ENS - Carta Mensal 1971-5 - Julho

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EDITORIAL - Drama dos Jovens . . . . . . . . . . . p. A ECIR conversa com vocês .. .. .. .. .. .. .. .. p. 4 As Encíclicas Sociais e a recente Carla Apostólica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 6 A Difusão do Discurso de Paulo VI às Equipes de Nossa Senhora .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . p. 9 Um filho escreve ao seu pai .. .. .. .. .. .. .. .. p. 10 Entorpecentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 13 Os "Encontros de Casais com Cristo" . . . . . . . . p. 18 Notícias dos Setores: - Boletins recebidos pela Secretaria . . . . . p. 21 - Novas Equipes e Compromissos .. .. .. p. 26 - Sessões e Mutirões .. .. . .. . .. . .. .. .. .. p. 26 - Suzana e João B. Villac .. .. .. .. .. .. .. p. 28 Testemunho - Auxílio Mútuo . . . . . . . . . . . . . . p. 31 Deus chamou a Si .. .. .. . .. .. .. .. .. .. .. .. .. . p. 31 Retiros para 1971 .. .. . .. . .. . .. . .. . . .. . .. . .. p. 32 Oração para a próxima reunião . . . . . . . contra-capa


ATENÇÃO: Tôda a correspondência endereçada à Secretaria deverá, doravante, trazer o número correspondente ao nôvo CEP (Código de Endereçamento Postal), ~em o que a Emprêsa dos Correios e Telégrafos não se responsabiliza pela entrega, que poderá sofrer demora de semanas ou, mesmo, ser devolvida.

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EDITORIAL

DRAMA

DOS JOVENS

Estava eu à procura do que vos escrever para que um nôvo impulso viesse revigorar todo o Movimento, imprimindo-lhe entusiasmo, vigor, alegria, vontade de contribuir com eficiência à renovação da Igreja e zêlo por tantos casais que das Equipes esperam ajuda para encontrar a Deus e d:t!:le darem testemunho. Eis porém, que tomo conhecimento do suicídio de um jovem de dezessete anos, cujos pais são dos nossos. :t!:ste acontecimento me transtorna. É preciso rezar por êle. E pelos pais, pois nesta circunstância a angústia de um pai e de uma mãe é dilacerante. Em lugar de tratar dos problemas imediatos do Movimento, decido pois chamar a vossa atenção, através dêste editorial, para o fenômeno mundial, ainda mal identificado, da imensa e profunda perplexidade dos jovens. Perplexidade esta que se manifesta de formas as mais variadas: seja o levante de maio de 1968 na França, seja o fabuloso encontro de Woodstock nos Estados Unidos em agôsto de 1969, onde eram em número de 400.000, não revoltados, mas felizes de uma felicidade artificial e efêmera, seja êstes jovens, rapazes e môças que dão cabo da vida após tantas noites de insônia durante as quais os assalta o pensamento da morte, ora fascinante, ora horrendo. Será preciso esperar, para agir, que psicólogos e sociólogos entrem em acôrdo sôbre as causas do fenômeno? Casais das Equipes, é neste momento mesmo que vos deveis sentir interpelados. É urgente que os adultos cristãos se esforcem em compreender os jovens. Não quero dizer com isto que seja preciso esposar a priori tôdas as suas idéias, nem aplaudir tudo o que fazem. O essencial é pesquisar de que profundidade do ser brotam as suas aspirações, os seus pensamentos, as suas reações, as suas dúvidas .. . E que nos interroguemos sôbre os nossos próprios comportamentos que, com tanta frequência os revoltam. Não há dúvida que é dar provas de debilidade moral e espiritual passar o tempo em pôr em suspeição todos os valôres herdados de ontem, ou repudiar tôda e qualquer convicção. Mas, por outro lado, é dar testemunho de atrofia da inteligência e do coração recusar-se -1-


em proceder à revisão de tantos hábitos de pensar e de agir que nada mais são, em suma, do que subprodutos muito discutíveis de uma civilização ou de um meio social. É difícil, verdade seja dita, compreender os outros e, particularmente, a nova geração. Além do mais, é tão grande o receio de sentir o solo vacilar sob os pés. Mas estas construções que tanto tememos ver desmoronar, seriam elas assim vulneráveis? E, no caso afirmativo, não é prova de que carecem de fundamento sólido?

Na verdade, para compreender, é preciso um grande amor. E antes de tudo, é por demais evidente, o amor por aquêles mesmos que queremos compreender. Mas êles não serão amados se não estivermos nós mesmos ligados por laços de amor com uma espôsa, um amigo, uma verdadeira equipe. Quem não é amado não ama nem compreende. E, principalmente, é preciso saber-se amado por Deus; somente esta certeza permite que não nos alarmemos com as teorias ou os acontecimentos, por mais desconcertantes que sejam, porquanto nosso Deus é estável e também o é quem sôbre tle se apoia. Mas aí está justamente o ponto crucial: é sôbre a estabilidade do solo em que se erguem nossas moradias, nossas convicções, nossas esperanças que nós nos apoiamos? Então, a todo custo, é preciso proteger-se contra os abalos sísmicos. Ou nos apoiamos sôbre a estabilidade de Deus, "o Rochedo" de que fala a Bíblia? Neste caso, por que êste mêdo que atormenta tantos adultos, tantos cristãos, ante as ameaças internacionais, os conflitos políticos, o espectro do câncer, o fracasso possível dos próprios empreendimentos ... ? Membros das Equipes, se vos esforçais em compreender os jovens, se aproveitais a vossa reunião mensal para vos entreajudardes a compreendê-los, o ganho será considerável. Vossos filhos serão os primeiros beneficiados: evitareis as afirmações peremptórias, assumir atitudes dogmáticas, paternalistas, não atribuireis ils "boas maneiras" a mesma importância que aos grandes valôres invioláveis. E vós mesmos lucrareis grandemente com isto: estareis ao abrigo desta esclerose do pensamento, do coração, da consciência, esta doença dos adultos que vão avançando em idade: a falta de autenticidade irá sendo pouco a pouco eliminada de vosso lar. Podeis contribuir grandemente para que se crie ao redor de vós uma mentalidade de compreensão em relação à geração que V(:m subindo. Não vos faltam os meios. Aprendei a intervir junto daqueles que manejam os meios de comunicação - vossas cartas são bem mais eficazes do que imaginais. Escrevei nas publicações que podeis atingir, tornai a iniciativa de reuniões ... É urgente que tudo seja empreendido inteligentemente, energicamente, para que as relações entre as gerações não se proces-

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sem em têrmos de barricadas (materiais ou morais), de polícia (política ou religiosa), sem o que a situação irá piorar ràpidamente e o ponto de ruptura não tardará em ser atingido. Portanto, trata-se de arregaçar as mangas, de estar ao lado de todos aquêles que se empenham em construir um mundo no qual a geração nova possa respirar, viver, sem se deixar dominar pelos problemas fantásticos que os progressos vertiginosos da ciência e da técnica irão oferecer ao homem. Os adultos só são dignos de estima se trabalham para o verdadeiro bem da geração que vem subindo, e não para o confôrto da geração que aí está. É o esquecimento geral desta lei pelos políticos, pelos economistas, pelos sindicatos .. . o grande escândalo, porque é o grande pecado, o grande pecado dos adultos contra o amor dos filhos. Não é adulto aquêle que não tem a mentalidade de pai ou mãe. A alternativa é implacável: ou os filhos são sacrificados, ou os pais se sacrificam pelos seus filhos. Tudo isto requer os vossos esforços de pensamento e de ação. Guardai-vos de ceder à tentação de discussões de salão que não têm mais fim - estas discussões estéreis e esterilizantes que proliferam hoje em tôda parte, na sociedade e na Igreja - é preciso agir, agir, agir. O tempo urge. Mas será vã a nossa ação, como tantos empreendimentos ao redor de nós, se não haurirmos na Palavra de Deus a luz, e na oração as energias de Cristo. É precisamente por isso que decidimos dar um lugar maior a estas duas fontes de uma ação cristã que queira ser efidente: a leitura da Palavra de Deus, a oração. O nosso Movimento, assim livre de suas rotinas, será então jovem, inventiva, empreendedor, criador: tendo resolvido seus problemas internos, saberá ajudar efetivamente os seus membros na construção de uma sociedade nova para e com os jovens. Compreendereis agora por que iremos pedir a cada casal que, no próximo ano, se empenhe em discernir com precisão se está de acôrdo com as grandes orientações das Equipes? Os casais do Movimento saberão aceitar que o drama dos jovens os tire de suas comodidades? Não podeis fugir de vossas responsabilidades. Entretanto não vos deixeis abater por elas, mas deveis, isto sim, assumi-las com confiança. Porquanto vos está assegurada esta "fôrça do alto" que o Cristo, antes de deixar os seus discípulos, lhes prometeu. Ah! se houvesse no mundo bastante casais verdadeiramente transbordantes de amor, verdadeiramente felizes, verdadeiramente cristãos, a imagem dêste mundo, inegàvelmente, seria mudada. Henri Caffarel

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A ECIR CONVERSA COM

VOC~S

Caros amigos

Dentro de um mês deverá estar entre nós o Revmo. Cônego Henri Caffarel, fundador, como vocês sabem, das Equipes de Nossa Senhora, às quais dedicou o melhor de sua vida sacerdotal. É a terceira vez que nos visita. Da primeira, em 1957, veio ao encontro de algumas equipes que ensaiavam ainda os primeiros passos no Brasil. Veio trazer-nos o estímulo de seu entusiasmo e de sua experiência mas, principalmente, firmar em nós o verdadeiro espírito das Equipes de Nossa Senhora. A sua segunda visita deu-se em 1962. Cinco anos se tinham passado. As Equipes tinham tido aqui um surto promissor, fruto do impulso recebido em 57. Mas corriam o risco que ameaça todos os movimentos incipientes: deixar que o entusiasmo inicial leve a um desenvolvimento em quantidade, à custa de sua profundidade. É o que se passava conosco. Padre Caffarel veio nos alertar: era preciso ter o cuidado de não diminuir o ideal do Movimento, particularmente por ocasião do lançamento de novas equipes; fazia-se necessário aprofundar a formação dos casais na mística e nas normas do Movimento. Pe. Caffarel nos ensinou os meios que a experiência aconselhava e realizou-se então a primeira Sessão de Formação, sob a sua direção espiritual. E agora? Qual o objetivo da vinda do Pe. Caffarel? tle vem, sem dúvida, mais uma vez, fazer-nos sentir o pulsar do coração do Movimento que êle tão bem encarna. Com êle, são as equipes de todo o mundo que nos vem trazer o calor da fraternidade que une numa grande família as equipes tôdas, sem distinção de fronteiras. Mas êle vem, particularmente, para trazer até nós o espírito nôvo que se acendeu em Roma por ocasião da peregrinação de maio de 1970. O encontro, no centro da cristandade, dos 2.000 casais vindos cie todos os países onde se acham implantadas as Equipes, foi a oportunidade de um, como que, dever de sentar-se do Movimento. O mundo, e com êle a Igreja, atravessam uma crise de crescimento, do qual irá emergir uma nova era. Vivemos um período de transição para tempos novos que serão o que a atual geração os fizerem. Cabe por isso ao Povo de Deus uma grave responsabilidade. E o Concílio Vaticano II foi justamente a ação do Espírito Santo sôbre a Igreja, para colocá-la à altura da gravidade do momento.

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Parcela que são dêsse Povo de Deus, as Equipes de Nossa Senhora têm também uma missão própria a cumprir. É o que a peregrinação de Roma veio fazer sentir. Logo após, as Equipes se empenharam em discernir qual essa missão nova do Movimento, num mundo nôvo que se anuncia. Foi nessa emergência que a palavra de Pe. Caffarel se fêz ouvir em Roma. No discurso ali pronunciado lançou êle a interrogação: "É preciso - disse êle - é preciso que saibamos nos interrogar, com tôda a lucidez e humildade, se o nosso Movimento está pronto a assumir a sua missão". O discurso de Pe. Caffarel pesou profundamente no ânimo dos equipistas. Que fazer ? A resposta se acha tôda ela nos documentos do Concílio e foi definida na Mensagem que os Padres Conciliares lançaram ao mundo logo após o início da primeira sessão: " ... renovar a nós mesmos para nos acharmos cada vez mais fiéis ao Evangelho de Cristo ... para que a Igreja apresente ao mundo a face atraente do Cristo". As Equipes se puseram a campo. Tratava-se de colocar o Movimento em dia com o grave momento que o mundo e a Igreja vivem. Tratava-se de revigorar nêle o impulso que sempre o animou mas que, em face das vicissitudes e perplexidades da hora presente, sofria o perigo da degradação de energias e a consequente queda da espiritualidade que o caracteriza. Tratava-se de evitar o desvio de sua linha de ação e, por isso, de confrontar as novas responsabilidades das Equipes com a vocação que lhes dera origem. Um trabalho em profundidade teve início e se vem desenvolvendo nas equipes mais próximas do centro do Movimento. E como decorrência um nôvo vigor anima o Movimento, levando-o a um aprofundamento e a uma tomada de consciência mais aguda ne sua missão. Longe que estamos do núcleo propulsor das Equipes, sàmente vimos recebendo os ecos dêste trabalho de revigoramento, de aprofundamento, de fidelidade à sua vocação. Caros amigos, é esta chama que se acendeu em Roma que Pe. Caffarel nos vem trazer. Poderia ter enviado um membro categorizado do Movimento, mas quis êle mesmo estabelecer conosco um contato, de importância capital na hora presente. Vamos recebê-lo como merece, procurando retribuir a dedicaç&o tôda especial que tem para com as equipes do Brasil e corresponder à expectativa que certamente o anima, de levar as Equipes nossas a se integrarem no surto de vivência que empolga o Movimento. Tôda a cordial amizade da

E CI R

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A PALAVRA DO PAPA

AS ENCÍCLICAS SOCIAIS E A RECENTE CARTA APOSTÓLICA

Há oitenta anos, no dia 15 de maio de 1891, quando a filosofia Marxista ameaçava derrubar a estrutura cristã das relações humanas, o Papa Leão XIII publicava a Encíclica "RERUM NOVARUM", ponto de partida para a construção de tôda uma dinâmica da justiça social cristã. As idéias básicas desta Encíclica passaram a integrar o patrimônio do mundo civilizado: a redescoberta pela Igreja do caminho do povo e da vida pública; a derrubada do liberalismo político e da tese do absenteísmo do Estado; o reconhecimento do direito de associação dos trabalhadores. Quarenta anos depois, ainda em 15 de maio, comemorando o aniversário da "RERUM NOVARUM", o Papa Pio XI publicava u Encíclica "QUADRAGESIMO ANO", na qual Sua Santidade reexaminava o campo percorrido pelo direito social e focalizava o tema do salário justo, conforme as necessidades do trabalhador e de sua família, mencionando a conjugação do capital e do trabalho. Em 15 de maio de 1961, setenta anos após o lançamento da "RERUM NOVARUM" e 30 anos depois da "QUADRAGESIMO ANO", o Papa João XXIII publicava a Encíclica "MATER ET MAGISTRA", na qual eram enunciados os princípios: da pessoa humana; da fraternidade universal; do bem comum; da lei natural; da subsidiaridade; da liberdade pessoal do homem; da socialização (vínculo social entre os homens e sua convivência fraternal); da autoridade do Estado; da primazia do trabalho e da dignidade humana; da Justiça Social; o da competência da Igreja no campo social e religioso. Finalmente, no dia 15 de maio dêste ano, Paulo VI dirige ao Cardeal Maurice Roy, Presidente do Conselho dos Leigos e da Comissão Pontifícia "Justiça e Paz", a Carta Apostólica "OCTOGESIMA ADVENIENS", na qual aponta aos cristãos o seu papel, diante dos problemas novos de um mundo em transformação, convidando-os para uma dupla tarefa de animação e inovação, a fim de fazerem evoluir as estruturas para as adatarem às verdadeiras necessidades atuais. Compete à Igreja, diz o

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Papa, CONVENCER OS HOMENS DA URG~NCIA DE UMA AÇAO SOLIDARIA, NESTA HORA CRUCIAL DA HISTóRIA. 'l'rata-se de chamar a atenção dos cristãos para os novos problemas sociais, a fim de que todos se empenhem em ajudar a resolver as dificuldades que assediam o homem de hoje. Depois de passar em revista êsses problemas, apontando as C~titudes cristãs perante os mesmos - o impacto da urbanização sôbre a vida familiar é um dêles e será objeto de um próximo artigo - Paulo VI examina as respostas que vêm sendo dadas às aspirações fundamentais do homem - i. e . , as diferentes ideologias modernas, contrapondo-lhes a doutrina social da Igreja, inspirada numa visão global do homem. Previne, em linguagem vigorosa, os cristãos para que não se comprometam nem com o marxismo, nem com o liberalismo. Acentua que o cristão, "se quiser viver a sua fé numa ação política, concebida como um serviço, não pode, sem se contradizer a si mesmo, aderir a sistemas ideológicos ou políticos que se opo11ham radicalmente, ou então em pontos essenciais, à sua fé e à

sua concepção do homem - nem à ideologia ma1xista, ou ao seu materia.lismo ateu, ou à sua dialética da violência, ou ainda àquela maneira como êle absorve a liberdade individual na coletividade, negando, simultâneamente, tôda e qualquer transcendência ao homem e à sua história, pessoal e coletiva - nem à ideologia liberal, que crê exaltar a liberdade individual, subtraindo-a a tôda a limitação, estimulando-a com a busca exclusiva do interêsse e do poderio e considerando, por outro lado, as solidariedades sociais como conseqüências, mais ou menos automáticas, das iniciativas individuais, e não já como um fim e um critério mais a.lto do valor e da otganização social". O cristão é convidado a contornar todos os sistemas, sem contudo deixar de se engajar concretamente ao serviço dos seus irmãos, procurando afirmar, nas suas opções, aquilo que é próprio da contribuição cristã para uma transformação positiva da sociedade. Diante das diferentes situações concretas e solidariedades vividas por cada um, o Papa reconhece a legitimidade do pluralismo das opções - UMA MESMA FÉ CRISTA PODE LEVAR A ASSUMIR COMPROMISSOS DIFERENTES - mas pede aos que fizerem opções diferentes um ESFôRÇO DE COMPREENSÃO RECíPROCA de suas posições e de suas motivações: um exame honesto e sincero dos respectivos comportamentos sugerirá a cada um uma atitude de caridade que, reconhecendo as diferenças, acredita na possibilidade de convergência e unidade. "AQUILO QUE UNE OS FIÉIS É MAIS FORTE DO QUE AQUILO QUE OS SEPARA." Recomenda o Santo Padre aos cristãos um discernimento nas ações nas quais forem participar, para "evitarem de se comprometer em colaborações incondicionais e contrárias aos prin-

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cípios do verdadeiro humanismo - mesmo que tais colaborações sejam solicitadas em nome de solidariedades efetivamente sentidas." Acrescenta Paulo VI que, se o cristão quiser realmente ''desempenhar um papel ESPECíFICO COMO CRISTÃO, em conformidade com a sua fé - AQUí:LE PAPEL QUE OS PRóPRIOS N AO CRENTES ESPERAM Dí:LE - êle deve cuidar para que sejam esclarecidas as suas motivações, para transcender os objetivos prosseguidos com uma visão mais compreensiva que lhe servirá para evitar tanto os particularismos egoístas quanto os teftalitarismos opressores." A política só pode ser concebida, lembra Paulo VI, como um serviço: "Os cristãos solicitados a entrarem na ação política devem esforçar-se por encontrar uma COERí:NCIA ENTRE AS SUAS OPÇC>ES E O EVANGELHO e, dentro de um legítimo pluralismo, dar um testemunho pessoal e coletivo da seriedade da sua fé , mediante um SERVIÇO EFICAZ E DESINTERESSADO PARA COM OS HOMENS." Finalmente, o Papa conclama todos os cristãos à ação. Retomando as palavras da Lumen Gentium, repete que "pertence aos leigos, pelas suas livres iniciativas, sem esperar passivamente ordens e diretrizes, imbuir de espírito cristão a mentalidade e os costumes, as leis e estruturas da sua comunidade de vida." NÃO BASTA, diz o Papa, RECORDAR OS PRINCíPIOS, AFIRMAR AS INTENÇC>ES, FAZER NOTAR AS INJUSTIÇAS GRITANTES, PROFERIR DENúNCIAS PROFÉTICAS: ESTAS PALAVRAS FICARÃO ESTÉREIS SE NÃO FOREM ACOMPANHADAS PARA CADA UM EM PARTICULAR DE UMA CONSCIENTIZAÇÃO MAIS VIVA DA SUA PRóPRIA RESPONSABILIDADE E DE UMA AÇÃO EFETIVA. É MUITO FACIL, salienta, LANÇAR SôBRE OS OUTROS A RESPONSABILIDADE DAS INJUSTIÇAS, SEM PERCEBER COMO SE TEM PARTE NELAS E SEM VER QUE O MAIS URGENTE É A CONVERSAÇÃO PESSOAL ... Finaliza o documento afirmando: "HOJE, A PALAVRA DE DEUS Só PODE SER ANUNCIADA E OUVIDA SE FôR ACOMPANHADA DO TESTEMUNHO DO PODER DO ESPíJtiTO SANTO, A OPERAR NA AÇÃO DOS CRISTÃOS AO SERVIÇO DOS SEUS IRMÃOS, NOS LUGARES ONDE SE EMPENHA A SUA EXISTí:NCIA E O SEU FUTURO."

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A DIFUSÃO DO DISCURSO DE PAULO VI ÀS EQUIPES DE NOSSA SENHORA

Todos nós que estamos estudando o Discurso do Santo Padre às Equipes, pudemos sentir a importância dêsse documento: o Santo Padre dirigiu, através de nós, casais das Equipes, uma mensagem endereçada a todos os casais cristãos. Somos, ao mesmo tempo como frisou o Côn. Caffarel, os destinatários e os mensageiros dessa "Boa Nova para o amor humano". Mensageiros não só junto aos casais nossos conhecidos, como também junto a todos os que podem ajudar os noivos e os esposos a caminhar para Deus - educadores e, principalmente, sacerdotes. Como primeiro passo de uma campanha de difusão do pensamento do Papa, presenteamos os nossos Bispos com um exemplar do Discurso. A exemplo do que vem sendo feito nos outros países, muitas, decerto, serão as iniciativas tomadas pelos Setores: leitura de trechos em sermões dominicais, palestras, publicações em revistas etc .. Para atender à procura, a Secretaria mandou reimprimir o Discurso que já está à disposição dos que se empenharem na sua divulgação. Aos equipistas italianos que resolveram presenteá-lo com um exemplar da edição italiana do seu Discurso, o Santo Padre enviou a seguinte carta:

"Secretaria de Estado n. 0 181.122

Cidade do Vaticano, 16 de março de 1971.

A Secretaria de Estado alegra-se em comunicar ao Casal Responsável pelas Equipes de Nossa Senhora na Itália, que o Santo Padre acolheu com viva gratidão a homenagem da edição em língua italiana do Discurso pronunciado no dia 4 de maio de 1970, na Basílica de São Pedro, no Vaticano. O Sumo Pontífice agradece essa delicada atenção e expressa o voto de que a pequena publicação, largamente difundida, possa oferecer a numerosos casais cristãos a ocasião de meditar sôbre a sua vocação à santidade na vida familiar. Sua Santidade envia de todo o coração a sua bênção a todos quantos se empenharam nessa publicação e invoca a abundância das graças divinas sôbre tôdas as Equipes de Nossa Senhora da Itália. ( ass.) J. Martinez"

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UM

FILHO

ESCREVE

AO

SEU

PAI

Neste mês de Agôsto, em que celebramos o Dia dos Pais, a Carta Mensal alegra-se em publicar esta carta, enviada por um equipista, ao seu pai.

Meu Querido Pai.

Estou lhe escrevendo aqui do alto de Campos do J ordão onde, numa casa de retiros, estou participando de 3 dias de recolhimento promovido pelo C.V.C., que é um "curso de vivência cristã". É um curso apresentado por leigos cujo objetivo é proporcionar pelo exemplo e testemunho dos participantes um melhor conhecimento de Cristo; através dêsse conhecimento livre das mistificações que o mundo cria, induzir os participantes a uma maior aproximação com Éle, tendo por consequência, uma renovação de vida e reformulação de princípios. Os testemunhos são realmente belíssimos. A palestra de um dêles cuja vida conjugal estava à beira do completo fracasso impressionou-me por êste aspecto: sua filha de 18 anos que muito sofria com o comportamento errado dos pais foi quem o conduziu &.ú C.V.C. Aqui, êle se reencontrou e abriu o seu Eu Interior para ser totalmente assaltado pelo amor abrasador de Cristo. A palestra dêste pai versava sôbre a fé; êle a encontrou por intermédio de sua filha. Fiquei profundamente tocado porque descobri algo que até então não havia compreendido em profundidade: trata-se do seu exemplo. Foi por causa dêle que sempre tive fé. Enquanto tantos falavam das dificuldades de irem à missa ou cumprirem com seus deveres religiosos e comentavam como isso influía no comportamento dos filhos, lembrava-me que, enquanto você subia as escadas da Catedral todos os domingos, para que ninguém esbarrasse nas suas muletas eu subia atrás dando-lhe proteção. Tudo iso eu achava muito natural. Depois, lembrei-me quando o então Bispo D. Henrique, observando as suas dificuldades

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em se locomover mandou colocar um corrimão nas escadas externas da Catedral e o denominou "Prof. Pacheco" em sua homenagem. Lembro-me, também, que êle assim o fêz, mesmo contrariando o desejo de alguns pretensos estilistas que se opuseram veementemente alegando que o corrimão contrariava a estética da Catedral ! Eu era, então, um simples adolescente; achava tudo muito normal porque não entendia a maldade das intenções e o desvirtuamento das finalidades existenciais. Também não percebia nisso a fôrça do seu exemplo ! Na Universidade onde os meus colegas assediavam-me com suas idéias materialistas eu jamais me acovardei por respeito humano, nunca me afastei da mesa eucarística e jamais deixei de cumprir meus deveres religiosos. Mais esclarecido, estava certo de minhas convicções religiosas e a minha vontade predominava sôbre a dêles. Sinceramente, não via nisso nenhuma relação com você. Quando me casei aos 26 anos, concelebrando com a Paula o sacramento do matrimônio e jurando fidelidade para sempre, eu ainda me conservava puro como quando havia nascido ! E você nunca me deu aulas de educação sexual a não ser com o seu exemplo. Sua única recomendação quando vim para São Paulo foi: "Seja Homem meu filho". E eu o fui! Só Deus sabe como fui! Embora sem o saber foi mirado no seu exemplo porque você foi puro, autêntico e fiel em todos os atos de sua vida. Eu. sabia que os pais dos outros não agiam como você; mas nunca lhe dei o devido mérito. Achava que você tinha obrigação de ser o que era, porque era essa a concepção que eu tinha de Homem. Quando muitos aqui do C.V.C. comentavam a dificuldade de rezar com os filhos; lembrava-me que nós todos rezávamos juntos o têrço. Na Sexta-Feira Santa, com o crucifixo sôbre a mesa ficávamos em meditação, a família reunida, ouvindo pelo rádio l' "sermão das 7 palavras". O que eu não me lembro, é de ter você mandado que eu fôsse à missa. Realmente nós sempre íamos juntos, passo a passo, você banhando a camisa de suor pelo esfôrço para chegar até lá em cima como Cristo teria banhado o seu manto ao subir ao Calvário para ensinar aos seus filhos, a todos os Cristãos, que também êles deveriam seguí-lo na escalada. Foi então que aconteceu ... ! Tinha ouvido dizer por alguns que frequentavam o C.V.C. que haviam encontrado Cristo e falado com êle; eu achava que era mero jôgo de palavras para expressar um sentimento de fé. Enganava-me! Subitamente descobri que era verdade! Encontrei Cristo vivo, fisicamente presente, visível! Era você! Des-

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cobri que você foi e continua sendo o Cristo da minha vida, o verdadeiro Pai. Aquêle que, com poucas palavras e muitos exemplos, carregando sua cruz para caminhar, demonstrou ser um Homem com H maiúsculo. Entendi isso subitamente, como uma iluminação! As lágrimas vieram e não pude deixar de exteriorizar a forte emoção dêsse encontro súbito. Senti uma imensa alegria. A alegria de ter tido um Pai cuja presença me engrandece. Pedi, então, a Deus, por você, como jamais o havia feito antes. Agradeci-lhe a graça de ter tido um Pai honrado, homem verdadeiro que só doou sem nunca pedir nada, nem um único obrigado dos filhos. Pedi a Deus, em voz alta, diante de todos os presentes, que Deus me fizesse um Pai como você para que meus filhos encontrassem Cristo em mim. Muito obrigado. Seu filho, Dagoberto.

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NOSSOS FILHOS

ENTORP ECE N TES O QUE OS PAIS E EDUCADORES DEVEM SABER

O uso de drogas é em regra fruto da inexperiência, da curiosidade, da má influência de amigos ou colegas - de que os nossos filhos não estão livres. Achamos, portanto, oportuno publicar aqui um trabalho de autoria do Instituto Social Morumbi (anexo ao Colégio Santo Américo), esclarecendo ao mesmo tempo que essa organização está aparelhada para prestar tôdas as informações e esclarecimentos relacionados com toxicomanias; bem como assistência médica e orientação moral, quando solicitadas (Caixa Postal 4331, São Paulo, telefones 267-0078, 61-3288 e 61-3777). "O problema do abuso de drogas é um problema sério e atual. Sério, porque traz complicações, às vêzes graves, para os viciados, para suas famílias e para a sociedade. Atual, porque a epidemia é de nossos dias, e certamente bem mais espalhada do que seria lícito supor. Ninguém terá coragem de negar que os jovens, na sua grande maioria, são idealistas, têm bom coração, são inteligentes. Não pensam em excitar-se com "bolinhas", em procurar nirvanas com barbitúricos ou narcóticos, em forjar ilusões e alucinações, delírios, sonhos e paranóias com drogas alucinógenas ou euforizantes. E, muito menos, pretendem estragar a própria saúde física, arruinar seus processos mentais e comprometer seu senso ético. A grande maioria cuida do físico, robustece a inteligência e tem vivo o sentido da responsabilidade. Os que têm a infelicidade de escravizar-se a drogas, vítimas da própria inexperiência, a todo custo pretendem encobrir a nova realidade que passam a viver. Querem manter para si o próprio segrêdo. A família não haveria de compreender, êle seria a desonra do lar a que pertence, seria a "ovelha negra".

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~sse segrêdo que mata e êsse temor que, por paradoxal que seja, chega a dar coragem para a prática de ações criminosas, devem ser eliminados pela ação inteligente, caridosa e compreensiva dos pais e dos educadores. Deverão êles reconhecer, através dos sintomas característicos, o mal que se abateu sôbre o jovem. E logo em seguida deverão desmanchar-se em desvelos para impedir que a tragédia se consume. A falta de experiência dos jovens e sua sêde de aventura aliadas à falta de compreensão e de atuação caridosa, mas enérgica, por parte de pais e educadores, poderão ser a causa de anos de angústia física e mental cujo ponto final só pode ser trazido pela própria morte.

AS RAíZES DO MAL

Muitos jovens se desencaminham porque não encontram em casa um bom ambiente. As discussões e desavenças entre os pais revelam que os cônjuges não afinam pelo mesmo diapasão. Buscando cada um seus próprios interêsses particulares, esquecem-se do bem comum da família. As desarmonias se concretizam em cenas desagradáveis que vão marcar profundamente os filhos. Como o lar é um inferno para êles, vão procurar fora o paraíso com que sonharam. São pessoas frustradas e desajustad.as que logo mais vão encontrar outros nas mesmas condições. Querem todos viver a própria vida, com a liberdade que não tiveram em casa e com o amor que não viram nos pais. Serão "do amor e da flor". Daí, os grupinhos de maltrapilhos e de barbudos que vão surgindo e que são constituídos por pessoas de tôdas as classes sociais. Sim, porque a desarmonia nos lares não é privilégio de pobres e nem monopólio de ricos. Muitos se extraviam também porque são vítimas de uma personalidade mal estruturada. Devido a contingências hereditárias e mesmo atávicas ou ainda por circunstâncias ambientais, pode muito bem acontecer que um estado psicótico incubado acabe vindo à tona. As. influências do meio-ambiente, das leituras, das companhias, dos exemplos, poderão provocar o início do processo. Uma constituição psico-somática não muito equilibrada, poderá arrebatar uma pessoa para as raias da euforia triunfante como poderá também mergulhá-la nas profundezas de inexplicável e continuada melancolia. Desta maneira, muitos jovens, com o espírito carregado de problemas, os seus e os dos pais e os do meio-ambiente, vão procurar , uma fuga para tal estado de coisas. E tal fuga vai concretizar-se no vício das drogas: vão enxarcar-se de álcool ou intoxicar-se com os fumos da maconha e outras drogas ainda para esquecer, para livrar-se de seus problemas, para se transportarem - assim afirmam êles - para um mundo ideal, de paz, de 8mor e de felicidade. -14-


É fácil inferir do exposto a necessidade de um lar bem constituído, no espírito de plena comunhão de vida, _!).Uma ascensão a dois. Fácil também intuir a importância da vigilância que os pais deverão ter sôbre as companhias que seus filhos frequentam, nas ruas e, particularmente, nas escolas. Dentro dessas perspectivas, crescem de vulto as responsabilidades dos mestres, pois que a êles é que os pais confiam seus filhos. Assim sendo, uma ação de conjunto empreendida pelos pais e pelos educadores certamente surtirá frutos de compreensão e de vigilância, afastando da juventude a praga hodierna das drogas.

RISCOS

Incorrem em muitos perigos os que abusam das drogas. Eis alguns: A - Dependência: é uma situação de verdadeira escravidão à droga. B - Subnutrição: existem certas drogas que provocam a anorrexia, isto é, a falta de apetite. Como conseqüência, as pessoas não se alimentam e acabam em pele e osso. C - Infecção: as auto-aplicações com agulhas não devidamente esterilizadas acabam ocasionando infecções, hepatites, doenças venéreas, tromboses e, em alguns casos, pneumonia, tuberculose, asma etc. Por isso é que muitos morrem antes de completar vinte e cinco anos de idade. D - Males cardíacos e respiratórios: existem certas drogas que provocam taquicardia e descompassam também a respiração. Essa aceleração ou diminuição no ritmo de processos fisiológicos vitais é sumamente perigosa, e a morte pode sobrevir em conseqüência de uma dose exagerada. E - Distorção sensorial: a percepção normal dos sentidos pode ser transtornada pelas drogas. Falsa percepção do tempo, do espaço, das distâncias. O raciocínio pode empanar-se e com o comprometimento do senso moral, ficam removidas as inibições normais. F - Implicações criminais: porque as drogas geralmente são contrabandeadas, devido ao seu uso ilegal, sua aquisição se torna difícil por causa dos preços elevados. Para poder comprá-las, os viciados passam a trilhar a senda dos crimes e dos roubos. Assim o vício será sustentado. ALGUNS SINTOMAS REVELADORES

Partindo-se do pressuposto de que a reabilitação é sempre possível, embora difícil e penosa, é muito importante para quantos têm responsabilidade na formação dos jovens - os pais e os -15-


professôres - estar ao par de alguns sintomas que podem trair os viciados. 1 - Os viciados em sedativos ou barbitúricos: - sinais característicos de intoxicação alcoólica, mas com um detalhe significativo: nenhum cheiro de álcool no hálito; a inteligência fica bastante embaralhada: parece que a pessoa se torna meio obtusa; - sem razão aparente, a pessoa começa a cambalear e a tropeçar; - a pessoa fica prostrada pela sonolência e mostra uma aparência desorientada. 2 - Os viciados em "bolinhas": Entendemos aqui por "bolinhas", as anfetaminas ou aminas psicotônicas, das quais o Pervitin é a mais comum. Os que as tomam apresentam os seguintes sinais: - anorrexia ou perda de apetite; - emagrecimento acentuado; - grande secura na bôca, fato que provoca uma sêde intensa; - náuseas, vômitos, prisão de ventre ou diarréia; - o ritmo cardíaco sofre intensa variação por causa da taquicardia que sobrevém; - aparecem tremores, cãibras, dores musculares, tremor do queixo, palidez; - a fadiga parece que se extingue, pois a pessoa se torna extremamente ativa; - o sono desaparece, com o conseqüente prolongamento das horas de vigília; - a pessoa se torna irrequieta, nervosa, tem dificuldades para ficar parada por um pouco de tempo que seja; - podem aparecer também a ansiedade, mêdos descabidos, alucinações visuais e auditivas, idéias delirantes de auto-referência e perseguição; - a pessoa poderá ainda trair-se manifestando excessiva irritabilidade, impulsividade e agressividade. Em resumo, o viciado em "bolinhas" estimulantes parece uma pilha elétrica pois que todo o seu sistema nervoso está alerta. Podem ainda ser reconhecidos pelas pupilas dilatadas, pelo mau hálito, pelos lábios ressequidos, pelos cigarros que fumam sem parar e pela necessidade de esfregar ou coçar o nariz. 3 - Os viciados em narcóticos: São os que se entregam ao abuso do ópio, da morfina, da heroína etc. - geralmente começam exagerando nos xaropes para tosse e que contém codeina; - a inalação da heroína em pó provoca, em tôrno das narinas, vermelhidão e irritação; -16-


- ficam nos braços sinais das injeções, o que leva os v1c1ados a estarem sempre com camisas de mangas compridas, exatamente para esconder os sinais das picadas; - trai, de maneira evidente os viciados, o porte de injeções e de seringas; - nas aulas, o aluno se mostra apático, sem entusiasmo e suas pupilas, contraídas, não respondem à luz. Uma profunda sensação de letargia acaba encorajando a preguiça. 4 - Os viciados em maconha: - o intoxicado mesmo tem a sensação de que sua fisionomia está mudando, por isso olha continuamente no espêlho. Tem a sensação de que seu rosto se encontra em processo de dilatação; - à palidez inicial, segue-se um rubor nas faces e nas orelhas, fato muito visível nos indivíduos de pele clara; - a bôca fica sêca por causa da fumaça, que é um tóxico: daí a ausência quase total de insalivação. Como conseqüência, a garganta fica irritada; - as pálpebras começam a estreitar-se e as pupilas se dilatam, mas quase não reagem à luz; - nos que se iniciam no vício, sobrevém vertigens e tonteiras; - o ritmo da respiração e do batimento cardíaco se altera; - a maioria dos fumadores acusa forte taquicardia, sendo comum entre êles estas expressões: "meu coração disparou", "senti uma forte descarga de palpitações" etc.; - alguns apresentam um aumento de fôrça física e provam uma sensação de leveza; - surge uma alegria estúpida e pueril, verdadeira euforia e crises de risos incontidos; - as pessoas ficam desorientadas com relação ao tempo e ao espaço, tornam-se fàcilmente sugestionáveis; - a pessoa fica com um apetite indomável, perdendo a noção da saciedade. Aumenta também, e muito, o consumo de refrigerantes açucarados; - a atenção fica comprometida e a loquacidade exagerada toma conta do maconhado. UM AP~LO Repetimos que se trata de um problema seno e atual. Em vista disso, é indispensável que pais e mestres se disponham a estudar com mais afinco os têrmos da questão. De pouco adianta ficar lamentando os progressos que as toxicomanias estão fazendo. Importa passar à ação, fazendo algo de positivo para barrar os c·aminhos do vício das drogas. A exposição racional e científica dos efeitos que as drogas provocam na esfera somática e psíquica muito haverá de contribuir para afastar os jovens de curiosidades malsãs, terrivelmente castigadas pela debilitação física, pelo comprometimento moral e pelo embaralhamento da inteligência."

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APOSTOLADO

OS "ENCONTROS DE CASAIS COM CRISTO"

A Carta Mensal alegra-se em trazer ao conhecimento dos equipistas uma nova experiência no campo do apostolado familiar, idealizada pelo Pe. Afonso Pastore e alguns casais da paróquia de Pompéia - uma das mais dinâmicas da Arquidiocese de São Paulo. C.M. -

Como nasceu a idéia dos "Encontros de Casais com Cristo"?

Medellin representa, por certo, a vontade do Espírito Santo. E foi meditando Medellin que percebemos que o Espírito Santo deseja uma ação profunda, vasta e prioritária em favor da família. Achamos que os Encontros de Casais com Cristo constituem um meio eficiente para aproximar os casais entre si, quebrar o gêlo porventura existente, estimular-lhes o diálogo e trazê-los para Cristo. Pa. Pastora -

C.M. -

Qual é exatamente a finalidade dos "Encontros"?

Pa. Pastora -

C.M. -

A finalidade é múltipla: Abrir pistas para que o casal se encontre como casal; Mostrar-lhe que há possibilidade de ser feliz e contribuir para a realização dos seus; Apresentar-lhe Deus como Pai, que sempre procura o Homem e a Humanidade; Mostrar que na Igreja o casal encontrará aquilo por que aspira e a solução do seu "vazio" interior; Ensinar ao casal que tem muito a dar e que a Igreja e o mundo dêle precisam. Os princípios norteadores dos Encontros são: alegria, doação e oração.

Como funciona um "Encontro"?

Consta de conferências - ministradas por casais, padres e religiosas - seguidas de círculos de aprofundamento, reflexão a dois, sociodramas. Há também uma Pa. Pastora -

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liturgia próprias dos Encontros. Não entro em detalhes, senão a coisa perde um pouco do seu impacto ... C.M. -

Onde e quando se realizam os "Encontros"?

Em colégios, em fins de semana. Iniciam-se sexta-feira à noite e continuam sábado e domingo o dia todo. Os casais voltam para dormir em casa. Nós julgamos isso importante. O casal voltará ao Encontro se o desejar. É necessário que êle mesmo queira voltar - como aliás em tudo na vida. Pe. Pastore -

C.M. -

Ouvimos dizer que o ambiente dos "Encontros" é extraordinário ...

O clima é de alguém que busca encontrar a verdade. É de muitos que têm a certeza que o Cristo não é um derrotado. Logicamente, o ambiente só poderia ser de confiança e alegria, de atenção e carinho para com todos. Pe. Pastore -

C.M. -

O interêsse pelos "Encont'l'os" parece que é muito grande - quantos já realizaram?

Realizamos um por mês. Estamos montando o 11. 0 • Participam, em média, 35 casais e alguns sacerdotes. Não conseguimos atender à procura. A divulgação é feita pelos próprios casais, sendo esta a primeira vez que noticiamos algo por escrito. Pe. Pastore -

C.M. -

O que acontece após o "Encontro"?

Os casais que já pertencem a movimentos integram-se e atuam mais: fermentam ... Há também ós que correspondem ao simbolismo criado por Jesus: "Tocamos e não dançastes, choramos e não vos comovestes". Há casais que, brientados, passam a integrar movimentos familiares, atividades apostólicas na paróquia, trabalhos missionários etc. Além disso, tôdas as quartas-feiras, os casais frequentam cursos de formação: é de ver como viajam para não faltar! Os Encontros têm produzido muito bem. É grande a porcentagem dos casais que se têm reencontrado consigo mesmo, com Cristo. O entusiasmo que não perece, os depoimentos após os encontros, as atitudes o provam. pe. Pastore -

C.M. -

O "Encontro de Casais com Cristo" tem o patrocínio de algum movimento?

Pertence à Igreja de Cristo; não está vinculado a movimento algum. Nêle trabalham casais do M.F.C., das Equipes de Nossa Senhora, da Escola de Pais, Cursilhistas, casais desvinculados, padres e religiosas que acreditam na família. Pe. Pastore -

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Cremos tranquilamente que as Equipes de Nossa Senhora farão um bem enorme à família brasileira quando se interessarem pelos Encontros de Casais. As Equipes podem ajudar a aperfeiçoar os encontros e realizá-los em inúmeras cidades. O campo de apostolado é vasto e o meio apropriado à família. Os que desejarem maiores informações poderão obtê-las com Esther e Marcello (80-8640), ou com os próprios organizadores: Valdomiro e Hilda (62-0850), Clésio e Neide (65-6224) ou José Agostinho e Iani (65-1421).

Bem planejada e bem executada, mediante os Movimentos Familiares, tão meritórios, ou mediante outras formas, a Pastoral Familiar contribuirá certamente para fazer de nossas famílias uma fôrça viva - e não um pêso morto - a serviço da construção da Igreja, do desenvolvimento, e das transformações necessárias de nosso Continente. (Medellín, documentos finais da Comissão n. 0 2, "Família e Demografia", 4)

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NOTíCIAS DOS SETORES

BOLETINS RECEBIDOS PELA SECRETARIA

Se os responsáveis pelos Setores soubessem a alegria que sentimos ao receber os boletins ou simples notícias do Movimento no seu Setor, não deixariam de nos contar nem mesmo uma migalhinha de notícia. E quando ela é de interêsse geral a alegria será partilhada por todos, com sua publicação na Carta Mensal. O retiro feito por equipes de um setor, uma tarde de estudos que aconteceu num sábado, as bodas de prata de um conhecido casal equipista são notícias de interêsse para um boletim de Setor. No entanto, com vinte e cinco Setores em funcionamento no Brasil, seria necessário mais do que um número inteirinho para que a Carta Mensal pudesse transmitir tantos acontecimentos ! Por outro lado, devem os boletins de setores citar o nome dos que participaram do retiro, da tarde de estudos ou fizeram bodas de prata - pois todos se conhecem e devem conhecer-se cada vez melhor. Já a Carta Mensal procura contar as coisas de maneira anônima, não porque se deva falar no milagre e esconder o nome do santo, mas porque a discreção é uma das características dos santos milagreiros. Nesta Carta Mensal faremos um apanhado, não do que ocorreu nos Setores, mas dos boletins que vêm sendo por êles publicados. Com satisfação, comunicamos que, durante o mês, recebemos nove boletins, cada um melhor do que o outro, todos mostl·ando nas entrelinhas o esfôrço e o carinho dos seus repórteres e editores. Agradecemos e pedimos continuem mandando sempre para a Secretaria. CAXIAS

DO

SUL

Recebemos o 2.0 boletim do Setor. É singelo mas objetivo. O editorial chama-se Relembrando Nossa Razão de Ser e é um texto do Côn. Caffarel. Souberam escolher muíto bem. O que nos chamou a atenção nesse boletim - êle ainda é de abril - é que já publica a data e local de reunião mensal de tôdas as sete equipes do Setor durante o ano. A iniciativa é muito interessante, pois a maior parte das equipes não costuma

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f1xar com antecedência as várias reumoes do ano. Conseguir que todo Setor o faça é ótimo, e sua publicação esplêndida; o casal que quiser visitar a reunião de outra equipe pode até escolher a data em que quer ser convidado. A fixação de encontros pode ser programada sem interferir com reuniões mensais. Observamos que os dias em tôrno de 7 de setembro - data da estadia entre nós do Côn. Caffarel - foram respeitados: certamente todos os caxienses irão ao encontro de Florianópolis e quem sabe muitos também virão ao de São Paulo.

BAURU Entre o preparo da última Carta Mensal e o preparo desta, recebemos os boletins n. 0 20 e n. 0 21 de Bauru. É gente com muita experiência que está publicando boletins bons e muito completos. O que surpreende nêles é o grande número de colaborações originais de equipistas: seja como notícia, seja como assunto formativo, seja em prosa, seja em versos. Muitos artigos gostaríamos de reproduzir aqui mas, por falta de espaço, vai só um verso - pequeno por fora, grande por dentro - que é de um casal da equipe n. 0 10: Só Deus pode dar a alegria mas depende de ti ser um sorriso para teu irmão ! Só Deus é o caminho, mas depende de ti ser. um- guia para teu irmão Só Deus é a luz mas depende de ti ser um reflexo para teu irmão JAO

Também recebemos um boletim do Jaú: cidade berço, onde cedo surgiram e se desenvolveram as equipes. O boletim é todo redigido em linguagem amena, cheia de espírito. Reparem neste aviso - que também mostra como em tôda parte é düícil encontrarem-se casais disponíveis: "O Espírito Santo andou esvoaçando de um lado para outro, procurando um casal para ser responsável pela Equipe do Setor de Jaú. Voa daqui, voa dali e toe ... pousou na cabeça da H e do D. tles ficaram muito assustados e começaram a defender-se: Não podemos, não temos tempo, faltam-nos qualidades... Tudo certo e verdadeiro, nada inventado, mas não adiantou. D deu então um bufo que ficou célebre, porque êle é sempre muito mansinho. Mas nada disso valeu; o Espírito Santo ficou firme e não arredou o pé. E os dois então abaixaram as cabecinhas e obede-22-


ceram e lá estão, sempre à espera dos equipistas, para ouvir-lhes as sugestões, procurando sempre o melhor modo de servi-los. Além de recebê-los e de ouví-los, êles gostarão também que todos saibam que têm pelo Movimento um grande enlêvo e que tudo farão para não decepcionar o Espírito Santo do comêço da história". MARlLIA

Enviou-nos o seu boletim n. 0 10. Como os anteriores, traz dois bons artigos de ordem formativa, escritos por assistentes, e minuciosas notícias sôbre o Movimento nas demais cidades que integram o Setor. Marília continua a ser um centro irradiador das ENS e as fagulhas que lança em tôrno parece que logo passam a brasas; futuras fornalhas. Eis o resumo de uma visita feita a Adamantina. "Sábado de muito calor em Adamantina. Apesar de endereços incompletos e até errados, consigo encontrar e reunir quatro casais. E batemos um bom papo sôbre as Equipes. Os membros da 1.a. Equipe trabalham ativamente num bairro desfavorecido, dedicando-se sobretudo à promoção humana e cristã dos jovens, através de Instituto que reune jovens, para ajudá-los de mil maneiras. A 2.a. Equipe dirige o Curso de Noivos. Cinco cursos estão programados para 1971 e já se cogita de organizar alguns para a zona rural. Também promovem e dirigem dois círculos familiares, formados de oito ou nove casais, que se reunem para estudar o Evangelho. Um dêsses círculos é exclusivamente de recém-casados. Além disso, os nossos amigas de Adamantina desempenham outras atividades apostólicas ou sociais: palestras, missa para casais, participação nas obras paroquiais, etc.". LONDRINA

Enviou-nos pontualmente seu boletim n. 0 2, com: editorial, notas sociais, para meditar, diversos, notas sôltas, trovas. Há um artigo intitulado "Francisco o Caçador" que assim transcrevemos: "Quando o casal Olga e Francisco entrou para a nossa Equipe, falava-se nas reuniões em pássaros, espingardas, e cachorros de caça e em frituras de pombinhas; pobres pombinhas! Porque o nosso querido Chico era o terror delas. Terror dos Pássaros era o seu apelido em nossa equipe. Mal percebia que, como nós, era caça dos caçadores de Cristo: o padre assistente e o casal de ligação. Hoje tudo mudou. O nosso querido Chico provou que gosta mesmo de caçar, mas agora trocou de armas e não mais vai só: leva a Olga. É alegria dobrada. Olga e Chico ti·einados, municiados, empunham as armas: um Estatuto, uma Carta Mensal e boletim das ENS. A pólvora é o amor em busca -23-


de outro amor; afeto bastante para provocar explosões de alegria. É uma Vemaguete que fumega lotada com a família tôda, rumo à igreja, para a piscina, em visita aos casais das equipes ou a serviço destas. Um casal autêntico, alegria contagiante! Ri o assistente, ri o casal de ligação, todos os equipistas riem. Mas quem mais ri são as pombinhas. E Deus sorri para todos". RIBEIRAO

PR~TO

Também recebemos, no ínterim, dois boletins do Setor Ribeirão Prêto. São boletins muito completos, os únicos com o cabeçalho impresso; quase um jornal. Além de muitos artigos originais, transcrevem trechos de Frederico Suarez, Tristão de Ataide e do Catecismo Holandês. Há mesmo um extrato sôbre a Primeira Noite de Encontro de Setor, ocupando quatro páginas! Entre tantos artigos bons e notícias boas - sempre há falta de espaço para não encarecer a Carta Mensal - vamos resumir um artigo, que é o primeiro de uma série, e se intitula "Como Estamos Nós e Os Filhos?". "Como estão os filhos é uma questão sempre presente ao Dever de Sentar-se, contudo não é a fundamental. Quantas vêzes, entretanto, somos tentados a começar o nosso Dever de Sentar-se por ela ? Afinal de contas, não é um ótimo caminho para fugirmos do como estamos eu e você ? E assim tentamos manter o telhado, fazendo de conta que não percebemos a fragilidade do alicerce. Torna-se mesmo voz corrente que nas reuniões de casais é mais fácil conseguir "aberturas" falando-se dos filhos. Meus amigos, não nos deixemos cair na tentação de fugir ao eu e você. No Dever de Sentar-se não percamos essa maravilhosa oportunidade de perguntar: Você é feliz comigo? Sem dúvida a questão é delicada, porque podemos ouvir como resposta: Só em parte, porque você está falhando. .. Contudo, que melhor caminho existe para crescermos, do que a crítica daquele a quem amamos e que nos ama também ? Não vamos perder essa chance de darmos um passo em direção à nossa maturidade, pois, se nós crescemos, nossos filhos crescerão conosco". SETOR

B -

SAO

PAULO

Ainda não publica um boletim, mas estamos em falta com o Setor, por não termos comentado o seu Anuário, recebido no comêço do ano. Trata-se de um trabalho muito completo. O Anuário inicia-se com um exposição sôbre a Orientação do Ano do Setor, evidentemente a mesma orientação do Movimento, com as adaptações necessárias ao meio. Em seguida vem a atual organização do Setor, com a responsabilidade dos casais que compõem a Equipe. Depois a programação de tôdas reuniões que fará -24-


essa equipe, incluindo o roteiro dessas reuniões, cuja precisão de horários preestabelecidos é de cinco minutos. Mais adiante vem o programa do Setor; dia e local de tôdas as atividades: dias de estudos, cursos, pilotagem, encontros de assistentes, de equipistas, de responsáveis; festivos, retiros. O mais extraordinário dêsse Anuário é que êle consegue dar o nome e enderêço de todos componentes de suas dez equipes - coisa que na cidade de São Paulo nem a Secretaria das ENS conseguem manter atualizada. PETRóPOLIS

Chegaram-nos os boletins de abril e maio. São super-boletins; o último tem dezesseis fôlhas ! Tôdas as equipes colaboram mandando notícias detalhadas do que aconteceu durante o mês. Muito bom humor, muitas caçoadas; como trabalham bem os nossos amigos de Petrópolis ! Como bem entendem e vivem o MoVimento! Entre tantos artigos interessantes houve necessidade de "sortear" um dêles para ser aqui resumido. Saiu escolhido o que transmite as impressões de um Dia de Estudos preparado por uma equipe da Guanabara: "No auditório fomos cumprimentados com um bom-dia musical, apresentado por um grupo de môças encarregadas da parte r ecreativa. O primeiro conferencista nos falou sôbre o Carisma da Igreja e a missão do leigo. Todos nós, distribuídos anteriormente em grupos, recebemos uma pergunta para ser debatida e respondida dentro do próprio grupo. A nós coube o seguinte: São as ENS um carisma para a igreja? Em que sentido o são e quando deixam de ser? Assim foi nossa conclusão: Justamente na época em que o avanço técnico e industrial em muito tem propiciado o desagregamento da família, que é a célula primeira da sociedade, o movimento das Equipes vem trabalhando no sentido da união dos membros da família e da espiritualização da mesma, vivendo em Cristo a trama cotidiana. Desta forma é um carisma, pois as Equipes trabalham em exemplo. A importância dos leigos na Igreja atual confirma serem as Equipes um carisma, sempre que núcleos de irradiação de uma vida mais santificada de seus membros levada aos nossos irmãos. Então ela será carisma na medida de sua abertura e de sua disponibilidade traduzida em doação. Depois do plenário houve o almôço e um animado bate-papo. A tarde assistimos à exibição de um filme, mudo, protestante, de procedência americana, denominado A Parábola e, com base nesse filme, foram realizados os trabalhos da segunda parte do dia".

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NOVAS EQUIPES E COMPROMISSOS

Foram admitidas mais duas equipes em São Paulo - n. 0 81 e 82, pertencentes ao Setor C. Soubemos, através do EQUIPETRóPOLIS, que nossos amigos petropolitanos estão pilotando duas equipes em Juiz de Fora. Aliás, a Região da Guanabara está em franco desenvolvimento, com duas equipes em Niterói, a n. 0 9 em Petrópolis etc. - o etc. por conta da falta de maiores informações ... Também a Coordenação de Araçatuba está com duas equipes em formação: uma em Araçatuba, que será a 6.a equipe e outra em Mirandópolis, cidade vizinha. Neste primeiro semestre, foram recebidas no Movimento mais 100 equipes - Bélgica: 13 equipes; Espanha: 19 equipes; França: 46 equipes ; Guadelupe: 1 equipe; Guiana Francesa: 1 equipe; Inglaterra: 2 equipes; Itália: 5 equipes; Líbano: 1 equipe; Lux emburgo: 1 equipe; Portugal: 11 equipes. Compromissaram-se 35 equipes - Brasil: 2 equipes; Bélgica: 6 equipes; França: 23 equipes; Itália: 1 equipe; Estados Unidos: 1 equipe (Boston).

SESSÕES E MUTIRÕES ~ste ano ainda, as Sessões de Formação e os Mutirões têm se multiplicado e o núcleo de base das equipes de serviço não tem tido quase tempo de respirar: acaba uma Sessão, começa um Mutirão, e lá se vão de nôvo os incansáveis organizadores e conferencistas - e são mais quilômetros que se vão somando ao número já grande percorrido desde que se iniciou êsse esfôrço intenso de formação de dirigentes. Quando o revezamento programado faz com que um dêles não esteja escalado, ainda assim acaba aparecendo, por fôrça do costume ... como aconteceu com o Nicolau em Marília: "baixou" lá de ônibus às três horas da manhã, só para passar o domingo ! Felizmente, já está brotando uma nova geração de "devoradores de quilômetros": são os casais que, tendo participado de uma ou mais Sessões, vão integrando a equipe de serviço nas Sessões seguintes. Assim, por exemplo, foi o caso com Glorinha e Moacyr, de São José dos Campos, que foram para Marília como membros da equipe de serviço.

CURITIBA

29/4 a 02/5 - 12 casais apenas participaram da Sessão onde, segundo o relator, o tão caluniado sino, dessa vez "não se tornou muito importuno" : acordava-se ao som de boa música, a qual teve o condão de manter a todos de muito bom humor!

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Assessoraram a secretaria os dedicados seminaristas Hélio e Franz - o último ordenou-se no dia 27 de junho em Curitiba e celebrou a sua Primeira Missa em São Paulo no dia 4 de julho. Conclui o relator: "Aprendi o que é ser pilôto, ligação, casal disto e daquilo, mas o que aprendi mesmo foi o que é ser CRISTÃO".

ITAICl 14 a 16/5 - Compareceram ao Mutirão, organizado pelo Regional com a colaboração do Setor de Campinas, casais de Campinas, Jundiaí, Vinhedo e Louveira. Os oradores foram Cidinha, de Jundiaí, Zinho, também de Jundiaí, Nicolau e Marcello. Está de parabéns o Casal Regional, Hadgine e Neuradir, pelo êxito do empreendimento, tanto mais quanto foi êsse o primeiro Mutirão organizado inteiramente sem a participação de alguém da ECIR.

SAO JOSÉ DOS CAMPOS 27 a 30/5 - 27 casais participaram da Sessão, realizada no &ntigo Seminário, que vem sendo reformado por Cursilhistas e equipistas. Lá estava o Vale do Paraíba muito bem representado - mas também 2 casais da novíssima equipe de Niterói, 2 de Petl·ópolis, 6 do Rio de Janeiro, 3 de São Paulo e 1 de Ribeirão Prêto. Graças a essa composição diversificada, os Grupos de Trabalho estiveram muito animados, bem como a noite de confraternização.

São José dos Campos

Foi total a disponibilidade do Setor de São José - graças a ela foi essa uma das raras Sessões em que se pôde levar crianças: enquanto os maiores ficaram em casa de equipistas na cidade, ou-27-


tro grupo de equipistas ficou no Seminário para tomar conta dos menores. Notável também a participação dos Cursilhistas: quando a equipe de serviço chegou, estavam alguns dêles, com alguns equipistas, encerando o chão; todo dia vinham ajudar na cozinha, uma cursilhista e uma equipista ... MARILIA

10 a 13/6 - Essa foi a primeira Sessão de Formação realizada no norte do Estado de São Paulo. Tomaram parte nela casais de Dracena, Garça, Assis, Guaimbê, Marília - mais dois de São Carlos e um de ... Curitiba ! Muito tocante a despedida do Frei Estevão, que fizera duas palestras no mesmo dia, pois precisava voltar para São Paulo. Estava-se no meio da confraternização à caipira, pois era véspera de Santo Antônio, com quentão, pipoca, doces caipiras e uma quase quadrilha - quando êle ia saindo: todos puseram-se a cantar a valsa da despedida, acompanhando-o até o carro. A festa continuou muito boa e iria decerto noite a dentro se o Rubens não apelasse para o famoso sino ... PETRóPOLIS

11 a 13/6 - Ao primeiro Mutirão de Petrópolis, inteiramente organizado pelos equipistas de lá, compareceram nada mais nada menos que 36 casais - do Rio, Petrópolis, Juiz de Fora e Niterói. As conferências de Marcello, sôbre "A revelação de Deus no Antigo Testamento" e "O Deus de Jesus Cristo" agradaram até aos teólogos presentes. Mas "o máximo" foi a do Luiz Sérgio, do Rio, sôbre "As E.N.S. no serviço ao próximo". A grande novidade do Mutirão foi o "Mutirãozinho", organizado para entreter as crianças. Três casais tomaram conta da criançada tôda, que ganhou pastas, crachás, ouviu também conferências, discutiu, desenhou e cantou! Atentos, amigos, para o calendário das próximas Sessões. Porque as nossas Sessões, modéstia à parte, são as melhores do mundo - segundo Marcello ouviu comentar na Espanha e em Portugal ! O programa, o ambiente de fraternidade, as atenções e, principalmente a liturgia - ponto alto segundo o testemunho de todos -, deixam em quem participou de uma Sessão uma lembrança inesquecível e o desejo de renovar essa experiência numa oportunidade bem próxima. SUZANA E JOÃO BAPTISTA VILLAC DEIXAM A ORGANIZAÇÃO DOS RETIROS DA REGIÃO SÃO PAULO

Parece incrível, mas é verdade: sairam mesmo, deixaram aquêle apostolado de treze anos, pediram "aposentadoria". Bem merecida, é verdade, depois de tantos anos a braços com uma tarefa grande demais para um só casal.

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Quando se conhecem as dificuldades com que vinham lutando, lembra-se de São Paulo enumerando as suas tribulações... Dificuldades para conseguir datas nas casas de retiros, dificuldades para conseguir pregadores, dificuldades para conseguir confirmação dos casais inscritos, dificuldades para preencher as vagas com os da "fila de espera" que, em noventa por cento dos casos, não esperam e assumem outros compromissos... Trabalho de ir todo mês, às vêzes mais de uma vez, até Barueri ou Valinhos, para instalar os casais, distribuir as tarefas, dar os avisos, voltando noite adentro... Trabalho de agradecer aos pregadores, às Irmãs, trabalho de fazer o relatório - e já começar a preparar o retiro seguinte ... Diante de tudo isso, admira-se, maravilha-se mesmo que um só casal tenha conseguido tudo isto durante tantos anos. Parece uma tarefa que vai além da resistência humana - e somente uma incansável generosidade, uma paciência inesgotável podem explicar tanta dedicação. Durante a sua "gestão", Suzana e João Villac organizaram 110 retiros e 11 recolhimentos, com a participação de quase 2.000 casais ... Há casais em todos os Setores que, às voltas com o mesmo trabalho, encontram as mesmas dificuldades, dedicam-se com o mesmo espírito de sacrifício. Se nós, que somos os beneficiados - e o que recebemos não se mede em têrmos dêste mundo - fizéssemos a nossa parte, poderíamos tornar a sua responsabilidade mais leve. Com êsse intuito, pedimos a Suzana e João Villac que nos deixassem algumas recomendações, fruto da sua longa experiência. Se procurarmos observar êsses "mandamentos" do retirante, estaremos não só ajudando os organizadores como tirando maior proveito do nosso retiro. CONSELHOS

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AOS

RETIRANTES

O retiro é uma graça de Deus. Não a deixem passar. Escolham desde o início do ano a data que lhes fôr mais conveniente e reservem o seu lugar. Não esperem os últimos retiros: as férias, alterando o ritmo de vida, fazem com que os propósitos se percam mais depressa ... O retiro é um chamado pessoal de Deus. Escolham o seu retiro e levem os casais de sua equipe a marcarem o seu também. Não é preciso que seja o mesmo: há outras ocasiões para vocês se encontrarem. Decidam com objetividade se vocês precisam levar os filhos: podendo deixá-los em casa, proporcionarão mais vagas para os que não têm essa possibilidade. No entanto, se vocês forem do tipo preocupado, que fica telefonando para casa, então não há que hesitar: levem!

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Só desistam do retiro por motivo de fôrça maior. Nesse caso, procurem avisar o casal encarregado o quanto antes, para que possa aproveitar a sua vaga. Surgindo um impedimento de última hora, telefonem para a casa de retiros: não ficarão à sua espera e alguém talvez possa ficar melhor acomodado.

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Se estiverem na "fila de espera", não assumam nenhum compromisso. A menos que vocês sejam os últimos de uma fila gigantesca num retiro particularmente procurado, é bem provável que apareça uma vaga. Portanto, aguardem. Aguardar, quer dizer não marcar nada nem para sexta à noite, nem para sábado, nem para domingo ...

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Procurem não chegar a altas horas da noite: vocês não devem perder a abertura do retiro. Além do mais, atrapalha os outros e obriga um casal a ficar à sua espera. Se fôr de todo impossível, então cheguem: qualquer coisa é preferível a chegarem no dia seguinte.

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Depois de acomodadas as crianças, esqueçam, até o fim do retiro, que elas estão ali perto: resistam à tentação de "dar uma voltinha daquele lado" ... Além de interferir com seu próprio recolhimento, estraga todo o trabalho que as irmãs tiveram para fazerem as crianças esquecerem dos pais. Ao cruzarem com companheiros de equipe ou outros casais amigos, basta um sorriso, um aceno: guardem as conversas para depois do retiro. O retiro não é um encontro de casais: vocês vieram para se encontrar apenas com Deus.

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O retiro é uma graça de silêncio: dois dias apenas num ano inteiro. Procurem preencher os tempos livres com reflexão, leituras, oração, passeios solitários ou a dois pelo parque, meditando sôbre o que ouviram. Mesmo que o silêncio lhes custe, respeitem-no em atenção aos que dêle necessitam. Se tiverem que falar um com o outro, procurem fazê-lo longe de todos. No quarto, falem baixo, para não atrapalhar o vizinho. Nas semanas que seguirem o retiro releiam as suas anotações. Isto os ajudará a prolongar os benefícios do retiro, a conservar os seus bons propósitos por mais tempo.

A organização dos retiros da Região São Paulo - Capital ficou. a título experimental, a cargo dos quatro Setores de São Paulo. Cada um dêles recebeu a incun:~-­ bência de determinado número de retiros, para os quais deve providenciar desde o pregador até o relatório. As inscrições estão sendo recebidas na Secretaria.

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TESTEMUNHO

AUXÍLIO MÚTUO

Era uma vez um casal equipista incansável no participar de Sessões de formação, de mutirões, de encontros. Apesar dos dez filhos, estavam sempre para cima e para baixo, neste Brasil afora, deixando uma parte das crianças em casa, levando a outr a. E quando ninguém mais esperava, foi encomendado o décimo primeiro filho. Num encontro com um casal de Brusque, a mãe contou que o seu enxoval de nenê, passando de um filho para o outro havia se acabado: não ficara uma camisinha sequer, pois dera o que havia sobrado do último. Os equipistas de Brusque a sossegaram: deixasse por sua conta, "nós lá no Sul gostamos muito de bordar". Vários meses antes de nascer a criança, o pessoal de Brusque veio trazendo um enxoval completo: duas malas cheinhas de roupa e mais um berço grande, de palha branca, rodinhas, cortinado e tudo! O nenê nasceu: é homem. Dizem que, por influência do enxoval, tem jeito de catarinense . . .

• DEUS CHAMOU A SI

Faleceu, no dia 11 de junho, Antônio Heil, o Neco, da equipe 1 de Brusque. Quem foi ao encontro de julho do ano passado em Brusque, há de se lembrar da amabilidade com que êle e Dóris nos receberam na "Lagoa Dourada". O Neco era um cristão autêntico e tlm político de grande futuro. No Brasil, onde há tanta escassez de líderes verdadeiros e de autênticos cristãos engajados na política, a morte do Neco é uma perda inestimável. Os desígnios de Deus são mesmo insondáveis e seus caminhos, a nós Homens, não é dado compreendê-los. A Dóris, aos seus filhos , e a todos o~ amigos de Brusque o nosso abraço, as nossas orações, e a certeza que nos dá a fé de que seu trabalho produzirá muito fruto e será completado de uma maneira infinitamente mais perfeita.

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'R.efirof1 para

1911

organizados pela Região São Paulo

6 a 8 de agôsto, em Valinhos 27 a 29 de agôsto, em Barueri 10 a 12 de setembro, em Barueri 24 a 26 de setembro, em Valinhos 8 a 10 de outubro, em Barueri 22 a 24 de outubro, em Barueri (sem filhos) 5 a

7 de novembro, em Valinhos

19 a 21 de novembro, em Valinhos 26 a 28 de novembro, em Barueri 3 a 5 de dezembro, em Valinhos Inscrições na Secretaria: Tel.: 80-4850 organizados pelo setor de Santos

24 a 26 de setembro, em Barueri D. Lucas Moreira Neves 5 a 7 de novembro, em Barueri Informações com o casal Dacília e Raul Rocha do Amaral, rua Castro Alves, 14 - SANTOS (SP) - Tel.: 4-1325 organizados pelo setor de São José dos Campos

19 a 21 de novembro, em S. José dos Campos Informações com o casal Ma. Antonieta e Luiz Gonzaça Rios, rua H-19-A, n. 0 101 - C.T.A. - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP) - Tel.: 3212 - r /398. organizados pelo setor de Marília

14 e 15 de agôsto -

Pe. Oscar Melanson

Informações com o casal Diva e Venício Aurélio Onofre, rua Marquês de São Vicente, n. 0 238- MARíLIA (SP) - Tel.: 3629. -32-


ORAÇÃO PARA A PRóXIMA REUNIÃO

TEXTO DE MEDITAÇAO

Enquanto na Beatíssima Virgem a Igreja já atingiu a perfeição pela qual existe sem mácula e sem ruga, os cristãos ainda se esforçam para crescer em santidade, vencendo o pecado. Por isso elevam seus olhos a Maria que refulge para tôda a comunidade dos eleitos como exemplo de virtude e materno afeto do qual devem estar animados todos os que cooperam na missão apostólica da Igreja para a regeneração dos homens. (Lumen Gentium, n .0 65) Enquanto êle assim falava, uma mulher levantou a voz do meio do povo e lhe disse: "Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos que te amamentaram! ". Mas Jesus respondeu: "Antes bem-aventurados aquêles que ouvem a Palavra de Deus e a observam!" (Luc. 11, 27-28)

ORAÇAO LITúRGICA

ó Virgem, Mãe de Deus e Mãe dos homens, que com vossas preces assististes às primícias da Igreja, que fôstes exaltada no céu sôbre todos os bem-aventurados e [anjos, na Comunhão de todos os Santos, dignai-vos interceder junto ao Vosso Filho, até que tôdas as famílias dos povos, tanto as que estão ornadas com o nome de cristão como as que ainda ignoram o seu Salvador, sejam felizmente congregadas na paz e concórdia, num único Povo de Deus, para a glória da Santíssima e indivisa Trindade. AMÉM (adaptado de Lumen Gentium, n .0 69)


EQUIPES NOTRE DAME 49 Rue de la Glaciêre Paris XIII EQUIPES DE NOSSA SENHORA Rua Dr. Renato Paes de Barros, 33 - ZP 5 - Tel.: 80-4850 04530 - São Paulo, SP


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