem, não se reunam para resolver um problema inesperado, para fazer um balanço, para planejar um aumento de capital, para analisar a situação de seus funcionários, ou, simplesmente se confraternizarem pelo prazer da companhia e pela necessidade de se estreitar laços de amizade porque firmas onde os sócios se desentendem ou se antipatizam facilmente são desmanchadas. É evidente portanto que marido e mulher, sócios, cada um com 50 % de ações desta sagrada firma que é a família, em cujos dividendos não aparecem Cr$$$, queiram se reunir mensalmente.

Mas nossa herança cultural no relacionamento marido & mulher, é bastante patriarcal - o homem estabelecia os valores, criava e aplicava as leis e ao que lhe escapasse das mãos condenava ou eliminava, por isso nós, os esforçados casais das E.N.S. no século XX, temos tantas dificuldades quando o assunto é diálogo, consideração, igualdade. Não vamos nos referir ao modo como deve ser feito um diálogo - é lógico que as leis da psicologia e da boa educação têm que ser respeitadas, pois não se chega a nada quando não se está disposto a ouvir tanto quanto a falar, quando não se deixa de lado o mau humor, o egoísmo, a pressa, e quando não se confere reserva a uma reunião de grande importância. O "dever de sentar-se" não é um mero diálogo entre marido e mulher: quem costuma dialogar com seu cônjuge, mesmo respeitando as normas da civilidade, deve ter notado uma grande diferença quando este diálogo é feito com a presença de Deus, isto é, num "dever de sentar-se".

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Cristo, o psicólogo dos psicólogos e o nosso mestre, é reconciliação e Paz, é o AMOR; foi Ele quem elevou o casamento à dignidade de Sacramento, isto é, fonte de graças; foi Ele ainda quem afirmou "quando dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles". Mateus explica que, num grupo assim, Cristo se faz presente em relação à comunidade e não aos indivíduos. Quando as pessoas se reunem em sociedade, dão origem a um ente novo, a uma nova pessoa - em linguagem jurídica diríamos a uma pessoa moral, que tem existência própria e que no entanto não se confunde com a personalidade dos integrantes do grupo. Aí é que surge a presença toda especial do Cristo. Ele não é o terceiro personagem, fora o marido e a mulher, mas é Deus assumindo o casal, transformando a família, de grupo humano, em sobrenatural. Já não serão mais um casal, um homem e uma mulher, um pai e uma mãe, mas uma pequena Ecclesia. Esta presença do Senhor, prometida por Ele próprio e que muitas vezes não sabemos explicar, constitui a mística das Equipes de Nossa Senhora. É à luz desta mística que podemos explicar os sucessos e fracassos não só de nossa Equipe, mas também os sucessos e fracassos do nosso casamento. Cristo só assume esta presença quando temos Fé, quando abrimos nosso lar para Ele e nos esforçamos por ouvi-lo. Só assim a vida do casal se transforma, fica mais bela, mais feliz e se põe acima de um casamento comum em que os contraentes se propõem a viver juntos enquanto lhes parecer conveniente, enquanto existir um forte interesse sexual e enquanto não surgir um terceiro alguém com mais dinheiro ou com m ais charme. Toda vez que nos propomos a realizar um verdadeiro "dever de sentar-se", trazemos Deus mais intensamente para nosso lar . Deus é sobretudo AMOR e é justamente AMOR o qu; mais falta aos casamentos, que por isso mesmo são atualmente desmanchados com facilidade e em curto espaço de tempo. Amamos quando procuramos fazer o outro feliz, mas o que mais facilmente acontece é o sobrepujar do mais forte, do mais rico, daquele cuja personalidade sobrepõe-se, domina. Só se ama quando se promove, quando, em vez de se estar justaposto, se está junto. Quando abrimos o coração um para o outro, temos a vantagem de nos conhecer melhor e de nos analisar, por isso o "dever

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de sentar-se" passa a ser também uma escola de personalidade, tornando bem claro: o o o o

que se é, que se não é, a que se tem direito, que se tem de obrigação.

Marido e mulher devem um ao outro o auxílio mútuo ("o que nos dirá Deus se nos chegarmos a Ele um sem o outro?") por isso ambos precisamos conhecer do outro as aflições, as dificuldades, as aspirações. Procurando descobrir Deus no outro, descobrimos o AMOR; respeitando e promovendo o outro, é a Deus que se respeita e se promove. A presença de Deus ao nosso diálogo leva-nos também à humildade, isto é, à verdade, porque ninguém vai usar máscara diante de Deus que tudo sabe e tudo vê. Se não nos limitamos ao casamento civil frente ao senhor Juiz, se fizemos questão também de nos casar diante do altar do Senhor, nosso Deus, é porque acreditávamos em algo mais, ou aquela cerimônia religiosa teria sido mero desfile triunfal de véu e grinalda ao som do velho Mendhelson, com as famílias ostentando jóias e elegância e os albuns guardando fotografias que vão amarelecendo sem um significado feliz ... O "dever de sentar-se" é uma homenagem ao outro, é consideração, é prova de AMOR, no entanto, é uma das obrigações mais custosas aos equipistas. . . deixará de ser na medida em que nos conscientizarmos de que Deus o preside. Por mais unido e tranqüilo que seja o casal, deve mesmo assim fazer o "dever de sentar-se", porque um encontro com Deus nunca é supérfluo ou desnecessário. Se o '"dever de sentar-se", ao ser planejado, perder sua espontaneidade, e isto é freqüentemente alegado, será plenamente recompensado com a sublime presença do Senhor!

Dirce Pereira da Silva

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ESTAMOS NO CAMINHO OU NOS ATALHOS?

No nosso dia a dia, somos freqüentemente levados a uma correria tal que muitas vezes nem sequer paramos para pensar. Estamos sempre correndo em busca de algo que momentaneamente julgamos ser essencial e logo mais nos convencemos de que aquilo era secundário e sem importância. Após alguma reflexão, deixamos então o "atalho" e voltamos ao verdadeiro caminho. No filme "Perdido no Deserto", um menino é o único sobrevivente de um acidente de avião. O pai e os helicópteros fazem tudo para encontrá-lo, em vão. O menino continua andando sozinho, sem encontrar ninguém. Desconhecendo o rumo, volta sempre ao mesmo lugar. Finalmente, cai no calor da areia, faminto, sedento, exausto, desesperado. Neste lugar encontra um exemplar da mensagem que os helicópteros lançaram no ar: "Eu te amo. Estou à tua procura. Eu vou te encontrar. Seu pai". No mesmo instante, o menino sente um novo impulso de vida e de esperança e não desiste de lutar até que o pai o encontre. Nós, também, caminhando sozinhos, erramos facilmente o rumo e nos perdemos. Quantas vezes nos encontramos desnorteados, apáticos, sem um objetivo. É que estamos fora do caminho, sozinhos e perdidos. Por acaso não . nos parecemos tantas vezes com este menino perdido no deserto? Será que ainda somos mais crianças do que ele? Sob a ingênua capa de adultos, pensamos que podemos encontrar o caminho sozinhos? Quantas vezes abandonamos o caminho por falta de otimismo, de esperança, de coragem. Abandonamos ainda muitas vezes por nos sentirmos sozinhos ...

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É importante que nos sintamos unidos e que caminhemos juntos, de mãos dadas, um apoiando o outro e um animando o outro. Assim venceremos os entraves e conseguiremos tirar as pedras do caminho. As pedras da indiferença, da intolerância, do egoísmo e do desamor. Como reviveu o menino perdido no deserto? Ele reviveu pela mensagem do pai, pelo amor do pai.

Quando nos sentimos perdidos na correria da vida, o importante é não esquecermos da mensagem de nosso Pai, que nos convida a abandonarmos o "atalho" e nos mostra o caminho: o caminho da fraternidade, do perdão, da doação e do amor. É este o verdadeiro caminho que nos leva ao Pai, a verdadeira razão de ser da nossa vida.

Auxi.liadora e José Antonio (Equipe 13, Ribeirão Preto)

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PEREGRINAÇÃO

A

ROMA

A medida que se aproxima a data da Peregrinação, intensificam-se as atividades da Comissão que tomou a si a responsabilidade de coordenar as respectivas providências. Encontra-se assim o nosso Movimento totalmente identificado com a Peregrinação e mesmo entusiasmado com a sua proximidade, a despeito das recentes medidas tomadas pelas autoridades brasileiras com as restrições para viagens ao exterior. Realmente, o esforço conjugado de todos, desde os dirigentes até os equipistas de base, na tarefa de coordenar as atividades, na intensificação das orações, na colocação da "ação entre amigos" e outras formas de contribuição, animam-nos e nos levam a acreditar que, ainda desta feita, as Equipes de Nossa Senhora do Brasil marcarão indelevelmente a sua presença no esforço conjunto para a difusão da espiritualidade conjugal e familiar. Nestas linhas desejamos, agradecendo a colaboração de todos, redobrar o apelo para que a ajuda de cada um, o esforço de todos, possam contribuir para que a nossa representação junto a S. S. o Papa Paulo VI se transforme em substancial colaboração na procura de uma solução para os grandes problemas que envolvem a estrutura da família em todo o mundo. Por outro lado, face às restrições a que nos referimos a princípio, a Coordenação da Peregrinação, em consonância com a ECIR em sua reunião de 12 de junho, deliberou diminuir para um (1) casal por Região a nossa representação em Roma, o que foi comunicado em carta a todos os casais. Esperamos, no próximo número da Carta Mensal, trazer notícias sobre o andamento das providências relativas à Peregrinação. Edy e Adherbal Casal Responsável pela Comissão Coordenadora



NOSSOS ASSISTENTES, ESTE PRIVILÉGIO

Por ocasião dos 25 anos do Movimento no Brasil, o Boletim de Ribeirão Preto publicou um artigo que lembra o início das Equipes e o papel desempenhado pelos sacerdotes na história do Movimento naquela cidade. Continua oportuno, principalmente ne.ste mês, em que se comemora o "Dia do Padre".

Já faz bastante tempo, por volta de 1958, num artigo para o "Diário de Notícias", falando sobre os tempos difíceis, sobre a boa vontade de alguns para fazer alguma coisa, sobre um desejo de apostolado, eu escrevera: - "Mas quem será nosso guia, e qual será o caminho?" Logo o telefone tocou. "O que é isso? Vamos achar juntos um caminho, cá estou eu ... " Era nosso querido D. Luiz. Ele era assim, simples, atento, disposto sempre a começar uma nova tarefa. E nós, começando a vida em Ribeirão, ansiávamos por alguma coisa a mais, dentro de nossa vida. Começamos algumas reuniões. Não, não era equipe ainda. D. Luiz participava delas, nos estimulava, nos encantava com seu raciocínio rápido, sua cultura, sua humildade. Depois, um dia, aqui chegou o Padre Corbeil. Decidimos experimentar ser equipe. Com medo. "Em caráter provisório". Recebíamos carta mensal e íamos tocando. D. Luiz, dando todo seu apoio, nos indicou um padre assistente: Padre Diógenes, recém-ordenado. Grandes amigos os dois, D. Luiz participava também de uma ou outra reunião. Padre Diógenes pegou firme. Calmo, ponderado, simples, ele cresceu conosco num sacerdócio que muito se

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dedicou à família. Companheiro queceu um aniversário ou faltou morte. Sei bem o que digo, porque, convidando-me para uma missa meu pai ...

de todas as horas, nunca esnuma hora de doença ou de numa tarde, ele me telefonou, que iria rezar pela alma de

Depois da equipe 1, a 2: o assistente foi o padre Granizo. Alegre, dedicado, apoiando o grupo, tentando acertar. A 2 teve problemas e o padre Granizo também logo se foi. Depois, a 3. E aquele padre novo do jornal foi convidado. Aceitou. E ficou com as equipes todos esses anos, assistente da 3, da 4, da 9. Conselheiro espiritual das Equipes, confessor espiritual de um sem número de nós, apoio de outros inumeráveis equipistas. Depois, como o Padre Diógenes, lá se foi o Padre Angélico, feito Bispo. Nós aprendemos de fato como repartir nossos tesouros ... Mas ainda temos muitos: Frei Hilton, Frei Agostinho, Padre Francisco, Padre Xavier, Padre Jacó, Padre Cícero, Monsenhor Enzo, que veio de São Paulo, trazendo experiência de pioneiro de equipes no Brasil. (*) E tantos outros que nos têm ajudado em todos esses anos. Num Brasil onde são tão escassos os sacerdotes, demos graças e sintamos toda a nossa responsabilidade por mais este privilégio: um sacerdote, nosso assistente, que nos dedica uma noite inteira cada mês, fora tudo que nos dá além da reunião também ... Rezemos por eles, nossos assistentes, para que Deus santifique o seu sacerdócio e para que encontrem sentido nesta vida toda consagrada ao próximo e ao Pai. E, de nossa parte, ajudêmo-los em sua santa solidão, procuremos apoiá-los, animá-los, porque também eles precisam de apoio e conforto. Que eles se sintam queridos em nossas famílias e realizados na tarefa de cristianizar.

Maria Helena e Dutra

(•)

Neste meio tempo - o artigo é de maio do ano pauado - Mons. Enzo voltou para São Paulo .. . Mais um tesouro do qual noS"sos irmãos de Ribeirão Preto tiveram que abrir mão. Nota da Redaçá{):

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TESTEMUNHO

DESCOBRINDO NOVAS PISTAS

Fizemos nossa inscrição para os dois dias de "Experiência de Oração no Espírito Santo", organizados pela Região São Paulo-Capital. Foi na sexta-feira à noite, já atrasados, que chegamos ao Instituto Paulo VI. Estava cansada dos afazeres da semana, do leva e traz crianças, do corre-corre, do dia a dia. Na porta, Hélene e Peter, expressando nos olhos a alegria de nos receber, encaminharam-nos para a conferência que já estava se realizando. De início fiquei decepcionada ... não era o tão falado Padre Haroldo que dirigia os trabalhos; uma doença o impedira de voltar do exterior a tempo de participar do retiro. No dia seguinte, Padre Salles, substituindo o Padre Haroldo, expôs alguns pontos muito sérios e importantes relacionando nossa vida com Deus, através da oração; foram enfoques diferentes, que me fizeram refletir. . . não concordei. . . achei chato. . . - é claro, estava mexendo muito fundo no meu "eu". Pensei até em deixar o retiro no sábado após o almoço, por achar que aquilo que me ofereciam não era o que eu procurava. Resolvi falar com Pe. Salles ... foi um longo "bate papo". Pe. Salles gastou pacientemente seu "latim", mas não mudou em nada minha opinião. Sua paciência, dedicação e boa vontade, porém, despertaram "algo" em mim que, sem poder definir claramente o que fosse, fez com que eu decidisse pensar um pouco mais antes de desistir. Ficamos. Mais algumas palestras sobre: oração, a ação do Espírito Santo em nós, meditação, leituras do Novo Testamento, etc. Tornava-me cada vez mais aflita ... Procurei outro padre para um diálogo franco. -23-


- Acho mais cristão escutar meu próximo, seus problemas, suas preocupações, ajudá-lo.

-

Isto é fraternidade.

- Acho que estou fazendo o que Deus quer se dou uma carona a uma colega, mesmo que tenha que desviar diariamente do meu caminho normal.

-

Isto é coleguismo.

Nestes termos continuou um longo diálogo, onde ELE pronunciou poucas palavras, mas que iniciaram a derrubada das pedras do grande paredão. Nessa noite permaneci na Capela, refletindo, até às duas horas da madrugada. . . meditei sobre meu relacionamento com Deus, comigo mesma, com meu próximo. No dia seguinte consegui colocar ao grupo do qual fiz parte tudo o que sentia em relação às palestras dadas. Por sugestão de Maria, uma das componentes do grupo, fomos à Capela e todos colocaram suas mãos sobre minha cabeça e oraram . .. Senti-me aliviada. . . aquele grupo rezando em minha intenção. . . e tocando minha cabeça . . . senti ali a real presença do Espírito Santo. Vocês podem ou não acreditar, mas a partir daquele momento comecei a vislumbrar pistas bem concretas para seguir; encontrei as palavras-chave:

Ternura (ser dócil e não agressiva) Paciência (não ser intolerante) A partir daí recomeçou minha nova caminhada, seguindo por caminhos diferentes. . . aqueles que ELE quer que eu siga, e não o que eu trilhava há muito tempo e que eu mesma havia escolhido para mim. Minha direção agora é outra, sei que ELE é quem a indica, através de outras pessoas que encontrei, e que comigo convivem. É preciso aprender a estar disponível para que ELE possa nos usar. "O reino é de Deus, portanto devemos caminhar com o grupo que ELE escolheu".

Helmy -24-


NOTíCIAS DOS SETOR.ES

FLORIANóPOLIS -

Operários para a messe

Finalmente recebemos a notícia, preto no branco: Francisco, filho de Dilma e Miguel, entrou para o Seminário de Vocações Adultas em Guaratinguetá. No ano que vem, irá para Rodeio, perto de Blumenau, onde entrará para o noviciado. O rapaz estudava medicina, mas não quis continuar, embora tivesse a possibilidade de fazê-lo. Conta que a figura do Pe. Caffarel marcou muito a sua decisão de vida. Lembram aquele editorial sobre os jovens? Foi escrito depois da visita a Florianópolis, onde, precisamente na casa de Dilma e Miguel, se deu o encontro com os jovens do qual nos fala. E um dos que, naquela hora privilegiada, ouviu as palavras que lhes dirigiu o nosso fundador , era Francisco. A semente lançada no seu coração, provavelmente já trabalhado pela graça da vocação, achou terreno fértil e brotou, dando o fruto que agora vemos e que todos agradecemos a Deus: a vocação de Francisco. É-nos realmente grata esta notícia. Porque é mais um operário para a messe do Senhor e porque é filho de equipistas de Florianópolis. Florianópolis! O primeiro Setor longínquo, que, embora isolado, cresceu forte e seguro, primando sempre pela espiritualidade e pelo apostolado, tornando-se sempre um exemplo para os demais. E o Boletim traz-nos a notícia de outra vocação: a de Emílio, filho de Belarmina e João Emílio, da Equipe 11. O rapaz está estudando no Seminário de Azambuj a, em Brusque. Realmente, o Senhor faz em nós maravilhas! Agradecendo a Deus por ter chamado Francisco, Emílio e os jovens de outras cidades cujos pais não se lembraram de comunicar-nos a notícia, peçamos por todos os que se sentem vocacionados e ainda hesitam em tomar uma decisão. -25-


E continuemos a oferecer ao Senhor os nossos filhos e a mostrar a eles a beleza do serviço ao próximo na vocação sacerdotal. Preparação para o Casamento

Os Cursos de Preparação ao Casamento constituem o grande apostolado desenvolvido em Florianópolis e localidades vizinhas pelas Equipes. Eis a síntese estatística, apresentada por Irani e Nereu, coordenadores desse trabalho, do que foi feito em 1975: Foram ministrados 60 cursos, atingindo 1.671 casais. O cu'l"so de noivos ( 46 cursos) atingiu 1.312 casais, enquanto a sua variante, o curso de legalização, atingiu 359 casais. Esse curso de legalização é mais uma inovação do inventiva e dinâmico Setor. JUNDIAf -

Mensagem do Casal Responsável pelo Setor (Do Boletim)

Todos nós sentimos necessidade de um aprofundamento espiritual. Todos nós queremos encontrar, dentro do Movimento, uma resposta aos nossos mais profundos anseios, que nos dê coragem para uma vida verdadeiramente cristã. Mas, de cada um de nós, de cada casal, de cada equipe, deve partir a busca para essa resposta, com bastante coragem, com entusiasmo renovado, com fé fortalecida, para que realmente possamos "caminhar juntos". Que as portas das Equipes se abram para nos enriquecermos mutuamente e para que nos amparemos nos momentos de vacilação. Que cada um de nós se sinta membro da grande família que são as Equipes de Nossa Senhora. Que cada um de nós cresça de acordo com suas potencialidades e seus dons, mas que todos cresçam. Vamos ter a coragem de dizer sempre sim, quando solicitados. Que não nos escondamos atrás de nossos fardos, de nossas limitações, meros anteparos que nos impedem de dar o melhor de nós mesmos em todas as oportunidades. Tenhamos a alegria de participar. Ê reconfortante saber que, apesar de nossas quedas e erros, Cristo está à nossa espera. Se, de fato, acreditamos que somos "ferramentas na oficina do Senhor", estejamos sempre disponíveis ao Seu chamado. Ele abomina os mornos; façamos de nosso Movimento um Movimento quente.

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Que o espírito pascal se prolongue durante todo o ano e que levemos um pouco de ressurreição aos lares sem esperança. Juntos faremos de nossas fraquezas uma grande força. (a)

CURITIBA -

Orlando e Wilma

Dia de Estudos

A Região Paraná, através da organização do casal responsável pela espiritualidade, Regina e Ruy, com a colaboração de Nair e Amaury, responsáveis pelos encontros, programou um Dia de Estudos, que se realizou a 25 de abril. O principal tema, além da formação espiritual, foi a motivação para que casais se preparem para pilotagem e ligação de novas equipes. O Movimento está se expandindo no Paraná: faz-se necessário o desdobramento da Região em mais um Setor, além da instalação de Coordenação em Londrina. Torna-se, assim, urgente o aumento do número de colaboradores na estrutura do Movimento. As palestras, versando sobre o ideal das Equipes, pilotagem e ligação, estiveram a cargo de Regina e Ruy, Nair e Amaury e Lia e José Maria. O Casal Regional, Alice e Luís, encerrou a reunião concitando os presentes a se inscreverem nos cursos para piloto e ligação a serem realizados até que seja organizada nova Sessão de Formação. Após as palestras, foi celebrada Missa na Igreja do Cristo Rei, em cuja Casa Paroquial ocorreu a reunião, tendo sido celebrante o Pe. Afonso, vigário da mesma e Conselheiro Espiritual da Equipe 6, do Setor B, "anfitriã" do Encontro. NITERói -

Coordenação 21? grau

Com muita alegria e num clima intenso de fraternidade, foi celebrada no dia 16 de maio Missa em ação de graças pela passagem da Coordenação de primeiro para segundo grau, prenúncio do futuro Setor. Presentes Betisa e João, Casal Regional, e Heloisa e Jorge, responsáveis pelo Setor C do Rio de Janeiro. Antes de se iniciar a Missa, Betisa e João falaram a respeito da nova etapa da Coordenação, mostrando a importância do novo degrau e do encargo assumidos. "Celebrada pelo Conselheiro Espiritual da Coordenação, Frei Roberto, a Missa contou com a colaboração dos jovens perten-27-


centes à Igreja de Santa Therezinha, cujo vigário é o Pe. Eduardo, Assistente da Equipe 2. A singeleza dos seus cânticos emocionou a todos, dando especial relevo à celebração. Aproveitando data tão significativa, fizeram renovação do seu Compromisso as Equipes 3 e 4, que subiram ao altar acompanhadas dos casais que as pilotaram, Geruza e Kleber e Lourdinha e Waldir. No final da Missa, a pedido das 10 equipes da Coordenação, foi prestada homenagem aos mesmos Lourdinha e Waldir, expressando a imensa gratidão de todo o Movimento em Niterói pela sua invulgar dedicação". -

Mais "orantes"

Lourdinha riorização": o equipes e nos Rio para fazer -

e Waldir instituíram 1976 "ano de oração e inteobjetivo é fazer crescer o espírito de oração nas lares. Cada quinze dias, duas equipes virão ao uma hora de oração e interiorização no Cenáculo.

Em louvor a Maria

O mês de Maria foi devotamente comemorado pelas 10 equipes de Niterói. Todas as quartas-feiras, no fim da tarde, reuniram-se para orações, ladainhas e cânticos de louvor a Nossa Senhora. Os equipistas também se incumbiram de falar, durante 10 minutos nas missas dominicais, sobre a Virgem Santíssima. CAÇAPAVA- H Tarde de Reflexão Foi no dia 1.0 de maio. Iniciou-se o encontro com uma palestra de Natalina e Gassen, que, com a habitual desenvoltura e muito poder de comunicação, falaram sobre a disponibilidade do equipista em relação ao Movimento, sobre a fraternidade, a doação e o engajamento cristão Em seguida, foram formados 4 grupos, nos quais os 20 casais que compareceram participaram ativamente, dando seu testemunho sobre os tópicos salientados na palestra. Depois de um lanche, seguiu-se um pequeno plenário em que as conclusões dos grupos foram participadas a todos. Após esse plenário, o Pe. Luís Bertolloti, Conselheiro Espiritual da equipe 3, dissertou sobre a preocupação que o casal equipista deve ter em aprofundar-se na parte espiritual, enfocando os meios de aperfeiçoamento que o Movimento oferece para aqueles que resolvem seguir a Cristo no e pelo matrimônio.

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Os casais a seguir encaminharam-se, em reflexão, para a Capela, onde participaram da Santa Missa. Depois do Encontro, o Casal Regional, !rene e Dionísio, e o Casal Responsável pela Coordenação, Zuzu e Clóvis, resolveram dirigir uma circular aos que deixaram de comparecer (aliás poucos), tentando transmitir-lhes algo do que foi essa Tarde de Reflexão, salientando, porém, que "a palavra escrita não consegue traduzir o ambiente, a fisionomia das pessoas, a alegria, o abraço de um reencontro, a reflexão sobre um ponto de vista". E concluem sugerindo aos ausentes que leiam e meditem sobre a Parábola dos Talentos ... CASA BRANCA -

Carta do Casal Coordenador

"É a primeira vez que, como Casal Coordenador, nos comunicamos com vocês para informá-los de alguma coisa boa que acontece por aqui:

Casa Branca passou a Coordenação de 2.0 grau. E fomos nós os chamados para a missão de coordenadores. Temos a nos auxiliar Carminha e Elzio (Casa Branca) e Tereza e Paulo (Aguaí), como casais pilotos; Neusa e Dobies (Casa Branca) e Carminha e José Célio (Aguaí), como casais de ligação. A equipe 2 de Aguaí, pilotada por Tereza e Paulo, caminha para a sétima reunião. É de se ver o entusiasmo daqueles casais! Tivemos oportunidade de fazer um curso para formação de casais pilotos e casais de ligação, curso esse ministrado por Terezinha e Flávio, da Equipe 1 de Aguaí, e que teve duração de duas semanas. Dele participaram, regularmente, 9 casais. Estudamos as Cartas Mensais Equipes Novas de n. 0 1 a 12. Os resultados foram tão animadores que resolvemos estudar com mais profundidade essas Cartas, como "tema de estudo" para todas as equipes desta Coordenação. Continuaremos com a leitura das Cartas Mensais. Vocês não imaginam, amigos, como essas Cartas nos fazem crescer! Está de parabéns a Equipe responsável pela Carta Mensal. Pedimos a Deus que essa luz que brilha sobre vocês jamais se apague." (a)

Ermelinda e Antonio

Obrigado, amigos, pela colaboração e pelas palavras de incentivo. E parabéns pelo trabalho. Continuem no mesmo entusíasmo.

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B E L~M

DO PARA -

De vento em popa

Recebemos, com grande alegria, os n. 09 2 e 3 do Boletim das Equipes de Belém. Além de servir de elo entre as equipes, traz muita matéria original, de bastante esperitualidade, escrita pelos próprios equipistas. Na capa, Nossa Senhora, o Espírito Santo c- o "Magnificat". Através dele, ficamos sabendo que Odete e Cruz estiveram n o Rio, onde, além de trocar idéias com Betisa e João, agora seu Regional, tiveram a alegria de reencontrar-se com Malvina e Edgard, que foram escolhidos para Casal de Ligação das Equipes de Belém. No caminho da volta, pararam em Brasília, onde passaram o dia com Frei J amaria, Germana e Joaquim e outros dois casais equipistas. Diz o Boletim "que todos foram extremamente generosos e profundamente irmãos (mesmo), mostrando-se vivamente interessados em manter intercâmbio espiritual conosco; o que deverá concretizar-se pois já há planos no sentido de trazê-los para um retiro entre nós". Também do Boletim tiramos a grata notícia de que já existe a Equipe n. 0 5, cujo Conselheiro espiritual é o Con. Geraldo Menezes, Vigário Geral da Arquidiocese, "que, já de muitos anos, é incansável obreiro na Pastoral Familiar". E finalmente, lemos que foi realizado um retiro, em conjunto com o Movimento Familiar Cristão, num entrosamento muito promissor para a Pastoral Familiar. Ah, tem mais: cada equipe está conjugando esforços no sentido de colaborar para que o preço das passagens dos Casais Responsáveis para o EACRE não se constitua no maior problema da viagem ... E gostamos de ver que os eguipistas de Belém não se esquecem do próximo menos favorecido : organizaram um "Bazar das Pechinchas", coordenado pelo pessoal da 1 e da 3. SAO PAULO -

Setor B

Recebemos de Maria Luiza e Constantino a seguinte carta, que muito agradecemos:

"Ficamos realmente tocados com a frustração de vo-cês por não terem notícias dos Setores. Assim, atendendo ao pedido, estamos aqui para darmos notícias do Setor B da Região São P aulo-A. Queremos explicar que estávamos aguardando certas resoluções superiores para podermos enviar algo de definitivo dos

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últimos acontecimentos. . Antes, porém, de entrarmos em tal assunto, vamos às notícias mais recentes do Setor. De um modo geral, os casais equipistas do Setor têm respondido aos convites da Região, tanto para as Sessões de Formação quanto aos Cursos de pilotagem e ligação. Tanto é que, no último curso de pilotagem e ligação do ano passado, tivemos 3 casais do Setor participando, que já estão pilotando equipes (dois em Santo André). Isso sem contar os que fizeram os cursos anteriores, alguns dos quais já pilotaram e estão pilotando outras equipes para a Região. No curso que está havendo agora, temos 8 casais do Setor inscritos. Também nas Sessões de Formação os casais têm participado; na última delas, no Instituto Paulo VI, tivemos 5 casais do Setor. Está assim o Setor com um bom número de casais com os quais podemos contar para renovar e preencher os quadro-s do Movimento e, em particular, do Setor. Dessa forma, entramos no assunto: substituição do Casal Responsável do Setor B. Nós, Maria Luiza e Constantino, há 4 anos estamos a serviço do Setor B. O que foi para nós uma experiência muito gratificante, pelo muito que recebemos. Rendemos graças a Deus por estes anos de convívio com casais, equipes e o Movimento em geral. Realmente muito ganhamos em relação ao pouco que demos. E, se algum fruto do nosso trabalho se colheu ou colher-se-á, não foi por esforço no-sso puro e simples, mas sim pelo auxílio valioso da Equipe de Setor, que sempre nos ajudou e com a qual sempre pudemos contar, e, principalmente, pela ação do Espírito Santo, a quem sempre recorremos e sem o qual nada teria sentido. Assim, apesar do gosto imenso que temos e tivemos nesse serviço, é chegada a hora de darmos lugar a outros, que bem melhor desempenharão essa função. São nossos substitutos, ou seja, os novos Responsáveis pelo Setor B: Thereza e Antonio Galvão, da Equipe 33, e mais toda a Equipe do Setor, que continuará trabalhando para o crescimento do nosso tão querido Movimento das Equipes de Nossa Senhora." Bem, desta vez não podemos nos queixar. A "bronca" valeu. . . Obrigado a todos os que mandaram notícias. (E. T. - Continuem!).

DEUS CHAMOU A SI

Roberto e J anete Assad - Da Equipe 1 de Friburgo. Vítimas de acidente de ônibus, ele faleceu na hora, no dia 22 de março. Ela, quinze dias depois. Deus reuniu na morte os que Ele mesmo uniu em vida. -31-


Frei José Pereira - Conselheiro Espiritual das Equipes 6 e 36 do Rio de Janeiro. Também vítima do trânsito: desastre de automóvel. Deixou um grande vazio nas duas equipes. Paulo Wernec"k - No dia 9 de maio. Pertenceu, com Cecília, à Equipe 1 de São José dos Campos e foi Responsável do Setor, de 1972 a 1974. Osvaldo Andrzejewski - Da Equipe 12, Nossa Senhora Aparecida, de Curitiba. Um equipista já antes de entrar para as Equipes, segundo escrevem seus companheiros, que tinham por ele, e sua esposa Iria, grande admiração. Lamentamos não poder, por falta de espaço, publicar todas as coisas bonitas que nos contam a seu respeito. NOVOS RESPONSAVEIS

Substituindo Salete e Guerino, são agora Responsáveis pela Coordenação Fussae e Tuguiu Yura. Casa Branca - A Coordenação passou para o 2. 0 grau e Ermelinda e Antonio Astolpho Sobrinho estão substituindo Sílvia e Geraldo. Brusque- Saíram Romilda e Osny, e assumiram o Set or Marlene e Egon Petruski. ltu - Haydée e José Fausto Pompeu Nardy substituem Maria do Carmo e Domingos.

Jacareí -

Maria Luiza e Constantino passaram o cargo para Teresa e Antonio Galvão.

São Paulo B -

Depois de três anos de dedicação ímpar, Hélene e Peter deixaram a Região São Paulo-Capital, inteiramente transformada, para ascender a maiores responsab~ ­ lidades: foram para a ECIR. No seu lugar, à testa de 4 Setores e 2 Coordenações, ficaram Maria Teresa e Carlos Heitor Seabra, assessorados por uma Equipe Regional muito bem estruturada.

Região São Paulo-A -

Que o Espírito Santo ilumine a todos em suas novas atribuições.

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SESSAO DE FORMAÇÃO EM SAO PAULO

Só quem participou é que pode dizer do entusiasmo, do clima de fraternidade e do aproveitamento intenso em termo-s de espiritualidade e de aprofundamento na mística do Movimento. Mesmo assim, tentaremos dar pelo menos um apanhado. E arriscamos um conselho: quando convidados, não deixem de participar desses dias privilegiados ...

Um dos grupos

A Sessão realizou-se de 23 a 25 de abril - infelizmente, o relatório, aliás muito bem feito, completo e esplendidamente apresentado, nos chegou às mãos quando a Carta de junho já estava no prelo. Foi no Instituto Paulo VI, no Taboão da Serra.

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Desta vez; a casa lotou: eram 35 casais, mais 8 da Equipe de Serviço. Um terço dos participantes era de São Paulo e Santo André. Os demais vieram de Brasília, do Rio de Janeiro, de Niterói, de Ribeirão Preto e Batatais, de Lins, Araçatuba e Marília, de Jacareí, de São José dos Campos e Taubaté, e de Itu. Uma grande parte dos casais, com poucos anos de Movimento. Na opinião do Casal Coordenador da Sessão, Maria Theresa e Carlos Seabra, a Sessão "é uma peça fundamental na formação de todo e qualquer equipista" e todos os casais deveriam ser incentivados a fazer uma Sessão de Formação logo nos primeiros anos de equipe, independentemente de serem ou não chamados a exercer funções de responsabilidade no Movimento. É opinião também da Equipe de Serviço que a "compactação" da Sessão em dois dias "em nada comprometeu seu aproveitamento", embora possa ter tornado seu ritmo um pouco cansativo. Um dos pontos altos foi, como sempre, a liturgia. O outro, as palestras, a cargo do Frei Estevão, de Lourdinha e José Eduardo, Peter e Héleme, Maria Helena e Falcão, Ivone e Tarcísio, Leila c Paulo, e Natalina e Gassen. As três palestras do Frei Estevão foram particularmente apreciadas, todos os participantes se referindo ao aproveitamento que delas tiraram. Quanto à atuação da equipe de serviço, consignam os Seabra sua admiração pelo "espírito de doação, disponibilidade e caridade fraterna demonstrado por todos". O Casal Coordenador, os responsáveis pelos diversos serviços e palestristas, bem como o Responsável Geral pela Sessão, Hélene e Peter, estão de parabéns por uma das Sessões mais bem sucedidas entre as muitas já realizadas.

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MUTIRAO DE PETRóPOLIS

Recebemos três notícias sobre o Mutirão (uma é do Equipetrópolis), e aqui vai, com nossos agradecimentos, uma condensação das três. As reações foram entusiásticas: dias memoráveis, verdadeiro acontecimento, uma grande realização ... Pela organizaç.ão primorosa - "não poderia ter sido melhor: os casais organizadores· nãe se esquece!l'am dos mínimos detalhes; foi perfeito; nada faltou e nada sobrou; foi a medida certa" e pela riqueza espiritual - as "palestras espetaculares" e a "liturgia, profunda, preparada com muito carinho", o Mutirão alcançou plenamente o seu objetivo: proporcionar maior conhecimento das Equipes de Nossa Senhora e, conseqüentemente, maior participação dos casais. Com a Coordenação a cargo de Lilian e João Quadra, Responsáveis pelo Setor, auxiliados por Marília e Mauro, mais uma equipe de seis casais, reuniram-se 21 casais, sem contar os palestristas e -a equipe de serviço, num total de 34 casais. Além do Frei Orlando, Conselheiro Espiritual do Setor, participaram também do Mutirão Frei Antonio, Frei Carlos, Frei Hipólito e Frei Neylor, só faltando Frei Faustino, por não poder ausentar-se de sua paróquia. Quanto aos casais, além dos petropolitanos, vieram do Rio, Niterói, Juiz de Fora e Valença. Na noite de abertura, Maria Teresa e Luiz Sérgio propuseram à meditação de todos o tema Adultos em Cristo, exposição que deu logo a medida da profundidade do tratamento dos temas. Stella e Tarquinio falaram sobre os Meios de Aperfeiçoamento, de forma realmente emocionante. Maria Helena e Zarif, fazendo uso da comparação, da charge e até da pilhéria, mostraram como deve ser, em toda a sua beleza e sua atividade cristã, uma reunião de equipe, dando à palestra o título Alegria do Serviço. Edificante a palestra Vocação Cristã e Equipista, proferida por Elfie e Dragan, e de grande profundidade a de Frei Orlando, sobre Espiritualidade Conjugal. As reflexões de cada um em particular e a seguir do casal e do grupo tornaram as palestras do maior proveito. Todas elas forneceram material abundante para meditação, conforme ficou evidenciado nos grupos de reflexão. A liturgia, "maravilhosamente bem preparada", contribuiu para conduzir os casais àquela dimensão espiritual necessária para o bom êxito do Mutirão.

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ORAÇÃO PARA A PRóXIMA REUNIÃO

TEXTO DE MEDITAÇAO

A Igreja católica, apoiada numa experiência de séculos, reconhece na devoção à Virgem Santíssima um auxílio poderoso para o homem em marcha para a conquista da sua própria plenitude. Maria, a Mulher nova, está ao lado de Cristo, o Homem novo, em cujo mistério, somente, encontra verdadeiraluz o mistério do homem (GS22); e está aí, qual penhor e garantia de que numa simples criatura - nela - se tornou já realidade o plano de Deus em Cristo, para a salvação de todo o homem. Para o homem contemporâneo - não raro atormentado entre a angústia e a esperança, prostrado pela sensação das próprias· limitações e assaltado por aspirações sem limites, perturbado na mente e dividido em seu coração, com o espírito suspenso pe-· rante o enigma da morte, presa da náusea e do tédio, oprimido pela solidão e, simultaneamente, a tender para a comunhão - a bemaventurada Virgem Maria, contemplada no enquadramento das vicissitudes evangélicas em que interveio e na realidade que já alcançou na Cidade de Deus, proporciona-lhe uma visão serenadara e uma palavra tranqüilizante: a da vitória da esperança· sobre a angústia, da comunhão sobre a solidão, da paz sobre a perturbação, da alegria e da beleza sobre o tédio e a náusea, das perspectivas eternas sobre as temporais e, enfim, da vida sobre a morte. Paulo VI <Exortação sobre o Culto à Virgem Maria)

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ORAÇAO LITüRGICA

Cresci como a vinha de frutos de agradável odor, E minhas flores são frutos de glória e abundância. Sou a mãe do puro amor, do temor de Deus, Da ciência e da santa esperança. Em mim se acha toda a graça do caminho e da verdade, Em mim toda a esperança da vida e da virtude. Vinde a mim todos os que me desejais com ardor, E enchei-vos de meus frutos; Pois meu espírito é mais doce do que o mel. E minha posse mais suave que o favo de mel. A memória de meu nome durará por toda a série dos séculos. (Eclesiástico 24, 23-31)

OREMOS:

Deus eterno e todo-poderoso, vós que fizestes ascender até a glória do céu, com sua alma e seu corpo, Maria, a Virgem Imaculada, mãe de Jesus, fazei que permaneçamos sempre atentos às coisas do alto, a fim de partilharmos de sua glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo . . .


EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de casais por uma esp iritualidade conjugal e familiar

Revisão, Publicação e Distribuição pela Secretaria das EQUIPES DE NOSSA SENHORA 04538 -

Avenida Horácio Lafer, 384 SAO PAULO, SP

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Te!.: 210-1340

somente para distribuição interna -


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