ENS - Carta Mensal 1971-9 - Dezembro

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1971 Dezembro

EDITORIAL - Natal de Novo . . . . . . . . . . . . . p. A ECIR Conversa com Vocês . . . . . . . . . . . . . . p. 3 "Se Queres a Paz, Trabalha pela Justiça" p. 5 O Terceiro Sínodo dos Bispos . . . . . . . . . . . . . p. 6 Entrevista com o Pe. Charbonneau . . . . . . . . p. 11 Os Círculos Familiares em Ribeirão Prelo p. 17 A Juventude Descobre o Amor . . . . . . . . . . . p. 19 Um Natal Inesperado

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 22

Notícias dos Setores

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 25

Calendário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 3! Oração para a Próxima Reunião . . . . . . . . • . . p. 32


Revisão, Publicação e Distribuição pela Secretaria das Equipes de Nossa Senhora no Brasil. Rua Dr. Renato Paes de Barros, 33 - ZP 5 04530 - SAO PAULO, SP

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Tel.: 80-4850

sàmente para distribuição interna -


EDITORIAL

NATAL DE NOVO

Já? Como passa depressa o tempo! Chavão de sempre ... E vamos deixando o tempo passar, e cada Natal que chega é igualzinho ao Natal passado, e ao outro, e ao outro. Por que será? Porque somos um "povo de dura cerviz"., como o povo judeu do tempo de Moisés. Será que estou sendo pessimista nesta consideração? Não sei. Parece-me que são tantas as graças que recebemos, no dia a dia, de Deus Pai, através dos amigos, através dos acontecimentos, através de tudo, que se correspondêssemos generosamente a tôdas elas, tornar-nos-íamos santos à fôrça. E santos não somos. E quando olhamos para o ponto de referência obrigatório, o Cristo, escondemos a face de vergonha, pela distância que dêle nos separa ainda. É o Natal que me faz pensar em tudo isso. Porque na vida do cristão, é um ponto de referência obrigatório, como o Cristo. Não é por nada que a liturgia - escola de vida cristã - coloca tal realce na celebração, relembrando um acontecimento da história. Mas já sabemos que não se trata da história passada, e já sabemos que não se trata de relembrar mas de reviver. É a História humana, em bloco, que toma nova feição, nôvo rumo, quando nela mergulha o próprio Deus, que no Seu presente eterno não tem ontem nem amanhã. É a nossa História, não outra, que para nós vai distilando as gotas do tempo, para Deus não.

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Então, se eu sei e creio que Deus está presente, como o Outro por excelência no âmago da minha própria existência, e se eu sei que o único relacionamento possível com êsse Outro é um relacionamento de amor, por que sou tão difícil em aprender essa lição e tão rebelde em amar, e tão apegado ao meu egoísmo, negação pura e simples do espírito de Natal - presença de Cristo-Deus-Amor? Por isso é que não somos ainda santos. "Paz na terra aos homens de boa vontade", cantaram os anjos. A paz que nós talvez não temos ainda, completa, envolvente, porque apesar de sermos eternamente objetos da boa vontade de Deus, não correspondemos com a nossa medida que o Amor exige. Por que celebrarmos o Natal, se não fôr para uma revivescência intensa do compromisso de Amor? Se não fôr para nos jogarmos de nôvo no braseiro divino, como ferro que vai se esfriando se ficar longe do fogo, mas que tem como "destino" tornar-se fogo sem deixar de ser ferro? O que nos estraga é querermos aplicar a Deus também, e ao Deus que se encarna, a perspectiva do tempo, e projetar lá para trás o que é bem de hoje. Repito: êsse Deus encarnado por amor, o Cristo de nossa fé, está bem presente no âmago de nossa própria existência, e não nos deixa nunca se nós não o deixarmos. De concreto o que se pode fazer? Você é quem sabe. É para você - pessoalmente - o eterno convite do Amor, a resposta sua é só você quem dá, o compromisso é seu. O que mais eu poderia dizer? Se para você o Natal não tiver mais sentido do que no ano passado, e um sentido mais profundo, o que você está fazendo? A própria presença do Cristo depende de você ... Fr. Estevão A. Nunes

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A ECIR CONVERSA COM VOCI::S

Caros amigos, Estamos em vésperas do encerramento de mais uma jornada de trabalhos. Vocês já fizeram - ou vão fazer êste mês - o "dever de sentar-se" da equipe, que outra coisa não é senão a reunião de balanço. Oxalá tenham chegado à conclusão, diante do Senhor, de que a equipe deu êste ano um passo à frente e que houve, por parte de cada um dos casais, um esfôrço de progresso na sua vivência de cristão adulto e responsável. Para um membro das E. N . S., êste esfôrço se confunde, quase, com o de fidelidade às normas do Movimento, já que as Equipes não têm outro objetivo a não ser o de ajudar os casais a serem fiéis aos compromissos do batismo. É possível também que, para muitas equipes, o resultado dêste dever de sentar-se não tenha sido tão favorável. Não esmoreçam. Mas não hesitem em procurar discernir as causas reais de um possível entorpecimento que, em regra, gera um mal-estar que somos levados a atribuir a causas várias, quando nada mais são, o mais das vêzes, do que uma recusa inconsciente de nossa parte em darmos o esfôrço continuado que de nós exige a vivência do Evangelho. Depois da reunião de dezembro, a maior parte das equipes interrompe por dois meses as suas reuniões, já que, freqüentemente, se desarticulam com a saída de vários de seus membros, em gôzo de férias. Para êstes privilegiados, recomendaríamos que não se descuidassem de ser fiéis ao cumprimento dos meios de aperfeiçoamento, alguns dos quais são bem mais fáceis de cumprir, não só pelo maior tempo disponível, como também porque, no contato com a natureza, somos fàcilmente levados a apreciar tôda a pujança da grandeza de Deus, tôda a delicadeza da Sua bondade. Por falar em "dever de sentar-se" das equipes. . . Também a equipe que tem a responsabilidade de coordenar e incentivar -3-


as atividades do Movimento no Brasil, esta ECIR que lhes dirige mensalmente uma palavrinha amiga, também ela faz periodicamente o balanço de suas atividades e pode-se dizer que as suas reumoes são principalmente para uma revisão da vida do Movimento entre nós. Ora, esta visão global do Movimento feita recentemente nos leva a observações que merecem uma atenção particular. Surtos de vitalidade em algumas áreas, esmorecimento em outras. De um modo geral poderíamos endossar as palavras pronunciadas pelo Cônego Caffarel, no seu discurso da peregrinação a Roma. Referindo-se aos casais, diz êle que se nota com certa freqüência o cansaço, o desânimo, uma certa displicência que os leva a marcar passo na sua vida de equipe. Em relação às equipes, pode-se observar, em algumas áreas, sintomas que preocupam. Ora expansão diminuída em regiões outrora pujantes; ora relutância em aceitar as diretrizes do Movimento; ora falta de vitalidade, anemia que, se descuidada, pode levar à anemia perniciosa, difícil de curar ... É isto que levou a Equipe Responsável Internacional a promover um ano de aprofundamento, de conscientização mais clara sôbre a verdadeira vocação das E. N. S., levando em conta, particularmente, as condições do mundo de hoje.

É o que a ECIR programou para 1972, como vocês tiveram oportunidade de ver na palestra do mês passado, quando falamos na "orientação do ano". Deverá ser um ano de renovação, de consolidação, de rejuvenescimento das equipes.

Mais de 20 anos de funcionamento entre nós podem ter levado insensivelmente as equipes a distorções, responsáveis talvez pela anemia, pelo mal-estar a que nos referíamos acima. Como acontece com os cursos d'água que, límpidos no seu nascedouro, vão carreando detritos que lhes turvam a transparência, obrigando a um tratamento quando se lhes quer restituir a pureza inicial, assim também vamos proceder a um tratamento das nossas equipes, para restituir-lhes a autenticidade original. Boas férias para todos vocês. E seja o Natal um nôvo advento do Cristo em suas almas. A EC I R

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A IGREJA PRESENTE

"SE QUERES A PAZ, TRABALHA PELA JUSTIÇA"

"Se queres a paz, trabalha pela justiça. Esta fórmula incisiva, que traduz a palavra de Isaías, 'e a paz será obra da justiça' (32, 17), coloca-se com coragem em contraposição ao outro axioma, aceito muito fàcilmente: 'se queres a paz, prepara a guerra'." É êste, no entanto, o tema proposto pelo Santo Padre à reflexão dos homens por ocasião da celebração do próximo Dia Mundia.l da Paz, a 1. 0 de janeiro de 1972, e foi também um dos temas principais do recém-realizado Sínodo Episcopal. O texto abaixo, extraído do "Osservatore Romano", pode ser para nós objeto de meditação individual, a dois ou em equipe, sôbre se temos procurado a paz em nosso lar, em nossa equipe, em nosso local de trabalho, praticando a justiça em tôdas as circunstâncias, em tôdas as nossas atitudes.

Por que êste tema?

- Porque é atual e fundamental. Parte de uma realidade certa e vivida: a realidade das injustiças sem número, sôbre tôda a terra. Depois, vai ao encontro da expectativa dos nossos contemporâneos, nos quais a descoberta dêste mal e dêste pecado do mundo provoca indignação e sêde de fazer alguma coisa, ou mesmo de lutar.

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- Porque se insere na linha reta dos ensinamentos e das intervenções do mesmo Santo Padre Paulo VI, a interpretar a sensibilidade da Igreja: desde a Populorum Progressio, passando pelas declarações e ações, até a recente Carta Apostólica Octogésima Adveniens. - Porque êste tema coincide, em boa parte, com o do Sínodo dos Bispos: "A Justiça no Mundo". Assi.m, por um lado o Dia Mundial da Paz irá beneficiar das deliberações do mesmo Sínodo, por uma contribuição de idéias e de proposições autorizadas, sem esquecer o acréscimo de atenção a êste problema, que o tema suscitará no Povo de Deus; por outro lado, a celebração programada para o dia 1.0 de janeiro de 1972 garantirá aos trabalhos da Assembléia Episcopal uma continuidade concreta, no tempo e no espaço, ao nível das comunidades que ela irá alertar, em todos os continentes. De que se trata? Para demonstrar até que ponto a paz e a justiça estão ligadas, a Sagrada Escritura diz-nos que "a justiça e a paz se mantêm abraçadas" (SI., 85, 11) . Elas caminham, de fato, a par, de duas maneiras: Não há paz sem justiça

A paz é alguma coisa muito diversa da simples ordem estabelecida, ou da "ordem custe o que custar". Uma ordem aparente, sem agitação civil ou internacional, pode encobrir ou legalizar uma desordem real. Muitas vêzes, "não podendo fazer com que aquilo que é justo seja forte, faz-se com que aquilo que é forte seja justo" (Pascal, Pensées V, 298). Nos nossos dias, enumeram-se e contestam-se, vigorosamente, sobretudo entre os jovens, tôdas as formas de opressão, e concebe-se a paz como a passagem da alienação para a libertação. Isso correlaciona-se com a iconografia - ao menos ocidental que atribui à Justiça, tradicionalmente, três emblemas: A venda sôbre os olhos, para mostrar que ela não deve "fazer acepção de pessoas", mas permanecer incorruptível e recusar-se "a tôdas as discriminações". Baseia-se nisto a campanha do ano corrente, subordinada ao tema: "Todos os homens são meus irmãos". A balança designa a repartição equitativa dos bens entre os homens e entre os povos. E, isso, não simplesmente quanto a haveres, isto é, às riquezas econômicas, mas também aos podêres, às responsabilidades e às oportunidades de que se dispõe - numa

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palavra, àquilo que faz desenvolver o ser. Transposto para o plano dos grupos e das nações, êste conceito torna-se direito de viver e de participar, efetivamente, na marcha da sociedade, nacional e internacional, com respeito pelas legítimas autonomias e pelas necessárias solidariedades. Esta é uma das idéias mais salientes da Carta Apostólica Octogésima Adveniens, que pretende tutelar a dupla aspiração contemporânea à igualdade e à participação, "dois aspectos da dignidade do homem e da sua liberdade" (n. 22). A espada, por fim, recorda-nos que a justiça é um combate: que ela não se alcança sem luta; que é um risco. Não basta, de fato, declará-la; mas é preciso fazê-la reinar, pô-la no poder, como uma vontade constante de respeitar a dignidade e os valôres dos indivíduos e dos povos. Não há justiça sem paz

A justiça não é tudo e a luta por ela não proporciona todos os direitos, nem todos os bens; em particular, o bem da paz, que é a base da "concórdia", compreendida como acôrdo dos corações. Existe um modo de perseguir os próprios direitos até o fim ou então de reivindicar os dos outros - que acaba por os destruir, ou por tornar a Sociedade injusta, de tal maneira que não se pode viver nela, restabelecendo, de nôvo, outra lei da selva: "Summum ius, summa iniuria". O bom entendimento, tanto entre as nações como entre os indivíduos, baseia-se em diálogos, em negociações, em conciliações ou reconciliações; tudo isto, porém, desde que cada uma das partes, postas frente a frente, renuncie voluntàriamente a algumas vantagens próprias, ou mesmo a alguns dos seus direitos, em vista de um bem mais elevado - o bem da paz. Ainda com maior razão quando se tratar de cristãos: "Se a vossa virtude não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos Céus" (Mt., 5, 20). Nenhuma das fórmulas que, habitualmente, se põem em confronto para definir a justiça - como "a cada um segundo os seus méritos", "a cada um segundo as suas necessidades" - é muito clara, ou suficientemente cristã. tste "a cada um", a priori, é suspeito. É preferível encaminhar-se para uma noção mais comunitária da justiça, em que se parta do "nós" ou do "todos", em vez de partir do "eu". Nesta perspectiva, muitas das reivindicações, aparentemente puras, manifestam, na realidade, um desejo, consciente ou não, de represália social, nacional ou ideológica, de tipo passional, ou então uma transferência indevida das suas próprias frustrações para os outros.

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Se queres a paz, sê justo ...

A luta pela justiça exige, portanto, em primeiro lugar, uma vitória sôbre si próprio. Antes de pregar a justiça, importa pô-la em prática. A contestação da sociedade passa pela "autocontestação" de cada um. O tema do próximo Dia Mundial da Paz revaloriza, por isso mesmo, a noção, demasiado esquecida, de sacrifício, que se encontra no centro do pensamento cristão (Cfr. a "Sabedoria que vem do alto", na Epístola de S. Tiago, 3, 15-18 e 4, 1-3) e se funda sôbre a caridade: a Justiça - assim como a Paz - é o fruto do amor. Isto não impede que, por outro lado, cada cristão, cada homem de boa vontade venha a encontrar-se dividido, de fato, entre os deveres de solidariedade que o ligam aos grupos em que vive trabalho, meio ambiente, partido, pátria, fé, ideologia - e os deveres de uma solidariedade mais ampla a que, ao mesmo tempo, é chamado! Por outras palavras: é difícil, muitas vêzes, neste mundo imperfeito, fazer coabitar a justiça e a paz, sendo apenas à custa de um esfôrço permanente e generoso que se consegue fazê-las "abraçar-se". Em resumo: de que se trata? - De dar à paz um conteúdo de justiça e de dar à justiça um conteúdo de paz. De outro modo, no primeiro caso, será uma falsa paz, e, no segundo, uma falsa justiça.

O TERCEIRO SÍNODO DOS BISPOS

Dia 30 de setembro p.p. o Papa Paulo VI, durante a Santa Missa concelebrada, abria o Terceiro Sínodo dos Bispos, marcando as suas diretrizes com as seguintes palavras: "Serão examinadas inúmeras questões importantíssimas - sôbre o sacerdócio ministerial e sôbre a justiça que deve ser promovida no mundo nesta nova forma sinodal, cujo espírito e regulamento derivam do recente Concílio, de modo a podermos dizer que tôda a Igreja Católica está aqui representada, canônica e espiritualmente presente". Para examinar êsses problemas estiveram reunidos em Roma os bispos escolhidos em tôdas as regiões do orbe, alguns por designação direta do Papa (25 apenas), os outros eleitos pelas Con-

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ferências Episcopais (eram ao todo 210). Foram 37 sessões em 38 dias de trabalho. O Sínodo é órgão consultivo apenas, pois a última palavra pertence sempre ao Papa. Mas não custa entendermos a sua capital importância, pois em se tratando de Pastôres do mundo inteiro, em contato vivencial com a realidade vivida por tôdas as gentes, êsse Conselho está capacitado para trazer ao Chefe da Igreja opiniões e modos de entender das mais variadas categorias de fiéis. É, além disso, demonstração tangível de que "todos os bispos em comunhão hierárquica participam na solicitude pela Igreja universal". As conclusões tiradas pelos nossos órgãos de imprensa caíram em cheio no êrro previsto por Jean Guitton quando escreveu: "Já prevejo um mal-entendido entre o Sínodo e a opinião pública mundial. Como o Concílio, o Sínodo não trabalhará para agradar a opinião pública, mas para prosseguir a obra espiritual, para ajudar a humanidade a viver em fé e amor, para continuar evangelizando. A opinião pública gostaria que viessem à luz divergências entre os Padres do Sínodo, as lutas de tendências, a vitória de uma maioria. Porém, ao contrário de um parlamento, que é poucas vêzes unânime nas causas profundas dos problemas, o que une os participantes do Sínodo na fé é muito mais importante do que o que os separa sôbre as modalidades de sua aplicação". Por que será que devem os nossos jornais ser tão tendenciosos em seus juízos? No dia 6 de novembro o Papa encerrava o importante conclave; as suas conclusões, nós as fazemos nossas: "Com razão haveis examinado cuidadosamente a parte que corresponde aos presbít;ros na missão apostólica do colégio episcopal, assim como a genuma natureza do sacerdócio ministerial, quando haveis feito um estudo peculiar sôbre a pregação do Evangelho, em virtude da qual o sacerdote anuncia Cristo Salvador do mundo aos homens de nosso tempo. De vossas discussões segue-se que os bispos de todo o mundo católico desejam conservar integralmente o dom absoluto pelo qual o sacerdote se consagra a Deus. Neste dom, o celibato sagrado - dentro da Igreja latina - tem uma parte de não pouca importância". Quanto ao problema da justiça no mundo, disse o Papa: " . .. haveis dado testemunho de que a Igreja, em meio das dificílimas circunstâncias de nosso tempo, é consciente de que se deve entregar com renovado esfôrço para que se instaure mais perfeitamente justiça entre os homens, seja dando o exemplo por si mesma, seja dedicando preferência aos pobres e aos opri-

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midos, seja formando a consc1encia dos homens para trabalhar pela justiça social, seja finalmente recolhendo e fomentando todo gênero de iniciativas para auxiliar os miseráveis, tudo o que será certamente como um admirável testemunho de sua caridade no mundo e estimulará outros a percorrer o mesmo caminho". Quanto aos textos completos das conclusões do Sínodo, temos de esperar ainda, pois só serão entregues ao público depois de aprovados pelo Papa, que tem, como dissemos, a última palavra. Inclusive sôbre o assunto que mais discussões suscitou - a ordenação sacerdotal de homens casados - vamos deixar de emitir algum juízo, pois o conhecimento que temos não é oficial. Parece que o Sínodo não aprovou tal solução por agora, deixando porém portas abertas para que o Papa pessoalmente possa em futuro decidir de outra maneira .

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ESPIRITUALIDADE CONJUGAL

ENTREVISTA COM O PE. CHARBONNEAU

A Carta Mensal de novembro publicou trechos do livro mais recente do Pe. P.-E. Charbonneau, "CURSO DE PREPARAÇÃO AO CASAMENTO" (Editôra HERDER, setembro 1971). (1) Por tratar-se de um livro que aborda, em extensão e profundidade, assuntos constantes da preparação para o casamento - p'l'eparação essa que sempre constituiu a principal ação apostólica dos casais das Equipes de Nossa Senhora - a Carta Mensal tomou a iniciativa de entrevistar o seu autor, sobejamente conhecido e admirado por todos os equipistas. O sr. tem escrito vanos livros sôbre a vida conjugal e a vida familiar. Quando pela primeira vez o sr. sentiu necessidade ou teve a inspiração de abordar tais assuntos?

C.M. -

Pe. Charbonneau -

É coisa bastante simples: eu estava no Ca-

nadá cuidando dos cursos de preparação para o casamento, organizados já naquela época, isto em 1951, em grande escala. Como tínhamos ajudado a miciar o movimento, fiquei muito empenhado nisso e comecei a dirigir retiros (1}

Instrumento valiosíssimo nas mãos dos que se dedicam à preparação para o casamento, e para noivos o melhor dos presentes, "Curso de Preparação ao Casamento" pode ser encomendado na Secretaria, com desconto realmente compensador.

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de casais para equipes que se tinham formado, nos moldes das ENS, embora sem pertencerem ao movimento. Durante dez anos fiquei nesse setor: foi quando uma editôra da nossa Ordem me pediu para preparar uma série de folhetos sôbre essa experiência. Só cheguei a publicar um, dos doze que deviam ser publicados, porque viajei para o Brasil. Chegando aqui, não tinha o que fazer, já que não falava o português. Comecei pois a escrever "O Sentido Cristão do Casamento"; os outros livros surgiram em conseqüência dêste. Para muitos, o seu livro mais recente não é um curso de preparação para o casamento, mas sim um tratado de vivência conjugal. O sr. concorda com essa opinião? C.M. -

Plenamente. Aliás, êsse título se justifica unicamente porque o livro se destina a ajudar os casais que dão os cursos e também os noivos que acompanham êsses cursos. Mas eu não quis que êsse livro fôsse feito Pe. Charbonneau -

a partir de "a prioris" conceituais e de dados meramente abstratos. Eu fiz questão de colocar nêle tudo aquilo que a experiência de 20 anos de ministério acompanhando casais pôde me dar, de tal forma que há nêle todo um fundo de experiência. Certamente não é um livro de princípios abstratos, pois eu tentei ilustrar os princípios, ou melhor, fazê-los brotar a partir da realidade tal qual ela é vivida efetivamente pelos casais. -12-


C.M. -

O sr. também acha, como disse Me Luhan, que a família possivelmente está entrando na sua idade de ouro?

Acredito que sim; acredito muito nisso. Esta formulação de Me Luhan corresponde a uma velha intuição minha que vem se desenvolvendo cada vez com mais segurança. Acho que a dinâmica da família só tende a se enriquecer, apesar das aparências. Não é pelo número de desquites ou pelo número de separações, não é pelo número de países que vão admitir ou que já admitiram o divórcio, que se deve julgar. Penso que tudo o que está acontecendo no mundo atualmente tende a uma redescoberta e uma reformulação da família numa base que é a única na qual ela encontra a sua razão de ser: a vivência verdadeira do amor. Há uma quebra da estrutura jurídica que nos apavora um pouco, mas na medida em que a família vai deixando de repousar exclusivamente sôbre quadros jurídicos ela passa a se apoiar numa verdadeira comunidade de amor, o que só pode fortalecê-la cada vez mais. Pe. Charbonneau -

C.M. -

Como o sr. vê a família brasileira?

Pe. Charbonneau -

Aquilo que eu disse acima se percebe muito bem na família brasileira e é isso que deixa tanta gente apavorada entre nós. A família brasileira era até agora uma família típica de civilização patriarcal, na qual a mulher se casava cedo, com um homem mais velho do que ela, sem ter conhecido muitos outros jovens. Algumas vêzes a diferença situava-se entre 17, 18 e trinta anos e o marido então, depois de ter "pintado e bordado", decidia-se a entrar nos eixos! A hora chegara em que êle precisava constituir família: isto fazia parte do padrão sociológico, e a expressão que é comum ainda hoje entre muitos homens é a afirmação sintomática de que "eu criei minha mulher". A sua intenção realmente era "criar a sua mulher", que era geralmente uma môça sem muita cultura mas que tinha recebido uma boa educação, isto é, estava preparada para um certo tipo de vida feminina, que era a de "Amélia". Então ela, sem curso superior, nem colegial, parava de estudar depois do ginásio para fazer os "cursos de esperar marido" - e daí então constituía-se uma família. Essa família tinha que se enquadrar dentro de regras sociais que eram muito, muito rígidas. Não se falava em desquite - desquite era um escândalo - não se falava em vivência íntima, interior, de verdade, do casal (não digo que isto não existisse, mas raramente). Havia a prepotência masculina e a subserviência feminina; o diálogo pràticamente não existia, pois o homem mandava e a mulher obedecia. Aí

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começavam a vir os filhos, não escolhidos mas porque não havia outro jeito, e então as famílias eram numerosas, não por opção pessoal mas por mera circunstância exterior. Os filhos se enquadravam dentro daquilo que eu acabei de lembrar. Eram criados exclusivamente pela mãe, porque o pai não participava, e numa relação de autoridade e de obediência que era muito rígida. Quanto à formação religiosa, essa era mais exterior do que interior e se limitava muitas vêzes a certa prática religiosa sem adesão verdadeira. Então repetia-se tudo de nôvo, a menina chegava aos 17 anos, os moços aos 30 e ... C.M. -

O sr. acha que êste tipo de família ainda existe hoje?

Estou falando do passado, mas ainda há vestígios disso no Interior, embora cada vez menos. Essas estruturas foram modificadas pelas circunstâncias de urbanização e não acho que seria conveniente voltar a elas. O presente, - isto todos nós sentimos muito bem e vocês mais ainda com os seus filhos - eu chamaria de despatriarcalização. O patriarca não existe mais, e sim o homem que é companheiro da mulher e ela companheira do marido e filhos que são companheiros de um e de outro. Se isto não existir, isto é, se não houver na família esta intimidade verdadeira, êsse respeito mútuo e essa comunicação entre seus membros, ela "estoura", pois é incapaz de se manter sólida se não se cria esta rêde de intercomunicação em têrmos de respeito mútuo, de troca mútua, de admiração mútua, e acima de tudo, em têrmos de amor e de diálogo. A gente quase fica com mêdo de usar a palavra diálogo, de tão batida que está, mas eu acho que ela está assim justamente por ser uma coisa que não existia e da qual se sente atualmente uma grande necessidade. Então a família ao presente é uma família em busca da sua identidade - foi perdida a identidade da família patriarcal, ainda não se encontrou a da família do futuro, e busca-se no presente a própria identidade, algumas vêzes a trancos e barrancos, com todos os conflitos que a gente sabe que existem entre marido e mulher e filhos e pais, mas que são conflitos que paulatinamente vão se resolvendo cada vez melhor, e isto vai nos permitir caminhar para a família do futuro. Pe. Charbonneau -

C.M. -

Como será, a seu ver, essa família do futuro?

A família do futuro eu acho que, como Ja disse, se manterá não por vínculos exteriores, nem por imposições sociológicas, nem tampouco por imperativos jurídicos, mas pela própria fôrça, isto é, pela vontade de convivência e de amor que haverá entre os seus membros. Eu Pe. Charbonneau -

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estou muito curioso para ver as gerações jovens caminharem em têrmos de vida conjugal. O que já observei vem confirmar aquilo que estou esperando para a família do futuro. Os jovens noivos se casam de uma forma totalmente diferente da de seus pais; êles se preocupam, antes de entrarem no casamento, por exemplo, com a arte de dialogar; êles equacionam sua vida em comum, êles planejam (e isso é a melhor forma, é o ideal) a sua família, não sàmente em têrmos de número de filhos, mas de vivência conjugal; êles equacionam os problemas que antigamente iam sendo vividos na medida em que surgiam, e antecipam isto numa preocupação comum de acertar. Agora, surge uma grande diferença, é que se não acertam, êles "se mandam", enquanto que antes, quando o casal não acertava, continuava junto. Isso criava situações muito curiosas que eram bàsicamente falsas. Hoje os jovens sabem que podem "se mandar" eu digo "podem" não do ponto de vista moral: poder, não podem, mas o fato é que êles "se mandam". . . Ao perceberem esta possibilidade é claro que os dois se empenham muito mais em definir as condições de sua sobrevivência de casal e isto desde o início. Penso que êles de saída partem para um tipo de vida comum que é comum de verdade, não meramente exterior ou somática, mas que é comum interiormente. Neste sentido é que eu acho que a família vai se reencontrar, e vejo nela uma família que vai permanecer unida numa comunidade de amor por vontade própria de todos os membros que a constituem. C.M. - O sr., que tão bem conhece o movimento das Equipes de Nossa Senhora e que por êste também é conhecido e admirado, que mensagem gostaria de enviar aos casais equipistas? Eu não sei bem que conselho daria às Equipes, que são constituídas de pessoas que já receberam tantos conselhos de todo o mundo, mas, já que vocês me pediram, o que poderia dizer é o seguinte: Há nas Equipes uma velha guarda que pertence ao movimento há mais de 10 anos; vejo que existe o perigo da Equipe se tornar uma rotina, pois a reunião é um momento de convivência fraterna muito agradável. Então começa a se insinuar um certo tipo de acomodação que acaba matando o espírito da equipe e tirando tôda a sua fecundidade. O conselho que eu daria frente a isto seria o de uma exigência muito grande em têrmos de renovação interior. Eu acho que é necessário todos nós nos recriarmos constantemente sem nos satisfazermos com as linhas que já foram definidas. A nossa vida espiritual, a nossa vida de membro da comunidade só é verdadeiramente vida Pe. Charbonneau -

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se ela fôr um renascer constante. Isso me parece o que há de mais fundamental. As Equipes têm condições para isto apesar de ser uma tarefa extremamente exigente. A medida em que se avança na vida, essa recriação da qual estou falando, essa renovação interior, esta capacidade de redescobrir verdades eternas exige muito da gente, pois tudo deve ser feito numa dimensão que corresponda àquilo que por exemplo seus filhos estão esperando de vocês. Não se acomodar na espiritualidade adquirida, mas renascer no esfôrço de avanço espiritual constante. Em segundo lugar eu falaria precisamente dos filhos - a recriação da qual acabo de falar me parece vinculada de muito perto à situação pais e filhos. Vocês, cujos filhos são quase adultos, estão numa situação na qual têm que dar a seus filhos a fé que vocês têm em si próprios, a fé no amor humano, e a fé no amor divino, pois esta comunicação de uma fé tríplice é fundamental. E aí vem a necessidade da descoberta de que vocês são os mestres espirituais de seus filhos - eu estou certo de que todo mundo percebe isto - mas esta situação de mestre está longe de ser cômoda, pois exige a renovação dos valôres eternos em todos os sentidos e sobretudo a apresentação dêsses valôres ~~través da sua vivência e da sua palavra, tudo feito de tal forma que penetre no mais íntimo de seus filhos. Por último, o conselho que daria a vocês é de nunca cair num narcisismo espiritual. ~ste é um perigo que cerca tôdas as formas de vivência em equipe, não somente das Equipes de Nossa Senhora, mas de tôdas que já conheci, precisamente porque a gente se fecha num tipo de cenáculo e encontra aí tôda uma casca de segurança. Parece-me que hoje em dia, num mundo como o nosso, que tanto espera e tão pouco tem, num mundo que precisa de tanta gente enriquecida para se enriquecer, a sua missão de missionários é absolutamente fundamental e seria falhar de uma maneira escandalosa à graça de Deus não dar mais do muito que vocês recebem. É necessário vocês receberem tudo o que podem receber e é necessário vocês darem um pouquinho mais daquilo que vocês receberam .

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APOSTOLADO

OS CÍRCULOS FAMILIARES EM RIBEIRÃO PRETO

Do Setor de Ribeirão Prêto recebem os o testemunho abaixo sôbre os Círculos Familiares, apostolado no qual se vêm empenhando os equipistas daquela cidade.

Porque acreditamos na família como um valor, dirigimos nosso trabalho apostólico ao conhecimento, à preservação e ao fortalecimento da família. Assim, queremos dar uma apresentação dos Círculos Familiares de Ribeirão Prêto. São um trabalho das Equipes de Nossa Senhora, a serviço da comunidade familiar da cidade, desde que os equipistas se convenceram da necessidade de exercer uma ação de extravasamento, ação esta sistemática e organizada. Ela pretende ser a divulgação dos princípios cristãos na orientação da vida familiar; pretende testemunhar aos casais interessados o sentido cristão da existência, o respeito pelo sacramento do matrimônio, a sua vivência e a necessidade de os cônjuges se unirem, para uma "vida a dois". ~ste é o terceiro ano de funcionamento dos Círculos Familiares nesta cidade. Dos dez círculos inicialmente formados , através de inscrição, somente sete entraram efetivamente em funcionamento, com um total atual de cinqüenta casais, que fazem reuniões mensais, assessorados por um casal equipista. Todos se mostram entusiasmados e o que vale é que muitos têm, pela primeira vez, a oportunidade de ver e refletir sôbre varias colocações da vida conjugal. A abertura dos casais é verdadeiramente impressionante, o que mostra a confiança por êles depositada nos Círculos. ~ste ano, temos um Círculo constituído por casais jovens, dando oportunidade a uma experiência inédita para nós, como também um Círculo de casais mais idosos, vários dêles avós, com um interêsse e um entusiasmo emocionantes. As reuniões preparatórias são feitas tôdas no mesmo dia, entre os equipistas que dão os Círculos e um casal que coordena

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os preparatórios. Nestes preparatórios, fazemos a rev1sao da reunião anterior de cada círculo, com trocas de experiências e sugestões. Já são distribuídos os temas seguintes para que todos possam ir à reunião tendo pelo menos estudado o assunto. E fazemos a preparação da reunião com discussão acalorada do tema e mensagem de cada tópico, as perguntas a serem propostas e, sempre que possível, introduzimos uma técnica nova de dinâmica de grupo. A técnica pretende ser sempre renovada, e temos tido a preocupação de ir aperfeiçoando cada ano, para trazer o maior crescimento possível dos casais, dentro de um entusiasmo racional. O importante é ajudá-los a pensarem a dois e não somente a se empolgarem e a se entrosarem com o grupo. Os temas são mimeografados e entregues na reunião anterior. Temos tido oportunidade de, às vêzes, modificar alguma cousa dos temas, dependendo dos resultados das reuniões e das sugestões. Os temas propostos são os seguintes: 1 - Reunião de Informação: apresentação dos casais, proposição das linhas de trabalho para um ano, objetivos dos círculos, ouvir o que os casais esperam e dizer o que dêles nós esperamos. 2 - Amor Conjugal 34-

Psicologia Masculina e Feminina Casamento, Corpo e Alma

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Casamento Civil e Sacramento do Matrimônio Fecundidade

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Educação dos Filhos: princípios gerais e educação religiosa

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Educação Sexual e Intelectual - Estudo - Vocações Comunidade Familiar 10 - Assembléia de Encerramento - onde os próprios casais fazem uma revisão do trabalho do ano e se colocam diante de vários caminhos a seguir. ~les estão desobrigados de qualquer compromisso com o movimento. Nós lhes apontamos outros caminhos a seguir, como Escola de Pais, Movimento de jovens, trabalho de favela etc. Os casais que se sentem vocacionados para o anos tola do familiar podem ingressar nas Equipes de Nossa Senhora, mas só depois de passarem por uma informação minuciosa sôbre o movimento.

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NOSSOS FILHOS

A JUVENTUDE DESCOBRE O AMOR

Um domingo chuvoso me surpreendeu no sítio, sem ter o que fazer e, ainda pior, sem ter o que ler. A pequena biblioteca, por falta de renovação, estava lida e relida. Vagando daqui para ali encontrei no quarto das meninas um livro de orientação para a juventude, que há cêrca de dois anos, quando a mais velha fizera treze anos, lhe havíamos dado - antes por conselhos de outros do que por conhecimento próprio. Nunca o lera em conseqüência de uma espécie de prevenção contra o gênero, que no meu tempo era bastante convencional, didático e nunca enfrentava os pequenos problemas diários que afligem os adolescentes. A introdução chamou minha atenção: " ... Alguns jovens possuem pais comunicativos, com os quais têm liberdade para trocar idéias, esclarecendo assim as suas dúvidas. :l!:sses filhos não sentem acanhamento de seus pais e lhes fazem perguntas complexas sôbre o problema sexual, confiando-lhes suas preocupações. . .. Outros jovens acham que seus próprios pais não seriam as pessoas indicadas para orientá-los, por não possuírem capacidade para debater essas questões. Talvez nem conheçam tôdas as respostas para elas porque, em sua mocidade, não encontraram quem lhes desse uma educação sexual adequada. Partilhando desta "conspiração do silêncio", suas famílias adotaram a atitude do avestruz diante do perigo, evitando falar do sexo, por ser um assunto obsceno e proibido. Embora tenham acanhamento de falar francamente dêste assunto-tabu, tais pais desejariam que seus filhos recebessem a orientação necessária. Para os pais dêsse tipo e para seus filhos, êste livro será útil ... " -19-


E li o livro todo com muito interêsse. Chama-se A Juventude Descobre o Amor, é da !BRASA e seu autor é uma americana, Evelyn M. Duvall. Os assuntos são tratados com objetividade mas com uma surpreendente delicadeza de linguagem. O autor não toma partido nem fala como quem quer doutrinar. E não se limita ao problema sexual; tudo o que possa interessar aos jovens é debatido, desde "porque as pessoas começam a fumar" até "não tenho namorado nem sucesso entre amigos porque não tenho roupas boas". É um livro "prá frente" como diriam os jovens. Exemplo: ". . . Isso não significa que os rapazes e môças não devam debater as questões sexuais ou falar uns dos outros, quando estiverem juntos. . .. Não é o assunto que se discute, mas sim a maneira como é abordado, que faz a diferença entre uma CQnversa sadia e uma conversa obscena. Em geral a conversa que se refere à pessoa como ser humano, tratando-a com a grandeza que merece, poderá incluir qualquer tópico, mantendo-se ainda elevada".

Dirigido aos jovens de ambos os sexos o livro analisa longamente, com êsses jovens, as alterações emocionais que ocorrem durante a puberdade. Vejam êste trecho: " ... Quando o rapaz se desenvolve com rapidez, as pessoas da família com quem êle convive não consideram que sua maturidade ainda é muito recente e exigem dêle um comportamento de adulto. O rapaz é forçado a abandonar suas infantilidades para se impor, diante de seus familiares, como uma personalidade. Isto implica, entre outras coisas, a ruptura da dependência da infância. Os pais, mesmo os melhores, custam a compreender que seus filhos já estão crescidos e desejam ser tratados como adultos. Por outro lado, os adolescentes se comportam muitas vêzes como verdadeiras crianças. Ao compreenderem esta frustração, os jovens ficam humilhados e adotam uma atitude hostil para com os pais, E explodem com a conhecida queixa: "vocês não me compreendem . .. " No capítulo sôbre amizades encontram-se comentários como êstes: ". . . Um dos mais freqüentes pontos de discórdia entre pais e filhos adolescentes é a escolha das amizades. A tendência dos jovens é arranjar amizades as mais variadas, o que é desaprovado por seus pais. . .. Em última análise, cabe a você a escolha de suas amizades. Seus pais não podem fazer isso por você. Mas você deve procurar não fazer amizades "justamente porque" são desaprovadas por seus pais. Alguns jovens costumam proceder desta maneira apenas para demonstrar que são independentes. Porém, os jovens sensatos ponderam que aquêle gue faz uma coisa somente para "mostrar" aos outros do que é capaz quase sempre arranja complicações ...

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No fim, há conselhos e incentivos: "Enquanto viver, você terá sempre novos problemas a enfrentar e novas situações a contornar. Muitos serão fáceis porém outros talvez apresentem dificuldades, que se tornarão mais viáveis se você tiver o auxílio de uma pessoa que o aconselhe. . .. Seja ela quem fôr, não vá esperar que solucione o seu problema e "dê um jeito" por você. A sua vida particular pertence a você, sàmente você poderá aceitar os desafios dia após dia. O bom conselheiro não dá conselhos; êle ou ela vai ajudá-lo a encontrar suas próprias soluções, para os seus próprios problemas. . . . Enquanto você aprende, estará evoluindo; enquanto evolui, está aprendendo. As duas coisas andam de mãos dadas. Continue sempre a perguntar. Não se satisfaça com as respostas que obtiver. Uma boa resposta faz nascer um batalhão de perguntas mais avançadas. Quanto mais você compreender, mais será compreendido. Quanto mais transparente se tornar uma verdade para você, mais vultosas serão as incógnitas. . . Assim é a vida, sempre rasgando horizontes, numa evolução constante, com círculos cada vez mais amplos. Quando você terminar êste livro, não feche o espírito às perguntas que o levaram a abri-lo. Considere-o uma simples introdução a um elevado tema que estará presente enquanto você crescer, tornando-se cada vez mais maravilhosa com o tempo . .. ". A noite, pensando em tudo que lera, percebi que geralmente estamos atentos aos problemas de adolescência do primeiro filho, mas nos descuidamos quando chega a vez dos outros. Terei tempo para recuperar o tempo perdido? C. R. L. Nto .

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O MOVIMENTO NO MUNDO

UM NATAL INESPERADO (Transcrito da Carta Mensal portuguêsa)

Foi na ante-véspera do Natal. Tinha saído tôda a manhã para arranjar as últimas prendas. (1l:ste ano tinha prometido a mim mesma fazer mais cedo as compras para poder mais fàcilmente viver o Natal num clima calmo e alegre com o meu marido e os nossos sete filhos. Não consegui tanto como queria mas. . . paciência). De tarde estava na sala com as crianças a fazer o presépio, enfeitar a árvore, preparar as decorações para casa etc. Tinha a cabeça cheia duma enorme lista de coisas que me faltava fazer, mas procurava manter-me serena, dando atenção aos trabalhos duns e doutros, que variavam conforme as idades (entre os doze e os três anos). Tocou o telefone. Do lado de lá um S.O.S. dum casal das Equipes que estava nesse momento de partida para Coimbra, onde ia passar o Na tal com a família, e a quem tinha batido à porta um casal francês, também das Equipes, que vinha em trabalho profissional a Portugal durante uns dias, e que queria contactar com casais portuguêses e pedia ajuda para o problema da hospedagem. Fiquei perplexa. Em dois segundos fiz o ponto: cama para êles tenho. Mas não tenho nem tempo, nem disposição, nem uma casa arrumada para os receber como gostaria - à minha volta

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só via caixas e caixotes, musgo pelo chão, um escadote, bancos e tudo fora do lugar! Respondo: "Nós não podemos recebê-los, é impossível. E acho que nesta altura do Natal é um bocado forte apresentar-se um casal para contactar com outros, quando há sempre tanto que fazer. . . No entanto vou ver se sei de alguém que os possa receber e telefono já para aí". Fiz alguns telefonemas, mas uns não estavam e os que estavam não tinham possibilidades de os alojar. Fiquei desanimada e aborrecida pois era urgente uma resposta. Resolvi telefonar para o meu marido, que estava na Companhia, e pus-lhe o problema, no fundo, procurando nêle um apoio para a impossibilidade de recebermos o casal francês. - Ouve, respondeu-me com voz calma, temos de nos lembrar que custa um bocado sentir que tôdas as portas se fecham nesta quadra. No entanto vê lá, pois o trabalho acaba por recair mais sôbre ti e não podemos também tomar decisões que perturbem a paz familiar. - ... bem vês, dizia eu, e depois há o dia de Natal em que a família se reune ao almôço em casa de minha mãe e ao jantar em casa da tua. Como é que vamos aparecer lá com um casal desconhecido? - Por outro lado também não os podemos deixar sós nesse dia. . . mas que idéia êles tiveram em vir cá nesta ocasião ... - Porque não telefonamos às nossas mães a pôr o problema - continuou o meu marido - e se elas aceitarem é menos um obstáculo. Depois logo vês, talvez pudéssemos propor-lhes uma estadia muito simples e modesta, num ambiente totalmente sem cerimônias ... Falei para as nossas mães, que foram unânimes em aceitar a presença dêste casal no dia de Natal. Confesso que me senti envergonhada da idéia pouco generosa que fiz acêrca da sua hospitalidade! Tive que me render. Pedi ao Senhor que me ajudasse a ser mais disponível e a pôr no seu lugar o valor de cada coisa. Pouco depois a Marie J oseph e o Jean batiam à nossa porta. Era um casal mais ou menos da nossa idade, muito simples, alegre e bem disposto. Foram recebidos no meio das caixas, do escadote e do chão sujo de musgo!

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As crianças muito satisfeitas mostravam-lhes os seus trabalhos - o presépio iluminado, a árvore com as bolas e os sinos de papel metalizado para colar nas paredes. Ficaram encantados. Sentamo-nos um pouco a conversar. E:les tinham três filhos que coincidiam na idade com três dos nossos. Estavam tristes por ter tido de se separar dêles neste Na tal, mas era a única altura em que o trabalho do Jean lhe permitia fazer esta viagem. As barreiras caíram e já não me lembrava que a casa estava desarrumada; lembrava-me sim do que nos custaria passar o Natal sem os nossos filhos. E mais uma vez senti a poderosa ajuda que, na linha da disponibilidade, do Amor, encontrara no meu marido, encontrara afinal nesta realidade "casal". O meu marido chegou e conversamos mais um pouco. E:les queriam ajudar e ajudaram mesmo. A Marie Joseph veio comigo preparar o quarto onde iam ficar. A noite, a oração familiar foi partilhada por todos nós. E:les não perceberam as intenções postas pelas nossas crianças, mas tôdas elas agradeceram a presença daqueles amigos! A Noite de Natal chegou e o tempo pareceu desdobrar-se; tudo correu em ordem e paz. Antes de sairmos para a Missa da Meia-Noite a Marie Joseph ajudou-me a pôr a mesa para a ceia, onde se via um belíssimo bôlo que os nossos amigos quiseram oferecer para a refeição comum. O dia de Na tal decorreu com muita alegria. As nossas famílias, muito grandes, receberam com muita amizade o nosso casal que, na tradicional troca de prendas, teve lembranças regionais que todos, à última hora, tinham conseguido arranjar com generosidade e simpatia; e êles sentiram-no bem. As crianças, que eram muitas, cantaram cânticos do Natal em português e algumas canções francesas. Três dos mais velhos acompanhavam à viola. - Parece que estamos na nossa própria família - diziam entre si o Jean e a Marie J oseph. Estiveram mais dois dias em nossa casa e, depois duma rápida volta pelo Sul de Portugal, seguiram para a sua terra. Sempre amáveis e bem dispostos, apesar do pouco tempo que estiveram conosco, deixaram já um lugar em nossa casa. Não, não complicaram o nosso Natal. Antes pelo contrário. Vivêmo-lo mais como irmãos e êsse é o segrêdo da paz e da felicidade.

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NOTíCIAS DOS SETORES

UM GESTO SIGNIFICATIVO

Porque somos feitos de corpo, além da alma e do espírito, nossa natureza humana aprecia os gestos. Talvez também porque somos latinos? O fato é que gostamos quando a palavra vem acompanhada por um gesto que a traduz, a ilustra, a materializa. Na da como uma cerimônia bonita para fazer-nos penetrar no sentido profundo de coisas que a rotina já tornou banais aos nossos olhos. Assim, por exemplo, a cerimônia da transmissão de cargos dos casais responsáveis de equipe. Aludimos de passagem, ao relatarmos a instalação de novos setores no Sul, às que lá se realizaram no fim do ano passado. Hoje vamos contar-lhes a que teve lugar no Setor B de São Paulo. Programada para realizar-se no decorrer de um dia de meditação e confraternização, que uniu bastante as equipes do ·setor, a transmissão foi efetuada durante a missa, depois de expressiva homilia de Frei Marcos, que caracterizou a função do Casal responsável como pastor, guia e impulsionador de sua equipe. Na hora do ofertório, teve lugar o gesto que imprimiu um significado especial à cerimônia, ou seja, a transmissão das pastas. Chamada a equipe pelo Casal responsável do Setor, dirigiam-se juntos para o altar os responsáveis antigos e os novos. O Casal responsável antigo ia levando a pasta e, chegados ambos à frente do altar, entregava com algumas palavras ao seu sucessor, que a recebia, marido e mulher juntos, expressando o seu desejo de servir da melhor forma possível a sua equipe e o Movimento. O que é uma pasta? No fundo apenas um amontoado de cópias de relatórios e respostas do casal de ligação. . . Por outro lado, olhando com os olhos do coração, a pasta de uma equipe é a imagem daquela equipe, representa a vida da equipe, suas vitórias e suas dificuldades. Feita assim, solenemente, na missa, a transmissão de cargos, através da transmissão das pastas, reveste-se de um significado especial. Deixa bem claro que a missão do casal responsável vai muito além de alguns encargos materiais, como marcar reuniões,

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redigir relatórios etc., e mesmo espirituais, como as suas obrigações de meditação diária e assistência a uma missa semanal pela equipe. Ao receber assim diante de Deus e de seus companheiros a pasta da sua equipe das mãos do seu antecessor, o nôvo Casal responsável consente e se compromete ali, diante de Deus, de seus irmãos e de todo o Setor, em assumir por um ano inteiro a responsabilidade dêsses mesmos irmãos, a responsabilidade do progresso de cada um dêles no amor fraterno e na marcha para o Senhor. Não é pouco, e nesta hora é que êle o percebe: não é só ao Responsável do Setor, é ao próprio Deus que êle terá que prestar contas da sua missão ... Sim, o que êle está recebendo não é apenas uma pasta, é muito mais que uma pasta: simbolizado por ela, está recebendo o encargo da equipe, o encargo dos seus irmãos. Um gesto apenas, mas um gesto rico de significado.

ANO DE APROFUNDAMENTO EM SANTOS

A Equipe do Setor de Santos é credora do melhor incentivo pelo esfôrço que vem realizando desde o início de sua gestão. Entre outras atividades, vem trabalhando desde o comêço do ano para levar os equipistas a se aplicarem na sua própria renovação e aprofundamento e levar as suas equipes a serem cada vez mais autênticas. O encerramento dêsse longo trabalho realizou-se no dia 24 de outubro, com um Dia de Estudos que fôra precedido de um inquérito: através de um questionário distribuído a todos os casais, foram êles levados a um autêntico "dever de sentar-se" em relação ao seu comportamento em face dos Estatutos. Depois da Missa de abertura, celebrada por D. David Picão, Bispo Diocesano, constou a programação dêsse Dia de duas conferências pronunciadas pelo Côn. Lúcio Floro, Conselheiro espiritual do Setor, sôbre "Diretrizes de Ação para as Equipes de Santos" e "Nível de Fé indispensável ao Equipista". Uma terceira conferência, pelo Pe. Afonso Pastore, apresentou, sob o título "Novas Perspectivas de Apostolado Familiar", os Encontros de Casais com Cristo. Tôdas essas conferências foram muito apreciadas. A tarde, distribuídos em grupos de trabalho, os equipistas tiveram oportunidade de trocar idéias e conclusões sôbre um tema relacionado com a segunda palestra. No plenário de encerramento, estiveram presentes quatro membros da ECIR, que foram levar aos seus irmãos de Santos

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algumas palavras de incentivo para a continuação do esfôrço iniciado com tanto calor. O ótimo Dia de Estudos do Setor de Santos foi encerrado com uma mensagem do Casal Responsável do Setor e com a palavra autorizada de D. David Picão, que é Assistente de duas equipes. D. Picão insistiu particularmente na necessidade de os equipistas serem muito fiéis às normas do Movimento. A própria Igreja, disse êle, realizou um esfôrço de volta às fontes, com o Concílio Vaticano II. Nada de admirar, portanto, que também as Equipes de Santos procurassem realizar o seu esfôrço de renovação. Depois de insistir sôbre a indispensabilidade de os casais cristãos darem o seu testemunho pela presença atuante no munão de hoje, D. David reafirmou as palavras de Dacília e Raul, responsáveis pelo Setor: poucas equipes, se necessário, mas autênticas. Está de parabéns a Equipe 12, que organizou o Encontro, pelo seu êxito. E também a Equipe de Setor, pois Santos antecipou-se assim à "orientação do ano" programada para 1972 e vai ade. a' mesma com a vantagem de uma preparação 'eficaz - e nr espontânea - que merece todos os aplausos. EQUIPES DE NOSSA SENHORA NA ARGENTINA?

Recebemos de Florianópolis a seguinte notícia: A idéia de transpor o Rio da Prata tem sido acalentada há muito tempo pelos dirigentes brasileiros das Equipes de Nossa Senhora. Agora começa a tomar corpo um plano para levar até Buenos Aires o nosso Movimento, e cremos que, com a intensidade das orações de todos os equipistas, quem sabe poderemos ter uma pequena semente lançada naquele país irmão. Inicialmente surgiu o plano, ora em andamento, de se promover, em julho do próximo ano, uma excursão de casais equípistas a Buenos Aires e Montevidéu. Um dos nossos, entendido em transportes, aceitou uma idéia nesse sentido, e o planejamento está sendo feito, prevendo-se agora os detalhes quanto à época, roteiro, preço parcelado etc. De posse dêsses dados, começarão a ser aceitas as inscrições. Mas, parece que o Senhor tem algum interêsse no assunto. Assim é que, por ocasião de um Seminário Internacional de Administração Universitária, um dos nossos equipistas que nêle tomava parte teve a oportunidade de entrar em contato com um professor da Pontifícia Universidade Católica de Buenos Aires. E a conversa foi longa e girou naturalmente em tôrno de Equipes -27-


de Nossa Senhora e do nosso plano futuro de visitarmos Buenos Aires. O referido professor voltou para seu país com algumas cartas mensais brasileiras, tendo o nosso equipista se comprometido a escrever para a França, pedindo documentos em espanhol, ao mesmo tempo em que continuará a cultivar uma troca de correspondência com seu colega argentino. Ninguém poderá prever o que se seguirá a êsses primeiros contatos, mas uma cousa é certa, nada será obtido sem o nosso esfôrço no plano espiritual, pedindo a Deus intensamente pelo êxito dessa pequenina semente lançada além das nossas fronteiras. PRIMEIRA EXPERI~NCIA DE REUNiõES MISTAS EM PETRóPOLIS

Foram uma experiência nova para o Setor de Petrópolis, coroada, porém, do maior êxito, as "reuniões inter-equipes", realizadas nos dias 15 e 16 de outubro. O Casal responsável pelo Setor as preparou com o maior carinho, contando com a colaboração prestimosa dos casais responsáveis das diversas equipes. Assim, os casais equipistas foram distribuídos em 8 grupos, de tal maneira que não houvesse, em cada grupo, mais de um ou dois casais de uma mesma equipe. O Conselheiro espiritual do Setor escolhera o texto do Evangelho a ser meditado, o Evangelho de S. Mateus, 25, 31-46. O tema a ser estudado versou sôbre "A vocação do leigo na Igreja de hoje". Frei Almir preparou um texto especial para êsse estudo, tendo elaborado 3 perguntas para serem matéria do trabalho sôbre o tema: 1 - Por que nosso cristianismo apresenta-se muitas vêzes como uma bela teoria e algo de morto? 2 - Acham vocês que, como equipistas de Nossa Senhora, têm alguma coisa a ver com as necessidades espirituais do povo da nossa cidade? 3 - Vocês, como leigos cristãos, sentem-se realmente engajados numa ação determinada da Igreja viva? Em que? Foi assentado que todos preparariam os trabalhos por escrito, com prazo de entrega para serem apreciados nas reuniões preparatórias. Chegou finalmente o dia da reunião - melhor seria dizer "os dias" - todos os trabalhos entregues aos animadores previamente designados e ... "mãos à obra". Participamos, obviamente, de um dos grupos. Foi magnífico. Ambiente agradável, recep-

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ção admirável. Benção dos alimentos. Jantar. Apresentação de cada casal. Ruptura. O sacerdote leu o texto de S. Mateus e fêz uma cuidadosa meditação. Cada um fêz sua oração pessoal, na base do texto, sendo digno de nota que, apesar de alguns casais se terem conhecido ali pela primeira vez, não houve cerimônia ou constrangimento; todos fizeram a oração e todos colocaram suas intenções com abertura que parecia de uma equipe "velha", na qual todos os casais já fôssem íntimos. E a partilha foi um "show". Nesse momento, cada um deu sua opinião sôbre qual a "obrigação" considerada mais importante, ou qual delas fazia com mais facilidade ou profundidade. Sem dúvida êsse foi um grande momento da reunião, em que a partilha se acumulou com uma co-participação bem interessante. A seguir o animador fêz seus comentários a respeito das respostas ao tema já previamente apreciadas, na reunião preparatória, pelo animador e pelo Conselheiro espiritual. E duas perguntas foram colocadas pelo casal animador para o debate: 1 - Você acha que o fato de pertencer a uma Equipe é estar engajado numa ação da Igreja? 2 - Você acha que é necessário engajar-se numa ação para ser cristão? Os debates foram animadíssimos e proveitosíssimos. Não há dúvida que a iniciativa foi vitoriosa e levou a crédito da Equipe do Setor de Petrópolis mais êsse sucesso. TARDE DE ENCONTRO EM SANTA BÁRBARA D'OESTE

Os equipistas de Santa Bárbara d'Oeste promoveram, dia 7 de novembro, na paróquia de Nossa Senhora Aparecida, uma Tarde de Encontro dos casais pertencentes ao movimento das Equipes de Nossa Senhora - e convidados do Setor de Americana. Estiveram presentes casais de Santa Bárbara, Americana, Nova O dessa, Sumaré e Limeira. Foram pronunciadas duas palestras, uma abordando o tema ''Família e suas Responsabilidades no mundo de hoje" e a outra sôbre "O sentido dos meios de aperfeiçoamento das E.N.S.". A missa de encerramento foi celebrada por Frei J oel, de Nova Veneza, e constituiu o ponto alto do Encontro, pela cuidadosa preparação litúrgica feita pelos casais de Santa Bárbara. O Encontro serviu para demonstrar a vitalidade do Movimento no Setor da responsabilidade de Fanny e Wilson. -29-


RETIRO ESPIRITUAL DA EQUIPE 66/SP

A Equipe 66, do Setor C de São Paulo, organizou um retiro espiritual particular - só da equipe - no Colégio Santo América, nos dias 5, 6 e 7 de novembro. O fato nôvo dêsse retiro foi a experiência feita com a presença dos leigos auxiliando o pregador, que o foi o próprio assistente da Equipe, Fr. Estêvão, nas palestras programadas. A experiência - pelo testemunho do pessoal da 66 - foi coroada de pleno êxito, pois a participação dos leigos (gente da ECIR) foi uma injeção poderosa de entusiasmo pelas ENS.

DEUS CHAMOU A SI

De São José dos Campos recebemos uma notícia muito triste. A do falecimento, em desastre de automóvel, no dia 31 de outubro, de ALDO JOSÉ, da Equipe n. 0 11 daquela cidade. Tinha apenas 26 anos e deixa uma espôsa de apenas 22 anos, Cláudia. Por ela, que está esperando o segundo filho do casal, pedimos encarecidamente as orações de todos.

SESSÃO DE FORMAÇÃO DE 19 GRAU EM ITAICI - úLTIMA DO ANO

Realizou-se, de 12 a 15 de novembro p.p., em Itaici, uma Sessão de Formação de 1. 0 Grau, com a participação de 37 casais. Esta sessão planejada para a Região São Paulo-S, acabou contando com a inscrição de apenas 7 casais da Capital, sendo tôdas as demais vagas preenchidas por casais de Brusque, Juiz de Fora, Rio de Janeiro, Bauru, São Carlos, Lins, Santos, Taubaté, Aguaí, Casa Branca, Louveira, Jundiaí e Campinas. Com esta sessão encerrou-se o esfôrço de formação de Dirigentes, efetuado pela ECIR neste ano de 1971. Ao todo, foram realizadas cinco sessões dêsse tipo - duas no Sul, em Curitiba e Pôrto Alegre, e as outras em São José dos Campos, Marília e Itaici. Com a organização, pelos respectivos regionais, de dois mutirões - em Itaici e Petrópolis somam-se a 140 os casais que participaram dessas jornadas de formação intensiva.

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E:le dominará de um ao outro mar, desde o grande rio até os confins da terra. Êle livrará o pobre que o invoca, e o miserável que não tem amparo. Êle se apiedará do fraco e do indigente e salvará a vida dos necessitados. Seu nome será eternamente bendito e durará tanto quanto a luz do sol. Nêle serão abençoadas tôdas as raças da terra, bem-aventurado o proclamarão tôdas as nações. Bendito seja o Senhor Deus de Israel, que só E:le faz maravilhas. Bendito seja eternamente seu nome glorioso, e que tôda a terra se encha de sua glória. Assim seja! Assim seja!

OREMOS

Apressai-Vos, Senhor, e não tardeis; assisti-nos com a fôrça do alto; que as alegrias da vossa chegada reergam aquêles que confiam em vosso amor. Vós, que viveis ...


EQUIPES NOTRE DAME 49 Rue de la Glaciêre Paris XIII EQUIPES DE NOSSA SENHORA Rua Dr . Renato Paes de Barros, 33 - ZP 5 04530 - São Paulo, SP

Tel. : 80-4850


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