ENS - Carta Mensal 1965-6 - Junho

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Editorial Serão vocês cató licos? O Movimento As Equipes de Viúvas Para viver melhor os Estatutos Os nossos temas de estudo Devorado . . . mas alimentício Correio A partl iha e o pôr em comum Os Retiros Casais novos na equipe. Oração para a próxima reunião


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Publicação mensal das EQuipes de Nossa Senhora Casal

Re~ansá ve l :

1\:ancy e Pedra Mancou Jr. Redação e expedlçlio: Rua Paraguoçú, 258 São Paula 10 SP

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52- 1338

Com aprovação eclésiástlca

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EDITORIAL

SERÃO VOCÊS CATÓLICOS? Serão vocês católicos? A sua equipe ele Nossa Senhora será católica? Não se precipitem para responder-me. Não basta estar inscrito nos regfstros paroqu1a1s para ser católico; é preciso estar "habitado" pela catolicidade da Igreja. Quanto mais viva é essa catolici.dade num homem ou num grupo, tanto mais êle se pode chamar verdadeiramente católico. Para poderem responder à minha pergunta, é ,preciso que eu elQ)Iique em que consiste essa catoliciclade ela Igreja. Em primeiro lugar, eliminemos uma definisão errada : não é por estar espalhada por todo o mundo que se chama catól~ca à nossa Igreja. "A Igreja, escreve o Pe. de Lubac, já era cató.ica na manhã do Pentecostes, quando todos os seus membros 'Cabiam numa pequena sala". Dizer que a Igreja é católica é reconhecer a vontade que o Senhor tem de reunir tôda a humôlnidade num só Corpo, é afirmar que a riqueza espiritual da Igreja convém a todos os homens sem exesão, que nela e só nela podem e devem e~tcontrar i'l realiz~ão da suas aspirações humanas t! religiosas e formar um a.ó c:orpo sem por isso abdicarem da sua personalidade e da suôll originalidade. Por isso a nossa Igreja é maravilhosamente diversa e una. Pensem nos seus variados ritos: latino, grego, maronita, copta .•• MS suas múlt1plas espiritualidade: beneditina, franciscana, jesuíta... Como será ainda mais admirável a diverstdade na unidade, como surgirá ainda mais esplêndida a catolicidade da Igreja, dia em que as grandets civilizações indiana, chinesa, árabe --. llbandonando tudo o que nefas há de caduco ou errado enJrarem no aeu aeio com as admiráveis riquezas culturais e espirituais.

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Dada esta definição, voltemos à nossa pergunta. Um grupo é verdadeiramente católico quando se interêssa, com interêsse fraternal, por tôdas as raças e civilizações, por todos os meios sociais ainda afastados da doutrina de Cristo, quando deseja itnpacientemente a entrada dêles p·a ra a Igreja e quando trabalha para isso com todos os seus meios sem dúvida por amor dêles, mas .t ambém e em primeiro lugar por amor de Deus, afim de que na Igreja resplandeça a santidade de Cristo em formas çempre ariadas. Pelo contrário, o grupo que excluísse do seu pensantento, do seu amor, da sua oração um meio, um grupo, uma raca, uma civilização, já não mereceria o titulo de católico. ·Espírito de seita espírito católico: são dois termos opostos e contraditórios. Ainda mais concretamente: o grupo de casais que se fechasse. a 11m casal por ser de outro meio social, de outra educação, que .se recusasse a acolher um casal p r ser estrangeiro, ou convertido Ido j11daismo ou do protestantismo, êsse gr11p·o trairia também a catolicidade da Igreja. Racista, sectário, já não seria católico. Perguntem a si próprios se tanto nas equipes como •nos casais, a catolicidacfe da Igreja está presente, viva, inspiradora, ou ~e o espírito de seita já não estará a estiolar os cor.1ções.

HENRI CAFFAREL

Não vos separeis da Igreja, porquE a Igreja tem um poder sem igual. A vossa esperan_ça é a Igreja; a voss<11 salvação, a Igreja; o vosso refúgio, a Igreja. Eleva-se1 mais alto do que o céu, estende-se além da, terra. Nunca. envelhece, está sempre jovem. A Escrit11ra refe,rindo-se à s11a solidez inabalável chama-lhe 11ma Montanha; à sua <incorruptibilidade, 11ma Virgem; à sua magnificência, uma Rainha. São João Crisóstomo.

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o "movimento" "Serão vocês católicos"?, pergunta o Pe. Ca.ffarel .no princípio desta Carta Mensal. As Equipes de Nossa Senhora têm de ser católicas e há grande alegria quando se forma uma equipe num nôvo pais: sabemos, com efeito, que o nosso Movimento se enriquece quando entram casais de meio, cultura, civilização e tradição pr'ó prias. Pensamos que podemos ajuda-los a adquirir espiritc católico, mostrando-lhes o quadro das Equipes no mundo e o da estrutura do Movimento. O Movimento tanto é francês como suiço, espanhol ou bra;sileiro, não está mais ligado a um meio do que a outro, e os encontros que podemos ter nas reuniões regionais e gerais devem ~'riar.,nos essa alma católica de que fala o Pe. Caffarel; ·a lma aberta aos paises, aos meios sociais diferentes do nosso, e ajudar-nos a aceitarmo-nos e amarmo.,nos embora diferentes exteriormente uns dos outros, mas tão semelhantes no fundo., através da nossa condição de casados, de pais, de cristãos, de membros das Equipes, caminhando para o mesmo fim. ORGANIZAÇÃO

Em números anteriores (três e cinco) falamos dos Cas'~is de Ligação, dos Setores e das Regiões. Digamos hoje algumas palavras sôbre o Centro Diretor. :S:ste têrmo ~esigna a organização central do Movimento, quer dizer a direção e o secretariado. Estão à frente dela o Rev. Pe. Cfl,ffarel e dois ou três casais, •a uxiliados em todos os problemas de orientação pelos casais chamados "Supra-Regionais", e para os problemas administrativos pelo Secretariado. Geral. Certo número de ConselhoS' e Comissões estão encarregados das rt>lações com outros Movimentos, publicações, estudos, .quadros, etc. 3


DIFUSÃO DAS EQUIPES PELO MUNDO EUROPA

Alemanha Austria Bélgica Dinamarca Espanha França Inglaterra Itália Luxemburgo Portugal Suíça ASIA Li bano

Viet-Nam AFRICA Africa do Sul Argélia Camerun Congo Costa de Marfim llha Mauricia Madagascar Marrocos Nigéria Senegal Tunísia 4


AMERICA Brasil Canadá. Colômbia Guadalupe Guiana Francesa Estados Unidos OCEANIA Austrália.

as equipes de viúvas A Carta Mensal já falou, no primeiro número, das equipes de viúvas. Vão ler o que disse uma das responsáveis Anne de Beauvais, nos Dias dos Responsáveis que s~ seguiram à fundação dessas equipes. Ao lê ~ lo podem calcular com que emoção os casais a ouviram . Unidos num mesmo Movimento, os nossos e os lares das viúvas têm de trabalhar muito para a glória de Deus. Para tal devem conhecer-se, amparar-se e amar ~ se; as linhas que se seguem vão ajudá-los nesse aspecto. Queridas amigas das equipe~;! de viúvas, manifestamos aqui o nosso desejo de que os casais sejam muito acolhedores e fraternais para convosco. "Quando no último inverno o Rev. Pe. Caffarel e a Equi· pe Dirigente decidiram abrir o vosso Movimento às viúvas, teriam pensado que era pedir aos casais que fizessem um ato coletivo de caridade? Venho hoje agradecer-vos êste gesto fraternal em nome de nós tOdas.

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Porque realmente as Equipes de Nossa dar-nos muito.

Senhora vão

Em primeiro lugar darão às nossas vidas, sempre. mais ou menos desorientadas, um enquadramento e uma estrutura, as do Movimento. Se muitas v'êzes não é fácil, mesmo a dois, encontrar o eqUilibrio, é ainda mais difícil consegui-lo sozinhalf. A disciplina das Equipes vai ajudar-nos a. "ver claro para querer com firmeza". · Depois, vamos encontrar a vossa amizade e êste ambiente de ajuda mútua e de caridade verdadeira tão ~ssencial lla vossa vida . Deixem-me que vos diga que, pessoalmente, já pude apreciar junto dos vossos casais êsse ambiente de fraternidade que é realmente a característica das Equipes de Nossa Senhora. Junto de vós vamos encontrar ainda outra coisa: protunda compreensão. Somos tanto mais sensiveis a Isso quanto a maior parte das vêzes achamos que somos "incompreendipas". O que, aliás, é verdade e muito natural. Com efeito é impossível realizar plenamente as dificuldades de um estado de vida que não é o nosso. Por exemplo, acham que nós, casais e viúvas, que viv'emos no mundo, podemos compr-e ender os problemas daqueles que vivem em clausura? Mas o Senhor não nos pede tanto para compreender, como para estar atentos, para nos debruçar sôbre os outros, para nos .abrir às suas dificuldades. ~ essa atitude que os vossos casais acabam de tomar para com as viúvas. Finalmente, e sobretudo, lançastes sôbre nós um olhar de fé, que vos disse que, embora o nosso marido já não esteja. visivel, contudo continua vivo, e que o seu lar é um autêntico lar como os voss·os. Aprofundando, dia a dia, o · -séntldo do vosso amor· e o valor do sacramento do mat.rlmô-· nlo~ sab.e is .agora· que, como esc1·eveu o Pe. Caffarel, "a morte 1


transforma ma:s não destrói a união de dois sêres que se esforçaram por se amar com um amor de eternidade". TOdas tinhamos essa certeza no nosso intimo, mas aind& não tinha sido dado um sélo tão "oficial", se assim se pode dizer, a essa convicção profunda. Ainda neste aspecto podeis ;ajudar-nos, porque em certas horas, muito duras, muito solitárias, a nossa fé vacilará, Daqui por diante a vossa fé SUB• tentará a nossa. Quadro de vida, amizade compreensão, olhar de fé. Como vêdes é justo que se digà que os casais nos dão muito ao abrirem as Equipes de Nossa Senhora às viúvas. Mas todos sabemos que a caridade só é eficaz e durável ,q uando é em dois sentidos, quando há realmente partilha. 11: por isso que esperamos não chegar ao pé de vós de mãos vazias. Em primeiro lugar, desejamos que a nossa presença nas Equipes vos ajude a acreditarem cada vez mais na realidade do vosso amor. Sabemos que a certa altura vos pode par;ecer doente, mesmo morto. Ora bem, não é assim. Pedimo-vos que acrediteis firmemente que podeis dar-lhe vida, vós que tendes à vossa disposição tôdas as graças do sacramento do matrimônio. Além disso, é claro que fazemos a oferta das orações, mas não nos parece suficiente.

nossas

Talvez saibam que se realizou em Lourdes, em 1946, uma grande peregrinação de repatriados. Estes 80.000 homena Yinham agradecer à Virgem tê-los trazido ao seu lar. Entre. êles estavam umas 300 viúvas, cuja presença não se explicava fAcilmente pois os seus maridos nunca mais voltariam. Mas compreendeu-se essa presença quando, no Ofertório da Missa, se ergueu a voz de uma delas: 1


usenhor, oferecemo-Vos o sacrificio do nosso para que haja ma-18 amor nas fam,mas.

amo!',

Oferecemo-Vos o sacrifício das nossas mat!31Tnidades para que os casa18 sejam ma4s generosos no dom àa vida./'

Hoje, tal como em Lourdes há 10 anos, as vi1ívas das Equipes de Nossa Senhora renovam a sua oferta. Testemunho de amor, oração, sacrifício, eis o que gostaríamos de vos trazer ao entrarmos para as Equipes. Agora vamos caminhar juntos, casais e vi1ívas, para o Senhor, e, no seio do nosso Movimento, a oração unir-nos-â ptuitas vêzes especialmente a oração a Maria no encontro diário. Permitam-me, então, que vos diga parte daquela oração que foi dirigida à Virgem, na primeira equipe de vi1ívas, no dia da sua pi'imeira reunião. "Senhora, nós sabemos que as equipes de casais t~m o Vosso Nome e que so-18 a sua Protetora. Esltp, noit$ vimos implorar o Vosso auxílio porque so18 a Mãe de todos nós e tamtém p01·que ndo há grande dife-rença entr/31 esta equipe e t6das a.~ outras. Babeis bem que, embora o nosso casal jd ,n ão esteja visível aos olhos dos h<nne>ns, contudo continua real e vivo. :e também com grande confiança que nos voltamos para Vós, 6 Senhora dos casais invisíve18 .. . "

Para terminar, façamos todos votos para que muitas viúvas venham par a o nosso Movimento. As equipes que atualmente existem, disseram-vos, por meu intermédio, o que pensavam. Oxalâ que outras viúvas pos11am ouvir-vos e vir reunir-se a todos nós, multo em breve."

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PAQA VIVEQ MELHOR OS ESTATUTOS {'Querem ser oompetentes na propria profissão. \Q"erem fazer de t6das as 81«J..8 at~es uma colaboração d obra de Deus e um serviço pres-.. tado aos homens." Tomou, pois, o Senhor-Deus a Adão e colocou-o no jardim do Eden para o cultivar e cuidar dele. (Gen. 2,15) lt que a ansiosa espectativa da criação aguarda a re· velação dos filhos de Deus. De fato, a criação foi submetida él vaidade - não voluntAriamente mas por causa de quem ~ submeteu - , na esperança, porém, de que a própria criação seria igualmente libertada da escravatura da corrupção, em ordem à liberdade da glória de filhos de Deus. Sabemos, com efeito, que tôda a criação tem gemido e sofrido em conjunto as dores do parto, até ao presente. (Rom. 8, 19-22)

Há, pois, diversidade de dons gratuitoS', mas o Espirito Santo é o mesmo; há diversidade de serviços mas um sG Senhor; e há distribuição de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A cada qual, porém, se concede e. manifestação do Espirito em ordem ao bem comum. (I Cor. 12, 4-6) Não são coisa alguma nem aquêle que planta nem aquêle que rega, mas Aquêle que faz crescer: Deus!... l!: ·que nós somos colaboradores de Deus; vós sois campos de cultura de Deus, edificios de DeU.. (I Cor. 3, 8-9)

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Os Nossos Temas de Estudo "FECUNDIDADE" E CASAIS SEM FILHOS A ma ior pa rte de vocês com eçou ou vai começai' o estudo da série "Fecundidade". Será por causa do título , co mp reendido num sentido demasiado mate· ria I, qu e es ta séri e de temas levanta por vêzes, cert as obj eções? A mai s série provém das equipes~, com um oú mais casais sem filhos; quanto a êste assunto vamcs dirigir-nos sucessiva mente aos casais que não t êm filhos e aos casais que têm filhos . Aos casais que não t êm f i lhos

, "Se já estão casados há m a is de um ou dois anos, caros ramigos. sentem-se preocupados por não verem o fruto natural do ·seu casamento. Jt penoso, para vocês o convívio com casais em que se multiplicam os nascimentos, e os· assuntos que se referem à /fecundidade dos casais talvez lhes pareçam in.suportáveis. ~abemos isto porque não são exceções e muitos casais sem :filhos quiseram comunicar-nos as suas experiências e reações para que pudéssemos corresponder melhor às suas necessidades. l!:: claro que ainda têm esperanças (muitos casais só têm o primeiro filho depois de vários anos de casados), mas são extremamente sen.síveis quanto .a êsse assunto e querem guardar SÓ para êles O sofrimento e O , segredo da sua esperança. O estudo desta série de temas pode fazer-lhes mal, a ;menos que procurem deliberadamente sair de si próprios e sobretudo sair de uma concepção ãemasia dc limitada de fe~undidade. A fecundidade de um casal é o fruto que dá, pela graça de Deus, é a sua irradiação, o seu apostolado, é o fruto escondido do seu sofrimento e da sua humilhação . ;Jt em paz que se deve tentar estudar êste tema, procurando não propriamente penetrar os desígnios secretos de Deus, , lO


ma.a conhecer a Sua Vontade IJÓbre o casal, sobre a sua fe· cundidade atual e fUtura; esforçando-se por criar uma alma de pai, uma alma de mãe para os filhos que talvez venham a. ter para aquêles que talvez venham a adotar ou simplesmente para os sêres que os rodeiam e que têm também neces·sida.de de um amor que talvez só vocês lhes possam dar. E depois, ao estudarem êste tema com os membros da sua equipe, porão em prática a caridade fraterna, tentarão c·o mpreender melhor os seus pl'oblemas. Quantas vêzes não ficaram feridos com as observações infelizes de certo casal: ":Jt claro que vocês têm tempo para fazer isso porque não têm filhos", "é claro que para vocês não há problema em irem ao retiro", etc. Nessa altura não se fechem sôbre vocês próprios, mas mostrem-lhes com delic·a deza que os desgostaram para que não o repitam a outras pessoas; procurem compreender as fadigas dêles, aceitem as suas alegrias, partilhem o seu sofrimento." Aos casais que têm filhos

"Acima de tudo não se lamentem diante dos seus amigos que não têm filhos ou então peçam-lhes depois perdão: :ltles 'nvejam o seu cansaço, a sua inquietação junto de um filho doente. As saldas que têm a ''sorte" de poder fazer, se· gundo a sua opinião, sacrificá-las-iam de bom grado; para êles não passam de evasão, de paleativo. Para. ter uma atitude justa para com. os casais sem filhos, deviam pOr a trabalhar a imaginação e a caridade faria o resto: Imaginem os primeiros meses e anos de casados, imaginem que passaram 5, 10 anos e que o seu lar continua v~zio. Onde estão essas maravilhosas alegrias que conheceram, esse bebê nos seus braços? Nunca existiram, ficamos sós. Mês após mês iamos ficando desiludidos amparando-nos um ao outro, mas sofríamos por não ver a' felicidade coJll.pleta do nosso marido ou da nossa mulher... TOdas as noites ficamos sózinhos diante um do outro, e temos mêdo de que isto assim continue, porque ainda não sabemos bem o que devemos fazer, 11


o que quer o Senhor de nós. Ainda não nos decidimos a adaptar uma criança, porque pode haver uma _e sperança .. . E agora que procuraram pôr-se no lugar dos casais sem filhos, se têm algum casal nessas circunstâncias na equipe estejam muitos atentos, especialmente no estudo dêstes temas porque é uma oportunidade para compreenderem os seus problemas, talvez para os ajudarem, mas muito discretamente, sem forçar as suas confidências; não lhes escondam as suas alegrias, mas não esqueçam o desgôsto deles. Estudem o tema "Fecundidade" com naturalidade, mas nunca omitam êste aspecto da fecundidade espiritual que é essencial, não só para os amigos que não têm filhos mas também para vocês."

DEMASIADO TEÓRICOS f'Oausas ele desunião" Numa equipe discutia-se sôbre as causas de desunião no3 c·asais. Todos tinham preparado as respostas e o casal animador organiza a discussão. - alojamento precário - salário muito baixo - marido que bebe - mulher leviana -etc. O casal de ligação assistia a esta reunião e de vez em quando o marido olhava para a mulher como se quisesse dizer-lhe: "Que achas? Deixo-os continuar a fazer teoria ou .bato com o punho na mesa?" Passou meia hora e êle não pôde mais: "Meus amigos, não é nada disto. Vocês estão a falar de causas de desunião mas não falam das suas causas de desunião. Entre vocês não há, segundo espero, marl.dos 1bêbados e mulheres levianas, mas talvez haja casai·s com

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SUPLEMENTO à Carta Mensal

das Equipes de Nos$a Senhora JUNHO DE 1965

Bilhete do Centro Diretor A nossa leitura do Evangelho

A Biblia em foco

O que vai pelas equipes

Peregrinação a Lourdes Instalação do Setor do R. de Janeiro Dias de Estudos dos Responsáveis Dias de Estudos do Setor de Jau Centro de Preparação para o Casamento Sessões de Quadros Vida do Movimento

Equipes admitidas e Deus chamou a sí Calendário -

compromissadr:~

Retiros

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Caros amigos Há poucos dias ainda, encontrávamo-nos todos reunidos presentes e ausentes - ao redor da gruta de Lourdes, para responder em unis.ono ao chamamento de Nossa Senhora. Portadores das int€11ções dos casais cujo amor se acha doente, conscientes de nossa própria miséria, pedimos a Cristo e a sua Mãe, que fizes,s em o mun. do descobrir as riquezas do casamento cristão e as graças nele contidas. Pedimos a Cristo e a sua Mãe a graça de nossa própria conversão, a nós que, hó jó vário~ meses, fazemos um esfôrço no sentido de nos colocarmos atentamente à escuta da Palavra de Deus. Estudar em comum o Evangelho de São Marcos, ainda mais com o coração do que com o esp'rito, não era apenas o meio de atingir aquela unanimidade de que o nosso encor~tro em Lourd-es foi um testemunho. Era e é, mais ainda, a ocasião privilegiada para confrontar a nossa vida com o ideal evangélico, tomar con~ciência de nossa condição de pecadores, descobrir finalmente que o ideal proposto e vivido por Cristo é inacess·vel por nossas próprias fôrças, mas que, por ~le ·tudo podemos. "Para o homem, é impossível, mas para Deus tudo é poss:vel". Esta volta ao Evangelho, fonte de toda verdade e de toda re·· novação, não é um retrocesso. Longe de nos levar a voltar as costas para a vida de hoje, convida-nos a fazer, no momento presente, a vontade do Pai , transformando-a assim em vida eterna. Tudo isto vem sendo descoberto e aprofundado pouco a pouco, ao estudarmos os grandes temas do Evangelho de São Marcos. Nossos esforço~. nossas dificuldades, nos.;as conquistas, nossos fracassos talvez, nós os conhecemos, primeiramente pela própria vida de equipe e, de ma~eira mais ampla, pelos relatórios dos Respor~sáve is de Setor. Graças a êstes relatórios, já nos é poss ·vel levantar um

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balanço prov•sono, francamente positivo. Não pretendemos entrdr aqui em detalhes. Queremos simplesmente expôr, à luz daquilo que se passou nas· nossas equipes de um ano para có, qual será o programa para o ano próximo. Nosso esfôrço para nos colocarmos de conformidade com o Evangelho, fundamento dos Estatutos, irá prosseguir, mas adaptando-se .;, idade das diferentes equipes. ~ casais das equipes ainda r10vas serão convidados, como anteriormente, a descobrir as riqueza~ do sacramento do matrimônio e as grandes linhas de uma espiritualidade conjugal, através dos três temas básicos. As equipes um pouco mais antigas aspiram em geral a uma certa liberdade na escolha dos temas, permitindo-lhes corresponder às necessidades dos casais que as compõem: estudarão assim os temas escolhido dentre os que lhes são propostos pelo Movimento e que lhes parecem mais adaptados (Cristo e o Lar, As Ideais básicas de São Paulo, O Mistério da Igreja ... ). Para as equipes com sete anos ou mais, o esfôr ço na escuta da Palavra de Deus prosseguirá diretamente com o estudo de um tema sôbre o Evangelho de São Mateus. Para cons1!· guir discernir em que tal ou qual episódio nos diz respeito particularmente, para reconhecer de que modo Cristo nos chama, nas condições atuais de nossa vida, e da í deduzir as aplicações práticas, um ano é certamente insuficiente. Aliás, muitos dentre nós jó o perceberam. A leitura meditada de São Mateus, com o Evangelho da infância, as Bemaventuranças, o Sermão da Montanha, o Pater, nos lembrará que a riqueza dos Evangelhos s.inópticos não se ac n;; esgotada com São Marcos; ajudar-nos-á a melhor compreender que a nossa resposta ao apêlo do Senhor engaja tôdos os aspetos de nossa vida, isto é, o nosso encaminhamento para ~le, e que só a nossa adesão à sua Palavra, dó um sentido à nossa vida. Se nos deixarmos impregnar pelo Evangelho, em profundidade, não nos será poss:vel viver como antes. Não será êste o objetivo que visamos? Creiam, caros amigos, na nossa fraternal amizade. O CENTRO DIRETOR

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A Nossa Leitura do Evan~elho A BIBLIA EM FOCO

Pe. Joaquim Salvador, S.D.B.

A B 'blia está na ordem do dia. Se não fôsse um tanto profano. poder-se-ia dizer que a B blia está na moda. Dai o perigo de alguém se entregar a ela sem a devida prepar<!çÕo, treslendo o texto divino. Lançar-se à leitura do Livro Sagrado sem um imprescind :vel cabedal de conhecimentos é arriscar-se a sofrer um fastio descoroçoador. Há livros que se lêem de um só fôlego; outros pedem leitura lenta; outros ainda com po~ologia dosada . E a B.blia? Sendo um livro dife rente de todos os dema is até hoje produzidos por mente humana , sua leitura exige disposições particulares nos seus clientes : disposições de ordem intelectual e de ordem espiritual. De ordem intelectual: a B blia não é um livro escrito de um só jato, por um só autor humano e no per:odo de uma só geração. Entre a primeira página escrita da B'blia e sua 'Última frase há de permeio muitos séculos . E entre a ültima frase e nós, intempõem-se quase dois mil anos. Isto só bastaria para nos convencer de que a

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B:blia não é de fácil leitura e compreen~o. E a razão é que Deus, Autor principal do Livro Sagrado, ao escolher seus colaboradore~ humanos (e êstes foram muitos) para a confecção do escrito sacro. acomodou-se e quis tôdas as qualidades e imperfeições dêsses escritores inspirados os hagiógrafos. Quis ainda o Esp.rito Santo que a mensagem divina da salvação trazida pela B.blia, estivesse condicionada às circunstâncias tôdas de tempo, lugar, cultura, sttuações pol íticas, religiosas, sociais, econômicas etc., da época. A B.blia é um livro divino enquanto tem a Deus por seu primeiro e principal Autor, mas é também um livro profundamente humano e reallsticamente nosso. A Bíblia narra a história divina da salvação inszrida, porém, na história humana. Através do condiciondmento temporal e limitado a determinada região, povo e tempo, quis Deus fazer dos valores e debilidades humanos o ve:culo de sua mensagem . Pareceria até que a Palavra divina ficaria ineficaz se o humano não entrasse com sua ativa co-participação. Ass im como o Verbo Encarnado assumiu tôdas as perfeições e para que o Verbo Eterno se tornasse um de nós, do mesmo modo, esperou pelo "fiat" do homem para que a Sua Palavra se "encarnasse" na linguagem humana . Assim como o Verbo Encarnado assumiu tôdas as perfeições e fraquezas da nossa deca ída natureza, exceto o pecador ( Hbr 4,1 5) aceitando nascer no ano 749 / 750 da fundação de Roma, num obscuro povoado da Palestina, entre gente simples e humilde, de língua e costumes orientais, quando sua terra estava sob dom;nio estrangeiro etc., do mesmo modo, a Palavra de Deus se revestiu de tôdas as qualidades e imperfeições da nossa l.ngua e do que é humano, sem todavia permitir falhas na verdade. A Bíblia é ao mesmo tempo palavra humana e mensagem divina. E' o mistério da econoy


mia divina, mistério ao mesmo tempo, de amor, que quis associar nossa debilidade à ~a Palavra Onipotente. Ora, um livro escrito há tantos séculos antes de nós, por mUItos autores que permaneceram no mais absoluto anonimado e os r:1ais variados quanto à cultura, ao estilo, às condições econômicas e sociais, em língua bem diferentes das nossas, com suas riquezas, pobrezas e matizes característicos; livros escritos, quase na sua totalidade, ocasionalmente, para destinatários concretos e sujeitos à~ condições de vida, de ambiente, de região, costumes e civilização estranhas à nos~ a; enfim, livros que não caíram do céu como um bloco monol;tico, mas sofreram as vicissitudes das variações tempo ra is nos seus autores humanos, um livro assim não será , absolutamente fácil de se r entendido, m~mo lido na sua língua original e bem mais difícil numa versão, ainda que bastante perfeita . A Bíblia impõe ao seu leitor uma introdução, uma preparação.

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A segunda exigênc ia para a compreensão da B:blia é de ordem espiritual: é preciso ler-se a S. Escritura com a alma voltada para Deus, com o coração aberto à luz do alto e com a vontade revestida da doc ilidade ao Esp:rito Santo . A B:blia precisa ser lida com piedade, humildade e devoção.

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A B 'blia pode agir em nós à guisa de um sacramento.

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* Meus Caros Amigos Equipistas, vocês já têm a B.blia? Coloquem-na em lugar de honra. Nõo seja o Livro Divino um dos muitos que adornam sua biblioteca. VI

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PEREGRINAÇÃO A LOURDES

No momento em que redigimos esta nota, os casais Glória e Payõo, Esther e Marcello, ainda se acham em Roma, ao lado de representante!O de outros pa'ses, no Encontro de Quadros superiores do Moviment'.). Não é, portanto, da peregrinação em sí que lhes vamos falar. Aguardemos a sua volta, para uma not:cia detalhada do que foi êste grande acontecimento. Houve nessa peregrinação um aspeto que merece registro especial: o grande movimento de fé e de esperanças que a iniciativa das Equipes suscitou fora das nessas fileiras, em resposta às despretenciosas not"cias publicadas em alguns jornais, seja de São Paulo ou do Rio e outras cidades. O gesto das Equipes foi compreendido muito além do que esperávamos. Tornou-se público, através dessas not 'cias, que os casais iam a Lourdes, não só em seu nome, mas em nome de todos os casais do mundo. Iam pedir à Virgem graças, não tanto para os males f'sicos mas, particularmente, para serem os intérpretes, junto do altar de Deus, das. esperanças e desesperanças de todos aquele5 que sofrem uma· crise em seu casamento e desejam salvá-lo, como se cura e reabilita um doente. Contam-se em várias centenas as cartas e cartões recebidos pelo correio, ou entregues pessoalmente no secretariado, solicitando o encaminhamento de pedidos de graças, a fim de serem depositados no dia 5, em Lourdes, junto do altar de Deus. Várias centenas, sim. Várias centenas de súplicas de não equipista-s. A maior parte, simples cartões contendo dois prenomes: Ma-

ria e Paulo ... Luiza de Carlos ... Muitas vezes, cartas ou cartões VIl


eram entregues pelo próprio interessado: troca rápida de algumas palavras, quase sempre com a solicitação de que nos empenhássemos para que não ficassem esquecidos. Em todos, a fé e a esperança traduzindo-se no gesto e no olhar. Por várias vezes, um coração mais angustiado abre-se em confidência. Pudemos então aquilatar o que se escondia atrás dessas centenas de nomes entrelaçados que, por intermédio das Equipes levavam as suas preces as suas pEITlilS, os seus anceios, as suas angústias até os pés de Nossa Senhora . Algumas centenas de pedidos de graças. . . Pequena amostra das muitas e muitas centenas de lares que sofrem ... e que esperam ainda, antes de mergulhar no irremediável. Caros amigos, nesses dias em que pudemos penetrar no intimidade de uns poucos corações doloridos, em que tivemos em mãos aquelas centenas de preces anônimas, compreendemos o alcance incomensurável da paz e da união dentro do casamento. Compreenc!emos também a missão das Equipes de Nossa Senhora: não é I"cito guardar só para s · a met1sagem de amor que Cristo veio trazer à terra, quando junto de nós tantos corações sofrem porque o de~­ conhecem. INSTALAÇÃO DO SETOR DO RIO DE JANEIRO

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No final de uma missa de comemoração Pascal, celebrada por Dom Cas,tro Pinto, Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro, que reunia os casais das Equipes do Rio e Petrópolis, realizou-se a instalação do novo Setor do Rio de Janeiro.

A homilia da missa foi pregada pelo Rvmo. Pe. Oscar Melanso:-> que, há alguns anos, participou da formação da primeira equipe do Rio. Após a cerimônia, houve rápida assembléia, na qual falaram Nancy Moncau e Ludovic Szet1észi, rememorando o in"cio das Equipes em S<io Paulo e no Rio. Dom Castro Pinto encerrou a sessão com palavras de incentivo e apôio, ressaltando o papel das Equipes de Nossa Senhora, como um dos vanguardeiros do esfôrço de renovação cristã da fam "lia brasileira . VIII

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Anexo à O.M. de junho 1965

0(JII"os amigos,

Se vocés l6ram , com olhos de ver e cO?n o coração aberto i-nspiraçêíes do Espírito Santo, n artigo do R"'-mo. Cônego Caftarel - "Assim cmno eu ·vos amei" - publicado no S"pl6mcnto azul da Carte~ Mensal de maio, hão de ter sentido :que a Peregrinação das Equipes a Lourdes, quis abrir pa·r a o Movimento uma nova etapa, marcada por um esfôrço de vivéncia mais pmfwnda do amorr tratemo, a grande místicw das Equipes de Nossa Stmhora, a grande norma de vida de todo cristão. àB

Este amor do prOO;imo não deve, não p.ode ficar no te?'"' reno da.s vagas reflexões puramente especulativas, nem limitado ao circu-lo dos nossos irmãos de equipe. Deve se estenüer "ao próxima'' que é aquel6 Samaritano do Evangelho que se deteve para socorrer o ferido caido à beira do caminho de Jer!có, que é todo aquéle que espera o nosSo apoioJ que espera o gesto que traduza o 1ws.~o anwr fraterno. O próximo. . . é aquele que irá pesar na balança, no dia decisivo, "quando o Filho do Homem vier na sua glória", diante de tõdas as nações reunidas à sua frente, para o gt'atl/de julgamento que decid~rá de tõda a nossa ete-rnidade quando "o Rei disser ao:t de sua direita: Tive fome e rrw/. desteS! tle comer, tive slUe e me destes de beber . .. . estava nú e me vesitstes, estava doente e me visitastes" . . ,


If

O próximo, caros amigos, são também êste$ milhares de ir?nãos que estão hoje em dia, em nosso país, em sua oidade, talvez em seu bairro ou paróquia, a braços com a falta de tt·abalho. Bão estes milhares 'de homens, de mulheres e de crianças qt~e têm fome, têm sêde, estão nús< e doentes. . laçados à beira do desespero, porque peroermn o emp~go. Não por inoúria, não por incapacidade, mas por uma séri@ de cirunstél.ncias que não foram criadas por êles. . . E espe-. ram 'de nós que nos detenhamos no caminho.

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li

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Não é nosso intuito fazer aqt~i o esboço do qU{!)jro àolo1·oso dos desempregados. Mas apenas o tle chamam a ate,n ção para a g,r avidade do proble'rna e p ara a urgência de providências que venham minora?· os seus efeitos. Iniciativas estão sendo coordenadas. Mobilizam-se entidades várias. Apelos estão sendo feitos. A voz de nossos· Bispos se tem feito ouvir. Dentre estas, destacamos o manifesto veemente feito por Dom Agnelo Rossi, Cardeal-arcebisp o de Bão Patüo e Presidente da Conferência Nacional doi!Jo Bispos do Brasil, do qual extrairnos alguns trechos finais: uaonclamamos diz o manifesto o nosso clero Ctodo o laicato consciente a que tomem consciência do rnomen,~o e voltem suas vist.as para o problema do desemprêgo .. : Unam - se to'd os no espírito de solidariedade, de fraternidade e de caridade cristã, e em cada Centro paroquial da nossa Arquidiocese seja organizada uma equipe de leigos com -a incumbência de percorrer a Paróquia para averiguar e medir a, v~rdadeira extensão e gravidade 'do pro_blema 'do desen~­ prego e, ao mesmo tempo, para recolher auxílios -

em di-


I

nheiro, ·roupas, géneros alimentícios - a serem destinados aos que realmente sofrem e passam necessidades por não terem possibilidade de emprégo . . . . . ((Que todo8. . . tenham diante téncia do Apóstolo São João: ((Se mundo e, ·vendo seu irmão passar coração, como pode néle habitar o

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dos olhos a séria at.Weralguém possui bens déste necessidade, lhe fechar o amor de Deus'!"

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Que nos cabe fazer'! Evidentemente, para senrws fieis aos nossos Estatutos, «estar prontos a responder aos apélos de nossos bispos". Mais concretamente: Tomar consciéncia real do problema, em teda a extensão e gravidnde.

.~ual

Em seguida., esta11 atento à.s iniciativas idóneas que torem sendo tomadas e a elas dar a própria colab&ação, oom presteza e generosidade. Finalmente, atuar, na mvlida das pr6pria8 posSibilid(tkies e influéncias, pa;ra que os sentim.entos de fraternidade cristã e de jt~stiça não sejam relegados ao esquecimento, por aquêles que são tentados a dar uma solução desumana\ aos seus problemas financeiros. "Carregai os fardos uns dos out1·os e assim cumprireis

a lei de Cristo". A EQUIPE DE COORDENAÇÃO INTER-REGIONAL


I


O Setor ficou assim constituído: Conselheiro Es11iritual, Pe. Lou ~ Lion; Casal Responsável, Elza e ludovic Szenészi; Membros do Setor: Lidia e Gilberto Rosman, Clarisse e Sebastião de Oliveira, Betisa e João Debiase.

DIAS DE ESTUDOS DOS RESPONSÁVEIS

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153 casais e 40 Assistentes, tal é o número de participante~ que a Secretaria registrou, nos Dias de Estudos dos Responsáveis, realizados a 1 e 2 de maio último. Foi êste o 10.0 Encontro dos Responsáveis realizado no Brasil. E' confortador verificar o aumento progressivo do número de participantes e, mais do que isto, a compreensão da importância desta grande Assembléia Cristã, pois que, todos os anos, verifica-se a presença da quase totalidade das cidades onde temos equipes. Não é poss vel deixar de mencionar Pôrto Alegre, Caxias do Sul, Florianópolis, Brusque, Curitiba, Rio, Petrópolis, Belo Horizonte . .. Duas conferências de espiritualtdade constituíram o ponto alto do Encontro: a primeira, pronunciada por Mons. Benedito Ulhôa Vieira nos deu uma visão profunda e concisa da Igreja Peregrinante; a segunda, subordinada ao tema Evangelho e Catequese foi desenvolvida po~ Irmã Maria do Ro!lário. Esther e Marcello Azevedo fizeram-nos uma exposição sôbre O Evangelho, tema de todos os tempos. Gladys e Ad01nis Pirágine nos apresentaram um trabalho muito esclarecedor sôbre A Regra de Vida. lgnez e Orozimbo Loureiro Costa incumbiram-se de fOrnecer dados e informações sôbre a Pe~ regrina~ão a Lourdes. O número elevado de participantes determinou a formação de 16 Grupos de Trabalho que se reuniram por duas vezes, para troca de idéias sôbre a Regra de Vida e Vivência do. Evangelho nas Equipes. Toda a liturgia das celebrações religiosas dos dois dias esteve a cargo do Rvmo. Pe. Luiz Gonzaga. Soube êle imprimir a tôdas as cerimônias o cunho de Celebração da Igreja Peregrinante, através dos cânticos e orações a que todos participaram. IX


Na noite do sábado, 16 "reuniões de equipe" permitiram ma•s uma vez a vivência daquela cordialidade e abertura que caracteriza estas reuniões, e que tanto impressiona pela sua expontaneidade, entre casais que ainda na véspera não se conheciam .

DIAS DE ESTUDOS DO SETOR DE JAU Com a valiosa colaboração do Rvmo. Cônego Angélico Sôndalo Bernardino e do casal Glória e João Payão Luz, o Setor de Jahu promoveu nos dias 3 e 4 de abril, no Colégio São José, da cidade de Jau, os Dias de Estudos programados dentro das atividades desse Setor. A abertura do Encontro realizou-se no sábado às 19 horas, prolongando-se até às 23 horas, para reiniciar-se no domingo pela ma111hf, com encerramento às 17 horas, com a celebração .da Santa Missa. Os trabalhos foram constituídos por vonas palestras, intercalando-se parte de espiritualidade e parte visando o ideal das Equi pes de Nossa Senhora e os meios qu e elas. propõem para alcançá-lo . Os temas Nossa Ra2:iio de Ser e Engajamento foram o objeto daquelas palestrastr. dos Grupos de Trabalho que as sucederam. Confiadas que foram ao Rvmo. Cônego Angélico e ao casal Glória e Payõo, não constituíram nenhuma surpresa quanto ao seu êxito : já era previsto e sua repercussão foi das mais proveitosas. Comparecimento excelente : setenta casais presentes, integrant es das equipes de Araraquara, Baurú , Bocaina, Dois Correg os, J au Pederneiras e São Carlos.

CENTRO DE PREPARAÇÃO PARA O CASAMENTO Mai3 um Dia de Estudos este Suple mento tem a satisfação de regist rar : o do Centro de Preparaçiio para o Casame nto, que teve lugar no Colégio Santa Cruz, no dia 30 de maio último. X

,


Ultrapassou a melhor das expectativas, a acolhida feita a esta inicativa da direção do Centro. Mais de 80 casais deixaram !iteraimente lotado o amfiteatro do Colégio e foram sendo gradativamente tomados de incontido entusiasmo à medida que o programa vinha sendo desenvolvido: Coube a Tereza e José Eduardo Macedo Soares a abertura dos trabalhos, com a exposição dos objetivos do Encontro: dar aos casais, em ~ua grande maioria integrantes dos "cursos" a oportunidade para uma troca de experiências e sugestões, no esfôrço comum de colocar o Serviço de Preparação para o Casamento em condições de poder responder à crescente solicitação de novos grupos de noivos. A expansão do "Centro" levou a sua direção ao estudo de umil reestruturação de ?eus quadros dirigentes. Dagmar e Durcy Vellutini incumbiram-se de apresentar aos participantes, o esquema desta reestruturação que visa maior facilidade de atendimento, principalmente para melhor servir as Paróquias.

O Rvmo. Pe. Eugênio Charbonnau pronunciou logo a seguir uma conferência de espiritualidade. Com o vigor, entusiasmo e profundidade que o caracterizam, Pe. Charbonnau pôs em evidência a responsabilidade dos cristãos ante o apostolado de um modo geral, e dos cristãos casados ante êste apostolado dos mais importantes que consiste em ajudar os noivos a ingressarem na vida de casados com ·o cCIIlhecimento exato dos obstáculos que irão encontrar, mas também dos imensos recursos da graça do sacramento que se preparam para receber, capaz de levar a atingir a felicidade pela qual aspiram. As Novas Técnicas de lideranca de; reuniõeS foram expOsias com notável competência pelo Prof. -Marcos Pontual, inclusive a sua aplicação aos encontros com os noivos. Todos os temas que são desenvolvidos para os noivos, foram objeto de estudo, nos 11 grupos de trabalho organizados, com a finalidade de os atualizar, a partir da experiência já vivida, nos váXI


rios anos em que já vem funcionando o "Centro" . Um Plenário trouxe a debate por parte da assembléia, tôdas a~ conclusões daqueles grupos de trabalho. A Santa Missa, celebrada pelo Rvmo. Pe. Charbonnau, encerrou êste importante Encontro. Dele irá decorrer não só uma reformulação dos temas, mas. também uma reestruturação dos quadros dirigentes. E' êste um trabalho dos mais necessários, para tornar poss·vel ao "Centro de Preparação para o Casamento", articular-se eficientemente com o plano de Pastoral Familiar da C.N.B.B. SESSÃO DE QUADROS

A Sessão de Quadros deste ano já se acha em preparação. Reunirá em Valinhos (São Paulo), os casais que exercem atividades de animação e controle das equipes (membros de Setor ou de Coordenação, Casais de Ligação, Casais Pilotos), que ainda no tomaram parte em encontros idênticos nos anos anteriores. São dias de formação, visando dar aos seus participantes um conhecimento mais profundo das Equipes, sua m ·stica e seus métodos, capacitando-os assim a exercerem com maior eficiência a missão que lhes é confiada pelo Movimento. Os Responsáveis de Setor ou de Coordenação, acham-se habilitados a prestarem as informações necessárias e a encaminharem as inscrições à Secretaria. A data para o Encontro foi fixada para os dias 5 a 7 de setembro, com entrada no dia 4 á tarde. Local, Casa de Retiros das Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado, em Valinhos. I

*** XII


EQUIPES ADMITIDAS

Foi aprovado o pedido de admissão das seguintes equipes:

Braine I'AIIeud 3, Bruxelas 105, Eisden 1, Harsselt 4 , Liege 60, 61.

Bélgica -

Angatuba 1, Araraquara 2, Campinas 1 2, Florianópolis 8, Guaxupé 3, Jundiaí 3 .

Brasil -

Cana.déi -

Montreal 16, St-Jérome 1 .

França - L' Aigle 1, Aix-en-Provence 1 1, Bendeld 2, Bordeus 19, Chantilly 4, Compiegne 7, Grenoble 11, Dinan 1, 3, Flers 1, Fontainebleau 5 , Limoges 11, Mareii-Marly 1, Marselha 24 , Melun 7, Montpellier 2, Neuilly 8 , Paris 103, Pau 11, Perpignan 4, Pontoise 3, E.P.C. 27, 30. ltlanda ltéilia -

Dublin 1. Turim 8 .

Líbano -

Beyrouth 1 .

Mauricia -

Suíça -

Ilha Mauricia 25 , 28 .

Martigny 2 .

XIII


EQUIPES COMPROMISSADAS Fizeram o seu compromisso as seguintes equipes: Bélgica- Anvers 14, 15, Bruxelas 53, Ciney 2 , Liege 32. Espanha -

Barcelona 19.

Albi 1, Chartres 4, Dele 1, Maisons-Aifort 2, Marselha 20, Meaux 3 , Nevers 1, Nice 1, Paris 34, Rouen 13, St-Germain-en-Laye 4.

França -

llllauricia Ilha Mauricia 19. Suiça Rommani 1 .

AS EQUIPES DO BRASIL, ADMITIDAS, SÃO AS SEGUINTES: A'ngatuba I -

Equipe N. S. Consoladora dos Ailitos Assistente : Pe. Antonio Venancim C. Respons.: Itália e Julio Simões de Almeida Equipe N. S. do Carmo C. Respons.: Irene e Orestes Failla

Araraquara 2 -

Equipe N. S. Rainha dos Apóstolos Assistente: Pe . Arlindo Naday C. Respons.: Ana Alice e Edson Barbosa

Campoinas 12 -

Equipe N. S. da Paz Assistente: Pe . José Edgar de Oliveira C. Respons. : Zelia e Aldo Rodrigues

Florianópolis 8 -

Equipe N. S. do Rosário Assistente: Pe. Arnaldo C. Respons.: Marilda e Ariovaldo Francisco Silva

Guaxupé 3 -

XIV

..


Jundiaí 3 - Equipe N. S. das Graças Assistente: Pe. Vital Garrijo C. ResPons. : Cidinha e lgar Fehr

DEUS CHAMOU

~

SI

Alice lachiver, de St-Germain-en-Laye 4 (França ) a 22 de outubro; 3 filhos. Bernadette Wilmez, de Ath 2 (Bélgica), a 6 de novembro. Elisabeth Cothsch, de Attendorn 1 (Alemanha), a 20 de novembro Paul Halbert, de Nantes 1 (França), a 24 de novembro; 6 filhos.

Abbé Salmon, Assistente de Blois 5 (França) em outubro de 1964.

CALENDÁRIO Setembro 4-7 - Sessão de Quadros - Casa de Ret iros da s Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado - Val i,hos.

***

XV


RETIROS Região São Paulo · São Paulo

Junho

11-13

Agôsto

6-8

Barueri -

Pe. Alfonso Pastore

Agôsto

Valinhos -

Fr. Luiz C. Costa

Outubro

27-29 10-12 1 - 3

Barueri -

Con. Lucio F. Grazziasi

Outubro

Nov. 2

Valinhos:

Exercícios para um

19-21 26-28

Valinhos

Setembro

Valinhos -

Frei Luiz Maria Sartori

Barueri Mundo

Melhor Novembro Novembro

Barueri

Região Interior do Estado Araçatuba Baurú Campinas Ja~

4 Julho 2 4 Agôsto 13-15 Novem . 12-14 Agôsto 30-31 Julho

2

Retiro Retiro Retiro Retiro Retiro no Colégio S. Norberto Retiro

Novembro Ribeirão Preto

Set. Outubro

2

Retiro em Brodosqui Recolhimento no Colégio Vita et Pax

XV I


alojamentos insuficientes, outros com dificuldade em equilibro.r o orçamento, outros (quem sabe?) com temperamentos dlficeis, etc. Num dos últimos relatQ<J do casal responsável vi que achavam certos temas muitos teóricos; não são os temas ~ são demasiado teóricos, é a maneira de os trãtar ... · , Então recomeçou-se a discussão do tema e compree"ltderam que realmente o Jorge e a Nair tinham dificuldades de temperamento, que a Suzana e o João discutiam todos os meses pon causa das despesas que podiam ou não fazer, que o Henrique e a Silvia estavam nervosos porque o bebê mais nOvo chorava de noite e só o podiam ter no quarto dêles, que a Beatriz sofria com as ausências demasiado frequentes do Paulo por causa das reuniões do sindicato e da A . C. masculina, etc. Agora estavam dentro da verdade; no mês seguinte êstes casais devem ter tido bons assuntos para o seu "deVer de sentar-se" e daqui po11 diante ao rezarem uns pelos outros têm qualquer coisa concreta a pedir ao Senhor!" "O sacramento do matrimônio"

Outro tema que foi c·o nsiderado "teórico demais". Eis algumas linhas que um casal de ligação escreveu sObre êSte assunto : "l:ste tema pareceu teórico demais? Mas é absolutamente necessário que aprendamos a conhecer e a amar o nosso sacramento do matrimônio pois para o vivermos plenamente é preciso pensar e acreditar nêle, e quando o vivemos realmente já não é teoria! Gostaríamos de falar de tOda a riqueza que alguns casais tiraram dêle; há gestos através dos quais o sacramento do matrimônio se renova e completa todos os dias, se assim se pode dizer, e isso deve passar à nossa vida; recurso à graça do matrimônio, tentações e dificUldades.

especialmente nas


-

oração familiar da noit& j é -a liturgia do casal qut tira o seu significado do sacramento do matrimônio. gestos de amor dos esposos; encontrei um casal que não começava nenhuma refeição sem dar um beijo : gesto de paz e de amor. Sei de outro que dá "o beijo da paz" tõdas as noites na oração conjugal. lembro-me sempre de apresentar ao Senhor a minha aliança no Ofertório de missa, gesto que simboliza a oferta do meu lar.

Tudo isto traz graças de cura, de renúncia, de doação. Poder-se-ia escrever um livro sõbre êilte assunto!"

J

1.L------:--:---:-Os temas sao o que fize-rem deles!

DEVORADO. .. MAS ALIMENTlCIO

A oração justifica-se e vale por si própria, porque o homem deve um culto a Deus. Mas àqueles que querem ser eficazes, que querem ser apóstolos, é preciso recordar sempre que a sua ação só terá valor e efi cácia sobrenatural se fõr impregnada. <le .oração. -1; êste o tema das linhas que se seguem, enviadas por um Assistente de Setor. "Excelência, estou sendo devorado pelo meu trabalho" ... queixava-se, recentemente, um padre junto do seu bispo. "E, meu àmigo, sois alimentício?", respondeu êste, a quem não faltava .humor. Devorados. . . Todos o somos, ou julgamos sê-lo.. O turl>ilhõo da vida atual - em certos dias devia dizer-se o tufão o ritmo dos negócios, arrzstam·nos e devoram-nos. · Devorados pelos chamados telefónicos. Os que recebemos q os que fazemos . Devorados pelas deslocações exigidas pelo tra 14


'·'

balho. O automóvel, o ônibus, quando nãa é o avtao a jato. Devorados pelos divertimentos. No domingo logo de manhã cedo, 'metem-se todos, desde o pai ao filho menor, no "carro familiar"; devora-se o espaço ou é-se devorado por êle, ansioso~ exceto talvez a mãe, por ultrapassar o Volks ou o Simca que vai à frente . Trezentos ou quatrocentos quilómetros, ida e volta . Domingo lá pela meia-noite desembarca a tropa, todos exaustos até o bebê que vem dormindo, dema~iado fatigados flsic;omente e ainda mais nervosamente, para que êste domingo tenha sido verdadeiramente bom . Tão esgotados r>elos dive rtimentos corr>o pelo trabalho, re~ começam uma nova semana, na segunda-feira , ainda mais cansados com os divertimentos e o trebalho da ~emana anterior. De\'Orados, quer dizer, arrastados pelos acontecimentos ou pelost homens, sem pertencerem já a si próprios. Na reealidade, estrahhos a si próprios, "alienado~" . como dizem os marxistas. Domiihados por uma agitação pseudo-católica. Sem nada de comum 'com a verdadeira ação do cristão que é aoenas e realmente a irradiação de Cristo através do fiel. Não importa que se seja devorado desde que se seja ali ~ rnenticio, como notava o nosso bispo. Desde que se leva a quem ;nos devora alguma cosa mais do que celulc-se para _ruminar. Vitaminas, sim . Estão na moda. Alimentos nutritivas e assimiláveis, 1e não essas "guloseimas" que enganam o estômago e a fome . Só seremos alimentícios com uma condição : se transmitir~ mos Cristo, uma "virtude", uma fôrça Sua, como diz o Evangelho. Ora Cristo não irradiará através de nós e por nosso intermédio :se não estivermos unidos a !;te, de maneira particular, m<~s nõo exclusivamente, pelo recolhimento e pela oração. Agimos segundo .aquilo que efetivamente somos.

A trepidação atual e a febre profan3 não d~ixam de conta~ minar a nossa vida religiosa . . . Não queremos calar·nos, temos mêdo do silêncio, e já não gostamos de rezar. O trabalho é !Oração, diz-se, e a ação também. Com certeza . A Igreja ensinou-o ao mundo e não se cansa de o repetir. Mas a ação também pode 15


ser apenas socos no ar ou ruído de metais, como diz S. Paulo. E ',não passa disso se não fôr vivificada pela nossa oração com Cristo, la oração em nós do Senhor Jesus. Para que o trabalho se torne !oração é preciso haver oração pura. Neste ponto os autores espirituais, sem exceção, e qualquer que seja a escola a que pertençam, são unânimes. Rezar é falar com Deus, encontrá-Lo, viver alguns minutog com ~le. ~ como conversar com alguém que vem passar alguns: /momentos c011osco. Não há nada melhor para conhecer uma pes\s'oa do que estar com ela . Ora, à fôrça de viver com alguém, apreendem-se naturalmente as suas expressões, os seus gestos, os seus pontos de vista . Consegue- se semelhança maior ou me'nor com êsse alguém, neste ou naquele aspecto:>. À fôrça de rezar, de rezar através de Jesus Cristo , podemos chegar a perecer-nos em certa medida com Cristo . A verdadeira oração não é o que muitas vêzes supomos : nós a tagarelar numa avalanche oratória que submerge Deus . Nosso Senhor preveniu - nos contra isso . Não sejais palavrosos como 'os pagãos. . . Orar é calar-se para se poder ouvir Deus, para O interrogar , para Lhe pôr problemas e ouvir a Sua rP.sposta que {éocabará por chegar, mesmo que néo seja na altura em que "' esperamos. Muitas vêzes não é aquela que querer'amos. Desde b nosso b<~tismo, é o Espírito Santo que reza em nós. Devemos esforçar-no~ por tomar consciência clara desta presença e desta atividade do Esp'rito Santo em nós, para nos associarmos a ela r:om pleno conhecimento e entrarmos em cheio nos Seus pensamentos e vontades. ~ preciso procurar tornar mais consciente êste sub-consciente espiritual, se assim se pode dizer, torná-lo inteiramente nosso. ~ esta a oração que alimenta a nossa alma, que lhe permite respirar, que a mantém saudável.

Oração-diálogo, que não é de fórmulas já feitas como lugares comuns nas nossas conversas, mas oração-descoberta. Desicobertas talvez incorretas e mal estruturadas, mas que exprimem

l6

·


a nossa verdadeira personalidade. Uma oração original do eu ver)dadeiro e vivo, ao Deus vivo e verdadeiro. Erlcontro com o Pai, ~onversa com ~le.

As Equipes ensinam-nos a rezar. Meditação dos Responsáveis, oração durante o dia, oração conjugal e oração familiar, mação na reunião. Estas últimas podem enriquecer-nos muitol se soubermos levar, mesmo desajeitadamente, sem cerimônia e icom sinceridade, um pouco do que o Senhor nos ensinou. Jesus Cristo encontra-se €ntre nós nessa altura de uma maneira especial. Pois não somos mais de três ou quatro reuni,dor. em Seu nome? . . . Encontro misterioso do sacrifício da missa, iliálogo privilegiado do Sacramento da Penitência. . . Saberemos aprcveitar êstes encontros para alimentar a nossa alma? ... Se assim fôr, se a nossa atenção estiver sempre desperta, o nosso esfôrço sempre pronto, poderemos ser verdadeiramente devorados. ~ mesmo muito natural que o sejamos porque desperta-I remos o apetite dos outros. Mas seremos sempre alimentícios porque irradiamos o ~enhor Jesus. Alimentícios para os que nos de· voraram, mas nós próprios alimentados por essa passagem através de nós. e muitas vêzes sem o sabermos, de Cristo, Senhor 'de todos nós. 1 J. ROCHE, s.j.

CORREIO ..t PARTILHA E O POR EM COMUM

No número 4 da Carta Mensal falámos da "partilha" na reunião mensal; no número 9 da "reunião de equipe, assembléia cristã". Agora vamos ver a conjugação das duas, quer dizer o testemunho de uma equipe que não tinha compree'ndido bem o sentido da partilha e que a realizava mal até ao dia em que os casais compreenderam bem a noção de assembléia cristã:

17


"Na nossa equipe a "partilha" provocou, durante muitQ tempo, grandes dificulda'd es. Chegamos mesmo por várias vêzes a pensar em dissolver a equipe porque "encalháV'amos" nesse momento da reunião. Aliás as nossas dificuldades eram muito vulgares Mais ou menos c·onscientemente uma grande parte dos membros da equipe fazia obstrução ao que qualificavam de "confissão pública" ou "burocracia adminis· t rativa" . Desta forma, os que não se recusavam categõrica~nente a fazer a partilha, contentavam-se com um enunciado 1maquinal: oração familiar, sim; dever de se Sintar, não; e .a ssim por diante. Foi então que a nossa equipe se aper·c ebeu do mistério da assembléia cristã, depois dos Dias de Responsáveis; fomos f:iois casais de equipe que ouvimos a. conferência e foi uma revelação. Na equipe fomos pouc·o a pouco penetrando neste mistério da presença de Cristo no meio de nós. Mas foi só depois de lenta assimilação que sentimos os efeitos dêste nôvo conhecimento sobre a "partilha" . Compreendemos, em primeiro lugar, que o fato de estarmos reunidos à volta de Cristo reforça, ou melhor, constitui a coesão da equipe. Tomamos consciência de que o papel de cada um na partilha é essencialmente. dar a sua contribuição à equipe, .onde Cristo está presente. F alhas, que a equipe s.u~ porta melhor do que cada um individualmente, e também esforços e sucessos. Depois descobrimos que a "ecclesia" que a equipe constitui não tem apenas vida durante três horas por mês. Deve subsistir de maneira continua entre as t euniões. 1ll assim que, pouc·o a pouco, apoiados em Cristo, n(ls preocupamos com o progresso espiritual dos outros membros da equipe e todos os meses sentimos um pouco mais que é o 11ôvo passo que Cristo nos pede para darmos no caminho do amor fraterno. 1

Como ile pode passar isto para a vida real? 18


Não é de forma espetacular, mas há um calor na partilha da nossa equipe que anteriormente não existia. Cada um de

nós preocupa--se em fazer uma exposição verdadeira e compreensfvel, para que os outros tenham um melhor conheci·mento do seu clima espiritual, e possam orientar a sua oração. Porque agora tomamos realmente a car~o as faltas dos outros, as suas dificuldades, tal como êles tomam a cargo as nossas, e é sobretudo na oração que isso s.e faz.

,,

Houve uma evolução análoga no "pôr em comum" do nossa equipe. Somos quase todos recém-chegados a x . . , € nJo nos conhcciamos antes de nos reunirmos na mesma equipe. Simpatizamos ràpidamente uns com os outros; viamo-nos entre as reuniões e surgiu uma sólida amizade, de ,maneira que contávamos muitas coisas uns aos outros. Apesar de tudo essa amizade tinha ficado no plano humano e como é natural não tinha a mesma intensidade entre todos. F'oi depois de têrmos começado a assimilar a mistica da assembléia cristã que a nossa amizade mudou de plano. E não foi uma coincidência. Agora, no pôr em comum, c·a da membro da equipe compr'€.ende verdadeiramente que o outro se revela complE-tamente nas preocupações que confia, quer digam respeito a si própt·io ou aos outros; é evidente que todos esperam da equipe enquanto tal, se não uma solução pelo menos apoio e oração.

I,

Uma vez ~ais êsse tempo de maturação foi muito longo e apenas começamos esta evolução da partilha e do pôr em comum. Ainda há muito para fazer quanto a aprofundar m!lis a partilha. Mas a falta de à-vontade que paralisava a maio!" parte dos membros da nossa equipe está em vias de desaparecer completamente graças a esta nova luz: êste sentid'o lil.a comunidade à volta de Cristo chega-nos pouco a pouco; temos. sobretudo de continuar a procurá-lo, e a aproximarmo-nos mais dêle em cada reunião dli! equipe. Nunca acabaremos esta descoberta."

19


OS RETIROS

A sua equipe já tem mais dé um ano; em breve vão pensar no ;· compromisso" (falar~mos dêle no próximo número). Pouco a pouco, já se integraram na nossa vida, as obrigações dos Estatutos. JA FIZERAM UM RETIRO EM CASAL?

:t. uma das obrigações essenciais das Equipes de Nossa Senhora, tão importante que nenhuma ~quipe pode fazer o compromisso se todos os casais que a formam não tiverem feito um retiro depoi& da sua entrada para a equipe; ora o compromisso dev~ ser feito mais ou menos no fim dO segundo ano da equipe. Voltem a ler as páginas que são consagradas aos retiros na Carta Mensal N. 0 6. E além disso, s.e nunca fizerem um retiro em casal depois do casamento, leiaru o testemunho que se segue: "Sentimo-nos muito satisfeitos por lhes escrevermos acêrca dos retiros porque é a êles que devemos o melhor de nos próprios e um dêles, o primeiro, foi o ponto de partida da nossa evolução espiritual. Foi por estarmos nas Equipes que, há alguns anos, fomos a um retiro. Era um retiro sôbrc a "vocação conjugal". Foi uma experiência maravilhosa, uma t·e velação que transformou a perspectiva do nosso lar, já com 10 anos. Estávamos com receio dêsses dias (sem falar na difiJ!Uldade de deixar os nossoS' cinco filhos ainda pequenos!) mas transformaram a nossa concepção da vida a dois, do amor, através de um ajustar até então nunca realizado de ;tudo o que o sacramento do matrimônio implica. Os temas de estudo tinham-nos preparado para isso mas era completamente d,iferente revê-los numa atmosfera de silêncio e ae ol'11.ção. No aspecto fi:sico é a êste retiro que · devemos a harmonia sexu.al ainda não atingida anteriormente, porque

20


nunca fora abordada com franqueza. Preconceitos, complexos, escrúpulos, tudo foi varrido e ordenado, substituído por uma visão normal das coisas sob o olhar de Deus. Que passo em trente! A comunidade eapiritual, a lei da ruptura, a diferente psicologia do homem e da mulher, o lugar da Cruz no amor, e ainda tantas outras coisas que, vagamente suspeitadas, não tinham sido explicitadas e meditadas antes. Consideramos fundamental para todos os casais êste tipo de retiro, e desejávamos que os numerosos casais que conhecemos o fizessem. Debatem-se muitas vêzes com dificuldades que não existem: é o ensino, a reflexão, a oração do retiro que podem pôr as coisas no seu lugar e dar-lhes nôvo impulso. Os outros retiros, embora menos decisivos, não deixaram de ser momentos importantes da nossa vida conjugal, as baSefV donde todos os anos voltamos a partir para o Senhor. Os nossos filhos sentem-no tanto que, embora fiquem muitas vêzes indignados com outras saidas, admitem que os deixemos para lr aos retiros!" CASAIS NOVOS NA EQUIPE

Acontece frequentemente que entrem para a equipe novos casais quando os outros já tiveram algumas

reuniões. Ãs vêzes ficam constrangidos por chegarem a meio de um tema de estudo, por não terem participado com os outros no estudo dos Estatutos. Assinalamos aqui a excelente iniciativa de uma equipe a êsse propósito:

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"Entraram dois casais para a equipe depois dos outros; !Cada um ficou a cargo de um c·a sal mais antigo, que fala com êle sôbre os temas que perderam, as obrigações, etc. achamos também que êstes casais podem ser ajudados se tiverem as Cartas Mensais que lhes faltam. Enviem-nas, por favor". 21


ORAÇÃO PARA A PRóXIMA REUNIÃO

Recordemos ràpi damente o desenrolar da oração na reun1oo de equipe tal como vem nos Estatutos, e tal como foi desenvolvida depo is (quanto mais idade tem uma equipe n:1ais deve pro~ c..rrar essa oração muito compl eta , que deve ser preparada pOf uma leitura e uma meditação individual sôb re o texto comum) : Leitura da Palavra de Deus. Oração espontâ nea . Silêncio, que é a resposta do homem e adoração. ~ntenções de oração. Oração do Assistente que reune as orações de todos (e que termina com a oração litúrg ica.

TEXTO DE MEDITAÇÃO "Então Pilatos entrou novamente no pretúrio, c ha mou Jesus re disse-lhe: Tu és o Rei dos Judeus? Jesus respondeu: É por ti que o dizes ou foram outros que to di~eram de Mim? - Porventura sou eu judeu? - replicou Pilatos. - A Tua nação e os Sumos Sacerdotes é que Te entregaram a· Mim! Que fizeste?. Jesus retorquiu: O Meu Reino não é dêste, mundo. Se o Meu Reino fôsse dêste mundo, os Meus guardás teriam lutado para que Eu !não fôsse entregue aos Judeus. Mas, de fato , o Meu Reino não é daqui. Disse-Lhe então Pilatos: Logo Tu és Rei? É como dizes, retorquiu Jesus - Sou Rei! Para isto .é que Eu nasci le para isto é que vim ao mundo: para dar te,stemunho da verdade. Todo aquêle que é da verdade, escuta a Minha voz". (Jo. 18. 33-37). "~ste Evangelho da festa de Cristo Rei e as orações seguin: tes vão ajudar-nos a criar uma alma católica .

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ORAÇÃO LITúRGICA

ANTIFONA : ~is que eu te restabeleci para luz das gentes, a fim lcle seres a salvação que Eu envio até õ última extremidade da Terra.

6ALMO: Nações, louvai tôdas o Senhor; Povos, glorificai-O todos, porque sôbre nós foi confitmada a Suil) misericórdia, e a fidelidade do Se,nhor permanece eternamente. Clória a Deus Pai, Todo poderoso, a Seu Filho Jesus Cristo, Nono Senhor, ao Esprito que habita os nossos corações. Eis que eu te restabeleci para luz das gentes, a fim de seres a salvação que Eu envio até à última extremidade da Terra.

ORAÇÃO DO CELEBRANTE

ó Deus que através dos Vossos Sacramentos e MandamentoSl nos criais de nôvo à Vossa imagem, firmai os nossos passos no Vosso caminho e dai-nos a caridade que n0!1 fazeis desejar pela virtude da esperança. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, que sendo Deus conVosco vive e reina em unidade com o Espírito Santo. AMÉM.



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CENTRO DIRETOR . Secr. Geral . BRASIL

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SÃO PAULO 1 O


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