ENS - Carta Mensal 1976-3 - Maio

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1976 Ma!o

Liminar Meditação sobre Nazaré ....... 00.............

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O amor começa em casa A ECIR conversa com vocês

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Espirilualidade do trabalho

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Senhor, ensina-nos a rezar

9 A lareira que se acende .. .. .. . .. .. .. .. .. .. .. 11 Oração a Maria .. 12 o

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Família e vocação Oração dos esposos .. Conhecerão que sois meus discípulos o

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Na condição de mãe .. Uma experiência de oração em família o

Palavras que repercutem Notícias dos Setores .. o

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Oração para a próxima reunião

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ATENÇÃO

NOVOS CASAIS

RESPONSÁVEIS!

ENCONTRO NACIONAL DE CASAIS RESPONSAVEIS DE EQUIPE E CONSELHEIROS ESPIRITUAIS

Para São Paulo-Capital, Vale do Paraíba, Guanabara, Estado do Rio, Juiz de Fora, Brasília, Belém e Manaus: 3 e 4 de julho -

no R[O DE JANEIRO

Para o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul: 1O e 11 de julho -

em BRUSQUE

Para o Estado de São Paulo (menos o Vale do Paraíba):

;r e Y de

.2-B.,. :ze;

agosto -

em ITAICI


LIMINAR

Dando prosseguimento à reflexão iniciada em março passado, visando, em sintonia com todo o Movimento, preparar espiritualmente o grande Encontro das Equipes em Roma no mês de setembro, abordamos a segunda etapa: N azar é.

Depois de Belém, Nazaré. Depois do nascimento, o crescimento. Depois da pobreza que favorece a paz, a obscuridade onde amadurece o amor. O Cristo passa trinta anos numa vida de família simples e cotidiana. No lar de José e de Maria, cresce "em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e diante dos homens" (Lc. 2, 52). Mistério desse lar onde Deus feito criança torna-se homem, progressivamente, como todos nós. Num clima de amor ... Mistério dos nossos lares, onde as crianças crescem humana e divinamente para alcançar pouco a pouco a sua estatura de adultos. Este crescimento exige um clima de amor um amor segundo o Evang,elho. Para isso, é indispensável que o homem e a mulher, que se deram um ao outro para sempre, se dêem ao mesmo tempo a Deus e construam nele a sua existência em comum. Quem sabe se este lar de Nazaré, excepcional sob tantos pontos de vista, não está aí justamente para sublinhar aos nossos olhos o essencial? Mostra-nos o verdadeiro caminho do amor e da felicidade: o Filho de Deus que se tornou o Filho do homem e para quem vivem inteiramente Maria e José.

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EDITORIAL

MEDITAÇÃO SOBRE

NAZARÉ

Trinta anos de vida escondida, pontilhaca de agitação numa calma aparente, eis que os evangelistas entregam à nossa meditação, eis a maneira com a qual o Cristo falou da família. O que há para extrair, para nós todos, nós os pais e nós os filhos, de uma mensagem sutil onde o ensinamento deriva apenas de nossas reflexões sobre um exemplo? Não há diretrizes, há fatos. Cabe a nós impregnarmo-nos deles e darmos graças a Jesus; deixar nosso próprio temperamento privilegiar este ou aquele aspecto de sua vida em Nazaré; deixar-nos o tempo de meditar todas essas coisas em nossos corações como ele próprio o fez. Que contraste entre a vida secreta e sem acontecimentos da pequena aldeia da Galiléia e o turbilhão dos três últimos anos! Que contraste entre esta morte com trinta e três anos, prevista, certamente, e este desejo de iniciar sua vida pública somente com trinta anos. Numa época em que a dureza da vida forçava as pessoas a se afirmarem muito depressa, sob risco de jamais terem o tempo para fazê-lo, há um desejo de proclamar todas as virtudes da paciência, da humildade anônima da profissão, da lenta preparação; o desejo também de evitar rupturas inúteis, de demonstrar que "viver a sua vida" não é incompatível com a estabilidade que devem trazer pais atentos e compreensivos. A vida familiar é a força para a continuação da vida, é o trampolim que nos lança em direção à aventura e ao serviço, é o porto onde se acha sempre prazer em voltar. Trinta anos de reflexão deram imediatamente ao Cristo a força de repelir as tentações de Satanás. Trinta anos de vida protegida - proteção essa pela qual ninguém repreende a Santa Família - não estancaram o gosto pelo sacrifício: é com a notícia da prisão de João e, de certo modo, para continuar a sua obra, que Jesus deixa Nazaré e começa sua vida pública. Trinta

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anos de conv1vencia com seus pais e os habitantes de sua aldeia não apagaram o sentido exigente de sua missão. Dessa maneira, a vida na família não foi esterilizante. "Ele crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e diante dos homens." Mas há condições privilegiadas para isso, uma disposição de espírito que pais e filhos devem pedir ao Senhor, à imagem daquela que ele encontrou e adotou dentro de sua própria família. Não há o pai e a mãe ideais que confiam sistematicamente no filho quando ele se emancipa, que não o irritam colocando-lhe perguntas e preocupando-se. Não há o filho ideal que pensa antes de tudo em não fazer sofrer os pais. Há nos relatos de Nazaré uma narração muito humana e muito universal, mas também a indicação dos meios para chegar ao desabrochamento da criança, objetivo final de toda família. No Templo, diante da emoção dos pais que não se revela, apesar de vários dias de busca, por repreensões incontroladas, o filho responde com firmeza, mas sem irritação, e não considera uma indignidade ser-lhes novamente submisso. Os pais não compreendem, mas, diante de um acontecimento que os perturba e que certamente não se enquadra com a idéia que, como todos os pais, eles fazem da carreira de seu filho, eles preferem refletir, "e sua mãe conservava todas essas coisas em seu coração". Muito menos compreende sua parentela quando Jesus, depois de ter inaugurado sua vida pública, volta uma primeira vez para casa e, diante de sua estranha atitude, "eles sairam para o reter, pois diziam que estava fora de si". Estes dois casos nos surpreendem por parte de pais e de parentes cuja perspicácia a respeito do destino de Jesus nos parece deveria ser evidente. . . e isto é muito reconfortante para nós, os pais. Os filhos, especialmente hoje, poderiam bem nos recolocar em nosso lugar com a resposta de Jesus: "Quem é minha mãe e quem são meus . irmãos?" Peçamos somente ao céu que, diante de uma resposta sincera - nossa educação dentro da família é que deve suscitá-la -, sejamos capazes de uma aceitação sincera e alegre diante da vocação de um filho. Qualquer vocação. . . mesmo que nós não a tenhamos previsto. E depois há o fim, um pouco melancólico, o último ato da vida de Jesus em Nazaré: a volta à aldeia e à sinagoga e a recusa de seus concidadãos, que acreditam conhecê-lo muito bem, de prestar-lhe a menor atenção, em cons~ deração às suas origens e à sua pouca fama. Jesus não se aborrece, mas, espantado, lança a frase que atravessou os séculos: "Ninguém é profeta em seu

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país" e se afasta sem poder fazer milagre algum, já que a falta de fé ambiente o impede, ainda que o queira, de salvar os que não querem ser salvos. Não amaldiçoa, apenas lamenta. E a evangelização continua, mas são as aldeias vizinhas que dela aproveitarão. É uma história humana, porque Cristo é humano. Se aconteceu com o próprio Cristo, que melhor exemplo de esperança e de encorajamento devemos nós desejar em nossas tarefas ingratas e nem sempre apreciadas a seu devido valor?

Nossa Senhora dos lares, Nossa Senhora das famílias, ajuda-nos a sermos verdadeiramente pais cristãos, segundo o exemplo de tua família em N azar é. Ajuda-nos a fazer de nossos filhos filhos cristãos aos teus olhos, aos olhos de teu Filho, e não aos nossos.

JEAN-LOUIS

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O AMOR COMEÇA EM CASA

Se o mundo de hoje conhece tanta desordem e tanto sofrimento, parece-me que é devido a uma carência de amor no lar e na vida de família. Não temos tempo para nossos próprios filhos, não temos tempo um para o outro: não temos tempo para saborear-nos mutuamente. Se pudéssemos transpor para a nossa vida a vida que Jesus, Maria e José viviam em Nazaré, se pudéssemos fazer de nossa casa uma outra Nazaré, acho que no mundo reinariam a paz e a alegria. O amor começa em casa; o amor vive nos lares. ~ por isso que o mundo de hoje conhece tanto sofrimento e tão pouca felicidade. Jesus nos dirá, se o escutarmos, o que já disse: "Amem-se uns aos outros, assim como eu os amei." Amou-nos através do sofrimento e da morte na cruz; se quisermos nos amar uns aos outros, se quisermos introduzir esse amor na vida, é no lar que devemos começar. Devemos fazer de nossas casas centros de compaixão e nunca parar de perdoar. Hoje, cada um parece levado por uma pressa terrível, pela ânsia de crescimento, de riqueza, a tal ponto que nem mesmo as crianças têm tempo para os pais e esses não têm tempo um para o outro. ~ no lar que começa a ruptura da paz no mundo. As pessoas que se amam plena e verdadeiramente são o que há de mais feliz no mundo. Vemos isso com clareza até entre os mais pobres; amam os seus filhos, amam o seu lar; podem não ter quase nada, ou mesmo não ter absolutamente nada, no entanto, são felizes. O amor vivo dói. Dando a prova do seu amor por nós, Jesus morreu na cruz. Dando à luz o seu filho, uma mãe tem de passar pelo sofrimento. Quando há verdadeiramente amor mútuo , há necessariamente sacrifício.

Madre Teresa de Calcutta

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A ECIR CONVERSA COM

VOC~S

Já estamos quase no fim de nosso ano equipista. Época, portanto, da Reunião de Balanço e da eleição do Casal Responsável. Por outro lado, vem se aproximando a data da Peregrinação das Equipes de Nossa Senhora a Roma, para a qual nos devemos preparar conscienciosamente. Pouca cousa diremos sobre a Reunião de Balanço. É o momento de verificar em que ponto a equipe se encontra na caminhada que os casais que a compõem se propuseram a percorrer juntos, na procura em comum e no esforço para viver o Evangelho. Padre Caffarel, na primeira de suas visitas ao Brasil, dizia que há três tipos de equipes. Aliás, não é difícil verificar que a idéia é ainda válida, embora já tenha 20 anos . .. a) as equipes que não respeitam bem os Estatutos; b) as equipes que respeitam os Estatutos, passivamente, sem vida, sem iniciativa própria; c) as que cumprem integralmente as normas propostas pelo Movimento; são ativas, vivas, com espírito constante de invenção e iniciativa. A Reunião de Balanço poderá nos indicar em qual dessas categorias a nossa equipe se enquadra, para, em seguida, com espírito consciente e lúcido, procurar a orientação a ser tomada, seja para continuar na marcha ascendente, seja para retomar um impulso que talvez a rotina venha solapando. Um dos meios para atingir este objetivo é a escolha judiciosa do novo Casal Responsável. Não se trata de fazer o rodízio dos casais, nem tampouco o de eleger um casal que vem se arrastando em passo sonolento para assim despertá-lo, mas trata-se, isto sim, de discernir principalmente qual a vontade de Deus sobre a nossa equipe, e qual o casal que melhor poderá conduzi-la.

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Quanto à Peregrinação a Roma já se acham assentadas as grandes linhas a serem concretizadas sem demora. 1.a. - É preciso tomar consciência de que se trata de uma peregrinação das Equipes de Nossa Senhora, no seu todo. Devemos, assim, nos preparar todos, percorrendo, com a nossa reflexão e meditação, aquele caminho que teve início em Belém e que, através de Nazaré, Tiberíades, Jerusalém, nos levará finalmente a Roma (vide Liminar da Carta Mensal de março). 2.a.- A ECIR, fazendo eco à sugestão da Equipe Responsável Internacional, alimenta o profundo desejo de delegar a um certo número de equipistas a missão de representar as equipes do Brasil, em setembro próximo, no centro da cristandade. É aspiração nossa e da E.R.I. que cada Região envie 2 casais. Serão assim 24 casais. Sendo eles delegados do Movimento, é o Movimento que deverá custear a sua viagem. Como? A Peregrinação pode e deve vir a ser a ocasião de pôr em prática o auxílio fraterno em larga escala. Há um plano que já vem sendo impulsionado e que será comunicado oportuna!nente pelos Regionais e Responsáveis do Setor. Diga-se de passagem que já contamos com a colaboração efetiva das equipes européias. Tendo elas menores encargos de viagem, prontificaram-se a favorecer as mais distantes. 3.a. - Trata-se de uma peregrinação e não de um empreendimento turístico, o que supõe uma atitude espiritual bem diversa daquela do turista. Requer um grande espírito de fraternidade e abertura, uma disposição de recolhimento e de oração, de renúncia e sacrifício também, tudo isso levando à descoberta da alegria cristã que a experiência das peregrinações anteriores mostrou ser uma de suas características peculiares. Caros equipistas, seja em Roma, por aqueles que irão representar as equipes nossas, seja de longe, através de iniciativas locais, vamos todos testemunhar a adesão filial do Movimento à Igreja e ao Santo Padre. Iniciativa coletiva de grande envergadura, a peregrinação será portadora, estamos certos, de graças especiais. De 19 a 26 de setembro, equipistas de todo o mundo irão rezar juntos no túmulo dos Apóstolos e dos primeiros cristãos e, juntos, tomar contato quase material com a Igreja de ontem e com a de hoje, representada pelo sucessor do Apóstolo Pedro. E, de longe, os demais equipistas, em união de orações e intenções, estarão também rezando pelo Movimento, pela Família, pelo Mundo.

A ECIR

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ESPIRITUALIDADE

DO

TRABALHO

Se por vezes reina uma mística exagerada do trabalho, não resta dúvida de que este é querido e abençoado por Deus. Criado à sua imagem, "o homem deve cooperar com o Criador no aperfeiçoamento da criação e imprimir, por sua vez, na terra, o cunho espiritual que ele próprio recebeu." Deus, que dotou o homem de inteligência, de imaginação e de sensibilidade, deu-lhe assim o meio para completar, de certo modo, a sua obra: ou seja, artista ou artífice, empreiteiro, operário ou camponês, todo trabalhador é um criador. Debruçado sobre uma matéria que lhe resiste, o trabalhador imprime-lhe o seu cunho, enquanto para si adquire tenacidade, engenho e espírito de inovação. Mais ainda, vivido em comum, na esperança, no sofrimento, na aspiração e na alegria partilhada, o trabalho une as vontades, aproxima os espíritos e solda os corações: realizando-o, os homens descobrem que são irmãos. Ambivalente, sem dúvida, pois promete dinheiro, gozo e poder, convidando uns ao egoísmo e outros à revolta, o trabalho também desenvolve a consciência profissional, o sentido do dever e a caridade para com o próximo. Mais científico e melhor organizado, corre o perigo de desumanizar o seu executor, tornando-o escravo, pois o trabalho só é humano na medida em que permanece inteligente e livre. João XXIII lembrou a urgência de restituir ao trabalhador a sua dignidade, fazendo-o participar realmente na obra comum: "deve-se tender a que a empresa se transforme numa comunidade de pessoas, nas relações, funções e situações de todo o seu pessoal". O trabalho dos homens e, com maior razão, o dos cristãos tem ainda a missão de colaborar na criação do mundo sobrenatural, inacabado até chegarmos todos a construir esse Homem perfeito de que fala São Paulo, "que realiza a plenitude do Cristo". PAULO VI "Populorum Progressio"

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"SENHOR,

ENSINA-NOS

A ORAR . .. "

Jesus, "logo que despediu as turbas, subiu a um monte para rezar na solidão. E, chegada a noite, estav:::t ali, só" (Mt. 14-23). O Mestre ensina com palavras e com o exemplo. Ele conhece o valor dos gestos e a forte impressão do seu exemplo na mente dos seus discípulos. Após um dia de árduo trabalho, curando os enfermos da "grande multidão" e fazendo o estupendo milagre da multiplicação dos pães, Ele sente a necessidade de recolher-se interiormente, para melhor ouvir e falar com o seu Pai. Não há oração verdadeira sem esta preparação interior, tão bem chamada de ruptura, pois ela representa, exatamente, um rompimento momentâneo do mundo, no qual estamos inseridos, para buscar a Deus, que vive no recôndito das nossas almas. É bom sempre nos prepararmos para os nossos momentos de oração. Sem essa preparação corremos o risco de merecer as duras palavras do Senhor: "Este povo me honra com os lábios mas o seu coração está longe de mim". Ai de nós, que a nossa oração é quase sempre assim, trivial e rotineira e, por isso, os resultados são lentos e às vezes até desanimadores. É bom pois nos prepararmos. . . e a melhor das preparações é o silêncio interior. Aquietar a alma, desapegando-a das preocupações, mesmo sadias, do nosso quotidiano, pessoas, coisas e fatos. . . Criar em torno de nós uma zona de silêncio - embora lá fora o mundo continue agitado. Nosso Senhor fala de um quarto onde a gente entra e tranca a porta, para orar em segredo (Mt. 6-6). Trancar a porta, para isolar-se. Trancar a porta, para ficar só: Trancar a porta, para deixar tudo lá fora. Orar em segredo, no secreto da alma, para que ninguém, a não ser Deus, que vê em segredo, ouça a nossa oração, que é

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sempre pessoal, mesmo quando, reunidos aos irmãos, nas nossas equipes, pedimos, louvamos e agradecemos a Deus. A oração coletiva nada mais é que o somatório de orações individuais, realizadas no silêncio interior das almas. Toda oração é ao mesmo tempo individual e coletiva. Lembremo-nos de que é como membros do Corpo Místico de Cristo que rezamos. Portanto, nunca estamos sós. Toda a nossa oração é oração do Corpo Místico: rezamos em uníssono com todos os nossos irmãos. Mais ainda, nossa oração faz parte de uma sinfonia maior, onde toda a Criação canta a glória do seu Criador. Lembramos o Salmista (SI. 18) : "Os céus publicam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra de suas mãos". Esse louvor é contínuo e incessante, pois "um dia transmite ao outro esse louvor, e uma noite à outra" até à consumação dos séculos, quando houver "um novo céu e uma nova terra" (Apoc. 21-1). Ensina-nos, Senhor, a orar, como fizestes um dia a pedido dos discípulos: Pai Nosso ... Ou melhor, reza conosco, como fizestes em Emaús com os dois caminhantes, para que os nossos olhos se abram para a Tua realidade ...

(Do Boletim "0 Equipista", da Guanabara)

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A LAREIRA QUE SE ACENDE Há poucas alegrias no mundo que se possam comparar à descoberta da fidelidade. O homem ou a mulher que não decepcionam são expressão autêntica da maior força do mundo, que busca sua fonte no próprio Deus. Quando as coisas vão bem, a fidelidade consolida os trabalhos e arranca promessas de vida ainda melhor. Quando as coisas vão mal, a pessoa fiel se aproxima, enquanto as demais se afastam. E é aí que se revela a grandeza da mulher e do homem; e é neste instante que nasce a mais duradoura de todas as alegrias: a da confiança, da presença e da ação comum. Não desconfiar nunca e não permitir que outros desconfiem, é a atitude do próprio Deus, que vive no coração da mulher e do homem. Quando os pais assumem a fidelidade como a mais natural de todas as atitudes, também os irmãozinhos se unem ao mesmo sentimento. Não há desgraça, nem maldade que possam destruir um lar, enquanto nele se conservar a alegria da fidelidade. Ela nasceu de olhares e de gestos. Ela se confirmou junto ao altar do Senhor e diante da comunidade. Recolheu-se, depois, à intimidade, para aí acender uma lareira e levar o fogo a crepitar durante todos os invernos da existência. O mundo pode ostentar todas as farsas de felicidade. Aquele que tem fé e confiança no companheiro saberá sempre buscar força nos novos encontros, nas conquistas comuns, nas soluções difíceis, dentro de um clima de perdão, compreensão e crescimento. Tal amizade se rega por palavras simples e sinceras. Por gestos espontâneos mas decisivos. Por planos comuns e por orações feitas de palavras que não perdem o sentido. A aliança que Deus tanto cultiva com os seus filhos encontra no lar a melhor expressão de vida e verdade. Sobre esta aliança é que se constroem as ações sadias e fortes. E por ela se renovam as forças criadoras das nações destinadas a sobreviver. No filho, que chora ao nascer, constrói-se a alegria que vence todos os choros e prepara o concerto de melodias necessárias para a vida na esperança. Poucas alegrias no mundo poderão superar as alegrias da família, alegrias que existem sem propaganda, e que crescem sem alardes. Cardeal Arns (Do

livro "A família. constrói o Mundo ... Edições Loyola, págs. 94-95)

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ORAÇÃO

A

MARIA

(Da Carta Mensal Internacional)

Salve, cheia de graça, Habitada pelo Espírito, Mãe do Eterno, Mãe de iodos os vivos. Recebe minha admiração, Tu, que soubeste guardar o leu coração cheio de alegria, além do cansaço e das preocupações . Confiaste em Deus para todas as eventualidades. Nunca duvidaste, nem mesmo diante daquilo que parecia impossível aos olhos da humanidade : conceber um filho sem conhecer homem, um íilho que seria o Filho de Deus! Eu te peço, do mais fundo do meu coração, eu, que duvido às vezes, que discuto e desanimo, dá-me esse coração cheio de alegria e de entusiasmo, essa certeza absoluta que para Deus nada é impossível. Sabias ser feliz na lua vida de lodos os dias, na tua vida de mãe, de esposa, essa vida que tão bem conheço, misto de felicidade e lassidão diante da humildade de meu encargo: sempre refazer, recomeçar diariamente as mesmas tarefas com amor e paciência. Sabes como estou dividida entre esse trabalho indispensável para a vida da minha família e as exortações agressivas dos meios de comunicação para uma "libertação" da mulher. Onde está a verdade? Na minha valorização pessoal ou na daqueles que o Senhor me confiou? Nem sempre lenho certeza. Face a esta lula interna, obrigada pela lua presença serena que reconforta, lu, que guardavas no leu coração as lembranças desta vida simples, semelhante à minha. Teu filho nem sempre foi um filho fácil: penso no seu desaparecimento quando da peregrinação que fizeram a Jerusalém.

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Soubeste respeitá-lo, aceitar as suas crílicas. Ajuda-me a me lembrar disso cada vez que sou interpelada pelos meus filhos às vezes sem dó! Teu coração, Maria, eslava cheio de compaixão. Eslavas preocupada com os que linham problemas, feliz com aqueles que estavam felizes. Choravas com aqueles que estavam na tristeza. Eslavas sempre aí para acolher e intervir junto do leu Filho quando os homens dele precisavam . Assim me lembras a mim também, mulher do século XX, meu papel de in!ercessora. Na vida atual, quando tantos homens, meus irmãos, estão desamparados moral e fisicamente e sentem-se abandonados, não será meu papel ajudá-los, intervir para facilitar-lhes os passos? Não será meu papel, exatamente por ser mulher, acolher, sabendo ouvir, abrindo, como lu, meu coração e minha casa, "perdendo" leu tempo com aqueles que têm tempo demais e se aborrecem, rezando por aqueles para quem nada posso com meus pobres meios pessoais? Maria, dá-me um coração cheio de amor e de compaixão, que se !orne sensível às necessidades dos meus irmãos. Fui criada à imagem de Deus e desejo tanto reflelir seu Amor sem deformá-lo! Todos os dias disseste "sim": "sim" a uma gravidez que não linhas previsto; "sim" a uma vida nômade - Belém, o Egito - que não era, certamente, aquela com que sonharas; "sim" a um colidiano que se parecia com o da véspera; "sim" a um filho irrequieto, a um filho contestado, mas que seguias assim mesm!l, embora sem entendê-lo sempre; "sim" ao sofrimento e à morte. Bendita sejas, Maria, por lodos esses "sim" que me mostram o caminho, pois, graças a lu, compreendo que é através dessas renúncias e da aceitação de tudo que acontece da parte de Deus que conquisto o amor, a alegria, a liberdade. Virgem maravilhosa, se eras tão recepliva ao que Deus de fi esperava, é porque oravas e fazias silêncio para perceber a brisa que é a Voz do Senhor. Teu discernimento vinha do Espírito, porque sabias escutá-lo. Então, Senhor Jesus, Filho de Maria, vol!o-me para fi: dá-me a graça do gosto da oração, pois sei que somente assim compreenderei o que esperas de mim e colherei forças para !e dizer "sim!" como o fez a lua Mãe.

Aue

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FAMíLIA E VOCAÇÃO

Um dos grandes problemas da Igreja em nossos dias é o da escassez de vocações sacerdotais e religiosas. Faltam padres em todo o mundo. Só no Brasil, o "deficit" calculado é de 80.000 sacerdotes. Muitas são as causas, mas há duas delas que ·sobressaem. Uma é a família. Falta conscientização vocacional na família católica, no sentido da valorização da vocação para o ministério sagrado. Nós preparamos os nossos filhos para serem bem sucedidos neste mundo. Esquecemos de mostrar-lhes que também há outro caminho. . . Não se deve constranger, cada um deve seguir livremente a própria vocação. Mas os pais têm grande influência na escolha dos filhos, pela apreciação que fazem dos valores da vida. Outra causa da escassez de vocações é que nós não rezamos. Ora, o próprio Cristo se compadeceu diante da multidão que o seguia, pois "eram como ovelhas sem pastor". Porque sabia, por antecipação, Ele que era Deus, que faltariam operários para trabalhar na grande messe. "Rezai ao Senhor da messe para que mande operários". Isso todos nós podemos fazer: rezar ...

Eis o que diz a Coordenação de Pastoral Vocacional da Arquidiocese de São Paulo sobre o papel da famfila no despertar da vocação "de especial consagração", como se convencionou chamar hoje em dia a vocação sacerdotal ou religiosa.

É a família que testemunha da maneira mais palpitante a presença e a ação de Cristo no meio de seu povo. É ela que suscita e sustenta as vocações, é ela o meio em que os jovens encontram Deus. O valor humano e cristão da família é a condir;ão que favorece toda vocação, mas sobremaneira as vocações de especial consagração. O cristão autêntico só surgirá da família cristã autêntica. É na família realmente cristã que o jovem ou a jovem

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aprenderá a se sentit co-responsável pela obra comum que é a missão salvífica da Igreja. É nesse ambiente de paz, de afetividade sã, de atenção para com os outros, tudo dentro de uma dimensão cristã, que começará o jovem a viver a base de toda vocação madura, isto é, a vocação batismal. Pois o presbítero, o religioso ou a religiosa é em primeira lugar e antes de tudo um batizado que leva tanto a sério a sua fé que quer doar tudo o que é, tudo o que tem à ptopagação dessa fé. A vocação de especial consagração só se torna possível num ambiente onde a família vive profunda e sinceramente a sua vocação batismal no dia de hoje. Num ambiente que não pode ser só de uma prática externa, mas que se deve concretizar numa vivência, através de atitudes e de mentalidades autenticamente cristãs - atitudes essas que devem penetrar profundamente no coração do lar e na vida de cada um de seus membros. É neste ambiente que o jovem aprenderá o diálogo, tão importante na tesposta ao apelo que é da própria essência da vocação de especial consagração. Pois a vocação não é' uma intervenção unilateral ou brusca de Deus, que impõe uma orientação vital ao homem. O homem se sente vocacionado na medida em que se sente responsável. O apelo que Deus dirige ao cristão de servir aos irmãos numa vocação de especial consagração exige resposta responsável: a única palavra adequada para exprimir as riquezas deste apelo é a palavta diálogo. É na família que o jovem começa a realizar o diálogo da fé, de aceitação do apelo de Deus e de resposta generosa a este apelo. A família é a primeira Igreja, a primeira comunidade de vivência cristã para o jovem. Onde, senão nela, é que os filhos serão iniciados no seu compromisso de solidariedade com os homens e de participação na comunidade eclesial? Quando a família é autenticamente cristã, eis o que acontece: não só um, mas, muitas vezes, vários filhos ouvem o chamado de Deus e lhe respondem com generosidade. Vejam essas duas notícias, publicadas pelo Boletim do Centro de Informações Ecclesia, da Arquidiocese de São Paulo: "48 religiosos em apenas três famílias" e "Português, pai de seis salesianos, faz-se também salesiano".

48 religiosos em apenas três famílias . ..

As famílias Murara, Benini e Biazus, interligadas por velhos laços de profunda amizade, realizaram um ato de confraterniza-

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ção do qual participaram: um Bispo Diocesano, Dom Benedito Zorzi, e 39 sacerdotes, todos pertencentes a estas três famílias riograndenses, oriundas de Flores da Cunha. O motivo foi a comemoração do Jubileu sacerdotal dos Padres Frei Jaime Biazus, Maximiliano e Luís Benini. Estiveram presentes vários bispos, religiosos e religiosas das referidas famílias. No ta curiosa foi que, entre os presentes, encontrava-se o Irmão salesiano José Antonio Muraro que, após 52 anos de casado, ingressou na vida religiosa. É pai de cinco filhos religiosos, sendo atualmente auxiliar de seu próprio filho, o Pe. Osório Caetano Muraro. Português, pai de seis salesianos, faz-se também salesiano

Um pai de família português, não satisfeito com o fato de ter dado a Dom Bosco seus seis filhos , três homens e três mulheres, terminou entregando-se ele mesmo a esta Congregação Religiosa, onde professou. Trata-se de José Rodrigues Gomes, hoje religioso leigo na casa de formação de Poiares da Régua, Portugal. Tão generoso despertar de vocações deve-se à visita que fez à Paróquia de Sobral Mortágua, onde o Sr. José era grande colaboração do vigário, um padre missionário salesiano destacado na longínqua ilha de Timor - Indonésia. O Sr. José convidou-o para a sua casa. Foi esse o momento do despertar de tanta vocação religiosa. Um atrás de outro, seguiram todos os filhos para o Noviciado, até que também o pai, quando ficou sozinho na velha casa, resolveu seguir o mesmo caminho. Hoje, feliz e contente, junto com os filhos entregou a Deus sua vida para seu inteiro serviço.

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ORAÇÃO DOS ESPOSOS

"SENHOR, Aqui estamos nós diante do Teu infinito amor. da vida e o SENHOR do amor.

Tu és o DEUS

Neste instante colocamos nossas vidas diante do Teu amor previdente e generoso. Nós te damos graças pelo amor que uniu nossas existências, pelo bem que podemos fazer um pe!o outro, pelo dom de nossas vidas que nos demos mutuamente. Tudo começou com o amor que nasceu entre nós; sentimos que não podíamos viver mais um separado do outro e tomamos a decisão de nos darmos um ao outro. Somos gratos pelo fruto do nosso amor: a compreensão caridosa, a alegria de nossos encontros, a comunhão de tantos momentos e os filhos de nossa história. Nós Te pedimos insistentemente neste momento: que o silêncio do gelo não se instale entre nós, que a indiferença não venha morar entre nossas paredes, que nos respeitemos mutuamente numa contínua fidelidade. Revigora nossa vontade e robustece nossos empenhos de compreensão ." Frei Almir Ribeiro Guimarães, o.f .m.

Alguns livros são admirados pela encadernação, outros por serem peça de museu; uns são editados só pelo nome do autor, outros tornam-se best-sellers pela eficiente publicidade, mas há livros que, embora pelo reduzido número de páginas tomem ares de livrinho, merecem um lugar em nossa mesa de cabeceira, à espera daquele tempo de sossego que nos chega à noite, expediente do escritório e da casa encerrados, filhos dormindo.

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Falamos de "CONSTRUÇÃO DO MATRIMôNIO", escrito por nosso querido Frei Almir Ribeiro Guimarães e dedicado a todos os casais brasileiros, mas de um modo especial às Equipes de Petrópolis, que privilegiadamente contam com sua orientação. Frei Almir teve a bondade de enviar ao Secretariado das Equipes um exemplar do seu livro, editado pelas "Vozes" em 1975. São apenas oito capítulos: reflexões e questionamentos sobre nosso assunto chave - a família; não simplesmente a família célula social, mas a família célula do Reino de Deus. Apresentando com muita alegria o livro de Frei Almir, a Carta Mensal recomenda-o a todos os equipistas, certa de que será de grande ajuda para a reflexão do casal e em equipe, assim como para o dever de sentar-se - o mais carinhoso e leal esforço na "construção do matrimônio". D.P.S .

• O equipista deve cultivar um especial carinho para com Nossa Senhora. Ela é nossa Mãe, nossa Padroeira, a especial protetora das Equipes que lhe levam o nome. Pois o livro do nosso Frei Hugo Baggio, "NOSSA SENHORA DE TODOS OS DIAS", (Editora Vozes, 1975), é muito bom para avivar em nós o amor a Maria, àquela figura tão singela de mulher que, na maior humildade, respondeu ao convite do Senhor, dispondo-se totalmente à sua Vontade, para ser Mãe do Salvador. São 23 pequenos capítulos, através dos quais a personalidade de Nossa Senhora é estudada em todos os momentos e aspectos de sua vida. Bom livrinho para melhor conhecermos Maria e meditar ·s obre ela. (Do Equipetrópolis)

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"CONHECERÃO QUE SOIS MEUS DISCíPULOS"

Ainda é a caridade o "sinal pelo qual se conhecem os cristãos". Foi por este caminho que Irwin Shorr, um jovem judeu, chegou a conhecer e amar os cristãos.

Irwin J. Shorr é o primeiro americano associado, como voluntário estável, à equipe irlandesa da organização de assistência, "CONCERN", que trabalha em favor de pobres e marginalizados em Bangladesh. É um jovem com menos de 25 anos de idade, nascido em Rhode Island, Estados Unidos, onde se graduou em zoologia, tendo, depois, percorrido os campos de tênis europeus e americanos, como profissional. Voltou a graduar-se na Universidade da Califórnia na especialidade de saúde pública e nutrição. A leitura das experiências que realizava David Taylor em Bangladesh suscitou neste jovem o mais vivo interesse pelos problemas deste povo e de outros em desenvolvimento. Chegou a Dacca a 12 de setembro de 1972. Seu destino foi Saidpur, cidade de Biharis, com 200.000 habitantes, 90% dos quais são muçulmanos que constituem uma minoria impopular em Bangladesh. No meio das massas de Biharis que assediam diariamente os voluntários de CONCERN em seus dispensários nos bairros de Saidpur, e em contato direto com a humana miséria em todas suas formas - desnutrição, varíola, lepra, etc. - começou a trabalhar ativa e pacientemente para responder às urgentes necessidades do momento. Vejamos o próprio Shorr contando sua nova expenencia: "Será certamente inolvidável toda a minha estadia em Bangladesh, mas ficarão gravados para sempre alguns dias muito especiais. -19-


Um deles foi o dia 18 de setembro de 1972, Yom Kippur, ou seja, a festa principal do ano judeu. Se estivesse nos Estados Unidos, tê-lo-ia passado junto à minha família, na sinagoga de Rhode Island, mas, longe disso, passei-o num jipe, a caminho de Saidpur, que está distante de Dacca cerca de 250 milhas, percorrendo lentamente caminhos em construção, inumeráveis pontes e outros obstáculos. Senti saudades de viver entre a minha família, fazendo o possível por estar em espírito junto a ela, rezando preces e cantando salmos e hinos sacros durante a longa viagem. Pensei que a única cerimônia religiosa de Yom Kippur r ealizada com este rito era a minha, motivada pelas circunstâncias. Uma vez em Bogre, juntou-se a mim Paula Mullarkey, enfermeira do CONCERN. Era já noite cerrada quando chegamos a Saidpur, mas havia muita gente por toda a parte, que se aquecia ao calor de fogueiras. Gente e fumaça por toda a parte fizeram-me lembrar que o ar contaminado e o intenso tráfico de Los Angeles não são, afinal, tão intoleráveis. Paramos no centro de uma das ruas principais, com este panorama diante dos olhos: choça suja e com mau cheiro, tenebrosa, escura, rodeada de água de cloaca, um autêntico paraíso para as moscas, que formavam nuvens negras ao redor. Fiquei profundamente impressionado. A umidade e o calor eram abrumadores. Este era o meu campo de trabalho. Durante o primeiro mês, praticamente não consegui dormir, continua Shorr. Sofria do estômago e somente pouco a pouco me foi possível dedicar meio dia ao trabalho. Pelas noites, o calor era insuportável e tudo estava infestado de mosquitos. Durante o dia, os doentes inundavam tudo, de modo que não ficava margem de um momento de repouso. Pouco a pouco me fui acostumando e adaptando a todas as exigências e serviços. Sobrevivi às primeiras semanas graças à equipe de CONCERN. Dizia-me a mim mesmo: o que fazem os outros poderei eu fazer também. Na primeira noite, havia em Saidpur seis membros da equipe. Sentamo-nos e cantamos a noite toda. Foi uma nova experiência para mim. Tudo era bom humor. . . Noites como esta primeira, em contato com a equipe, puseram em relevo o entusiasmo desta gente irlandesa cujo sotaque e fraseologia me pareciam muito difíceis de compreender no princípio. Na manhã seguinte fomos todos assistir à Missa. Outra nova experiência para um jovem judeu. No princípio, não me atrevi a entrar, fiquei junto à porta admirando aquele grupo de cristãos que amavam tanto aos demais homens e que, alegremente, suportavam todos os inconvenientes para servi-los, ainda que não fossem cristãos. Isto foi para mim o começo de um grande despertar, ao ter oportunidade de verificar tão impressionante obra

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humanitária praticada pelos cristãos. Sentia-me tão judeu como sempre, mas ao mesmo tempo intimamente ligado à Equipe CONCERN, em ocasiões como a da inolvidável Noite de Natal, além da impressão que me ficou para sempre gravada da hospitalidade com que me receberam e da amizade que me dispensaram. Para muitos daqueles povos que vivem quase fora do mundo, eu era o primeiro judeu que eles conheciam. Da minha parte, nunca senti o cristianismo tão atraente. Gostaria, finalmente , de acrescentar que o fato de ter sido testemunha de coisas como a assistência à Missa, ajudou-me a compreender a perfeita união que reina entre os irlandeses católicos. Como americano e ainda mais como judeu, eu era, em certo sentido, um estranho entre eles, poderia parecer até mesmo um intruso no grupo, mas em verdade sentia-me um autêntico colega dos cristãos. Quando se escreverem páginas de ouro da atuação cristã em Bangladesh, CONCERN terá direito a um dos melhores capítulos." (Do jornal "0 São Paulo")

A única verdade é amar. (Raoul Follereau)

Se não queimares de amor, muitos morrerão de frio. (François Mauriac)

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NA CONDIÇAO

DE

MAE . . .

Numa das minhas meditações, dias atrás, reli aquela "Carta aberta de uma jovem", que a Carta Mensal transcreveu para nós. Foi "duro" ler aquilo. . . E acredito que não o foi para mim somente; todas temos um pedacinho no meio daquele alerta que o artigo traz. Todas nos julgamos "ótimas" mães porque não deixamos faltar de comer, de vestir, o material para a escola, o médico, os brinquedos comprados às vezes até com sacrifício, o dinheiro da mesada, até a concessão para uma conversinha com os filhos, às vezes ... Mas a verdade é que nós hoje não temos tempo para sermos mãe . . . justamente hoje, quando os nossos filhos estão aturdidos, tão incertos, tão inseguros, não lhes damos todo o carinho, toda a atenção que eles merecem de nós. A vida está muito corrida; se não estamos às voltas com as panelas, com a roupa, com as limpezas da casa, é o trabalho fora do lar que, quantas vezes, se junta àqueles. E, como se não bastasse, ainda vamos procurar mais, pois precisamos "respirar ar puro", que nos distraia desses serviços que embrutecem e envolvemo-nos com os livros, com os horários das escolas, com as tarefas e provas .. . O dia, que já era pequeno, mais pequeno ainda ficou ; as noites, tão bem vindas para o merecido descanso, diminuíram, pois é preciso estudar e deitamos tarde e levantamos cedinho para deixar adiantado o serviço de amanhã. . . E eles, os nossos filhos? Que tempo sobra para eles? E que disposição? Apenas os ralhos, as reclamações, o "não tenho tempo agora", o "não me aborreça, que estou cansada ... " Já não temos tempo para conversar calmamente com eles, ouvir-lhes as novidades da escola, as descobertas do mundo novo, os primeiros n amoricos, dar-lhes a orientação certa na hora precisa .. . -22-


Eles têm razão! Eles às vezes devem fazer tudo para nos amofinar, para nos irritar, para nos aborrecer, pois, ao menos assim, "perderemos" alguns minutos com eles, nem que seja apenas para brigar e chamar-lhes a atenção! Meu Deus, como deve fazer mal ter que ouvir um filho dizer um dia: ''e tudo porque você não tem tempo de falar comigo, àe parar um pouco o serviço, o estudo, de esquecer um pouco a loucura do trabalho ... " Afinal, quando nos casamos, esse filho foi tão desejado! Ele, por acaso, pediu para nascer? Será que a desculpa que sempre damos de nos "matarmos justamente por eles" é sempre a expressão da verdade? Não será uma fuga à responsabilidade de estarmos junto deles e não sabermos como orientá-los? E eu, que tenho uma filha excepcional, estarei dando a ela todo o carinho, toda a atenção de que ela precisa e que merece de mim? Irmãs minhas, no mês de Maria, comemorando o "Dia das Mães", venho, na condição de mãe, pedir a vocês que reflitam, como eu refleti nestes últimos dias, sobre esse problema tão angustiante que é a nossa "falta de tempo" para com os nossos filhos.

Linda Equipe 10, Bauru

• ó Maria, que fostes em Nazaré o perfeito modelo das mães e das donas de casa, concedei-me que esteja sempre atenta a tudo e a todos, faça tudo com amor e paciência, a fim de que em nosso lar, como no vosso, em Nazat·é, reine a paz, a alegria e a felicidade .

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TESTEMUNHOS

UMA EXPERI~NCIA DE ORAÇÃO EM FAMTLIA

(Do Boletim de S. José dos Campos)

Desde que, em Equipe, passamos a adotar a meditação diária como "obrigação", muitas vezes um de nós não ficava convencido de que estava cumprindo à risca esse singular meio de aperfeiçoamento. Não que não nos interessássemos por ele. Pelo contrário, sempre o consideramos altamente proveitoso para o crescimento espiritual. É que, não afeitos a essas "paradas para pensar", sempre divagávamos um pouco após a leitura da Palavra, ficando difícil saber se realmente havíamos feito a meditação. Por outro lado, a nossa "oração em família", sempre feita às refeições, precisava de uma reformulação, tantas vezes adiada. As crianças estavam crescidas, isto é, estavam moças, e não se justificava mais ficarmos sempre com a prática, gostosa, mas um pouco infantil oração em forma de versos que nos foi ensinada pela Sônia do Dr. Maurício, há muitos anos, durante uma saudosa reunião mista. Foi muito útil, sem dúvida. E por muito tempo os meninos rezaram conosco:

((Abençoai, Senhor, a mesa deste lar, E na mesa do céu, nos reserve um lugar. Por este pão, por esta união, de paz e de amor, Obrigado, Senhor!" Muito delicada e agradável. Entretanto, com os filhos já quase homens, precisávamos tornar nossa oração em família mais adequada à sua idade e à sua formação. Foi assim pensando que nos veio a idéia de fazermos nossa meditação escrita e levar os seus possíveis frutos para todos os membros da família. Assim,

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ao mesmo tempo, teríamos certeza da meditação feita ríamos a Oração em Família mais atual. Desta forma, passaram a participar de nossas reflexões, feitas sempre o que Deus quer nos dizer hoje, com Suas Palavras Eterna.

e tornaos filhos buscando de Vida

Para maior facilidade e participação dos filhos, passamos a tirar várias cópias dessas meditações, as quais são distribuídas aos membros da casa. Lida a frase de Jesus, ou o versículo do Evangelho, por um de nós, todos os demais têm condições de ler pausadamente as reflexões que visam sempre à nossa formação cristã. Os filhos acolheram com bastante interesse nossa maneira de rezar em família. E, para o futuro, se Deus quiser, pretendemos deixar em cada meditação escrita uma abertura tal que cada um possa eventualmente dar um fecho especial com suas próprias reflexões. Oxalá um dia consigamos fazê-lo.

A oração em família realmente precisa ser adaptada, remanejada, re-inventada à medida que os filhos crescem, sem o que não irão mais participar . Comunique-nos você também sua experiência neste particular; poderá ajudar outros ca.sais .

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PALAVRAS QUE REPERCUTEM

"Não será hora de viver, ao invés de saber e dizer?" "Quando falharem nossa reflexão e tolerância ... "

Jovem Carlos Fernando: Suas palavras, chegadas através da Carta Mensal de Março,(1 ) vieram numa hora em que uma equipista- já de 15 anos e avó, embora jovem de espírito - estava precisando delas. Por muito que saibamos o quanto exige de nós o amor, momento há em que precisamos da palavra jovem para reagir. Toda a teoria sobre o amor cristão é válida e está consciente em nós, mas, no auge da crise e quando me sentia completamente só, sua palavra foi por demais valiosa. Obrigada, Carlos Fernando, e que sua mensagem traga a outros a paz que trouxe a mim.

E. S.

(1)

"A Voz Interior", pág. 19.

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NOTíCIAS DOS SETORES

RIBEIRAO PRETO -

Pastoral Familiar (Do Boletim)

O II Plano Bienal aprovado pela Assembléia Geral do Regional Sul-I da CNBB, que fixa as áreas prioritárias de ação pastoral para as dioceses do Estado de São Paulo, coloca em primeiro lugar a Pastoral Familiar. Na Arquidiocese de Ribeirão Preto, um grupo, formado por seis casais e um sacerdote, o Pe. Eloy, responde pela Pastoral Familiar. Esse grupo de reflexão e trabalho reune-se periodicamente para rezar e, sob as luzes do Espírito Santo, criar meios para dinamizar cada vez mais a responsabilidade assumida. Alguns serviços, considerados prioritários para a realidade da arquidiocese, após serem refletidos, foram iniciados ou dinamizados, sendo levados avante de forma organizada e com muito vigor por grupos de casais conscientes do dever de restaurar as famílias em Jesus Cristo. Outros serviços, como, por exemplo, grupos de recém-casados, pastoral de velhos, viúvas, mãe solteira, famílias de presos, etc., estão seriamente pensados e alguns deles já estão sendo colocados em prática. É claro que a dinamização dos serviços de pastoral familiar sempre irá depender da participação de casais dispostos a assumirem o encargo: "A messe é grande e os operários são poucos." O que tem feito a Pastoral Familiar? Apenas para testemunhar o entusiasmo com que está sendo conduzida a Pastoral Familiar, damos a seguir a atuação de alguns serviços:

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Encontros de Casais - Foram realizados 12 Encontros, que consistem de um dia e meio vividos pelo casal na Casa Dom Luiz, em Brodósqui. Os participantes são chamados a um balanço de vida conjugal, revigoramento da vida espiritual, bem como a conhecerem pistas para engajamento nesse apostolado. Quase 500 casais da diocese já passaram pelos encontros, sendo que, ainda no ano de 1975, 3 outros encontros foram realizados, dentre eles um exclusivamente para trabalhadores braçais. O casal responsável por este serviço é Winslow e Cecília (equipe 13). Semanas da Família- Mais de uma dezena foram realizadas nas paróquias da cidade e da região. Quase sempre, as Semanas da Família são programadas pelo·s que passaram pelos Encontros de Casais, cabendo ao grupo de pastoral enviar casais encarregados de proferir as palestras. O entusiasmo pelas Semanas da Família cresce a cada dia que passa. Recentemente, tivemos em Santa Rosa de Viterbo uma Semana da Família com a participação de 200 casais. Os responsáveis por este serviço são Mário e Ruth e Gabarra e Iris. Grupos Paroquiais - Poucas são as paróquias que não possuem grupos paroqma1s. São pequenas comunidades que se reunem buscando o crescimento no auxílio mútuo, no amor e, sobretudo, na vivência do Evangelho. Alguns desses grupos, já conscientes quanto ao sentido humano e cristão da família , bem como à missão que é chamada a realizar, assumiram responsabilidades de serviços pastorais junto às paróquias. O casal encarregado de formar grupos paroquiais e assisti-los na medida do possível é Jabali e Mariana (eq. 2). Encontms com Noivos - Durante vários anos, o casal responsável por este serviço foi Luci o e Marisa ( eq. 13) , dando todo o seu entusiasmo e vigor apostólico. Recentemente, o casal Ciciarelli e Rosa (eq. 7), assumiu o encargo, trabalhando também com entusiasmo e vigor. A meta pretendida pelos atuais responsáveis é que todas as paróquias da diocese formem grupos próprios para ministrarem seus Encontros. Sem dúvida, é a maneira mais eficaz para consolidar de vez a regularidade de tão importante serviço de pastoral. Relacionamento Familiar - É outro serviço, também muito importante na Pastoral Familiar. É uma espécie de S.O.S., onde os casais buscam orientações para a solução dos problemas do relacionamento conjugal e familiar. Este é um serviço relativamente novo na Pastoral Familiar e que funcio-na às 4as. feiras, das 20 às 22 horas. O casal Dutra e Maria Helena são os responsáveis (eq. 3) . -28-


Uma Semana da Família (Do Boletim)

"Tivemos a alegria de participar do encerramento da Semana da Família em Santa Rosa do Viterbo e pudemos sentir, durante a missa de encerramento da Semana, o calor e o entusiasmo de mais de 200 casais participantes. Pudemos sentir a descoberta que muitos faziam do valor do amor conjugal e da importância da família na construção do mundo de hoje. Não seria justo deixar de comentar e exaltar o trabalho de muitos casais que, deixando seus passatempos noturnos, se dispuseram a fazer palestras durante a Semana, num ato de perfeito amor cristão, e também daqueles que procuraram pessoalmente cada casal da cidade, convidando-os para participar da Semana. Medindo os resultados desse trabalho é que nos lembramos de que precisamos estar sempre disponíveis e, principalmente nós, que estamos engajados num movimento de espiritualidade conjugal, dando um pouco do nosso tempo para tantas famílias carentes de amor humano e de Deus. Quantos casais estão à espera de uma palavrinha, de uma abertura de coração, de apoio ou mesmo de uma tábua de salvação ... " Trabalho de periferia

A Equipe 5 continua trabalhando com casais da Vila Brandão. Reune quinzenalmente os casais e discutem o temário do Curso de Noivo·s, adaptado. Esses bate-papos são realizados aos domingos. Cecília e Emília, ambas enfermeiras, têm lá um grupo de mães, a quem ministram ensinamentos sobre os cu:dados dos filhos, higiene, primeiros socorros, alimentação. Quanto à Equipe 6, providencia a alimentação para os menores da Escolinha Vida Nova. Notícias do Curso de Noivos

Rosa e Ciciarelli, na direção dos Encontros de Noivos na Pastoral Familiar, estão estudando seriamente a remodelação e o aprimoramento dos mesmos, no que estão sendo ajudados por Mariângela e Sílvio. O pessoal das equipes novas já está se engajando nos Cursos, aumentando o número de "operários para a messe".

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MARíLIA -

"Mulher do ano"

Na Carta Mensal de Novembro noticiávamos o concurso promovido pelo Setor para a escolha da mulher que, em 1975, Ano da Mulher, mais se tivesse "destacado na comunidade pelas suas qualidades morais como esposa e mãe, na profissão, na cultura, na colaboração nas obras caritativas, promocionais e educacionais". Esse concurso visava sensibilizar a opinião pública da cidade para a valorização humana e cristã da mulher. Chega-nos agora a notícia de que a escolha recaiu sobre Conceição - Maria da Conceição B. Dias, esposa de Clóvis, da equipe n. 0 3 - aquela mesma de quem já ouviram falar duas vezes a propósito das Equipes de Viúvas. Comenta o Boletim: "Um fenômeno feito mulher, que acha disposição e tempo para tudo e para todos." Foi feita a solenidade da entrega do prêmio em Missa celebrada por D. Hugo Bressane de Araújo, Bispo de Marília, na Basílica de São Bento. Todas as pessoas votadas receberam lembranças. Quanto à homilia foi feita por. . . uma mulher, é claro - Ruth Baggio, da Equipe n. 0 11. ·

OUTRAS

Não há: não recebemos! ... E como não podemos inventá-las, hoje ficaremos nisto. Mas com um pedido aos Regionais e aos Responsáveis de Setor e Coordenação: por favor, mandem notícias! Peçam a um casal que se comunique com a Carta Mensal contando o que acontece no Setor. E não · deixem de mandar os seus Boletins!

EQUIPES NOVAS Porto Alegre

Mais uma equipe no Setor A de Porto Alegre, pilotada por Marília e Jorge.

Ribeirão Preto

Equipe 14, pilotada por José Mario, e Equipe 15, pilotada por Moema e Nelson.

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ENCONTRO DA REG!AO SUL EM BRUSQUE

Edy e Adherbal resolveram reunir os Responsáveis de Setor, de Coordenação e candidatos a responsabilidades futuras para uma troca de idéias e acharam que uma boa hora para fazê-lo seria o final das férias. O Encontro foi muito proveitoso, principalmente porque o Casal Regional, além de apresentar os seus planos para o ano, deu uma ênfase muito grande ao que os participantes tinham a dizer. Todos, pois, tiveram a oportunidade de colocar seus problemas, suas dúvidas, suas dificuldades e, num clima de total franqueza, suas queixas também. Esteve presente o novo Responsável pela ECIR. Rubens reputou o Encontro de grande utilidade para que, no início de uma nova gestão, se pudesse sentir, através dos Responsáveis, as aspirações da base e "conferir, confirmar ou corrigir o que a vivência desses anos tem proporcionado".

Já que o Encontro realizou-se nas férias, não podia deixar de encerrar-se com uma nota diferente: na praia de Camboriú, onde se passou o domingo em confraternização gostosa e também proveitosa, pois houve bastante tempo para encontros pessoais, que tornaram o Encontro mais produtivo. Parabéns a Edy e Adherbal pela iniciativa, pois é, segundo Rubens, "um exemplo digno de ser seguido". Mais uma prova, se preciso fosse, da vitalidade das equipes do Sul e de sua profunda disponibilidade.

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ORAÇÃO PARA A PRóXIMA REUNIÃO

Texto de Meditação -

Ef. 2, 4-10

Mas Deus, rico em misericórdia, pelo imenso amor com que nos amou , quando estávamos mortos pelos nossos pecados, nos .fez reviver com Cristo! Por graça é que fostes salvos! Com ele nos ressuscitou e nos transportou aos céus em Cristo Jesus! Quis mostrar, assim, aos séculos futuros as extraordinárias riquezas da sua graça, por sua bondade para conosco em Cristo Jesus. Pois pela graça é que fostes salvos, por meio da fé: não por vosso mérito, mas por dom de Deus; não por obras, para que ning,uém se glorie. Somos, com efeito, obra sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras que Deus predispôs que pratiquemos.

Oração litúrgica

Em ti pomos nossa esperança, Princípio de toda a criação. Abriste os olhos dos nossos corações a fim de que te · conheçam, Tu, o único Altíssimo, nos céus, o Santo entre os santos.

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1-

Nós te suplicamos, ó Todo-Poderoso, sê o nosso socorro e nosso defensor. Salva os oprimidos, tem piedade dos pequenos, levanta os que cairam, mostra-te aos que padecem necessidade, cura os enfermos, traz de volta os que se perderam, dá o alimento aos que têm fome, a liberdade aos prisioneiros; e que todos os povos reconheçam que só tu és Deus, que Jesus Cristo é teu filho, que somos o teu povo e ovelhas do teu redil. Dá concórdia e paz a nós e a todos os habitantes da terra, como deste a nossos pais, que te rogavam na fé e na verdade, submissos ao teu poder infinito e à tua santidade Só tu tens o poder de realizar estas coisas e outras maiores ainda. Nós te damos graças pelo sumo-sacerdote e protetor de nossas almas, Jesus Cristo. Por ele te sejam dadas glória e magnificência agora e de geração em geração e pelos séculos dos séculos. Amém.

São Clemente de Roma


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EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de casais por uma esp iritualidade conjugal e familiar

Revisão, Publicação e Distribuição pela ·Secretaria das EQUIPES DE N6SSA SENHORA 04538 -

Avenida Horácio Lafer, 384 SAO PAULO, SP

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Te!. : 210-1340

wmente para distribuição interna -


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