ENS - Carta Mensal 1964-5 - Maio

Page 1

Editorial Triunfo da Caridade Par a a sua biblioteca O amor e a graça A carta mensal Quem são vocês? A orac;ão na reunião A Comunhão dos Santos Conselhos aos Grupos de Casais As etapas da vida de uma equipe Carta de um casal piloto Para a próxima reunião T roca de idéias Oraçéo.


Pub li cação mensal das Equipes de Nossa Senhora Casal Respons6vel: Suzana e Alvaro Molheiras Redação e expedição: Rua Paroguaçú, 258 São Paulo 10 SP

52- 1338

Com aprovação eclésióstica


EDITORIAL

TRIUNFO DA CARIDADE ' É necessário que a caridade fraterna se desenvolva sem cessar nas vossas equipes. Quando alguns casais se exercitam no auxílio mútuo e no amor fraterno, pouco a pouco o seu coração se engrandece. E gradualmente o seu amor conquista a casa , o bairro, o país . . . Até al cançar as paragens mais longínquas. Construir uma Igreja é importante: dia e noite o Cristo eucarístico terá nela a sua morada. Para a cristandade, não é menos necessário possuir equipes de caridade: é uma outra maneira de faser com que Cristo esteja presente no meio dos homens. "Onde se encontra o amor fraterno, aí estG Deus", canta a liturgia da Quinta-Feira Santa. "Quando dois ou três estiverem reunidos em meu Nome , promete Jesus Cristo, Eu estarei pres'lente no meio deles". Presença de Cristo e por isso presença da Igreja. Onde há cristãos que se amam , aí está a lglleja. Sob condição, no entanto, de que esta pequena comunidade queira , ela própria, estar presente na Igreja , ao serviço da Igreja. O poder de intercessão dos cristãos, quando estão unidos, é de uma eficácia extraordinária: "Se dois dentre vós se juntarem na terra para pedir alganna coisa , em verdade eles o conseguirão de meu Pai que está nos céus".

1


O amor fraterno é de uma fecundidade excepcional. À sua volta o mal retrai-se e o deserto floresce. Um· pároco dos subúrbios dizia-me : "Quando uma rua da minha paróquia· está demasiado contaminada, peço a casais cristãos para virem instalar-se njela e darem apenas o testemunho do seu amor fraterno. Ao fim de seis meses, os moradores da rua respiram um novo ar". Uma comunidade fraterna é uma mensagem de Dleus aos homens. Sua mensagem mais importante, aquela que revela a vida íntima de Deus, sua vida trinitária. Não há discurso sôbre Deus mais eloqüente e persuasivo do que o espetáculo de cristãos que " são um", como o Pai e o Filho são Um.

I'li

t-lõo há nada que dê maior glória a Deus do que cristãos uni dos. É a grande obra prima da graça divina. Deus põe aí as suas complacências, descobre nisso um reflexo da sua vida trinitária. " Os céus cantam a glória de Deus", o amor fraterno canta o Amor eterno. Seja isto, pois, a vossa. grancie preocupação : equipe UM TRIUNFO DA CARIDADE.

fazer da vossa

HENRI CAFFAREL

2


PARA A SUA BIBLIOTECA

Nesta rúbrica indicaremos livros q1te considera.mos essenciais pm·a se1~ conhecimento e mesmo para ter e-m sua biblioteca. Livros novos algumas vézes, mas não hesitaremos em aconselhar livros mais antigos cuja doutrina é particularmente indicada ou não ultrapassada.

Henri Caffarel

O AMOR E A GRAÇA

Ed. Flamboyant

Talvez alguns não saibam ainda que o Padre Caffarel, é o fundador e o diretor espiritual das Equipes de Nossa Senhora. E ' pois natural recomendar, à entrada para o Movimento, que tomem contacto em primeiro lugar com o pensamento daquele que quis o nosso Movimento, que lhe dã constantemente a sua orientação e o seu impulso. Estão condensados neste livro, um grande número dos seus artigos e editoriais de L'ANNEAU D'OR, e alguns dos seus antigos editoriais da Carta Mensal (é aliãs à coleção dêstes editoriais antigos que iremos buscar os destas Cartas Mensais para as equipes novas, porque êles foram escritos de maneira especial para equipes jovens). Encontrarão nele o fruto da sua reflexão teológica sôbre o casamento e da sua experiência com os casais, as diretrizes que lhes dã para os ajudar a realizar o pensamento de Deus sôbre o casamento ; encontrarão nele, também, uma orientação preciosa de vida espiritual, pessoal, conjugal e familiar.

3


Quando o tiverem lido, quererão, tenham a certeza disso, fazê-lo ler à sua volta, oferecê-lo aos casais que os rodeiam : aos casais desunidos para os ajudar a superar uma crise, aos casais medíocres para reavivar o seu amor a Deus, a os casais generosos para os enr iquecer. O raciocínio sempre claro, o estilo excelente, a apresentação cuidada, são atributos suplementares que se não desprezam.

L e itu ra O casal cri ~tão de ve fazer subir até Deus, não só o seu amor mas todo amor. E de círculo em círculo, de profundidade em profu ndidade, acaba por atingir todo o universo. Há o amor santo e consagrado dos que amam sob o signo· do sacramento; há o amor ,ecador e aberrante dos que mutilam a face divina da ternura; há o amor profano, ou que assim se considera, mas cujas lutas, dilaceramentos, es;peranças, abrem , pouco a pouco, o caminho de D<eus .n o coração dos homens. E abaixo da humanidade não existe o obscuro e infatigável trabalho do instinto animal ao serviço da vida? Assim, de todos os recantos do mundo, o impulso que a·proxima os seres· vivos aflora à alma do cristão para dar glória ao Criador. " Laude m gloriae": uma mística moderna tomara como divisa estas palavras de S. Paulo : "Louvor de Glória". E é realmente essa ' a m iu ão à qual os sac ramentos consagram o homem. e o sacrament o do matrimôn io o casal cristão.

4


A carta mensal Vamos apresentar em poucas palavras a Calta Mensal. E' o boletim do nosso Movimento. Uma série especial é destinada às equipes novas. Depois de 18 números as equipes recebem a Carta Mensal normal. Todos os meses há um "Suplemento", anexo a cada número, destinado a todos os membros das equipes, quer sejam novos ou antigos no Movimento. Por fim, também todos os meses, os Responsáveis e os Assistentes encontram um "Anexo" que lhes é destinado.

Quem são vocês? Depois de apresentarmos, a Carta Mensal, gostaríamos de a presentar uns aos outros os nossos leitores. Isto será ao mesmo tempo a ocasião de dar uma primeira visão do que é o nosso Movimento: AS EQUIPES COMUNS A maior parte de vocês pertence ao que chamamos as "Equipes Comuns". O que é, pois, uma equipe comum? Pois bem, é aquilo a que nós chamávamos até Outubro de 1954 uma "equipe", porque sé as havia duma espécie. Foi quando criamos as "equipes por correspondência" (ver mais abaixo) que tivemos de encontrar um nome para as outras: surgiu-nos imediatamente o de Equipe normal, mas era implicitamente qualificar as outras de anormais ... era um pouco embaraçoso.

5


E em que países há equipes destas? perguntarão alguns, mais esclarecidos do que aquela jovem de Marselha, acabada de chegar, quf', depois de ter ouvido admirada as apresentações de casais que assistiam a um encontro regional, e vendo também casais da equipe dirigente vindos de Parls, se voltava para o seu vizinho e lhe dizia com um sotaque cantante: "Então também há destas equipes fora de Marselha?"

Sim, há equipes fora de Marselha, e fora de Bruxelas, e fora de Genebra ... Eis os vários países onde as há; indicamos em primeiro lugar os que têm maior número de equipes: França, Bélgica, Brasil, Espanha, Portugal, Suíça, Alemanha, Tunisia, Canadá, Costa do Marfim, Senegal, Inglaterra, Holanda, Marrocos, Jpão, Itália e até mesmo uma pequena ilha perdida no Oceano tndlco: Maurícia. Maurícia com 10 equipes em 1960, deveria na reali· dade, colocar-se entre a Tunisia e o Canadá, mas quisemos dar-lhe um lugar à parte porque já bate multos recordes com 10 equipes, em 1960, para 600.000 habitantes, tendo-se a primeira equipe filiado aenas em 1956.

O Movimento está em progresso constante, tanto assim que não podemos dar aqui nenhum número, mas todos os anos o "Suplemento" da C'arta Mensal dará a distribuição das equipes nos diversos países. Uma equipe comum é, pois, uma equipe que se encontra em qualquer ponto do mundo, formada por quatro a oito casais que se reunem todos os meses com seu assistente, e que vive segundo os Estatutos das Equipes de Nossa Senhora, depois de se ter integrado no Movimento. AS EQUIPES POR CORRESPJ!:NCIA Alguns de vocês pertenc·e m às "equipes por correspondência". E sabem naturalmente o que é uma equipe por correspondência; mas vamos explicá-lo ràpidament e aos outros.

6


E' uma equipe constituída por 4, 5 ou 6 casais que se encontram isolados por qualquer razão (pode-se estar isolado numa grande cidade se ainda se não conhece aí ninguém, se se é a única pessoa do seu país ou da sua religião, como também duma aldeia perdida no Interior do país). Casais isolados ou também casais instáveis por causa da profissão do marido: obrigados a mudanças freqüentes não podem pertencer a uma equipe comum. Agrupados o menos arbitrAriamente possível, êstes casais encontram-se por vêzes nos quatro cantos do mundo. Tôdas as suas "reuniões" se fazem por escrito: circula de um a outro um caderno, que compreende as várias partes: pôr em comum das preocupações e das alegrias, da vida do mês, oração, partilha, por fim a troca de idéias sob a forma de respostas aos temas, com reacções de cada um à margem. Fundadas em outubro de 1954, eram 16 em 1960, agrupando cêrca de cem casais.

AS EQUIPES DE VIúVAS Finalmente, algumas de vocês fazem parte das equipes de viúvas. Queremos ao mesmo tempo acolhê-las aqui, muito fraternalmente, e dá-las a conhecer a todos. Iniciativa recente, estas equipes destinam-se às viúvas atraidas pelo ideal das E. N. S. , que desejam ser ajudadas pela mesma espiritualidade e o mesmo enquadramento que nós. Reunidas entre si, no seio das suas equipes, participam das reuniões comuns dos responsáveis de equipe, e dos encontros regionais que agrupam todos os membros do Movimento. Entre nós, elas são testemunhas da fidelidade para além da morte, do sofrimento oferecido pela felicidade e a santidade dos casais. Existem duas equipes desde 1957, e outras quatro são de formação mais recente.

7


A Oração na Reunião

Todos os meses estudaremos um momento da reunião, dando algumas indicações breves, necessárias a um bom lançamento. Para lhe aprofundar o sentido e ajudar a melhorar a sua realização, terão, mais tarde, à sua disposição, estudos mais completos, em particular números especiais de Cartas Mensais.

Se começamos hoje pela oração é porque ela é verdadeiramente o grande momento da reunião. Se Cristo prometeu a sua presença aos que estão reunidog em seu nome, pode dizer-se que, presente a tôda a nossa reunião, Êle realiza a sua mais alta missão entre nós no decorrer da oração. "Com Cristo, orar ao Pai" - é o título de um dos temas de estudo do terceiro ano. Com Êle exerceremos durante a nossa oração de equipe por tôda a humanidade e em união com a Igreja, as funções de adoração, louvor, súplica, oferenda ... Daremos à nossa oração de equipe tôda a atenção, tôda a boa vontade, e muito provàvelmente a oração de equipe ensinar-nos-á a rezar melhor e fará entrar nas nossas vidas uma oração ao mesmo tempo mais pessoal e mais de "Igreja". O número 9 desta séde de Cartas Mensais abordará de maneira mais completa o tema da oração na equipe. Daqui até lã, nós os ajudaremos comunicando as experiências de outras equipes. Não hesitem em nos escrever e expor as suas dificuldades e sucessos.


PLANO DA ORAÇÃO As equipes dão o primeiro passo na oração em comum, de maneiras muito diversas. Para alguns o comêço parece difícil: "No decorrer das primeiras reuniões todos achámos quase deslocado recitar num salão um Padre Nosso ou uma Ave Maria!" Outras equipes progridem ràpidamente, muitas vêzes graças ao estímulo do casal pilôto e, depois, do casal responsável. Certos fatores favorecem o bom comêço: experiência de verdadeira oração familiar, experiência de oração em comum nos movimentos de juventude, simpatia natural entre os casais, mesmo desejo de vida espiritual entre todos. Mas acima de tudo, é preciso grande simplicidade, e voltaremos a falar nisso. Depois de confrontar experiências muito numerosas, parece que se podem indicar as grandes linhas que a oração de equipes compo1 ta normalmente. Por favor, não vejam nisto "sentido único" ou "sentido proibido" mas um resultado de experiências que é bom conhecer. Assim, em muitas equipes a oração desenvolve-se mais ou menos da seguinte forma, e é o esquema que o Movimento preconiza, baseado na experiência: Indicação do desenr ola1· da or ação. Não deixa de ter interêsse: A oração em equipe é com certeza mais fácil de seguir, cada membro participa nela mais plenamente, quando o plano é anun· ciado no comêço. E' particularmente importante indicar os tempos de silêncio, gera-se um mal estar na equipe: pergunta-se o que se passa, se ainda falta muito tempo, e isso paraliza por completo. o andamento.

O pô1· ern comum das intenções de cada casal e a apresen-

tação de uma ou várias intenções da Igreja. A leitura do texto da Bíblia (Antigo ou Novo Testamento), dado pela Carta Mensal. E' o verdadeiro comêço da oração: ouve-se a palavra de Deus.

9


A oração pessoal. Cada um dos membros dirige-se livremente a Deus, com tôda a simplicidade; pode ser uma oração de adoração, de súplica . . . mas exprime o fundo da alma de cada um, a reflexão sôbre o texto lido. Estas orações devem ser breves. O silêncio. Muitas equipes reservam-lhe um longo espaço de tempo. Carregado de tôdas as intenções e orações ouvidas, muitas vêzes une as almas tanto como as palavras. A oração litúrgica. Indicada pela Carta Mensal é tirada do próprio da missa, do livro dos salmos, etc. . . Um dia cantase um hino, outro lêem-se as orações da missa do casamento. O fim desta oração litúrgica, tirada das riquezas da Igreja, é duplo : Unir-nos à grande oração da Igreja, aos que todos os dias, no mundo inteiro, assistem à missa, recitam o ofício, cantam a glória de Deus. Iniciar-nos na Bíblia, donde são extraídas quase tôdas estas orações, e na linguagem de que se serve a Igreja para falar com Deus.

A conclusão. E ' feita normalmente pelo assistente, que faz um apanhado e um resumo da oração de todos, dá-lhe ainda mais elevação e a apresenta a Deus em nome dos casais -: "Nosso assistente termina a oração com algumas palavras, retomando um ponto que lhe parece importante para nós".

No fim da reunião, depois da troca de idéias, recita-se em conjunto a oração das Equipes (Antifona de Nossa Senhora, do tempo litúrgico), e a maior parte das vêzes, prática muito apreciada pelos casais, o assistente termina dando a bênção. Note-se que, na medida do possível, tato, antes da reunião, com o casal para a preparar com êle. E' prec"iso êle desempenhe realmente o seu papel

10

o assistente toma conencarregado da oração que, dentro da equipe, de "mestre de oração".


DIFICULDADES Quantas equipes passam ainda à margem das riquezas espirituais da oração em comum. E' sobretudo contra dois obstáculos que lutam: oração pessoal, oração litúrgica. oração pessoal desagrada: nós não sabemos rezar, pretender muitos casais, e um dêles reconhece que, a principio, na sua equipe, cada um se sentia muito mais curioso A

"Notamos que as orações mais simples, aparentemente as mais po· bres, são as que mais nos uniram. Provàvelmente por causa de sua sinceridade. Mas no fundo, a grande dificuldade estã em que custa multo ser sincero, verdadeiro, abrir a alma diante dos outros".

E' preciso quebrar êste falso pudor que nos prende, e compreender que a verdadeira caridade nos pede para abrirmos nossa alma aos outros. Cabe ao casal responsável dar o exemplo e o tom:

"Pertenci, no ano passado, a uma equipe de X, e víamos a oração como uma montanha porque nunca a tinhamos experimentado. Devo dizer que os responsáveis nos deram o exemplo. Decidimos fazer como êles, deitámo·nos à ãgua, e tudo correu bem" .

As equipes em que cada um se abriu com simplicidade, sem falso pudor e sem literatura, na oração, falam de todo o enriquecimento que a sua oração e a sua amizade tiraram disso. A oração litfirgica, também, nem sempre é compreendida. Pa-

rece uma coisa um pouco estranha, uma coisa a mais, que embaraça o impulso da alma em vez de a ajudar. 11


"A recitação dialogada das orações ou dos salmos não foi um su· cesso. . . esta oração tornava-se uma recitação de fórmulas que não se viviam''. "Recitávamos o salmo aconselhado pela Carta Mensal mas confesso que o fazíamos um pouco por rotina, sem ver nisso um verdadeiro interêsse".

E no entanto, as equipes desejam vivamente associar-se à grande oração litúrgica da Igreja. Qual é então a causa da dificuldade? E que fazer? Alguns pensam que os textos sugeridos pela Carta Mensal perdem o seu valor de oração pelo fato de estarem desligados do seu contexto litúrgico. Preferem a recitação do Pai-Nosso, da Ave-Maria ... Mas assim perdem a vantagem desta iniciação na grande oração da Igreja de que falávamos acima. Não nos deixemos abater pelas dificuldades. Se é normal encontrá-las, é normal aceitar alguns sacrifícios para as vencer. E' de notar que certas condições exteriores favorecem a oração: luz discreta, mudanças de atitude (não é proibido estar sentado!).

BENEFíCIOS DA ORAÇAO DE EQUIPE

Não se procura a oração pelos benefícios que ela possa trazer mas para prestar homenagem a Deus. Nem porisso vamos deixar de ver os benefícios que através dela Deus nos concede. Não faltam t estemunhos. A oração cria o clima espiritual da reumião "Faz-nos entrar num ambiente recolhido, termina com as conversas precedentes e faz-nos refletir, diante de Deus, nos problemas que a seguir iremos abordar.

Ensina-nos

c~

rezar

"Verificámos que a oração em família se tornava mais rica por causa da nossa oração na equipe".

'


Mas, sobretudo, ensina a conhecermo-nos proftmdamente uns aos outros. Através das intenções postas, através da meditação que um casal faz, sobretudo através da oração espontânea de cada. um, nas equip-es onde ela é feita com inteira simplicidade, descobrimos o íntimo daqueles que nos rodeiam e que muitos anos ãe relações sociais nos deixariam ignorar. "Na nossa última reunião, apercebemo-nos do valor espiritual de um casal a respeito do qual nos preocupávamos um pouco. Com a sua meditação criaram um ambiente de oração".

Assim a oração é fonte de verdadeira e profunda amizade entre nós: "Foi uma revelação . a oração tornava-se mais pessoal e mais humana. Refletia tão claramente a alma e o caráter daqueles que a diziam que foi um grande elemento de aproximação entre nós".

Nenhuma barreira humana, de classe ou de cultura, permanece entre os homens reunidos no mesmo Cristo para orar. Mostra-o a experiência de uma equipe em que se encontravam reunidos patrão, comerciante, empregado, professor e estudante. A princípio muito constrangidos uns diante dos outros, o responsável lhes diz: "Já que não sabemos conversar, já que não sabemos contar tudo uns aos outros, vamos resolver dizer tudo a Deus, e em vez de haver uma troca de idéias entre homens, diretamente, no plano humano, cada casal vai dirigir a sua oração íntima e pessoal a Deus. A :mie pode dizer-se tudo e os outros não são mais que testemunhas ... " Quando as equipes descobrem os benefícios da oração, tendem a dar-lhe um lugar cada vez maior nas reuniões: "A oração tomou, assim, verdadeiramente o centro a impressão de que nos feito, que a reunião está

na nossa equipe, a maior importãncia. E' da reunião. Quando a oração acaba tem-se podiamos ir embora, que o essencial foi acabada".

13


Por que? Porque a oração nas equipes que se empenham a fundo, é, como vimos, "o grande meio para se encontrarem intimamente, para adquirirem uma alma comum", mas sobretudo porque sendo o Movimento das Equipes um movimento que nos orienta para procurar e encontrar Deus, o seu esfôrço atinge o máximo na oração. E' para lá que deve tender o nosso esfôrço. DUAS OBSERVAÇõES E UM A VISO Por que a oração no princ1p10 e não no fim da reunião? Não só para que não seja "despachada", e para que os espiritos estejam alertas e bem dispostos, mas sobretudo para que se estabeleça, desde o início e durante tôda a noite, a comunhão das almas num nível verdadeiramente espiritual. O tom - - poder-se-ia dizer o "tonus" - de uma oração, como o de uma noite ou de uma refeição, depende de um ou dois casais que criam o ambiente. Daí Q importante papel do casal animador e do casal responsável. Se forem afetados, solenes, tôda a gente fica constrangida, como "em sentido". Se, pelo contrário, forem simples, sorridentes, descontraidos, tôda a gente .se sente à vontade. Existe uma arte de receber, válida tanto no plano espiritual como no plano humano. O anexo que encontrarão na última página, traz dois textos que podem ajudar a orientar a sua oração: um texto de meditação e um texto de oração. - O primeiro, já anteriormente meditado por todos, poderá servir de tema para a oração pessoal na reunião. Lido pelo Assistente no início da oração será seguido das orações pessoais do casal que tenha exposto o esquema da oração, seguindo-se as dos outros membros da equipe que o desejem; O segundo será recitado na reunião por um de vocês, ou em vozes dialogadas. 14


A

'

Comunhão dos Santos

Não disP'omos apenas das nossas próprias forças para amar, compreender e servir a Deus, mas de todos ao mesmo tempo, desde a Virgem bendita no cimo de todos os céus, até este pobre ll!proso africano que, com uma campainha na mão, se serve de uma boca meio apodrecida para reS1fonder às orações da missa. Toda a criação visível e invisível, toda a história, todo o passado, todo o present'e e o futuro, toda a natureza, todo o tesouro dos santos multiplicado pela Graça, tudo isto está à nossa disposiçGo, tudo isto é nosso Folongamento e nossos prodigiosos utensílios. Todos os santos, todos os anjos estão conosco. Podemos servir-nos da inteligência de S. Tom.á s, do braço de S. Miguel e do coração de Joana d'Are e de santa Catarina de Sena, e cfe todos esses recursos latentes que nos basta tocar para que entrem em ebulição. Tudo o que se faz de bom, de grande e de belo, de uma ponta à outra da terra, tudo o que faz santidade, como um médico diz dum doente que faz temperatura, é como se fosse obra nossa. O heroismo dos missionários, a inspiração dos doutores, a generosidade dos mártires, o gênio dos artistas, as orações inflamadas das clarissas e das carmelitas, é como se fossemos nós, somos nós. De Norte a Sul, de Alfa a Omega e do Nascente ao Poente, tudo isso faz um só corpo conosco, de que nós nos revestimos ~ que pomos em marcha. PAUL CLAUDEL -

"O poeta e a cruz''

15


Conselhos aos cgrupos de Casais

Não será ilusório pretender ajudar os amigos a ter vida espiritual se não se os ajuda, primeiro, a vencer os seus pr oblemas e dificuldades? E' porisso que os casais das Equipes de Nossa Senhora praticam largamente a ajuda mútua, tanto no plano material como no plano moral, obedecendo ao grande mandamento de S. Paulo: " Levai os fardos uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo" (Gálatas, VI, 2) . Esforçam-se por cumprir a quádrupla exigência da amizade fraterna: dar, receber (é mais difícil do que dar), p E;I.tir (é ainda mais difícil) , saber recuswr (a simplicidade de pedir não pode existir onde não haja a simplicidade de negar, o serviço pedido, quando não pode ser prestado sem uma dificuldade demasiado grande). A ajuda mútua deveria proporcionar -lhes essa legítima segurança que tantos outros esperam do dinheiro. Desde 1949 o Padre Varillon, s. j., deu alguns conselhos aos grupos de casais. São sempre válidos. Ajudar-nos-ão a aprofundar aquelas linhas dos Estatutos que transcrevemos acima. Eis o seu texto: "Vemos desenharem-se já as grandes linhas de uma espiritualidade comunitária leiga. Ela definir-se-ia bastante bem com cinco palavras-chave. Sugerimo-las pelo que valem, certos no entanto de que, onde nós a vemos postas em prática com seriedade, valem muito mais. A primeira é DAR. Caridade em p rimeiro lugar. Trata-se de ser semelhante a Deus que não é senão dádiva. E' desnecessário comentar. E' o próprio cristianismo.

16


SUPLEM.ENTO à Carta Mensal das Equipes Nos~a Maio de

de

Senhora

1961

Bilhete do Centro Diretor Através do Mundo Na Austrália O que vai pelas Equipes Encontro dos Respansóveis de Setor e Coordenações - Dias de Estudos dos Responsáveis de Equipe Encontro de Casais com Pe . Charbonneau Vida do Movimento Equipes admitidas e compromissadas Deus chamou a sí. Retiros de I 964


Caros amigos

Na manhã do dia 19 de outubro, em Paris, achavam-se reunidos 1 .300 casais e 300 Assistentes, para os Dias de Estudos dos Responsáveis. Ao todo, 2.800 participantes vindos de 1 5 países, dentre os quais o Brasil, os Estados Unidos, a Austrália, a Ilha Maurícia, Madagascar. · · Logo na abertura dos trabalhos, sôbre o grande palco do Pa1ah de Chaillot, o livro dos Evangelhos é trazido solenemente e depositado sôbre uma estante de côro, para aí permanecer durante os dois dias do Encontro. Este gesto significa o nosso desejo de que um grande esfôrço seja feito, nas nossas equipes, para um melhor conhecimento do Evangelho, e para que os equipistas se disponham a conformar sempre mais a sua vida com a Palavra de Cristo . Com efeito na primeira página de nossos Estatutos, lemos está frase: "Fazem do Evangelho o fundamento da própria família" . É o aprofundamento do Evangelho que o Movimento quer agora empreender, ,pois o Centro Diretor está convencido que êste aprofundamento do Evangelho deve trazer a todos os casais e ao Movimento todo, uma verdadeira renovação . É portanto com incontida alegria que entramos nesta nova fase de nossa vida . A partir de agora, os membros das equipes que já adotaram tôdas as obrigações, irão ter uma obrigação nova e temporária ; a leitura do Evangelho segundo uma divisão semanal dada pela Carta Mensal. Por que esta orientação? Já lhes foi dito e já foi compreendida. Mas, porque não deixaríamos a cada qual a liberdade de abrir "o Livro" a seu bel prazer? Há seguramente numerosos equipistas que lêem o Evangelho há muitos anos e por ele fazem a sua 11


meditação. Teriam eles preferido, talvez, continuar a leitura a seu modo, sem ficarem sujeitos a um método particular. Pensamos entretanto que esta leitura feita por todos juntos e no mesmo ritmo, seria uma ocasião de auxílio mútuo e de partilha . É o que nos levou a propor a mesma divisão para todos, o que permitirá a cada equipe de fazer uma partilha sôbre êste assunto, e sabemos todos quanto esta partilha pode trazer estímulo. Além no mesmo ritmo, nesta disto, todos juntos, nos preparamos primeira etapa preparatória da peregrinação a Lourdes, em 1965. Os membros das equipes recentes, poderão lamentar o fato de não ficarem associados a êste empreendimento espiritua l. Achamos preferível não sobrecarregá-los com uma nova obrigação. Já que têm de introduzir em suas vidas, as outras obrigações, ~ preparar o seu compromisso . O que não impede que sejam instantemente convidados, também el"es, a meditar a pequenina frase d€ nossos Estatutos, acima mencionada, e a fazer um esfôrço para me· lhor conhecer o Evangelho. Cabe a cada um, decidir como agir. Caros amigos, que esta orientação das Equipes . seja um tram ·· polim para um novo e generoso esfõrço, esfôrço êste que conta co'T' o apoio de nossa oração e de nossa amizade fraterna . O CENTRO DIRETOR

ATRAVÉS DO MUNDO NA AUSTRALIA A Austrália é a maior ilha do mundo, ou, se quisermos, o menor continente. Tem na parte central um imenso deserto de arei a e só a periferia é povoada, principalmente o Sudeste . Tem 7 .704.159 km2 de superfície e uma população de ... 9 .600.000 habitantes (em 1957) ou seja, 1 habitante por km2 . E' de língua inglesa. O Commonwealth australiano é uma federação livre e independente que prestou juramento de fidelidade à Rainha da Inglaterra, representada por um Governador Geral no plano federal e por Governadores de Estados . A Rainha da Inglaterra faz parte de parlamento federal. 111


Com exceção dos aborígenes (cerca de 50.000 atualmente ) , a populaçéio australiana é na sua grande maioria de raça branca. As cidades principais sêío: Camberra, capital, 32.440 habitantes; Sidney, 1.935.000; Melbourne , 1 .595 .000; Brisbane , 527 .500; Adelaid ::, 512 .000 habitantes, etc . Os católicos são cerca de 20 % da população total, os anglicanos 35 o/o , as outras igrejas protestantes 30 o/o. Hó na Austrália 33 bispos, dos quais 26 são australianos, 6 irlandeses e 1 alemã o; 3. 126 padres (2 .013 diocesanos e 1.113 religiosos ), ou seja , 1 padre p ra 3 .000 habitant es, mas para 600 católicos. As

equi ~·es

A primeir·a equipa australiana teve origem nas equipes por correspondência. Em 1954, quando foram lançadas estas equipes, um casal belga forn eceu o endereço de Max e Stéphanie Charlesworth, casal australi ano que tinham conhecido quando estudantes em Louvai n. Habitavam eles a Nova Zelandia e , enquanto ali per manec e ram , fiz e ram parte da equipe por correspondência. Voltando ao seu país, alguns anos depoi s, t iveram encontros que lhes permitiram fundar, em 1959, a primeira equipe de Melbourne, agora já compromissada. Depois foi lançada uma segunda , uma tercei ra . . . e , atualmente , 3 outras estã o em fa se de pilotagem, seja em Me lbourn e ou nos arredore s. Uma particularidade do lançamento das novas equipes, é que o casal piloto parece multiplicar- se por doi s o u três . Com efeito, ê le se faz acompanhar por um ou dois casai s de sua própria equipe, n<)s reuni ões de lançamento, e isto com a finalidade, ao que parece , de criar mais facilmente um am biente fraternal. Uma " equipe de coordenação" foi organizada e já teve duas reuni ões, para coordenar as atividades das equipes, organrzar os ret iros e a difusão e, principalmente para fazer com que as equipe!: se conheçam, se ajudem e se apeiem . Até agora estas equipes tem tido como casais de ligação, casai s de Paris que , todos os meses trocam correspondência com o~ Responsáveis. Muito breve, sem dúvida, casais australianos se encarregarão desta função . Uma das dificuldades encontradas é a novidade que as .equipes IV

'· •

a., •

'J


e os seus métodos representam: retiros de casais até agora desconhecidos, espiritualidade conjugal ignorada. "As equipes não são feitas para nós, sentimo-nos muito satisfeitos como estamos, não precisamos de nada". . . é o que dizem numerosos casais, embora praticantes. "As equipes tomam tempo demais" ouve-se dizer muitas vezes, po~quanto, como escreveu um responsável "aqui vivese muito ocupados: esportes, agrupamentos profissionais, comissãe~ de toda espécie. Mais ainda do QUe ocupados, têm-se a preocupação dos resultados tangíveis, da eficácia, do rendimento" . "Quai~ ~ ão os vossos resultados"?, perguntam-nos, mesmo padres, não se dando conta da importância da vida espiritual propriamente dita e a da espiritualidade conjugal na própria vida dos casais e na edu cação dos filhos" . E conclui: "Daí a importância, entre nós, de despertar para o sentido das real idades espirituais, de ter retiros de casais, verdadeiramente destinados aos casais como tal, que lhe~ tragam a espiritualidade que provém do sacramento do matrimônio".

VIDA DO MOVIMENTO

J

ENCONTRO DOS RESPONSÁVEIS DE SETOR E COORDENAÇõES Nos dias 2 e 3 de maio, os Responsáveis de Setor e das Coordenações ( 2.a fase) e respectivos Assistentes, realizaram o seu En .. contro anual. Com exceção de dois Responsáveis de Coordenação. todos os demais se achavam presentes. Participaram assim dos trabalhos, os Setores de São Paulo !A e B), de Campinas, Jahu e Florianópolis, bem como as Coodernaçães de São Paulo ( 1, 2, 3 e 4) , Curitiba, Santos, Vale do Paraíba, Araçatuba, Baurú, Marília, Ribeirão Preto, Limeira, S. José do Rio Pardo. Um resumo do~ assuntos tratados será publicado na próxima Carta Mensal. DIAS DE ESTUDOS DOS RESPONSÁVEIS DE EQUIPE Este Encontro dos Responsáveis de Equipes, que devia ter lugar nos dias 11 e 12 de abril, foi transferido para 30 e 31 de maio. Realizar-se-á no Colégio Assunção, local onde também se encontraram os Responsáveis de Setor e Coordenações .

v


O Movimento conta com a presença de todos os Responsávei ~ de Equipe . ENCONTRO DE CASAIS COM Pe. CHARBONNEAU Conforme foi anunciado no anexo à C. Mensal de abril , realizar-se-á nos dias 1 5-17 de maio, um encontro de casais n·õ o equipistas, para um retiro semi-fechado. E' a primeira vez que as Equipes promovem um trabalho desta ordem. Está portanto de parabens a Equipe I 1 de São Paulo, a quem cabe a iniciativa. O Encontro realizar-se - á no Colégio Santa Cruz e destina-se a casais que, embora não sendo das Equipes, poderão beneficiarse grandemente com as palestras que serão dadas pelo Rvmo. Pe. Eugênio Charbonneau c.s.c. E' êste um apostolado que, por sua· originalidade e pela sua finalidade, não só merece registro, como também deve ser imitado. E' um grande meio de levar a outros casais as riquezas da espiritualidade de que nós mesmos nos beneficiamos nas Equipes .

EQUIPES ADMITIDAS Foi aprovado o pedido de admissão das seguintes equipes: Bélgica Anvers 19, Bruxelas 94, Gemmenich 1, Jemelle 1, Liege 16, Verviers 5. Brasil Araçatuba 3, Curitiba 7, Ribeirão Preto 5, S. José dos Campos 3. Canadá Montreal 14, Sherbrooke 3 . Espanha Barcelona 54, 60, 61 , 62, Palencia 2, Pilas 1, 2, 3, Reus 2, Rio Tinto 1, Sevilha 9, 1 I, 12, Tarrasa 4, Valencia 9. Fran~a Aurillac 1, Bar-le-Duc 2, Bougival I, Caen 7, Charleville 5, Clamart 6, Colombes 2, Compiégne 6, Evreux 2, Grenoble 20, La-Seyne-sur-Mer 1, Libourne 2, Limoges I O, Nantes 20, Paris 92. Rostrenin 1, St. Amand-les-Eaux 2, St-Jean-d' Angé ly 1, Tarbes 2, Toulouse 1O, Toulon 7, Tours 6, Villemur I. Portugal Coimbra 7, Lisboa 23, 24, 25, 26, 27, Porto 16, 17, 18. Sui~a Le Locle I . VI

..


EQUIPES COMPROMISSADAS Fizeram o seu compromisso as seguintes equipes: Alemanha - Munich. Bélgica Anvers 11, 1 2, Bruxelas 57, 65, Gand 2. Colombia - Bogotó 1. Espanha Madrid 9, 1O, 11· França Annecy 8, Blois 6, Dunkerque 3, Grenoble 14, HauteMeuse 1, Le Mans 12, Limoges 5, Lyon 9 , Marselha 22, Montde-Marsan 2, Mulhouse 15, Nantes 17, Paris 67 , 79, Reims 4, Saint-Maur 2, Thann 1, Tourcoing 2, Tours 4, Vannes 6 . Itália Roma 3, Turim 1. Portugal Elarrelro 1 . Suiça - Tramelan 1 .

AS EQUIPES DO BRASIL, ADMITIDAS, SÃO AS SEGUINTES: Araçahlba 3 - Equipe N. S. Imaculado Coração de Maria Assistente: Pe. W. Roberto Peres C. Respons.: C irene e Otavio Batista Curitilt1 7 Equipe N. S. da Salette Assistente: Pe. Fidelis Venig C. Respons.: Leonilda e Dante Romano Júnior Ribeirie Preto 5 - Equipe N. S. do Amor Assistente: Pe· Cesório Gonçalves C. Respons.: Gilda e Guido de Sordi S. JoM dos Clllq)Os 3 - Equipe N . S. da Paz C. Respons. : Semiramis e José B. Paraguay

111

DEUS CHAMOU A SI Rv. Pe. Outters s.j., Assistente da Equipe Bordeus 2 (França l, a 11 -11-1963 . Jean-Marie Lehucher, da Equipe Aix-en-Provence 5 (França), pai de 7 filhos, a 2-11-1963 . Henri Cadot, responsóvel da Equipe Sablé 3 (França) , pai de 5 filhos, a 20·1-1964. Jean-Pierre ltessart, da Equipe Bruxelas 86 (Bélgica l, pai de 2 filhos, em janeiro 1964. Rv. Cônego Béka, Assistente da Equipe Ciney 1 (Bélgica l , a

30-12-1963 . VIl


RETIROS

Em São Paulo

Abril ·

30 maio 3

Valinhos Pregador : Frei Barruel de Lagenest o·p.

Maio

22-24

Baruerí Pe . Paulo Eugênio Charbonneau c.s .c .

Agôsto

7-9

Agôsto

28-30

Valinhos Pe. Paulo Eugênio Cha rbonneau c.s .c.

Setembro Setembro Outubro

11-13 25-27 9-11

Valinhos Pe. Mario Zuqueto Valinhos Pe. Waldemar Martins Colégio Santana - Cônego Lúcio Flora Grazzioni

Outubro Novembro Novembro

16-18 6-8 20-2 2

Baruerí Pe. Ivo Vigorito Valinhos - Pe . Pedro Paulo Koop m.s.s. Ba rue rí -

. Baruerí V. Divino

Pe. · Fr.e derico Dattler

-Interior Setor de Jahu

Julho Julho Outubro Novembro Dezembro VII I

4-5 24-26 31 2 13

Em São Carlos Em Jahu Colégio Sã o Norberto Pregador : Pe . Alfredo Pereiril Sampaio a

Em Valinhos Em Jahu Colégio São José


A segunda é RECUSAR. Não há caridade verdadeiramente fraterna sem um clima de extrema simplicidade. Aqui, seria preciso comentar demoradamente, mostrar que a simplicidade é, não apenas uma palavra-chave, não apenas uma idéia mestra do Evangelho, mas a própria maneira de ser evangélica. Que o vosso Sim seja Sim, que o vosso Não seja Não. Dai o que vos fôr possível. Se não puderdes, dizei simplesmente que não podeis. A terceira é PEDIR. Há pessoas que em vez de pedirem aquilo de que precisam, preferem mil vêzes passar sem isso. Isto não é virtude, mas orgulho ou vaidade mascarada por uma aparência de dignidade. Na realidade, na maior parte dos casos, respeito humano. Que nobreza pensais que existe no dinheiro para que tenhais tanto mêdo que se saiba que tendes falta dele? Repito: o dinheiro. Não é só o dinheiro que está em jôgo, mas está em primeiro lugar. Sois irmãos uns dos outros; tende a humildade de pedir aos vossos irmãos ; os vossos irmãos terão a caridade de vos dar ou a simplicidade de vos recusar. Se a fraternidade não é esta simples troca, peço-vos que me digais o que é. A quarta é ACEITAR. Corolário da precedente e percebe-se bem. Mas a experiência mostra que, vivida a cheio e sem escapatória, é crucificante para o amorpróprio. Tanto melhor. Bem sabeis que é preciso abatê-lo. A quinta é OFERECER. Delicadeza, tato, atenção desperta. Antecipai-vos ao desejo do outro, ainda não formulado; evitai-lhe o aborrecimento de pedir. Aceitar o que é oferecido é mais fácil do que receber o que foi preciso pedir. Delicadeza da caridade. Perigo das comunidades de casais: fecharem-se sôbre si próprias. Assim como existe um egoísmo de família, pode também existir um egoísmo comunitário. E por isso, vivendo no seio da comunidade as cinco palavras anteriores, procurai também vivê-las nos grupos humanos em que a vida incessantemente vos faz

17


entrar de maneira mais ou menos profunda. Porque êstes grupos devem por sua vez transformar-se em comunidades. Se uma comunidade de casais devesse permanecer fechada sôbre si própria, sem portas, nem janelas para a cidade dos homens, seria melhor para ela que nunca tivesse nascido. Não há nada que possa prevalecer sôbre êste principio de que uma comunidade só Vive na medida em que se abre a uma comunidade mais vasta, e que morre aquela que recusa dar-se à que é maior.

.

18


As

.b~tapas

da Vida de uma Equipe

Voc;ês estão nas primeiras reuniões de equipe. Estão se conhecendo uns aos outros, estudam os Estatutos. Depois de três ou quatro IQ:!Ses, terão de pôr o problema de seu pedido de admissão. Tornaremos a falar nisso na Carta n. 0 3 , mas é bom dizer-lhes desde já o que entendemos por isso. Este pedido i~nplica da sua parte uma vontade de fazer jogo franco durante um período de experiência. Inexistência • objeçõo de princípio, desejo de inserir na própria vida as obrigações dos Estatutos, e tudo isso para viver melhor o seu cristianismo, pa'ra cumprir a vontade de Deus sobre a sua família. Insistimos entõo !em que as equipes admitidas se esforcem muito a sério sôbre os pontos dos Estatutos que decidem progressivamente observar: terão de se ajudar ao máximo uns aos outros nesses pontos. Sabem que não se pode julgar uma coisa sem a elllperi.,.entar: como é que um casal poderá dizer que o dever de sentar-se é impossíveJ se não o experimentou vários meses, até vários anos? É impossível fazer um retiro? Isto, muitas vezes, parece realmente b(em difícil, mas o que é impossível quando se está só, torna-se muitas vezes possível quando se é ajudado pelos casais da equipe . . . Finalmente, depois de um ou dois anos deste esfôrço leal, a equipe d~cide se quer entrar mais a fundo no Movimento; cada casal resolverá então, mais uma vez com toda a liberdade, e aqueles que estiverem de acôrdo em continuar a jogar juntos o jogo da equipe, para se ajudarem a viver melhor a sua vida cristã, farão juntos o seu pedido de compromisso.

19


CARTA DE CASAL PILOTO O casal pilôto é aqUêle que, durante 4, 5 meses vem ajudá-los a fazer as reuniões, dar-lhes a conhecer o Movimento, colocar-se à disposição de cada t~m para as dúvidas que se le·· vantam e pa?Yli os problemas a resolver. . . No caso de t~ma equipe que está longe, tem o mesmo papel, mas só dispõe da pena, com a qual transmite ao casal responsável todo o seu ardor e todo o seu conhecimento do Movimento. Reparem antes de mais, numa curta passagem de unta primeira carta, a apresentação do casal, direta e simples:

"Ficaríamos contentes se lhes fôsse possível apresentar-nos cada um dos seus casais; nós vamos desempenhar em relação a vocês o papel de "casal pilôto", quer dizer que responderemos a tôdas as suas perguntas, reagiremos aos relatos das reuniões que farão o favor de nos enviar, e, através de uma correspondência assídua, tentaremos esclarecê-las sôbre a vida de uma Equipe de Nossa Senhora. P ermitam que nos apresentemos um pouco: dez anos de casados, e quase dez a nos de equipe. Temos a felicidade de ter cinco filhos. A minha mulher .e steve muito doente com uma flebite dupla antes do nascimento do mais novo, mas agora já está refeit a. Sou engenheiro militar da aeronáutica. Temos sido várias vêzes responsáveis nas Equipes de Nossa Senhora. E stamos contentes por poder contá-los entre os nossos novos amigos e c·o rrespondentes . . . podem contar com a nossa oração e com a nossa ajuda".

20


E eis a segttnda carta:

"Estamos contentes por saber que querem pertencer às Equipes de Nossa Senhora. Até agora, havia duas equipes na sua cidade, uma que conhecem porque foram os responsáveis que lhes falaram no nosso Movimento, a outra tem como casal responsável Mario e Alice Medeiros, que conhecerão em breve, porque é normal que as equipes da mesma cidade tenham ràpidamente contatos entre si". "De acôrdo com os casais de seu grupo, vocês pedem pois a entrada nas Equipes. O que significa isso para voc'ê s, presentemente?" Isso quer dizer que estão desejosos de fazer ainda mais do que fizeram até agora. O Senhor Jesus pede-nos cada dia mais. Juntos, em equipe, procurarão ajudar-se num esfôrço para a melhor. Comprometem-se pois a esforçarem-se em todos os planos que lhes assinalava na minha última carta: rezar melhor juntos, e em cadn uma de suas famílias conhecer caxla vez melhor a Sl~a fé ser mais acolhedores, mais abertos aos outros . ..

"Certamente, é um programa amplo, e é lentamente que o Senhor nos transforma, à medida da nossa boa vontade. Portanto o seu desejo de pertencer às Equipes de Nossa Senhora parece antes de mais um desejo de exigência. Será preciso paciência, mas que importa: cada reunião, cada ano, trarão um enriquecimento de vida cristã". "Em segundo lugar, comprometem-se a seguir os métodos que as Equipes de Nossa Senhora recomendam. Um método só tem valor de meio, e não representa um fim em si. No entanto, é preciso experimentá-lo lealmente, pôr nisso tôda a boa vontade, e compreende-se depois que a obrigação, de que só se via o lado penoso e constrangedor se torna fonte de riqueza".

21


Durante o próximo ano, devem pois esforçar-se por praticar o melhor possível o que os Estatutos pedem; quer dizer: a forma de retmião aconselhada a preparação desta reunião as ob?"igações de cada casal.

"Faço notar dois pontos: Se, na prática, verificarem que qualquer coisa é difícil por causa dos costumes próprios de seu país, digam-nos imediatamente e veremos se é conveniente adaptar, conservando o espírito. No entanto, o que os Estatutos aconselham deixa uma grande liberdade prática de organização, e verificámos muitas vêzes que c·a da equipe tem os seus hábitos e as suas características próprias. Aliás, até agora tudo pareceu convir aos temperamentos diversos dos casais que se encontram nas Equipes: alemães, espanhóis, francêses, brasileiros, suíços, etc . . . " "A prática das obrigações é p1·ogressitva. E' preciso compreender o que são, conhecer as experiências dos outros casais, ouvir os conselhos, recomeçar depois de fracassos aparentes". " Assim, nas próximas reuniões tomarão como objeto da "partilha" as obrigações, uma por uma, adotando em primeiro lugar aquelas a respeito das quais todos estão de acôrdo em fazer um esfôrço; cada um dirá com muita simplicidade o que tem feito, para que possa haver ajuda mútua".

22

,


PARA A PROXIMA REUNIÃO

Encontrarão abaixo um tema para a troca de idé ias e textos para a oração. O tema de estudo deve servir- nos para conhecer e compreender melhor o espírito do Mov imento e dos Estatutos. Deve ser t ratado na reun ião segundo as indi cações do casal piloto. Se já ti ve rem feito, noutra a ltura , um estudo sério dos Estatutos poderão t ratá-lo ràp idamente e tra ba lhar já no primeiro tema da série Amor e Casame nto . T ROCA DE IDE IAS

TEMA Leiam as páginas 3 , 4 e 5 dos Estatutos e, na pág. 8 o parágrafo sôb~e "Partilha e co-participação". A seguir sirvam-se, se isso for útil , das reflexões que se seguem para compreender melhor o que lhes é pedido, assim como do texto do Padre Varillon. As equipes querem corresponcler às necessidades dos casais que, por graça de Deus, entreviram um alto ideal espiritual, mas reconhecem. a dificuldade de o atingir se não puderem se beneficiar da ajuda que lhes darão outros casais e se não se submeterem a uma disciplina. t pois característico das Equipes de Nossa Senhora propor a procura ele Deus no quadro da vida em equipe e com o apoio de uma regra. (0 sentido da regra será objeto do estucl., do próximo mês) . Na vida em equipe nada há mais importante d.o que a ajuda fraterna. Realiza-se por um profundo pôr em comum. Mas para isso, é preciso que todos os membros estejam unidos numa grande confiança, e que haja doação de cada um em relação aos outros:

23


CO N HECIMENTO E ATENÇÃO : Os membros da equipe estão todcn unidos pela mesma vontade de procurar Deus. Em cada um deles esta procura é o aspeto mais nobre e mais enriquecedor. É ele que é preciso esforçarmo-nos por ver acima de tudo: as imp'erfeições, a diferença de educação ou hábitos de vida, as insuficiências, não devem fazê-lo esquecer. Isto não impede uma grande lucidez: é preciso conhecer os outros tal como são, para saber o, que podem dar e receber, e não ficar nas aparências mas esforçar-se por conhecer cada um na sua verdade mais profunda. É preciso, pois, estar atento e não só com uma atenção vigilante, mas sobretudo com uma atenção benevolente, sem espírito crítico . Não há confiança mútua e , por consequência, abertura, sem essa benevolência. Há grande inl!erêsse em prever, no principio da equipe, um retiro em comum de vários dias. Na atmosfera de recolhimento e oração do retiro, as relações entre os membros da equipe situamse mais fàcilmente no plano tespiritual , na ordem da caridade. TOMAR A CA RGO : Dentro do Corpo Místico de Cristo e da Igreja estamos todos unidos por laços de estreita dependência , mas o nosso coração e o nosso espírito têm, meios limitados e não nos é fácil compreender esses elos e vivê-los na sua realidade total. Pelo contrário, dentro da equipe, esses las;os podem ser sentidos e vividos mais profundamente porque tomam uma forma mais sensível. Assim , pois, como no Corpo Místico, mas com um realismo mais marcante, cada um deve poder contar com todos os outros na equipe e ao mesmo tempo sentir-se estreitamente dependente, solidário e responsável por todos. Cada um toma a seu cargo to dos e cada um dos outros. DOAÇÃO E ACOLHIMENTO : Não se vem às equipes só para receber mas também para dar. Na medida em que cada um vier para dar, cada um poderá receber. Da r e receber, é o que , por outras palavras, chamamos "partil ha r", /essencial ,à vida na equipe.

24


Dar o mais possível de si próprio, sem dúvida com a maior discreção, mas também com uma generosidade que sabe dispensar tudo o que Deus pôs de bom em nós. Receber, quer dizer acolher com interêsse e gratidão o que os outros têm para dar de si mesmos e assim encorajá-los a dar cada vez mais. Na oração, se todos sabem ultrapassar as fórmulas para trazer alguns dos seus impulsos interiores e também a arid·e z, cuidados, intenções, realiza-se a "partilha" mais profunda e o tomar a cargo mais eficaz. No trabalho, a vontade autêntica de partilha que anima todos há-de manifestar-se pela seriedade da preparação, o esfôrço pna participar na troca de idéias, a procura de conclusões práticas que ajudem a mudar a vida. N'a ajuda mútua, tanto material como moral, a generosidade de cada um encontrará os prolongamentos normais da caridade que o une a todos os membros.

PERGUNTAS Que idéia fazem da vida na equipe? Podem citar um certo número de regras dessa vida? A partir do que sabem acerca do seu amor conjugal podem destacar as características da caridade fraterna? Qual lhes parece mais importante de entre os quatro pon~ tos de ajuda mútua na equipe: trabalho, oração, auxílio mútuo espiritual e auxílio mútuo material? Que pensam da "93rtilha" tal como a concebem os Estatutos? Têm objeções a pôr? Cria-lhes problemas? .I

I

25


ORAÇÃO

TEXTO DE MEDITAÇÃO Leitura do Evange lho de S. Joã o (cp. 15, v. 12-17 ) O me11 preceito é êste: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos. Vós sereis. meus amigos, se fi:zerdes o que vos mando. Já não vos chamo servos porque o servo não sabe o que fa:z o seu senhor; chamo-vos amigos porque vos dei a conhecer hrdo aquilo que ouvi de meu Pai. Não fostes vós que me escoltrestes; mas fui eu que vos escolhi a vós e que vos destinei para que vedes e deis fruto, e para que o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo o que pedirdes a meu Pai em meu nome, Ele vo-lo conceda. Isto vos mando: que vos aft'leis uns aos outros.

ORAÇÃO LITúRGICA A NT fFONA (para ut ilizar como refrã o )

Onde reinam o Amor e a Caridade Deus está presente. HINO:

Reunidos por amor de Cristo·, e fazendo um só corpo M anifestemos-Lhe a nossa alegria die estarmos juntos; E's forcemo- nos por temer e amar o Deus vivo;

...

E a marmo-nos uns aos outros do fundo do coração . Onde reinam o Amor e a Caridade Deus está presente.

26


Porque os nossos corpos num só corpo estão unidos, Procuremos não deixar que nunca se dividam os nossos corações; Acalmtemos as nossas dissenções, sufoquemos as nossas querelas, Para que no meio de nós todos os dias esteja Cristo presente. Onde reinam o Amor e a Caridade Deus está presente. Assim possamos um dia na sua glória, Com os bem-av:enturados e para a eternidade, Possuir, Imensa e serena, A alegria de contemplar o Vosso rosto O' Cristo,- ó nosso Deus Amem.

ORAÇÃO DO ASSISTENTE : O' Deus, que utilizais todas as coisas para o bem dos que vos amam, imprimi tão profunda-nte nos nossos corações o ardor da Vossa caridade que nenhuma tentação possa abalar os desejos que nos inspirais. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo, pelos séculos dos séculos. Amem. 27



•




•



pott \H\\~

c.spi~th.J"-h~e

co~\J9~l

e J~mJltAR

CENTRO DIRETOR . Secr. Geral . BRASIL

.

Secretariado

.

20, Rue des Apennins . PARIS XVII

R11a Pa raguaçú , 258

SÃO PAULO 1 O


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.