ENS - Carta Mensal 1975-2 - Abril

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1975

N9 2 Abril

EDITORIAL -

Evangelização . . . . . . . . . . . . . . p.

A ECIR conversa com vocês . . . . . . . . . . . . . . . p. 4 p. 8 Rezando o Pai Nosso, eu pensei Leigos a serviço das vocações . . . . . . . . . . p. 10 Educar para a Liberdade . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 15 Escola ativa de espirilualidade conjugal . . . p. 19 p. 22 Encontro no Vaticano

p. 26 Notícias dos Setores Oração para a próxima reunião . . . . . . . . . . p. 32


EDITORIAL

EVANGELIZAÇÃO

Evangelização: tema do último Sínodo, realizado em fins do ano passado. Trata-se para nós de uma simples palavra, ou de uma tarefa que nos diz respeito? Mais uma vez a nossa indiferença é sacudida. Evangelizar é assunto que interessa a todos nós. É a :própria missão da Igreja, como nos lembram as primeiras linhas do decreto Ad Gentes, do Concílio Vaticano II: "A Igreja, em virtude das exigências íntimas de sua própria catolicidade e obediente à ordem de seu fundador (cf. Me 16,16) , tem todos os seus esforços voltados para a pregação do Evangelho a todos os homens". Missão da Igreja toda: sacerdotes, teólogos, missionários, têm nela, certamente, seu próprio papel, mas cada cristão é chamado a dar a sua participação . É a todos que Paulo, repetindo !saias, recomenda "zelo em propagar o Evangelho da paz" (Ef. 6,15). E é espontaneamente que os primeiros cristãos, dispersos pela perseguição, " iam de uma parte a outra, anunciando a boa nova da Palavra " (At 8,4). Os Filipenses participam com Paulo da "defesa e consolidação do Evangelho" (Fil. 1. 7) . E, na outra extremidade da história cristã , no último Concílio do Vaticano, a tônica é dada sobre a responsabilidade de todo o povo cristão, inclusive os leigos: "Esta ação evangelizadora, isto é, este anúncio do Cristo feito pelo testemunho de vida e pela palavra, adquire um caráter específico e uma particular eficácia pelo fato de se exercer n as condições comuns do século" (Lumen Gentium, 35) . Poder-se-iam multiplicar exemplos e citações. Tudo se resume, sem dúvida, neste grito pungente de Paulo: "Ai de mim se não anunciar o Evangelho" (I Cor. 9,16) . -1-


Mas, em que consiste anunciar o _Evangelho? Acabamos de ouví-lo: é anunciar o Cristo pelo testemunho da vida e pela palavra. Não se pode "anunciar" o Evangelho sem o "viver". E não seria possível vivê-lo realmente sem experimentar a necessidade de o proclamar. Viver o Evangelho, é acolher constantemente a Incarnação como a Boa Nova sempre atual; é fazer dos valores evangélicos a pedr a de toque de nossos comportamentos cotidianos; é principalmente viver hoje do Cristo, no Cristo, com Cristo; é levar a sério a fato de ser Ele o Caminho, a Verdade e a Vida. Anunciar o Evangelho, não é repetir "um simples discurso" (1 Tess. 1,5); não é dogmatizar, ou opor uma ideologia a outras ideologias; não é triunfar à custa de um interlocutor. É partilhar com outros uma Palavra com a qual fomos nós mesmos beneficiados, uma palavra de Deus aos homens, uma Palavra portadora de seu Amor. As condições para anunciar o Evangelho, encontramo-las no próprio Evangelho: basta reler as Bemaventuranças ou o discurso da missão: a pobreza, a disponibilidade, o espírito de paz, o serviço dos outros, só eles podem permitir proclamar a boa nova. Quanto ao conteúdo desta boa nova, é um convite à conversão (Me. 6,12), é a oferta da paz (Lc. 10, 5-6), é a vinda do Reino de Deus (Lc. 10,9) para todos, a começar pelos mais pobres. Para que o Evangelho seja anunciado, é bom que cada um de nós preencha estas condições e se apegue ao seu conteúdo. Melhor ainda, que nos apliquemos em comum ao seu exercício. A comunidade conjugal, a comunidade familiar, a comunidade da equipe são outros tantos lugares onde o auxílio mútuo produz seus frutos, levando ao mesmo tempo à melhor compreensão do Evangelho na sua plenitude e ensinando-nos como torná-lo presente no nosso mundo e no nosso tempo. Quando se reunem aqueles que "fazem do Evangelho o fundamento da própria família", seria possível que a sua comunidade não fosse indissociavelmente evangélica e evangelizadora? É uma exigência que devemos fraternalmente nos lembrar uns aos outros. Se viesse a faltar este Sopro que pretendemos acolher e transmitir, nossas equipes não seriam mais do que a caricatura delas mesmas. "Envias o teu Sopro e são criados, e renovas a face da terra" (Sal. 104,30) . Em face das dificuldades com que nos deparamos para apresentar a mensagem evangélica em nossa época (mas qual a época que não apresentou dificuldades análogas?), sabemos onde encontrar a fonte de toda criatividade e o impulso para toda renovação. "Não vos preocupeis com o modo como haveis

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de falar nem com aquilo que haveis de dizer; o que devereis dizer vos será dado no momento; porque não sereis vós que falareis, mas o Espírito de vosso Pai é que falará por vós". (Mt. 10, 19-20) . Sob a condição, é óbvio, de que a Ele nos mantenhamos atentos ... Cabe portanto a nós, individualmente e em conjunto, compreender a que profundidade de engajamento a ação evangelizadora nos convida: ninguém nos dará instruções; é preciso que, à luz do Espírito, nós mesmos tomemos consciência deste imperativo. "Sereis minhas testemunhas": isto implica que nos engajemos a revestirmo-nos o mais possível dos sentimentos do Cristo Jesus. Isto implica que estejamos prontos a "dar, ao mesmo tempo que o Evangelho de Deus, nossa própria vida" (1 Tes. 2,8). Isto implica que perseveremos na oração, "a fim de que a Palavra do Senhor siga o seu curso" (2 Tes. 3,1).

Roger Tandonnet, s.j.

laes para Deus? Procurai não chegar sozinhos. Aquele que, no seu coração, já ouviu o apelo do amor divino, tenha para o seu próximo uma palavra de encorajamento. SÃO GREGóRIO O GRANDE

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A ECIR CONVERSA COM VOCtS

A Carta Mensal francesa publica, em seu número de novembro, o resumo de uma palestra de Louis e Marie d'Amonville, responsáveis da Equipe Responsável Internacional, cuja importância e atualidade são inegáveis. Reproduzimo-la a seguir, em substituição à nossa habitual "conversa" mensal.

Caros amigos Nos dias 12 e 13 de outubro, tivemos a alegria de estar reunidos em Paris com 300 Conselheiros Espirituais e 1.500 Casais Responsáveis das Equipes de Nossa Senhora, para louvar a Deus e procurar discernir sua vontade sobre cada um de nós e sobre a nossa grande comunidade. Nessa ocasião fizemos a nós mesmos a seguinte interrogação: Como se apresenta o futuro das Equipes de Nossa Senhora? Eis o que dizíamos a respeito: As Equipes de Nossa Senhora não são uma sociedade fechada; querem estar a serviço da Igreja e do mundo; querem "desempenhar a sua parte na sinfonia da caridade universal", para nos servirmos de uma frase do Padre Tandonnet. Ora, o que observamos atualmente ao nosso redor, de modo particular nos domínios que nos são mais específicos: o casal, o casamento, a família? Não tentaremos fazer aqui um apanhado da situação, tanto mais que é do conhecimento de todos. Servir-nos-emos apenas de uma imagem: tínhamos uma floresta de árvores centenárias; ela está sendo sacudida por um ciclone; já aparecem, é certo, numerosos rebentos novos, cheios de promessas, mas o seu crescimento será mais difícil, já que não serão mais beneficiados pelo mesmo ambiente favorável. Será isto um bem, será um mal? Julgue cada um segundo o seu temperamento. A questão não é entretanto esta. Uma coisa, porém, é certa: é nesta situação de crise, em meio a este ciclone, que somos chamados hoje a dar o nosso testemunho de

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família cristã. E, logo, devemos perguntar a nós mesmos. Podemos continuar a fazê-lo nas mesmas condições que no passado, contentando-nos demasiadas vezes em levar uma vida sossegada? Podemos continuar a denunciar o deteriorar da situação e as carências dos outros, ficando nós mesmos tranquilamente sentados em nossas poltronas, interpr-etando a lei de Cristo segundo as nossas conveniências? Ou não será, pelo contrário,. indispensável enfrentar este vendaval e, em meio a ele, dar o testemunho do amor, o amor que só ele poderá acalmar a tempestade? Sim, o mundo e a Igreja precisam hoje de casais que, em lugar de discutir a perder de vista os limites entre o permitido e o proibido, se empenhem resolutamente nas pegadas de Cristo, superando assim estas discussões tantas vezes estéreis; casais que aceitem a lei de Cristo com todas as suas exigências, apesar das próprias fraquezas, das quais têm plena consciência - digamos mesmo, por causa de suas fraquezas, precisamente porque confiam inteiramente em Cristo, lembrados desta frase: "Para os homens é impossível, mas para Deus tudo é possível". Neste contexto, com0 vemos o futuro do Movimento? Na verdade, não cogitamos de uma revolução. Ou melhor, parece-nos que seria uma verdadeira e boa revolução ir muito. além da linha esboçada em Roma em maio de 1970: "O casal" testemunha do Deus vivo". E gostaríamos de para isto, reatualizar a frase dos Estatutos: "Fazem do Evangelho o fundamento da própria família". Os veteranos por certo não acharão isto muito novo, muito. original. No entanto, porventura não se faz novo, dias após dia, o Evangelho, para cada um de nós? Não é precisamente ao me:ditar o Evangelho que percebemos com maior clareza a natureza do testemunho que nos cabe dar? E não é alimentando-nos deste Evangelho que encontramos a força necessária para dar este testemunho? Entretanto, como vivemos hoje esta frase dos Estatutos? Como nos entre-ajudamos a vivê-la na família e na equipe? O Evangelho é talvez nosso livro de cabeceira, mas é ele nossa regra de vida? Ao dirigir-se pela última vez aos Responsáveis de Setor, em março de 1972, Pe. Caffarel perguntava a si mesmo: "As Equipes de Nossa Senhora acentuaram largamente o pensamento 'viver com o Cristo', mas teriam acentuado suficientemente este outro: 'seguir o Cristo' ?". Esta pergunta não continua a ser inteiramente atual? É portanto nesta linha de conduta que quereríamos refletir juntos no decorrer dos próximos dois anos. Para estimular es-

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ta reflexão, iremos propor em 1975 a todo o Movimento alguns inquéritos; os temas serão escolhidos pelos Responsáveis de Setor, dentre uma série de 8 ou 10 propostos pelo Movimento, isto a fim de permitir um trabalho em comum em nível de Setor. Procuraremos fazer em seguida uma síntese do trabalho levado a efeito nos 270 setores do Movimento através dos cinco continentes e, com base em todas estas reflexões e, principalmente, em todas estas experiências de vida, lançar os fundamentos de um novo encontro do Movimento, em 1976. Por que um tal encontro? Há já mais de um ano que vanos casais nos vêm interrogando: conta o Movimento organizar novamente um encontro no estilo dos de 1959, 1965, 1970? Esta pergunta, que partia a princípio apenas de alguns, foi se multiplicando e tornando mais freqüente no decurso dos últimos meses. Por que tanta insistência por parte de 50, depois 100, a seguir 300 casais? Interrogados por nós, eis o que nos responderam: "Porque estes encontros marcaram uma etapa muito importante em nossas vidas; situam-se na origem de uma verdadeira conversão; é normal, portanto, que aspiremos pela sua repetição, não só para nós, mas principalmente para aqueles que não tiveram ainda a ocasião de neles tomar parte". E muitos acrescentaram: "No entanto iínhamos partido reticentes, sem entusiasmo ... " Em face desta insistência, consultamos os Responsáveis de Setor de vários paises; muitos deles procederam a sondagens dentro do próprio setor. Uma forte maioria manifestou-se a favor de um encontro em Roma, no decorrer dos próximos três anos, com acentuada preferência para o ano de 1976. Dedicimos assim realizar um encontro em Roma em 1976, para todos aqueles que, dentre vocês, desejarem se encontrar para louvar a Deus e suplicar pelo mundo de hoje. Alguns poderão lamentar que não tenhamos previsto este encontro para 1975, no quadro do Ano Santo. Era também esta a nossa aspiração e desejávamos também nós, vivamente, ver as Equipes de Nossa Senhora associadas à iniciativa de toda a Igreja: estudamos pois esta eventualidade; mas tivemos de abandoná-la, devido a vários fatores que impossibilitavam a realização do projeto. Outros mostrar-se-ão reticentes, receando um certo triunfalismo; esclareçamos bem este ponto: não são as Equipes de Nossa Senhora que queremos assim pôr em destaque; mas, numa época em que se põe em dúvida o casamento cristão, em que o compromisso definitivo na vida conjugal é questionado, por que não pensar que nosso encontro pode restituir a confiança a muitos? Não queremos nos apresentar como exemplo, mas queremos em

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grande número afirmar que acreditamos no amor consagrado por Deus. Quando vemos 35.000 jovens vindos de todos os continentes reunidos em Taizé, ou 40.000 jovens operários cristãos reunidos em Paris, qual a nossa reação? "triunfalismo", "quanto dinheiro gasto inutilmente", ou ao contrário: "há ainda jovens, particularmente no mundo operário, que crêem e que ousam afirmá-lo em face do mundo". Por que não se daria o mesmo com casais cristãos? Não temos, também nós, alguma coisa a afirmar hoje em face do mundo? Para preparar este encontro, é a todos que fazemos apelo: cabe a vocês, com efeito, dizer-nos o que querem que ele seja, Estamos abertos a todas as idéias. Tudo está ainda por ser planejado, em particular o tema, a forma. . . Defrontamo-nos com numerosas interrogações: Quem convidar? Será conveniente, por exemplo, convidar jovens entre 18 e 25 anos que pensam no casamento? Filhos de equipistas, doentes ou excepcionais, casais simpatizantes? Perguntamo-nos igualmente: como fazer para favorecer os mais distantes, os que têm menores facilidades? Como, durante a preparação, criar o máximo intercâmbio entre os vários paises? E também, como dar a este encontro um estilo mais simples, sem esquecer que dentre os participantes haverá gestantes, inválidos, pessoas idosas? Nos primeiros meses de 1975 já deveremos ter feito certas opções. Não tardem, portanto, em nos comunicar as suas sugestões. Apresentamos assim a perspectiva de nossos dois próximos anos: uma reflexão levada a efeito em todas as equipes sobre "viver o Evangelho no lar em 1975", reflexão esta que nos encaminhará para o encontro de 1976, no decorrer do qual iremos pôr em comum o fruto de nossas reflexões. Paralelamente prosseguiremos, é claro, no trabalho de renovação do Movimento a que nos referimos por várias vezes; e esperamos poder apresentar uma fisionomia rejuvenescida das Equipes de Nossa Senhora neste encontro de 1976. Mas não é a Equipe Responsável sozinha que faz o Movimento. Unamos portanto os nossos esforços e as nossas orações para que as Equipes de Nossa Senhora sejam, no decorrer dos próximos anos, tão vivas e irradiantes quanto nós todos o desejamos. Com nossa muito fraternal amizade

Louis e Marie d'Amonville

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REZANDO O PAI NOSSO, EU PENSEI . ..

PAI ...

Obrigado, Pai, por nos teres dado a consc1encia de sermos Teus filhos, participantes da Tua Vida. Não és o Deus lá distante, Juiz Supremo e Soberano Senhor, prêmio do bem e castigo do mal. :es nosso Pai; Abba -

como Teu Filho no-lo ensinou -

Papai.

Obrigado, Pai.

PAI NOSSO ...

Eu sei, ó Pai, que não o és somente meu. Tenho uma infinidade de irmãos, que junto comigo participam da Tua Vida, do Teu Espírito, do Teu Amor. E como poderia eu então viver separado deles, sem me separar de Ti? Pai nosso, queremos viver de verdade como irmãos. PAI NOSSO, QUE ESTAIS NOS C~US .

Onde estás, ó Pai, que não Te vemos? Nos céus? Mas onde é o céu? O céu é a Tua moQrada, e a Tua morada é o âmago da existência de quem sabe amar, porque Tu és o Amor . Lá vivemos nosso céu, 6 Pai, no dinamismo da Esperança, que, fazendo-nos viver plenamente o hoje, nos projeta em direção à plenitude do Teu Amor. SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME.

Pai, queremos bendizer-Te por aquilo que és, não apenas pelo que nos dás. :ÉS o Infinit<J, o Absoluto, a Perfeição. Tu és Aquele que é. lt a Tua glória que desejamos seja reconhecida e proclamada por todos os homens. Que todos Te conheçam, Pai, e Te amem. VENHA A NóS O VOSSO REINO.

O Rein·J que Teu Filho veio inaugurar, o Reino da Paz, da Justiç·a, do Amor, onde todos os homens vivam de fato como uma única família. Vai demorar muito a chega da deste Reino, ó Pai? O tanto que nós quisermos, porque Tu nã-o nos forças a. n ada, e é com nossa liberdade que iremos construí-lo . SEJA FEITA A VOSSA VONTADE.

Nós a. conhecemos, ó Pai, pois Teu FiLho no-la revelou. O que queres de nós? Que nos amemos uns aos outros, que sejamos um. Como Tu és um com Teu Filho e o Espírito Santo.

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Irâs impô-la a força? Também não, pois nos fizeste livres: é a única maneira de se poder amar. Que a TUa vontade seja feita depende de nós. Queremos aceitá-la e fazê-la nossa. ASSIM NA TERRA COMO NO ~U.

Queremos, ó Pai, fixar no bem nossa vontade, como aqueles que já passaram pelos umbrais da morte, e não têm mais a triste possibilidade de se afastarem de Ti . Como reinas também definitivamente no âmago do ser daqueles que nos precederam, reina também em nós, e não nos deixes resistir ao Teu Amor. O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS DAI HOJE.

Somos também matéria, ó Pai. TU nos flzestes assim, 1:" nossa matéria tem as suas exigências . Que saibamos dominá-las, que elas não tomem conta de nós, nem nos tornem escravos. E que o pão do mundo seja distribuído para todos, não se ajunte somente nas mãos dos ricos. Não deixar ninguém morrer de fome é problema nosso, não Teu, ó Pai, pois o pã o que nos deste é nosso e não meu. E que seja de fato nosso, ganho com o suor de nosso rosto e a dignidade de nosso t rabalho ; pão nosso, não mendigado nem roubado. Mas é o pão de hoje que Te pedimos, não o de amanhã, pois só temos o dia de hoje para viver . O amanhã não nos pertence. A cada dia basta o seu peso . PERDOAI AS NOSSAS OFENSAS.

Reconhecemo-nos pecadores, ó Pai ; tantas vezes não correspondemos ao Teu Amor, e nos deixamos levar pelo nosso egoismo mesquinho. Tantas vezes quisemos crescer fazendo de nossos irmãos nossos degraus. Perdoa nossa fraqueza, nossas omissões. ASSIM COMO NóS PERDOAMOS A QUEM NOS TEM OFENDIDO.

Estamos nos comprometendo, ó Pai; pedimos o Teu perdão, mas estamos nós mesmos estabelecendo as condições e as medidas. Sabemos que és a própria misericórdia, mas se não soubermos perdoar, como poderemos pretender ser perdoados? ll: duro perdoar, esquecer, fazer e agir como se nada tivesse acontecido. E isso setenta vezes sete, quer dizer, ao infinito, como Teu Filho nos ensinou . ll: duro demais! E NAO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇAO, MAS LIVRAI-NOS DO MAL.

Somos fraqueza, ó Pai, por nós mesmos podemos mu1to pouco; o mal existe, as solicitações são fortes, o ambiente em que vivemos não favorece, a sociedade como tal Te desconhece. E tudo isso nos torna mais dlffcil fazer a TUa vontade e construir o Teu reino. Fortalece-nos cada dia, ó Pai, e não nos deixes confiar demais em nós. ll: em Ti que pomos a nossa confiança! Amém, amém. Frei Estevão Nunes

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LEIGOS A SERVIÇO DAS VOCAÇõES

O domingo 13 de abril, 29 domingo depois da Páscoa, ou Domingo do Bom Pastor, é o dia Mundial de Oração pelas Vocações. Como já frizamos em várias ocasiões, este dia deve ser considerado apenas como um "tempo forte", porque é o ano inteiro, é a vida inteira que o cristão deve rezar, interessar-se e trabalhar pelas vocações. Há entre nós um Movimento de leigos dedicado especificamente às vocações - trata-se dos "Serra Clubes", organismo internacional, agregado desde 1951 à Obra Pontifícia das Vocações Sacerdotais. Entrevistamos o seu Coordenador Nacional, Com. Antonio Luís Droghetti.

C. M. -

Inicialmente, gostaríamos de perguntar: por que este nome de "Serra Clubes"?

Vem do patrono do Movimento, Frei Junípero Serra, franciscano espanhol, catequisador do Oeste americano - o Anchieta dos americanos. O Movimento nasceu nos Estados Unidos, em 1934. Hoje, está espalhado por 32 nações, com aproximadamente 400 Serra Clubes em funcionamento. A. L. Droghetti -

C. M. -

E no Brasil, há quanto tempo existe?

O primeiro Serra Clube foi fundado no Rio de Janeiro, em 1963, filiando-se oficialmente ao organismo internacional em 1965, há exatamente 10 anos, em ato solene na presença dos Cardeais Câmara e Rossi. No Estado de São Paulo, o primeiro Serra Clube foi o de Franca, filiado em 1966. Logo depois vieram os de Santos e de São Paulo e é no Estado de São Paulo que hoje temos o maior número de Serra Clubes. Em outubro de 1974, quando tivemos em Brasília o 1.° Congresso Sacerdotal, juntamente com a 7.a Convenção Nacional, todos os Estados do Brasil estavam representados. . . Éramos cerca de 800 pessoas, havia mais de 100 sacerdotes, 16 bispos e arcebispos, muitas religiosas e jovens "em processo vocacional". A. L. Droghetti -

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C. M. -

O que visam os Serra Clubes exatamente? A. L. Droghetti - Trabalhar em prol das vocações. O problema das vocações é cruciante e urgente, principalmente na América Latina. O Brasil, que deveria ter pelo menos 90.000 padres, conta apenas com 13.000 aproximadamente, ou seja, 1 sacerdote para 5.000 católicos. A redução de muitos sacerdotes ao estado leigo, aliada à diminuição sensível das vocações na década 1960-1970 vieram ainda agravar o problema. A meta dos Serra Clubes é justamente enfrentar e procurar solucionar esta situação. Um dos nossos objetivos principais é despertar a consciência dos católicos para a sua responsabilidade em relação às vocações, porquanto é sabido que vocações há. Vocês sabiam que 30 % dos jovens possuem em si o germe da vocação? O que falta é o terreno favorável para o seu desabrochar. Muitos estão apenas à espera de uma palavra, mas "como ouvirão se ninguém lhes fala?" (Rom. 10, 14). E a convicção dos Serra Clubes é que os leigos têm nisto uma grande parte de responsabilidade. O católico, mesmo militante, em regra não se preocupa com o problema, não dá o devido valor ao sacerdócio, não procura suscitar vocações na sua família, quando não as contraria ... O nosso trabalho consiste em criar um clima propício ao desabrochar de mais vocações, fortalecer a imagem do sacerdote e de sua missão, estimular as jovens vocações e apoiar as adultas. Nisto, aliás, apenas obedecemos à recomendação do Concílio no sentido de que "seja informado todo o povo cristão de que é seu dever colaborar de diversos modos, pela oração freqüente e por outros meios à sua disposição, para que a Igreja tenha sempre os sacerdotes necessários ao cumprimento de sua missão divina."

C. M. -

Como, na prática, procuram os Serra Clubes atingir a sua meta?

Além das reuniões dos Serra Clubes propriamente ditas, em que se reza assiduamente pelas vocações e se procura conhecer de perto o problema e estudar os meios para saná-lo, o Movimento realiza o seu apostolado de diversas maneiras: principalmente através de palestras, mas também de distribuição de documentos relativos ao sacerdócio e folhetos vocacionais, e de ação através da imprensa. A. L. Droghetti -

Quanto ao apoio às vocações existentes, visitamos regularmente seminários e outros locais onde jovens se preparam para o sacerdócio, levando-lhes nosso testemunho de pais de família que precisam de sacerdotes, nosso estímulo para que cresçam na santidade. Também os convidamos para participar de nossas reuniões - e percebemos o quanto isto pode ser valioso quando dois seminaristas, ao fim da reunião, confessaram que andavam desa-

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nimados e pensando em desistir, mas que se sentiram novamente motivados e iriam prosseguir. Também fazemos um trabalho com rapazes que saíram do seminário e tivemos a satisfação de ver 15 deles retornarem ... Outra maneira de agirmos é junto às famílias onde os pais põem obstáculos à vocação do filho ou da filha. Há também o aspecto financeiro - procuramos ajudar materialmente, angariando fundos para a formação de seminaristas; cada um contribui como pode, mas a meta é entregar ao bispo diocesano uma bolsa por ano. Deixei para o fim o principal, o essencial do nosso trabalho: a oração. Formamos cadeias de orações pelas vocações, damos destaque especial à Jornada de Orações pelas Vocações, e conclamamos, sempre que possível, as associações religiosas a unir-se a nós para pedir, incansavelmente, ao Pai que envie operários à sua messe ... Além da oração, como poderíamos ajudar? As associações religiosas, e principalmente a família - é o Concílio que o diz - têm um papel a desempenhar. As associações, como movimentos de Igreja, não podem desinteressar-se de um problema que afeta toda a Igreja e constitui uma das suas primeiras preocupações. Um Movimento como o das Equipes, que é um movimento familiar, pode ajudar e muito. Primeiro, porque é do seio de uma família que vêm os sacerdotes de que a Igreja precisa. A família, como diz o Decreto 'conciliar "Optatam Totius", é como "um primeiro seminário". É o canteiro onde desabrocha a vocação e onde deverá ser cuidadosamente cultivada. Proclama ainda o Decreto que "o incentivo às vocações sacerdotais é um dever de toda a comunidade cristã, que deve promovê-lo sobretudo por uma vida cristã plena." Vocês, pelos meios de aprofundamento espiritual do seu Movimento, têm todas as condições para atingir essa plenitude da vida cristã, criando um clima familiar onde .poderão desabrochar naturalmente vocações sacerdotais ou religiosas. Mais: vocês rezam em comum, nas suas reuniões, e em casa, com seus filhos - e conhecemos todos a promessa de Cristo, de que, se dois ou mais se unirem para pedir alguma coisa ao Pai, Ele a concederá. C. M. -

A. L. Droghetti -

Portanto, vocês podem ajudar dessas duas maneiras essenciais: sendo famílias cristãs autênticas e rezando juntos pelas vocações. Além disso, é claro que poderiam se interessar mais pelo problema das vocações - e estamos prontos a dar palestras, a visitar os casais interessados em colaborar mais diretamente.

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Caso um equipista quisesse fazer parte de um Serra Clube, não seria sobrecarregá-lo? São muitas as reuniões? De que são constituídas? A. L. Droghetti - Depende, evidentemente, de suas possibilidades e generosidade. Temos duas reuniões por mês. Realizam-se em torno de uma mesa - como as suas - porque acreditamos, como vocês, que uma refeição em comum fortalece a amizade entre os sócios e porque foi numa refeição, a última Ceia, que o Cristo instituiu o sacramento da união com Ele e entre nós. Mais ainda, foi nessa refeição que estabeleceu o meio de ficar conosco até o fim dos séculos em forma de comida. A nossa "refeição-reunião" é precedida, sempre que possível, pela Santa Missa. Aproveitamos a refeição para as comunicações. A seguir, procedemos à leitura de um trecho do Evangelho, com meditação ou comentário pelos presentes. Segue-se a parte do "programa", que pode constar de uma palestra, de testemunhos, etc. Por fim, distribuem-se as tarefas entre os sócios, reza-se a oração pela perseverança das vocações e termina a reunião com a benção do Assistente. C. M. - As suas reuniões são bastante parecidas com as nossas! Vocês também têm obrigações espirituais? Será que temos mais alguma coisa ~m comum? A. L. Droghetti - Rezamos em casa, com a família, como vocês, só que principalmente pelas vocações e fazemos também um retiro espiritual por ano. Fora isso, acredito que ainda tenhamos muita coisa em comum: a começar pelo fato de sermos leigos que militam para o crescimento çlo Reino de Deus e, de certa forma, missionários - vocês, apregoando as grandezas do casamento cristão aos noivos e casais que nem imaginam as riquezas do sacramento do matrimônio - nós, anunciando a grandeza da vocação sacerdotal em meios onde não existe o menor traço de consciência vocacional. E ainda pela amizade com que vocês e nós procuramos cercar nossos Assistentes, nossos· vigários e outros sacerdotes nossos conhecidos. Nos Serra Clubes não nos preocupamos somente com o moço do seminário, mas também com o sacerdote que está ao nosso lado. Parece-me que isto é uma obrigação de todo leigo - aliás é o Papa Paulo VI que nos diz que somos todos "responsáveis pela virtude destes· irmãos que assumiram a missão de servir-nos no sacerdócio e levar-nos à salvação." C. M. - É verdade que o Papa Paulo VI disse que o trabalho do Serra é o mais importante hoje na Igreja? A. L. Droghetti - É verdade. São essas as palavras, textualmente, ditas, em 1969, ao presidente do Serra Internacional . . . Mas, para conseguir realizar esse trabalho, pre-

C. M. -

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cisamos do apoio e da colaboração de todos! D. José Newton, em Brasília, conclamou-nos a levar "às famílias a consciência de que a vocação sacerdotal, além de ser a mais bela, a mais santa, a mais útil, é também a maior glória da família" e a fazer que "neste nosso Brasil subam aos céus, dos lábios e dos corações, ardentes e perseverantes preces para que o Senhor mande operário à grande, à vasta messe ... " Para isso estamos aqui! Estamos certos de que muitos equipistas irão se interessar pelo apostolado dos Serra Clubes. A quem deveriam dirigir-se para maiores informações? C. M. -

A. L. Droghetti -

Para o Estado de São Paulo, podem dar o meu endereço: Antonio Luís Droghetti Rua Senador Queir oz, 275 01327 - SAO PAULO

CP 114

Para o resto do Brasil, o do Presidente do Comitê Serra do Brasil. Dr. Lufs Alexandre Compagnioni Rua Teófoli Otoni, 82, 21'1 20.000 - RIO DE JANEIRO .

• "Parece-nos impossível que uma família que reza, ama. e serve não chegue a despertar nos filhos o grande ideal da comunhão eucarística e do serviço eclesial dos homens. Tomar presente e vivo o Cristo entre nós é a missão de todos, mas em particular do religioso e do sacerdote. Se, numa. fase dos movimentos familiares, nos concentramos inteiramente sobre a harmonia do lar, chegamos forçosamente hoje a descobrir toda a fecundidade da família em favor da comunidade humana. Se até há pouco centenas de casais cristão confessavam nunca terem rezado por uma. vocação sacerdotal ou religiosa na família, hoje esta vocação e este anseio profundo terão que brotar normalmente da vida espiritual e da convicção de que vivemos pa.ra os serviços essenciais à vida".

(da Mensagem do Cardeal Arns para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações)

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NOSSOS FILHOS

EDUCAR PARA A LIBERDADE

É comum orientarmos nossos filhos para o sucesso profissional e social, esquecendo-nos que o mais importante para a pessoa é a realização interior, o sucesso para ela mesma. O objetivo da educação não seria a instrução, mas a formação da personalidade e o equilíbrio emocional. Somente a pessoa amadurecida, sem conflitos íntimos, tem capacidade para viver feliz e fazer o outro feliz. Os pais de hoje sofrem a inquietude do educador que não foi preparado para isto. Pertencendo à geração formal, que foi criada sem diálogo e sem liberdade, sem direitos, muitas vezes, de escolher sua carreira, nem mesmo seu casamento, viram seus filhos nascerem na geração da contestação, dos hippies, das drogas e da pílula, na geração que hesita em acreditar naqueles "de mais de trinta anos". Os pais bem intencionados procuram acertar e haverão de acertar, porque recursos não faltam. Mas educar é difícil: exige reflexão, orientação, dedicação, sobretudo formação, porque o educador deve, em primeiro lugar, ser um modelo daquilo que apregoa. Uma companheira de equipe que conheci numa Sessão de Formação disse que nós pertencemos à "geração da moela" e explicou: quando menina, gostava de moela do frango, mas quando ia se servir, via a mãe fazendo sinal para que a deixasse para o pai; depois de casada, quando pensou em se servir da ambicionada moela, as coisas haviam mudado em 180° e agora a vez era dos filhos! Embora parecendo estorinha de humor, não passa da mais pura verdade: oprimidos ontem pelos pais, somos hoje pressionados pelos filhos. Estaríamos nós capacitados para nossa missão? Educar é uma ciência e como tal exige estudo e técnica e a maioria dos pais se satisfaz em repetir os ensinamentos da vovó - elas eram inigualáveis no carinho, nos doces de leite, nas ros-

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quinhas e goiabadas, mas seus métodos de educar não se aplicam

à era do computador, da tanga e da cibernética. Em menos de 50 anos o homem desceu do coche e subiu no foguete lunar - os métodos educacionais têm que mudar assim também, radicalmente. Alguns anos atrás, estaria perguntando com vocês qual o melhor livro: estaria consultando Freud, Jung, Piaget, Neill, o dr. Spock; ou os nossos psicólogos. Sem dúvida eles me ensinaram; quanto mais se indaga e se vive, mais se aprende ; corri ainda às conferência, troquei idéias com amigos equipistas, muitas vezes debatemos em nossas reuniões, e descobri. Descobri e por isso quero coparticipar com vocês, que também são pais, que também procuram, e sofrem o impasse de terem sido educados com o chinelo e serem chamados a educar na liberdade. Descobri o Evangelho! Este livro, "best seller" absoluto, que apresenta a maior tiragem mundial e o maior número de edições, este livro que nunca sofreu correções porque tem a prerrogativa de permanecer sempre atual, este livro sobre o qual nunca s~ pagou direitos autorais, porque foi escrito por AMOR, para cada um de nós, é o livro da vida. A mesma relação existente entre máquina x propecto remédio x bula, existe entre homem x Evangelho: é nele que vamos encontrar as recomendações para o perfeito funcionamento da fabulosa máquina humana. Através de suas estórias simples, quase ingênuas, percebemos que Deus fez o corpo humano condicionado ao AMOR. - Procuramos dedicadamente acertar na educação de nossos filhos, pagamos alto preço por uma consulta ao psicólogo, no entanto o Evangelho nos oferece, de graça, sem alarde, as melhores lições. Foi só há pouco tempo que aprendi a psicologia do pai do filho pródigo: recebendo de volta o filho derrotado e humilhado, não o angustiou com nenhum sermão, mas concedeu a ele aquele respeito que merecem os que acenam a bandeira branca. A generosidade ainda foi além: o pai ordenou a melhor festa em sua casa. É assim que devemos perdoar o nosso filho. Quem tiver pais evangélicos conseguirá transformar os erros em grandes lições e o fracasso em promessa de vitória. - Procuramos, de acordo com a época, dar uma orientação justa aos nossos filhos e às nossas filhas; lemos notícias do

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Womens'Lib, concedemos às nossas filhas as mesmas oportunidades de cursar a Universidade, mas é também no Evangelho que encontramos a chave do problema: naquela passagem, cheia de sabedoria e de bondade, do apedrejamento da mulher adúltera, Cristo nos ensina que não há diferença de sexo quando nos referimos à obrigação de ser honesto e de ser honrado. Se ensina mos isto às nossas filhas, tenhamos a coragem e a coerência de transmitir a mesma mensagem a nossos filhos. Para que noso filho seja bem sucedido na vida, sobretudo para que seja um cristão, testemunha de Cristo, ele precisa ser educado com liberdade. A liberdade é o maior privilégio do homem. Poi presente de Deus. Somos diferentes de nosso irmão o macaco, pois ganhamos inteligência e liberdade. Costumamos pensar que os animais é que são livres, chegamos a invejar a liberdade do leão, dos pássaros, mas não percebemos que eles seguem um destino certo: não é assim com o João de Barro, que não faz outra coisa além de suas esmeradas casinhas? -

I'

com as formigas que constróem suas organizadas colônias, seja na Europa ou no Brasil? - com as abelhas que produzem o abençoado mel que fartaIeee o homem, e nada mais além disso? Livre é o homem, que tem capacidade de se aperfeiçoar e do jeito que quiser, quando quiser e para o que quiser - liberdade total. A liberdade é o grande tesouro do homem. Liberdade é a capacidade de obedecer sem ser escravo, de viver sem se preocupar com o que os outros dizem: importa o juízo que fazemos de nós mesmos. Só quem é livre está capacitado para viver e amar. Se educarmos nosso filho sem liberdade, ele não saberá apreciar a vida, nem o conforto, nem as alegrias. Liberdade não seria deixar nossos filhos fazerem o que quisessem - educação nestes moldes já foi experimentada e com o maior fracasso. Liberdade para quem vive em comunidade nunca poderia ser expressão de fazer o que quiser, porque, quando começa o direito de um, acaba o do outro. A verdadeira liberdade, aquela que nenhum regime político ou social pode tirar, é a liberdade de consciência: somos livres -17-


de pensamento e o que decidimos não será recriminado por nosso íntimo. A criança para ser livre precisa se sentir respeitada, precisa confiar e não sentir medo de ninguém, nem dos pais, nem dos professores, nem de Deus. Liberdade é o direito de sermos nós mesmos, sem medo, é o direito de dar, de receber, de viver, de reclamar. Se o nosso filho é educado com liberdade, ele cumpre seus deveres, mas continua apreciando a vida, caso contrário ele só vai pensar em repressão, em horário, em obrigação. A liberdade torna nossos filhos iguais à gente hierarquia, mas no sentido de pessoa, de valor humano.

não na

Crianças livres têm a mente aberta, o rosto sem temor; crianças disciplinadas mostram-se temerosas, tristes ou maldosas. Como tudo na vida, a liberdade tem um preço: é a responsabilidade. No que consiste? nossos atos.

na capacidade de respondermos por

Para que a criança seja responsável, ela precisa ter direito de fazer escolha, de ter suas idéias e opiniões. Mas se é verdade que não podemos dobrar nossos filhos à força, é também verdade que eles não podem nos dobrar pela insistência e teimosia. A educação exige muito bom senso para conservar o equilíbrio. Alguns pais, pretendendo acertar, caem no extremo: esquecem-se de seus direitos, reconhecendo somente o dos filhos e deixando-os crentes que o mundo é deles e só para eles. É uma verdade que não podemos forçar nossos filhos - eles são livres, mas também não podemos alimentar o egoísmo nem o com odismo neles. Nosso filho deve se decidir sempre livremente, mas nós podemos encorajá-lo a escolher sempre o melhor.

Seremos tanto ou menos livres, quanto tiver sido o respeito e a consideração que nos dispensarem na infância e o direito de termos sido nós mesmos. O psicólogo é capaz de tornar alguém autoconfiante; o professor, alguém intelectual; mas só o cristão, aquele que vive de acordo com o Evangelho, educa integralmente, porque além de tudo vai tornar a pessoa disponível e responsável pelo outro.

Dirce Pereira da Silva (Equipe 20, São Paulo)

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ESCOLA ATIVA DE ESPIRITUALIDADE CONJUGAL

(Segunda parte da palestra do Pe. Gonzalez Dorado)

O movimento das E.N.S. é escola ativa de espiritualidade conjugal que nos ensina a viver a plenitude de uma vida cristã. Prestem atenção: Escola é o lugar onde os indivíduos se formam. A espiritualidade é algo que também tem de formar-se. Quer dizer que tenho de ir desenvolvendo-a através da vida. Formar para nós não significa aprender; formar significa desenvolver. É como quando falamos na formação de uma árvore. Uma árvore se forma porque uma semente pequena se foi desenvolvendo, foi crescendo até que percebemos que a árvore se formou. Nós dizemos que uma criança se forma e dizemos também: formou-se um homem; pois a criança se foi desenvolvendo pouco a pouco e de repente nos encontramos frente a frente com um homem. Neste sentido falamos de escola. Não é a formação teórica de saber muitas coisas. Trata-se de formar a minha ESPIRITUALIDADE, de formar a minha fidelidade a Deus, de ir formando meus compromissos. Isto é ser Escola. Não me forma apenas em um setor de minha vida, mas me ajuda a formar a totalidade de minha vida, do meu ser. A isto é que chamamos de escola. Uma árvore se forma. Uma espiritualidade se forma. Um homem se formou. Uma espiritualidade também se formou. E para a formação dessa espiritualidade o meio, aliás, um dos meios que nos oferece a Igreja, é precisamente as E.N.S. Mas logicamente, se entendemos isto por formação - formar vida, gerar vida em nós, vida cristã, vida do Espírito Santo - a formação tem de ser ativa. É por isso que nas E.N.S. a base fundamental não são os impactos, a base fundamental é a própria atividade da equipe que vai contribuindo para a formação de cada um. -19-


A equipe se apresenta como um lugar de formação, de experimentação que nos possibilita adquirir uma série de atitudes que nos vão ajudando a crescer e que depois vamos transferindo para a totalidade da nossa vida. As E.N.S. vão, aos poucos, pondo ao nosso alcance, como se faz com as crianças, meios de formação - procedimentos simples mas que temos de praticar que vamos desenvolvendo e aos poucos transferindo para todos os setores de nossa vida. Vejam, por exemplo, cada um dos nossos meios de aperfeiçoamento. Na prática, que são as E.N.S.? Em primeiro lugar é uma equipe, um grupo onde há a co-participação da vida de todos, um grupo onde se reza, um grupo onde se estuda. Pensem que isto é justamente o que em verdade é a Igreja, por exemplo a paróquia. Pensem que a equipe ampliada é aquilo que sonhamos seja nosso lugar de trabalho. Pensem que isto ampliado é o que deve ser o mundo. O mundo deve ser também uma grande equipe, onde nós, homens, pomos a vida em comum, estudamos juntos, nos preocupamos uns com os outros, rezamos juntos, onde lutamos juntos, onde nos estimamos mutuamente. Então aquilo que deve ser em maior proporção minha vida social e minha vida religiosa, em menor proporção eu a vivo na pequena equipe onde adquiro a experiência necessária para depois poder transferi-la e vivê-la em todos os setores da vida. A equipe me ensina na verdade como tenho de viver, na minha casa, com meus vizinhos, na paróquia, no município, na nação, enfim como tenho de viver com toda a Igreja e com todo o mundo. É escola ativa. Dá-me uma dinâmica. As E.N.S. são uma multiplicação das potências da vida matrimonial. Um desenvolvimento da Espiritualidade matrimonial que é célula dentro do mundo, e para chegar a isso temos "O Dever de Sentar-se". É uma maneira de se aprofundar o matrimônio ativamente. Vai obrigando você a um diálogo, a uma experiência para que a vida matrimonial seja cada vez mais profunda e o encontro seja cada vez mais íntimo. Dão a você na Oração Familiar a maneira de ir incorporando progressivamente e com um sentido missionário a toda a família, para fazer da família uma Igreja; começa-se a oração primeiramente marido e mulher, depois os filho-s menores, a seguir os filhos maiores se possível, finalmente toda a equipe familiar e o conselho de família. As E.N.S. ensinam algo muito importante na vida: que a vida é superação, é marcha, é ter que ir sempre para frente, é não estacionar nunca, e para tanto elas darão a você um elemento muito simples que se chama "regr a de vida". Mas uma regra de vida que você aplica no momento a algo concreto e depois você a transfere à sua profissão-, à sua participação no mundo, -20-


às suas relações sociais, às suas amizades porque toda a vida tem de ser superação. As E.N.S. ensinam a você e além disso obrigam você a algo que também é importante na vida, que é formação propriamente dita, e por isso impõem a você algo de mínimo, a leitura mensal do editorial, o estudo mensal de um tema e isso não é mais que uma forma ativa de lhe dizer: em sua profissão você tem que seguir estudando, você tem de ler o último livro que apareceu, você tem de ler um artigo interessante sobre tal ponto, porque a vida é sempre formação e nunca ninguém pode dizer "eu já sei tudo", pois há sempre algo de novo a se aprender. Como vêem, nós encontramos dentro das Equipes uma escola, a que estamos pertencendo continuamente, cujos métodos estamos seguindo, em uma busca contínua da vontade de Deus e com as obrigações de que qualquer um diria: "bobagens" - e contudo, cada uma dessas bobagens está tocando um ponto chave no desenvolvimento da vida total de um homem e de um casal. Por isso é escola ativa. Além disso é importante observar que as obrigações que as E.N.S. exigem são as mesmas obrigações que tem um homem com respeito à vida e ao mundo. São as mesmas. Como escola, fornecem a você uma semente, mas é como uma luz vermelha que se vai acendendo em todos os aspectos da vida e que vai chamando continuamente a atenção: cuidado, amanhã você tem de se superar no seu escritório; cuidado! amanhã você tem de se superar na educação de seus filhos; cuidado! estamos vivendo isolados; cuidado! estamos formando gueto; cuidado! não sabemos pôr em comum! etc.

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ENCONTRO

NO

VATICANO

Em férias na Europa, um filho de equipistas encontra por acaso o Assistente da equipe de seus pais, que acabara de ser nomeado bispo . Ainda sob o impacto do acontecimento, procura uma máquina de escrever e envia a noticia aos "Signori Ridattori della 'Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora'".

Ontem, após um almoço com D. Lucas Moreira Neves e um casual encontro com o Monsenhor Martin (Prefeito do Vaticano), decidi que iria à audiência que o Papa concede ao povo semanalmente, às quartas-feiras. Apesar da insistência de D. Lucas em arranjar-me um lugar privilegiado, quis fazer como todo o mundo; e estava hoje, às 9: 15 da manhã, na fila para conseguir um convite. Sem mais problemas, consegui um lugar e, às 9:45, estava sentado, bastante longe, é verdade, mas sentado na Aula de Udienza (Sala de Audiência, moderníssima, e projetada pelo mesmo arquiteto que desenhou a Stazione Termini. Capacidade: 8. 000 pessoas). Estando marcada a audiência para as 11 horas, o povo ia chegando, falando diversas línguas. As 10:45, entram alguns bispos, aos quais não se dá muita atenção. Preparando a minha máquina para a hora em que o Papa entrasse, escolhi, ao acaso, um dos bispos para testar meu foco. Um instante de pasmo, e outros de dúvida: parecia ser o Pe. Joel, assistente da equipe dos meus pais; mas, que estaria ele fazendo ali? Não devia ser ele. -22-


Disse ainda que alguns pretendem seguir Cristo, mas não a Igreja, e que isto não é possível, pois a Igreja é o Corpo Místico e Social de Cristo. Pediu, ao final, que levássemos a sua benção às nossas famílias e, especialmente, aos velhos e enfermos. As 11: 55, a benção final, em conjunto com os bispos, depois de um Pai Nosso, cantado em latim (acho). As 12:00, a Udienza estava terminada, e todos saiam. Eu, ao contrário, tentava entrar nos bastidores. Expliquei o caso aos guardas, que não sabiam o que fazer comigo. Quando eu já havia quase desistido, fui convidado por um dos guardas, que devia ser o chefe, a segui-lo até onde estavam os bispos. Passamos então pela porta que dá para o palco, mas os bispos não estavam mais lá. Tinham ido dar uma entrevista para a Rádio Vaticano, no andar de cima. Pediu então a um outro que me acompanhasse. Tratado como um jornalista importante, talvez por causa dos apetrechos fotográficos que eu carregava, cheguei a presenciar uma parte da entrevista do Pe. Joel, em italiano e em português. Ele, no entanto, ainda não me havia visto.

Paulo VI despedindo-se

Fez algumas declarações, como a de que ainda não havia sido informado sobre o trabalho que iria fazer como bispo auxiliar. Falou também da complexidade dos problemas de São Paulo que, como toda cidade grande, é muito adiantada econômica, cultural e intelectualmente, mas também muito adiantada em problemas sociais e humanos. -23


As 11 horas, em ponto, entra S.S. o Papa Paulo VI, aclamado delirantemente. Anda com dificuldade, e os t rês degraus que levam ao "rono pontifício" têm de ser escalados com o apoio do Monsenhor Martin, que sempre vai em sua companhia.

D. Joel, à esquerda do Papa, antes. da benção

Já acomodado, o Papa apresenta o primeiro bispo. O segundo era "Sua Excellencia il Monsignore D. Joel Ivo Catapan, vescovo auxiliare di San Paolo, Brasile". · Minha dúvida es tava confirmada. D. Joel havia sido apresentado ao povo pelo Papa, e eu estava lá! Das 11:10 às 11:45, foram apresentados, antes de cada discurso do Papa, os grupos de · turistas dos países das línguas nas quais o Papa falaria. Falou em italiano, francês, inglês, alemão e espanhol. Dentre os grupos de língua espanhola e portuguesa, havia um grupo de peregrinos brasileiros, de Porto Alegre, Belo Horizonte, São Paulo e Rio. Paulo VI falou do Ano Santo, disse que é preciso "renascer", como São João Evangelista havia dito a Nicolemo, sem que este compreendesse. Citou Pascal: "Não há pessoa mais feliz que o verdadeiro cristão." Terminados a entrevista e os agradecimentos, arrisquei um tímido: "Pe. Joel. .. ?"

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- "Sim?", respondeu ele, naturalmente. Foi quando ele me olhou de verdade, e me reconheceu, cheio de surpresa. Admiradíssimo, logo perguntou de todos, da família, do que é que eu estava fazendo ali. Saimos os dois, conversando, acompanhados até a porta pelo padre-repórter. Continências e "excellencias" de todos os lados, vindos de guardas suíços e de pessoas que nos cruzavam. O respeito pelos bispos é impressionante. A saída, um carro deveria estar esperando por ele, mas não estava. Ficamos uns 15 minutos rodando, a procurá-lo. Finalmente, apareceu, e D. Joel convidou-me para a sua missa de despedida à noite e, posteriormente, para o jantar .

• A missa foi muito bonita, uma concelebração de 41 padres, na Capela do Collegio del Verbo Divino; os cânticos, muito bem entoados, faziam um ambiente solene. No jantar, havia muitos brasileiros, tanto freiras como padres. Entre estes, estavam D. Lucas Moreira Neves (vice-presidente do Consilium de Laicis), o Pe. Pedreira, reitor do Colégio dos Jesuítas em Belo Horizonte, o Pe. Raimundo, do Verbo Divino, professor de Linguística e Inglês na PUCSP (só que ele é norte-americano) , o Pe. Luciano Mendes e o Pe. Hélio, de Belo Horizonte, e outros. Havia uma freira, a Irmã Ieda, que é muito simpática e sempre radiante de alegria. Os únicos leigos eram uma mocinha, que havia morado num convenD . Joel celebrando to em São Paulo e eu ... Alguns discursos em homenagem ao Pe. Joel, com muitos votos de felicidades e certezas de saudades. Terminado isto, fui agradecer, felicitá-lo , e despedir-me do agora D. Joel ou, como se diz aqui, Monsenhor Catapan.

João Lucas -25-


NOTíCIAS DOS SETORES

BRASíLIA -

Reflexão sobre a Família

For falta de espaço, não foi possível até agora publicarmos as conclusões do Dia de Estudo e Oração pela Famflia, realizado em Brasília, pelo MFC e as ENS, a pedido de D . José Newton, arcebispo de Brasflia (cf. Carta Mensal de Dezembro) . Estudaram os participantes, em número de 90, os males que afligem a família hoje e os remédios para sanar esses males. Entre os males que afetam a família, foram diagnosticados:

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a ânsia pelo sucesso individual, gerando ambição, egoísmo, falta de tempo para o outro; a busca desenfreada do prazer e do bem-estar material, com a supervalorização do dinheiro; os valores materiais predominando sobre os espirituais (a preocupação do ter em vez do ser), provocando afastamento dos pais do lar, mau planejamento econômico, etc.; a falta de preparação para o casamento - chega-se imaturo e desequilibrado emocionalmente ao casamento; por causa de objetivos diferentes para um e para o outro, surgem dificuldades sem conta no relacionamento entre marido e mulher; a insegurança e a falta de amor do casal geram insegurança e falta de amor aos filhos; a discórdia, a desagregação, a separação são decorrências naturais; a permissividade da sociedade, o despudor, o hedonismo e a pornografia, as práticas ilícitas contra o amor e a natalidade; os meios de comunicação social, notadamente a televisão, apregoando valores falsos e cortando as oportunidades de diálogo e de crescimento espiritual em família;

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a emancipação desordenada de mulher, causando sérios problemas à estrutura familiar; a ascenção dos jovens, embora seja um valor positivo - pela falta de diálogo com os pais, pelo desrespeito mútuo, torna-se um grave problema; as falhas da educação - o excesso de amor que se traduz pela falta de autoridade, pelas omissões; e a falta de autenticidade dos pais.

As sugestões apresentadas para ajudar as famílias a sanarem esses males: Procura e crescimento na fé - Promover a conscientização religiosa, através de Círculos Bíblicos, palestras, momentos de oração em família, e criar formas de abastecimento espiritual para os casais, tais como dias de oração, encontros de reflexão, retiros. Formação familiar - Envidar todos os esforços para que, nas famílias, o processo de formação se faça num clima de amor e não de temor ou de indisciplina. Cultivar na família o respeito mútuo. Que os pais dêem aos filhos respostas às suas questões. Que os estimulem a participar de movimentos cristãos. Que haja maior entrosamento entre pais, mestres e sacerdotes. Que a formação para a opção vocacional não apenas possibilite aos jovens chegar ao matrimônio com maturidade, mas valorize a vocação sacerdotal como indispensável à vida da Igreja e a vocação religiosa como testemunho comuntário dos conselhos evangélicos. Formação de novas famílias - Apoiar e incentivar os cursos de noivos, expandindo-os onde ainda não estejam implantados. Apostolado familia'l' - Que cada família procure ajudar outras famílias, seja aquelas menos favorecidas de recursos materiais e espirituais, seja aquelas que estejam desajustadas. A preocupação pela vivência cristã das famílias deve incluir sempre a Jesus Cristo como um terceiro elemento indispensável à vida do casal. Que cada família cristã promova, em seu prédio, em sua quadra, encontros de famílias, que sejam fermento para formação de comunidades de base. Que se trabalhe para que a família cristã seja aberta, alegre, autêntica, dinâmica, capaz de projetar-se e inserir-se na sociedade para o urgente trabalho de reerguimento da família. Que as mulheres procurem influenciar as outras através de encontros informais ou de reuniões sobre problemas de família, a fim de que se busque e se divulgue a orientação cristã para a solução dos problemas.

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Que os movimentos familiares abram suas reuniões para a participação dos jovens, a fim de que eles sejam, na realidade, m ovimentos familiares e não apenas movimentos de casais.

Apostolado pelos meios de comunicação - Criar grupos de trabalho, união de famílias, para pressionar os meios de comunicação, oferecer-lhes mensagens cristãs, programas sadios, que comb atam a onda de materialismo e erotismo que só conduzem à degradação e à violência. Promover contatos com quem de direito no sentido de combater mais eficazmente a proliferação· da pornografia, sob as formas de revistas, livros, filmes, publicidade e, eventualmente, programas de televisão. Que sejam promovidos contatos com membros do Poder J udiciário (varas de família) , convidando-os a tomarem conhecimento dos trabalhos dos movimentos familiares da Igreja e a sugerirem aos casais em processo de desquite a procura de apoio junto a esses movimentos para a solução dos seus problemas.

Entrosamento dos movimentos leigos - Tendo em vista as responsabilidades cada vez maiores a que estão sendo chamados os leigos na Igreja, tendo em vista a existência de numerosos movimentos leigos, torna-se necessária a procur a de um entrosamento desses movimentos, para se auxiliarem e completarem mutuamente. Para isto, incentivar encontros de oração e estudos. Todos os movimentos leigos devem incentivar a for mação de grupos de jovens e a dinamização de comunidades juvenis, com vistas à preparação familiar. Semana da Família - Realizar uma Semana de estudos sobre problemas familiares, para todas as famílias da Arquidiocese, engajadas ou não em grupos cristãos, a fim de que se encontrem soluções para os graves problemas da família moderna. Concretizou-se efetivamente essa sugestão, de l Q a 8 de Dezembro, quan do as ENS e o MFC uniram esforços para organ izar a primeira "Semana da F amília" de Brasfli a. Num erosos grupos paroquiais aderiram à progra m ação, participando ativamente das liturgias, dos estudos e dos debates. Quat r o conf er encistas eminen tes foram convidados : D. Estevão Bet tencourt, o .s.b . , que falou sobre "Amor e Instituição" ; D. José Newton de Almeida Batista, arcebispo de Brasília, sobre "Santidades do Matrimônio " ; D . Luciano Cabral Duarte, arcebispo de Aracajú, sobre " Indissolubilidade do Matrimônio", e o Ministro da Educação e Cultura, Sr . Ney Braga, sobre "Unidade do Mat rimônio". Nos dias 6, 7 e 8, a Irmã Maria Augusta Chisleni orientou os estudos e debates sobre "A Missão da Mulher Crist ã Hoje".

BAURU -

Um "dever de sentar-se" em família

Tiramos do Boletim o relato da experiência de um casal de equipe de Bauru que reúne uma vez por semana, aos sábados, -28


os três filhos em torno da mesa e com eles se entrega a uma abertura geral, num encontro à maneira da reunião dos membros <le uma entidade. Numa atmosfera de plena naturalidade, cada um faz a colocação espontânea de tudo quanto lhe tenha ocorrido na semana: o que de bom ou mau lhe aconteceu, os ajustes e desajustes dos filhos com os pais, irmãos ou colegas, o comportamento de cada um no lar, na escola e nos demais ambientes, de que maneira aplicaram a sua mesada, enfim, um relato de sua vida no decurso dos sete dias anteriores. "Os pais presidem a reunião, intercalando as ponderações e orientações cabíveis. A reunião se inicia e termina com uma oração, havendo também o instante da oração pessoal, balbuciada &té pelo caçulinha. Ao final dos trabalhos, é redigida uma "ata", para que a solução dos assuntos pendentes não seja esquecida e possa ser cobrada na reunião seguinte. Todos a assinam, até mesmo o Gustavo, de menos de quatro anos de idade, que ainda não freqüenta a escola mas já sabe desenhar o nome em letra de forma e que, não sabendo garatujar o sobrenome, rabisca após o nome um grande 'Z', à maneira do 'Zorro' dos filmes ... " Parece que a iniciativa tem dado excelentes resultados, servindo especialmente para os pais, que estabelecem assim contato com as vivências e os problemas dos filhos. Conduzida com naturalidade, a própria reunião se incumbe de desarmar os espíritos. Essa pode ser uma maneira de resolver o problema do diálogo entre pais e filhos, por vezes difícil - e no entanto tão necessário ... PETRóPOLIS -

Recordações de um dia recolhimento (do "Equipetrópolis")

"Quantas riquezas nos proporciona um dia de recolhimento Vale muito bem parar; dar uma estancada na correria da vida do dia-a-dia, no rodopio dos afazeres que nos absorvem, e dedicarmos um dia às coisas do espírito, que enriquecem a alma, vivificam a mente e enriquecem o corpo, enchendo-nos de alentos novos para enfrentarmos a vida. E como ela se abre para nós, cheia de horizontes mais claros! . . . Um só domingo foi o bastante para operar em nós tantas maravilhas. Ouvimos a voz do pregador, sua palavra inteligente, culta, inspirada e guiada pela luz do Espírito Santo; separamo-nos, casal por casal, para refletir, dar um balanço na vida passada através de um verdadeiro "dever de sentar-se" motivado; partilhamos, em grupos, nossas reflexões e experiências; meditamos e, ao fim da tarde, oferecemos ao Senhor, na Santa Missa, toda a nossa vida, cheia de amor por Ele e pelos irmãos, ali personifi-29-


cados nos casais que conosco dividiram um dia tão feliz. Oferecer tudo isso e também agradecer toda a riqueza que, por intermédio do recolhimento, Ele nos concedeu para vivermos melhor o nosso matrimônio, para mais verdadeiramente entendermos o nosso cônjuge, para sentirmos melhor os caminhos a trilhar juntos em direção ao Pai, que, algum dia, nos receberá num gesto largo de amor, dando-nos, aos dois, a coroa da santificação, por nós ansiosamente almejada. Uma palavra do nosso pregador, Frei Hipólito. Quanto foi ele útil a este casal de 37 anos de vivência matrimonial! Novos aspectos, novos ângulos, novos horizontes nos foram desvendados. Suas palestras obedeceram a uma chave geral, que ele procurou encaixar em um tríptico - "conhecer melhor ... comunicar melhor ... para amar mais". Por isso, a primeira palestra foi dedicada toda ela à "importância da comunicação". Foram, então, estudados, na perspectiva do casal, os canais (vínculos) da comunicação, seus códigos, as características do comunicador e do receptor e os "ruídos", tudo o que perturba e atrapalha a comunicação; as diferenças psicológicas do homem e da mulher, a maior parte das quais resulta do meio em que se vive (fatores ambientais); a sexualidade que, salientou o conferencista, não deve ser confundida com a genitalidade; os papéis que cabem respectivamente ao pai e à mãe na família e seus reflexos na vida adulta dos filhos. O estudo da personalidade ocupou a segunda palestra. A análise do conceito de personalidade foi minuciosamente apresentada pelo psicólogo-pregador. Na visão do casal, mostrou-nos ele como é importante a procura de cada qual em afirmar-se, mas também o empenho que deve ter em desenvolver a personalidade do outro. Tantas considerações e exemplificações foram detalhadas a esse propósito que impossível seria condensá-las neste ligeiro apanhado sem sacrificar sua essência. E, neste passo, destacou a importância do diálogo do casal e da família, no sentido de um "dever de sentar-se". "As coisas em comum da família, devem ser postas em comum na família". Nesse contexto fez o Frei Hipólito um estudo crítico muito interessante sobre o grande erro em que incidem os pais quando querem reproduzir nos filhos os sonhos que eles próprios não conseguiram alcançar. Amar não é jamais querer transformar o outro à sua própria semelhança. A terceira e última palestra do dia foi dedicada ao tema "a plena realização humana só se dá no amor". Não sabemos qual das três tenha sido a mais interessante; qual delas a mais profunda. Pois, em cada qual o conferencista feriu o assunto como psicólogo de grande conhecimento e experiência, de que sempre -30-


dava sobejos exemplos. A advertência para que jamais se admita a confusão entre amor e sexo foi oportuna, pois essa confusão conduz ao desamor e leva o casal a perder a felicidade. "O sexo é maravilhoso quando ele é a expressão do amor. Jamais deverá ser um fim e sim uma real expressão do amor." "Quando a mulher observar que ela foi escolhida entre milhares como a pessoa certa na vida do outro, ela se sentirá realizada como mulher." Gostaríamos de ter feito sentir neste esboço o que foi a riqueza desse recolhimento, no qual o Frei Hipólito estudou a "Psicologia do Matrimônio". E agradecemos ao Senhor, uma vez mais, tantas oportunidades que Ele nos concede. Oxalá saibamos aproveitá-las!

Helyeth e Jorge Machado (Equipe 3, Petrópolis)

DEUS CHAMOU A SI

Recebemos do Casal Responsável da Coordenação de !tu, Maria do Carmo e Domingos, a seguinte comunicação: Ao anoitecer do dia 8 de Dezembro, faleceu o nosso muito querido irmão de equipe Julio Labronice, membro da Equipe 1, um dos iniciadores do movimento em Itu e muito entusiasta pelo mesmo. Deixou, além de sua esposa, Meire, 4 filhos. Este triste acontecimento se deu no mesmo dia em que o casal Marina e Waldemar Olbertini, também da Equipe 1, comemorou suas bodas de prata ...

RETIROS DA REGIÃO SAO PAULO-A

Abril Maio Junho Agosto Setembro Outubro Novembro

De 25 a 27 De 22 a 24 De 22 a 24 De22a24 De 19 a 21 De 24 a 26 De 21 a 23

sem com sem sem com sem com

Todos no Instituto Paulo VI

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crianças crianças crianças crianças crianças crianças crianças


ORAÇÃO

PARA

A

PRóXIMA

REUNIÃO

Unindo-nos ao esforço de Renovação e Reconciliação de toda a Igreja, peçamos ao Cristo Ressuscitado que nos ensine a viver uma vida nova, no amor.

TEXTO DE MEDITAÇÃO -

João 15, 9-17

Como o Pai me amou, também eu vos amei. Permanecei no meu amor. Se obsevardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, como eu cumpri os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor. Disse-vos isto para que minha alegria esteja em vós e vossa alegria seja completa. Este é o meu mandamento: Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que entrega a vida por seus amigos. Vós sereis meus amigos se praticardes o que vos mando. Já não vos chamo servidores porque o servidor não sabe o que faz o Senhor; chamei-vos, porém, amigos, porque vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai. Não me escolhestes a mim; mas eu vos escolhi, e vos destinei a irdes e produzirdes fruto, e um fruto que permaneça. Então, tudo quanto pedirdes a meu Pai em meu nome, ele concederá. Isto eu vos mando: que vos ameis uns aos outros.

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ORAÇÃO LITúRGICA -

1 Cor. 13, 1-8

Se eu falo as línguas dos homens e dos anjos, mas não tenho amor, sou um bronze que soa ou um címbalo que tine. E se tenho o dom da profecia e conheço todos os mistérios e toda a c1encia, e se eu tenho toda a fé, de modo a transportar montanhas, mas não tenho amor, nada sou. Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres e entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, isto nada me aproveita. O amor é paciente, c; amor é bondoso; não é invejoso; o amor não é arrogante; nem se ensoberbece; não não não não

faz o que é inconveniente, busca o seu interesse, se irrita, toma em conta a ofensa;

não tem prazer na injustiça, mas se alegra com a verdade; ele tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta .


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