ENS - Carta Mensal 1975-3 - Maio

Page 1


íNDICE

Editorial - A ECIR conversa com vocês "Eu sei o que vocês têm leito . .. " . . . Os deveres dos cristãos na cidade . . . . . . . . . . OJ primeira comunidade cristã à nossa comunidade ..... . . .... . Divórcio não é solução .. . Pe. Bianchini fala à Carla Mensal A Pastoral Familiar em Campinas . . . 25 anos de espirilualidlde conjug-al Vida cristã em marcha . . O início das Equipes no Brasil . . . . . . .. 20 anos de equipes - recordações de um Assistente . . . . . . . . . .......... A história de um Setor - J undiaí . . . . . . . . . . . .. .. . ... .. Equipes de adolescentes ... . .. .. ... ... Entrevistando Frei Norberto As Equipes de viú vas ....... . . Florianópo:is: vinte anos de equipes . . Atendimento a casais em dificuldade Nossos filhos .. . . Notícias dos Setores Oração para a próxima reunião .... .. ... .. .

4 6

9 ll

13 15 18 27 29 33 36 40 44 47 50

53 54 55 64


EDITORIAL

A ECIR CONVERSA COM VOC!S

Foi no dia 13 de maio de 1950 que se reuniu em São Paulo, pela primeira vez, a primeira equipe do Brasil. As Equipes de Nossa Senhora, portanto, já se acham implantadas no Brasil há 25 anos. É sem dúvida um açontecimento que convida a um relancear de olhos para o passado e a firmar um novo ponto de partida. Sem ufanismo, sem intuito d~ comprazer-se na contemplação de supostas vitórias, não se pode deixar de reconhecer que a tônica do Movimento tem sido sempre uma linha ascendente, embora com flutuações normais. Somos agora ao redor de 450 equipes, com aproximadamente 2.500 casais, espalhados por todo o Centro-Sul do País, com alguns núcleos francamente promissores no extremo Norte. Ora, para quem tenha acompanhado esta marcha desde os seus primórdios, é evidente que se trata de uma empresa humanamente impossível. Na realidade os primeiros casa;s tinham sido atraídos pela originalidade dos métodos, pela concisão das normas, pela firmeza das exigências das Equipes, que pareciam capazes de os ajudar a enriquecer e aprofundar a sua vida de cristãos casados. Longe esta~am porém de pensar na formação de um Movimento. Cedo surgiram também as primeiras dificuldades: ceticismo de uns ante um tipo de associação em tudo diferente dos movimentos então existentes. . . reserva de outros, em se tratando de um movimento "importado", orientado e dirigido por leigos, embora com assistência de sacerdotes e cuja d;reção se achava sediada na França, onde vicejavam então agrupamentos "avançados" nem sempre ortodoxos ... Ao que atribuir, então, esta expansão? Acreditamos poder atribuí-la a três fatores principais. Em primeiro lugar, inegavelmente, à ação do Espírito Santo que, "por acaso", levou os primeiros casais nossos ao conhecimento das Equipes de Nossa Senhora, . como também, alguns anos antes, -1-


tinha posto "por acaso" alguns jovens casais de Paris em contato com o Padre Caffarel, dando origem ao Movimento. É que a Família começava a ser posta em questão e viria, no .correr dos anos, a ser abalada em seus próprios alicerces. E assn~ co~o, ~os_quase doi,s. milênios da vida da Igreja sempre surgm a msprraçao do Esp1nto Santo para fazer frente às crises que ela teve de enfrentar, assim também ia tornar-se necessário o auxílio divino para amparar a Família em vésperas de crise. E repetiu-se aqui o fenômeno verificado anos antes na Europa, onde, sem idéias preconcebidas, em numerosos pontos da cristandade, vinha verificando o surgir espontâneo de numerosos grupos de casais.

Segundo fator, a força contagiante do auxílio mútuo, norma fundamental das Equipes de Nossa Senhora. Auxílio mútuo que se concretizou, logo no início, no empenho do então Centro Diretor em nos fazer beneficiar da experiência já adquirida, através de uma correspondência que marca o carinho com que acompanhou e orientou os primeiros passos da primeira equipe de língua não francesa que surgiu a alguns milhares de quilômetros da sede. Lembramo-nos ainda do valioso auxílio prestado por equipistas franceses que aqui vinham em viagens de negócios e que, ao nos visitarem, ajudavam-nos a penetrar mais a fundo no espírito do Movimento e nas suas normas. Auxílio mútuo, ainda, que levou e leva tantos e tantos casais a darem uma parcela, às vezes ponderável, de seu tempo, para que se torne possível a circulação de vida que se origina em cada uma das equipes e vai contribuir para vitalizar o Movimento todo, implantado em mais de 30 países. Tantos e tantos casais mas também tantos e tantos sacerdotes que souberam e sabem estar presentes às suas equipes com todas as graças de seu sacerdócio. Auxílio mútuo que é um constante dar-e-receber, para o crescimento de cada um e de todos e que, depois de aquecer, no interior da equipe, corações e almas, frutifica em transbordamento apostólico. Auxílio mútuo que teve o seu ponto alto nas várias viagens que para aqui trouxeram o Padre Caffarel e que foram sem dúvida a fonte do aprimoramento e aprofundamento das Equipes no Brasil. Na sua primeira visita, em 1957, é que ficamos conhecendo as Equipes em toda a sua profundidade e recebemos o primeiro grande impulso para a sua expansão. Vale a pena repetir aqui as palavras que Pe. Caffarel nos enviou em carta logo após a sua volta à França: "É preciso a todo preço que as equipes sejam este celeiro onde o Senhor irá encontrar homens e mulheres que levarão o testemunho de Cristo junto de todos os seus irmãos, nos lugares mais humildes como nos postos mais eleva-

-2-


dos. Mas isto só se tornará possível se as vossas equipes forem verdadeiras escolas de vida cristã, vitórias da caridade, escolas de oração, cenáculos onde os apóstolos do Cristo vêm abrir os seus corações ao Espírito de Deus". Cinco anos mais tarde, a segunda visita do Pe. Caffarel foi providencial pois veio nos alertar sobre os perigos de uma expansão que se vinha processando num ritmo perigoso. "É preciso prudência na formação de novas equipes nos dizia ele. É preciso ser exigente. . . é questão de honestidade dizer aos casais que procuram o Movimentp: as Equipes só vos ajudarão na medida em que fordes fiéis às suas normas. . . Não se trata de camuflar os Estatutos; as Equipes devem ser apresen·tadas tais como são ... Ser exigente é manifestar um grande amor por um ser, é não permitir que fique na mediocridade ... Mais vale 20 equipes fortes do que 200 medíocres ... " A terceira visita, ainda recente, se deu pouco antes de seu afastamento da direção do Movimento. Teria sido uma despedida? É o que leva a supor a introdução a uma das suas palestras, quando disse, em síntese: "Se tivesse de morrer dentro em pouco, que diria eu às Equipes, que fosse como que o meu testamento espiritual?" E acrescentou: "O que eu diria é o que eu penso da reunião de equipe. . . O Movimento vale o que vale a reunião. . . A reunião de equipe é uma realidade sobrenatural. .. O fundador da primeira equipe cristã é Jesus Cristo: a equipe dos primeiros após-: tolos é o modelo de toda equipe cristã e, também, das Equipes de Nossa Senhora ... " Auxílio mútuo, em suma, que é uma das expressões do Mandamento Novo: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei''! Terceiro fator de crescimento das Equipes, a fidelidade aos Estatutos. Se, com espírito de fé, reconhecermos a inegável ação do Espírito Santo inspirando os fundadores do Movimento, concluiremos que somente sendo fiéis a esta inspiração será possível beneficiar-se das graças daí decorrentes. É este o pensamento que sempre orientou os responsáveis pelo Movimento. Caros amigos, se cabe aqui um agradecimento muito fraternal a todos aqueles que contribuiram com o seu esforço e dedicação para que fosse possível esta caminhada de 25 anos, cabe principalmente um agradecimento ao Senhor que vem acompanhando com as suas graças cada um dos passos percorridos. Um agradecimento não menos caloroso a Nossa Senhora, sob cujo patrocínio as Equipes se colocaram desde o início e que invocamos todos os dias. A Ela voltamos os nossos corações com filial devoção por nos ter servido de "guia para nos levar a Deus". A Ela recorremos neste momento para que continue a nos tomar pela mão e nos ajude a superar nossas fraquezas, nossos desânimos, nossas resistências. A ECIR

-3-


"EU SEI O QUE VOC:~S T~M FEITO ... "

Pedem-me umas linhas, por ocasião dos 25 anos de existência das Equipes de Nossa Senhora. Assistente de Setor e de algumas Equipes por vários anos, posso dizer que muito recebi, pessoalmente, deste abençoado Movimento. De muitas formas, nos lares, na pastoral orgânica, tenho contemplado o quanto o Movimento das Equipes de Nossa Senhora capacita e impulsiona a seus integrantes para verdadeira transformação, em Cristo, dos ambientes. O ·primeiro gesto, pois, neste aniversário, é de agradecimento sincero a Deus, pela exis~ tência das Equipes de Nossa Senhora. Gostaria, porém, de ultrapassar esta real constatação, para propor aos casais outra face, alguns pontos que, acredito, poderão ajudá-los em rápida revisão. Minha perspectiva não é negativista a respeito do Movimento e, sim, desejosa de abrir o coração de maior número de casais para o fogo do amor de Deus. 1 - Constato que o Movimento das Equipes, entre nós, é dos · altamente aparelhados em subsídios-ajuda aos casais. Farta documentação! Roteiros cuidadosamente preparados. Vamos, porém, para a Carta Mensal. (Um exemplo só!) Não poucas vezes, me encontrei com inúmeros casais que, ao receberem a carta, a deixaram fechada. (Carta não lida de alguém que se quer bem!) E apesar da falta de tempo, existiu ·tempo para o jornal, para a TV e tantas outras coisas ... 2 - Não raro, vi espécie de letargia, pessoas "acostumadas" ao Movimento, instaladas, sem vJbração, ausentes de empolgamenta. Distantes das arrojadas palavras do início dos Estatutos das ENS: "Tais equipes não são abrigos para adultos bem intencionados, mas sim corpos de guerrilheiros, compostos de voluntários". 3 - Qual o motivo profundo deste "acostumar-se" nas Equipes? ("Nada mais triste que uma alma acostumada.") - Acredito que a causa esteja apontada na importantíssima conferência pronunciada em Roma, a 5 de maio de 1970, pelo Con. Henri Caffarel, no decorrer da peregrinação das Equipes de Nossa Senhora, oportunidade em que discorreu sobre as ENS em face do ateísmo. Faltam-nos casais "sequiosos de Deus, cuja inteligência e coração

-4-


estão ávidos por conhecer, encontrar a Deus. Apaixonados por Deus, impacientes de lhe estar unidos. Para quem Deus é a grande realidade, a quem Deus interessa acima de tudo". Porque falta isto, tudo vai mais ou menos. Temos equipistas praticantes, cuidadosos com a materialidade dos meios de aperfeiçoamento, mas não empolgados, vibrantes de entusiasmo, felizes por serem equipistas. Porque falta isto, muitos filhos de equipistas não são católicos entusiasmados pela vida de 'Igreja, presenças marcantes de Cristo nos meios estudantis e universitários. Numa palavra, somos "bons", mas não tentados à santidade. Minai de contas, há muitos equipistas que "não parecem encontrar a felicidade na sua fé em Deus". " ... em todos os níveis manifestam pouco interesse em falar de Deus". Mas constata-se tanto calor nas conversas sobretudo econômico-financeiras! Exagero? Pode ser. Mas sinto assim, a par de sentir muita coisa positiva, nos equipistas. O que fazer? Acredito que sério trabalho de conversão radical. Sabemos tanto; praticamos pouco. Torna-se urgente ruptura de tanta coisa que nos amarra; nos torna escravos. . Sério exame de vida, por exemplo, frente a . afirmações estatutárias como estas, poderão ajudar ao equipista, nesta revisão: "Querem viver para Cristo, com Cristo, por Cristo". "Fazem do Evangelho o fundamento da própria família". "Querem ser, por toda a parte, os missionários de Cristo." Por último, gostaria de colocar nas mãos de meus irmãos estas palavras de João no Apocalipse e que me fazem muito pensar: "Eu sei o que vocês têm feito. Sei que vocês não são nem frios nem quentes. Como gostaria que fossem uma coisa ou outra! Mas porque são apenas mornos, nem frios nem quentes, vou logq cuspi-los da minha boca. Vocês dizem: 'Somos ricos, estamos muito bem e temos tudo o que precisamos'. Mas não sabem que são miseráveis e desgraçados. Vocês são pobres, nus e cegos ... Portanto sejam dedicados e se arrependam. Escutem: estou à porta e bato . . . Se vocês têm ouvidos, escutem o que o Espírito de Deus diz a vocês .. . " (Apoc. 3, 15-22). D. Angélico Sândalo Bernardino Bispo-auxiliar de São Paulo. ex-Assistente do Setor de Ribeirão Pretq

-5-


,fi PALAVRA DO PAPA

OS DEVERES DOS CRISTÃOS NA CIDADE

·Em maio de 1970, comemorando o aniversário das grandes encíclicas sociais, Paulo VI dava a conhecer a Carta Apostólica "Octogesima Adveniens", dirigida ao Cardeal Maurice Roy, Presidente da Comissão Pontifícia "Justiça e Paz" e do "Conselho de Leigos". Passados cinco anos, convém meditarmos novamente sobre o quadro realista pintado pelo Santo Padre e sobre a nossa resposta diante do desafio que nos colocam as condições desumanas nas grandes cidades em que muitos de nós vivemos.

São tão universais, tão agudos e tão revoltantes os problemás sociais criados pela urbanização que são os primeiros abordados pelo Papa. Po'l'que clamam por uma solução urgente, Paulo VI detém-se em analisá-los e em preconizar qual deve ser a atuação dos cristãos pam saná-los - em linhas gerais, a aplicação dos princípios sendo deixada à imaginação criativa de cada um frente às condições locais diante das quais se encontra.

A atração dos centros urbanos, diz o Papa, aliada às condições precárias das populações agrícolas, provoca o êxodo rural permanente, levando à formação de cidades megápoles, onde o homem, no meio da multidão anônima que o rodeia, enfrenta uma nova forma de solidão. A cidade grande, em lugar de favorecer o encontro fraterno, desenvolve a indiferença, quando não as discriminações, e pres-

-6-


ta-se a novas formas de exploração e de domínio, em que uns especulam com as necessidades dos outros. "Por detrás das fachadas, escondem-se muitas misérias, ignoradas mesmo pelos vizinhos mais próximos". Novos proletariados instalam-se nos centros das cidades abandonados pelos ricos ou acampam nas favelas dos arrabaldes, onde são um protesto - ainda silencioso, sublinha o Papa - contra "o luxo demasiado gritante das cidades do consumo e do esbanjamento". Enquanto a grande maioria não pode satisfazer as suas necessidades primárias, criam-se incessantemente, através dos meios modernos da publicidade, necessidades supérfluas - é a nova escravidão criada pela sociedade de consumo. Os mais fracos se tornam vítimas dessas condições de vida desumanizadoras e degradantes para as consciências e partem para a delinqüência, a criminalidade, a droga, o erotismo, onde sossobra a sua dignidade humana. Essas condições são ainda perniciosas para a instituição da família, que, transplantada do campo para a cidade, viu transformados os seus modos de viver e as suas estruturas habituais de existência. "A promiscuidade nos alojamentos populares torna impossível um mínimo de intimidade; os casais jovens esperam em vão por uma habitação decente e a preço acessível, desmoralizando-se a pouco e pouco, de modo que a sua unidade pode mesmo chegar a achar-se comprometida; os jovens, por sua vez, fogem de um lar demasiado exíguo e procuram na rua compensações e companhias que escapam a qualquer vigilância. É dever grave dos responsáveis procurarem dominar e orientar este processar-se das coisas". Os problemas da cidade grande também repercutem sobre a juventude que, neste mundo em gestação, procura o seu lugar. Diante da dificuldade do diálogo entre "uma juventude portadora de aspirações, de renovação e também de insegurança quanto ao futuro, e as gerações adultas", o Papa aponta o dever de se questionar as modalidades da autoridade, da educação, da liberdade e da transmissão de valores e de convicções. Qual será a resposta do cristão a todos esses desafios lançados à inteligência, à imaginação e à capacidade de organização do homem? "Torna-se urgente reconstituir, à escala da rua, do bairro ou do aglomerado ainda maior, aquela rede social em que o homem possa satisfazer as necessidades da sua personalidade". É preciso criar, em nível das comunidades e das paróquias, centros de interesse e de cultura, e outras formas de associação:

-7-


círculo~ ,d~ recreação, lugares de reunião, "encontros espirituais comumtanos, eí.c., em que cada um possa sair do isolamento · e tornar a criar relações fraternas:" .

"Construir a cidade, lugar de existêncía dos homens, continua o· Papa, criar novos modos de vizinhança e de relações, descortinar uma aplicação original da justiça social, assumir, enfim, o encargo deste futuro coletivo que se prenuncia difícil, é uma tarefa em que os cristãos devem participar. " A esses homens amontoados numa promiscuidade urbana que se torna intolerável é necessário levar uma mensagem de esperança, mediante uma fraternidade vivida e uma justiça concreta".

. Paulo VI ponsabilidade nas. . . E ele em que cada

coloca-nos diante de uma tarefa gigantesca: a resde tornci.r fraternas as nossas cidades tão desumqmesmo nos aponta o caminho: o da comunidade, um possa realizar~se como pessoa.

A nós, cristãos, casados, equipistas - privilegiados, que fazemos constantemente a experiência de uma comunidade frater.t~-a parece dirigir-se com mais veemência o apelo. É preciso que estendamos essa nossa experiência a um número cada vez maior de pessoas, principalmente nos meios que de.la mais necessitam, o dos que vivem nas condições retratadas pelo Papa e, portanto, mais carecem de fraternidade e de amor . .

Vossa missão de esposos e de pais cristãos ultrapassa o quadro restrito da família. Proteger a intimidade do lar não é fechá-lo esterilmente sobre si próprio. A caridade completa-se no dom de si mesmo e é consagrando-se às tarefas que lhe cabem na Igreja e na Cidade que vosso lar encontrará seu pleno desenvolvimento cristão. JOAO XXIII

(Discurso às Equipes de Nossa Senhora)

-8-


DA PRIMEIRA COMUNIDADE CRISTÃ A NOSSA COMUNIDADE

No Cenáculo, ao redor do Cristo, para a consumação da última Ceia e, portanto, para a realização da Páscoa, estavam reunidos os doze apóstolos, não faltando a presença confortadora de Maria. Era a primeira Comunidade cristã que se organizava, no espírito de união, no espírito de amor: uma comunidade, pois, de caridade. Suprema expressão do amor de Cristo: a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio, dois sacramentos que vêm perpetuar entre nós e através dos séculos esse amor e essa presença de Cristo. Expressão de caridade na humildade, na compreensão, na doação: o Lava-pés, em que o próprio Cristo, em primeiro lugar, dá o exemplo. Finalmente o preceito da caridade: "Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei", a ser vivido por aqueles que se engajarem no espírito do amor de Cristo. E, depois, a oração em que Ele, o Cristo, pede por nós: "Que eles sejam um, como eu e Tu, ó Pai, somos um". Dessa pequena comunidade nasceu a grande comunidade: a Igreja, nossa Mãe, que nos congrega e une, como membros de um só corpo, a Cristo, seu esposo. Essa grande comunidade, a Igreja, congrega virtualmente todos os homens, a humanidade toda que é chamada à vida, à união e ao amor em Cristo. E, na grande Comunidade da Igreja, inserimos a família, a nossa família, que é a base da Igreja e a expressão mais profunda do amor de Cristo com sua Esposa, a Igreja. Nossas Equipes vêm formar mais uma pequena comunidade, a exemplo da primeira, constituída no Cenáculo: há a presença de Cristo, representada pelo sacerdote; há uma ceia, ágape fraternal que nos reune ao redor da mesma mesa; nos reunimos firmando-nos no preceito da Caridade, pois a nossa final'dade é amarmo-nos, com amor espiritual, como irmãos, como família, como membros do mesmo corpo. E não falta, por fim, a presença

-9-


de Maria, Mãe do Amor; é em seu nome que as Equipes de Nossa Senhora se reunem, sob seu amparo e sua assistência, para que não nos falte, na Equipe e em nossas famílias, o sorriso e o carinho que só Maria pode dar, como aquela que só e realmente conheceu o que representa a presença de Cristo no lar. Que nossas Equipes sejam como que um testemunho e um exemplo da primeira comunidade cristã: apóstolos ainda depois de vinte séculos, mas fundando o apostolado no amor, na presença de Cristo, na caridade entre os irmãos. Que de cada Equipe se possa dizer como dos primeiros cristãos: "Vejam como eles se amam ... ". E que de todas estas Equipes uma seja a Mãe, Maria, sob qualquer título, e que com ela cheguemos a um pleno conhecimento de Cristo, não só pelo amor e pela oração, mas sobretudo pela contínua caridade entre nós, a fim de que sejamos "comunidade de fé, comunidade de amor e, principalmente, comunidade de testemunho do amor de Cristo e do amor entre irmãos".

Frei J amaria de la Pila Conselheiro Espiritual da Coordenação de Brasilia

Agrupamo-nos para procurar Cristo, imitá-lo, servi-lo. Não conseguiremos nosso objetivo sem um guia - e não há outro melhor do que Maria Santíssima. Gostaria que nas nossas equipes cada casal sentisse aquela confiança na ternura todo-poderosa da Virgem Maria, aquela segurança que se adivinha no coração dos pequeninos quando sentem sua mãe ao seu lado. HENRI CAFFAREL -10-


DIVóRCIO NÃO É SOLUÇÃO

Teófilo Ribeiro de Andrade, da Equipe 2 de São Paulo, foi, com Alda, Coordenador da Comissão Regional do Ano da Família. Interrogado pelo jornal "O São Paulo", eis o que respondeu sobre a questão do divórcio.

O divórcio é uma solução ilusória para os males que ele pretende combater. Por um lado, o divórcio não resolve os problemas psíquicos e sociais resultantes da separação do casal e, por outro lado, ele estimula o aparecimento de novas e precipitadas separações, como também de casamentos ainda menos preparados do que os que hoje em dia ocorrem. Assim, em vez de se combater o mal pela raiz - preparando-se a juventude para o verdadeiro amor e para um casamento maduro e duradouro - fomenta-se o casamento precoce e impensado, quase à guisa de experiência, já que a eventual separação e uma nova união se acham previamente regulamentadas na lei. Para a comunidade social, como um todo, a introdução do divórcio seria desastrosa, como de resto já se verificou em outros países em que foi adotado, com o conseqüente enfraquecimento da família e com o surgimento de graves distorções na formação e no comportamento dos jovens. É curioso notar como ressurge a idéia do divórcio no Brasil precisamente quando todos, sem exceção, tomam consciência de que o gravíssimo problema do menor abandonado e do menor delinqüente não pode ter solução satisfatória fora do âmbito familiar, e de que a família como instituição necessita de urgente amparo e promoção. Porque é nela, por excelência, que os bons sentimentos se formam e se desenvolvem, possibilitando uma sociedade em que predomine o amor sobre o ódio e a solidariedade sobre o egoísmo e a indiferença.

-11-


Há coisas, na vida, que são irreversíveis. Assim, a constitui~ão de uma família pelo casamento, com o surgimento, primerro, do novo casal - que é mais rico do que o somatório de seus dois componentes - e, depois de novas criaturas humanas: os filhos, que necessitam de ambos os pais, conjugados no amor, para o seu desabJ;"Ochar e para a sua plena formação moral e espiritual... · A "tentação do retorno" - terminar com tudo e recomeçar tudo de novo - é, neste setor, simplesmente desvairada, ilusória: não conduz ninguém à felicidade. Assim, por maior que seja o respeito pela situação de casais desajustados e já separados - e nós o temos e proclamamos não cremos que o divórcio pudesse resolver de maneira substancial as suas dificuldades e certamente iria agravar, ainda mais, o problema dos desajustes, no contexto geral. (Transcrito de "0 SAO PAULO", 1-7/ 3/75)

"0 amor humano se revela assim como o encontro de um dom mútuo e total. Só a totalidade do dom inaugura um relacionamento de amor. Nesta totalidade está uma exigência imanente de irreversibilidade. Defendendo a indissolubilidade como exigência do amor, a Igreja não se obstina numa irritante intolerância, mas procura defender a dignidade do amor humano contra sua própria fragilidade, para assegurar a experiência de uma verdadeira plenitude que se situa além das inevitáveis crises. Sem uma garantia de indissolubilidade, tais crises, que poderiam reduzir-se a episódios dolorosos mas passageiros, transformam-se em rupturas irreparáveis." (Do Documento da CNBB, "EM FAVOR DA FAMíLIA"! de 18-20/3/75, que acabamos de receber. Mais extratos no próximo número.)


Pe. BIANCHINI, CONSELHEIRO ESPIRITUAL DO SETOR DE FLORIANOPOLJS, FALA À CARTA MENSAL

Por ocasião da comemoração do 209 aniversário da primeira equipe de Florianópolis, a Carta Mensal entrevistou o Pe. Bianchini, que é o Conselheiro Espiritual dessa equipe desde a sua fundação e é também o Conselheiro Espiritual do Setor desde a sua formação.

C.M. -

Pe. Bianchini, o Sr. que acompanha as equipes de Florianópolis há 20 anos e que pelas suas funções na Arquidiocese está em contato com a hierarquia, poderia nos dizer como a Igreja vê as Equipes de Nossa Senhora?

Pe. Bianchini -

Com muita benevolência e muito carinho. Aliás, a C.N.B.B. pronunc;ou-se várias vezes neste sentido estimulando os leigos na expansão das equipes e estimulando também os sacerdotes a lhes .d arem assistência. C.M. -Houve um tempo em que a hierarquia olhava as Equipes com certa reserva ...

Pe. Bianchini- Com efeito, parece-me que, no começo, a hierarquia fazia uma certa reserva. O fato de que o Movimento, ainda incipiente, não pudesse realizar um trabalho apostólico que se impusesse à consideração da hierarquia justifica essa reserva inicial. Nos últimos anos, porém, diante da expansão das Equipes, cujos membros estão engajados em grande número nos trabalhos apostólicos de numerosas paróquias e dioceses, principalmente nos que se relacionam com a família, seu campo específico, face ao seu eficiente e generoso apostolado junto a casais, nos cursos de noivos, na preparação para a primeira Eucaristia, a C.N.B.B., como disse há pouco, pronunciou-se mais de uma vez a favor do Movimento, desfazendo essa impressão. -13-


C.M. -

Como têm respondido, especificamente, as Equipes de Florianópolis às expectativas da hierarquia?

Pe. Bianchini -

A arquidiocese conta com 1 diácono e 2 ministros da Eucaristia que são equipistas. Além disso, as equipes em nossa arquidiocese têm sempre respondido às solicitações da hierarquia, tanto no campo assistencial como no familiar, principalmente responsabilizando~se pela promoção dos cursos de Preparação para o Casamento que são planejados, supervisionados e ministrados por elas, na capital e cidades vizinhas. No ano de 1974 foram dados mais de 70 cursos, atingindo 2.365 casais de noivos. C.M. -

As Equipes têm 20 anos em Florianópolis, 25 no Brasil e quase 40 na França. O Sr. acha que continuam atuais?

Pe. Bianchini -As Equipes de Nossa Senhora, na sua estrutura essencial, são sempre novas e sempre velhas, tal como o Evangelho no qual se baseiam. Não estão defazadas na sua essência, que é a espiritualidade conjugal e familiar, porque a espiritualidade é sempre atual. Isto não impede que em suas partes acidentais devam se atualizar segundo o tempo e o lugar. C.M. -

Pe. Bianchini, o Sr., que está em contato estreito com as Equipes há já 20 anos, o que acha, pessoalmente, do Movimento? Pe. Bianchini -

Acho o Movimento muito válido. Ajuda inegavelmente os casais, mas ajuda, e muito, o sacerdote na sua espiritualidade, principalmente pelo fato de pô-lo em contato com o leigo e sua família, na realidade de sua vivên.J. cia. Se eu não tivesse feito outra coisa na minha vida sacerdotal a não ser trabalhar com as Equipes, já me daria por realizado.

Nós nos alegramos em saber que os membros das Equipes de Nossa Senhora. animados de espírito missionário, participam em grande número da vida da Ação Católica e das diversas obras aprovadas pela hierarquia. De todo coração, encorajamos esta orientação do Movimento, sem a qual ele não atingiria. plenamente, a finalidade que se propõe: a formação de verdadeiros larescristãos. JOAO XXIII!

(Discurso às Equipes)r

14-


A

PASTORAL FAMILIAR EM

CAMPINAS

O Centro de Orientação Familiar, idealizado pelo Pe. Rolando Jalbert, além de pioneiro no Brasil - foi criado em março de 1968 - tem uma organização modelar, que abrange os principais campos da pastoral familiar. Porque um centro desses é hoje uma necessidade em toda grande cidade, (1) pedimos a um dos equipl.stas que nele colaboram que no-lo apresentasse mais detalhadamente.

Coordenada por uma Comissão Arquidiocesana de Pastoral Familiar, integrada por casais responsáveis dos d iversos movimentos familiares existentes em Campinas (ENS, MFC, OVISA, COLOCO, Encontros de Casais com Cristo, Escola de Pais), a pastoral familiar tem por objetivo o entrosamento entre os movimentos familiares para que estes trabalhem numa unidade pastoral. O órgão executivo dessa pastoral familiar é o Centro de Orientação Familiar (COF), do qual fazem parte todos os casais pertencentes aos movimentos familiares, mais os casais avulsos (1)

Em São Paulo, existe o I.E.O.F . - Instituto de Estudos e Orientação Familiar - fundado e dirigido pelo Frei Barruel de Lagenest, à Rua Cândido Espinheira, 850 - Fone: 262-4308. No Rio, o I.N.F .A. -

Instituto da Familla -

montado pelo M.F.C.,

à Rua Alzira, 549, na Tijuca. Em Porto Alegre, o S.I.C.A. (Serviço Interconfessional) funciona, como o "Porta Aberta" em São Paulo, mais como um pronto-socorro psicológico, moral e espiritual, atendendo não só a casais mas também a qualquer pessoa, inclusive jovens, com qualquer problema. Endereço: Rua Alberto Bins, 1. 008.

-15-


ou de paróquias, que se empenham em ajudar outros casais a alcançarem a plenitude da vida conjugal. O COF tem a assistência eclesiástica do Pe. Rolando J albert, designado assessor para a pastoral familiar pela arquidiocese. O COF, que é hoje uma entidade reconhecida de utilidade pública mu~icipal, põe à disposição da comunidade os serviços de preparaçao ao casamento, de harmonia matrimonial e de promoção familiar. ' O Serviço de Preparação ao Casamento coordena os encontros de noivos realizados em Campinas. Este serviço (que está a cargo da Equipe n. 0 6 de Campinas) procura orientar e desenvolver grupos dirigentes de encontros de noivos, para que sejam agentes de pastoral junto aos noivos. O COF coloca à disposição dos dirigentes de encontros material especializado, bem como promove palestras com especialistas em cada assunto tratado nos encontros, de modo a manter os dirigentes atualizados e formar novos casais dirigentes de encontros. É dada ênfase à atuação dos noivos nos encontros através de dinâmica de grupo, procurando tirar a impressão de curso obrigatório, onde vão receber "diploma de noivos". Através de cartazes com a programação anual dos encontros, procura-se estimular os noivos a participarem dos encontros com bastante antecedência ao casamento, de modo a permitir-lhes uma reflexão maior sobre a grandeza do matrimônio. O Serviço de Harmonia Matrimonial atende a casais com desajustes matrimoniais, através de casais acompanhantes (orientadores). As pessoas que procuram o COF são recebidas por uma assistente social, que as encaminha ao "casal acompanhante" que, por sua vez, pode recorrer a uma equipe de médicos, advogados, psiquiatras e psicólogos, ou procurar uma assessoria religiosa. O Serviço de Harmonia Matrimonial é feito num espírito de auxílio fraterno, "de casal para casal", diante de problemas concretos como o ajustamento psicológico e sexual, a planificação familiar, a administração financeira do lar, a promoção das personalidades, a concorrência no trabalho, etc. Quando um casal é convidado para acompanhar um caso, uma das primeiras reações que se observa é a de que "não está preparado" para tal missão. No entanto, o que se tem notado é que a condição primordial para o sucesso de um atendimento é a disponibilidade, o "colocar-se a serviço", pois, na realidade, o que os casais acompanhantes recebem em termos de espiritualidade em seus movimentos (ENS, MFC, COLOCO, OVISA etc.), é mais do que suficiente para ajudar o próximo e repartir com ele a experiência, o diálogo conjugal, a espiritualidade, e tantas outras coisas que recebemos. 16-


O Serviço de Promoção Familiar realiza palestras e círculos de estudos para casais, grupos de jovens, colégios, etc., sobre assuntos familiares e educacionais, principalmente na periferia de Campinas. Conta o COF com a colaboração de uma assistente social e uma psicóloga contratadas, além da colaboração espontânea do assistente espiritual para a pastoral familiar, dos casais dos diversos movimentos que, não podendo guardar para si a felicidade encontrada no casamento, decidiram colocar sua experiência a serviço dos outros - bem como de médicos, advogados e psicólogos, também animados pelo mesmo espírito apostólico. Diversos equipistas de Campinas trabalham ligados aos objetivos da pastoral familiar da arquidiocese, integrados no COF, quer promovendo encontros de noivos, quer dando assistência a casais em desajuste, quer promovendo palestras, quer participando de órgãos diretivos da pastoral. Quaisquer informações complementares sobre as atividades da pastoral familiar e do COF poderão ser solicitadas diretamente ao CENTRO DE ORIENTAÇAO FAMILIAR, Rua Jo~é Paulino, 1. 244, sala 41, 13.100 - Campinas, ou pelo telefone 8-8646, em todas as tardes de dias úteis.

"' * "' "Os casais do COF não desejam transmitir bons conselhos mas procuram ajudar o casal atendido a assumir sua própria responsabilidade. O COF procura ajudar o casal a se situar de manei1'a mais concreta no seu problema." "Cada etapa da vida é um crescimento, mas ao mesmo tempo traz problemas diferentes. Quem sabe consultar na hora certa caminha com mais maturidade." "Quem pode se beneficiar destes serviços? noivos perplexos ou desejosos de saber melhor para caminhar com segurança; recém-casados com dificuldades normais de adaptação na vidã a dois - ou a três, com a chegada do primeiro filho; casais às vezes cansados pelas dificuldades, vítimas de desarmonia, de infidelidades, de desequilíbrio orçamentário, de interferências familiares, etc.; casais que encontram novas dificuldades na idade madura; pessoas frustradas na separação do cônjuge pela viuvez ou por um desquite." (do folheto de propaganda do COF)

-17-


25 ANOS DE ESPIRITUALIDADE CONJUGAL

"Pelos seus frutos os conhecereis." (Mat. 7, 16)

"É preciso que cada equipe, dizia o Pe. Caffarel em 1957, seja um viveiro de apóstolos, servidores de Cristo e da Igreja" e, diante da falta de clero, conclamava os casais responsáveis das então 15 equipes existentes a multiplicarem as equipes, a fim de aumentar o número de apóstolos leigos de que a Igreja iria precisar cada vez mais no futuro.

Como foi que correspondemos ao seu chamado? Lançando um olhar para trás, o que vemos? Um número cada vez maior de equipes, em um número cada vez maior de cidades. E hoje, em todas essas cidades, equipistas militando em todos os movimentos de apostolado leigo, equipistas respondendo sempre "presente" às convocações de seus bispos, equipistas procurando criar sempre novas formas de difundir a espiritualidade conjugal. Estaria satisfeito o nosso fundador, vendo os frutos depois de vinte e cinco anos de Equipes no Brasil? Sim e não. Sim, porque não foram poucos os esforços para se chegar a isso. Não, porque, diante das necessidades imensas da Pastoral Familiar, isto ainda é apenas uma gota d'água no mar ... Este artigo é portanto um balanço e também um chamado. Depois de 25 anos, achamos que é chegada a hora de a mão esquerda ficar sabendo o que faz a mão direita . .. Não com espírito triunfalista, para provocar um sentimento de auto-satisfação coletivo, mas para que, a partir desse balanço, cada um - cada equipista e cada Setor - possa sentir-se chamado a fazer mais.

-18-


O começo: mais equipes! Quando o Pe. Caffarel voltou ao Brasil pela segunda vez, em 1962, a semente já havia frutificado além de todas as expectativas: encontrou 167 equipes, i.e., 12 vezes mais do que cinco anos antes ... Enquanto em São Paulo, Campinas e Jaú aumentava o número de equipes, o Movimento naqueles anos estendera-se no Interior do Estado para a maioria das cidades onde existe hoje: Santos, Ribeirão Preto, São Carlos, Bauru, Marília, São José dos Campos, Araçatuba, Limeira, Americana, Taubaté, Jundiaí, Itu... No Sul, onde já existiam as primeiras equipes de Florianópolis, Curitiba e Porto Alegre, o Movimento desenvolvera-se e atingira Caxias do Sul. Iniciara-se também no Rio. Havia nessa altura 4 Setores: 2 em São Paulo e os recém-formados de J aú e Florianópolis. O de Campinas foi instalado nesse mesmo ano de 1962 pelo próprio Pe. Caffarel. Depois dessa segunda visita é que se dividiu o Brasil em 3 Regiões: São Paulo-Capital, São Paulo-Interior e Sul, e se formou a Equipe de Coordenação Inter-Regional - ECIR. 1964 e 1965 viram surgir as primeiras equipes em Petrópolis e Brusque e a instalação dos Setores de Santos, Ribeirão Preto, Curitiba e Rio de Janeiro. A partir de 1966, a expansão na Guanabara e no Sul foi irresistível e hoje há 2 Setores em Curitiba e 3 no Rio. O de Florianópolis acaba de ser desdobrado em 2 e o de Porto Alegre, instalado em 1970, vai ser desdobrado em 3. Quantos somos hoje? 25 Setores, 15 Coordenações - divididos em 12 Regiões. . . 465 equipes, em 67 cidades, distribuídas em 11 Estados. Quando se contempla o mapa com os alfinetinhos, o que ocorre é um sentimento de ação de graças. O Espírito Santo é certamente o primeiro responsável por esse trabalho. Foi Ele que animou e impeliu esses casais que, sem medir sacrifícios, empreendiam longas viagens para fundar, pilotar e visitar todas essas equipes. Quem contará a odisséia que foram, muitas vezes, essas viagens? Daria para escrever um livro! Para citar apenas um exemplo, para ir a Araçatuba, o casal piloto viajava 6 horas de trem, mais 6 horas de ônibus, com três crianças. . . E agora, recentemente, os cariocas atravessaram meio Brasil para fundar as Equipes de Brasília e de Manaus. Os Setores que hoje vicejam e os equipistas que atuam em todos os campos são fruto da dedicação de todos esses casais que, nas estradas, ou sentados atrás de uma máquina de escrever, pilotaram e ligaram as nossas equipes. -19-


Segundo passo: aprofundamento religioso Era exigência dos Estatutos - e vinha a calhar para reforçar a· formação dos primeiros equipistas e ajudar a formar os novos, nem sempre recrutados entre os católicos "praticantes" - a par"ticipação num ·retiro fechado, de casal, uma vez por ano. Só que no início não era tão fácil. Os primeiros retiros foram verdadeir~s epopéias: nos colégios procurados, as Irmãs se negavam a receber os maridos - e era preciso apelar para soluções de emer· gência como sítios, fazehdas, etc. (cf. C.M. de abril de 1971). Com o tempo, fundaram-se casas de retiro e, depois do Concílio, a mentalidade mudou: os colégios foram abrindo . ·s uas portas para os casais. Hoje, os retiros já entraram na rotina de tudo quanto é Setor e Coordenação. Só em São Paulo, foram realizados, nesses 25 anos, 125 retiros - ou seja, uma média de 5 por ano. Passaram por esses retiros, entre equipistas e convidados, mais de 2.000 casais. Seria muito difícil fazer-se um cálculo aproximado para todo o Movimento, mas, para se ter uma idéia do número de casais benefi..: eiados, bastaria pegar apenas 10 Setores durante 10 anos, com 2 retiros por ano - isto já daria 200 retiros! ' : ·: Somem-se os Dias de Estudos locais, os Encontros Nacionais de Casais Responsáveis e; principalmente, as Sessões de Formação. Em todos, conferências de espiritualidade e meditação têm seu lugar privilegiado. As Sessões de Formação têm acentuado cada vez mais o aspecto da formação espiritual, ao lado da formàção pará o Movimento e para o apostolado. · Foram realizadas, desde 1962, quando o Pe. Caffarel pregou a primeira Sessão, 32 Sessões, com a participação de aproximadamente 650 casais . .. De 1962 a 1969, tivemos 10 Sessões. A partir de 1970, a ECIR dedicou-se à multiplicação e descentr alização das Sessões, com o objetivo de formar novos elementos, principalmente locais. Somente naquele ano, foram percorridos 18.000 km par a pregar 4 Sessões e fazer 5 Mutirões. . . Em 4 anos apenas, num esforço gigantesco realizado por pouco mais de meia dúzia de casais, foram feitas 21 Sessões de Formação, das quais participaram aproximadamente 400 casais! E aqui cabe um agradecimento aos nossos Assistentes - cuja p:;1lavra e cuj~ oração têm sido para nós durante todos esses anos veículo da graça. Foi através deles que crescemos na fé e foram eles que nos ajudaram a ouvir o que Deus queria de nós. Acreditamos que as muitas horas que nos dedicaram, nas nossas reuniões mensais, nos retiros, nos Encontros, nas Sessões, não foram em vão. A eles, Conselheiros de equipe, Conselheiros de Setor, a nossa gratidão. -20-


De dentro para fora: a difusão da espiritualidade conjugal

Ao lado dos retiros, para os quais sempre se procurou atrair casais não-equipistas, tentou-se desde cedo outras formas de se atingir casais fora do Movimento. Um dos_ primeiros empreendimentos nesse sentido foi a revista "Mundo Melhor'', idealizada e publicada durante dois anos por um grupo de equipistas. Le.. var a espiritualidade conjugal a casais sem formação religiosa era a grande preocupação já em 1957 e, a 1.0 de maio de 1958, nasceu o primeiro Círculo Familiar. Essa fórmula tinha a vantagem de não necessitar da presença de um Assistente espiritual. Só na c.! dade de São Paulo, foram lançados 32 Círculos, dos quais participaram 225 casais. Os Círculos tinham uma duração limitada \=- dois anos. A maioria dos casais, querendo continuar; entraram depois para as Equipes. Essa experiência também foi levada adiante em outras cidades. Em Ribeirão Preto, por exemplo, nos anos 70-71, havia 10 Círculos em funcionamento, com 50 participantes.

Dias de E~.tudos de Responsáveis, em 1958

Mas o grande passo seria dado mesmo em 1959, com o lançamento dos Cursos de Preparação para o Casamento. A primeira equipe de cursos foi montada com o auxílio do Pe. J albert e do Pe. Charbonneau, a partir da experiência do Centro de Preparação ao Casamento criado na França pelas Equipes. Apesar do ceticismo de muitos vigários, os pedidos foram chegando de todos os bairros e logo foram sendo formadas outras equipes para dar o curso. E começaram as viagens pelo Interior e para o Sul: o curso foi levado para Campinas, Ribeirão, J aú, Florianópolis, Curitiba, Caxias - e depois para outras cidades. Esses casais pioneiros da preparação para o casamento também teriam muitas histórias para contar (cf. C.M. de outubro de 1970). Mais uma vez o Espírito Santo estava por detrás desse empreendimento -21-


multiplicaram-~e os cursos, novos casais foram aderindo a esta forma privilegiada de apostolado e passou-se a fazer, anualmente, dias de estudos, quando se analisavam as experiências, com o objetivo de uma atualização constante dos temas.

Com a criação de outros cursos, por outros movimentos principalmente o M.F.C. - aos poucos a preparação para o casamento foi se tornando obrigatória em todas as dioceses. Em São Paulo, a tentativa de unificação desses vários cursos fez com que a estrutura já existente fosse abalada. Deu-se então este paradoxo: justamente quando haveria mais necessidade de estruturação para responder à demanda, os que tanto haviam dado de si acharam que não era mais necessária a sua orientação e deixaram que cada um desse o curso como bem entendesse os casais sentiram-se inseguros e muitos desistiram. Felizmente, ultrapassado esse período, a preparação para o casamento voltou a ser em São Paulo - como continuou a ser em todos os lugares - o apostolado n. 0 1 dos equipistas, e hoje, estão sendo formados casais para treinar equipes locais para darem o curso, principalmente nas paróquias da periferia. Em Florianópolis, em Jaú, no Rio de Janeiro, o maior parte dos equipistas, e por vezes equipes inteiras, estão engajados neste apostolado, sendo várias as dioceses em que a preparação para o casamento foi confiada às Equipes pelo Bispo diocesano. Em 1972 (cf. C.M. de junho) um grupo de casais de São Paulo e Jundiaí foi até Miracema do Norte (Goiás - 2.000 km), a pedido do Bispo Prelado, para dar um curso intensivo de formação para preparação ao casamento ~ casais de várias cidades da prelazia. Hoje, os "cursos de noivos" têm características próprias segundo as cidades, as paróquias, as dioceses, mas, em vários Setotes, a idéia já ganhou outra dimensão: ao preparar os noivos para: o casamento, aproveita-se para dar-lhes alguns rudimentos de formação religiosa. Embora discretamente, é uma verdadeira catequese que vem sendo feita a pretexto e dentro do curso. Assim, os noivos não só descobrem o que é verdadeiramente o casamento, mas descobrem também o Cristo, do qual em geral estavam um tanto distanciados. Criatividade ...

Procurando responder às necessidades locais, em toda parte foram surgindo novas formas de se levar a outros casais um pouco das riquezas descobertas nas Equipes. Uma delas são os Diálogos Conjugais - idealizados em Jaú, trazidos para São Paulo e levados para Petrópolis e Juiz de Fora, onde encontraram muitos adeptos. São palestras para casais, da-22-


das nos moldes de um curso de noivos, em 8 ou 9 reumoes. No mesmo espírito, Florianópolis tem os "Encontros de Casados" e J aú o "Encontro de Corações" Despertados pela experiência do Pe. Pastore, muitos equipistas levaram os "Encontros de Casais com Cristo" (cf. C.M. de julho-agosto de 1971) para suas cidades e colaboram ativamente neles.

Sessão de Formação de Dirigentes em Marília, 1974

Há vários anos, em um ou outro Setor, vem sendo feito um apostolado em âmbito maior, atingindo casais sem d:stinção de credo, através de ciclos de palestras organizados para toda a cidade. São convidados conferencistas de renome, como o Pe. Charbonneau, o Pe. Mohana, e também leigos especialistas em assuntos conjugais e familiares. Em Santos, a "Semana da Família", idealizada pela Equipe de Setor, ganhou âmbito diocesano. Já se realizou pela segunda vez, numa programação que conta com a colaboração de todos os Movimentos, e atinge todas as faixas da população através de palestras, trabalhos curriculares sobre a família realizados nas escolas e equipes de orientação familiares a postos em todos os bairros (cf. C.M. de dez. 73). Em maio de 1973, o Setor de Campinas movimentou a cidade inteira com a campanha "Deus e as mães unidos na Criação". Junto com 25.000 rosas, foram entregues às mães mensagens de fé e de amor em que se lembrava que o filho, para ser feliz, precisa que seus pais se amem (cf. C.M. de outubro de 1973). A mais antiga dessas promoções é a Campanha do Natal, levada a efeito durante muitos anos em Florianópolis, quando, através ___,. 23 -


de um trabalho de casa em casa, se conscientizava a população quanto ao verdadeiro sentido do Natal e à maneira certa de comemorá-lo. No meio operário, durante muitos anos, vários casais de São Paulo trabalharam com Frei Luís Maria Sartori, fundador do UNICOR, animando as hoje chamadas "Comunidades Familiares da Virgem Operária" (cf. C.M. maio 72). Lançaram-se Equipes de Nossa Senhora na Vila Maria, no Jardim Japão, em São Caetano do Sul. Essas equipes, no entanto, não perseveraram depois da pilotagem, por falta de uma infra-estrutura. Felizmente, em outros Setores, principalmente no Sul, a experiência foi mais bem sucedida e as equipes continuam até hoje. No meio rural, as experiências ainda são poucas, mas os equipistas de algumas cidades têm usado de criatividade. Os de Itu vão até as fazendas, aos domingos, levar a presença da Igreja, através de leitura e comentário do Evangelho e distribuição, por um Ministro da Eucaristia, da Sagrada Comunhão. Os de Garça vão para a roça conversar com os casais sobre os seus problemas - é mais um bate-papo do que uma palestra. Uma forma recente de levar a espiritualidade dentro dos lares são as noites de oração, experiência levada a efeito principalmente no Setor de São José dos Campos. Uma noite por semana, por quinzena ou por mês, um casal equipista convida seus vizinhos para ler e meditar um texto da Sagrada Escritura e orar em comum (cf. C.M. março 74). Em 1970 (cf. C.M. de novembro), D. Picão preconizava, como forma privilegiada de apostolado, a animação pelos equipistas de pequenas comunidades. Isto está acontecendo em várias cidades, com equipistas dirigindo círcu.los bíblicos e animando equipes paroquiais. Em Jundiaí é quase coisa do passado - equipes paroquiais já estão funcionando em praticamente todas as paróquias, com animadores locais, dedicando-se agora os equipistas a outros trabalhos. Em socorro dos infelizes

Em vários Setores, os equipistas perceberam que tinham uma missão especial em relação aos casais em dificuldade ou em vias de separar-se. "Consultórios conjugais", centros de orientação matrimonial - o nome não faz diferença. Mesmo porque, muitas vezes, funciona de maneira completamente informal: um telefonema, seguido de uma visita ou de um convite em casa. Havendo ou não um local, os casais das Equipes conversam com o casal, estudam o caso e o acompanham até quando for preciso. -24-


Quando não se consegue evitar o desquite, o trauma é mmimlzado pelo apoio dado pelos equipistas. Há cidades em que o juiz não dá seguimento ao processo enquanto o casal não tiver passado pelo Centro, "consultório", ou simplesmente por uma conversa com um dos casais das Equipes que se dedicam a esse trabalho. Taubaté, Jundiaí, Campinas, têm experiências muito válidas neste campo. Viúvas - em Marília e agora no Rio - montaram-se equipes para elas, nos moldes das E.N.S. Velhinhos, mães solteiras em muitas c'dades, os equipistas dão atendimento especial a eles, ao longo do ano. Em Juiz de Fora, há um trabalho sendo feito com os presidiários e suas famílias. Em Florianópolis, com as meninas de um asilo. E as famílias carentes têm, em Petrópolis, um posto de atendimento inteiramente montado pelos equipistas. Em Ribeirão, há muitos anos que vários equipistas vêm se dedicando a trabalhos de promoção humana na periferia. No Rio, a arquidiocese confiou às Equipes o levantamento de todos os recursos existentes nas paróquias, colégios e entidades em matéria de assistência social, com o objetivo de verificar o que existe e estudar como suprir o que falta. E os filhos?

Em toda parte, equipistas participam de movimentos de jovens: TLC, CVC, etc., tanto na organização como dando palestras. No Rio, uma equipe se especializou no combate aos tóxicos, assistência aos toxicômanos, esclarecimentos aos pais, colégios, etc. (Sobre o problema dos tóxicos, a C.M. publicou extenso material em julho-agosto de 1971). Os equipistas de Itu colaboram no GIVOCA- Grupo de Incentivo à Vocação; os de Brusque mantêm relacionamento muito bom com os seminários, onde dão palestras; os de Campinas fizeram um curso para serem eles mesmos os catequistas de seus filhos; os de Brusque - e seus filhos moços - dão catequese o ano inteiro. Taubaté promoveu um Encontro sobre a Criança e, para os jovens, o DIC - Dia de Informação Cristã - que congregou 40 adolescentes. Cursos para namorados, palestras para jovens, encontros, fazem parte da programação de muitos Setores e Coordenações. Duas iniciativas merecem destaque: o Mutirãozinho, em Petrópolis, que atinge, duas vezes por ano, um número muito grande de escolares, numa promoção em que se empenha todo o Setor; e as "Equipinhas", iniciativa dos equipistas de Jundiaí e de Taubaté (cf. C.M. de nov. de 70 e agosto de 74 e este número, maís adiante). A Carta Mensal, por sua vez, tem procurado publicar material sobre problemas da juventude e educação de filhos - lembramos os artigos do Pe. Zézinho (set. e dez. 74), do Con. Enzo e do Pe. Charbonneau (dez. 74), para citar só os mais recentes. -25-


Os equipistas na cidade

Medellin conclama os leigos a agir ''a modo de fermento" , "de dentro", para transformar as estruturas. Muitos são os equipistas que, percebendo a contribuição que um cristão pode trazer para a sociedade civil, se empenham a fundo , seja dentro de sua própria condição profissional, seja através da participação em entidades como a ADCE, associações de classe, sind'catos, etc., na vida pública da cidade e do país. Procuram servir ao bem comum apoiados no contato diário com o Evangelho e sustentados pela oração e a dos seus companheiros de equipe. Seu testemunho pessoal, aliado à sua atuação, levam às instituições humanas a presença do próprio Cristo. Conclusão

Todas as formas de apostolado em que os equipistas atuam desde uma pilotagem até o engajamento político - são maneiras de servir a Igreja. Dar-nos-emos então por satisfeitos? É claro que não: a visão panorâmica apresentada mostra a disproporção entre o que é feito e o muito que ainda há por fazer. "Não somos nós, por nossa ação, que podemos fazer alguma coisa - escreveu o Pe. Caffarel. É o Senhor que fará tudo através de nós, e Ele o fará na medida em que formos abertos ao seu Espírito Santo." Como dissemos no início, este artigo não foi escrito para que nos achemos "os tais", mas para que, tomando conhecimento do que pode ser realizado, tenhamos idéias novas ou para que, se nada fazemos, resolvamos arregaçar as mangas . . . Há um tempo para receber - para aprender, para interiorizar - e outro para dar, para extravasar. Não podemo-s ficar só no primeiro. Lembremo-nos da parábola dos talentos e preparemo-nos para o dia em que o Senhor da messe nos virá pedir contas. Porque a messe é grande, e poucos são os operários.

-26-


VIDA

CRISTÃ

EM

MARCHA

Hoje vocês ouvem falar muito em comunidades de base. Uma equipe não é senão uma comunidade de base. Portanto, é uma Igreja que se está realizando. É um grupo de pessoas casadas trabalhando em conjunto com um sacerdote, de tal modo que ao se reunirem em equipe se pode perfeitamente celebrar a Eucaristia. Podemos realizá-la, porque aqui há uma Igreja doméstica, pequena, de 11, 13 ou 15 membros, muito pequena mesmo, mas uma autêntica célula cristã. Esta autêntica célula cristã tem elementos que são fundamentais. São eles as grandes linhas que consti~uem as E.N.S. como pequenas Igrejas espalhadas pelo mundo. Estes elementos são os seguintes: Primei1'o: Comunidade cristã. É uma comunidade cristã com todos os elementos que são necessários para a sua existência. E assim nossa pequena comunidade cristã é onde podemos viver nosso cristianismo junto com pessoas que têm a mesma fé que nós, com toda a intimidade, com toda a verdade. Segundo: É uma comunidade cristã, mas através da espiritualidade matrimonial. Na realidade são casais, com um sacerdote, os que se uniram para insistir nesse ponto chave da Espiritualidade matrimonial. Terceiro: É uma comunidade cristã que sempre se tenta superar e nunca está contente consigo mesma. Sempre em marcha para a frente. É verdade que temos uma regra de vida espiritual ou mesmo matrimonial, mas creio que vai chegando o momento, nas E.N.S., de se ir pensando naquilo que se chamaria regra de vida comunitária, isto é, objetivos de superação na nossa equipe, na nossa comunidade, porque se o movimento tem algo de característico, entre outras coisas é, com relação à regra de vida, não se estar nunca satisfeito, é desejar sempre mais. É a superação sempre em marcha. Quarto: Por último, é uma comunidade cristã com tudo o que se supõe de Cristo e da Eucaristia, mas sob o olhar de Maria. E que significa Maria? É o modelo de resposta a Deus no mundo. Foi a resposta mais total, mais definitiva de uma criatura a Deus. Foi a que disse "sim" sem nenhuma limitação. Por isso, as E.N.S. buscam em Maria o exem-plo do "sim" para dizer a Deus o mesmo "sim" que lhe disse Maria, sabendo que aí está a fonte de toda a sua fecundidade. -27-


Sinais de que uma equipe ou o movimento em geral é realmente vida cristã em marcha. Os sinais seriam três:

1.0 - Cada um dos membros e cada um dos casais, progressivamente, se vão sentindo mais comprometidos, através da fé, com Cristo e com a Igreja. É por isso que cada dia me sinto mais obrigado com Deus, mais obrigado com Cristo, e nos sentimos assim individualmente, matrimonialmente e comunitariamente enquanto equipe. Procuramos saber com maior empenho aquilo que Deus quer de nós, e queremos lhe dar o melhor. 2.0 - Um sentir-se cada dia mais comprometidos com a Igreja e um poder dizer cada dia com maior convicção: nós somos Igreja. Porque se uma equipe se fosse despreocupando dos problemas da Igreja e dos outros cristãos, poderíamos dizer que esta equipe errou o seu caminho. 3.0 - Mais comprometidos com o mundo e com as obrigações que temos para com os homens. Portanto, na medida em que os membros de uma equipe - e falo agora de membros, tanto individuais, como conjugais - se sentem mais comprometidos como equipe com as demais pessoas, com sua própria profissão, com problemas que existem no mundo, e pretendem na medida do possível fazer tudo ao seu alcance para ajudar e colaborar com seus irmãos, os homens, dizemos que isso é sinal de que essa equipe vai perfeitamente bem. Estas são em síntese as idé!as que me parecem idéias chaves que um piloto deve ter sobre as E.N.S. O demais é técnica. É isto o que poderíamos chamar de coração das E.N.S. Movimento de Espiritualidade, escola ativa de vida cristã, mas com o sentido da grande transferência para todos os setores da vida. E, finalmente, vida cristã em marcha, que já está realizando e cujos sinais de que é uma autêntica comunidade cristã serão os progressivos aumentos de compromissos com Deus e com Cristo, com a Igreja e com os homens. Tenham bem claro que, se há algo em relação ao Movimento que um piloto deve esclarecer aos novos casais, é certamente este conceito de movimento de espiritualidade. E volto a defini-lo: não é mais que um movimento onde nos ajudamos cristãmente a descobrir as exigências da vontade de Deus em nossa vida, e a ir comprometendo progressivamente nossa vida, procurando viver evangelicamente como fermento, em qualquer lugar onde nos encontremos, durante as 24 horas do dia. Este é o objetivo do movimento, das Equipes de Nossa Senhora como movimento de espiritualidade. (Terceira e última parte da palestra do Pe. Gonzales Dorado)

-28-


O INíCIO DAS EQUIPES NO BRASIL A primeira equipe

A história das Equipes no Brasil começa naquela noite de 13 de maio de 1950. Seis casais se acham reunidos ao redor de uma mesa, presididos por um sacerdote. Os seis, antigos amigos, já militavam havia anos no Centro Dom Gastão, prolongamento, para casados, da Congregação Mariana da Sé. O sacerdote, Mons. Aguinaldo José Gonçalves, Diretor daquela Congregação. Havia tempo que procuravam uma linha diretriz para a sua v'da de cristãos casados, em sucessivas experiências sem continuidade. Para que se tinham reunido? Para tomar conhecimento do conteúdo de uma pequenina brochura, os Estatutos das Equipes de Nossa Senhora, que um deles tinha recebido através de uma correspondência trocada com o Pe. Henri Caffarel. Troca de idéias, debates, objeções ... Conclusão: iriam tentar a experiência da vida de equipe, tal qual era apresentada naqueles Estatutos. Mas, quanta coisa diferente e estranha. A começar pelo jantar. Em seguida, a forma de estudar os assuntos propostos ... seria possível aquela abertura de uns para com os outros, na co-participação ou na partilha? Seria exequível aquela fraternidade capaz de levar a carregar os fardos uns dos outros? ... Um pouco a medo iniciaram os primeiros passos, longe de pensar que estava sendo lançada uma sementezinha que haveria de crescer no decorrer dos anos. O seu intento era bem mais modesto: simplesmente reagrupar alguns casais, para tentar uma experiência nova que os ajudasse na sua vida conjugal e familiar. Simplesmente apoiados nos Estatutos, no primeiro tema de estudos e em alguns números da Carta Mensal francesa, foram se realizando as primeiras reuniões. Convidado, não pôde Mons. Aguinaldo ser o Conselheiro Espiritual e pediu ao Pe. Oscar Melanson para substituí-lo. Ele mesmo contou, em entrevista publicada em maio de 1970, o que foi o seu primeiro contato com a equipe. Contato providencial e decisivo para o Movimento. O princípio não foi fácil. Alguns dos primeiros casais não se adaptaram à fórmula proposta. . . Dificuldades para "catequizar" novos elementos. Desânimo por vezes. Impressão de isolamento, apesar da correspondência assídua com Pe. Caffarel e com o primeiro Casal de Ligação, Gerard d'Heilly, que iríamos conhecer mais tarde pessoalmente. Além disto, alguns termos dos Estatutos e das suas normas nos pareciam um tanto nebulosos. -29-


Foi quando nos anunciaram a visita de um equipista de Paris que, vindo a negócios, aproveitaria a oportunidade para nos procurar. Chegou ele um belo dia à nossa casa. Ambos ocupados quando se apresentou, foi ele introduzido na sala. Quando entramos, pouco depois, encontrâmo-lo sentado, com um de nossos filhos ao colo, brincando com ele. Não se levantou. Um gestó amigo, uma rápida apresentação, o entabolar fácil de uma conversação. Nós que esperávamos uma visita cerimoniosa, ficamos cativados por aquela simplicidade que nos deixou logo à vontade. E, imediatamente, aquela impressão de que nos conhecíamos há muito ... Aquela visita foi para nós uma revelação. Quanto aprendemos! Em primeiro lugar o "estilo" da amizade fraterna dentro das equipes: simples, cordial, aberta, cativante. Depois o valor dos contatos humanos, indispensáveis para as equipes em formação. Mais tarde aprenderíamos que, sem exceção, uma equipe isolada é uma equipe fadada a desaparecer. Finalmente, os esclarecimentos dos numerosos pontos obscuros e, mais ainda, a razão de ser de cada uma das normas do Movimento. A primeira expansão

Dois anos se passaram. A equipe se firmara, apoiada na correspondência assídua com o Casal de Ligação, sustentada pela firme orientação espiritual do Conselheiro Espiritual. A experiência daqueles dois anos mostrava com toda a evidência que a fórmula das Equipes nada mais era do que um estímulo à vivência do Evangelho. Pe. Melanson não nos deixa adormecer sobre os louros colhidos. Em julho de 1952 inicia-se a pilotagem da segunda equipe, desta vez com antigos membros da JUC. Em dezembro era a terceira que se formava. Depois a quarta. . . Graças aos contatos do Pe. Melanson nas suas múltiplas viagens, formam-se em 1955 as primeiras equipes fora de São Paulo, em Florianópolis, Campinas, Jaú. Mais tarde, em Curitiba, Porto Alegre, Caxias do Sul. No extremo norte do Brasil, houve uma experiência em Campina Grande: isolada, com dificuldades enormes na correspondência, não teve continuidade. Polarização das boas vontades. . . Esboço de organização administrativa ... Trabalhos de secretaria ... Lembramo-nos do mi~ meógrafo então adquirido para impressão de Estatutos, Temas de Estudos, Manuais e, já a Carta Mensal. .. Nele, de dois em dois minutos era preciso passar com um pincel a tinta no rolo ... Organizam-se os primeiros Recolhimentos e Retiros. Recolhimentos e retiros para casais eram, na época, um quase escân-30-


dalo. Dificilmente conseguimos perm1ssao para um primeiro retiro fechado de dois dias. E vimos a superiora de um colégio de freiras recusar, por ordem da Madre Geral, a continuação dos recolhimentos que vínhamos fazendo ali, por serem de casais ... Folheando a correspondência trocada com o Casal de Ligação, encontramos uma sucessão de datas marcantes. Fevereiro de 53, 1.0 número da Carta Mensal. Julho do mesmo ano, formação de um esboço de setor que reunia os Responsáveis das 4 equipes então existentes. Abril de 55, compromisso das Equipes 1 e 2; 21 de abril do mesmo ano, 1.0 Dia de Estudos dos Responsáveis. Em julho de 56, contavam-se 13 equipes, sendo 8 em São Paulo e 5 fora: Rio, Campina Grande, Florianópolis, Campinas, Jaú.

O Primeiro Setor (Foto tirada em 1958)

Em 1957, insistentes convites do Centro Diretor para que fôssemos à França, para um encontro com as equipes veteranas. Objetamos que seria muito mais útil a vinda de um delegado do Centro Diretor que entraria em contato com a maior parte dos nossos casais e sugerimos a vinda do Pe. Caffarel. A sugestão é aceita. A primeira vinda do Pe. Caffarel

Inegavelmente, a visita do fundador das Equipes de Nossa Senhora e seu Diretor Espiritual é o ponto alto de toda a vida -31-


do Movimento no Brasil. Só então ficamos conhecendo as Equipes em toda a sua profundidade. Impossível um resumo do que foram os 10 dias de contato com o Pe. Caffarel. Alguns dias depois, em carta ao nosso Casal de Ligação, comunicávamos as nossas impressões ainda vivas: "Deu-nos ele uma nova visão da vida de equipe. Temos a impressão muito nítida de que a sua palavra, os seus conselhos, as suas diretrizes vieram marcar uma nova fase para as nossas equipes. Ele nos tomou, por assim dizer, pela mão e nos ajudou a subir mais alto, para desvendar horizontes muito mais amplos". Datam dessa visita, conferências notáveis que continuam a ser atuais: A Equipe, Assembléia Cristã, pequena Ecclesia dentro da Grande Ecclesia. A Ecclesia Missionária, dando o sentido do apostolado nas Equipes; suscitou esta palestra não poucos debates e controvérsias que ainda perduram. . . Mas Pe. Caffarel insistiu particularmente sobre a necessidade do aprofundamento, sem no entanto esquecer o transbordamento apostólico. "O aprofundamento só, esmaga; a ação só, dispersa e esteriliza; é precisO um e outro para que haja equilíbrio". "Uma equipe que, após algum tempo de trabalho, não sente a necessidade de transbordamento, é uma equipe fracassada". Sucessivamente, apresentou-nos uma visão geral do Movimento, para depois deter-se sobre o sentido profundo de cada um dos momentos da reunião de equipe, a razão de ser de cad·a uma das obrigações. Insistiu sobre o significado da caridade fraterna: "A caridade fraterna é não deixar para trás aquele que denota cansaço, esmorecimento, talvez desencanto·. Despertá-lo é caridade. Deixá-lo no seu torpor é traí-lo". De volta à França, escreveu: " . . . As minhas recomendações são as m esm as que vos dei: máximo de mística e máximo de disciplina. É preciso a todo preço que as equipes sejam este celeiro onde o Senhor encontrará homens e mulheres que irão levar o testemunho de Cristo junto de todos os seus irmãos, nos lugares mais humildes como nos postos mais elevados. Mas isto só se tornará possível se as vossas equipes forem verdadeiras escolas de vida cristã, vitórias da caridade, escolas de or ação, cenáculos onde os apóstolos do Cristo vêm abrir os seus corações ao Espírito de Deus". Ainda durante a estada do Pe. Caffarel, organizou-se o primeiro Setor, de acordo com as recomendações que nos dera: "Organizar a Equipe de Setor, não para as necessidades de hoje, mas prevendo um número três ou quatro vezes maior de equipes". Éramos ao todo, então, talvez umas 15 equipes .. .

Nancy e Pedro Moncau Jr. -32-


20 ANOS DE EQUIPE -

RECORDAÇõES DE UM ASSISTENTE

O Cônego Pedro é Assistente de equipe em J wú há 20 anos - foi Assistente da primeira equipe e de muitas outras - ajudou a lançar equipes em todas as cidades vizinhas - e, desde a sua instalação, em 1962, até hoje, é Conselheiro espiritual do Setor.

Lembro-me bem. Era lá pelo ano de 1955. Desde meus tempos de estudante, interessei-me pelo problema familiar. Tendo assistido no Rio, num congresso de Teologia, a uma conferência de D. Helder Câmara, na qual ele relatava como conseguia penetrar nas famílias e levá-las ao aprofundamento religioso, voltei para casa com a vontade firme de começar trabalho semelhante. Foi quando, num domingo, após a Missa, um amigo, dr. José Luís França Pinto, procurou-me para um bate-papo. Nós vamos à Missa, disse-me ele, aprendemos algo de religião, mas não temos nada que nos leve a um maior conhecimento religioso. Aproveitei a ocasião para expor meu desejo: convidar alguns casais para refletirmos juntos sobre religião. -

O senhor topa isso? perguntou-me o amigo. Claro que sim; estou à disposição, foi o que respondi.

- Então vou já comunicar a um casal que deseja o mesmo, disse-me. Uma hora depois estava de volta todo feliz e me pergunta novamente: O Senhor topa mesmo? - Que dúvida! Claro que topo. Ele me contou que se encontrara com Lourdes e Clóvis Garcia, que se achavam em J aú para fazer uma conferência sobre teatro e arte, e eles lhe haviam dito que em São Paulo havia algo semelhante, já de modo organizado. E estavam dispostos a relatar o que existia em São Paulo, numa reunião, às 14 horas. A hora marcada estavam presentes: os donos da casa, Gladys e Adonis Pirágine; o dr. José Luís, o casal de São Paulo e eu. -33-


E explicaram: É um movimento de espiritualidade conjugal. Entreolhamo-nos. Foi para mim uma ducha bem fria. Nunca ouvira falar de espiritualidade conjugal e, estou certo, nem os amigos presentes. E eles continuaram: É vivência, não intelectualismo... E nós .que procurávamos aprgfundamento da religião, conhecimento. ; . Meio céticos, lançamos a pergunta: Vamos tentar? Vamos. Era o momento da escolha dos casais para formar o grupo: seis casais. Pegou-se a lista telefônica - não para ver os endereços - mas à cata . de nomes que poderiam integrar o grupo. E cada nome passava pelo crivo da crítica. Foi assim que nasceu a primeira equipe de Jaú, que, com Campinas, formava as primeiras do interior. Hoje, todos riem ao lembrar esses fatos. Procurar na lista telefônica ... E, felizes, pilotados "por correspondência" por da. Nancy e dr. Moncau, fomos a São Paulo, ao Encontro dos Responsáveis. Cheios de dúvidas, esperávamos resolvê-las todas. Presentes uns quinze casais, no máximo, numa das salas da PUC, nas Perdizes, formando uma pequena roda de cadeiras: São Paulo - Campinas - J aú. Qual não foi a nossa alegria ao constatarmos que as nossas dúvidas eram as dúvidas de todos. E quase não se sabia como resolvê-las. Mas concluímos que estávamos no caminho certo ... Mais tarde, fundamos equipe em Bauru. Naquele tempo, a comunicação Jaú-Bauru era mais por estrada de ferro. Estrada de rodagem ultra péssima. (Hoje Bauru está ligada a Jaú por uns 18 horários de ônibus. Isto pela importância de J aú. . . Peço que as Equipes de Bauru não leiam esta observação, pois fariam um ab aixo-assinado à CM exigindo censura das inverdades ... ) Dia de reunião em Bauru. íamos o casal piloto, Orozimbo-Inês e eu (1). Chovia. No momento em que chegamos à estação da Paulista, em Jaú, o trem estava partindo. Resolvemos enfrentar a estrada e fazer o possível para chegar. Chegando: onde era a reunião? Bauru, "cidade sem limites", como encontrar a casa? De novo, a lista telefônica. E a resposta era sempre a mesma: "Saíram de casa para uma reunião, sem deixar o endereço". Finalmente, após longa procura, com mais de uma hora de atraso, encontramos a casa. E todos, assustados, indagavam: Como chegaram? Estivemos duas vezes na estação e disseram que o trem está parado em algum lugar, sem eletricidade, e só chegará depois da meia-noite. Como estão chegando agora? (1)

Cf. C.M. de junho de 1970.

-34-


Admiração e ação de graças. trem?! ...

Quem nos fizera perder o

Este foi o início das equipes no interior. E hoje? Basta olhar o catálogo e vemos o progresso. Centenas de Equipes - Pas~oral Familiar :- Cursos de noivos. Os casais vivem e propagam a "espiritualidade conjugal" e continuam sendo uma grande esperança de seminário de vocações sacerdotais e de outras famílias bem formadas. E nossas reuniões, agora bem organizadas, não deixam de ter seus fatos pitorescos como estes do início:

Dias de estudos em J_aú. Chegav_am_ os casais com suas malas. Eu, assistente de Equipes, e morando na casa, recebia também as pessoas. Uma senhora, chegando-se a mim, pergunta: O senhor está sozinho? Sua esposa não veio? Não, respondi, está de cama. Que tem ela? Está grávida e não passa bem durante esse tempo. Coitada ! Qual não foi seu espanto à hora da apresentação .. . Noutro dia de estudos eu fazia uma palestra. Um atrasado entrou na sala. Depois de ouvir uns minutos, voltou-se para o· vizinho e falou: "Formidável, até parece um padre falando!" As Equipes aumentaram, o Movimento cresceu, atualizou-se. Pode sempre repetir: "Eu era assim uma sementinha - agora sou assim - uma árvore frondosa". E com este crescimento, na· m esma medida, cresceu nosso amor, nossa dedicação e ao mesmo tempo nosso agradecimento; porque não só os casais, mas também nós, assistentes, somos os grandes b eneficiados. Só posso agradecer a Deus estes anos em que Ele me fez participar do Movimento e espero que me ampare, ajude e proteja para que eu possa dar o que tenho de melhor à formação das famílias dentro do Movimen to das Equipes de Nossa Senhora. Senhor, obrigado! CON. PEDRO RODRIGUES BRANCO

* * * Como vocês percebemm, o Con. Pedro é um bocado b?·incalhão. . . Queremos contar-lhes outra anedota da qual foi protagonista. Era num Dia de Estudos de Casais Responsáveis, no Colégio Santa Cruz, há uns quinze anos. Apresentação. Che9a a hora dos Assistentes, que estavam em pé, à direita, perto da janela. Diz o Con. Pedro: "Eu sou Pedro Branco" - e, apontando para o padre ao lado: "e ele é Norberto Preto . . ." A turma começa a achar graça e ele então. virando-se para o outro lado, diz: "e aquele lá é Roberto Roxo!" Foi uma gargalhada geral . .. -35-


A HISTóRIA DE UM SETOR -

JUNDIAI

Poderia ser o de Brusque, São José, etc.

MAIO de 1962- Um tímido casal, em Jundiaí, movido por uma força estranha, sai de sua tranquilidade para bater de porta em porta à procura de casais até então desconhecidos para ele, a fim de tentar uma experiência nova. Equipes de casais de Nossa Senhora. De São Paulo, Nelson e Doris vêm dar a informação e, para pilotar, Maria Sílvia e Guilherme. Ninguém sabia de fato o que iria acontecer. Não sabiam eles, na época, que o Espírito Santo os incumbira de fazer acontecer um milagre em Jundiaí através desses 8 casais que não eram de nada, que não queriam saber de nada, a não ser viver tranquilamente e comodamente sua vidinha de casados, sem grandes pretensões! ... E veio o Espírito Santo! Não em forma de língua de fogo, num estalo, mas pacientemente (e que paciência teve Ele. . . não fosse o Espírito Santo provavelmente teria desistido), devagarzinho foi realizando maravilhas! ... Maravilhas, sim! Quando olhamos para trás, vemos que maravilhas Ele operou nesses 13 anos! A primeira destas maravilhas foi permitir-nos descobrir o matrimônio cristão, a espiritualidade conjugal, o nosso cônjuge, os amigos, os irmãos, o auxílio mútuo, a amizade, enfim o AMOR! Foi tirar-nos da nossa ignorância religiosa e mostrar-nos que Ele precisava de nós para chegar a muitos outros irmãos! No começo não percebemos isso, claro. E se Ele nô-lo tivesse dito teríamos rido, escandalizados. -36-


- Quem? Eu? ... Nós? ... Sabe quem somos? E Ele sabia, e veio para desinstalar-nos. Lembramo-nos bem do nosso engatinhar na vida da fé, quando começamos a comungar, marido e mulher juntos, quando apenas velhos e crianças o faziam, e aguentar o comentário dos amigos: - Puxa! Vocês são crentes ... O segundo passo, quase um ano depois, aulas de catecismo para crianças. (Era mais para aprender que o fazíamos.) O terceiro passo, talvez o mais importante para sairmos de nós mesmos: o Curso de noivos. Alguns casais maravilhosos de São Paulo aqui vieram para orientar-nos e deixaram-nos entusiasmados para dar o curso. - Mas, a quem? Onde estavam os noivos? O vigário deu-nos alguns vagos nomes e seus endereços incríveis. Saímos de porta em porta a tentar explicar o que ele seria, sua validade e utilidade a quem nunca tinha ouvido falar nessa novidade: "Curso pra casar". O 1.0 curso: um só casal - ele, 75 anos de idade, ela 72. O 2. 0 : duas noivas e 1 noivo. O 3.0 : 1 casal sozinho ... Mas o dedo de Deus aí estava. Este último casal gostou tanto que arregimentou sozinho 15 casais (alguns já casados) para fazer o curso de noivos. E hoje, em Jundiaí, nenhum casal se une em matrimônio sem se preparar através de um dos 50 cursos dados durante o ano. Em 1966 formaram-se mais 2 equipes, gente melhor que os primeiros e um ano depois o movimento ganhava corpo com a formação de mais 3 equipes, e, passando de Coordenação a Setor, começava a desenvolver suas potencialidades. Daqui para frente, todos os movimentos de leigos de Jundiaí terão sempre como iniciadores e incentivadores os casais equipistas. Lembramo-nos de Tito, quando chegou em casa dizendo: - Fiz o "Cursilho"! Estou vibrando! Precisamos trazê-lo para Jundiaí! - Mas o que é "Cursilho", homem? E o Cursilho veio, através do esforço de alguns equipistas, para logo depois continuar e crescer magnificamente por si mesmo! ... -37-


As equipinhas vieram atender a uma necessidade de iniciar nossos filhos ria comunidade cristã à semelhança de nossas equipes. A seguir, o trabalho com casais desajustados, quando íamos nas casas procurando fazê-los dialogar. A maioria dos problemas se resolvia por este simples fato de os dois conversarem. Depois, o trabalho passou a ser feito no Forum. Hoje, passamos para um estilo um pouco diferente - nos moldes do que vem sendo feito em São Paulo na "Porta Aberta". Todas as terças-feiras, à noite, um casal fica de plantão, à disposição de qualquer pessoa que queira conversar sobre qualquer problema - casais com problemas de ajustamento, jovens com problemas familiares. Esse trabalho é uma tentativa de se chegar ao problema antes que o casal comece a pensar no desquite. Logo em seguida os equipistas foram despertados para o trabalho com os jovens: comunidades, TLC, etc., e a eles se entregaram de corpo e alma, chegando alguns mesmo a se tornarem verdadeiros pais espirituais de um sem número de jovens carentes de afeto e guia. Um de nossos Conselheiros Espirituais convoca-nos em 1968 para uma experiência nova: Missão familiar. Imaginem só: ir de casa em casa, por 3 noites consecutivas, reunir os vizinhos e falar-lhes sobre o Evangelho! Isso antes que o Concílio Vaticano II nos sacudisse. Com a cara e a coragem (empurrados pelo Espírito Santo, é claro) fomos lá. Qual não foi o nosso espanto ao ver que os vizinhos, em vez de rirem de nós e fugirem, compareciam em número maior a cada noite, e como queriam ouvir a palavra de Cristo! Essa foi nossa maior descoberta: que os outros estão ávidos de Deus, mesmo que às vezes não o percebam. Um deles nos dizia: -Dona, nós gostamos de ouvir falar de Deus, então ouvimos as Testemunhas de Jeová, os protestantes, etc. Quem vier conversar conosco. E nós? Por que não vamos falar c.om eles? Depois do 2.0 ano dessa Missão familiar, os vizinhos também quiseram entrar para as Equipes. Como o número era grande e difíceis os Conselheiros espirituais, formaram-se as Equipes Paroquias. Cada equipe teria como assistente um casal equipista, que receberia orientação do vigário. -38-


Hoje em dia, em quase todas as paróquias de Jundiaí, existem equipes paroquiais, que já não dependem das ENS, apesar de algumas equipes ainda serem assistidas por equipistas. Em 1971, Pe. Pastore nos convoca para lançar aqui um novo tipo de encontro: os "Encontros de Casais com Cristo". O movimento "pegou" e muito tem feito por Jundiaí. Também o ECC, a exemplo dos anteriores, agora caminha independente das ENS, apesar de vários de seus palestristas serem equipistas. Em 1969 um de nossos casais é convocado para a ECIR. Daqui para a frente a contribuição dos casais de Jundiaí passaria a se dar em âmbito nacional, e principalmente em quase todas as Sessões de Formação, Mutirões e Encontros de Responsáveis que o movimento realizaria até hoje. Outros casais foram também convocados a trabalhar mais diretamente com a ECIR sendo responsáveis por 4 regiões de nosso movimento. ra -

Hoje Jundiaí conta com 19 equipes, sendo que 2 em Louveiao todo 150 casais.

O que teria acontecido conosco, com nossa cidade, se estes dois primeiros casais não tivessem se desinstalado, deixando tudo para vir a Jundiaí, lançar uma sementinha, que eles nem sabiam se iria frutificar ou não? Talvez até hoje eles nem se apercebam do que fizeram. Por isso nós também não podemos nos acomodar. Não sabemos o que Deus espera de nós. Só podemos lhe dizer: Senhor, aqui estamos. Obrigado por tudo e, se tiver outro desses apelos malucos que nos faça rir a princípio, por sentir o peso de nossa pequenês, da nossa ignorância, da nossa pouca fé, mesmo assim Lhe diremos: Aqui estamos! Tome o nosso corpo fraco e o torne capaz de fazer em Teu nome maravilhas! . ..

Marisa e Fleury (Equipe n9 1, Jundiaf)

-39-


EQUIPES DE ADOLESCENTES

Na época, há cerca de dois anos, era um grupinho de 16 meninos e meninas, de 12 a 14 anos. Hoje, são 8 mocinhas e 8 rapazes entre 14 e 16 anos. (Depois de constituída a primeira "equipinha", tentou-se a experiência com um grupo de 11 a 13 anos e outro de 9 a 11, cada um com suas características própriascf. C.M. de agosto de 1974). Maria Helena e Roberto contam como funciona a sua equipe de adolescentes.

As reumoes têm lugar uma vez por mês, em casa de cada um, por rodízio. Um mês são as meninas, no outro os rapazes que levam as bolachas para o lanche. Quem recebe oferece os refrigerantes. O lanche é no fim da reunião, que dura 2 horas e meia. Começamos com uma oração de abertura, seguida da co-participação. Depois, há o "oferecimento da reunião" - i.e., cada um coloca uma intenção pela qual todos irão rezar. Segue-se uma pequena partilha.

Quer dizer que têm obrigações? Têm regra de vida, meditação de um capítulo do Evangelho por mês - levam para a reunião a mensagem que tiraram dessa meditação -, oração diária pelas intenções colocadas na reunião (não é estipulada, mas a maioria prefere o Pai Nosso).

E cumprem? A maioria cumpre. A oração, todos fazem. Estão muitíssimo interessados no Evangelho, pode-se dizer mesmo: empolgados. A regra de vida é a única coisa que representa um pouco de · dificuldade. -40-


Nós costumamos colocar-lhes na partilha a seguinte pergunta: qual o momento em que você se sentiu mais cristão durante o mês? E cada um dá o seu testemunho.

E o tema? A preparação do tema é que dá mais trabalho ao casal animador. Nós sempre procuramos um tema do qual possam tirar uma mensagem para a vida. Buscamos idéias no livro "Projeto para um mundo novo". O tema é a parte mais demorada da reunião. Depois da troca de idéias, cada um diz o que lhe ficou de tudo aquilo e como irá orientar a sua vida em conseqüência. Se quiserem um exemplo de tema, o da última reunião foi "a turma". Partimos da "turma" do Cristo, a pequena equipe de apóstolos, até chegar à nossa "turma" e à sua responsabilidade no mundo de hoje. Mostramos a eles que nós é que somos a Igreja hoje: o que podemos fazer para que essa Igreja dê testemunho e possa crescer? o que podemos fazer pelos mais afastados?

Como é o entrosamento entre eles e entre vocês e eles? Têm uma amizade profunda uns pelos outros. É a mesma qualidade de amor fraterno que reina nas Equipes. "Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou no meio deles". Da união em Cristo nasce a unidade do grupo - da unidade, a comum-unidade: a comunidade. Um por todos, todos por um. Eles escolheram o nome para a sua equipe - é SHAEN: Sempre Haverá Amor entre Nós - e fizeram desta sigla a sua saudação (como "Shalom"). Sentimos que eles têm uma confiança enorme em nós e gostariam de estar mais conosco. No começo, fizemos alguns passeios, mas logo percebemos que não dava tempo. Aliás, quando colocaram o problema, fomos bem francos: dissemos a eles que, como não tínhamos condições, se quisessem, procuraríamos outro casal, com mais disponibilidade. Preferiram desistir dos passeios. Inclusive, como estava ficando difícil para o Roberto fazer as reuniões às sextas-feiras, resolvemos nos afastar e os informamos disso. Não tiveram dúvida: abriram mão imediatamente do sábado - do domingo mesmo!

Eles gostam de vocês tanto assim? Gostam de nós, é claro, mas o que eles gostam mesmo é da equipe! E foi exatamente porque percebemos o quanto ela era importante para eles que resolvemos ficar. Sabem o que responderam quando perguntamos o que representava para eles a equipe? Alguns acham que é a coisa mais séria que fazem na vida. Outros vão à reunião à procura de ensinamento religioso -41-


e também de amizade bem sólida - igual à que os pais têm nas suas Equipes (aliás todos eles querem ser equipistas quando casarem ... ) . Outros acham que é uma higiene mental indispensável. Alguns disseram que às vezes ficam com preguiça de ir à reunião, mas vão e, quando saem, gostariam que houvesse reunião todos os dias! (O comparecimento, é bom dizê-lo, é de 100% todo mês). Vocês dão alguma orientação para seus problemas? Depois do lanche, que dura uns 15 minutos, se alguém tem um probleminha, ele expõe. Um da sua opinião, depois outro, todos falam - e nós nos manifestamos no fim. Mas eles se preocupam mesmo é com os outros - e isto nos parece um sinal evidente do êxito dessa experiência ... Têm algum tipo de apostolado?

Agora é que estão começando - antes, ainda não tinham condições. Fizeram a Novena do Natal, para a qual convidaram 40 jovens e no fim, 2 desses fizeram a primeira comunhão. Foi um trabalho inteiramente deles, de iniciativa deles, e no qual não interferimos. Aliás eles se preocupam muito com os colegas afastados. Gostariam de trazer todos os amigos para as equipinhas! Como infelizmente não dá, fizemos, o ano passado, um dia de formação - que chamamos de DIC: Dia de Informação Cristã. Foi das 8 h da manhã às 8 h da noite. . . Houve 6 palestras, com troca em dinâmica de grupo após todas elas. As palestras foram dadas por jovens de 20 a 25 anos, que trabalham no "Shalom". Foi bem animado, com bastante música. Entre os nossos e os de fora, eram 40 jovens. Na Missa, o padre foi explicando tudo, desde o significado da toalha do altar. A participação eucarística foi total: 100% de comunhões. Seus jovens não têm problema de assistência à Missa?

De forma alguma. Todos eles vão e todos eles comungam. Aliás, além de se preocuparem muito com os colegas afastados, dão um testemunho de vida muito bom. Eles mesmos sabem que estão muito visados e procuram corresponder. Na escola, no clube, nos seus grupos de amizade. Nessa idade particularmente difícil, seu comportamento é ótimo. Eles se auto-analisam bastante e usam uns para com os outros de crítica construtiva, muito bem aceita por todos. Vocês disseram que não dá para formar mais equipinhas - por que? É triste dizê-lo, mas simplesmente porque não há casais que queiram fazer esse trabalho que fazemos. . . Assim como em

-42-


muitos Setores há falta de Assistentes, nós temos falta de casais animadores para as equipinhas. Só temos três grupos porque só temos três casais! Todo mundo quer mandar os filhos para as equipinhas, mas ninguém quer trabalhar... Inclusive, achamos que não está certo termos as equipinhas só para os filhos dos equipistas! Eles mesmos querem trazer seus amigos - e têm razão. Esse trabalho nosso só será realmente completo quando puderem fazê-lo. Mas, para isso, precisamos de mais casais!

Por que será que tão poucos se interessaram? Acreditamos que seja por um complexo: acham que não vão saber lidar com os jovens. Mas nós também não sabíamos! E no entanto aqui estamos, super-realizados! Foi só começar. . . E olhem que começamos "no chute" e como quebra-galho, porque ninguém se dispunha e fomos intimados por !rene e Dionísio. Não tínhamos a mínima idéia do que iríamos fazer, de como iríamos fazê-lo. Ninguém tinha! O Dionísio apenas nos disse: vocês vão tocar esse negócio. E tocamos ... Dá trabalho, é claro, mas vibramos com isso. Já fomos de tudo no Movimento, mas hoje achamos que, de tudo que fizemos, isto é o que tem mais valor. Sentimos que estamos contribuindo para formar um grupo de jovens conscientizados. Nada nos parece mais importante. Sabem, nós dois acreditamos demais nos jovens. . . e, podem crer, vale a pena acreditar!

Os que desejarem mais informações poderão entrar em contato com os casais encarregados dos três grupos, ou seja: 14-16 anos -

Maria Helena e Roberto Pastorelli (Eq . 1) Rua Dr. Emilio Winter, 190 - 12.100 Taubaté Fone : 2-3790

12-13 anos -

Lia e Benedito Moreira de Andrade (Eq . 3) Rua 15 de Novembro, 181 - 12.100 Taubaté Fone: 2-4068

9-11 anos -

Silvia e Gustavo Bueno Jr. (Eq. 6) Rua Cap . Jacinto Pereira de Barros, 79 Fone: 2-3295

-43-

12 .100 Taubaté


ENTREVISTANDO FREI ROBERTO

Durante o Encontro dos Responsáveis de Coordenação, realizado em Itaici em outubro último, almoçamos ao lado de Frei Roberto Nunes, o.f.m., Conselheiro Espiritual da Coordenação de Niterói. E. o bate-papo começou. Percebendo nele um sacerdote bastante interessado no Movimento, resolvemos transformar o bate-papo numa entrevista e a certa altura perguntamos: "O Sr. sabe que está sendo entrevistado pela Carta Mensal?". Ele sorriu e se prontificou a explicitar mais algumas de suas apreciações. Ei-las:

C.M. -

A Coordenação de Niterói é composta de sete equipes.

Elas têm alguma atuação na linha da Pastoral Familiar? Há algum tempo nossa diocese tomou consciência da necessidade de um planejamento pastoral, preocupando-se muito com a Pastoral Familiar. Em cinco paróquias os Cursos de Preparação ao Casamento foram entregues aos equipistas. Além das atividades próprias ao Movimento, eles introduziram na diocese os Cursilhos, nos quais alguns ainda trabalham. Colaboram nos Movimentos de Juventude, como o T.C.J. (Treinamento Cristão de Jovens), Encontros para Jovens e, além disto, um grupo de equipistas dá assistência a um abrigo de velhos. Durante a semana, as esposas visitam as velhinhas e aos sábados ou domingos os maridos se encontram com os velhos, levando-lhes cigarros, balas, biscoitos. Também estão lançando equipes em Nova Friburgo, a pedido do Bispo daquela Frei Roberto -

-44-


diocese que faz questão de ser Conselheiro Espiritual de uma delas. C.M. -

E a que atribui o Sr. todo o dinamismo desses casais?

Não só a uma compreensão mais profunda das exigências evangélicas, mas também à dedicação, ao entusiasmo, à vibração do Casal Responsável da Coordenação e de seus auxiliares, sem o que certamente não teríamos resultados tão animadores. Frei Roberto -

C.M. -

As Equipes trouxeram alguma contribuição à sua vida sacerdotal?

Muita. Foi no Movimento que me realizei plenamente como sacerdote que sou há 12 anos. Ordenei-me com 24 e passei os meus seis primeiros anos de vida sacerdotal participando da direção de um Seminário em Minas e colaborando numa paróquia. Só depois vim para Niterói. Atravessei ainda bem jovem o período pré e pós conciliar. Alcancei o breviário em latim, o que nos levava a um esforço mental considerável, tendo que ler em latim, traduzir mentalmente, para depois rezar. Estava atravessando uma verdadeira e profunda crise de oração. As Equipes ajudaram-me a superá-la. Penso que muitos sacerdotes que, depois do Concílio, enfrentaram dificuldades, poderiam mais facilmente tê-las vencido se tivessem presenciado o testemunho de vivência cristã desses casais. Frei Roberto -

C.M. -

E de que modo as Equipes o ajudaram a vencer esta crise?

Pelo clima de oração que encontrei no Movimento, pelo modo como ela é feita, espontânea, profunda, vindo do mais íntimo do ser e abrangendo toda a realidade espiritual e temporal de cada um. Frei Roberto -

C.M. -

Como as Equipes chegaram ao Sr.?

Um Casal Responsável veio procurar o Conselheiro Espiritual de sua Equipe, que era da minha paróquia. Como ele não estava, lá fui eu substituí-lo, sem ter a menor idéia do que iria encontrar. E assistindo pela primeira vez a uma reunião de equipe, eu disse a mim mesmo: encontrei o que estava procurando. É disso que eu preciso. E desde então dediquei-me ao Movimento. Frei Roberto -

C.M. -

O tempo dado ao Movimento não prejudica as suas atividades de pároco? -45-


Não. As reuniões são · à noite, depois que a vidà da paróquia terminou. E, sempre que convocado, compareço aos Encontros, que não são muitos. Deixo a paróquia entregue a um sacerdote que me substitua. Por outro lado, conto com a colaboração de alguns equipistas, não só no Curso de Preparação ao Casamento, como também em circunstâncias especiais da vida da paróquia.

Frei Roberto -

C.M. -

Há mais algum aspecto da vida de equipe que o tenha impressionado?

Sim. que onze anos de idade, realizada em mim a cêntuplo.

Frei Roberto -

C.M. -

Nelas encontrei novamente uma família, veio substituir aquela que eu deixara, com para entrar no Seminário. E com isto vi promessa de Cris ~ o no Evangelho: recebi o

Há falta de Conselheiro-s Espirituais. O Sr. vê alguma solução para isto?

Espero que a promoção do Ano da Família tenl;la despertado muitos sacerdotes para a importância dos movimentos de casais. Sinceramente desejo que todos os meus irmãos de sacerdócio possam usufruir dos benefícios de ser Conselheiro Espiritual de uma equipe. Frei Roberto -

C.M. -

E nós também! Frei Roberto, muito obrigado pelo estímulo que o seu testemunho nos dá.

-46-


AS EQUIPES DE VIÚVAS

Em Marília

O Setor de Marília foi o primeiro - e, até meados do ano passado, o ún:co a lançar as Equipes de Viúvas. Foi em 1970. Procurada por amigas viúvas que sentiam falta de um pouco de espiritualidade, Conceição, depois de conversar com o marido, convenceu-se que as Equipes de Nossa Senhora, com algumas poucas adaptações, poderiam perfeitamente atender às suas aspirações. E nasceu a primeira equipe, composta de 12 viúvas (cf. C.M. abril 72) . Conceição foi o piloto. Em 1972, com mais 9 viúvas, formou-se a segunda equipe. Conceição também pilotou. O Assistente, é claro que só poderia ser o dedicado e incansável Pe. Alberto Bo·ssinot, Conselheiro espiritual do Setor. Diga-se de passagem que, das viúvas que compõem as duas equipes, apenas uma era equipista. As reuniões se realizam à tarde, uma vez por mês, por rodízio, em casa de cada uma das viúvas, que preparam um lanche bem simples. A reunião tem o mesmo desenrolar de uma reunião de equipe e os meios de aperfeiçoamento são os mesmos- menos o dever de sentar-se. Até a oração individual é a mesma das Equipes. Fazem seu retiro anual - com as Equipes nos casos em que o tema é de espiritualidade geral. Têm tardes de recolhimento e participam dos pique-niques e outras promoções do Setor. Como tema, estudaram "O plano de Deus" e várias encíclicas. Conceição d:z que não é muito fácil formar novas equipes. Embora estejam realmente desejosas de um aperfeiçoamento espiritual, há uma certa barreira, que vem do preconceito segundo o qual viúva não deve sair de casa. Mas, ultrapassadas as hcsi-47-


tações iniciais, as vmvas gostam e aproveitam muito - sentem inclusive que ajuda demais na educação dos filhos. As viúvas de Marília são muito "apostólicas" - como aliás todo o Setor! O seu primeiro apostolado é junto às senhoras que ficam viúvas. Vão visitá-las, levando-lhes palavras de conforto e de esperança. Passados alguns meses, convidam-nas a entrar nas Equipes de Viúvas. Também ajudam nas suas paróquias e em todas as campanhas. No fim do ano passado, fizeram a Novena do Natal e palestras sobre o sentido do Natal. Este ano, trabalharam na Campanha da Fraternidade. Auxiliam muito as creches da cidade e fazem campanhas para os asilos. Visitam os velhos e as famílias necessitadas. São oito as obras sociais nas quais colaboram. E está para ser formada a terceira equipe. Para maiores informações, o endereço de Conceição: Maria da Conceição Bemardes Dias Rua Marquês de São Vicente, 293 17. 500 Marília

No Rio de Janeiro

A experiência no Rio é novíssima - tem apenas 9 meses. Aconteceu assim: Clarisse, da Equipe n.0 2, andava preocupada com Heloisa, sua irmã, que havia enviuvado e saira da equipe (a n. 0 6), quando - por coincidência, ou por obra do Espírito Santo? - recebeu em sua casa uma equipista da França que pertencia às Equipes de Viúvas ("Groupement spirituel des veuves", fundado também pelo Pe. Caffarel). De volta à França, a referida equipista mandou para Clarisse todo o material estatutos, temas, etc. Com a ajuda de um padre francês, o Pe. Yves, assistente da Equipe n. 0 27, traduziram esse material e iniciaram uma correspondência com a França. Depois das férias de julho, foi lançada a primeira equipe, composta de 8 viúvas. Todas elas têm mais de 40 anos, mas o tempo de viuvez varia muito. Há uma cursilhista que tinha apenas 4 ou 5 mês de viuvez quando começou a equipe. Duas são equipistas - uma delas, é claro, é a Heloisa. A experiência no Rio difere da de Marília pelo fato de a equipe ser pilotada por um casal - no caso, Malvina e Edgard. Como Edgard é aposentado, as reuniões são também feitas à tarde. As viúvas preferem assim, para não terem que voltar para casa sozinhas de noite. -48-


Como os temas estão ainda em fase de adaptação, estão sendo usados os capítulos do livro "O amor e a graça" referentes à viuvez. As perguntas são preparadas pelo Assistente e pelo Casal Piloto. Para meditação, são escolhidos trechos do Evangelho ou das Epístolas apropriados ao estado das equipistas. As primeiras reuniões, segundo diz o casal piloto, foram muito tristes - nas últimas, a tônica tem sido mais de esperança. Isto até transparece nas respostas ao tema. E as viúvas estão tão entusiasmadas pela Equipe que não quiseram parar durante as férias! E depois da pilotagem? As viúvas continuarão sendo acompanhadas por um casal, que as "ligará" às Equipes de Nossa Senhora. Será um pouco mais que um casal de ligação, porque acompanhará a equipe mais de perto - ainda está em estudo a fórmula a ser adotada, mas o Setor pretende que o casal esteja mais "presente" à equipe do que um ligação nosso. Isto porque as viúvas sentem muita falta de um apoio, de um conselho masculino. Aliás é exatamente esse o motivo pelo qual, no Rio, como na França, a pilotagem é feita por um casal e não por uma equipista, casada ou viúva. O marido do casal piloto pode ajudar num problema profissional, ter uma conversa com um filho, etc. O Setor B já tem viúvas pedindo uma equipe e esta vai ser lançada logo. Resta esclarecer um ponto. Por que equipes de viúvas, se muitas viúvas permanecem na sua equipe e lá encontram todo o apoio? Primeiro, porque a idéia é atender às necessidades espirituais e afetivas de toda e qualquer viúva - e não especificamente às viúvas dos equipistas! Segundo, porque muitas equipistas não aguentam continuar na equipe: dizem que a reunião se torna penosa demais, por lembrar muito a falta do marido este era o caso da Heloisa.

-49-


FLORIANóPOLIS: VINTE ANOS DE EQUIPES

Menos de duas horas de vôo pela Transbrasil e eis-nos mais uma vez em Florianópolis, acolhidos no aeroporto pelos casais da Equipe 1, insensíveis ao calor de 33.0 , pouco comum naquela Capital, mas sensíveis - e como! - ao espírito de fraternidade característico das Equipes. Éramos convidados para participar "in loco" da alegria pela passagem do 20.0 aniversário da fundação da primeira equipe que se formou no Sul do Brasil. Com efeito, foi no dia 8 de março de 1955 que se realizou a primeira reunião daquela equipe de Florianópolis, com a presença do Pe. Oscar Melanson. Marca sem dúvida uma et apa na expansão do Movimento, pois foi a primeira equipe bem distante que se formou e que, pilotada "por correspondência", comprovou que era possível esta forma de expansão quando "os casais que a compõem aspiram realmente a uma vida integralmente cristã". Nada diremos dos braços abertos que nos receberam, nem das marcas de atenção e carinho com que fomos envolvidos nos três dias ali passados, seja na reunião do Setor, na qual tomamos parte, seja na missa comemorativa ou, ainda- e por que não? no jant ar de confraternização, que contava com a presença de vinte e poucos casais, ou no churrasco do domingo e na camaroada na Lagoa. . . Mas o principal é que tivemos possibilidade de contatos com velhos amigos de já 20 anos . . . a emoção de reler a correspondência trocada no início. . . a alegria de conversar com Pe. Bianchini, Conselheiro Espiritual da equipe desde o seu início. . . a sorte de conversar com vários casais que nos forneceram as informações que aqui transmitimos a vocês. O Setor de Florianópolis conta com 17 equipes na Capital e mais 2 em Criciúma. De lá partiram os pilotos que deram início às equipes de Brusque, herdeiras da vitalidade das primeiras, e que já constituíram um Setor e se expandiram por sua -50-


vez nas c:dades de Gabiruba, Itajaí e Navegantes, sendo os "res-. pensáveis" pela semeadura das equipes de Belém do Pará. O espírito apostólico das equipes de Florianópolis pode ser avaliado pela colaboração que os seus membros dão aos vários ramos da Pastoral da Arquidiocese. A Igreja em Florianópolis conta ainda com a colaboração de 1 Diácono e 2 Ministros da' · ' Eucaristia, membros das Equipes.

,

Digno de nota é o desenvolvimento dado ao "Centro de Preparação para o Casamento", dirigido, planejado e ministrado quase 100% por casais das Equipes e que foi investido pela Arquidiocese da responsabilidade da preparação dos noivos na Capital e nos municípios vizinhos. No ano de 1974, foram ministrados mais de 70 cursos a 2.365 casais de noivos. Isto se tornou possível graças à colaboração maciça dos equipistas, não sendo poucas as equipes que assumem a responsabilidade total de um "curso" que se repete várias vezes no ano. Anualmente o Centro realiza um seminário, com três finalidades: revisão, avaliação e preparo de novos casais para darem os cursos. Para atender às possibilidades reais dos noivos, há dois tipos de cursos: o normal que é dado durante uma semana, com uma palestra por noite; o intensivo, no sábado à tarde e domingo seguinte pela manhã, no qual são dadas cinco palestras e é celebrada missa de encerramento. Uma inovação introduzida em Florianópolis são os cursos para regularização de casamentos pelo sacramento do Matrimônio. Em 1974 foram dados 14 destes cursos. São, como os anteriores, de uma semana ou dois dias, sendo que o roteiro é o mesmo, mas as palestras são adaptadas. Terminados os cursos, cada casal de noivos que tenha assistido com toda a assiduidade às várias sessões recebe um folheto . muito bem impresso que contém um resumo de todas as palestras e o certificado de conclusão do curso. O Centro de Preparação para o Casamento conta ainda com a simpática colaboração do Movimento de Jovens "Polen", de que vamos falar a seguir. O "Polen" é a principal obra da Pastoml da Juventude. Com quatro anos de existência, este bem estruturado movimento de jovens conta em suas fileiras com vários filhos de equipistas e há estreita sintonia entre ele e as Equipes. Os jovens dão a sua colaboração nos Cursos de Preparação para o Casamento, encarregando-se de receber os noivos, ambientá-los, servir o cafezinho,. preparar a sala das palestras, prestar outros serviços, o que fazem com a maior boa vontade e uma disposição magnífica de servir. -51-


Assistem também às palestras e o seu entrosamento é tal que não se furtam em apresentar eventuais críticas ou sugestões. Em contrapartida, pediram a colaboração dos equipistas para os reti~os que promovem: em todos eles, vai um casal das Equipes com quem não hesitam em se aconselhar para a solução de seus pequenos ou grandes problemas pessoais ou familiares. Com esta disposição e entusiasmo, é evidente que são muito mais amplas as atividades desses jovens, que não vacilaram em ir entrevistar o Pe. Caffarel quando de sua passagem por Florianópolis, em 1972. A Pastoml Catequética conta com a colaboração de várias equipistas e bem assim a Pastoral Universitária, esta última facilitada pela presença de alguns equipistas no corpo docente da Universidade e de filhos de equipistas no dicente. Alguns equipistas dão também a sua colaboração nos Cursos de Teologia organizados pelo Regional Sul 4 da C.N.B.B. em todas as dioceses de Santa Catarina, particularmente nas aulas que se relacionam com a Família. Quatro equipistas fazem parte da diretoria da "Casa de S. Vicente de Paulo" que abriga 70 meninas de todas as idades. Graças às sugestões desses equipistas, a "casa" foi se transformando gradativamente de "asilo" para um grupo de várias "famílias", constituídas por cerca de 10 meninas de várias idades que têm a sua "mãe" na pessoa de uma Irmã da Congregação do Divino Espírito Santo. Cada uma destas "famílias" tem uma vida que se aproxima o mais possível da vida familiar. O trabalho doméstico é todo exercido pelas próprias meninas, inclusive as refeições, feitas separadamente em cada "família". Foi abolido o uniforme e fechada a escola particular que funcionava na Casa: as meninas frequentam as várias escolas, onde não se distinguem das demais alunas. A medida que vão crescendo, vão sendo preparadas para o exercício de atividades próprias para moças, o que lhes permitirá, mais tarde, uma vida autônoma normal. É evidente que todas estas atividades contribuam para unir ainda mais os equipistas todos de Florianópolis, união esta que era evidente por ocasião da missa comemorativa do 20. 0 aniversário do Movimento e que é estimulada ainda por iniciativas co-. letivas de caráter mais espiritual, como a missa mensal do Setor e a hora de vigília mensal ao Santíssimo. Deixamos Florianópolis reconfortados e agradecidos. Agradecidos aos nossos irmãos de equipe por todas as marcas de amizade fraterna com que nos cercaram. Agradecidos ao Senhor por nos dar a oportunidade de ver o vicejar da semente lançada há já dois decênios.

N ancy e Pedro -52-

• ~

..t


ATENDIMENTO A CASAIS EM DIFICULDADE

-

duas experiências -

Taubaté -

Impulsionados pelo Pe. Beni, os equipistas entraram em contato com o Juiz encarregado dos processos de desquite e ofereceram os seus préstimos para ajudar os casais numa tentativa de reconciliação. Formou-se o Centro de Estudos Matrimoniais, composto de um casal, um médico psiquiatra, uma médica ginecologista, um advogado e uma assistente social. Os casais eram recebidos pelo Pe. Beni, que os encaminhava para um dos encarregados do Centro. Logo um padre! a gente poderia pensar: e os não-católicos? Acontece que o Pe. Beni além de não ser nada formal - é doutor em assuntos matrimoniais, formado em Roma, e dirigia o Centro a título de especialista em problemas conjugais. Aliás, por falta de outro local, o Centro funcionava no ... Seminário! De qualquer maneira, quisesse ou não quisesse, o casal tinha que passar por isso, porque era exigência do Juiz! Os casais eram acompanhados durante certo tempo por um casal do Centro. Embora a maioria acabasse desquitando mesmo, c Centro conseguiu recuperar alguns casais. Mesmo os que desquitaram foram beneficiados, não só com o apoio recebido, mas, principalmente, pela orientação que se lhes dava em relação aos filhos, para que se limitasse ao máximo o traumatismo que iria causar-lhes a separação. (Informações prestadas por Julia e Orlando, da Equipe 1 de Taubaté)

Jundiaí -

Começou assim: os equipistas eram procurados po:L' algum casal conhecido - um padre amigo indicava-lhes um casal com problema - e eles iam à casa do casal, conversavam com ele e, principalmente, procuravam fazer com que o casal conversasse entre si. Provocavam as perguntas e os dois não demoravam para descobrir que estavam fazendo um cavalo de batalha com quase nada ... Percebendo que havia ali um campo bem grande para um trabalho mais organizado, procuraram o Juiz, que pôs duas salas à sua disposição no Forum. Enviava-lhes todos os casos e não concedia o desquite a não ser que antes o casal tivesse passado por uma conversa com os equipistas. A maioria não desquitava mais. É que quase todos os problemas eram provocados pela falta de diálogo - os dois nunca conversavam ... (Informações prestadas por Marisa e Fleury, da Equipe 1 de Jundiaf)

-53-


TESTEMUNHO

NOSSOS FILHOS

Em qualquer parte do mundo - não interessa o local não interessam os nomes - o que vale é o testemunho, e este foi autêntico: Um pai, candidato nas últimas eleições não foi eleito ... Decepções? E por que não? Mas ... fé, muita fé e crença nos desígnios do Pai. E conforto? Sim, de muitos amigos! Mas um conforto extraordinário ditado por algumas palavras saídas do coração de uma filha na seguinte carta que ·dirigiu ao pai candidato:

uPai, Mãe: vocês não merecem nem a metade do que estão passando. Nós todos sabemos toda a injustiça que existe neste mundo. Mas eu tenho certeza que Deus não esquece da gente: Ele há de ajudar-nos da melhor maneira. Ele nunca nos abandonou, não é? A força dEle é tão g'l'ande que nos ajudará em todos os sentidos. Amor nós temos de sobra, não é? Pois bem, todo esse amor nos ajudará. Principalmente vocês precisam de apoio . .. Eu sei que tenho o melhor pai do mundo e Deus não quis que ele ganhasse, mas .Deus também não vai abandoná-lo agora ... Se Deus o abandonou na política, é porque Ele quer que o Pai não abandone as Equipes de Nossa Senhora. Quem sabe se assim não será melhor . .. Dinheiro se recupera; difícil é consegui?· ter Deus sempre mais peno da gente. E isto vocês já conseguiram. Boa viagem e estarei rezando todos os dias por vocês. Sua filha . . ........ " -54-


NOTíCIAS DOS SETORES

RIBEIRAO PRETO -

Despedida de D. Angélico

Os equipistas de Ribeirão despediram-se de D. Angélico com a alegria cristã da doação, por saber o quanto será útil à arquidiocese de São Paulo, mas com bastante tristeza, pois não era pouca a sua dedicação ao Movimento, bem como à Pastoral Familiar. Conselheiro espiritual do Setor durante muitos anos, assistia também as equipes 3, 4 e 9. (Desculpem os equipistas se saiu 7 no lugar de 9 na Carta Mensal de março!) As equipes organizaram uma caravana de leigos para assistir à sagração em São Paulo. Muitos equipistas vieram de carro, cedendo assim o lugar no ônibus aos muitos que não tinham como vir. Havia tanta gente na Catedral que os bancos reservados não foram suficientes e que D. Angélico, quando os outros três bispos já haviam retornado ao altar, ainda ficou por muito tempo distribuindo a Comunhão. Vieram muitos operários da Vila Carvalho, onde D. Angélico passara a morar há vários anos e onde, com seu dinamismo, conseguira modificar a fisionomia de abandono daquele bairro paupérrimo. A missa de desped:da, em Ribeirão, contou com a participação maciça de todos quantos se construíram interiormente pelos dons sacerdotais de D. Angélico. No final da missa, que foi, segundo escrevem Maria Elisa e Mestriner, "de uma beleza indescritível", foi feito um jogral pelos movimentos da arquidiocese, agradecendo seu trabalho junto dos mesmos. Deve ter sido difícil para os católicos de Ribeirão, para os nossos companheiros equipistas, doarem à arquidiocese de São Paulo tão querido sacerdote . Aqui, como lá, cuidará principalmente dos pobres, dos humildes, dos sem voz - ficou com a região mais carente desta nossa tão carente periferia, e com a Pastoral Operária. Terá muito que fazer . Não vai dar tempo de sentir a falta dos amigos ...

-55-


Pastoral Familiar

As Semanas da Família. Todas as noites, durante uma semana, casais equipistas falavam, em Ribeirão ou em cidades vizinhas, sobre um tema relativo ao casamento ou à família. Agora, essa iniciativa das Equipes de Ribeirão está incluída na programação da Pastoral Familiar da arquidiocese e conta com casais de vários outros movimentos para as palestras. Os equipistas participam da organização e realização de encontros de casais cujo objetivo principal é despertar para o engajamento no trabalho paroquial - o segundo objetivo é levar os casais ao diálogo. Esses encontros se realizam cada 2 meses, durante um fim de semana. Está sendo iniciado um trabalho de atendimento a casais com problemas de ajustamento, e outro junto às mães solteiras. Na periferia

Muitos equipistas estão trabalhando e sua atuação vai desde o atendimento a problemas mais imediatos - organizaram ambulatório, com atendimento médico e dentário, curso para gestantes, etc. - até ao atendimento de caráter espiritual, quando ajudam nas capelas aos domingos. Nos Conselhos arquidiocesanos

Dos 8 casais da Comissão de Pastoral Familiar, 5 são equipistas. Em março, o Casal Responsável pelo Setor, Maria Elisa e Mestriner, foi convocado para tomar parte no Conselho Arquidiocesano de Pastoral. PETRóPOLIS -

O Som

Há cinco anos, algumas equipistas resolveram montar um serviço de assistência social no qual todas as equipes da cidade teriam que contribuir de alguma forma - seja com dinheiro, seja com mantimentos, seja com roupas. E essa contribuição deveria ser mensal. Com o tempo, a turma foi se entusiasmando - ao mesmo tempo em que a clientela do SOM ia crescendo . . . Hoje, o SOM atende a 300 famílias. O Setor inteiro colabora - cada equipe faz uma rifa ou dá um jantar por mês para arrecadar fundos. Quase todas as equipistas dão plantão: o SOM funciona de 2.a a 6.a feira, das 14h às 18h ou 19h, conforme o movimento, com 2 ou 3 voluntárias. Muita gente procura o SOM, mas não dá

-56-


para atender a todo mundo: a média de atendimento é de 25 pessoas por dia. O SOM tem serviço médico, fornece remédios, mantimentos, material escolar e uniformes, documentos, óculos e, na medida do possível, ajuda a encontrar trabalho. Para documentos e óculos é cobrada urna importância, que pode ser paga aos poucos. O serviço médico, supervisionado por equipistas, é feito por acadêmicos do úl tirno ano de medicina. O mutirãozinho

Inicialmente, destinava-se apenas aos filhos dos equipistas. Percebendo o bem que fazia para as crianças, os equipistas resolveram estendê-lo a todos os escolares. Os filhos dos equipistas convidam os seus coleguinhas e o Mutirãozinho realiza-se duas vezes por ano, atingindo de 160 a 180 crianças, divididas em dois grupos, em dois locais diferentes, conforme a idade: de 6 a 10 e de 11 a 14 anos, reunindo-se todas elas na hora da Missa. Há ternas de reflexão baseados no Evangelho, grupos de trabalho, preparação litúrgica. E a parte recreativa inclui jogos, gincanas, trabalhos manuais para os menores. No final, as crianças ganham urna lembrança: a Na. Sra. das Equipes, em medalhão de couro.

JAO -

O "encontro de corações"

É realizado num domingo e consta de palestras - as do curso de noivos adaptadas para casais - de missa e de renovação das promessas do casamento. Tem também algumas características adaptadas do Encontro de Casais com Cristo. A idéia nasceu depois da realização de um P.L.C. (rnini-cursilho, fundado por um ex-equipista) para casais. Os casais são convidados por equipistas ou cursilhistas. Vários já comparecem corno candidatos a ingressar no Movimento, pois, em Jaú, não se pode entrar nas Equipes sem ter participado antes de um "Encontro de Corações". No dia seguinte, é feita urna reunião de informação onde se coloca de início que os casais têm plena liberdade de decidir se querem "continuar" - o Movimento é colocado corno urna opção para prolongar a formação recebida no Encontro. Recebem urna ficha opcional. No primeiro ano, entraram 15 casais. No ano passado, todos os casais participantes, em número de 20. Foram formadas 2 equipes de 8 casais e os 4 restantes foram colocados em equipes antigas. Infelizmente, esse Encontro, em si muito proveitoso, só pode ser realizado urna vez por ano - não tanto pelo trabalho que dá

-57-


a sua organização, mas porque os casais depois querem entrar no Movimen'.o e não há possibilidade de se formare!ll mais equipes, por falta de assistentes ... Uma equipe, a n. 0 7, partindo dessa experiência, realiza anualmente, em maio, um "Encontro de Corações" numa creche, a Casa da Criança, para os casais de nível mais simples. Preparação ao casamento

A equipe de Setor encontrou a fórmula para que todos os equipistas, sem exceção, trabalhem na preparação ao casamento: é feita uma programação anual e todo mês uma equipe é escalada como "equipe de serviço" do Curso de Noivos. Essa equipe se encarrega da montagem do curso, fornece o casal coordenador e às vezes também faz as pales~ ras. Devido a essa programação, mesmo que não dê palestra, nenhum equipista fica de fora, porque cada um tem a sua tarefa ... NITERói

O interesse despertado pelo Movimento está sendo tão grande que o arcebispo, D. Antonio de Almeida Morais Jr., convocou uma reunião, da qual participou todo o clero da cidade, para que os casais expusessem os objetivos das Equipes. Três casais representam o Movimento na Comissão de Pastoral Familiar da arquidiocese. TAUBAT~

-

Reunião com os Assistentes

Em reunião com os Assistentes, o Setor analisou os resultados de um inquérito lançado entre os equipistas. D'z a carta de Celina e Rubens aos equipistas: "As respostas enviadas para a reunião do Setor com os Padres Assistentes foram uma grata surpresa e um incentivo. Sem óculos cor de rosa, o panorama é este: 8 equipes correm para a meta, sem olhar para trás; 4 correm bem, com grande favoritismo da torcida; 3 teimam em brincar de gangorra; e 2 enguiçadas estão estacionadas para conserto ... " Continua: "Constatou-se que está faltando doutrina, catequese. A diversidade das equipes impede que se estabeleça um tema único, mas concluiu-se que os meios de aperfeiçoamento devem ser objeto de reflexão intensiva para o 1.0 semestre". Propõe a seguir dois exemplos de tema, cujas perguntas foram elaboradas pelo Pe. Beni: "Exemplo - Tema: Oração 1 - Apresentar dois textos do Evangelho sobre a importância da oração. -58-


2-

Quais as influências psicológicas da oração sobre o casal e a família em geral? 3 - Quais as dificuldades que o casal encontra para a realização da oração familiar? Exemplo - Tema: Dever de Sentar-se 1 - Em que aspectos o Dever de Sentar-se se distingue do simples diálogo conjugal? 2 - Textos do Evangelho que podem servir de motivação para o Dever Ge Sentar-se. 3 - Condições para um bom Dever de Sentar-se. 4 - Experiências pessoais em relação ao Dever de Sentar-se". Preparação para o casamento

O casal responsável pelos cursos de preparação ao casamento, Odilea e Luigi (eq. 4), "conscientes da necessidade e do irreversível crescimento do número de casais de noivos que procurarão pelos cursos", pretendem reestruturar os mesmos. Montaram um esquema cujo "objetivo é conseguir maior número de casais palestristas, que se revezem, casais que formem outros palestristas e estejam estudando e atualizando os assuntos das palestras, bem como casais para os serviços necessários aos cursos, tais como: contatos com as paróquias, divulgação, registros, etc." O esquema é divido em três setores: a) Casais palestristas; b) Casais em formação. Reformulação e atualização das palestras; c) Equipes de serviço. Contatos com paróquias, rádio, animação durante os cursos, serviços burocráticos gerais. No dia 24 de maio, Ana Lúcia e Tusa estarão em Taubaté para conversar com todos os que trabalham na preparação ao casamento na Região sobre a atualização e dinamização dos cursos. Novena do Natal

Cada um dos equipistas convidou os moradores de sua rua e arredores. Foi um sucesso, não só em termos de conscientização da mensagem do Natal, mas também em termos puramente humanos: muitas pessoas, que nem se cumprimentavam, ficaram se conhecendo. Um outro aspecto: ficaram conhecendo as Equipes ... Promoção humana

A equipe 1 resolveu, por ocas1ao da Campanha da Fraternidade, dedicar-se à promoção de uma família carente. Os equipistas procederam inicialmente a um levantamento de suas ne-59-


cessidades, procurando ajudá-la sob todos os aspectos acomodação, trabalho, escola, etc.

saúde,

CASA BRANCA

Todos os equipistas da Coordenação fizeram a Novena do Natal, convidando 9 vizinhos e a experiência deu ótimo resultado, com boa participação de todos. "Esponsais de Nossa Senhora"

Após um tríduo preparatório na Matriz e nas capelas dos principais bairros da cidade, pregado, na Matriz, pelo Pe. Felisberto Campagner e, nos bairros, pelos casais equipistas, no sábado foram distribuídos, com o auxílio dos jovens, 3.000 botões de rosa. Cada botão levava uma mensagem impressa num cartão, bem como um convite para a Missa dos Esponsais, que seria celebrada no domingo, às 18 h na Igreja Matriz. Grande número de casais compareceu à missa, superlotando a Igreja. Houve benção das alianças e a maioria se aproximou da mesa eucarística. Direzeres do cartão que acompanhava a rosa: "Na festa dos esponsais de Nossa Senhora com S. José, esta rosa vai simbolizar e avivar o amor entre vocês dois, marido e mulher". Do outro lado: "Participe da missa e da benção das alianças- dia 26-1-75, às 18 horas, na Igreja Matriz. Paróquia Na. Sra. das Dores". BRASíLIA

No início do ano, a Coordenação dedicou-se à estruturaçã() do Curso de Preparação ao Casamento. Até agora, a preparação· para o casamento estava só a cargo do M.F.C., mas os casais estão· muito sobrecarregados - os cursos, dados num sábado e num domingo, têm freqüência de 100 casais de noivos ... Depois do Dia de Oração e Reflexão sobre a Família e da conseqüente Semana da Família (cf. C.M. dez. 74 e abril 75), os equipistas de Brasília deram mais uma contribuição para a Pastoral Familiar da arquidiocese: um plano, feito a pedido da mesmapara a Pastoral Familiar durante este ano. O mesmo pedido fof feito aos 16 movimentos de apostolado leigo de Brasília. As· E.N.S. receberam parabéns pelo trabalho, muito bem feito, obra mormente do Frei Jamaria. Uma das sugestões apresentadas: mais do que combater o divórcio, é necessário valorizar o casamento! -60-


CAMPINAS

Por ocasião da Campanha da Fraternidade, o Setor decidiu que "repartir o pão" para os equipistas significava repartir com outros casais a espiritualidade conjugal. Pediu-se então a cada equipe que assumisse durante o ano todo o compromisso de realizar uma dessas três opções: levar um casal não equipista para o retiro, organizar duas tardes de formação para casais não equipistas ou organizar duas noites de oração para casais não equipistas. Embora seja mais fácil, não é certo que a primeira encontre mais adeptos: com a Novena do Natal em família, muitos casais afastados já foram despertados e seria uma ocasião de retomar o contato e trazer-lhes algo mais. PORTO ALEGRE

O Setor está em vias de ser desdobrado, não em dois, mas em três, para atender desde já ao número crescente de equipes. Está organizado em vários departamentos, cada um a cargo de um casal, e esta "super-organização", como costuma brincar o Casal Regional, é chamada de "Setorão". Além do esquema próprio de qualquer Setor - pilotos, ligações, informação, expansão, espiritualidade, secretaria, tesouraria - o Setor de Porto Alegre tem ainda: estudos (dias de formação), confraternização, esportes, jornalzinho (que aliás gostaríamos de receber). Tem também casais encarregados de: cursos de noivos, liturgia, encontros de oração, jovens, pastoral familiar, etc. O departamento de espiritualidade é responsável pelos retiros, recolhimentos, horas santas mensais, romarias (são organizadas 2 ou 3 por ano). O departamento de liturgia, além de cuidar da liturgia dos encontros, se encarrega da liturgia nas paróquias nas quais os vigários solicitam casais para fazer a homilia e cuidar da liturgia. O departamento de jovens arranja casais para fazer palestras em encontros de jovens, nas paróquias, em colégios, etc. O departamento de encontros de oração estimula a realização desses encontros nas próprias equipes, de umas com as outras, ou dos casais com seus vizinhos, mas não organiza: dentro daquela hora e meia, cada um adota a fórmula que lhe parece melhor. Além de serem continuamente solicitados para fazerem palestras em tudo quanto é lugar, os equipistas de Porto Alegre -61-


têm estado presentes, ultimamente, em todos os programas de TV referentes ao problema do divórcio. Há um casal das Equipes trabalhando no SICA (atendimento ecumênico a pessoas em dificuldade), um casal representante do Movimento na Comissão de Pastoral Familiar da arquidiocese, J:>utro na Coordenação Arquidiocesana dos Movimentos de Apostolado Leigo e outro junto ao Regional Sul 4 da C.N.B.B. SAO PAULO-CAPITAL

Como contribuição à reflexão sobre Pastoral Familiar por ocasião do Ano da Família, o Casal Regional, Hélene e Peter Nadas, elaborou um plano cujos tópicos foram apresentados na reunião convocada pela arquidiocese no Instituto Paulo VI. Naquela reunião, prolongamento da de Itaici, foram escolhidos os membros da Comissão de Pastoral Familiar da Arquidiocese, entre os quais dois casais das Equipes - Hélene e Peter e Alda e Teófilo, ex-Casal Coordenador da Comissão Regional do Ano da Família. Nossos amigos Lia e Sollero, fundadores do M.F.C., são os presidentes dessa Comissão Arquidiocesana de Pastoral Familiar. O enfoque maior do plano está na preparação para o casamento. A reestruração, atualização e dinamização dos Cursos vem sendo esparada há muito tempo - com este plano, está se tornando realidade. O projeto inclui uma reformulação para torná-los acessíveis aos noivos da periferia. Equipes volantes estão sendo formadas para treinar casais da própria paróquia e habilitá-los a darem eles mesmos o curso. Toda a formação possível será dada para que esses casais venham a tornar-se o embrião de um núcleo de pastoral familiar nas suas paróquias. Outro aspecto concreto e imediato du plano são as vigílias de oração pelas famílias da arquidiocese. No Encontro da Região, realizado no Colégio São Luís e encerrado com a Santa Missa, celebrada pelo Cardeal Arns, depois de cada um dos Setores de São Paulo ter exposto o trabalho realizado durante o ano, Hélene e Peter deram conhecimento aos equipistas da existência do plano de trabalho da Região e, dada a premência do tempo, ateram-se mais ao tópico referente à vigília de orações. As equipes presentes foram convidadas a se inscreverem, escolhendo um dia do mês no quadro preparado para esse fim e colocado no caminho da capela. Cada equipe ficou de acertar entre os casais o horário, que vai da meia-noite às 6h da manhã. Os casais de ligação se encarregaram, no início do ano, de relembrar aos casais responsáveis o compromisso assumido e as vigílias estão sendo realizadas em todas as equipes. -62-

l

J


Em prol do bem comum

Com a recente mudança do governo de São Paulo, alguns dos nossos companheiros de equipe foram conduzidos a postos de alta responsabilidade, onde prestarão o seu testemunho de cristãos engajados no século. Para que possam ter no cargo assumido o desempenho correspondente à expectativa, pedem as orações de todos nós para que Deus os ajude na sua missão.

11

l

il 1

DEUS CHAMOU A SI

No momento em que esta Carta vai para o prelo, recebemos a notícia de que o nosso companheiro Próspero Paoliello acaba de voltar para o Pai. Hoje, dia 9 de abril, é dia de luto para muita gente: não só Elsie e as três filhas, seus companheiros da Equipe n. 0 19, Na. Sra. do Concílio, Frei Estevão, assistente da Equipe, mas também para todos quantos trabalharam com ele seja aqui na Equipe da Carta Mensal, seja na Equipe dos Retiros, à qual dedicou seus esforços com Elsie durante os últimos três anos. Estamos certos de que desde já goza da recompensa prometida aos mansos, aos pacíficos, aos puros de coração. Que de lá da Pátria celeste interceda por nós!

SAGRAÇÃO DE D. JOSÉ LAMBERT

Nomeado bispo de Itapeva, o Pe. José Lambert, c.s.s., foi sagrado no dia 19 de março em Rio Claro. D. José Lambert foi Conselheiro espiritual da equipe n. 0 23 de Campinas. Na presença de muitos bispos e sacerdotes, do Padre Geral da Congregação dos Padres Estigmatinos, o novo Pastor foi sagrado pelo Núncio, D. Carmine Rocco. Os co-sagrantes foram os outros dois bispos Estigmatinos, D. Antonio de Souza, Bispo de Assis, e D. Hélio Paschoal, Bispo de Livramento do Brumado (Bahia). Fato interessante: a Congregação até o momento conta apenas com três bispos - e os três estão no Brasil - são exatamente D. Antonio, D. Hélio e D. José. Falou sobre o sentido da cerimônia e a missão do Bispo D. Diógenes da Silva Matthes, Bispo de Franca. As orações dos equipistas acompanham D. José no seu novo ministério. -63-


ORAÇÃO PARA A PRÓXIMA REUNIÃO

A comunidade cristã é o sacramento da presença de Cristo, vivo e ressuscitado. 1!: o sinal, para os homens de hoje, como para os de ontem, do amor do Pai, manifestado por Jesus Cristo. Ao fundar as Equipes, o Pe. Caffarel certamente pensou naquela primeira comunidade de cristãos, transfigurada pelo Espirito, que "tinha um só coração e uma só alma" e que "dava, com muito vigor, testemunho da Ressurreição do senhor".

' •

Será a nossa vivência fraterna motivo de edificação para os que nos cercam? Podem eles exclamar: "Vede como eles .!':e amam!"? Que tipo de sinal somos nós?

TEXTO DE MEDITAÇÃO -

Atos 2, 42-47

Os fiéis perseveravam no ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações. Um santo temor se apoderou de todos eles, porque os apóstolos realizavam muitos prodígios e sinais. E todos os fiéis viviam unidos e punham tudo em comum: vendiam as suas propriedades e os seus bens, e distribuíam o dinheiro entre todos, conforme as necessidades de cada um. Diariamente, em íntima comunhão, freqüentavam o templo; partiam o pão em suas casas e tomavam juntos o alimento, com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e gozavam da estima do povo. E o Senhor ia aumentando dia a dia o número dos que haveriam de salvar-se.

-64-

1


ORAÇÃO LITúRGICA

6 Virgem, Mãe do nosso Salvador: Mostrai-nos o vosso Filho; Ensinai-nos a amá-lo e a imitá-lo. Velai pelos nossos filhos e fazei brotar neles numerosas vocações sacerdotais e religiosas. Que a vossa oração obtenha para as nossas famílias, tal como obteve para os Apóstolos reunidos no Cenáculo, a plenitude dos dons do Espírito Santo. E que para o futuro seja impossível não irmos, como esses mesmos Apóstolos, anunciar aos que as ignoram as maravilhas de Deus e, de modo especial, as maravilhas do sacramento do matrimônio.

(Da Consagração do Movimento a Nossa Senhora, em Lourdes, na Festa de Pentecostes, por ocasião da Peregrinação de 1954.)


EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de casais por uma espiritualidade conjugal e familiar

Revisão, publicação e distribuição pela Secretaria das EQUIPE S DE N OSSA SENHORA 04538 -

Avenida Horácio Lafer, 384 SAO PAULO, SP

Fone:

210-1340


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.