ENS - Carta Mensal 1970-2 - Abril

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1970

abril

EDITORIAL Espiritualidade Conjugal Responsabilidade Recíproca O Valor da Partilha .. ... . . . .. . Educação .. . ... . .. .. ..... . .. . . A fé de nossos filhos adolescentes Reflexões sôbre a Família-li Características da família Cristã Os meios de Comunicação A Televisão, a Telenovela, O Beto Rockefeller e o Super-Plã Como vai o Setor de Jundiaí Oração para a próxima Reunião

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SUPLEMENTO A E.C .I.R. se Apresenta Falam lnah e Paulo Deus chamou a si . . . . . . . . . . Novas Equipes em Formação Equipes Admitidas . . . . . . . . . . . Notfciru: dos Setores . . . . . . . . . A Bronca do Cônego encerrou a Assembléia . . . . . . . . . . . . . Balancete da Secretaria . . . . . Noticias da Igreja . . . . . . . . . . O Celibato Retiros para 1970 . . . . . . . . . . . .

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Revisão, Publicação e Distribuição pela Secretaria da; Equipes de Nossa Senhora no Brasil. Rua Dr. Renato Paes de Barros, 33 - ZP 5 - Te!.: 80-4850 SÃO PAULO (CAP.)

- direitos reservados sàmente para distribuição interna


EDITORI AL

Caros amigos Dentro de um mês, de 1 a 6 de maio, a peregrinação das Equipes de Nossa Senhora a Roma. Gostaríamos que vocês se compenetrassem do que está aí escrito. Trata-se de uma peregrinação das Equipes de Nossa Senhora e não, apenas, dos dois a três mil casais que se acham inscritos e que estarão pessoalmente presentes no centro da cristan-dade. Nesse número, um grupo de brasileiros, que serão os representantes das Equipes de nosso país. - -O --

Em 1959, também no mês de maio, houve uma primeira peregrinação das Equipes a Roma. Três casais daqui foram designados como delegados das equipes do Brasil, ainda em número relativamente pequeno. Na véspera do embarque, reunião de despedida. Mais do que um encontro social, foi uma cerimônia tocante e significativa. Todos os presentes, de pé ao redor dos três casais, com o braço e mão estendidos em direção aos que partiam, faziam eco às orações que eram pronunciadas pelo Revmo. Pe. Corbeil, então Conselheiro Espiritual da Equipe de direção. Os trrês casais eram os "enviados" das Equipes do Brasil, e. naquele momento eram investidos de uma missão: a de serem os portadores da alma coletiva dos equipistas brasileiros em Roma. • Confundidos entre os mil casais que participaram daquela peregrinação, não eram entretanto anônimos. Seja nas seculares basílicas de Roma, seja nas catacumbas, derradeira morada terrena dos primeiros mártires, seja ria audiência solene do representante de Cristo na terra - então o Papa João XXIII - em tôda a parte, o distintivo na lapela indicava a todos que se tratava, não do casal A, B ou C, mas das Equipes do Brasil. -

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Uma peregrinação é uma síntese. É um resumo de nossa vida. A marcha dos peregrinos em direção a um santuário é a representação de nossa marcha para Deus. Os equipistas também estão em marcha. Todos os equipistas do mundo, numa admirável comunhão de almas, unidos pelo mesmo idea1 de aprofundamento cristão, resolveram congregar esforços para viver com grandeza esta caminhada , entreajudando-se uns aos outros a vencer os tropeços do caii1inho. -1-


A peregrinação a Roma é uma síntese desta caminhada. São todos os equipislas que estarão em marcha, espirilualmenle unidos aos que são os seus enviados. Mas, enquanto uns poucos estarão dentro de alguns dias na Cidade Eterna, é preciso que a nossa união com êles se concretize de alguma forma. nião de orações, antes de ludo. Mas também, sempre que possível, reproduzindo aqui em ponto pequeno, por meio de peregrinações locais, a grande peregrinação a Roma. Maio, m ês da nossa peregrinação. Tôda a fraternal amizade da ECIR

ESPIRITUALIDADE CONJUGAL

Responsabilidade Recíproca Al guns casais compreendem perfeitamente que o sacramento do matrimônio não é um alo isolado na vida, mas sim o penhor duma presença ativa do Cristo no seu lar ao longo de todos o dias. Outros, sensíveis a um aspecto diferente: que o sacramento do matrimônio implica que marido e mulher são responsáveis reciprocamente um pelo outro num contexto de amor. Esta responsabilidade engloba lodo o ser e, no ser, principalmente o que nêle existe de mais precioso: a sua vida cristã. Cada um é responsável pela santidade do outro. Nesle sentido merecem especial destaque os seguintes depoimen los de equipislas: "Tomamos contato com as E.N.S. quando Ja linhamo 13 anos de casados. É claro que não esperamos 1:3 anos para rezar em comum e tentar viver cristãmenle em casal. No entanto, nas Equipes descobrimos de nôvo o sacramento do matrimônio e principalmente que cada um de nós tinha de tomar o outro a seu cargo. Estamos um pouco assustados com a idéia de que cada um de nós é responsável pelo aumento de espirilualidade do outro. O estudo dos temas permitiu certamente que déssemos uma outra dimensão ao nosso matrimônio fazendo-nos compreender que êste era um meio providencial para promover a nos a união a Deus".

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"Casados há mais de 20 anos, parece-nos que o que constituiu para nós a maior revelação foi descobrir de nôvo, graças aos Lemas de estudo, as riquezas próprias do sacramen Lo do matrimônio, o falo de que a nossa vocação de cristãos casados nos compromete um perante o oulro e perante Cristo; e, por consequência, que Cristo está presente na nossa vida diária, que opera através das nossas ações, dos nossos pensamentos, dos nossos esflorços, em tôda a nossa vida de casal. Tudo vem de Deus e deseja voltar para ~le através da sua graça. É algo de extraordinário esla pequenina parte que o homem tenta tomar, dia após dia, no trabalho do Senhor, na sua vida e na do seu marido (ou de sua mulher). O Padre Caffarel, por sua vez, pôs em relêvo as exigências desta responsabilidade mútua entre marido e mulher na sua couferência sôbre o Mandamento Nôvo. "Como não haveis de sentir o grande desejo de promover o pleno desabrochamento dêste ser cujas quaLidades e valor exclusivo haveis entrevisto assim. como aquilo que é em potência e tôdas as suas possibilidades de bem e de felicidade? Ao contrário do que normalmente se pensa, estou convencido que, para um coração bem nascido o primeiro movimento de amor para com o outro - se êsse amor se fundamenta na descoberta do eu profundo dêsse oulro - é de pura homenagem, de oferecimento de si mesmo, de vontade ardente e desinteressada de contribuir para o desabrochamento do oulro. Tenho a certeza de que já o experimentastes. É verdade que um segundo movimento, êsse interessado, surge quase simultâneamenle, porque vos parece que o amor dêsse outro ser vos resel'va alegria e proveito para vós mesmos. Então Lodo o problema se resume em saber se deveis deixar passar o bem dêle à frente do seu ou o seu à frente do dêle - e, nesle úllimo caso, o amor verdadeiro durou apenas o "espaço de uma manhã". O desejo do bem do outro é a alma de Lodo o verdadeiro amor. Exige que domeis o velho instinto de reivindicação e de açambarcamento, e que isso se traduza diàriamen Le n.os seus a tos. Por vêzes o querer o bem ao ser amado exige que se lhe recuse o que resullaria em prejuízo da sua alegria maior. Nem sempre é fácil. Há momentos em que amar é aceitar fazer sofrer.

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Mas para os filhos de Deus, não se trata apenas de promover o bem e a felicidade humana do outro, os dois sabem que são e querem ser responsáveis por aquêle que amam no que se refere ao seu crescimento na graça do Senhor. O acesso do outro a uma intimidade cada vez maior com Cristo é a ambição mais querida de cada um. Oh! é possível que se sinta de vez em quando um pequeno apêtto no coração ao ver crescer sôbre o outro o poder de Cristo, mas sabemos bem que Deus não confisca os corações que se lhe entregam. Tomarem-se mutuamente a cargo, responsabilizarem-se pelo pleno desabrochar um do outro, implica em troca, que cada um queira conhecer que precisa do outro. É claro que é fácil recorrer a êsse outro quando se trata de serviços banais e de satisfações superficiais, mas aceitar que se necessita do seu auxílio em profundidade, confiar-lhe as misérias, fraquezas, ignorâncias, para que vos possa ajudar, é muito menos fácil. Isso não impede que seja uma exigência imprescritível do amor. E, aliás, provàvelmente já repararam, que muitas vêzes a melhor forma de promover o progresso moral dum ser é precisar dêle e estimular o seu amor e a sua generosidade apelando para êles. O cristão contará com a ajuda do marido (mulher) no esfôrço para se libertar dos comportamentos e dos sentimentos do "homem velho" e adquirir sentimentos e comportamentos dum verdadeiro filho de Deus. Não se trata, é claro, de esperar que o outro seja um diretor espiritual no sentido estrito da palavra; mas se não tem os poderes do padre, tem outros e êsses servem precisamente para ajudar o companheiro de vida a crescer na caridade. Com certeza que há alguns entre vós que tiveram grande alegria ao constatar que o hábito de recorrer humildemente à ajuda espiritual do cônjuge de ll1e pedir auxílio, amparo, entusiasmo, foi afinal o melhor meio de ajudar também a êle no seu progresso espiritual. Porque sentiu bem que para não desiludir a confiança posta nêle, tinha de estar cada . vez mais unido a Deus." 4


O VILOR DD PARTILHA Muitos casais equipislas curvam a espinha e parecem mesmo estar carregando um fardo pesado demais quando durante a reu .. nião mensal é chegado o momento da PARTILHA. Nesta allura nota-se que há uma transformação na reunião. O ambiente que até parecia leve e Lranquilo, se torna, subitamente, maçante. É preciso participar aos demais casais qual o comportamento que tivemos diante das, antigamente chamadas, "obrigações" atualmente ditas "meios de aperfeiçoamento". Realmente, somos forçados a reconhecet' que a palavra "obrigação" tomada em si mesma , parecia opor-se às alegres iniciativas do amor. Além disso a nossa mentalidade atual está mais à vontade quando se fala de tomar a cargo, autonomia, responsabil idade ... do que quando se acena com uma lista de compromissos. São •Paulo, aliás, não teve frases chocantes que opõem o amor à lei? Eis algumas: "Se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei" (Gál. 5,18); "já não estais sob a lei, mas sob a graça" (Rom. (),14); "Onde há o Espírito do Senhor, aí há liberdade" (2 Cor. 3, 17). O que significam então as obrigações do nosso Movimento? Não nos farão elas voltar à escravatura .de que Cristo nos libertou'? É o que um Assistente de Setor Lenta esclarecer, mostrando o sentido e a razão de ser de uma lei geral e de uma regra de vida. Para tanto utiliza-se de duas imagens bíblicas:

--.- A imagem de Deus -

Oleiro

Trata-se da segunda narrativa da criação: "O Senhor Deus formou o homem do barro da terra e insuflou no seu rosto um sôpro de vida, e o homem tornou-se alma vivente" (Gên. 27). O autor inspirado não quer dizer-nos que, para criar o homem, Deus pegou em barro. . . Não, êlc linha visto um oleiro trabalhar o barro com amor até realizar a idéia que tinha em ~i. Fêz uma leitura espiritual do acontecimento, se assim se pode dizer, e compreendeu nesse dia que é Deus que tem a iniciativa, uma iniciativa de amor, e que a criação do homem corresponde a um plano de Deus: o homem criado por amor e cuja felicidade e realização plena serão viver do an1or e vir perder-se no amor.

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A imagem do atleta A segunda imagem é a do atleta; encontramola em São Paulo (Fil. 3,12-16). "Prossigo para ver se de algum modo o poderei apreender, eu que fui apreendido por Jesus Cristo ... Esquecendo-me do que fica para trás, e avançando para as coisas que me estão diante, prossigo para a meta, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Jesus Cristo". Esta segunda imagem mostra-nos a atividade do homem que tende pam um fim que quer realizar. Para se estar na verdade, não se devem opor as duas imagens, mas sim uni-las. Assim, poder-se-á afirmar: - Deus tem a iniciativa, é :Ele que se apodera de nós, que propõe, que chama e acarinha um projeto de amor para nós: é a imagem do oleiro. O fato de sermos chamados nos concede o poder de responder, de aceitar o que Deus nos propõe: é a imagem do atleta e dos esforços que faz em relação ao fim que quer alingir. Para mais, o atleta não corre de qualquer maneira: pretendendo atingir o fim, aceita o treino e a lei dura da corrida para poder assim correr melhor c não se desviar do fim. E prossegue: O plano de Deus sôbre nós, cristãos casados

Para nós que estamos na situação de cristãos casados o que representa tudo isto? Deus chama-nos para que realizemos o seu projeto de amor para conosco, dentro do matrimônio: caminhamos a dois, marido e mulher, para um amor humano, cada vez mais verdadeiro, para um amor cada vez mais semelhante ao de Deus. Para nortear a nossa caminhada, para que seja a mais reta possível, Deus propõe-nos meios. Os meios de aperfeiçoamento das E.N.S. não têm outro sentido senão o de virar o nosso olhar para o fim que temos de atingir, para Deus-amor. Aceitarei deixar que Deus me pegue com a sua mão para me conduzir, através das obrigações em direção ao que há de melhor para mih1, para mim, para nós dois? Aceitarei eu estes convites para amar melhor? Porque, afinal, os meios de aperf,eiçoamento existem

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apenas para libertar em nós o amor, para tornar livre e revelar o amor. Se a expressão meios de aperfeiçoamento nos incomoda, chamemo-la "convites ao amor" ou "caminhos do amor" Os meios de aperfeiçoamento são um pedagogo do amor O que é um pedagogo? É alguém que ajuda a crescer, a transformar. Os meios de aperfeiçoamento ajudam-nos a crescer no amor. Põem-nos a caminhar, encaminham os nossos passos para um amor cada vez mais verdadeiro, para o Amor. De início, são "obrigações" na medida em que nos constrangem, em que são exteriores a nós; no entanto aceitamo-las porque são a ajuda que Deus nos propõe para colaborarmos no seu plano de amor sôbrc nós. Os meios de aperfeiçoamento fazem com que vivamos adiante de nós próprios, puxam-nos para a frente; através delas Deus diz-nos: "Tor11ai-vos naquilo que realmente sois, um filho e uma filha de Deus, unidos no meu amor, para a minha glória, que é a vossa felicidade. Quando o pedagogo se torna inútil Alinge-se o ponto final a partir do momento em que os meios de aperfeiçoamento, como "obrigações", se tornaram inúteis. Com efeito, se formos fiéis aos meios de aperfeiçoamento, pouco a pouco deixamos de os ver apenas como o meio de realizar um verdadeiro amor e tornam-se para nós a expressão espontânea do nosso amor. Isto significa que o dinamismo do nosso amor se exprime então livremente através do que, anteriormente, era obrigatório e nos magoava por sê-lo. É esta a ambição de qualquer pedagogo: tornar-se inútil, porque aquêle que lhes estava confiado já está "educado", isto é, "conduzido para fora de" sua infância. Nessa altura devemos deixar de con8iderar os meios de aperfeiçoamento exteriores a nós mesmos mas sim admiti-los integrados no dinamismo do amor; numa palavra estaremos vivendo a alegre liberdade do amor. Temos a sensação de obedecer, não já a mandamentos ou imperativos exteriores, ma·s sim a exigências interiores c pessoais. Foi isto o que se passou com Jesus Cristo, perfeitamente submisso ao Pai ao longo de tôda a sua vida; a sua obediência amorosa casa-se inteiramente com a vontade do Pai para livremente a tornar a su:1 própria vontade. Quem foi mais livre que Jesus Cristo? Foi no entanto ~leque disse: "O meu alimento é fazer a vontade de meu Pai".

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EDVCAÇÃ O

A fé de nossos filhos adolescentes Nossos filhos adolescentes são desconcertantes. Gostaríamos que tivessem convicção e fé , tal como a temos . mas esbarramos no inabalável desejo de liberdade de consciência que êles têm. As vêzes parece-nos que tudo está perdido, pois ignoramos as rendas invisíveis da graça. O que fazer ou o que não fazer? No lex to que segue, uma mãe descobre porque seu filho mais velho abandonou tôda prática religiosa: "Apesar de procurarmos viver com nossos filhos na intimidade de Deus nosso Pai, comunicando a êles aquilo que acredilamos susceptível de os ajudar no domínio dessa fé que queríamos ardente, fomos inteiramente impotentes face ao desejo dêles de liberdade. Xão nos resta senão olhar em direção a Deus e reconhecer o maravilhoso respeito que Ele tem pela liberdade do homem. E meu marido e eu, como agimos com nossos filhos? Será que não procuramos forçá-los , irritá-los e dar-lhes sen Limenlos de culpa, quando deixam de marchar como queríamos que marchassem , no caminho que nós preparamos para êles e que não é o que êles desejam'? Procuramos remover todos os obstáculos, para que êles não se machuquem, sobretudo aquêles em que nós nos machucamos, sem mesmo refletir que é talvez por causa desses obstáculos que nós viemos a progredi!', até afinal consentir em colocar nossas mãos nas de Deus e a nos deixar guiar. As dificuldades que nós dois temos para nos entendermos com nossos filhos, advêm do falo de sermos muito autoritários. Xós os queremos dependentes de "nossas verdades" , daquilo que entendemos serem "os verdadeiros valores". Temos a lamentável tendência de aplicar a êles nossa própria experiência, mas isso não os alcança, não lhes concerne. Tomei consciência disso êste ano, quando ' aos pés de Nossa

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Senhora, pedia conselhos com relação ao meu filho mais velho, que há meses, abandonou tôda prática religiosa. A fé depende da vida; se sua fé está transtornada é porque sua vida o foi também: há seis meses está sendo desencaminhado por um namôro com uma jovem que não é religiosa, e ainda por cima está absorvido pelo ambiente da Faculdade que cursa. Agora, compreendo que a fé de meu filho, que já era vacilante devido ao nosso comportamento, sofreu um duro golpe êste ano .. . " Também nós seremos muito autoritários com relação aos nossos filhos, como afi:pna êsse testemunho ? Pode ser, mas o pior é se o formos desajeitadamente. Não seria o caso de, ao menos até o fim da adolescência, deixar nossos filhos inteiramente entregues a si mesmos. Temos uma responsabilidade fundamental para com êles; nós demos a êles a vida natural, há outras vidas para as quais devemos despertá-las progressivamente: estética, moral, intelectual e religiosa. Nfto se trata certamente de caminhar no lugar dêles, de impedi-los de adquirir sua própria expepor êles; aliás, isso seria impossíveL riência, de escolher e decidir / Mas é nosso papel indicar a êles a direção que nos parece a me~ lhor. Não uma só vez definitivamente, mas no correr do tempo. Pelo nosso comportamento, mais do que por nossa~ palavras. Sem esquecer de confiá-las ao Senhor que os ama mais do que nós mesmos (acreditamos bastante nisso?). Depois, apesar de tôdas aparências em contrário, confiar em Deus, que não cessa, há no íntimo dêles mesmos, de solicitar sua frágil mas irredutível liberdade.

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REFLEXÕES SÔBRE A FAlVIíLIA -

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CARACTERíSTICAS DA FAMÍLIA CRISTA A v1vencia dêstes t1·ês fundamentos do matrimônio cristão (o sacramen to, a inserção na Igreja e a inserção no mundo) , farão da família aquilo que o Concilio chama "Igreja doméstica" , pois que realiza em ponto pequeno tudo aquilo que constitui a própria Igreja. Ela será em primeiro lugar uma comunidade de fé , não no sentido de aceitação intelectual de verdades, mas no sentido de adesão total e vivencial a Cdso. Cada um procmando ser Cristo para o outro: o marido para a espôsa, a espôsa para o marido, ambos para os filhos , os filhos para os pais. Comunidade: trabalho conjunto, uns ajudando os ou tros para a consecução do objetivo comum, num modo de pensar unânime (se bem que não uniforme, o que não é possível nem exigível) e num só coração. Será em seguida uma comunidade de oração. Oração que será a própria atitude de vida em relação ao Pai, será a presença contínua de Deus no lar e a consciência desta presença, pois onde há amor, ai está Deus que é o próprio Amor. Como a Igreja, também a família será um contínuo dar glória a Deus no reconhecimento humilde de Sua grandeza e na entrega· confiante: louvor, agradecimento, c não só com palavras, mas sobretudo com as ações, o modo de agir. Será por fim, nem há necessidade de dizê-lo, comunidade de amor, como a Igreja, pois que é esta a própria essência do matrimônio, também como sacramento: o esquecimento de si, para se doar ao outro de modo completo. Como a Igreja, que é o prolongamento de Cristo, êsle Cristo que é o amor de Deus encarnado. Por isso dissemos que onde há amor, aí está Deus. E a família cristã se constrói sôhre êste alicerce sólido do verdadeiro amor, e nunca sôbre as areias movediças das paixões ou das ilusões. Quando falamos da inserção da família no mundo, já fa lamos também do desdobramento dêste amor que por sua mesma natureza não pode dehar de se manifestar. Por isto, a vivência dos fundamento s do matrimônio leva necessàriamente a família a .;;e abrir para o apostolado: mas é a família como tal (e não os indivíduos isoladamente) que irá testemunhar, com a vida e não com ~s palavras, irá irradiar o amor que nela existe, islo é, Deus. J á

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SUPLEMENTO à Carta Mensal

das Equipes

N os~a

de

Senhora

ABRIL 1970

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A E.C.I.R. SE APRESENTA

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P essoal, vamos nos apresentar: I nah e Paulo Alex de Sousa Brasileiros, casados . .. (óbvio ) , Casal Secretário da ECIR. Casados há 2 1 anos. JV! as, não somos muito velhos . .. Completamos em 1969, 10 anos bem vividos conto Equipistas. Nossos filhos são dois: Evandro, 19 anos, cursando o 3.° Ciclo Operacional da Faculdade de Engenharia Industrial da PUC e Débora, 16 anos, entrando fir·me no 2.° Colegial do Colégio Asstmção. No fim de 1959, filhos pequenos, ~»wrando em reduzido apartamento refugiávamo-nos, todos os domingos, nwm pequeno clube, às margens da reprêsa Bilh'ngs, onde, ao lado do divertimento das crianças, nós mesmos nos juntáva·mos a outros casais e amigos para conversas animadas, prática de um pou.co de esportes e descanso à sombra de árvores acolhedoras. Um dia surge o assmtto ... Mm-ia Aparecida e Sérgio Braga estão fazendo parte de um1 grupo de (asais que se rewne11~ mensalmente ora na casa de um, ora tz.a casa de outro, formando um circulo familiar que pertence ao Movi·mento das ENS . . . . "E vocês precisam participar das ,-eum:ões. São formidáveis. EstuJda.mos o casamento à luz do L' ;.;tianismo, falamos a respeito de nossos filhos, vamos nos aprofun dando no que deve ser a família cristã. E rezamos juntos, às vêzes .. . Agora vamos terminar o ciclo de reuniões e formaremos unz.a Equipe de Nossa Se?'thom". E lá fomos os dois: não muito entusiasmados, pois já íanws à missa domútical, fazíamos nossa Pá.Sjcoa, confessávamos e comungávamos . . . periàdicamvente . Para que mais? Be·m, não custava nada ver ·de perto . O entusiasmo do Casal Braga era grattde. A aventura, pois f -

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Primeira reumao. Apresentação. Natural inibição. Uns mais falantes, mdros mais calados. Assunto agradável, fora da rotina das reuniões sociais. Orações comunitárias dando u1na dimensão nova, tudo agradando logo de início, embora inusitado. É distribuído um questionário para resposta escrita, marcada nova reunião para o mês seguinte e. . . estamos nós integrados no Movimento. Nôvo encontro. Dismtem-se as respostas ao questionário ... e é lançada a Eqt,ipe de N assa Senhora Au.xiliadora, n. 0 27, pertencente ao antigo Setor "B" da Capital. Recebemos os Estatutos. Fala-se em obr·igações, orações, "mis-en-comtm", dever de sentar-se, 1neditações diárias, míst~a das Equipes, "l'anneau d' or", espiritualidade conjugal e familiar. . . Um Deus nos acuda de misteriosas designações e cabalísticas definições ... Inah, contadora formada pelo Mackenzie, de há ·muito abandonara o exerdcio de sua profissão fora de casa, às voltas com a economia do· méstica, fazendo malabarismos para que a receita sttprisse o provimento da casa. Crianças, roupas, alimentos, contas. Paulo, também f:Ontador pelo Mackenzie, meio tJe teilmoso atirara-se na aventura de cursar Direito na Facttldade do Largo de São Francisco. Quatro anos tinham' se passado. Trabalho, $tudo, estudo, trabalho. Contudo, a vida espiritual ... na "baixa". Dificuldades de maior entendimento, embora superficiais; divergências na orientação educacional dos filhos, embora de pouca monta; dissintonia nos entretenimentos; ... falta de tempo para tudo. Bem, ... as rewniões da Equipe são muito boas .. . vamos fazer um sacrifí.cio . .. A resposta por escrito não atrapalha tanto assim e o encontro com os outros casais vai se tornando bastante desejado . . . . O tempo vai aparecendo. . . o entretenimento vai sendo harmonizado. . . as divergências educacio11ais lentamente vão dimrinuindo . .. o enten&imento entre o casal está se tornando mais fácil . .. Bolas, será fruto da Equipe? ... É sim. Cristo está mais presente. A oração é mais frequente. Os frutos colhidos se multiplicam. O Cônego Caffarel (naquele tempo era apenas Padre Caffarel) vem ao Brasil. Vai haver encontro dos equipistas co1~~ êle no "Des Oiseaux" e Sessão de For"mação de 1. 0 grau, em que êle estará presente. Quatro dias de alegre convívio çom irmãos equipistas inclusive da Frat1ça. Rápidas e "enroladas" palavras com o Côn. Caffarel, êle falando francês da França e nós .. . francês das "arábias". A mímica, porém, ajuda muito . .. Nós, os principiantes, no meio dos "grandes": os Moncatt, os Azevedo, os Payão, os Duchêne, os Cintra, os Homem ... e outros .. . e outros. Até parecíamos "gente". Essa Sessão de F armação deixou bem marcada em nós a Mística e a Disciplina do Movimento. O entusiasmo redobrou e a adesão da mente e da vontade foi a consequência natutYal do conhe~imento mais profundo. Os filhos crescendo, os estudos apertando, a luta pela vida aitula mais complexa . .. BarbarUiade . ..

II-


Um dia, apareçe o Casal Varella. ''Bom, vocês pod'eriam fazer algumas ligações ... não é muito trabalho .. . o setor está precisando de casais. . . vocês já estão bem entrosados na l.!.quipe. . . Aqui estão as pastas, o M anuat do Casal de Ligação. . . bom trabalho . .. '' N assa Senhora Auxiliadora deve ter respondido por nós, pois, qu(jndo demos pela coisa. . . estávaJmos ligando duas Equipes. Ano de 1960, fim do Curso de Bacharelado, início de nova atividade do Paulo no Centro de Medicina Nuclear, da Universidade de São 1-'awlo . .. onde está até hoje, às voltas com ptanejanumtos, orçamventos, setor econômico-financeiro . .. ParalelMnente, um pou_co de ad;vocacia .. .. para en"her o tempo.

1nah desgastando-se no " malabarismo" de equilibrar a receita e a despesa caseira. O Movimento, corn sua fô-rça de expansüo vai modificando seus setores e regiões e ampliando seus quadros . .Nossos atividades de Casal de Ligação do antigo ~etor "13", passa a ser exerctdo no navo Setor" lJ , sob as ordens do incansável Casal Zanf. De entremeio a isso, um~ trabalho agradá-pel, embora espinhoso, como Casal Secretário do SEDENS- Secretariado de lJ-ifusão das Hquipes d1e Nossa Senhora. Os Cír1culos Familiares estão se desenvolvendo, tLecessitando de Casais Dirigmtes. O Casal N aclério H amem, com seu. dinamismo ·ím,par forma um Cíuulo e nos convtda a aingí-to. Daí, para a pilotagem de uma bquipe nova, s•wgida do Círculo . .. não houve nem pulo . .. foi um passo apenas. Casal Pilôto... q~~e granaie experiê~~cia. Como nos lembramos com carinho de nossos próprios pilotos -lvlaria Rosa e Mário- q>w tao eFnentemente !!OS encammiLaram no 1'v1ovimento . .)eu exemplo, sua esp·iritualidade, sua httmamdade nos encorajaram nesse trabalho. b como nos enrique cetnos espiritualmente. Como somos aqradecidos a Deus e aos novos eqwtptstas pelo m ·uito que recebemos do gntJpo de casais q-ue - iniciando-se no 1Vl ovimento - despertou em nos a twcessidade de doação, a necessidade de transnvitir aos outros tôdas as graças que recebe~nos de Cristo. 1

Tendo saído de nosso pequeno aparta.mento, d-epois de 14 anos, mudamo-nos para uma casa nas proximiJdades. Dentro em breve, vimonos forçados a entregar a casa ao senhorio. Correnas, preocupações, os innaos equipistas nos ajudando ... e ... por fim ... nova mudança para bem mais longe. Livres porém, de aluguéis, e aU4nentos, e despejos. O auxílio mrútuo, nesse episódio, esteve presente como nunca. Não só qta preocupação d'a nossa Equipe, como na colaboração efetiva da Equipe que havíamos pilotado, que só se acomodou quando nosso problema foi resolvido por um dos seus casais.

O Movimento das ENS nüo esmorece. Seu crescimento continua, embora às vêzes alguns desanimem e outros de desinteressem. Em contra partida, mfuitos se entusiasmMnl e todos se esforçam cada vez mais na escalada para o Cristo. - III-


A vida da família, nesses anos todos, vat se tornanido ·mais fácil. A compreensão entre os conjuges é cada vez ·maior; o entendimento dos filhos se acentua. Enquanto o espôso encontra todo o apôio da "r:ara metade" n~ baixa financeira sofrida, nas tristezas pela perda de sua genitora, os filhos se esforçam nos estucios e na formação, crescendo aos olhos dos homens e aos olhos de Deus. Na dinâmica das ENS e na sua constante re;wvação é necessária a 'movimentação de seus quadros e a responsabilidade do Setor "C" cai M}~ nossos ombros. Muita luta, n~uito esfôrço, muitas orações ... comegzút~do-se o mínimo . .. Nos memoráveis dias de reunido de Responsáveis Regionais e Responsáveis de Setor, com a presença do casal Françoise e Jacques Laplum'<t e Pe. Roger Tandonnet trazendo da França e do C.D.J., a profundidade e a proficiência de nosso lVI ovimento, eis-nos designados Casal Se:e1·etário da ECIR. Entretanto, as graças de Deus a nos cumular de alegrias com o ténu!Íno do Curso Ginasial pela Débora e a vitória do Evandro no vestibular, conseguindo classificação para a FEl. Filhos "prá frente ", "bacanas". Não tão "prá frente" que nã·o deixem de se inflamar, participar e alegrar com o trabalho dos •· velhos", embora as saídas sejarn frequentes. Aceitam com nat~tralidad1e essa movime~ttação e sabem. apoiar quando necessário. Muitas alegrias com a nossa Equipe, que, passarulo por altos e baixos, vai l!üando incansável na integração cada vez m~ior de seus r:asais, os que continu{l!Jt~ desde o princípio e os que foram recebidos de braços abertos posteriormente. Muitas alegrias pelo apostolado entre casais, trabalhando no Movhnento para que novos casais nêle se incluam, recebendo em troca seus testemrunhos de vida cristã, consolidamdo nossa fé e sedimentando nosso amor a Deus e ao próxi1no. Alegria, enfim, sem limites por atender ao chamado do Cristo nessa tarefa que os equipistas nos confiaram de parti,ciparwws da direção do Movimento no Brasil. Apesar de limitados em nossa capacidadle, aceitamos o encargoJ confiados na intercessão de N assa Senhora e na nossa vontade de crescer espirituahnente. Nosso amor pelo Movim'<tnto é imenso e é inesgotável a vontade de trabalhar por êle, para que aumente seu campo de ação, se estendendo a um número cada vez maior de casais, p1·oporcionando-lhes uma espiritualidade conjugal e familiar em Cristo.

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DEUS CHAMOU A SI Recebemos uma carta do Casal Responsável do Setor de Ribeirão Prêto, a qual transcrevemos na íntegra: "Cumprimos o doloroso dever de informar o falecimento, n 18 de janeiro p.p., de José HenrÍ(JUe de Souza, da equipe 9 de Ribeirão Prêto. Deixa duas filhas, Adriana (3 anos) e Renata (8 meses). Juntamente com a espôsa , Maria Cristina, José Henrique formava o Casal Responsável pelos Cursos de Preparação para o Casamento em IR)beirão Prêto, como representante das ENS. Por sua alma, e por aquêles que ficaram, pedimos as orações de todos os equipistas. Nosso grande abraço fraterno Ass.: Eliana e Luiz Castilho C.R. de Setor

NOVAS EQUIPES EM FORMAÇÃO EQUIPES ADMITIDAS NOTÍCIAS DOS SETORES Ainda não temos nada a comunicar. Yamos repetir os pedidos do último número. Pedimos que os responsáveis de equipe nos comuniquem diretamente a saída ou admissão de casal na equipe e a mudança de enderêço de qualquer membro. As mesmas notícias transmitidas através do relatório mensal, não chegam até à Secretaria, pois êsses relatórios têm outro fim e outra tramitação. Pedimos igualmente que os Responsáveis de Setor ou Coordenação, comuniquem à Secretaria imediatamente o início de pilotagem de uma equipe e qualquer modificação administrativa ocorrida no Setor ou Coordenação. Também aqui podemos dizer que essas notícias, transmitidas através de relatório aos Regionais, não chegam à Secretaria, porque têm outro fim e outra tramitação. Pedimos ainda, que nos enviem um exemplar de tôdas as suas :futuras publicações: avisos, circulares, impressos para dias de estudo e retiro, e três cópias de seu jornalzinho. As despesas com a correspondência aumentarão, mas é possível que uma dessas sementes frutifique e então colheremos na proporção de cem para um, como prometido por Jesus em uma de sua•, parábolas.

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A BRONCA DO CôNEGO ENCERROU A ASSEMBLÉIA Dizem que a "bronca" é uma instituição nacionaL livre c gratuita. Embora sejam outros os métodos usados pelos equi · pistas, devemos reconhecer que, em alguns casos, o melhor re médio ainda é a "bronca" bem à moda brasileira. Para discutir o balanço do último fim de ano, um Setor da~ ENS r euniu uma Assembléia Geral. Houve grande comparecimento, foram tomadas importantes decisões. Antes de ser encerrada a Assembléia, falou o Cônego, Conselheiro Espiritual do Setor. Suas palavras, infelizm ente ou felizmente, não puderaw ser gravadas, como o fôra o restante da reunião. Depois de chamar a atenção para alguns pontos fundamentais do Movimento, teria encerrado sua alocução com as seguintes pab:tvras: "Estreitamente ligado à Hierarquia, nosso Movimento é de AMOFUNDAMENTO ESPIRITUAL, o que significa movimento de ESTUDO, de MEDITAÇÃO e de ORAÇÃO. Alguns resultados das atividades do ano demons tram uma espantosa preguiça meutal de muitos casais, um chocante desinterêsse por programas de estudo. Provàvelmente a causa reside em outras solicitaçõe5. outros compromissos. Neste caso os casais devem optar. Repetimos, devem O P T A R . Aquêles que pretendem permanecer no Movimento, devem aceitar as regras do jôgo. E as regras do jôgo - Estatutos e o que dêles decone - não são para brincadeiras. Ninguém é obrigado a ingressar nas Equipes ou nelas permanecer. A permanência nas Equipes de casais desinteressados, ou interessados sàmente na parte "alegre" do Movimento, contribui apenas para sua DESiMORALIZAÇÃO. A partir do presente momento, as equipes que teimarem em IGNORAR as obrigações, q;ue insistirem apenas nos jantares - reuniões p uraramente sociais, deverão SAIR do Movimento. Caso não saiam espontaneamente, serão simplesmente DISSOLVIDAS, sem maiores explicações". Parabéns ao Cônego por sua sinceridade. Acreditamos que a coisa não ficará só em palavras, como é de costume nas " broncas" à moda brasileira. VI


BALANCETE DA SECRETARIA Fevereiro de 1970

RECEITA: Contribuições .................. . Para Peregrinação a Roma .. .. .. . Venda de Impressos e Livros ..... . Doação Departamento de Retiros

NCr$ 7 ..234,25 300,00 384,80 300,00

NCr$

8 .219,05 1.437,94

Saldo credor bancário em 31 / 1/ 70

9.656,9D DESPESAS: Salários ................... . .... . Aluguel .................. . ..... . Telefone ....................... . Luz ........................... · Assinatura de Jornais e Revistas . . . Tipografia e papelaria ... .. ...... . Correio, condução ....... . . . ... . . . Material de limpeza .............. .

1.430,20 500,00 22,31

13,80 15,00 250,69 173,80 15,73 2.421 ,53 7. 235,4f)

Saldo credor bancário em 28/ 2/ 70

9.656,90

Tôda correspondência dirigida ao Centro Diretor Internacional, à Equipe de Coordenação Inter Regional (responsável pelo Movimento no Brasil), à Secretaria (órgão executivo) , à Tesouraria ou à Carta Mensal , deve ser endereçada para:

"

"Equipes··~ 'de

Nossa Senhora "

RUA DR. RENATO PAES DE BARROS, 33 SÃO PAULO (S. P.) - .ZP-5 - Tel. 80-4850

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NOTICIAS DA IGREJA

CELI B

T

Carta de S. Santidade ao clero Holandês volvemos, já em encontros pesSenhor Cardeal soais, já na correspondência ep?sAs de,clarações tornadas públitolar, como atmvés do empenho cas nestes últimos dias, na H olandos órgãos desta Sé Apostóli,ca, da, a respeito do celibato eclesiáspara prevenir as declarações em tico, causaram-nos profunda máquestão. qoa e suscitaram no Nosso espíriTais declarações levam a muitas to diversas pergtmtas, nascidas dos incertezas e confusões. motivos que teriam determinad'o Por conseguinte, é para Nós 11111 uma atitude tão grave, contrária à dever grave e imperioso o definir sacrossanta lei vigente na Igreja com tôda a clareza a N assa atituLatina; das repercussões que irão de, ou, por atüras palavras, a atiter em todo o Povo de Deus, estude daquêle a qnem um misterioprcialmente no clero e nos jovens so desígnio da divina Providência que se preparam para o sacerdóconfiou, nesta hora difícil, a '' solicio; das consquências perturbadocitude de tôdas as Igrejas ( li Cor. ras na vida de tôda a Igreja e das 11,28 ) . ressonân,cias que provoca em todos Os moth•os aduzidos para .justios cristãos e mesmo nos outros ficar u.ma mrudança tão radical nesmembros da fantília humana. ta lei secular da Igreja Latina, a Perante estas interrogações, senqual procfluzitt tantos frutos de gratimos necessidade de abrir a Nasça, de santidade e de apostolado sa alma a Vossa Entinência, Semissionário, são bem ,conhecidos. nhor Cardeal, que tão de perto coMas êstes motivos- devemos denosco compm-tilha as solicitUdes do clará-los sem equívoco - não se Nosso munus apostólico. Nos apresentam como convincenPrimeiro que tudo, pergtmtates Parecem descurar, na realida71lOS, com humildade e absoluta de. uma consideração fundamental sinceridade interior, se porventura e essencial, que não •d eve de modo não teria havido na Nossa parte algmn ser esquecida e qtte é de oralguma responsabilidade no que se dem sobrenatural; isto é, parecem' refere a tão infelizes resoluções, representar uma transigência no tanto em ,conf1-aste com a Nossa genuíno conceito do sa,cerdócio. atitude, e disso estarn-os convenciA única perspectiva que deve dos, com a atitude de tôda a Igreja . ser tida em conta é, efetivamente O Senhor é testemunha dos sena da missão evangélica, da qual, timentos de estim~ de afeto e de com fé e na esperança do Reino, confiança que sempre nutrimos por somos arautos e testemunhas. O u111a parcela tão bene1nh-ita do Bispo e o Presbítero têm a missão Corpo Místico de C1-isto. como é de anunciar o Evangelho da graça a H o/anda. E V assa Eminência, e da verdade (cfr. l o. 1, 14), deleSenhor Cardeal, conhece bem a var a mensagem da Sa-lvação ao ação sempre deferente e amiga mu.ndo, de o tornar consciente do que, tanto por N ás mesmo desenU TTT


seu pecado, e ao mesmo tempo, da sw salvação, de o convidar a ter esperança, de o arrancar do poder sempre renascente dos ídolos, e de o converter a Cristo Salvador. Os valores evangélicos não podern ser compreendidos e vividos senão na fé, na oração, na penitên,cia e na caridade; e isto, não se111, suscitar, por vêzes, como sucedeu com Cristo e com os Apóstolos, a 1rnsao e o desprêzo do mundo, a incompreensão e até a persegwição. O dom total que se oferece a Cristo chega até à loucura da Cruz. Jloi uma {:ompreensão cada ve::: 1'Hais aprofun-dada destas considerações e amadurecidas providencialmente no decorrer da história, a qual conheceu tantos esforços e tantas lutas na afirmação do ideal cristão que le~'OU a Igreja Latina a fa:::er da renúncia ao direito de constitttir u•m:a família própria renúncia de resto já espontâneamente feita por tantos servidores do Evangelho - uma condição pam admitir os candidatos ao sacerdócio. Estas considerações ainda hoje permanecem válidas, talvez mais do que no passado. E Nós, que fomos chamados para sequir f esus, não sere11ws porventura capazes de aceitm· w ·na lei comprovada por tão longa experiência, e de abandonar tudo, família e redes para segu,ir a Cristo e difundir a boa nova da salvação? (cfr. Me. 1, 16). Quem, melhor que os pastores que se consagrem inevogàvelmente e sem reservas ao serviço exclusivo do Evangelho, poderá transmitir aos homens do nosso tempo, com plenitude de graça e de fôrça, esta mensagem libertadora? ( cfr. Act. 6,8 ). Por conseguinte, considerando tudo diante de De11s, diante de

Cristo e diante da Igreja e do mundo, sentimo-Nos no dever de reafirmar claramente o que Nós já declaramos muitas vêzes .e repetimos,· isto é: que o vínculo entre sacerdócio e celibato, estabelecido há séculos na I grefa Latina, constitui para ela um bem sumamente precioso e insubstituível. Seria grave tem.eridade, pois, su•bestimar e, ·mais ainda, o deixar cair em desuso êste vín,culo, consagrado pela tradição sinal incomparável de uma doação total a Cristo (cfr. Mt. 19, 29) e que tão luminosametzte manifesta a exigência missionária essencial a tôda a vida sacerdotal, no serviço de Cristo ressuscitado c setnpre vivo, ao qual o sacerdócio se consagrou, numa disponibilidade total para o Reino de Deus. Quanto aos sacerdotes que, infcli:::mente. por motivos reconhecidos conw válidos, se viessem a encontrar na impossibilidade radi,cal de perseverar neste estado - sabemos q11e se trata de um pequeno número, porquanto a grande m.aioria quer permanecer fiel com o auxilio da graça, aos compro11lissos assumidos diante de Deus e da Igreja - é comi profunda mágoa que somos levados a atender a sua instante súplica de serem desobrigados das suas promessas e dispensados das suas obrigações, depois dR 11111 atento exame de cada caso em particular. Mas, a profunda compreensão que, em espírito de paterna caridade, queremos ter pelas pessoas, não impede que deploremos u1na atitude tão pouco conforme com o que a Igreja legitimamente espera daqueles que se consagram: definitivamente ao seto ex,clusivo serviço. A Igreja continuará, portanto, amanhã, como ontem, a confiar o

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divino ministério da palavra da fé e dos sacramentos da graça u nicamente aos sacerdotes que permanecetn fiéis às suas obrigações. A própria contestação nmltiforme que hoje se manifesta no que diz respeito a u.ma instituição tão santa, {omo é o sagrado celibato, torna ainda mais imperioso o Nosso dever de apoiar e encorajar, de todos os modos, as inumeráveis fiteiras de sacerd ates que permanecem fiéis aos se1ts compromissos. Para êles vão, com espetCialissimo afeto, o Nosso pensamento e a Nossa bênção.

sacerdotes perguntmn-N os êles : 11ão se poderia, porventura, considerar a eventualidade de ordenar para o sagrado ntinistério - ho11WIIS, 11aturalmente já de unta certa idade, qtte tenham dado, no prório 111eio, bom• testemunho de uma vida familiar e profissional exe-mplar? Não podemos ocultar que esta eventualidade desperta em Nó s graves reservas. Entre outros incon·v enientes, mio seria urna ilusão muito perigosa o julgar que tal mudança na disciplina tradicional pode1'ia limitar-se a casos isolados, de verdadeira e extrema necessidade? E não seria também te ntação para muitos, o jttlgar que assim se 1·esolveria mais fàcil1nente o problema da escassez attwl das vocações r

Por êste motivo, com decisão tomada após maduro exame, Nós afirmamos claramente o Nosso dever de não admitir que o ministério sacerdotal seja exercido por aquêles que, depois de terem posto a mão ao arado, voltaram para trás ( cfr. L c. 9,62 ) .

Em todo o caso, as cattSequêw seriam de tal forma graves e levantariam problemas tão insólitos t'ara a vida da Igreja, que deseja pelo menos, ser prévia e atentamente examinados conosco, pelos Nossos Irmãos no Episcopado, tendo em conta, diante de Deus, o bem da Igreja Universal, q1te não pode dissociar-se do bem das Igrejas locais. 1

L ias

Não é esta, aliás, a tradição consta11te das veneráveis I grejas Orientais para as quais, a êste propósito, se gosta tanto de apelar? De resto, custa-Nos pensar nas incalculáveis conseqt{ências que uma de{:isão diferente poderia acarretar para o Povo de Deus, no plano espiritual e pastoral.

Êstes problemas que se põem à N assa responsabilidade pastoral são na verdade graves e Nós, Senhor Cardeal, qt{isemos confiarlhos . Vossa Eminência é testemunha de quantos apelos chega·m até Nós, de tôda a parte; inúmeros Irmãos e Filhos suplicam-Nos que nada se mude em tão venerável tradição e, ao mesmo tempo, desejam conosco que os Nossos Veneráveis Irmãos, Bispos da Holanda, iniciem com a Sé Apostól~ca, num con tato fraternal e confiante, um exame que de-

Enquanto assim sentimos o dever de reafirmar, com tanta clareza, a lei do sagrado celibato, não esquecemos uma questão q1te, com insistência, Nos tem sido posta por alguns Bispos, dos quais conhecemos o zêlo, a adesão à tradição veMrável do sacerdócio na Ig!J'eja Latina e aos valores tão eminentes que êle expri·me; e, também, o 01! seio pastoral e·m face de certas necessidades, mttito particulares, do sett ministé!J'io apostól~co. Numa situação de extrema carência de n

X


leza da graça que o Senhor lhes concedeu, os seus compromissos sagrados e as exigências missionárias do seu ministério. O Nosso cordialíssimo pensamento, nesta hora, não poderia deixar de se dirigir para os jovens que, com a generosidade do seu impulso apostólico, se pr eparam , com todo o ardor, para servir a Cristo e aos seus irmãos no Sacerdócio. ~les são de fato a es· perança da Igreja para a evan· gelização do mundo de ama· nhã: isto, é claro, desde qul' tomem os compr omissos irrevogáveis e sem reservas, na forma de vida que a Igreja lhes propõe.

verá chegar ao seu têrmo ilununado pela oração e pela caridade. Mais do que nunca, pela Nossa parte, desejamos procurar, juntamente com os Pastores das dioceses da Holanda, os meios necessários para resolver, de m aneira conveniente, os problemas dêles, sem deixar de considerar em comum, o bem de tôda a Igreja. P ortanto, S enh01' Cardeal, primeiro que tudo julgamos indispensável assegurar aos sacerdotes e a todos os mem· bras da Comunidade Católica Holandesa, o Nosso constante afeto e tambént a N assa reonvicção de que é indispensável reconsiderar, à luz das refl exões acima expostas, e num espírito de verdadeira comunhão eclesial, os desejos expressos c a atitude assuntida numa questão de tão largo alcance para a Igreja Universal.

Por último, Senhor Cardeal, será preciso pedir , insistentemente, generosas orações à multidão das almas fiéis, que,. conservando-se muito embora silenciosas, nem por isso sofrem m enos, nesta hora de provação.

No trabalho que para êste fim terá de ser realizado pela Santa Sé, Nós contamos especialmente com a sua valiosa colaboração, Senhor Cardeal.

O seu auxílio ser-Nos-á precioso, até mesmo nos contatos que se deverão ter com os Bispos do mundo inteiro, a fim de que tôdas as Conferências Episcopais se mantenham em perfeita comunhão conosco e com a Igreja Universal, no respeito absoluto pelas suas santas leis. Queremos afirmar aos sacerdotes, nossos colaboradores, que seguimos e continua · remos a seguir, com afeto paterno, os seus anseios de apostolado e os seus problemas, recordando-lhes também a be-

Que o Senhor conceda a todos, Pastores e fiéis, a firmeza da f~, a fôrça da esperança e o ardor da caridade: "a graça esteja com todos os que amam Nosso Senhor Jesus Cristo com amor inalterável" (Ef. 6,24). Com êstes sentimentos lhe outorgamos, Senhor Cardeal, a Nossa Bênção Apostólica. Vaticano, 2 de fevereiro de 19701 dia da Apresentação de Jesus no Templo.

XI-

PAULUS PP. VI


RETIROS PARA 1970 Para os equipistas de São Paulo, e todos aquêles que não puderem participar dos retiros organizados por seus Setores, foram marcados os seguintes retiros

dia

3 a

5 de abril, em Barueri

dia 22 a 24 de maio, em Valinhos dia 12 a 14 de junho, em Barueri dia

7 a

9 de agôslo, em Valinhos

dia 28 a 30 de agôsto, em Baruerí dia 18 a 20 de setembro, em Baruerí dia 25 a 27 de setembro, em Valinhos dia

2 a

4 de outubro, em Baruerí

dia

9 a 11 de outubro, em Valinhos

dia 20 a 22 de novembro, em Valinhos dia 27 a 29 de novembro, em Barueri dia

4 a

6 de dezembro, em Valinhos

Ainda não foi acertado definitivamente quais serão os Pregadores. Lembramos que Valinhos comporta 22 casais e Baruerí 27. Filhos menores poderão ser levados. Inscrições feitas com antecedência permitem garantir vaga para a época mais conveniente para o casaL Inscrições e Reservas com o casal Suzana e João Batista Villac, à rua Monte Alegre, 759 (Perdizes), telefone: 62-8092. São Paulo (Cap.).

\J \J \J -XU-


os antigos diziam: "o bem por sua própria natureza tende a se expandir". Diz Charbonneau de modo límpido: "Os esposos cristãos devem meditar profundamente os mistérios da Comunhão dos Santos e do Corpo Místico, em função do ente que, como casal, ambos constituem. Descobrirão assim, que o amor não lhes foi dado apenas para favorecê-los, mas também para beneficiar a grande Comunidade Humana e - sem dúvida - entenderão que um lar fechado é como um homem trancado: sufoca-se e morre asfixiado. O sacramento do matrimônio é uma integração conjunta no Corpo Místico e proporciona aos esposos nova riqueza de graça que não têm êles o direito de reservar apenas para si. Deus ignora o amor humano que pretende ignorar o resto do mundo; porquê haveria de conceder sua luz àqueles que a escondem?" Se, portanto, a família é de fato cristã, vivendo mesmo aquêles três fundamentos , então ela será comunidade de amor, e na · turalmente irá fazer tudo o crue está a seu alcance para irradiar a própria felicidade, desejosa de que também as outras famílias sejam felizes. Disse ''naturalmente" ,' como o fogo que naturalmente aquece quem dêle se aproxima. Êsse o apostolado primeiro, e o mais eficaz: o testemunho de vida familiar. Quem é que não admira essa vida , não a inveja, e vendo que é possível não irá procurar aprender a vivê-la? Repilo: êsse testemunho de vida. êsse apostolado fundamental, é fruto natural da vivência cristã no lar. A caridade bem ordenada começa dentro da própria casa, é verdade, mas começa apenas, para ir terminar no outro. Se não, não é mais caridade bem ordenada. Conseqüências desta vivência Hoje, no contexto em que vivemos, contexto de país subdesenvolvido num continente subdesenvolvido, que luta de unhas e dentes por um lugar ao sol no mundo, a família cristã tem (segundo as palavras dos bispos latino-americanos reun idos em Medellin) uma tríplice missão: ser formadora de pessoas, educadora da fé, promotora do desenvolvimento. E só poderá realizar sua tríplice missão, se viver de falo aquêles três fundamentos que colocamos de início. Formadora de pessoas: "É pois dever dos pais criar um ambien le de família animado pelo amor, pela piedade para com Deus e para com os homens que favo1·eça a educação integra pessoal e social dos filhos" (G .S.). E a família cristã dispõe de lodos os meios para isso: para formar o homem por inteiro, personalidade inte.gral, forte e equilibrada. Educar quer dizer: formar homens. Temperamento, caráter, mentalidade, sensibilidade, modo de pensar, de julgar, inteligência, vontade, integração na sociedade, piedade para com Deus, tudo cresce harmoniosamente -11-


na família que é realmente comunidade de fé , de oração e de amor. Educadora da fé. Diz o Concílio: "Os cônjuges cris tãos conslituem um para o outro, para os filhos e demais familiares, cooperadores da graça e testemunhas da fé" (A. A.). Nossa fé tracional não é suficiente: o cristão por tradição apenas ou o cristão de prática exterior, pior ainda o cristão só de nome, não educa ninguém na fé; antes, deseduca. Estamos cansados de ouvir que a mocidade é autêntica e exige autenticidade. Se os pais não são autênticos, naquilo que mais importa, e não vivem plenamente de acôrdo com aquilo que acreditam e ensinam , como poderão educar os filhos ou os familiares na autenticidade? É para se pensar. Promotora do desenvolvimento: "A Família é a mais rica promotora do humanismo" (G . S.) e "o humanismo completo é o desenvolvimento integral" . A Igreja, continuando a obra redentora de Cristo através do tempo e do espaço, está hoje totalmente engajada na luta pelo desenvolvimento, porque desenvolvimento é libertação, e libertação é redenção. Cristo veio para libertar o homem por completo: da fome, da miséria, da doença, da opressão, da ignorância, porque tudo isso é mal e todo mal é conseqüência do pecado. É claro, trata-se de desenvolvimento integral, não apenas econômico. É lógico, então, que, se a família cristã não se engaja com a Igreja nesta luta que todo homem seja mais homem, com lodos os seus direitos fundamentais respeitados, ela não estará sendo redentora com a Igreja, e deixa por isso de ser cristã.

Conclusão. Falamos de família cristã, não de casal equipista, porque a Equipe não é finalidade em si, mas meio para a gente ~er mais cristão: o casal equipista não deve ser diferente do cristão, deve apenas ser cristão cem por cento. A família, então, para ser cristã, tem que ser aberta: aberta para as outras famílias, para a sociedade, para o mundo, para a vidl\ da Igreja. Isso é dif!ícil, principalmente nas cidades grandes, onde cada uma se fecha dentro de si mesma, no próprio anonimato, talvez como instinto de defesa contra o pêso da sociedade de massa. Aberta de modo pem concreto, relacionamento amigo com os vizinhos (e como isso é difícil tantas Vtêlzes), no interêsse ativo pelos problemas da própria cidade, do próprio país, da Igreja particular e universal. A família cristã é feliz, e tem que comunicar aos outros tal felicidade. Frei Estêvão Nunes, dom. 1?.


OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

A TELEVISÃO, A TELENOVELA, O BETO ROCKFELLER E O SUPER - PLA A televisão é o mais poderoso meio de comunicação que existe atualmente no Brasil. Embora muito critica(la pela classe média e inteiramente desconsiderada pelos elementos conservadores, ela é uma realidade como meio de comunicação e aquêles que a pretendem reformar devem , sem paixão, estudar e compreender o porquê do seu sucesso. Um jornal de São Paulo publicou recentemente um caderno especial sôibre televisão, do qual tiramos as considerações que iremos desenvolver. Em. primeiro lugar r essalta o que já dissemos: a televisã-o é o mais fabuloso meio de comunicação tJUe existe; ela alcança pessoas que jamais foram alcançadas por t!Ualquer outro meio, pois sua arma é a imagem, que é compreendida até por even~ luais índios botucudos que não sabem nossa língua e muito menos sabem ler. O sucesso da televisão é atestado pelo IBOPE, que mantem no país centenas de pessoas trabalhando exclusivamente para saber a audiência dos programas. Esse Instituto divide os telespectadores em quatro classes: A, B, C e D; a última, embora formada pelos pràticamente analfabetos representa 61 % de todos telespectadores do país. Por ordem expressa do Govêrno . também a E:\1BRATEL trata as emissoras de televisão na palma da mão, embora elas contribuam apenas com 3 % de sua receita. Um conhecido crítico de TV acha que "o mais batuta é aquêle botão que desliga a televisão, embora o móvel da televisão seja o mais importante na sala de visita". Ele acha que a televisão vicia e escraviza; mesmo que fôsse ótima, seria insuficiente como meio de cultura. Em verdade a televisão está substituindo uma porção de formas de lazer e de comunicação que são indispensáveis, tais como livro, jornais, teatro, cinema e até a simples conversa em família. Um professor de comunicação defende a televisão tal como ela é. Diz textualmente: "É engraçado; a TV depois de vinte anos ainda é novidade. E , então, as elites - as chamadas elites intelectuais ou pseudo intelectuais - flicam a exigir que ela seja mais cultural. No entanto, ninguém exige isso dos jornais. Quais são os jornais que mantêm suplementos de cultura? Foi dado à

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TV um campo certo: o do entretenimento. E, entretenimento, todo mundo sabe, é ensinar brincando. É dizer as coisas mais profundas de maneira não profunda". m velho produtor aborda o problema do patrocinador ou anunciante "que pode não ser um entrave, mas estímulo para bons programas não é não. :Ele quer é vender o sabão dêle, e, se a gente vende o sabão, êle não chateia muito. Se o sabão encalha no super-mercado, aí a gente acaba encalhando também. Se o programa é bom ou não, disso o patrocinador nunca irá cogitar .. . Mas nós queríamos era conversar sôbre o romance televisado que se chama telenovela e é o prato forte da TV. Com ela apenas retomou-se um velhíssimo gênero dramát:co, o folhetim , que foi a coqueluche de várias escolas literárias. A dona de casa brasileira aguarda a sua telenovela com as mesmas palpitações com que sua congênere do século passado aguardava o folhetim semanal, com um capítulo dos romances inéditos de José ele Alencar. Assim como hoje alguns autores de telenovela mudam o enrêdo das suas estórias em função da opinião pública fornecida pelo IBOPE, também naquele tempo isso ocon'ia: Ceci ia morrer. Já estava envenenada, mas tantas cartas de proteslo recebeu o José de Alencar, que acrescentou mais um capítulo no qual o Peri descobre uma erva rara que salva sua amada Ceci, dando-lhe um "happy-end". O argumento das telenovelas gira sempre em · tôrno de situações afetivas, complicadas por circunstâncias, desencontros, malentendidos ou pela interferência deliberada do vilão. Os personagens empregam todo seu tempo resolvendo problemas sentimentais. Há cartas anônimas, soluços, chantagem, chôro, raptos. gt'itos lancinantes. O uso e abuso de chavões leva a verdadeiras caricaturas. Mas, depois de seis meses de confusões diárias, o par de na.. morados é abençoado pelo esquema matrimonial à moda da televisão, isto é, sem a necessidade de fazerem um curso de preparação ao casamento na paróquia mais próxima. Sob certo aspecto as telenovelas lembram Manes. que no Século III inventou a religião que atribuía a criação do mundo aos princípios opostos do bem e do mal, pois seus personagens são sempre ou essencialmente bons ou essencialmente maus. O público, saturado dessa situação, acolheu com entusiasmo o Beto Rockfeller, que foi assistido por quinze milhões de pessoas, e o Super Plá, que já está sendo transformado em cinema; ambas uma desmistificação do gênero convencional de telenovela. A mudança não foi só na forma; sua maior ousadia foi a iconoclastia que ridiculariza os heróis bonzinhos. O tipo de herói sem mêdo e sem mácula foi substituído pelo pelo anti-herói : Beto, um vigarista escolado, e Plácido, um simplório que se trans-

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forma num gemo sempre que bebe o refrigerante "Super-Piá". Ambas foram escritas por Bráulio Pedroso, e o mais curioso é que ele não acha que Beto Rockfeller seja uma novidade, acredita até que êle está inteiramente vinculado aos folhetins realistas do século XIX. Já sôbre o Super-Piá diz o autor o segtúnte: "Procurei introduzir elementos novos, expressões dinâmicas, tais como a farsa , que usa elementos grotescos, sendo o grotesco uma síntese, uma apresentação ágil. Além da farsa , usei histórias em quadrinhos, técnicas de filmes de publicidade. Assim como o marinheiro Popeye, que come espinafre, o anti-herói Plácido toma um refrigerante". Partindo da farsa , Bráulio Pedroso criou o Bahy Stompanalo e a Joana l\Iarlini, que as pesquisas indicam terem se tornado as mais populares da telenovela brasileira. Se sua duas peças têm algo de revolucionário, isso deve-se às per onagens que criou, pois elas têm existência própria. independem de situações, são reais. ~Ias o que nós equ_ipistas pensamos dessas duas peças e da nova técnica dos anti-heróis '? A nós adultos elas trazem alguma mensagem, elas são apenas um en lrelenimenlo, ou o anti-herói nos causa mais repulsa do que simpatia'? E, para os nossos filhos que são adolescentes'? Serão êles tão ingênuos a ponto de querel'em imitar um Beto, cujo cinismo é inteiramente contrário à franqueza c sinceridade de propósitos que caracterizam nossa mocidade'! Será que um Bahy Slompanalo, que se confessa, no seu papel, o único homem que tem "alma de cafagesle" , vai intluenciar negativamente nossos filhos ou outros telespectadores ainda imaturos? Não serão o Belo e o Baby um exemplo daquilo que nossos filhos vão encontrar na vida prática'? Será que a moral cristã ainda se preocupa em ocullar aquêles vícios que, sem causar escândalos, são próprios da natureza humana? Não teremos nós todos alguma coisa de Belo, de Baby e de Plácido'? Não estamos nós cquipistas unidos exatamente para, apoiando-nos em nossas fraquezas , melhor nos ajudarmos, por melhor conhecermos nossos defeitos e também os defeitos dos irmãos que não são dêsle aprisco?

Yamos pensar em tudo isso, e em outras coisas também . pois a televisão acaba chateando. -15-


Como va1 o Setor de Jundiaí Vai muito hem, obrigado. Estão trabalhando com muita animação, com o dinamismo e a imaginação somente dados pela fé - mas vamos começar pelo início: sajuslados, campanhas de fraternidade c o jornalzinho "Equipe". No entanto, que1·e. mos destacar algumas que, púr suas características próprias ou pela sua duncusüo as lor nam excepcionais:

Foi em 1962 que, pela pri· meira vez, um. grupo de casais, nem todos conhecidos entre si, reuniu-se para ter notícias do movimento. O grupo decidiu por fazer a expenencia e assnn formou-se a primeira equipe, sob a onenlação do Setor de São Paulo . .Mms ou menos na mesma época, em VInhedo, surgiu tam.JJém a primeira eqmpe local, ligada ao Setor de L.ampmas que logo passou a orientar também as primeiras equ1pes de Junchm. Em 1965 Jundiaí passou a Coordenação e em lVü7 à Setor, contando atualmente com 15 equtpes (10 em Jundlaí, 2 em Vinhedo e 3 em Louveira) o que bem demonstra a fertilidade do terreno onde caü·am as sementes lançadas - e a disposição dos eqmp1stas locais. :Mana Aparecida e Igar Fehr são o casal responsável pelo Setor e o Pe. Valter Cm·njo é o Conselheiro Espiritual.

Em algumas par<.Jquias estH sendo realizado um traballtu de evangelização de famíhas, que obedece, nuns ou Inenos, o seguinte esquema: ol'Íenlado por equipistas, casais que não pertencem ao movimento da:. r,. ~ . S., reunem-se Inensalmente para trocar idéia sôbre um lema que já foi preparado antecipadamente e que versa sempre sôhre o Evangelho. Existem presentemente 7 equipes já Í!ormad.us, prevendo-se para dentro de um ano a existência de 20 d~ias. Os frulo.s têm sido muito bons, podendo vir a constituir-se, em algun::. casos, em verdadeira pré-equipes de Nossa Senhora.

realmente notável o trabalho executado pelo Setor no campo apostólico e o que tem aí sido feito para maior divulgação da espiritualdade conjugal. Muitas das atividades desenvolvidas, quer por equipes ou por casais isoladamente, j:í são conhecidas do movimento: retiros, catequese para batismo, atuação junto a casais de-

Cursos de Preparação para .Estes cursos estão sob a responsabilidade de uma das equipes, que conta com a colaboração de outros casais equipislas, lendo no all(J passado sido dado a 100 casab de noivos, aproximadamente . e para êste ano estão programados mais 27 cursos distribuído~ pelas paróquias e cidades vizi-

É

o Casamento -

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nhas. No início êste trabalho encontrou resistência por parte de alguns párocos, mas feUzmente, sentiu-se a evolução das mentalidades c hoje conta com o apôio de todo o clero.

Para êsse ano estão programadas "mini-palestra " após a missa, casais discorrerão sôhre o m.ovimenlo e sôbre a vida conjugal em palestras de 20 a 30 minutos.

Encontramos em Jundiaí um Também com grande sucesmovimento muito interessante que é o das "equipinhas ", que so, têm se realizado anualmente reuniões mistas, congregancongrega j avens de 12 a 1 7 do casais de diferentes equipes anos, de ambos os s.exos, filho-; de casais equipislas ou não. do Setor. Além do estudo do Estes jovens se reunem uma tema, é muilo interessante a vez por mês, sob a assistência troca de experiência e os testemunhos dados. A presença da de um padre e de um casal quase totalidade dos casais equipista, constando esta reunião de um lanche, oração co- equipistas demonstra o intemunitária, coparticipação, tro- resse despertado por êsse tipo ca de idéias sôbre um lema de reuniões. adrede. Tem êsles jovens alguOutra reunião anual é a mas obrigações a cumprir, tu- Festa Junina "no estilo" do nos moldes das reuniões mohvo de grande confratenudas E. N. S .. São ainda realiza- zaçào festiVa, onde comparedas e dadas por êles mesmos tem não só os casais mas lampalestras sôbre lemas espiri- bem seus filhos e antigos. tuais, e a Missa é intensamenComo vemos, é impressiote participada. Num mundo uante o número de atividades atribulado em que hoje vive- desenvolvidas pelo Setor de mos, onde a juventude não J undiai e note-se que tôdas consegue se encontrar, o al- elas com sucesso. O segrêdo é cance dêste trabalho é admirá- a divisão de tarefas: a cada vel, quando pensamos na for- equipe é atribuída a responsamação que está sendo dada a bilidade por um ou mais traestes jovens, hoje já em núme- balhos. Desta maneira todos ro de 60, formando 5 equipes . os casais participam das realie o reflexo desta orientação em zações do movimento e as diseus futuros lares. versas equipes sentem-se motiMensalmente é celebrada a vadas a apresentar cada vez "Missa das Equipes", no pri- melhor rendimento nos encar meiro sábado de cada mês. gos a elas atribuídos.

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Para encerrar queremos condensar em algumas "pílulas" a experiência de 8 anos de trabalho do Setor. a) Cuidado com a expansão desordenada: uma nova equipe só deve ser posta em atividade quando fôr possível dar-lhe um bom casal pilôto, um casal de ligação efetivo e um Conselheiro Espiritual à altura. b) Os primeiro tempos de vida da equipe são fundamentais - as reuniões de informação devem ser o mais completas possível e o casal pilôto desdobrar-se nas reuniões iniciais. c)

Para que o movimento subsista deve ser permanente a preocupação com a formação espiritual dos casais.

d)

Tôda atenção nos casas de ligação, tanto na sua escolha como na sua motivação. Sua atuação é chave no relacionamento das equipes com a cúpula.

Oração para a próxima Reunião TEXTO DE MEDITAÇÃO (Mt. 16 1 13-20) Pedro afirma a sua fé em Cristo e .Este estabelece-o como fundamento inquebrantável da sua Igreja. A nossa fé apoia-se nesta pedra sólida que nos liga a Cristo, nosso Rochedo. S. Mateus, XVI, 13-20 Em seguida, foi Jesus para os lados de Cesaréia de Filipe e perguntou aos discípulos: Quem dizem os homens que é o Filho do homem? Responderam -Ih e: -

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Uns, João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou algum dos profetas. Disse-lhes Jesus: E quem dizeis vós que Eu sou? Respondeu Simão Pedro, dizendo: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo. E Jesus, respondendo-lhe, disse:

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Bem aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne e o sangue que te revelaram, mas Meu Pai que está nos Céus. E Eu digo-te a ti que tu és Pedro e sôbre esta pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do IR!eino dos Céus, e tudo o que ligares na terra, será ligado nos Céus; e tudo o que desligares na terra, será desligado nos Céus.

ORAÇÃO LITúRGICA Irmãos, sejam solícitos em conservar a unidade do Espírito pelo vinculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que está acima de Lodos, por tôdas as coisas e em todos nós, (segundo Ef. 4,3). ORAÇÃO (Ofício de Taizé) Senhor Deus do alto dos Céus olha para a Tua Igreja, e concede-lhe o dom da tua paz, do teu amor, do teu auxílio; envia-nos o Espírito Santo, para que nos amemos uns aos outros; conserva-nos num mesmo espírito, pelos vínculos da paz e da caridade, para que formando um só corpo, tenhamos uma só fé, tal como fomos chamados a uma mesma esperança pela nossa vocação, a fim de alcançarmos juntos o perfeito amor, em Jesus Cristo, teu Filho, Nosso Senhor. OREMOS :

Senhor, ao fundares a Igreja sôbre os Apóstolos dando-lhes a solidez da . rocha, libertaste-a do temor dos poderes infernais. Guarda-a firme na tua verdade, para que viva constantemente na segurança que de ti vem. Por teu Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor.


FAÇAM AQUí SUAS ANOTAÇÕES


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