ENS - Carta Mensal 1975-9 - Dezembro

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NC? 9

1975

Dezembro

Editorial ..................... . ......... . .. . Família, célula da paz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Natai de Adultos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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1975, Ano Santo, Ano de Reconciliação . . . . • .

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A vocação apostólica da mulher . . . . . . . . . . . . Oração pelo Ano 2000 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . •

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A família de hoje .. . .. .. . . . . .. .. .. .. . . . .. ..

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O que vamos ler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • A importância da harmonia conjugal . . . . . . . .

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Deus não lira férias ... As Equipes da Austrália . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Um domingo diferente .. .. .. . .. .. . . .. .. .. .. Notícias dos Setores . . . . . .. . .. . . . . . . . . . . . . . .

29 31

Notícias internacionais . . . . . . . . . . . .. .. • . .. . . .

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Oração para a próxima reunião . . . . . . • . . . . . .

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O próprio Deus, fazendo-se homem para realizar o desígnio de nossa salvação, qwis nascer em uma família, pobre e humilde, e nela viver obscuramente a maior parte de sua vida. Foi numa família que Ele quis realizar sua experiência humana, participando plenamente de suas alegrias e sofrimentos e se identificando em tudo com nossa condição humana, menos no pecado. Foi a família que Ele quis consag{ar como a mais pura expressão humana do mistério trinitário de três Pessoas em um só Deus, mistério da mais perfeita distinção das pessoas na mais absoluta comunhão da natureza. ~ este mistério trinitário, em última análise, o protótipo da intercomunicação de amor que deve unir indissoluvelmente os que, no mundo, devem ser também a expressão viva da íntima comunhão divina.

(Conclusão do Documento da Comissão Representativa da CNBB, "Em Favor da Famflia")

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EDITORIAL

ACOLHER A PALAVRA

Tudo está pendente da Palavra de Deus. A começar pela Criação: "Deus disse" e as coisas são (Gen. 1). As coisas e o homem. Por seu Verbo criador, Deus realiza o homem. "Tudo foi feito por ele e sem ele nada se fez de tudo o que foi criado" (Jo. 1, 3). E é este mesmo Verbo, e só ele, que poderá, assumindo a nossa carne, realizar também a nossa Redenção: "nesses últimos dias, Deus nos falou por meio de seu Filho" que, "depois de realizar a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade" (Heb. 1, 1-4) . Esta Palavra de Deus que nos cria e que nos salva, esta Palavra que, ao mesmo tempo, é reveladora e operante, solicita a nossa adesão e a nossa acolhida, convida a nossa liberdade a dizer-lhe "sim", um sim como o soube dizer Maria: "Seja feito em mim segundo a tua palavra" (Lc. 1, 38). Por que, então, muitas vezes nos é tão difícil acolher a Palavra de Deus? E por que este acolhimento é sempre tão imperfeito? Talvez não estejamos suficientemente convictos de que Alguém tem alguma coisa a nos dizer, alguma coisa que nos diz respeito. Principalmente, pouco nos preocupamos em adquirir aquelas disposições pessoais que Cristo põe em destaque ao explicar a parábola do Semeador (Me 4, 14-20 e parai.). Acolher a Palavra, com efeito, implica em estarmos pessoalmente dispostos a ouvi-la, observá-la, cumpri-la. Escutar a Palavra, isto supõe que a ela estejamos atentos. E talvez seja esta uma das dificuldades maiores que encontramos. Em primeiro lugar, porque somos constantemente assaltados por um dilúvio de palavras: jornais e revistas, rádio e televisão, canções que martelam os nossos ouvidos, discussões que se eternizam, intermináveis chamados ao telefone. . . Que lugar resta para as "palavras de vida eterna" (Jo 6, 68) que só o Filho de Deus possui e pode nos fazer ouvir? Além disto, mesmo -2---,


quando encontramos o tempo e a força de ouvir estas palavras, como é difícil deter nelas a nossa atenção; temos facilmente a impressão de que já as conhecemos, que já sabemos o que nos querem dizer; e passamos adiante, contentando-nos com este conhecimento superficial. Na realidade é preciso levar em conta algo de mais fundamental: nossa inconstância e nossa versatilidade; e assim, com freqüência, o que entra por um ouvido logo sai pelo outro! A atenção é desviada pela superabundância das palavras, embotada pela impressão do "já visto", sempre ameaçada pela nossa superficialidade intrínseca. Sim, precisamos fazer reais esforços para nos libertarmos, para renovarmos o nosso olhar, para aprofundarmos incessantemente os nossos conhecimentos. Porquanto, se não cuidarmos, acabaremos nada ouvindo. Além disto, escutar não é suficiente: importa ainda passar para os atos. Jesus chega a comparar com um louco aquele que, tendo ouvido a Palavra, não a põe em prática (Mt 7, 26). Inúmeros são os trechos do Novo Testamento que acentuam esta necessidade de "guardar" a Palavra, de observá-la, de a pôr em prática. Quer dizer que ela não é simplesmente objeto de saber. É manifestação da glória de Deus, de seu desígnio de salvação dos homens, de sua vontade. E, sob este aspecto, reclama de nós adesão e obediência: somente sob esta condição é que será para nós "espírito e vida" (Jo 6, 63). Ora, temos sempre a tentação de moderar a nossa adesão e medir a nossa obediência. É assim que ora esta palavra parece muito "dura" (Jo 6, 60) à nossa prudência humana que procura esquivar-se, ora, pelo contrário, procuramos estabelecer uma regra a ser cumprida literalmente e que nos dispense de apreender a exigência profunda da Palavra, que é algo mais do que a simples observância da Lei, no que os Fariseus são exímios. Por vezes a mensagem parece por demais elevada para nós e contentamo-nos em admirá-la. Outras vezes esforçamo-nos em ajeitá-la segundo o nosso ponto de vista, de modo a justificar as nossas posições e apresentar como absolutas opções q:ue são apenas contingentes. Assim, em vez de observar a Palavra, nós a aprisionamos; instauramo-nos como juízes da Palavra, ao passo que é ela que nos deve julgar. Quisemos simplesmente lembrar as disposições pessoais de atenção, de aplicação prática que o acolhimento da Palavra exige. Neste domínio podemos nos entreajudar mais, ao nível do casal ou da equipe. Seria preciso, evidentemente, destacar outros aspectos, como, por exemplo, a dimensão comunitária deste acolhimento dentro da Igreja; o liame entre o acolhimento e o anúncio da Palavra e, principalmente, o caráter específico desta Palavra.

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As palavras humanas repercutem, para depois se apagarem; é em vão que, seja pela imprensa, seja pela gravação sonora, procura-se conservar-lhes uma certa atualidade: as palavras humanas têm o seu tempo. A Palavra divina, ela, não envelhece: não cessa de repercutir suscitando manifestações sempre novas da inteligência e comportamentos sempre renovados. É que esta Palavra é uma pessoa, o Verbo encarnado, sempre vivo, que veio proclamar uma Boa Nova que não é um texto para ser lido, mas uma vida a ser vivida e comunicada. Nas últimas páginas de um livrinho precioso, "L'Evangile dans l'Eglise" (O Evangelho na Igreja), o Pe. Bernard Sesboué nos convida a contemplar e a admirar: "O Evangelho é belo, porque é a manifestação da glória de Deus no meio dos homens; é belo, porque é o risco deliberadamente aceito pelo desígnio de amor do Pai que entregou seu Verbo aos homens e, pelo dom do Espírito, confiou a homens o cuidado de serem os portadores de um poder de vida que os ultrapassa. . . O Evangelho é belo, porque é sempre um acontecimento presente: o acontecimento em que se fundamenta - a morte e a ressurreição de Cristo torna-se e permanece acontecimento dentro da Igreja, é celebrado na Eucaristia, vivido e partilhado pela multidão daqueles que, no decorrer dos séculos, aceitaram perder a própria vida por causa do Cristo, a fim de ganhá-la".

ROGER TANDONNET, s.j .

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FAM íLIA,

CÉLULA DA PAZ (Do Oss. Romano)

A paz é a plenitude da vida humana nesta terra; é a expressão, na vida associada, daquela fraternidade que torna todos nós partícipes da família de Deus. Mas, dado que esta família é numerosa e bastante diversificada na sua variedade, torna-se obra difícil realizar a paz. Cada cristão deve esforçar-se por transformar o mundo e por torná-lo não um lugar fechado, mas a casa dos homens. O resultado, porém, não o podemos alcançar apenas com as palavras, mas trabalhando concretamente em favor da justiça, colaborando na transformação das estruturas da sociedade, influindo sobre a opinião pública. E cada um de nós pode fazer alguma coisa para a consecução de tudo isto. Mas é necessário, também, e talvez em primeiro lugar, transformar a mentalidade do homem. Importa extirpar o instinto de Cairo que existe em cada um de nós, qualquer que seja a forma em que se apresenta; precisamos nos subtrair à lógica da sobrevivência do mais forte na luta pela vida, à regra bruta do egoísmo, para voltarmos a encontrar o sentido da solidariedade que exige não só o recíproco respeito, mas também o desejo de entendimento, a mútua doação, a capacidade de sacrifício. Neste sentido, a família é também uma célula essencial de paz, não só porque, sendo destinada a transmitir e fazer crescer a vida, é radicalmente contrária ao espírito de Cairo, que é espírito de morte - mas porque é célula na qual se aprende que só na recíproca doação, caracteres, mentalidades, sexos e gerações diferentes podem encontrar-se numa comunidade alegre que não anula as diversidades mas as torna - na consciência da necessidade do sacrifício de cada um - contribuição para o enriquecimento de todas as pessoas.

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Não se trata apenas de um empenho educativo de pais cristãos, que deveriam saber educar as novas gerações para a paz pelo menos com o mesmo ardor com que as mães de Esparta educavam os próprios filhos para a guerra. Trata-se de viver quotidianamente a vida da família de modo que ela se transforme em centro de irradiação de paz, ou seja, de amor. Também na família não faltam as tensões, as dificuldades, às vezes as incompreensões. Contudo, na "aliança" na qual se baseia a família, e que é imagem da aliança de Deus com o Seu povo, existe uma força capaz de converter também tudo isto - através de uma doação completa de si próprio e do necessário espírito de sacrifício - na alegria do encontro e na conquistada serenidade da paz. É significativo que se fale exatamente de família humana quando se quer fazer referência a esta esperança de uma pacífica convivência entre todos os homens. Mas esta expressão torna-se simples retórica se cada família, se a nossa própria família não for capaz de ser fermento de amor e força de paz. O mundo transformar-se-á e tornar-se-á casa para o homem se as estruturas e os modos de vida garantirem a verdadeira dignidade e fraternidade de todos. Mas, para que assim seja, é necessário também que os homens sejam capazes de se reconhecerem como irmãos, de viverem uma vida de família. E não há nada melhor do que as famílias para ajudar os homens a viverem uma vida de família.

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NATAL

DE

ADULTOS

Fala-se muito hoje em recristianizar o Natal. Isto é bom. Cada um de nós anseia por menos manifestações exteriores sem poder acabar com elas de uma vez, esforçando-nos para insuflar-lhes um sentido cristão. Isto é ótimo. E, na medida em que vamos nos libertando da preparação exterior da festa, podemos dedicar-nos melhor à sua preparação interior. No entanto, é difícil desligar e, embora querendo, no fundo , muitas vezes acabamos achando mais cômodo dedicar-nos a enfeitar a casa do que a preparar os nossos corações para a Vinda. . . E fazemo-nos a pergunta, que parece ridícula, mas que significa, simplesmente, que desaprendemos a preparação interior: o que é, afinal, o Natal? E ficamos perplexos, diante do Presépio que, como todos os anos, nós mesmos armamos, numa rotina que pode ter-lhe esvaziado o sentido. Primeiro, vejamos o que o Natal não é. Não é uma simples comemoração de um fato do passado. Embora tenha realmente nascido naquela gruta em Belém, há cerca de 2.000 anos, Jesus nasce novamente, a cada momento, no coração dos homens. O Natal nos lembra que Ele nasceu então para nós, que vivemos hoje, para o irmão, que vive ao nosso lado e nem sabe o que isto significa. O Natal também não é uma festa destinada a nos comover. O presépio nada tem de "bonitinho": o menino envolto em trapos no chão frio de um estábulo lembra-nos que "não havia lugar para eles na hospedaria". Podia ter acontecido de baterem à nossa porta e nós provavelmente também os deixaríamos de fora. E quantas vezes nós O deixamos de fora porque é mais fácil? Em outros termos, o Na tal não é uma festa para crianças. Exatamente como a Páscoa, é uma alegria para adultos. Impossível separar o mistério da Encarnação do mistério da Redenção. Um contém o outro por inteiro: este Menino-Deus que nasce em Belém causando a admiração dos magos e dos pastores é o

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mesmo que morre na Cruz para nos salvar, em meio ao desprezo, ao abandono, à gozação, para depois ressuscitar na glória. E o que é o Natal? Antes de mais nada, um questionamento. Rememorando o nascimento do Salvador, não podemos deixar de nos perguntar o que fizemos nós, cristãos, da mensagem daquela noite em Belém. Na gruta havia apenas alguns pastores e três magos vindos do Oriente. E hoje? Dois mil anos depois, quem está diante do Presépio? Quantos estão na igreja, celebrando o acontecimento que de tal forma influiu nos destinos da humanidade, que, daí por diante, os anos contaram-se "antes" e "depois"? Sim, vinte séculos depois, quantos se prostram diante do Menino, vendo nele o Rei dos Reis, o Deus todo-poderoso? O que fizemos nós para levá-los a Belém? Será que não nos esquecemos de ser estrela? O Natal é, pois, um compromisso. Um compromisso para sermos luz, luz para nossos filhos, luz para nossos irmãos, apontando-lhes o caminho para a "Luz verdadeira que vem a este mundo". E como serema.s luz? Exatamente abrindo-nos para essa Luz que ilumina todo aquele que se deixa penetrar e transfigurar por ela. Cada Natal é isso: um novo nascimento do Cristo em nós, para que possa nascer para nossos irmãos. Preparar-se para o Na tal significa, pois, preparar-se para acolher a Luz. E isto se faz no silêncio, no recolhimento, na reflexão, na oração. Temos quatro semanas para isso. Quatro semanas apenas para "despertarmos do sono", para ''aterrar vales e derrubar montanhas", examinar-nos e, humildemente, reconhecendo a densidade das nossas trevas, pedir a Deus que as transforme em luz. Na companhia de João Batista, do Profeta Isaías e principalmente de Maria, fazer-nos um coração cheio de expectativa. E Ele virá . .. Ccmo O recebermos? Na alegria anunciada pelos anjos, mas também na adoração. Na gruta de Belém, tudo era silêncio: Maria, José, os pastores, os magos, todos a contemplar a Criança, vendo nela, com os olhos da fé, o Messias tão ansiosamente aguardado. Quadro que contrasta com toda essa barulheira que se faz por aí. .. Tentemos manter em nossa alma um cantinho de silêncio, em nossa casa alguns momentos de silêncio, quando, todos juntos, pais e filhos, nos prostraremos de joelhos, também nós, para adorar o Filho de Deus feito homem para nos salvar. Alegria e adoração. Alegria sem espalhafato, alegria essencialmente espiritual. O centro de tudo deve ser Ele. O ponto alto da festa, a Missa. Tudo o mais é acessório - pode ser bonito, mas não deixa de ser folclore. E depois? Já que resolvemos não sermos mais daqueles que se exauriram tanto em preparativos materiais que nem tiveram

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tempo para Ele e passaram ao lado do essencial, a festa do Natal não termina no dia 25 à noite. Poder-se-ia fazer um paralelo entre Batismo e Confirmação - entre Páscoa e Pentecostes e entre N atai e Epifania. Da mesma forma que o cristão só assume o seu papel de testemunha depois de receber o Espírito, o Natal só tem sentido se for completado pela Epifania - isto é, o nascimento dé Cristo precisa ser prolongado pela manifestação, pela proclamação de sua vinda. E isto é tarefa para todos os dias da nossa vida. Os magos foram um sinal para que os via passar, cansados e poeirentos, mas teimosos em sua caminhada: apesar das dificuldades, iam cheios de esperança e voltaram cheios de alegria. Assim também nós devemos ser sinal: buscando, encontrando, adorando e refletindo em nosso semblante a alegria do encontro. E proclamando, como fizeram os anjos: "Meu irmão, alegre-se, pois Deus fez-se homem para nos salvar. Ele que é Pai, veio para você, para mim, para todos os homens." Veio há dois mil anos. e ainda vem, hoje, todos os dias .

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1975 -

ANO SANTO -

ANO DE RECONCILIAÇAO!

Quantas vezes, mesmo na própria C.M., este fato já foi mencionado. Não pode ser demais. Todo ano festejamos os dias de Natal e de Páscoa e todo ano a Igreja considera necessários os respectivos tempos de preparação do advento e da quaresma, pois somos humanos e esquecemos facilmente mesmo aquilo que é importante. A reconciliação é única mas, para ser completa, ela se realiza em três planos:

em relação a nós mesmos, em relação aos outros, em relação a Deus. Correspondendo à ordem indicada, traduzimos um trecho dum teatrólogo, uma poesia e citamos duas passagens do evangelho.

1)

Reconciliação consigo mesmo:

O conhecido teatrólogo Arthur Miller escreve numa das suas peças:

"Sonhei que a minha vida era uma deformada - e eu fugi. Ela, no entanto, no meu colo. Pensei: se puder beijá-la Inclinei a cabeça. . . era horrível, mas a satisfeito e dormi."

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criança, mas ela era se aninhava cada vez talvez possa dormir. beijei. Então estava


2)

Reconciliação entre os homens: "Perdoar é libertar alguém dar outra chance a alguém de renovar-se. Perdoar é estender a mão a alguém a fim de que ele supere a sua fraqueza. Perdoar é levar o sol é derrubar o muro é construir uma ponte é retomar contato é consertar. Perdoar é amar novamente o outro como a si mesmo. Pedir perdão é embolsar a própria pretensão e reconhecer que você necessita do amor. Perdoar é mais uma vez dar razão ao amor.

(Ward Bruyninckx)

3)

Reconciliação aos olhos de Deus:

"Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Ele aproximou-se do primeiro e disse: 'Filho, vai trabalhar hoje em minha vinha.' Ele respondeu: 'Senhor, eu vou', mas não foi. Ele aproximou-se do segundo e disse a mesma coisa. Este respondeu: 'Não quero'. Mais tarde, porém, arrependeu-se e foi." (Mt. 21, 28-31) -11-


"Estava ainda longe quando o pai o avistou, foi tomado de compaixão, correu-lhe ao encontro, abraçou-o e cobriu-o de beijos. Disse-lhe então o filho: 'Pai, pequei contra o céu e contra ti, já não mereço ser chamado o te-w filho!' Mas o pai ordenou a seus servidores: 'Trazei depressa a melhor roupa e revesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei também o novilho gordo, matai-o, comamos e façamos uma festa porque meu filho estava morto e voltou a vida, estava perdido e foi encontrado! . .. ' E começaram a festa." (Lc. 15, 20-25)

Se você não pode dar o que não tem, se você não está reconciliado com os outros, você não pode reconciliar-se com Deus. Daí se vê que a ordem não é apenas cronológica mas t ambém hierárquica.

Con. Constantino W. M. Van Veguel

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ANO INTERNACIONAL DA MULHER

A

VOCAÇÃO

APOSTóLICA

DA

MULHER

A Bíblia, como toda a revelação cristã, proclama que o homem e a mulher são iguais diante de Deus: igualdade de seres criados para Deus, igualdade de filhos de Deus. (Cardeal Marty) Essa "igualdade de seres criados para Deus" implica numa igualdade de responsabilidade diante da mensagem a ser transmitida. Se, no Antigo Testamento, a mulher é vista principalmente como a que gera, a que perpetua a linhagem, mesmo como esposa e mãe chega a influir nos acontecimentos da história do Povo de Deus. V árias são as figuras femininas que se destacam no Antigo Testamento: Sara, Rebeca, Raquel, Débora, Judite, Ester. No entanto, é só no Novo Testamento que a mulher adquire a sua plena estatura - não uma ou outra mulher excepcional, como no A.T., mas a mulher como tal. Torna-se definitivamente igual ao homem diante de Deus. É Jesus quem opera essa revolução, que será confirmada por Paulo e pela Igreja primitiva. Jesus, com Maria, sua Mãe, a primeira entre todas as mulheres. Começa desse fato assombroso: entre os discípulos de Jesus não há somente homens - a "equipe" dos apóstolos é composta também de mulheres: "Iam com ele os Doze e algumas mulheres que haviam sido libertadas de espíritos malignos e de enfermidades ... " (Lc. 8, 2). Estarão também presentes na "equipe" do Cenáculo (At. 1, 14). Em determinadas ocasiões, só haverá mulheres em torno de Jesus: no caminho do Calvário e ao pé da Cruz, ao lado do único varão que foi até o fim, João, o discípulo bem-amado. Como também serão mulheres as primeiras testemunhas da Ressurreição. -13-


É a uma mulher, a Samaritana, que Jesus revela que é o Messias. E é uma mulher que há de declarar, numa profissão de fé que lembra a de Pedro: "Creio que tu és o Messias, o Filho de Deus ... " (Jo. 11,27). Elas acreditam espontaneamente, instintivamente. E também intuitivamente: Maria, pressentindo aquilo que os discípulos não entendiam, corre a ungir Jesus "para a sepultura".

Companheiras de todos os momentos, testemunhas da vida de Jesus, dos seus milagres, da sua morte e da sua Ressurreição, as santas mulheres têm missão especial de anunciá-lO: "Ressurgiu o Cristo, minha esperança!" A elas, como aos apóstolos, foi dado conhecer o Dom de Deus, ouvir-Lhe a Palavra - a elas também será dado proclamá-lO. E assim farão as mulheres dos Atos dos Apóstolos, as colaboradoras de Paulo nos diversos núcleos da Igreja primitiva. Em torno de Maria, tomando-a por modelo. Não se pode esquecer que, no meio das santas mulheres, havia Maria. Presença escondida, humilde, sem alarde, mas presença eficaz. Modelo de acolhida da palavra, de resposta na fé e no amor, de introdução ao mistério, de aceitação da Cruz e de esperança na Ressurreição. Maria presenteou o mundo com o seu Filho em Belém - e dEle recebeu, de presente, na Cruz, a humanidade. Para dar-lhe, eternamente, esse mesmo Filho. Não é outra a vocação apostólica da mulher: dar Jesus ao mundo, a exemplo de Maria. Para isso, as mulheres, no Cenáculo receberam o Espírito. Depende de nós, e da nossa equipe, que Ele desça sobre nós também .

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ORAÇÃO PELO ANO 2.000 Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro se, depois, perde a sua alma? (Mt. 16, 26) Ano 2.000 Tempo de tenor ou primavera do amor? A tomo: triunfo do homem ou força da humanidade? Senhor, socorro! Já detentores de uma parcela do Vosso poder, eis-nos diante de Vós, pobres, frágeis, mais vulneráveis que nunca, envergonhados das nossas consciências remendadas e dos nossos corações despedaçados. Senhor, tende piedade de nós! Erguemos igrejas, porém a nossa história é uma guerra sem fim; construímos hospitais, porém aceitamos, para os nossos irmãos, a fome. Perdão, Senhor, pela natureza espezinhada, pelas florestas assassinadas, pelos rios envenenados . .. Perdão pela bomba atômica, pelo trabalho em cadeia, pela máquina que devora o homem e pelas blasfêmias do amor. Nós sabemos que Vós nos amais e que a esse amor devemos a vida. Arrancai-nos da asfixia dos corações e dos corpos. Que os nossos dias não sejam mais conspurcados pela inveja e a ing'l'atidão, pelas terríveis escravidões do poder. -15-


Dai-nos a felicidade de amar o nosso dever. Faltam, no mundo, milhões de médicos: dai a vossos filhos a inspiração de cuidar. Faltam, no mundo, milhões de professores: dai a vossos filhos a vocação de ensinar. A fome tortura três quartos da terra: dai a vossos filhos a vocação de semear. Os homens fizeram, no último século, cerca de cem guerras: ensinai os vossos filhos a amarem-se uns aos outros. Porque, Senhor, não há amor sem o Vosso amor. Fazei que, cada dia e por toda a v ida, na felicidade, na dor, nós sejamos irmãos, irmãos sem fronteiras. Então os nossos hospitais serão também Vossas catedrais e os nossos .laboratórios testemunhas da Vossa grandeza. No coração dos antigos proscritos resplandecerão os Vossos tabernáculos; então, não aceitando outras tiranias a não ser a da Vossa bondade, reflorescerá, na paz e na justiça, a nossa civilização martirizada pelo ódio, pela violência e pelo dinheiro. Assim como a alva se torna aurora, e depois dia, faça o V osso A mor que os filhos do Ano 2.000 nasçam na esperança, cresçam na paz e depois se extingam na luz. Para Vos reencontrarem a Vós, a Vida. RAUL FOLLEREAU

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A FAMÍLIA DE HOJE

Dentro deste tema, o Pe. Benedito Beni dos Santos, de Taubaté, abordou com felicidade e objetividade o ajustamento conjugal e o relacionamento pais e filhos, no Retiro conjunto dos equipistas de Guaratinguetá e Aparecida. Eis um resumo das suas palestras.

Destacou inicialmente o Pe. Beni as duas pos1çoes dominantes nos dias de hoje: aquela em que a família é exaltada e aquela em que a família é condenada. Sendo a família a primeira comunidade social, torna-se mediadora entre a intimidade do lar e a sociedade, exigindo uma grande solidariedade, que supera qualquer análise. Mas a família, às vezes, torna-se absorvente, impedindo que seus membros se realizem plenamente; daí a grande necessidade dos pais estarem aptos a educar seus filho·s para viverem por si e saberem o momento de renunciar à sua autoritária tutela sobre eles. A família transfere seus vícios para a sociedade: a criança, recebendo uma educação errada ou exemplos negativos dos adultos, poderá adquirir, no futuro, um comportamento anti-social, com desajustamentos, delinqüência e outros resultados negativos e prejudiciais à sua personalidade e à sociedade. "Se toda a família for sã, a sociedade, como um todo, será igualmente sã." Destacou ainda o Pe. Beni o perigo do homem transformar a família em refúgio egoísta, ignorando as dificuldades de seu próximo. Analisando a família através do tempo, chegou o Pe. Beni ao tipo da família atual: nuclear ou conjugal. E abordou "a

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juventude no mundo de hoje". No Brasil, na realidade estatística, predomina a população jovem, isto é, pessoas com menos de vinte anos de idade. Os modernos meios de comunicação de massa criaram uma verdadeira consciência de classe, agravando a tradicional divisão entre o mundo jovem e o mundo adulto, agravando o "conflito de gerações", que sempre existiu. É importante que analisemos os fatores deste conflito para diminuir tal choque. O Pe. Beni esclarece que toda criança, em sua evolução social, é inicialmente dependente da autoridade familiar, não só no afeto como em tudo. O jovem anseia por autonomia, o que muitas vezes se dá através de crises, que, em última instância, são benéficas, pois conduzem ao amadurecimento. Chegará fatalmente o instante em que o jovem não aceitará uma estrutura imposta pela força da autoridade; desejará comportar-se de acordo com a sua razão, conforme os ditames de sua própria consciência. Para tanto, ele precisa estar devidamente educado, sentindo-se aceito por seus pais e traçando ele mesmo suas experiências, pois, mesmo através de erros, pode-se aprender. O jovem de hoje é, naturalmente, um reformista: deseja mudar o Mundo, muito embora não saiba o que mudar nem como mudar. Precisa, pois, de uma grande dose de compreensão, de diálogo e de amor. Tudo isto envolve uma opção entre dois sistemas: a educação proibitiva e a educação permissiva. Na primeira, quase tradicional, a criança e mesmo o jovem são tratados com extrema severidade, quase tudo lhes sendo negado. No futuro, provavelmente serão revoltados. Na segunda, moderna, permite-se tudo à criança e ao jovem. No futuro, as conseqüências serão igualmente maléficas: desajustados sociais ou neuróticos.

Entre estes dois extremos, impõe-se a adoção do bom senso com uma educação aberta, liberal, com os pais descendo ao nível do filho, apontando os erros, elogiando os acertos, incentivando as iniciativas, deixando-o errar, embora alertando-o das conseqüências, conduzindo-o, enfim, com humildade e amor. Esclarecendo "as condições para uma boa educação", o Pe. Beni estabeleceu o conceito de educar, que, basicamente, seria o preparo para a vida, em sentido prático, a própria vivência. Se informar é transmitir conhecimentos, educar é formar a personalidade, é transformar, pela prática de todos os dias, a tendência natural de uma pessoa até a sua maturidade, tornando-a capaz de amar. Educar seria, portanto, dar condições indispensáveis, vitais, para que a criança vença seu egoísmo natural, que quer apenas receber, para ser capaz de dar e amar

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também. É mantendo um relacionamento deste nível que as pessoas podem ser consideradas educadas. Referindo-se à paternidade responsável, disse que seria a primeira grande condição para uma boa educação. Não basta gerar os filhos, é preciso cuidar deles, física, moral e psiquicamente: em uma palavra, amá-los. O caminho é o diálogo, de máxima importância num mundo em que as categorias estáticas estão desaparecendo, onde a troca de idéias e as mudanças de valores acontecem com freqüência. Somente o diálogo possibilita a vivência comum. Em um mundo pluralista, com o encontro de diversas culturas, somente o diálogo torna possível a permanente re-educação para a vida social. Nem sempre é fácil o diálogo, no entanto. Deve-se superar: -

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a dificuldade natural que cada um tem para comunicar-se; as diferenças psicológicas decorrentes do sexo: o homem é silencioso e frio dentro do lar, a mulher é extrovertida e emotiva; a mentalidade patriarcal que ainda persiste, pois, quando só o homem decide e manda, não há condição para o diálogo; o medo infantil e bem freqüente de mudar de posição; a educação recebida, geralmente encaminhada para o monólogo; é preciso humildade para aceitar a verdade e pac~ência para aceitar o outro, com suas imperfeições; o objetivo do diálogo é aproximar e não transformar; finalmente, é preciso intuição para achar o "momento oportuno".

Quanto à técnica do diálogo, o Pe. Beni destacou a necessidade de se conversar com calma, pois a emoção é prejudicial. Dentro deste tema, considerou "o dever de sentar-se", que é um diálogo, embora com características diferentes, pois deve ser mais profundo, feito dentro de um contexto espiritual, em clima de oração, com total desarmamento de ânimos. Não se trata de examinar e apontar, criticamente, a vida do outro côniuge, mas, principalmente, de examinar-se a si mesmo com a "ajuda" do outro, chegando os dois a uma comunhão espiritual. O homem tem necessidade de orar. Não o fazendo, torna-se alienado, daí a imperiosa contingência de desenvolver seus im-19-


pulsos espirituais através da oração, da meditação e do "dever de sentar-se". Abordando a "educação sexual", Pe. Beni lembrou que a informação, como meio de conhecimento, é secundária. Educação sexual seria dar à criança condições de superar seu egocentrismo, amadurecendo e fazendo de sua sexualidade a expressão do amor. O ponto essencial é "quebrar os tabus". Nossa civilização ocidental apoia-se sobre valores de povos antigos, cuja cultura dava importância à razão e características de vergonhoso ao que se fundamentasse no instinto. Preferia-se desconhecer o sexo como se ele não existisse. Para bem educar, é preciso falar com os filhos sobre os problemas do sexo, com naturalidade, sem proibições e tampouco sem permissividades. Também é necessário esclarecê-los sobre homossexualismo. Falando sobre "educação religiosa", salientou que a religião cristã é uma religião filial, um relacionamento estreito entre Deus Pai e Cristo, o Deus Filho. O homem relaciona-se como filho ao Deus Pai. Nossa principal oração é o "Pai Nosso". A seguir, deu, com diversos exemplos práticos, orientação para encaminhar a criança e o jovem a conseguirem realizar os seus impulsos religiosos, formando devoções verdadeiras e não uma devoção de fachada, para uso externo.

(Colaboração de Marly e Armando, da Equipe n9 2 de Guaratinguetá)

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O QUE

VAMOS

LER

"EVANGELHOS QUE INCOMODAM"- Alexandre Pronzato, Edições Paulinas, Coleção "Oração e Ação nova série", 1973.

Para qualquer cristão seria leitura profícua este livro do sacerdote italiano, Pe. Alexandre Pronzato; para nós, equipistas, é duplamente proveitosa porque nos apresenta um texto evangélico seguido de comentário. Não se trata de comentário exegético, nem de meditação espiritual, mas de reflexões práticas e aplicadas à vida diária, hoje, neste nosso Ocidente "cristão". É como se o autor dissesse: eis a mensagem - e nós, o que fizemos dela? É um livro exigente, questionador, que mexe, como deixa entrever o título, com nosso comodismo. É também de uma riqueza muito grande: quantos aspectos novos em trechos que pensamos conhecer. Na verdade, parece que agora é que os descobrimos pela primeira vez. Tinham muito mais a nos d.zer que supúnhamos, ou algo bem diferente ... É de uma leitura tão gostosa que a grande tentação é seguir em frente. Mas é preciso deter-se para pensar, porque o livro foi escrito exatamente para isso: o que leio dirige-se a mim ...

Nesta época de presentes, eis um bom presente para você mesmo: compre para a esposa ou o marido e peça emprestado!

M.D. -21-


"A ORAÇAO NO MUNDO SECULAR"- Leonardo B off, Adernar Spindeldreier e Hermógenes Harada, Editora Vozes, Petrópolis, 1972.

Este livro reune estudos de três professores do Instituto Filosófico e Teológico Franciscano. O primeiro é de autoria de Frei Leonardo Boff. Intitula-se "A Oração no Mundo Secular: Desafio e Chance". Nesse trabalho, o autor procura desvendar a "gênese da crise de oração hoje". Tenta "desenvolver dois modelos de como rezar hoje, sem ter que deixar o mundo, mas fazendo deste uma verdadeira escada de Jacob, que nos eleva até Deus". E toda esta temática é desenvolvida numa série de 9 capítulos, nos quais está contida matéria para preciosa leitura e meditação. O segundo estudo, de autoria do Fr. Adernar Spindeldreier, é dedicado aos "Aspectos psicológicos da Oração e Meditação". É um convite à auto análise e auto-crítica de nossas atitudes de oração, diz o comentarista na Introdução da obra. E acrescenta: "Não dizíamos nós que a oração liberta o homem de si mesmo para Deus?" O terceiro estudo, finalmente, tem por título "Reflexões de quem não sabe o que é a oração", de autoria do Fr. Hermógenes Harada. Ali transparece a verdadeira autenticidade da oração. Esse terceiro estudo nos ensina realmente as características da oração neste mundo de hoje. O livro, após cada estudo, nos apresenta lindas orações. Merece ser lido com cuidado, carinho e espírito de meditação.

Frei Estevão Nunes

"PREPARE SEUS FILHOS PARA O FUTURO"- João Mohana, Editora Globo, 1973.

É este o título do livro com que Mohana, médico e sacerdote nortista, presenteia a família brasileira. Na medida em que os pais se compreendem ou se desentendem, concordam ou divergem, terão filhos mais ou menos preparados para viver. Mohana nos orienta também acerca da educação espiritual, fundamental para nós equipistas que nos propusemos viver uma espiritualidade conjugal, base da espiritualidade de nossos filhos.

D.P.S.

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A

IMPORTÂNCIA

DA

HARMONIA (Do

CONJUGAL Boletim "0 Equipista")

A graça sacramental do matrimônio é, antes de tudo, uma graça de união. Casar-se diante de Deus é dirigir-se um ao outro, à maneira de dois afluentes que correm para o mesmo rio, sem que se possa dizer, à primeira vista, qual é a água de um, qual a do outro. Da mesma forma, no casamento, o amor aspira, espontaneamente, à fusão dos que se amam. Quando se casam, geralmente os cônjuges acreditam que seu amor seja indestrutível e que essa fusão será natural. É preciso lembrar, entretanto, que cada um leva consigo a sua individualidade, a qual, se não for bem equilibrada, poderá tornar-se semente de discórdia entre os dois. Manifestações dessa individualidade seriam o egoísmo, a preocupação com a felicidade pessoal, o desejo inconsciente de mais receber do que dar, princípios morais e procedimentos diferentes. Quando surgem problemas, por menores que sejam, vêm então à tona as fraquezas e defeitos de um a chocarem-se com os outros, acumulando-se as decepções, os desencantos. Como seria possível, então, equilibrar essa individualidade, que muitas vezes leva à desunião? Através de diálogo, da discussão produtiva, feita com amor, discreção, confiança e respeito mútuo, sem que fique sufocada a personalidade de cada um. É importante que o casal se lembre sempre de que a harmonia conjugal é responsável pela felicidade do lar. Num lar em que há harmonia, onde são satisfeitas as necessidades do espírito, onde se pratica a religião em consc1encia, onde se vivem os ensinamentos de Cristo, a família sente-se segura. Acha-se ao alcance de todos a possibilidade de ter uma família formadora de personalidades, família que seja baluarte contra o vício, a depravação, a delinqüência, família onde se adora a Deus e que seja verdadeira luz na comunidade. Por isso são necessários boa vontade, interesse, renúncia, abnegação e uma constante busca dos melhores métodos para converter os ideais em realidade.

Mary e Adilson (Equipe nQ 7, Ribeirão Preto)

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VIDA DE EQUIPE

DEUS NÃO

TIRA

FÉRIAS ...

Que diríamos nós se Deus um belo dia nos dissesse: "Olhem, vocês tratem de se virar durante uns tempos porque estou cansando e vou sair de férias"? Já imaginaram a confusão? Era o mesmo que Deus não ser mais Deus! Mas não, Ele está sempre aí, de plantão, e podemos bater à sua porta quando quisermos. Se Deus nunca tira férias de nós, nós também não podemos tirar férias de Deus. Ora, muitas vezes somos levados a achar que durante as férias podemos tirar férias das nossas obrigações espirituais . .. Embora a equipe esteja de recesso, a vida de equipe continua. Continuamos ligados uns aos outros pelo pensamento, pela oração, pela promessa assumida de aperfeiçoar-nos juntos. Nosso horário e nossa maneira de fazer as coisas podem mudar, mas não podemos deixar de fazê-las: o Magnificat diário, a oração em família, a leitura do Evangelho, o dever de sentar-se . .. Isto posto, poderemos constatar que o ritmo diferente, a calma, o afastamento do reboliço da cidade favorecem inclusive uma redescoberta, um "rejuvenescimento" dos meios de aperfeiçoamento. A alegria de um dia passado ao ar livre irá enriquecer a nossa meditação. Porque temos mais tempo - ou mais disposição - para conversar com os nossos filhos, a oração familiar torna-se mais natural, mais fraterna, mais profunda. E nós dois, mais calmos, estamos mais propensos ao diálogo: as férias propiciam uma abertura privilegiada, que torna nossos deveres de sentar-se momentos altos de nossa vida conjugal. É provável que a nossa regra de vida durante as férias deva ser modificada nalgum ponto - o esforço a exigir de nós mesmos talvez seja diferente do da vida normal. -24-


Mas parece-nos que, mais do que tudo, o contato com a natureza, aquelas ''brechinhas" de silêncio que podemos encontrar quando os mais velhos saíram para os seus programas e os menores estão entretidos brincando com os amiguinhos, são verdadeiras graças que nos tornam mais receptivos, mais sensíveis à presença de Deus, e portanto mais aptos a conseguirmos aquele tão procurado contato com Ele através da oração e da meditação. Podemos rezar mais e melhor. Alguns objetarão que durante as férias é pior: mais criançada, mais movimento, mais trabalho e menos sossego ainda ... São as donas de casa, para quem as férias são férias para todos menos para elas. Mas seria preciso que fossem um pouco mais egoístas: afinal, elas também têm direito a férias. Precisam dar um jeito de ter pelo menos uma horinha para elas. Uma horinha para descansar, para passear. Num dever de sentar-se com as crianças, estas, com a generosidade característica da idade, hão de entender e querer colaborar. Cada uma assumirá determinada tarefa, determinado dia, para que a mamãe possa ter aquela hora de férias todo dia, uma horinha só para ela. Isto, além de ser educativo para a criança, é indispensável para o equilíbrio da mãe. Procuremos, durante as férias, tirar férias de tudo - menos de Deus. Tentemos, ao contrário, fazer de nossas férias um tempo de maior contato com Ele .

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O MOVIMENTO NO MUNDO

AS EQUIPES DA AUSTRALIA

Do tamanho da Europa, a Austrália é um país-continente com aproximadamente 14 milhões de habitantes, na maioria de origem inglesa ou irlandesa; há também muitos descendentes de holandeses e alemães e imigraram mais recentemente iugoslavos, gregos e italianos. Os católicos são pouco mais de 20%, na maioria muito ativos, participando dos conselhos paroquiais e diocesanos, e com um bom número de vocações sacerdotais. A primeira equipe começou quinze anos atrás, em 1960, fundada por um casal de australianos que participara de uma equipe belga durante os anos em que estivera estudando em Lovaina. Hoje, são 55 equipes, espalhadas pelos 4 Estados do Leste da Austrália, e agrupadas em 5 Setores: Adelaide, Melburne A, Melburne B, New South Wales (Sydney) e Brisbane. Os equipistas são de todas as idades e pertencem a todas as classes sociais, mas há uma maioria de menos de 40 anos e de universitários. Entre os Conselheiros espirituais, são muitos os sacerdotes diocesanos, e o Conselheiro espiritual da equipe n. 0 1, que foi durante muito tempo Conselheiro espiritual do primeiro Setor, é hoje o Arcebispo de Melburne. Caracterizam as equipes australianas o dinamismo e o espírito apostólico. Magdeleine e D aniel Flach, da Equipe Responsável Internacional, relatam a sua viagem à Região Austrália:

"Neste domingo, mais de sessenta casais - jovens, na maioria - estão reunidos no salão do Instituto do Sagrado Coração de Melburne, para participar da Eucaristia. A Missa é cancelebrada pelo Arcebispo Little, pelo Núncio Apostólico e por vários Conselheiros espirituais. Quem pronuncia a homilia é o Pe. Cowborn, Conselheiro espiritual da Região. Os cânticos são animados por um grupo de jovens com seus violões. O sol brilha, -26-


lá fora, pois é o fim do verão, e a alegria anima o semblante de todos. Esta celebração é o vértice do Encontro organizado em Melburne, todos os anos, para reunir os casais responsáveis, casais de ligação, casais pilotos, membros de equipes de Setor, numa co-participação que consolida a comunidade pela oração e pelo profundo pôr-em-comum. Magdeleine e eu precisamos fazer força para acreditar que não estamos sonhando. Estamos realmente na Austrália há dez dias, numa viagem que nos leva de uma cidade a outra, de Setor em Setor, para tomarmos contato com o maior número possível de casais das Equipes. A sintonia é total, desde o início, com todos os casais que encontramos. O milagre das Equipes se renova mais uma vez: temos a impressão, a cada contato novo, de uma relação profunda em Cristo que nos une. Percebemos, de maneira quase palpável, a presença do Cristo nas nossas reuniões e sentimos o fenômeno físico do "coração que arde" de que os discípulos de Emaús nos falam no Evangelho de São Lucas. Encontramo-nos uma noite com o Casal Regional e os casais responsáveis dos cinco Setores. Para proceder à apresentação e para melhor nos conhecermos uns aos outros, pusemos em comum nossa experiência de Deus; ficou assentado que cada um diria como tinha encontrado Deus na sua vida. Simplesmente, em meio ao silêncio, cada um de nós falou por sua vez. Todos tinham uma experiência do Senhor bastante surpreendente. Alguns tinham sido tocados pelo Espírito Santo, outros tinham tido uma percepção mais progressiva, todos conheciam a dificuldade em ser fiel nos períodos de aridez: mas todos percebiam com clareza como Deus os tinha chamado e como tinham respondido. Tomamos então consciência do que pode vir a ser o auxílio mútuo na nossa equipe: esta comunhão profunda entre casais que se sentem unidos por e dentro de um mesmo amor. Trocamos idéias longamente sobre o modo pelo qual toda nossa vida familiar, profissional, social, poderia ser transformada se estivéssemos atentos ao apelo incessante do Senhor e procurássemos sempre a ele corresponder. Dever de sentar-se, regra de vida, meditação, partilha, co-participação, e o próprio tema de estudos adquirem uma dimensão inteiramente nova quando os vivemos nesta perspectiva de amor e de auxílio mútuo. Estar à escuta, atentos aos apelos, presentes. Sempre ver e rever, nos acontecimentos de nossa vida, os convites do Senhor e a maneira como ele nos conduz apesar de -27-


nossas falhas e fraquezas. Ficar atentos aos apelos que nos faz através daqueles que encontramos todos os dias, ver os outros com um olhar novo: este ou aquela é a presença do Cristo para mim, aqui e agora. Meditamos este ano a pequena frase: "Fazem do Evangelho o estatuto de seu lar." Sem dúvida, temos todos lucidez suficiente para perceber a distância que nos separa humanamente do ideal evangélico. Mas saberemos descobrir, com muita humildade, o quanto poderemos estar próximos do Senhor se aceitarmos deixar-nos governar pelo seu Espírito? No caminho da volta, fizemos uma escala de 48 horas em Bombaim. Aí encontramos as duas equipes daquela cidade. Vivemos ali a mesma experiência de fraternidade e unidade. Agradecemos aos nossos amigos australianos e indianos por nos terem feito descobrir, mais uma vez, como as distâncias contam pouco quando a gente se encontra partilhando de um mesmo amor e de um mesmo ideal."

f

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APOSTOLADO

UM

DOMINGO

DIFERENTE

(do Boletim de Marília)

Eram pouco mais de 8 horas da noite. Havíamos chegado da Igreja Nossa Senhora da Glória, onde fôramos participar da Santa Missa, quando o telefone tocou. Uma jovem perguntava se minha mulher e eu poderíamos recebê-la juntamente com alguns amigos, pois queriam fazer-nos uma surpresa, ao que Eunice respondeu afirmativamente. Meia hora depois, a campainha tocou e deparamos com um grupo de jovens, dois dos quais portavam violões. As mocinhas e os rapazes, cujas idades variavam de 13 a 18 anos, mais ou menos, entraram e esparramaram-se na sala, sentando-se alguns deles no chão. Percebíamos no rosto de cada um aquela candura própria dos adolescentes que possuem uma formação verdadeiramente cristã. Estavam ciosos de repartir com a gente um pouco da alegria contagiante, da imensa felicidade que deixavam transparecer em suas fisionomias. Acompanhados pelos violonistas, entoaram diversas músicas, tais como "Eu quero apenas ... " e outras do Pe. Zézinho, as quais trazem em suas letras maravilhosas mensagens de amor e de paz. Afinal, quem eram aqueles jovens que num domingo, dia próprio para piqueniques, para cinemas, para brincadeiras dançantes, etc., resolveram visitar-nos? Todos se identificaram e disseram orgulhosamente pertencerem à Comunidade Santo Antônio. Alegaram mais que, atual-

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mente, são 130 jovens que se reunem todos os domingos, das 9 às 10,30 horas, no Lar das Crianças, e ali passam 90 minutos agradáveis, orando, cantando, dialogando, procurando arrebanhar outros jovens para partilharem daquele encontro dominical que precede à Santa Missa das 10,30 na Igreja de Santo Antônio, e onde cada qual vê no seu próximo, indistintamente, seu verdadeiro irmão em Cristo. Trocam palavras de ânimo, de carinho, de perdão, gestos estes que evidenciam, no jovem de hoje, o verdadeiro espírito fraterno. Esse movimento verdadeiramente evangelizador é fruto do esforço e da dedicação do casal Sérgio e Teresinha, pertencentes à Equipe 10 de Marília. Idéias e atitudes como aquelas deveriam ser multiplicadas por toda parte, deveriam ser imitadas por outros tantos jovens que perambulam por aí, sem rumo, sem ideal, perdendo seu precioso tempo com futilidades, acabando por corroer seu corpo e sua alma! Nosso muito obrigado à generosidade, à espontaneidade, ao desprendimento daquela plêiade de rapazes e mocinhas que nos proporcionaram momentos tão agradáveis na noite daquele domingo que jamais esqueceremos. E parabéns aos amigos Sérgio e Teresinha. Que o Espírito Santo esteja sempre ao lado de todos para que perseverem nos seus sadios propósitos e consigam arrebanhar mais e mais jovens que se disponham a formar naquela cruzada, para maior glória de Deus.

Eunice e Flávio Guim arães Equipe n<? 3, Marília

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NOTíCIAS

BRASiLIA -

DOS SETORES

Primeiro Mutirão

No fim de semana de 25 e 26 de outubro, as Equipes de Brasília realizaram o seu primeiro mutirão, extraordinariamente bem sucedido. Está de parabéns a Coordenação, bem como a Equipe de serviço. Participaram do mutirão 23 casais, sem contar os 10 da equipe de serviço - 4 vindos do Rio - e 7 Conselheiros Espirituais. Os palestristas foram o Pe. Venâncio Pivatto, Maria Helena e Nicolau Zarif e Maria Teresa e Luís Sérgio Widgerowitz. O mutirão realizou-se no S.I.A.L., Instituto de Surdos-Mudos, mantido pelo-s padres pavonianos. Trata-se de um prédio muito bonito, construído com a contribuição da Ordem no mundo todo. Dando exemplo de serviço e humildade, o próprio superior da congregação trabalhou na cozinha durante o mutirão. r

Para compensar o clima emotivo criado pelas palestras, a turma teve oportunidade de rir a valer no sábado à noite durante a confraternização, quando foi apresentado um ótimo "show". A Coordenação de Brasíl;a, agora com 12 equipes, continua de vento em popa, pensando inclusive em atingir a Cidade Satélite. Para isso veio do Rio Grande do Sul um padre jesuíta, com experiência de equipes operárias. Quanto a Frei Jamaria, está sendo muito procurado por casais de Go;ás e Mato Grosso para levar o Movimento para lá. Por enquanto não sai: vão ter que esperar até que a turma que está fazendo o curso de pilotos receba o devido diploma. E por falar nisso, Heloisa e Jorge Fortes se comprometeram a viajar para Brasília para dar o curso de ligação. Com isso tudo, parece que agora falta pouco para a Coordenação "virar" Setor. -31-


SAO JOSJ: DOS CAMPOS do Natal

Como se organiza uma Novena

(Transcrito do Boletim)

"Pela segunda vez lideramos em nossa rua a novena de preparação para o Na tal. V árias ruas do bairro fazem essa novena, cada uma liderada por um casal. Em primeiro lugar, escolhemos nove casas e fomos a cada uma delas explicar a novena e pedir que nos recebessem e a todos os convidados. Explicamos que ela duraria de 20 a 30 minutos e que não haveria necessidade de se oferecer nada, nem mesmo um cafezinho. Fomos tão bem recebidos! Alguns já eram nossos amigos e outros nem conhecíamos, mas todos compreenderam a idéia e se puseram à nossa disposição. Feito isto, elaboramos um convite, no qual dizíamos da necessidade de nos prepararmos espiritualmente para o Natal, dando testemunho aos nossos filhos de que o Natal não é apenas dar e receber presentes, usar roupas novas e comer coisas gostosas. Natal é muito -mais! É o dia do nascimento de Cristo, que veio ao mundo para nos salvar. Então devemos nos preparar interiormente para esse .acontecimento. Devemos olhar para dentro de nós, devagar e com calma, prestando atenção e analisando nosso comportamento depois dos compromissos assumidos no dia do Batismo. Distribuimos os convites de porta em porta, e nossa rua é bem grande. . . Como sempre, muitos foram chamados e nem todos compareceram... Mas, os que vieram vieram para valer, e fizeram a novena toda. E foi uma beleza! A turma aumentando a cada dia e a cada dia as orações ficando mais belas e sugestivas, num crescendo magnífico! Houve dia em que tivemos o comparecimento de 60 pessoas! E no decorrer da nossa novena formamos uma verdadeira comunidade de amor, orando, meditando e cantando à espera do Senhor! O encerramento da novena foi no Instituto São José, com uma missa belíssima e com a participação do povo de Deus de todas as ruas do nosso bairro. Na hora do ofertório, como havíamos planejado e combinado com os outros líderes, cada família levou sua contribuição em brinquedos, roupas e gêneros alimentícios, que foram entregues a Frei Dionísio para o pessoal do Jardim Satélite." -32-


LIMEIRA -

Dia de Estudos

Recebemos de Suely e Nelson, da Equipe n. 0 6 de Limeira, notícias do dia de estudos organizado em setembro pela Coordenação de Limeira, cuja tônica foi "A Família". Nenê e Zinho, encarregados da primeira palestra, em que abordaram o problema da família principalmente sob o ângulo da educação dos filhos, deixaram cinco pistas para reflexão: a) Nós nos preocupamos realmente em formar nossos filhos ou nossa preocupação é a auto-afirmação? b) Lá em casa, quem tem mais vez e chance: nós ou a televisão? c) Quem nos tem por mais tempo: o trabalho ou o lar? d) Como vamos no jogo da comunidade de consumo: ter ou ser? e) Se existe algo a mudar, como fazer? Marisa e Gustavo, por sua vez, apresentaram um cartaz contendo tópicos de diversas manchetes destrutivas e alarmantes. Perguntas: a) No que eu contribuo para essa situação? b) Qual a minha contribuição para melhorá-la? c) Preocupamo-nos realmente em formar nossos filhos, ou nossa preocupação é assegurar financeiramente o seu futuro? Quanto a Dirce e Rubens, depois de perguntar qual o nosso testemunho de família na doença, na desinteligência, no insucesso, e a repercussão sobre os nossos vizinhos, lembraram que há necessidade de desalojar-se para doar-se: "Ser cristão não é viver confortavelmente, não é assegurar-se economicamente, mas sim doar-se, amar. . . e não ilhar-se." Estiveram presentes, além dos palestristas de Jundiaí, o Casal Regional, Maria Angélica e Sérgio, bem como seu auxiliar, Zélia Zilda e Carlos Eduardo. Houve recreação para os filhos dos equipistas, dirigida pelas equipistas Zizi e Eleni. A Missa foi celebrada pelo Côn. Sylvestre Rossi, com a participação do coral das crianças. íamos nos esquecendo do suculento churrasco ... -33-


RIBEIRAO PRETO -

"Ajustamento matrimonial"

Já está em funcionamento, todas às quartas-feiras, a partir das 20h30, o trab alho de "ajustamento matrimonial" inic:ado por Maria Helena e Dutra no Centro de Pastoral. Há sempre um casal de plantão e agora contam também com uma psicóloga. "Noites de oração"

Também em Ribeirão agora. "Toda última quarta-feira do mês, a residência do casal Mestriner encontra-se aberta das 20h00 às 20h30 para orações. Vamos nos reunir para louvar a Deus e agradecer-Lhe todos os benefícios que nos tem concedido." Assim transcreve o Boletim de Ribeirão o convite do Casal Responsável pelo Setor aos que desejarem unir-se para orar. Encontros de casais em Brodósqui

Cecília e Winslow continuam organizando os Encontros de Casais da Pastoral Familiar em Brodósqui, que congregam toda vez cerca de 35 casais de Ribeirão e cercanias, dando-lhes a oportunidade de rever sua vida conjugal e de receber estímulo para o apostolado familiar. RIO DE JANEIRO -

Um apostolado mariano

L eda e Carlos, da Equipe 22, organizaram na matriz do Engenho Novo uma semana em homenagem a Nossa Senhora. Realizou-se de 6 a 11 de outubro, às 20h30. Os paroquianos eram convidados a presenciarem exposições acompanhadas de "slides", a participar de orações e tiveram a oportunidade de ouvir conferências sobre Maria, entre as quais "Maria e seu Tempo" e "Maria no Século XX". GUARATINGUETA -

Equipistas no "Recolores"

Informam Marlene e João Roberto, responsáveis pela Coordenação, que parfciparam de dois dias de reflexão e oração organizados pelos Cursilhos para casais que já passaram por um Cursilho. A equipe que dirigiu o Encontro era quase que inteiramente composta por casais da Equipe 6 de Guaratinguetá, bem como o Assistente, Pe. Angelo Licati. Julgam Marlene e Roberto que esses dias de reflexão constituem um ótimo preparo para o ingresso nas Equipes. E acrescentam: "Como se não

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bastasse todo o Encontro, no final do mesmo, como meio de perseverança, o sacerdote recomenda aos casais pertencerem a movimentos que proporcionem uma espiritualidade conjugal e familiar". E confessam-se preocupados: "Nossa responsabilidade parece aumentar mais e mais, dia a dia. Será que damos testemunho de casal cristão, com uma vivência conjugal e familiar realmente edificante, que justifique o ingresso desses casais? Nossa preocupação é alertar sobre a nossa responsabilidade de dar, sempre, aquele testemunho positivo, dentro e fora do Movimento, com os olhos sempre voltados para Deus, e certos da proteção de Nossa Senhora." PETROPOLIS -

Ainda equipistas e Cursilho (Transcrito do "Equipetrópolis")

"Ultreya dos Cursilhistas de Petrópolis. A palestra da noite coube ao casal Stella-Tarquínio, da Equipe 1. Tema: A Família. Uma beleza, segundo a expressão geral. Excelente depoimento, de cada um deles, sobre o que tem sido uma vida a dois, desde que começaram a namorar até hoje, com os filhos já moços. Salientaram a importância e o papel que as Equipes de Nossa Senhora desempenharam em suas vidas, afirmando que elas se dividem em duas partes perfeitamente demarcadas: antes e depois da entrada nas Equipes. E por aí foram desenvolvendo o seu raciocínio, descrevendo o que chamaram uma 'teologia do matrimônio' - como entendem e como vivem o seu sacramento. Uma beleza, expressão geral. Um grande testemunho." BAURU -

Frutos do curso de noivos . . . Extraído da resposta ao tema de um casal recém-ingresso no Movimento:

"O que nos levou a entrar para a Equipe de Casais foi a maneira pela qual buscam ajudar ao próximo, de maneira discreta e objetiva. Quando em 1973 participamos do Curso de Noivos, promovido pelas Equipes, fomos despertados para a união que as mesmas irradiavam. Parecia-nos um tipo de amizade diferente, longe do interesse comum existente nos dias de hoje. Vimos procurar tudo aquilo que nos faça ser útil a alguém. Vimos procurar desenvolver algo que esteja inerte em nós. Despertar maior interesse junto àqueles que nos rodeiam e acolher o que nos oferecem de bom. Vimos nos integrar."

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FLORIANóPOLIS -

Mais três equipes em Crisciúma

Desta vez já pilotadas por casais da Equipe 1, foram lançadas mais três equipes nesta cidade de Santa Catarina. A Equipe 2, por sua vez, já elegeu seu primeiro casal responsável, Adão e Maria, e, com o auxílio de outros casais do distrito de Rio Maina, já ministra cursos de preparação ao casamento, em colaboração com o vigário, Pe. Francisco, que é o Assistente da equipe. A despedida do casal piloto, Maria Ernestina e Milton, deu-se durante a missa no Santuário de Nossa Senhora do Caravaggio, em Nova Veneza, município vizinho. Com 5 equipes, Crisc 'úma poderá em breve formar a sua própria Equipe de Coordenação. SAO PAULO -

"Obrigado, Equipe 32-A"

A Equipe organizadora dos Retiros, encantada com a atuação dos casais da Equipe supra-citada, fez questão de deixar registrados através da Carta Mensal seus agradecimentos "a.os casais componentes da Equipe 32-A que, durante o retiro de setembro no Instituto Paulo VI, cuidaram com tanta dedicação de quase quarenta crianças para que, tranqüilos, os casais participantes pudessem usufruir dos benefícios que um retiro proporciona." Recado dado! DEUS CHAMOU A SI

Frei Ernesto Buzzi -

da Equipe n. 0 1 de Guaratinguet á, no dia 22 de setembro.

Escrevem Marlene e João Roberto:

"Frei Ernesto, com sua humildade, sua doação, seu carinho, seu amor a todos nós, com aquele seu sorriso, nos incentivava, animando-nos em todas as ocasiões. Após sete anos de convivência, desfrutando de nossas alegrias e tristezas, partilhando toda a nossa vida, fora transferido para Sorocaba, onde durante dois anos, como verdadeiro apóstolo franciscano, dedicando-se a tudo e a todos, continuou o seu trabalho junto às famílias, dando ass'stência a mais de 40 casais, grupo esse que organizava os cursos de batismo, de preparação ao casamento, catequese, etc. Em meio ao vazio que hoje sentimos, sua lembrança sempre nos aparece irradiando tranqüilidade, paz, amor e disponibilidade. Assim, em meio à saudade que estamos sentindo, fica a

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promessa de seguirmos sempre os seus ensinamentos e oferecer-lhe as nossas orações."

Lúcia Maria- da Equipe 8 de Petrópolis. Recebemos de Helyeth e Machado, redatores do "Equipetrópolis", a seguinte comunicação:

"Após prolongados sofrimentos, faleceu, a 14 de setembro último, Lúcia Maria, esposa de Isidoro de Almeida. Durante a doença inexorável, seus irmãos das Equipes estiveram sempre com ela, dando-lhe o conforto da presença amiga e apoiando-a com orações para que ela tivesse a necessária coragem para atravessar sua vida dolorosa .. Em plena lucidez recebeu a unção dos enfermos, transmitindo a todos a alegria que o Sacramento lhe infundiu na alma. Firme na fé, não teve um momento de fraqueza e, à hora da Ave-Maria daquele domingo de setembro, partiu para a Casa do Pai. Ao seu sepultamento, que foi precedido de Missa de corpo presente, concelebrada, compareceram inúmeros casais equipistas, dando testemunho do amor fraterno que os ligava à Lúcia Maria. Muito jovem e muito meiga, a doença de Lúcia, ·SUa resignação nos sofrimentos, sua própria entrega ao Senhor, consciente do seu estado de saúde e da inexorabilidade de seu mal, foram um testemunho de fé que a todos impressionou e comoveu." NOVO SETOR -

Guaratinguetá

No dia 4 de outubro, na capela do Colégio Na. Sra. do Carmo, durante a Missa celebrada pelo Pe. Batistela, presentes os equipistas de Guaratinguetá e Aparecida, o Casal Regional, !rene e Dionísio, deu posse, em nome da ECIR, a Marlene e João Roberto, como Casal Responsável do novo Setor. Foram homenageados, além de Marlene e João Roberto, !rene e Dionísio, Consuelo e Ernesto, que pilotaram a primeira equipe de Guaratinguetá e Regina e Eduardo, primeiro Casal Responsável da Coordenação. A Marlene e João Roberto, felicidades na nova responsabilidade. Que o Espírito Santo os ilumine. E que continuem mandando notícias ...

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NOTíCIAS

INTERNACIONAIS

No Rio de passagem, Jean Gay

Antigo responsável pelas Equipes do Brasil, Jean Gay, ao passar pelo Rio de Janeiro a negócios, procurou as Equipes e teve a oportunidade de se encontrar com vários equipistas. Com Jacqueline, é membro da Equipe n. 0 11 de Paris, lançada em 1947 ... Hoje ambos são encarregados da vitalidade, animação, motivação e desinstalação das chamadas "equipes antigas". Sobre esse assunto trocou muitas idéias com os cariocas, mas o que impressionou a turma, segundo Betisa e João, "foi que ele, depois de escutar bastante e perguntar também como fazíamos isto ou aquilo, como funcionávamos em determinados assuntos, passou a perguntar: 'E a vida de oração de vocês, como vai? Vocês rezam? Como é a oração na reúnião de vocês?' Realmente, foi como se esse fosse o grande recado que ele quisesse nos dar: a oração colocada na equipe, no Movimento, enfim a oração na nossa vida (isso é o fundamental) ... " Equipistas portugueses -

Da teoria à prática da caridade

Pode se medir a generosidade dos equipistas portugueses pela folha avulsa que acompanha a Carta Mensal portuguesa, na qual a Equipe da Carta faz seu o apelo da Cruz Vermelha Portuguesa em relação à assistência aos refugiados de Angola. Depois de citar as maicres carências (habitação, cobertores, vestuário, sobretudo para crianças), e de fornecer endereços e normas de encaminhamentos dos donativos, a Equipe da Carta comenta: "Julgamos que não é agora altura nem é este o local adequado para se discutir as implicações políticas, sociais e econô-

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micas do problema dos deslocados de Africa. Nem é este o momento para tentarmos desculpar-nos atirando para outros as culpas do que está a acontecer. Agora há que encarar o fato e tentar o possível e o impossível para responder ao apelo que é dirigido a toda a população portuguesa. No ano de 1973/74, o Movimento das Equipes de Nossa Senhora teve como tema de fundo o Acolhimento Cristão. Agora o Senhor pede-nos que concretizemos as elucubrações mais ou menos teóricas que tenhamos produzido nas nossas reuniões e encontros. Como se insere o conceito de Acolhimento na nossa vida, hoje e aqui? Passará ele: -

pela oferta da nossa residência de praia para acolher uma família desalojada?

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pela oferta dum quarto vago que há em nossa casa? pela oferta de horas de trabalho voluntário para acolhimento de desalojados, empacotamento de roupas, etc., mesmo se esse tempo assim gasto for em detrimento das nossas horas de lazer, em princípio justas, do perfeccionismo que pomos no trabalho doméstico, do rito semanal da ida ao cinema, ao cabeleireiro ou ao futebol? pela oferta das roupas pessoais e dos nossos filhos (mesmo das que ainda lhe servem) ? pelo abdicar de mais uma bugiganga para a casa, de mais um disco, de mais um vestido, utilizando esse dinheiro para a compra de um cobertor?

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O Senhor vos dirá mais e melhor se quiserdes escutá-lo. Porque de fato é Ele que em Luanda aguarda durante dias a partida dum avião, dormindo no aeroporto; é Ele que chega exausto e vos pede um gesto de Amor."

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. ORAÇÃO

PARA

A

PRÓXIMA

REUNIÃO

O Ano Santo chega ao fim . Renovação e reconciliação, no entanto, são esforços não para um ano ou dois, mas para toda uma vida . Continuemos a caminhar servindo-nos dessas mesmas metas que nos têm orientado.

TEXTO DE MEDITAÇÃO -

Rom . 12,2,9-18, 15, 5-7

Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do entendimento, para chegardes a conhecer qual seja a vontade de Deus; o que seja bom, agradável e perfeito. Seja vosso amor sem fingimento. Odiai o mal e abraçai o bem. Amai-vos uns aos outros com amor fraterno; rivalizai em honrar-vos uns aos outros. Não sejais remissos no zelo. Sede fervorosos de espírito e servi ao Senhor. Alegrai-vos na esperança. Perseverai na tribulação e sede constantes na oração. Socorrei as necessidades dos santos. Praticai zelosamente a hospitalidade. Abençoai os que vos perseguem e não os amaldiçoeis. Alegrai-vos com os que se alegram. Chorai com os que choram. Fomentai entre vós o espírito de concórdia. Não sejais altivos, simpatizai com os humildes; não vos presumais de sábios. Não pagueis a ninguém mal por mal. Procurai fazer o bem ante todos os homens. Vivei em paz, quanto possível.fe depender de vós, com todos os homens. Que o Deus da perseverança e da consolação vos inspire sentimentos de harmonia, a exemplo do Cristo Jesus, para que, com um só coração e uma só boca, glorifiqueis a Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso, acolhei-vos uns aos outros, como Cristo vos acolheu, para a glória de Deus. -40-


ORAÇÃO LITúRGICA

"Amaremos o nosso próximo e amaremos os que estão longe de nós. Amaremos a nossa Pátria e a pátria dos outros. Amaremos os nossos amigos e amaremos os nossos inimigos. Amaremos os católicos. AmarEmos os irmãos cristãos com os quais não vivemos em plena comunhão. Amaremos os indiferentes, os at8'us. Amaremos todas as classes sociais, e sobretudo as que mais precisam de ajuda, de socorro, de progresso. Amaremos os que riem de nós, os que nos desprezam, os que se nos opõem, e os que nos perseguem. Amaremos os nossos adversários e nenhum pode ser o nosso inimigo. Amaremos, por fim, o nosso tempo, a nossa civilização, a nossa arte, o nosso desgosto, o nosso mundo. Amaremos, esforçando-nos por compreender, por compadecer, por estimar, por servir e por sofrer." Paulo VI


EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de casais por uma espiritualidade conjugal e familiar

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