ENS - Carta Mensal 1973-8 - Novembro

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Novembro

NC? 8

1973

EDITORIAL -

"Sempre na brecha" . . . . . . .

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A dignidade da família

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A Ecir conversa com vocês

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Frei Miguel volta ao Brasil . . . . . . . . . • . . . . .

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Um casal equipisla no C. V. C. . . . • . • . . . . . .

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Lares transbordantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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O dever de sentar-se . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Eu Vos dou graças, Senhor! . . . . . . . . . . . . . . .

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Temas novos ... E velhos lemas

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A escolha do Casal Responsável

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Notícias dos Setores . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . .

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Deus chamou a Si . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Oração para a próxima reuni ão . . . . . . . . . .

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Rua Dr. Renato Paes de Barros, 33 04530 - SAO PAULO, SP

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somente para distribuição interna -

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EDITORIAL

"SEMPR.E

NA

BR.ECHA"

Sentado à entrada de sua tenda, na hora mais quente do dia, o patriarca ergue os olhos e divisa Javé que passa, acompanhado de dois anjos. Levanta-se, prosterna-se, oferece a hospitalidade ao misterioso caminhante. Este renova-lhe a promessa de uma numerosa descendência e confidencialmente lhe revela que se dirige para Sodoma e Gomorra, para julgá-las. Abraão constitui-se então, perante Deus, o advogado das cidades criminosas e sua oração, a primeira que lemos na Bíblia (Ge. 18), é uma intercessão em favor dos culpados; intercessão confiante, hábil, audaciosa, patética. Abraão inaugura assim a longa linhagem dos intercessores que, através dos tempos, irão se suceder em Israel. Seis séculos mais tarde, será a vez de Moisés, o intercessor-tipo, poder-se-ia dizer. Quando, enfarado com a incredulidade de seu povo, Javé lhe declara: "Agora, deixa-me, minha cólera vai se inflamar contra ele e eu o exterminarei! Mas de ti eu farei uma grande nação" (Ex. 32,9) , compreendemos, logo às primeiras palavras, que Moisés é aquele que não deixa Deus agir à sua vontade. Recusa-se também a abandonar seu povo, mesmo para receber uma missão mais gloriosa. Deste povo, ele é o chefe por delegação do Senhor, será pois o seu defensor e intercessor junto do próprio Deus. Juízes, reis, profetas, nas pegadas de Abraão e de Moisés, advogarão por sua vez a causa desse povo "de dura cerviz" e muitas vezes obterão misericórdia para ele. Mas, ai dos séculos em que Deus não encontrar intercessores! "Procurei entre eles um homem que se interpusesse como um muro e que se mantivesse perante mim, de pé na brecha, em defesa do país, a impedir-me que o destruísse, e não encontrei ninguém" (Ez. 22,30). Admiremos esta definição, ou melhor, este retrato do intercessar: é o homem que constrói um baluarte para proteger os seus irmãos e fica de vigia, sempre na brecha por onde o castigo poderá vir. Na verdade, todos esses intercessores de nossa Bíblia, são apenas figuras, esboços do grande, do único intercessor: Jesus Cristo. -1-


ele o homem que Deus procura: de pé ante a brecha, braços estendidos, ele se interpõe. Com maior eficiência que Abraão, intercede pelo mundo pecador. E porque se solidariza com a natureza humana, a ponto de a ela se ligar indissoluvelmente na Encarnação, - e o Verbo se fez carne - dor avante a natureza humana acha-se reconciliada com o Pai.

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Uma vez por todas Jesus Cristo se oferece, uma vez por todas restabelece a ponte entre a humanidade e a divindade. Em certo sentido, a sua missão de intercessor se acha cumprida. Mas é também verdade que quer tornar-se presente a toda fração do tempo e do espaço, a fim de continuar na terra, até a consumação dos séculos, a sua função de intercessor. E para que isto se realize, conta conosco, seus discípulos. Cabe a nós a vez de ficar na brecha, cabe a nós a função de vigias. Cabe a nós, sem dúvida, advogar a causa da imensa multidão dos homens, mas em primeiro lugar e muito particularmente a causa da porção de terra, de tempo, de humanidade onde justamente cabe a nós encarnar o Cristo e continuar a sua intercessão. Vezes muitas, na minha vida sacerdotal, pareceu-me surpreender a estratégia do Senhor: para obrigar-se a não se afastar de tal família culpada, de tal aldeia descristianizada, suscita em seu seio uma alma de oração. E Ele abençoa este lugar, este grupo humano onde possui um filho querido: seja um jovem enfermo, uma humilde camponesa, um pobre padre do sertão, fervoroso na oração ... A oração desses intercessores nada mais é do que a oração do próprio Cristo, sem a qual nada seria, sem a qual não seria. Oração do Cristo, suscitada neles pelo Espírito de Cristo, Espírito este que, dentre os seus nomes próprios, possui o de Paráclito: advogado, defensor, intercessor. Sem dúvida, o Espírito Santo advoga a causa daqueles em quem habita, mas, ao mesmo tempo, neles e por eles, intercede pela humanidade. O Cristo glorioso está à direita do Pai, para traduzir no céu tudo o que os intercessores, sob o impulso do Espírito, pedem através de sua pobre linguagem de homens, porquanto Ele está vivo, o Senhor ressuscitado, e "não cessa de interceder por nós", como afirmam São João e São Paulo (1 Jo. 2,1; Hebr. 7,25). Interceder realmente é uma das grandes palavras do vocabulário da oração. É verdadeiramente uma alta função: ela dá ao mesmo tempo testemunho de um grande amor de Deus e de um grande amor dos homens. HENRI CAFFAREL

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A PALAVRA DO PAPA

A DIGNIDADE DA FAMíLIA

Dirigindo-se aos componentes da Comissão para a Família, reunidos em Roma em junho passado, o Papa declarou:

No campo onde nos dais a vossa ajuda, apresentam-se hoje problemas numerosos e urgentes. Também nos regozijamos por vermos que, desde as suas primeiras observações, a vossa Comissão manifestou a necessidade de orientar o seu trabalho para a busca de realidades permanentes que são constitutivas da família, a fim de valorizar o que lhe é essencial, tanto na ordem da natureza como na da graça. O Sacramento do Matrimônio

A Igreja, ao sublinhar incessantemente o valor particular e eminente da instituição da família, toma, concretamente, a defesa da vida humana em toda a sua amplitude e na sua mais elevada concepção. E, querendo determinar o sentido que ela tem e as suas necessidades essenciais, encontramo-nos num daqueles campos em que o profundo significado da natureza humana não pode descobrir-se senão à luz da revelação . Entre todas as instituições humanas, o matrimônio é talvez aquela que nos permite discernir melhor o plano de Deus Criador e a maneira com a qual Ele chama o homem a cooperar consigo na sua obra. Daqui deriva o aspecto sagrado do matrimônio; daqui a sua verdadeira estrutura que exige a exclusividade e a perenidade da união que o constitui. Na recíproca fé dos esposos e na sua comum responsabilidade a respeito dos filhos que têm o dever de aceitar, de educador e de conduzir até a

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tdade adulta, os lares cristãos encontram uma participação mis~eriosa, mas real, na ação pela qual Jesus Cristo se une à sua Igreja e a faz crescer. Esta é a dignidade do sacramento domatrimônio que se torna o sinal da união e a fonte de todas as :graças de que os esposos têm necessidade. Gerada pelo amor a sociedade constituída pelo matrimônio se conserva e se forta~ lece graças ao amor mútuo de seus membros. Assim, quer se trate d~ crescimento psicológico e moral do filho, quer do desenvolvlmento do amor conjugal e do exercício de suas responsabilidades, a célula familiar está ao serviço de uma vida plenamente humana e é o ponto de partida para uma vida social equilibrada na qual o respeito de si é inseparável do respeito dos outros. A finalidade da Comissão para a Famí!ia

Estas poucas palavras são suficientes para realçar a finalidade da Comissão que nós fundamos. O Concílio já tinha posto. em evidência o peso que os desequilíbrios do mundo moderno exerciam sobre a instituição familiar (cfr. Gandium et Spes, n. 8) . Os riscos que ela corre, e vós não os ignorais, acentuam-se cada dia mais, e aumentam ainda, muitas vezes, com a utilização dos recursos da ciência, fora das exigências morais cristãs. Perante estas dificuldades e com o objetivo de promover \.liDa adequada pastoral para a familia, o cargo confiado à Comissão revela-se de importância capital. Compete-lhe, primeiro que tudo, discernir e estudar os problemas atuais em toda a sua amplidão, observando atentamente os diversos aspectos que toma a instituição da família, segundo as culturas e as civilizações, com os seus valores e as suas deficiências. Esta análise objetiva deve também permitir-lhe ser um lugar privilegiado de intercâmbio e de confronto, de onde possam resultar, ao mesmo tempo. um aprofundamento das questões doutrinais e pastorais que hoje se apresentam, e um concerto que tenha em vista favorecer uma ação pastoral eficaz. Temos conhecimento do trabalho já realizado neste sentido e felicitamo-vos por ele . A importância das reaEdades em causa é suficiente para estimular os vossos esforços. Será necessário exortar-vos, perante a gravidade de certas situações, a prosseguir as vossas investigações num ritmo acelerado, em união com os outros organismos da Cúria Romana? O próximo "Ano da População", em 1974, dar-vos-á a ocasião de provardes a vossa eficiência. A Comissão poderá, assim, oferecer uma poderosa colaboração aos Pastores e a todas as Organizações católicas que estão particularmente empenhadas no estudo destes problemas.

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A ECIR CONVERSA COM VOC~S

Caros amigos Queremos hoje entreter-nos com vocês sobre um assunto já conhecido mas que, pela sua importância, merece ser lembrado. Tanto mais que nos propusemos todos, há já um ano, por ocasião da opção, fazer de nossa equipe uma equipe "de verdade". É chegado o momento de verificar o grau de fidelidade às nossas boas disposições de um ano atrás. Por isso mesmo, vamos lhes falar sobre três pontos de real significação e importância que, no fim de cada ano, vêm quebrar o ritmo habitual da vida de equipe: a reunião de balanço e, com ela, a eleição do casal responsável e a escolha do tema para o próximo ano. A reunião de balanço é como que o traço de união entre o ano que se vai e aquele que está por chegar. É um ponto de parada para uma reflexão conscienciosa sobre o passado, com vistas para o futuro. É um momento de sinceridade para conosco mesmo.s, sinceridade para com a equipe de que fazemos parte, sinceridade para com Deus. Para conosco mesmos, a fim de avaliar pausadamente a colaboração que demos para o crescimento humano e cristão do pequeno grupo de casais que se propuzeram unir fraternalmente esforços para cada vez mais corresponder à verdadeira imagem de filhos de Deus. Sinceridade para com a equipe à qual nos ligamos livremente, dispostos a fazer da amizade fraterna e do auxílio mútuo a alavanca para levantar o peso de nossas deficiências. Sinceridade para com Deus, meta que devemos visar, tanto na nossa vida pessoal e de casal, como na vida de equipe, com reflexos imediatos sobre a nossa vida social e eclesial. É evidente, assim, que a reunião de balanço não deve, não pode ser improvisada; merece, sim, uma preparação condizente com a sua importância. E o melhor momento para esta preparação será certamente um Dever de Sentar-se especial, para refletir sobre os vários aspectos que apenas esboçamos acima.

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Sejamos entretanto coerentes e lúcidos. Dependendo em grande parte do temperamento ou do estado de espírito do momento, alguns são levados ao otimismo, outros ao pessimismo. Uns a um entusiasmo exagerado, outros a uma depressão descabida. Mas os excessos para um ou outro extremos serão corrigidos quando as reflexões de uns e de outros forem objeto de apreciação pela equipe toda, momento em que muito poderemos ser ajualados pelo Conselheiro Espiritual, que tem graças de estado para sondar almas e corações. É costume, também, fazer-se nessa reunião, a eleição do casal responsável (voto secreto individual e não do casal, apuração também secreta feita pelo Conselheiro Espiritual que anuncia apenas o casal escolhido) . Para esta eleição, é preciso fugir à tendência que se apresenta com certa freqüência, de fazer o rodízio dos casais. O que é preciso, isto sim - como aliás também para o Balanço - é pedir as luzes do Espírito Santo. Na realidade, Deus tem certamente um plano para a nossa equipe e sabe, melhor do que nós, quem poderá melhor realizar o seu plano. Coloquemo-nos portanto em atitude de adesão à vontade do Senhor, atentos ao sopro do Espírito. Mais difícil, talvez, o terceiro item: a escolha do tema de estudos para o próximo ano. Em virtude do apelo do Pe. Caffarel na Peregrinação de Roma, vários temas novos foram lançados, outros suprimidos. Por um esforço de nossa Secretaria, podemos oferecer às nossas equipes matéria nova e em consonância com as condições de hoje, mergulhados que estamos, como todos os cristãos, num mundo fortemente marcado pelo ateismo. Damos, à parte, uma relação dos temas que, no começo do ano, já deverão se encontrar no Secretariado, à disposição das equipes. Caros amigos, também a ECIR vai realizar o seu balanço. Gostaríamos de prepará-la ouvindo previamente as considerações que vocês julgarem oportunas. Escrevam-nos com toda a liberdade e confiança e peçam para nós as luzes do alto, como nós as solicitamos também para vocês. Fraternalmente A ECIR

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ENTREVISTA

FREI

MIGU~L

VOLTA AO BRASIL

Esteve no Brasil, de férias, durante mais de dois meses, Frei Miguel Pervis, op., um dos nossos primeiros Conselheiros Espirituais de equipe. Depois de 7 anos de Brasil, a Ordem Dominicana resolveu precisar dele na França e há 13 anos que lá está exercendo seu ministério . No entanto, seu coração ficou no Brasil - pelo menos até os últimos anos, pois agora "há que", como diz ele, dividi-lo com "seus" Portugueses, uns 30.000 emigrantes que vivem na região de Clermont-Ferrand. Mesmo na França, Frei Miguel nunca se afastou das Equipes, seja porque continua sendo assistente, seja porque está sempre pregando retiros. Enquanto esteve entre nós, pregou uma Sessão de Formação, em Caxias do Sul, fez palestras durante o Encontro de Casais Regionais, pregou vários retiros e teve alguns encontros com a ECIR. Achamos portanto interessante interrogá-lo sobre o nosso Movimento .

Frei, quando o sr . deixou o Brasil, 13 anos atrás, havia dez vezes menos equipes do que hoje. O Movimento aqui, portanto, deve ter mudado muito.

C.M. -

Realmente, em 1959 o Movimento no Brasil estava no começo ainda. Talvez porisso mesmo sentia-se um pulsar de energias muito grande. Iniciativas de toda espécie no campo do apostolado. Nessa época, se não me engano, é que foram fundados os Cursos de Preparação para o Casamento e os Círculos Familiares. Eram iniciativas nossas mesmo . Hoje, as ENS já têm uma longa história no Brasil. Sei que o fervor apostólico é o mesmo, mas as Cartas Mensais não refletem as iniciativas apostólicas que surgem nas equipes e isto faz falta . Muitos equipistas estão de fato engajados em muitos campos de apostolado, mas acho que todo esse trabalho poderia aparecer um pouco mais. E acho que o veículo natural desse tipo de informação deveria ser a Carta Mensal. Frei Miguel -

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C.M. -

O sr. pode acreditar que um dos nossos maiores desejos seria publicar tudo o que se faz por aí. O problema é que o pessoal não conta ... Nossas fontes de informações são única e exclusivamente os boletins de Setor - quando chegam. Raríssimas têm sido as ocasiões em que um Responsável de Setor ou um Regional nos tem mandado alguma notícia diretamente. Precisamos encontrar um jeito de sanar esta falha. Outra coisa que sinto, ou melhor, que tive a oportunidade de sentir por ocasião da Sessão de Formação de Caxias e nos contatos que tive com a ECIR antes e depois. Sinto que tudo que vem do Centro Diretor - da Equipe Responsável, como é chamada hoje - para a ECIR e da ECIR para os Regionais é bem recebido e transmitido. Mas será que acontece o mesmo em sentido inverso, da base para cima? É tvidentemente um problema que não é só daqui, na França também existe. Mas não devemos esquecer que o Espírito sopra onde quer - portanto, não só nas cúpulas, nas bases também. E será que a cúpula está suficientemente informada do que sopra o Espírito na base? O Movimento deve ser uma participação, uma troca, nos dois sentidos. Pergunto: será que as Equipes de Setor compreendem que têm um papel importante nessa transmissão também da base para cima? Devem ser os veículos dos sentimentos da base. Aí entra também o papel do Casal de Ligação. Muitas vezes o Casal de Ligação é encarado mais como um casal que vem para controlar, quando na realidade é um casal que vem para ouvir. Ele é o elemento que vai sentir a base, o que ela tem necessidade de exprimir, e que vai fazer chegar ao Setor as suas descobertas, as suas dúvidas e as suas aspirações. Ele é o primeiro escalão em que deverá ser aberto o diálogo. Frei Miguel -

C.M. -

Será que as Equipes de Setor estão conscientes desse aspecto da sua responsabilidade?

A animação, função primordial do Setor, deve ser compreendida também como preparação para o diálogo. Todos os problemas geralmente nascem daí: falta de diálogo entre as cúpulas e as bases; cria-se um mal-estar na base, porque não houve resposta às suas dúvidas. A Equipe de Setor tem portanto um papel primordial para promover o diálogo. Pelos casais de ligação, conhece aquilo que se vive na base, as suas necessidades, as sugestões que partiram dela, o pulsar do Espírito que se manifesta nela. Tem a obrigação de acolher esse sopro e de transmiti-lo. Porque o Movimento precisa ser uma comunhão integral. A equipe funciona como uma comunhão. Pois bem, o Movimento também tem que ter essa possibilidade

Frei Miguel -

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de comunhão, de participação, de comunicação dos dons que Deus faz a todos e a cada um. Pergunto-me: Será que se tem bastante consciência de que todo cristão - portanto todo equipista - tem algo para dar, aquilo que, com a Igreja primitiva e o Concílio Vaticano II, chamamos de "carisma"? Pois São Paulo e São Pedro nos dizem que todo cristão recebe carismas, não para o uso ou a santificação pessoal, mas em vista do Bem Comum. Aí vem um problema: se todos se devem sensibilizar a esta realidade fundamental para o funcionamento de toda a comunidade, como é que são sempre os mesmos que ficam sobrecarregados? O próprio Movimento pela sua estrutura exige muitos responsáveis. Será que com isso respeitamos de modo suficiente os carismas que poderiam e deveriam ser postos a serviço da Igreja e da sociedade humana? Se for por alguns se julgarem incompetentes, estes estão errados: se for porque o Movimento, isto é, todos nós, carecemos de imaginação e de confiança nos outros, o erro é nosso. O Movimento deve despertar e educar a nossa-responsabilidade coletiva em todas as suas dimensões. C.M. -

E sobre os três novos meios de aperfeiçoamento, o que o sr. teria a dizer-nos?

Eu faço uma distinção entre leitura da Bíblia e meditação, de um lado, e ascese, do outro. Ler a Escritura e fazer meditação são propriamente atividades. Ascese não é uma coisa a fazer. É um critério a adquirir para envolver todo o próprio comportamento. É uma atenção a ser despertada, um novo estado de espírito que deve impregnar todas as nossas atividades, dando-lhes uma certa tonalidade. É uma "atenção" mesmo, que deverá dar uma nova dimensão a tudo o que fazemos. É claro que irá inspirar certas atitudes da regra de vida, mas não se limita a isso. Com respeito à leitura da Bíblia e à meditação, diria que uma é o início da outra. A oração, a meditação, é um diálogo. Começa forçosamente ouvindo-se aquilo que Deus nos diz. Assim, a leitura da Palavra não é um exercício à parte, mas o ato inicial que nos levará à meditação. As duas coisas, para mim, são inseparáveis: uma leva à outra. Acho que precisamos de uma iniciação à leitura da Bíblia. É necessário um certo trabalho para entendê-la melhor. Mas podem-se distinguir 3 níveis de leitura da Bíblia: um é baseado na iniciação que a liturgia proporciona. Antigamente, o povo

Frei Miguel -

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de Deus não conhecia outra iniciação, ouvindo a Palavra de Deus no desenrolar do ano, o Novo Testamento e o Antigo Testamento esclarecendo-se mutuamente na luz dos Mistérios de Cristo. Um 2. 0 nível é necessário hoje. Com o grande desenvolvimento dos estudos bíblicos e a sua divulgação, não nos podemos mais contentar com umas interpretações superficiais. É preciso procurar cursos ou leituras especializados, ou mais simplesmente acompanhar o que se vem publicando no "O São Paulo", ou no "O Domingo", ou ainda nos trabalhos do Padre Carlos Mesters. Neste nível também é que se situa o estudo do tema. Enfim, sem esquecer nunca que o "Espírito Santo é que nos leva à Verdade- podemos alcançar um nível de leitura que nos permita saborear aquilo que Deus nos diz. E nisto já estamos em diálogo com Ele: já é oração "pensar em Deus amando-o" como dizia o St.° Cura d'Ars. E ainda dizia: "Deus não faz menos caso da sua Palavra do que da Eucaristia" . São efetivamente dois modos de presença real. C.M. -

Frei, quase todos nós temos dificuldade para fazer a meditação. O Sr. poderia dar-nos um conselho?

Frei Miguel- Um conselho... É difícil, porque depende um pouco do temperamento de cada um. Cada um tem a sua espiritualidade própria. Mas posso dizer o que funciona para mim, talvez possa ajudar! Para mim, a chave é a Palavra de Deus. São Paulo nos diz: "Que a Palavra de Cristo habite entre vós abundantemente" e também, que não precisamos procurar tão longe essa Palavra porque está sempre ao nosso alcance, no nosso coração (cf. Rom. 10, 5-8). Para chegarmos a ser "habitados" pela Palavra de Deus, é claro que importa que nos impregnemos dela: não basta ler, é preciso tentar nortear a nossa vida por ela. "Bemaventurados, isto sim, aqueles que ouvem a palavra e a põem em prática" (Luc. 11,28). A Palavra de Deus é uma semente, que frutificará em nós - que o Espírito fará frutificar em nós, se soubermos ser dóceis. Mais uma pergunta, Frei: deixamos para o fim a mais importante... Qual seria hoje, a seu v~r, a missão do casal equipista?

C.M. -

Frei Miguel -

Vejo duas coisas. Uma, é a descoberta da espiritualidade conjugal: comunicar essa descoberta, essa espiritualidade conjugal aos outros. O testemunho que &s Equipes podem dar de Deus não é um testemunho intelectual, mas antes o testemunho de uma descoberta vivida, realizada den-10-


tro da vida conjugal, de um Deus que é Pai, de um Deus que ama gratuitamente . Os casais das Equipes de Nossa Senhora têm uma sensibilidade maior a estas realidades por vivê-las de uma maneira mais atenta. É disto que podem ser testemunhas no mundo de hoje. Talvez não se pudesse prever isto vinte anos atrás. Não se podia prever que a espiritualidade conjugal fosse dar o próprio conhecimento da vida de Deus . . . A outra coisa. No mundo de hoje, em que as relações são tão funcionais, tão pouco de pessoa a pessoa, a gente precisa de um círculo de relações mais humano, mais ac::~nchegante . Ora, as Equipes vivem continuamente a experiência da " comunidade ". É preciso que os equipistas sintam essa necessidade que o mundo urbanizado, tão anônimo, tem de uma vida mais h umana, mais comunitária. Com sua experiência de vida em comunidade, poderão ajudar a reconhecer e talvez formar vários tipos de comunidade. Parece-me que esta é uma missão que lhes vem a calhar. E há mais ainda. Sente-se no mundo de hoje uma verdadeira fome de espiritualidade . É decerto uma fome vaga, que não tem propriamente conteúdo - é o yoga, o zen, etc ., os quais, embora muito procurados, não podem satisfazer àqueles que os procuram. Falta a Revelação. Só ela pode responder a essa disponibilidade, latente nesses tipos de espiritualidade . Procuram algo, mas em termos muito abstratos, ou em termos de domínio de si, de comunhão com o universo . E sua fome continuará, porque só a Revelação de Jesus Cristo pode saciá-la . Isto é: o amor de Deus, que é Jesus Cristo encarnado - esta é a revelação concreta de que necessitam, a revelação concreta, histórica, do que Deus fez por nós, enviando-nos o Seu Filho . E quem irá dar Cristo a conhecer àqueles que O procuram sem sabê-lo? Nós, vocês, meus caros. Os tempos de hoje são muito semelhantes aos primeiros tempos do cristianismo, em que um punhado de cristãos foi encarregado de levar a Revelação aos pagãos. Por isso, porque não é uma coisa para o futuro, mas para já, para hoje mesmo, é preciso nos prepararmos . Daí a necessidade de levarmos a sério o tema, a leitu-ra da Bíblia, a oração, a meditação. Através deles é que nos aperfeiçoaremos no conhecimento da Revelação, e poderemos, quando for necessário, anunciar o Evangelho.

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APOSTOLADO

UM CASAL EQUIPISTA NO C. V. C.

Parece incrível que nós, cristãos, cheguemo~ ao ponto de precisarmos de um curso para vivermos cristãmente. Mas ele existe. É lá em Campos do Jordão. Ele é feito pela equipe de pastoral do Liceu Coração de Jesus e assistido pelos padres sale.sianos, que contam com a boa vontade de leigos que, já conscientizados, sentem necessidade de transmitir a outros aquilo que um àia aprenderam. O C.V.C. nasceu dos Cursilhos de Cristandade. Os salesianos, preocupados sempre com a formação da juventude, certa ocasião sentiram que muitos jovens estavam em dificuldades em casa com seus pais. Eram filhos de pessoas que iam fazer o Cursilho e resolveram mudar de vida, mas os jovens custavam a acreditar nessa mudança, s4rgindo então algumas barreiras na família. A equipe de pastoral do Liceu Coração de Je5us criou então o "Encontro'', feito nos moldes do Cursilho, mas com uma linguagem jovem- era o Cursilho dos jovens. Com o passar do tempo, os salesianos resolveram fazer também um "Encontro de pais", inspirado também nos Cursilhos, ao qual deram nome de C.V.C. - Curso de Vivência Cristã. Para esse Curso são reservados 4 dias. Os que pretendem fazê-lo são levados para uma chácara muito linda, em Campos do Jordão, e, longe das preocupações rotineiras, são motivados a revisar suas vidas. Tomam consciência da responsabilidade de cada um na construção do mundo, e saem de lá conscientizados para viverem o seu batismo sob forma de apostolado. Apostolado que deverá ser vivido em suas próprias famílias, em seu próprio ambiente.

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Eu e meu marido costumamos dizer, sempre que temos a oportunidade de participar de um desses cursos, que fomos assistir a um milagre. O Curso tem início na 5. 6 feira à noite e é encerrado no domingo à tarde . Se compararmos a turma que deixa a casa nodomingo, feliz, com a alegria estampada nas faces, com o coração transbordando de amor, ávida por distribuir esse amor a todas as criaturas, com a turma que chega na 5. 6 feira , carrancuda, surumbática, curvada sob o peso de seus problemas, temos que· acreditar num milagre, no milagre do Espírito Santo. Nós, que, pela graça de Deus, tivemos a fehcidade de logo· após nosso casamento, entrar para as Equipes de Nossa Senhora, tivemos também a felicidade de, um dia, participar desse curso· e, o que é mais importante ainda, fomos convidados a colaborar nesse trabalho e, com toda humildade, dizemos presente todas as: vezes que nos chamam. Para nós, pais de família, não é fácil deixar todas as nossas· obrigações rotineiras e, principalmente nossos filhos, durante 4 dias, mas temos consciência de que, se damos alguma coisa, é· sempre bem menos do que o muito que recebemos . QuandO' nos convidam para trabalhar, aceitamos sempre felizes. As vezes vamos como ajudantes, outras vezes damos palestras, outras ainda vamos para coordenar o curso. Para nós não importa qual o trabalho que vamos fazer. Importa servir. Quantas vezes, ao regressarmos de um desses cursos, com o· corpo cansado, com o sono atrasado, no fim de nossa resistência física, (porque o batente lá é bem duro) , percebemos que estamos mais ricos, porque ganhamos muito em conhecimento humano, porque entendemos melhor o Cristo. O Curso conta com a participação de 3 ou 4 sacerdotes enma equipe de trabalho de 13 leigos, sendo um destes o coordenador geral. Nós nos sentimos muito bem irmanados na equipe de trabalho, onde todos se unem numa comunidade baseada no amor, cuja tônica é a fraternidade, consciente, crescente e responsável, onde se vive intensamente uma comunidade cristã, cujo clima é a sinceridade, a solidariedade, a disponibilidade . Nossos filhos percebem, pelo nosso exemplo, o valor do apostolado. Temos sempre a felicidade de perceber que, indiretamente, estamos trabalhando também nos coraçõezinhos deles, que têm dado testemunho de compreensão da nossa ausência no lar em benefício de outros. -13-


·Muitas vezes chegamos trazendo um pouquinho de remorso, por termos deixado de proporcionar a nossos filhos um fim de semana mais agradável, mas eles mesmos fazem questão de nos mostrar que tudo P.stá bem e que eles nos admiram pelo que fizemos e nos incentivam a continuarmos a trabalhar. Agradecemos a Deus esta felicidade de contarmos com a compreensão de nossos filhos - e a felicidade de, logo após nosso casamento, termos entrado para as Equipes de Nossa Senhora. Agradecemos a Deus a oportunidade de podermos trabalhar neste apostolado, que nos faz acreditar, cada vez mais, num mundo melhor. Maria Stella e João Baptista Isnard Jr. Eauioe 20, Setor B, S . Paulo

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O MOVIMENTO NO MUNDO

LARES TRANSBORDANTES

Os casais das equipes de Nossa Senhora do Setor F do· Porto, procurando estar conscientes do seu papel perante o mundo atual em que uma onda crescente de ateísmo parece tudo querer subverter, reduzindo o homem e Deus a uma única dimensão: andar por andar .. . ; fazer por fazer ... ; ir e vir; construir e demolir . .. tudo numa pressa de quem tem apenas este mur.do para viver, resolveram meditar em comum. Eles sabem que a primazia da graça está na filiação divina, e que, sem oração, de nada vale a ação. E por isso resolveram juntar-se para meditar em comum. Conscientes de que não é suficiente que se bastem a dois, es.ses casais quiseram pensar nas palavras do Senhor, que amou o mundo inteiro até ao esquecimento de si próprio, reunindo todas as pessoas num só povo que se irmana pelo coração. São famílias - estejam onde estiverem e sejam quantos forem - que se debruçam não apenas sobre si próprias, mas que trabalham em comum para a formação de toda a comunidade dos homens. Após a celebração da Santa Missa, onde já tiveram oportunidade de oferecer a sua disposição de se darem, passaram à reunião. Como introdução ao pôr-em-comum, que havia de estabelecer a unidade de pensamento entre as equipes mistas, ouviram a palavra do Assistente do Setor, que lhes falou de um mundo que já não necessita de lares onde haja um senhor e um servo. Para esse mundo, os lares deverão ser células transbordantes, de onde irradie a maioridade dos cônjuges que se amam e se deixam amar, unindo com esse amor todos os que querem a paz, a certeza e a alegria de viver em Cristo para a salvação, pela graça e pela fé . . É uma filosofia de alegria e de paz, que deve conduzir os casais no caminho do seu encontro com Cristo vivo, para que possam ser sinais positivos, num mundo que teme a grandeza -15-

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do amor que emana da cruz. E neste sentido v1eram as pistas de reflexão, que foram: - consciência e fundamento do papel das E.N.S. na Igreja e no mundo de hoje; verdadeira vocação das E.N.S.; meios e condições de um eficaz testemunho dos casais no mundo. Constituídas as equipes, foram formuladas as respostas, que se discutiram em plenário e que passaram a constituir temas de aprofundamento para todos. 1-

Consciência e fundamento do papel das E.N.S. na Igreja e no mundo de hoje.

Tendo consciência do estado atual do mundo e da Igreja, os casais das E.N.S., procurando a ajuda mútua, pretendem dar testemunho de autêntico amor nas suas dimensões humana e sobrenatural. Eles serão sinais positivos no meio em que vivem, santificando-se pela profissão e pela sua inserção no meio, conscientes de que o papel que desempenham como testemunho da união de Cristo e de toda a humanidade está no amor que irradia do seu lar. 2 -Verdadeira vocação das E.N.S. Os casais das equipes realizam-se na procura constante de santidade a dois e, por ela, na busca de santidade em equipe, ajudando-se mutuamente na escalada da salvação. São verdadeiros caminhantes de Cristo, num lugar em que se quer fazer crer que Cristo está morto, levantando bem alto o espírito da ressurreição como forma de vencer, momento a momento, os tempos de morte da vida de cada um. Sabem que são mensageiros da Trindade e por isso querem dar testemunho, santificando-se e santificando os outros pelo seu amor. Por isso e para isso, quiseram reunir-se neste dia, todos os do Setor, em equipe para demonstrarem que a sua vocação é ser família. A vocação das Equipes é uma vocação de espiritualidade que se projeta naturalmente. 3-

Meios e condições de um eficaz testemunho dos casais no mundo. Na oração, na ascese e no estudo, devem os casais procurar os meios que os hão de levar a testemunhar. Só assim poderão dar real testemunho de vida e de palavra, como imitadores de Cristo na sua vida quotidiana. Os casais das equipes terão de -16-


ser ávidos de Deus para que os seus lares possam irradiar, em espírito, na Igreja, a santidade e o amor, emanados da verdade da sua vida. Sem trair Deus, a palavra, em conformidade com a ação, transmitirá aos filhos o exemplo, que será semente . O testemunho da palavra para o Movimento não é tanto uma oralidade, mas sim uma evidência que vem da união dos casais que falam de Deus em Cristo. E desta reunião todos partiram levando dentro de si o espírito daquelas palavras de Cardonnel que queremos recordar: "Mas não procureis, um e outro, bastar-vos juntos. Sede abertos às encarnações do vosso amor que são os vossos filhos. E, mais ainda, famílias, estejais onde estiverdes, não vivais debruçadas sobre vós próprias, mas trabalhai na formação de toda a comunidade dos homens". E nestas condições jamais os casais e, por eles, as pessoas, viverão cada um de per si até ao desprezo dos outros, mas, pelo fermento de Jesus Cristo, que está em cada um de nós, viverão para os outros, até ao próprio sofrimento. (da Carta Mensal Portuguesa)

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VIDA DE EQUIPE

O DEVER DE SENTAR-SE

De todos os meios de aperfeiçoamento aquele que tem sido mais difícil de realizar para nós tem sido o dever de sentar-se. E olhe, que nós conversamos bastante. Falamos sobre tudo e sobre todos . Conversamos muito. Mas é que conversar nem sempre á dialogar. Ou melhor: - conversar quase nunca é dialogar. No corre-corre do dia a dia, os poucos minutos que temos para conversar a gente reserva para os assuntos mais agradáveis ou mais importantes. Para os mais urgentes . E isso é natural. As pequenas coisas, cuja importância só surge a longo prazo, os desapontos e entusiasmos mais íntimos, aqueles que estão lá no fundo de nós mesmos e que precisariam de uma longa conversa para serem explicados . . . tudo isso fica lá no sub-consciente, reservado para "outra oportunidade" - que surge muHo r aramente ou nunca. E todas essas coisas, boas ou más, que a gente não discute com o outro, vão se avolumando em nosso interior e se transformando em uma muralha que separa o casal . As coisas b oas (ideais, sonhos, alegrias) , quando não são partilhadas, fazem, de cada um, um estranho para o outro. As coisas más (ressentimento, desconfiança, dúvidas), se não partilhadas, transformam-se em hostilidade . E a vida continua . E a gente cai naquela chamada "rotina do amor conjugal", que é o mesmo que falta de entusiasmo, falta de elan . Aí fica ainda mais difícil a gente se dispor a fazer o dever de sentar-se. Quando, auxiliados pelos companheiros de equipe, a gente faz o esforço necessário e vence os obstáculos, surgem logo os benefícios: 1.0 Muitos pontos de antagonismo deixam de existir, dando lugar ao entendimento e à compreensão. 2.° Certas situações que causavam temor ou alarme passam a parecer perfeitamente normais e solúveis, trazendo a tranquilidade . 3.0 Deveres familiares, profissionais e sociais começam a ser cumpridos com mais eficiência, pois o outro ou a outra nos alerta contra as falhas e nos estimula a melhorar, apontando caminhos.

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Viver o matrimônio sem dialogar é praticar uma farsa: é colocar dualidade onde deve haver unidade. Como ser um com o outro, sem saber o que ele pensa, o que ele sente, o que planeja, porque sofre ou porque se alegra? Nunca o casal poderá ser um na união carnal, se não realizar antes a união espiritual: são duas vidas que se devem unificar para que dois corpos possam realmente se completar na união conjugal que Deus planejou para nós. Mas, não podemos nos esquecer que o Dever de Sentar-se exige três presenças: marido, mulher e Deus. Sem Deus não há dever de sentar-se. Pode haver muita coisa: diálogo, entendimento, briga, alteração, tudo menos Dever de Sentar-se. A consciência da presença de Deus entre nós nos é dada pela Oração inicial, que deve ser simples e espontânea. Aí a gente já começa a desarmar-se diante do outro: a gente perde a disposição de agredir e ganha a de ouvir e entender. Daí para a frente cada um começa a procurar aceitar o outro como ele é e como Deus o aceita, em vez de desejar que ele seja o que nós queremos ... A primeira vantagem da presença de Deus é essa: desarmar-nos diante do outro, colocar-nos na disposição de aceitar a verdade do outro para compreendê-lo melhor e amá-lo sem prevenções. Mas essa ainda é uma vantagem humana. Além dessa, existe outra ainda mais importante, que é sobrenatural: aceitando e nos conscientizando da presença de Deus, recebendo-O no interior de nossa intimidade, com Ele recebemos as graças de que necessitamos para vencer as dificuldades, para corrigir os defeitos, para aperfeiçoar os dons, para sentir aquela alegria espiritual que é tão importante na vida familiar (o bom humor), enfim, para aprimorar nosso amor conjugal e realizar a vocação matrimonial a que fomos chamados. Talvez por ser ele tão difícil, talvez por aparecerem sempre tantos obstáculos e por exigir da gente tanta humildade e coragem, é que o Dever de Sentar-se produz tão excelentes resultados humanos e sobrenaturais. Para nós ele não é um privilégio: é um dever mesmo; um dever duro de cumprir (e que às vezes nós não cumprimos ... ) . Mas nós o encaramos como um compromisso sério que não podemos adiar por motivos fúteis e do qual resultam sempre muitos benefícios para riós e para os outros. (De "0 Equipista" de Ribeirão Preto)

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EU VOS DOU GRAÇAS, SENHOR! Prece escrita pelo romancista norte-americano Louis Bromfield, por ocasião do DirJ de Ação de Graças.

ó, Senhor, eu Vos dou graças pelo privilégío e dádiva de viver num mundo cheio de beleza, emoção e variedade. Graças pelo dom de amar e ser amado, pela amizade, a compreensão e pela beleza dos animais na fazenda, na floresta e nos J:ântanos; pelo verde das árvores, pelo som da cascata, pela beleza fugidia do peixe no riacho. Graças pelo encanto da música e das crianças, dos pensamentos e da conversação dos outros homens e dos seus livros para ler ao pé da lareira ou na cama, com a chuva caindo no telhado ou a neve esvoaçando do lado de fora da janela. Graças pelas belezas das quatro estações, das igrejas e das casas construídas por nossos semelhantes, que permanecem através dos séculos como monumentos às aspirações e ao sentimento de beleza do homem. Graças pelos poderes do espírito, que encontram no Universo uma interminável e inesgotável fonte de interêsse e fascinação, pela compreensão de tantos fatores que tornam a vida preciosa. Graças pelos sentidos que me concedestes e pelos prazeres que eles me dão. Pelo meu próprio corpo, que é um mecanismo tão admirável e tão maravilhoso, eu Vos dou graças. Graças pelo sorriso num rosto de mulher, pelo toque da mão de um amigo, pelo riso de uma criança, pelo abanar da cauda de um cão e pelo contato do seu focinho frio no meu rosto. Graças por estas coisas todas e muitas mais, e, sobretudo, agradeço-Vos pelos seres humanos com toda a sua bondade e compreensão, que compensam altamente os vícios, a inveja, a falsidade. Eu Vos dou graças, Senhor, pela própria vida, sem a qual o Universo não teria significado. -20-


TEMAS NOVOS . . . E VELHOS TEMAS

Damos a seguir a relação de alguns dos temas que, a partir de janeiro, estarão à disposição das equipes, em nosso Secretariado. Vários deles são novos, fruto do apelo feito em Roma pelo Cônego Caffarel por ocasião da Peregrinação de 1970. Fruto também do esforço de alguns equiplstas que se dlspuzeram a traduzir os originais recebidos recentemente da Equipe Responsável Internacional.

PARA VOC:t VIVER

O Evangelho não é só para ser lido, estudado, refletido. É para ser vivido. É este o pensamento que orientou o autor, Frei José Carlos Corrêa Pedroso. Conselheiro espiritual de uma de nossas equipes, este tema foi primeiramente objeto de estudos pela própria equipe e depois oferecido para grupos de casais, inclusive E.N.S. Cada tema, de duas páginas apenas, é dividido em 4 partes: Leitura inicial.- rápido comentário sobre um trecho escolhido do Evangelho; Pontos para você refletir; Pontos para você viver; Pontos para você rezar . Finalmente, leitura de trechos do Novo Testamento relacionados com o tema Estudado. ótimo para equipes que desejam se iniciar no aprofundamento do Evangelho e na sua vivência. ORAÇAO E ENCONTRO COM O SENHOR

"Desde todos os tempos, a oração foi definida como um " encontro" ou uma "conversação" com Deus . Daí o interesse em nos apoiarmos sobre nossa experiência humana do encontro e do diálogo, para melhor compreender o que é a oração . Tal é a orientação muito concreta proposta por este tema . Por sua natureza poderá ajudar aqueles que iniciam os seus passos na meditação; mas pode também levar aqueles que já fazem desde muito tempo a meditação a refletir sobre a autenticidade de seu E:: ncontro com Deus". Como se vê por esta apresentação do próprio tema, pode ele ser de grande apoio para todos nós . Tanto para aqueles que já fazem a meditação como para aqueles que ainda encontram dificuldades para o cumprimento deste recente "meio de aperfeiçoamento" . -21-


O CASAL, TESTEMUNHA DO DEUS VIVO

"Porque Deus está impaciente em recrutar testemunhas e, de modo especial, recrutar testemunhas entre os casais (Pe . Caffarel), este tema foi concebido para permitir a aquisição de uma luz mais viva sobre esta missão, para nos ajudar a preenchê-la sem demora e da melhor forma possível". É esta a apresentação deste novo tema. Antes de entrar na análise do papel privilegiado do casal nesta tarefa sagrada, os 4 primeiros temas nos falam sobre a necessidade e a natureza do testemunho em geral. Os 4 restantes abordam o testemunho que pode e deve ser dado pelo casal, e isto a partir de experiências vividas no decorrer da vida de solteiros e, depois, no da vida conjugal. O PLANO DE DEUS

Escrito também por um Conselheiro Espiritual das nossas Equipes, o Pe. Boissinot, este tema apresenta uma visão global do cristianismo e os pontos essenciais da revelação cristã. Permite assim a atualização adulta dos conhecimentos adquiridos na nossa infância ou juventude. MEDITAÇAO DO EVANGELHO

Não se trata precisamente de um tema de estudos. Substitui-se a ele durante um ano e destina-se a equipes já com vários anos de vida e que não tenham casais recentemP.nte admitidos. Para cada mês é apresentado um trecho escolhido do Evangelho, o qual é objeto de meditação pessoal pelos membros da equipe, nas semanas que precedem a reunião mensal. Em lugar da troca de idéias, cada membro da equipe expõe o essencial de suas meditações. Várias equipes já fizeram entre nós a experiência deste método e ficaram impressionadas com a atmosfera de espiritualidade das reuniões. Permite, ainda, avaliar a riqueza de conteúdo da Mensagem de Cristo .

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A ESCOLHA DO CASAL RESPONSAVEL

De uma equipe nova, numa cidade ainda nova para o Movimento - Brasília - as linhas abaixo, transcritas do Boletim local, são um testemunho de disponibilidade e otimismo. Não era possível, em poucas linhas, abordar todos os aspectos da missão do Casal Responsável. Mas, em poucas Linhas, foi possível pôr em destaque o lado bom e positivo de umà responsabilidade que é sempre fonte de enriquecimento para quem se dispõe a aceitá-la com generosidade.

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Esta não pode ser feita ao impulso do momento, sem uma certa reflexão. Ao casal eleito caberá, durante um ano, "apascentar ovelhas do Senhor". Talvez estranhem a expressão os que estão esquecidos de que as Equipes de Nossa Senhora são um Movimento de Leigos e estes também têm missões que supúnhamos inerentes somente aos Sacerdotes. E, se cada Equipe é uma pequena Igreja, ao seu líder compete antes de mais nada, orientá-la, cuidá-la, apascentá-la. Não é difícil! Podemos aproveitar as palavras de um grande chefe militar brasileiro: "É fácil comandar homer.s livres; basta mostrar-lhes o caminho do dever". Entre nós. Equipistas, é ainda mais fácil porque, além de livres, somos voluntários no serviço do Senhor e "queremos trabalhar em Equ.ipe". Talvez seja trabalhosa essa coordenação, com a necessidade de lembrar aos irmãos sobre o cumprimento de nossas obrigações e transmitir-lhes entusiasmo pelo Movimento. As obrigações de Meditação e Missa semanal não devem ser encaradas como sobrecarga, pois constituem outros meios de aperfeiçoamento espiritual e auxílios indispensáveis à eficácia de sua ação. Talvez tenhamos de perder algum tempo ao telefone, confirmando as datas e local de entrega de respostas e das reuniões, qual o prato que cada casal deverá levar. Em compensação, os Responsáveis vão ter um ano inteiro de benefícios privativos: a ida à reunião de Responsáveis em São Paulo, e o contato com os companheiros do Norte e do Sul, a participação no edificante espetáculo daquelas centenas de casais em oração, em comunhão; depois, em menor escala, nas reu-23-


moes dos responsáveis de Equipes de Setor, poderão contribuir, em nome de seus companheiros de Equipe, com a experiência de cada um para o auxílio mútuo, que é nossa mística. Mas o maior lucro, parece-nos, é o que colherá das reuniões preparatórias de sua Equipe. Nelas, o Casal Responsável poderá não só vir a conhecer mais intimamente os casais irmãos, e principalmente, se beneficiará do contato mais estreito e refletido com o Conselheiro Espiritual que, durante a orientação ao Animador, expressa com ampla liberdade a diretriz doutrinf.ria relacionada com o tema. Assim sendo, a função do Casal Responsável deve ser disputada até, e, por isso, não deve ser monopolizada. A todos se deve dar a oportunidade de tantos benefícios, e ao mesmo tempo, de cooperar em um cargo de responsabilidade do Movimento. Por isso, por que não ser eleito? Cada casal tem a obrigação de, ante& da reunião, meditar sobre tudo isso e ir pronto a aceitar o cargo, se for o escolhido pelos demais. Preparemo-nos, pois, com a oração e a reflexão .

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NOTICIAS

DOS

SETORES

lde "0 EQUIPISTA" da Guanabara)

As E.N.S. e a Pastoral Familiar

. O Plan? de Pastoral de Conjunto organizado pelo governo diocesano situa os Movimentos Familiares em dois níveis: como objeto e como agentes da pastoral familiar. Sob o primeiro aspecto, prevê estímulos à expansão do próprio Movimento. Sob o segundo, seu engajamento nas atividades vicariais e paroquiais no campo familiar. Observa-se, de um lado, o zelo e o amor do nosso Pastor por suas ovelhas; de outro, seu empenho em que todos os diocesanos correspondam com fidelidade ao chamado do Senhor. De fato, somos todos chamados ao serviço do Povo de Deus, do qual somos todos membros. Ensina o Concílio Vaticano li: "Os Pastores da Igreja, seguindo o exemplo do Senhor, sirvam-se mutuamente e aos outros fiéis. Estes, porém, ofereçam com alegria seus préstimos aos Pastores e mestres" (Lumen Gentium 32c) . Muitos casais das nossas Equipes já ofereceram seus préstimos e trabalham com alegria no serviço do Senhor: na expansão do Movimento, nos cursos de noivos, no catecumenato, etc. Mas as necessidades dos vicariatos e das paróquias são imensas, inclusive no campo da Pastoral Familiar. Sem maior colaboração dos leigos, à qual têm direito, os vigários episcopais e os párocos pouco poderão fazer. E se essa colaboração constitui um dever para todos os fiéis, com mais forte razão o será para nós, equipistas de Nossa Senhora. Lembremo-nos de que a existência de qualquer movimento de cunho religioso só se justifica se inserido na Igreja. E a inserção na Igreja caracteriza-se pelo serviço. Diz ainda o Concílio: "Ele mesmo (Cristo) mune perenemente com os dons dos ministérios o Seu corpo, que é a Igreja, através dos quais, pela força derivada d'Ele, nos prestamos mutuamente os serviços para a salvação". (Lumen Gentium 7d). Nossos Pastores esperam por nós. -25-


Londrina -

Primeiro retiro:

Recebemos de Londrina entusiástica comunicação sobre o primeiro retiro realizado naquela cidade: Deus, em sua infinita bondade, nos permitiu realizar, nos dias 28 e 29 de julho, o 1.0 Retiro de Casais das Equipes de Nossa Senhora, no Seminário Diocesano de Londrina. Veio de São Paulo o Frei Luís Gonzaga da Costa, e tivemos a participação de 23 casais, sendo 8 casais equipistas e 15 casais convidados, respectivamente de Londrina, Cambé e Cornélio Procópio. Dalva e Wandique, de Curitiba, ex-casal piloto e casal de ligação das equipes de Londrina e atualmente casal da Coordenação do Interior do Paraná, juntamente com o Pe. Vendelino, de

Curitiba, o Pe. Tiago e o Pe. Pio, padres assistentes das equipes de Londrina, auxiliaram os equipistas na coordenação do retiro. Foi uma ex periência tão rica e inesquecível que é com a maior satisfação que lhes enviamos este relatório. O pleno aproveitamento dos casais presentes foi relativamente fácil de avaliar, pela natureza dos debates nos grupos de estudo, assim como pelos testemunhos no final do retiro.

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As palestras versaram sobre: Comunidade de vida e amor, Harmonia conjugal e Sexual, Pais e Filhos, Caridade, Diálogo e, novamente, Caridade. No domingo, durante o almoço, tivemos a grata presença de D. Geraldo, arcebispo de Londrina, que proferiu mensagem aos casais presentes. As 16 horas, tivemos a presença do casal Lourdes e Sílvio, da Equipe 1 de Curitiba, que veio especialmente para uma palestra apresentando as Equipes de Nossa Senhora. Logo depois tivemos a Missa e o retiro foi encerrado com um jantar festivo. E, fazendo referência especial ao nosso conferencista, Frei Luís Gonzaga, podemos afirmar que sua participação marcante foi-nos um presente de Deus. Eis a mensagem de D . Geraldo Fernandes, Arcebispo de Londrina, aos equipistas em Retiro:

Que vocês, queridos casais, saiam desse Retiro, com uma idéia profundamente gravada no vosso coração, Q; da Palavra de Deus. Será que, para um grande número de casais, a Bíblia, em vossos lares, não passa de um simples adorno ou enfeite? Caríss imos, Palavra de Deus não é enfeite. Devemos examinar a nossa consciência e fazermos da Palavra de Deus dinamite e não fogos de artifícios. A Bíblia não é adorno de salas, livro de poesia, de ciência e sim Livro da Vida. E aquilo que faz parte da vida, nós comemos, devoramos. Comendo as palavras da Bíblia, nós nos transformamos em Deus. Se há alguém que precisa aproveitar a Bíblia, é um casal das Equipes de Nossa Senhora. São Lucas diz: Nossa Senhora é o primeiro Evangelho não escrito. São os membros das Equipes de Nossa Senhora que deveriam copiar o seu modelo, e fazer da sua casa o seu Evangelho escrito nas dobras do próprio coração. O casaL deveria sentar lado a lado e ler unna página da Sagrada Bíblia todos os dias. E à medida que forem lendo, descobrirão que cada um dos dois tinha razão, cada um do seu lado. Quando fazemos uma viagem, por que esquecemos de colocar na mala um livro do Evangelho? Quamdo temos que dar um presente, por que não dar o Evangelho?

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Queira Deus, queridos casais, que a Palavra de Deus seja a seu alimento e, passando a viver a Palavra, vocês terão Deus em suas vidas. Que voltem com saudades novamente para esta casa. Uma coisa eu quero de vocês: que venha, no próximo ano, um número muito maior, mais fervoroso ainda, e que as E.N.S. colaborem para que Londrina seja mais santa e mais cristã. Descobertas e interrogações após a Sessão de Formação <Do Boletim de Caxias do Sul)

Tivemos a grata oportunidade de participar da Sessão de Formação efetuada no Colégio Cabrini, de 19 a 22 de julho próximo passado. Ao sermos convidados para dela participar, hesitamos um pouco, imaginando três longos dias de estudos ... No entanto, no decorrer dos trabalhos, passamos a desejar que todos os casais de nossa equipe estivessem conosco, para ouvir o que ouvimos, ver o que vimos e sentir o que sentimos ... Esses três dias foram para nós de descobertas: - descoberta da presença de Deus em tudo e em todos: na palestra vibrante dos explicitadores, na eficiência, alegria, dedicação da Equipe de Serviço; - descoberta do outro, nas meditações a dois e nos grupos de co-participação; - descoberta de nós mesmos e tomada de consciência da importância do nosso papel no mundo. A Hora Santa realizada no domingo foi a culminância da nossa descoberta. Um elo invisível nos unia em torno do Pai. Chorávamos e ríamos juntos, sentindo que Deus respondia às nossas preces! A espiritualidade pairava no ar. Impregnava nossas almas. E compreendemos como é possível a gente se desligar do que é material e partir para um encontro íntimo com o Pai. Ou melhor, compreendemos como é possível viver a espiritualidade através do dia a dia (material). E lamentamos ... Lamentamos o tempo perdido! Lamentamos o dia de Estudos do qual não participamos! Lamentamos o medo de assumir e de nos comprometer. Lamentamos não ter feito uso dos meios de aperfeiçoamento postos à n0ssa disposição. E assim saímos de lá com vontade de começar, ou melhor, de recomeçar a cada dia, em busca do mundo novo que vislumbramos .

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'Uma bronca que serve para muita gente ... (De um Boletim de Setor)

No Boletim anterior divulgamos que estava prestes a realizar-se mais um Curso de Noivos. Pois bem, não houve! Não bouve porque nosso apelo não foi ouvido e a colaboração solicitada não se apresentou - nem na forma de encaminhamento de -casais de noivos, nem de casais disponíveis para compor as equipes do Curso. Quando falamos em colaboração, não é apenas para ficar escrito que necessitamos de colaboração, e sim para que exista essa colaboração em termos práticos! Esperávamos que procurassem o casal responsável pelos cursos de noivos e demonstrassem sua disponibilidade em engajar-se nesse trabalho; e também que apadrinhassem um casal de noivos para participar dos cursos. Ora, todos devem ter recebido a carta do casal responsável dos cursos, que formulava um veemente apelo. Somos muitos em nosso Setor e sinceramente acreditamos que haja muitos também que possam trabalhar na continuidade desse apostolado, que em suma vem preparar o caminho da felicidade daqueles que decidem unir-se e formar família. O Senhor vos chama - não atendereis a c seu chamado? Aguardamos sua tomada de decisão. Conversão e Oração -

temas do Retiro na Guanabara

Vida de convertido é ter consciência de que fomos salvos e de que o Batismo cunhou em nós um modo especial de viver: viver segundo o Espírito de Deus que está em nós, realizando essa Fé no amor ao próximo. Concretamente, isto significa que estamos em busca de Deus - e isto sugere esforço e vontade nossa. Não é um presente gratuito, mas é preciso sentirmos necessidade dessa conversão. Com este tema da "Conversão" Frei Constantino Nogara abriu o Retiro de agosto, do qual participaram 26 casais. Na tarde do mesmo dia, Pe. Maucyr Gibbin deu continuidade ao retiro, falando sobre a "Oração", tema que predominou até o encerramento. Há uma atitude de oração, que é uma disposição interna do homem que crê em Deus. A esta atitude corresponde um comportamento que nada mais é que a manifestação externa daquela fé, daquela disposição interior. Se o comportamento (atitude externa) for sincero, ele está manifestando uma atitude

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interna. Aqui encontramos uma razão para aceitar e até prestigiar certas demonstrações exteriores de fé, que os mais radicais acham desnecessárias. Cursos bíblicos na Guanabara

Terminado o curso sobre o Antigo Testamento, a turma gostou tanto que já programou outro, desta vez sobre o Novo, com o Pe. Antonio Guilhermo. O curso é dado às quartas-feiras, às 20: 30 hs., durante quatro semanas. Parabéns aos cariocas pelo bom exemplo! Novidade em matéria de cursos de noivos

Em Campinas, a Equipe 3, responsável pelos Encontros de Noivos da Paróquia de São Benedito, programou no último Encontro uma palestra para os pais dos noivos. Contaram-lhes o que é o curso de noivos, e aproveitaram para dar um pouco de formação (o que é o sacramento do matrimônio) e alguns conselhos (de como conversar com os filhos) , baseando-se inclusive no livrinho de Frei Barruel (já recomendado na Carta Mensal): "Por que noivar". Bauru tem novo Responsável de Setor

Linda e Albino Gomes de Oliveira são o novo Casal Responsável do Setor de Bauru, substituindo Cleunice e Sydney que se mudaram para Ourinhos. O Conselheiro espiritual continua sendo o Pe. Ivo.

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Deus chamou a si

Lauro da Silva Oliveira Recebemos da sua equipe a seguinte comunicação: A equipe n. 0 17, Nossa Senhora da Santíssima Trindade, do setor D, São Paulo, comunica aos casais-irmãos do Movimento a morte de Lauro, ocorrida a 6 de setembro. Unidos em orações, revezando-nos em vigílias, acompanhamos a dor de Eglê diante do imprevisível aneurisma que vitimou nosso irmão. Lauro faleceu aos 53 anos e deixou três filhos (Júnior, casado com Marta, Mário e Maria Alice que está com 4 anos de idade). Nos muitos anos de nosso convívio de equipe, Lauro e Eglê prestaram os melhores serviços ao Movimento: auxiliares dos Encontros de Responsáveis, participantes do Curso de Formação de Pilotos, responsáveis por equipes de namoros, palestristas de cursos de noivos e, principalmente, pilotagem da primeira equipe da Paróquia Japonesa do Brasil. Com a disposição que tinha para servir - e o fazia alegremente - Lauro freqüentou, este ano, um curso de oratória, para aprimorar as palestras que dava, com Eglê, na preparação para o casamento da Paróquia de Nossa Senhora Mãe dos Pobres. A Eq. n. 0 17 coloca, aqui, a intenção comunitária de oração de ação de graças pelo que Lauro foi como testemunho cristão, e de paz para sua alma, sob o manto protetor de Maria Santíssima.

Maria Helena e Nicolau

SESSõES DE FORMAÇAO

Em Taubaté - 1, 2, 3 e 4 de novembro. No Rio de Janeiro - 15, 16, 17 e 18 de novembro.

RETIRO

Na vila D. José, em Barueri (sem filhos) 22-24 de novembro -

Pe. Irineu Trevisan.

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ORAÇÃO PARA A PRóXIMA REUNIÃO

Novembro. . . O mês tntcta-se com a celebração de Todos os Santos e a intercessão por todos os mortos. Termina com a festa da realeza de Cristo, Senhor de toda a criação, cabeça da Igreja, princípio e fim de tudo e de todos. Em novembro começa o Advento e a espera da vinda do Deus encarnado em nossos corações, prefiguração da segunda vinda, quando Ele vo.ltará, revestido de todo o poder, para arrebatar-nos com Ele na sua glória. Nossa vocação é sermos dEle neste mundo e nos reunirmos a Ele no outro, com todos os nossos irmãos, na morada luminosa que nos preparou.

TEXTO DE MEDITAÇAO -

Ef. 1, 3-14

Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos cumulou, do céu, de toda bênção espiritual, em Cristo. Pois nele nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis na sua presença, por amor, determinando de antemão que fossemos seus filhos adotivos, por Jesus Cristo; tal foi o bem-querer da sua vontade, em louvor da glória de sua graça, com a qual nos favoreceu no bem-amado. Nele temos, por seu sangue, a redenção, a remissão dos pecados, em vista das riquezas da sua graça, que derramou abundantemente sobre nós com toda sabedoria e inteligência. Manifestou-nos, com efeito, o mistério da sua vontade, o bem-querer que havia concebido com antecedência, para, quando viesse a plenitude dos tempos, restaurar todas as coisas sob uma só cabeça, Cristo, tanto no céu como na terra.

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ORAÇÃO LITúRGICA -

SI. 105

Senhor, fazei-me conhecer vossos caminhos - ensinai-me vossas veredas. Proclamai que o Senhor é bom, que seu amor é eterno! Quem dirá os grandiosos feitos do Senhor e poderá apregoar os seus louvores? Senhor, fazei-me conhecer vossos caminhos - ensinai-me vossas veredas. Felizes aqueles que observam seus preceitos e praticam a justiça em todo tempo! Lembrai-vos de mim, Senhor, lembrai-vos, por amor de vosso povo! Senhor, fazei-me conhecer vossos caminhos - ensinai-me vossas veredas. Assisti-me, ó meu Deus, com vossa salvação, veja eu a felicidade de vossos eleitos; compartilhe o júbilo de vosso povo e com vossos herdeiros me glorie. Senhor, fazei-me conhecer vossos caminhos - ensinai-me vossas veredas!

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