Na Responsa #05

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Nº 05

NOV/DEZ

2014

? A T R O P M I E S QUEM com o lixo na rua, com as faltas de professores nas escolas, E! E ISSO TAMBÉM T N E G E D E T N O M M U ? a d a n o d n a b a c o m a p ra ç a

É FA Z E R P O L Í T I C A !


E AÍ, GALERA?

v

amos para mais uma edição do Na Responsa! Primeiro quero agradecer imensamente a participação de cada um de vocês no Dia de Responsa. Fizemos um evento histórico, com ações de grande repercussão em todo o país, por meio da participação das ONGs e dos grupos de voluntariado. Passado esse dia, tivemos outro mês de responsa! Em outubro escolhemos os governantes de nosso país e aprendemos muito cada vez que exercemos esse nosso direito. Pra quem já tinha idade pra votar, foi momento de estar atento, pesquisar sobre os candidatos, não se deixar influenciar pelo horário político, nem por opiniões de amigos. Fazer pesquisa e buscar informação sobre os candidatos com base no histórico deles foi um aprendizado. Pra quem ainda não votou, também foi oportunidade de conversar com os amigos e familiares que votaram, ajudá-los a se informar para aproveitar a chance de contribuir para construir um país melhor para todos. Votar é um ato de responsabilidade! Pegando esse gancho, essa edição trata de responsa e de política e de como ela está no nosso dia a dia. A matéria de capa traz diferentes jeitos de agir e se posicionar politicamente. Vendo essa galera, dá pra perceber que ter atitude e pensar sobre o que está em volta é ser cidadão. A gente também fala de corrupção. Você acha que isso é exclusividade da política formal? Se engana, pois a corrupção está em toda parte, nas ruas, nas escolas, no ambiente de trabalho, na roda de amigos. Se você é um jovem com consciência e atitude, sabe que corrupção é uma furada, coisa de gente desonesta. Então entenda como fazer sua parte por um mundo sem corrupção. Consciência e atitude! Sempre!

vote em

mim Veja a equipe que aderiu à essa edição. Com o apoio dos correspondentes Na Responsa, na pág. 22.

3941 vanessa ribeiro

6527

kayam mendes

9812

maria nascimento

8887

9111 jéssica souza

amanda pina

5753

NÁDIA DE PAIVA

2128

nadia.paiva@ambev.com.br harrison kobalski

VANESSA OLIVEIRA

INICIATIVA: Ambev | CONTEÚDO TÉCNICO: Ambev > Equipe: Ricardo Rolim, Guilherme Mello, Nádia de Paiva Rosa e José Roberto Souza Brandi Lynx Consultoria > Equipe: Bettina Grajcer, Bruna de Paula, Fátima Viscarra, Mariane Fornari, Roberta Piozzi, Stella Pereira de Almeida | PRODUÇÃO DE CONTEÚDO E PROJETO GRÁFICO: Énois Inteligência Jovem > COORDENAÇÃO: Amanda Rahra e Nina Weingrill; EDITORA DE TEXTO: Simone Cunha; EDITORES DE ARTE: Ricardo Sukys, Juliana Mota; FOTO: Agência Ophélia, Hans Georg; REPÓRTERES: Amanda Pina, Jéssica Souza, Kayam Mendes, Maria Nascimento, Vanessa Oliveira, Vanessa Ribeiro; PRODUTOR: Harrison Kobalski; CORRESPONDENTES: Bianca Dias, Gabriel Amorim, Gisele Amaral, Jaqueline Santtos, Jonatan Bruno, Lucas França, Mattheus Dias, Michelle Carlos, Thauany Avila, Warlisson Martins; ILUSTRADORES: Bernardo França, Bruno Algarve, Rômolo; AGRADECIMENTO: Bráulio Lorenz.


PAPO KBEÇA_ Tem turista subindo a ladeira pra conhecer a quebrada. Se liga nos roteiros - e nas vielas da sua comunidade.

POR DENTRO_ Começa com um gole: conheça o caminho que a bebida faz no corpo até a perda total.

ÉNOIS_ Pra lá dos gabinetes, do terno e da gravata, dá pra fazer política dançando, desenhando, virando grupo. Duvida? Descubra uma galera que se importa e faz.

NA LATA_ Um

FIRMEZA?_

É MASSA_ Mutirão na

recado de um jornalista que quer mudar o mundo: você também pode.

Corrupção não é com você? Lembre-se da cola e do troco a mais e veja se é isso mesmo.

praça, dia na rua, festa na vaga, aproveite o guia pra mudar o mundo começando de pertinho.

Veja o que a galera de responsa compartilhou no instagram da #naresponsa. Coloque na roda também seus momentos de vida na rua e diversão na cidade - mande sua foto pra gente.

FALE COM A GENTE! Acompanhe nossas redes e receba todos os dias novidades na sua linha do tempo! /naresponsa

Juventude de atitude #juntosporummundomelhor no projeto Jovens Alconscientes.

Café da manhã de responsa, do @jesseandarilho e sua turma ponta firme.

Na pausa da torcida, @rcavalcanti e sua galera emendam um selfie pra Copa.

jovensderesponsa. tumblr.com @naresponsa

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Você pode melhorar seu bairro - e portanto a sua cidade - começando pela porta da sua casa. O melhor? Pode ser bem divertido. Confere aí!

FICAR NA RUA ATÉ DIZER CHEGA!

Não deixe a preguiça dominar logo cedo: aproveite a manhã, quando o sol está mais fraco, e chame amigos para fazer exercícios. Se não tiver equipamentos para malhação, levem cordas, bambolês, pesos e outros apetrechos pra maromba.

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Que tal pagar um almoço para a família? Calma, não precisa ser em um lugar super chique. Leve a trupe pra comer num carrinho de lanches maneiro e aproveite pra observar a rua. Se o pessoal se empolgar, emende a sobremesa noutra barraca.

Monte um campeonato ou uma gincana e passe a tarde se divertindo na rua com a galera. Escolha o esporte, dê a ideia durante a semana e programe os times. Não esqueça do lugar do evento: pode ser na praça ou até numa rua sem saída.

Para terminar a tarde tranquila, uma boa ideia é roda de música, jogos de tabuleiro e até troca de livros. Chame os amigos para pensar junto em qual vai ser o programa bacana para relaxar sem sair da rua, quando a luz do dia começar a baixar.

VANESSA RIBEIRO

Um passeio de bike à noite pode coroar esse dia ao relento. Invista em luzes e roupas com refletores para garantir que o bonde vai ser visto de longe. Pesquise rotas mais tranquilas e, se der, com pontos estratégicos para parar pelo caminho.


faça você mesmo

CALÇADA BOMBANDO Um jeito de aumentar a convivência e o espaço para curtir a rua: o parklet é a ocupação de vagas de carros para o lazer. Veja como é fácil e bora construir o seu com nossas dicas. VANESSA OLIVEIRA HARRISON KOBALSKI, RICARDO SUKYS

VAGa Escolha um lugar bem tranquilo e tenha certeza de que tem iluminação durante a noite. Além disso, o parklet deve rolar em uma rua com velocidade máxima de 50km/h.

DONO DA RUA JUNTO Pergunte à prefeitura como ter autorização para a ocupação acontecer suave. São Paulo é das poucas cidades que já definiu o caminho: levar o abaixoassinado à subprefeitura, junto com cópias do RG, CPF e comprovante de endereço.

VIZINHANÇA NA RODA Espaço escolhido, é hora de falar com os moradores de perto. Conte a ideia a todos e peça pra galera assinar um abaixo-assinado simples. Aproveite e chame todo mundo pra ocupar a rua.

#fICaDICa Não sabe fazer um abaixoassinado? É supersimples e rápido, veja como em www.peticaopublica.com.br

VIDA NA Vaga O jeito mais comum de fazer um parklet é montar um tablado com madeiras de no máximo 2,20 metros de largura, 10 metros de comprimento e cerca de 10 centímetros de altura. Em volta, faça uma cerca ou uma decoração bem bacana com flores e plantas. Pra galera ficar à vontade, coloque dois bancos maiores nas laterais e alguns no centro. É maneiro por uma placa avisando: Este espaço é público.

Só curtição Aproveite com a galera e não deixe de chamar quem passar - com certeza não vão faltar curiosos. Vale ler um pouco, jogar com a galera, namorar, cantar... A escolha é sua!

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A GENTE SE VIRA

TROPA DA ARRUAÇA

PONTA FIRME VANESSA OLIVEIRA

BRUNO ALGARVE

Quem é da quebrada sabe que fazer junto funciona bem, seja na hora de organizar uma festa ou de repaginar uma área perto de casa. Tá cheio de lugar em volta que merece uma cara melhor e ia ser bem mais usado se fosse assim. Então convide a galera e organize um mutirão para revitalizar a sua rua. Veja nosso guia e bote pra fazer.

1. O ALVO_ Pode ser a quadra, a pracinha, o jardim - ou todos eles - que estejam pedindo uma reforma. Comece andando pelo bairro e achando o alvo. Tire fotos, mostre pra galera e planejem a revitalização. Assim vai ser mais fácil ver por onde começar: arrumando os brinquedos da praça ou achando mudas novas pro canteiro esquecido?

2. O RECRUTAMENTO_ Bater um papo com a vizinhança é chave para que a mão na massa seja coletiva mesmo. Além de ter outras ideias, você pode recrutar mais pessoas. Como fazer isso? Pode ser batendo de porta em porta, divulgando nas redes sociais ou promovendo um encontro no próprio local a ser revitalizado.

3. O REFORÇO_ O ‘dono’ do espaço público também pode dar uma bela força ao mutirão. Procure a secretaria de obras ou serviços municipais da prefeitura para ver quem é responsável por iluminação, lixeiras, bancos, limpeza. É bem útil ter contato com o pessoal do outro lado do balcão. 4. A MÃO AMIGA_ Parcerias são sempre bem-vindas na hora de realizar um mutirão. Procure a associação de moradores do bairro, peça ajuda a comerciantes e outros coletivos. De repente, até uma pessoa que é de outro canto da cidade pode colar na sua quebrada e ajudar.

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5. A VITÓRIA_ Sua revitalização ficou maneira? Faça um vídeo, tire fotos e mostre para todos que dá pra fazer junto e mudar a cara do lugar que moramos. O registro serve de inspiração para mais gente entrar na onda e botar a mão na massa.

DICa a C I f # O Conexão Cultural junta gente com cara e coragem pra melhorar a cidade e se articula também com empresas pra botar isso em prática. No blog deles tem informações sobre mutirões, eventos, oficinas e outra ideias: www.conexaocultural.org


ROLÊ BARATO

EDUCAÇÃO ONLINE

LETRADO EM CIDADE MARIA NASCIMENTO

DO LADO DE FORA SEM GASTAR VANESSA RIBEIRO

Toda cidade tem diversão que não pesa no bolso. Se ainda não achou lugares assim onde mora é porque não procurou bem. Dê uma olhada nas dicas que nossos correspondentes locais separaram pra você e já pra rua! SALVADOR - O Centro Cultural de Plataforma (CCP) tem shows de dança, música e teatro de graça ou bem baratos: www.centroculturalplataforma.com.br Jaqueline Santtos PORTO ALEGRE - Por R$ 17 dá pra ficar até as 21h às sextas no Museu de Ciências e Tecnologia da PUC-RS, onde tem teste de elasticidade e show de eletrostática: www.pucrs.br/mct/ - Jonatan Bruno - Na beira do rio Guaíba, sai de graça ver o pôr do sol na água ou caminhar olhando a paisagem: http://goo.gl/THBHqz - Mattheus Dias - Dá para ver e saber mais sobre arte contemporânea na Fundação Vera Chaves Barcellos, com obras da artista e outras exposições, em Viamão, a 22 Km da capital: http://fvcb.com - Thauany Avila RIO DE JANEIRO -T odo dia dá pra ver exposições de arte diferentes e palestras sem pagar nada na Caixa Cultural: http://goo.gl/l644LY - Lucas França Com verde, zoológico e meia entrada pra estudante, a Quinta da Boa Vista é uma boa pra quem tá com a grana curta: http://goo.gl/ovcaz0 - Gabriel Amorim SÃO PAULO - A Cooperifa faz saraus, exposições, shows, pra incentivar o que brota da quebrada: https://www.facebook.com/Cooperifa - Gisele Amaral Foto: Celso Abreu / Creative Commons

Antes de sair por aí mudando o mundo a sua volta, é legal dar uma navegada na internet pra conhecer iniciativas que deram certo em outros lugares. Isso ajuda você a ter novas ideias, aprimorar seus próprios projetos e a cortar caminho. Se liga:

Pra pensar sobre as formas de ocupar muros e ruas por meio da arte e até o que é arte, vale a pena ver o documentário Cidade Cinza. O filme conta como o Grafite tomou conta das ruas e galerias de arte do mundo, mas mostra o problema enfrentado em São Paulo por conta da lei da cidade limpa, que apagou grafites pintando-os de cinza. Para saber mais, dá play http://goo.gl/msBoKk

A biblioteca fica longe da sua casa? Você tem livros que não quer mais ler? Organize um lugar pra emprestar e até ceder literatura! A arrecadação pode começar separando os livros que o pessoal da sua casa não quer mais e depois seguir nas redes sociais como mostra este passo a passo http://goo.gl/ziBFRQ. Ali também tem dicas pra achar um lugar onde montar biblioteca e até da organização do material.

Perto da sua casa tem lixo jogado onde não deve? Você pode ajudar a acabar com esse problema usando iniciativas criadas pelo facebook e aplicativos http://goo.gl/64x3ft. Assim dá para denunciar lixões e ajudar órgãos públicos a encontrar estes lugares e fazerem uma limpeza firmeza.

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Prato firmeza

PORQUE COZINHA NÃO É LUGAR DE GENTE SEM GRAÇA!

Delícia famosa nas ruas da Bahia, esse cuscuz mega tradicional vai bem já no café da manhã. Se liga na receita e na história dessa comida com gosto de rua, mas fácil de fazer em casa. JAQUELINE SANTTOS E MICHELLE CARLOS - de Salvador AGÊNCIA OPHÉLIA

DOS TABULEIROS PRA SUA COZINHA

O cuscuz de tapioca é um dos mais comuns em Salvador e é comido principalmente no café da manhã pelos baianos. É fácil achar essa delícia nos tabuleiros de mingau, bancas tão antigas quanto as das baianas do acarajé, mas bem menos conhecidas por quem é de fora. O cuscuz é um prato de origem árabe, mas que conquistou várias partes do país - não só o nordeste. O PASSO A PASSO DA DELÍCIA

Em uma vasilha ou pirex, despeje a tapioca, coloque a pitada de sal e reserve. Misture o leite de coco, o coco ralado e o açúcar ao leite fervido já morno. Adicione essa mistura à tapioca no pirex, mexa, cubra com um pano (ou tampa) e deixe descansar por uns 30 minutos, mexendo de vez em quando. Se a mistura ficar muito dura, coloque mais um pouco de leite. Se ficar muito mole, acrescente mais algumas colheres de tapioca. O ideal é que fique um pouco mole porque o cuscuz ainda vai pra geladeira, e endurece mais um pouco. Ele deve ficar com a consistência de um arroz doce bem cremoso. Sirva gelado e, se quiser, regue com leite condensado.

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VOCÊ PODE SER O CARA DA SUA COMUNIDADE

Mais que um jornalista e empreendedor social, Eduardo Lyra, 26, é um incentivador da transformação. Nascido em uma favela, ele escolheu a profissão que o pai queria ter tido e foi além: seu trabalho é cutucar jovens a lutar para mudar o que está ao redor. Leia na sequência o potencial que ele vê em gente como você. JÉSSICA SOUZA

Quando você viu que tinha algo de errado e decidiu mudar sua realidade? Eduardo: Eu nasci numa realidade em que quase tudo estava errado. Pobreza extrema, direitos sociais negados, falta de infraestrutura, saúde e educação. Eu nasci numa favela. Você tem duas opções: aceitar ou se revoltar e mudar. Eu decidi lutar para mudar a realidade e contribuir para a construção de um mundo melhor. O que te levou a estudar jornalismo? E: Este era o sonho grande do meu pai, que foi interrompido quando ele entrou no submundo do crime - e foi parar atrás das grades. O sonho dele se materializou na minha decisão em dizer sim aos meus sonhos e gerar orgulho para os meus coroas. Hoje sou jornalista com dois livros publicados e caminhando pro terceiro. O que há em comum entre você e jovens que começaram a transformar suas vidas sem muitos recursos? E: A vontade de mudar a própria vida e a de milhares que estão em volta. Eles não estão atrás do primeiro milhão de reais antes dos 30 anos, mas do primeiro milhão de pessoas. Querem ser o melhor do mundo, são competitivos, mas num mundo melhor, com menos violência e mais oportunidades. É pra isso que vivo.

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Por seus ensinamentos, saber o que queremos ser é mais importante do que saber quem somos. Quais dicas você dá para definir isso? E: Se você for jovem, estudante, provavelmente a sociedade não vai dar bola para você, mas acreditar nisso é suicídio. Minha mãe dizia “não importa de onde você vem, mas pra onde você vai” e eu acreditei e fundei o Instituto Gerando Falcões, que já inspirou mais de 200 mil jovens em 2 anos. Saí na lista da revista Forbes entre os 30 jovens mais influentes do país abaixo dos 30 anos e fui eleito um dos 15 jovens brasileiros que podem mudar o mundo. Sabe por quê? Eu acreditei que podia ir para um lugar melhor. E se eu consegui, você também consegue. O que é mais difícil para os jovens que querem gerar impacto no mundo? E: Falta de conhecimento, informação e habilidade. Cole em quem sabe mais do que você e peça ajuda. Arrume ao menos uma dezena de mentores e seja grato. O que afasta os jovens da responsabilidade social e como despertá-los? E: O desligamento da realidade e o deslumbramento quando a vida começa a melhorar. Achar que não pode fazer algo é medíocre, o mundo está cheio de

história de gente pequena que chegou lá e transformou. Você pode ser o cara da sua comunidade. Quais conselhos você dá ao jovem que quer mudança, mas se sente sozinho? E: Continua, continua e continua. Seja bom em construir amizades, invista em pessoas: é o melhor investimento. Você nunca vai ficar sozinho, se for uma busca sincera e com princípios.

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TURISMO

LADEIRA ACIMA Que Torre Eiffel que nada! Você já ouviu falar da casa feita com mais de 25 mil garrafas PET, em Paraisópolis, SP? Pois é, uma galera ponta firme está ganhando dinheiro e mostrando que a quebrada tem muita história boa pra contar. AMANDA PINA, GABRIEL AMORIM, LUCAS FRANÇA E MARIA NASCIMENTO

a

casa de Azânia Correia, 23, sempre teve acervo de museu: objetos da época em que era igreja, mudas do horto e fotos da história da comunidade, que a mãe guardou e ela nunca deu bola. O lugar é uma favela, “não podia ter nada de interessante”, pensava. Há cinco anos ela viu que tinha, desde que um projeto de turismo começou a mapear Calafate, uma favela de Salvador. “Hoje vejo que a gente é vítima de ter sido explorado. A gente cresceu acreditando que temos de ser pessoas sem oportunidade, mas não é assim. A história mostra que o Calafate teve gente e coisa útil, e pode ter mais”, diz, apontando como exemplo o forno que queimava o lixo da cidade e hoje é um ponto turístico no roteiro. O turismo é um jeito de fazer dinheiro e valorizar as favelas, que vem ganhando espaço no país. O Morro Santa Marta, no Rio de Janeiro, é um dos que mais desenvolve os passeios de forma profissional. O potencial começou a ser descoberto em 1996, quando Michael Jackson gravou o clipe “They don’t care about us” (Eles não ligam pra gente) nas vielas dali. A estátua do cantor num mirante e casas multicoloridas pintadas por artistas holandeses são o ponto alto do passeio, que começa no pé do morro e tem um bondinho exclusivo. Um dos guias do Santa Marta, Thiago Firmino, 33, largou o trabalho de professor e hoje diz ganhar

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JULIANA MOTA

mais. “Foi na raça, na luta. Ganhei até certificado de excelência no TripAdvisor (rede social de turismo), coisa que lugares na praia de Ipanema não ganharam”, conta, avisando não ter tido incentivo para o trabalho. Mas quem é de perto nem sempre acha que favela é lugar de passear. No Rio, assim como em São Paulo, onde tem um roteiro maneiro na favela Paraisópolis, quem mais vai são os estrangeiros. Em Salvador a situação é diferente porque não há guias que falam inglês, o que dificulta o passeio dos gringos. Para Higo Carvalho, 23, que é guia em Paraisópolis, foi uma surpresa fazer um tour com uma senhora e dois filhos da região central de SP. “Não imaginava que até quem mora na cidade teria a curiosidade de conhecer a favela”, diz. Pra achar isso, ele deve ter esquecido da casa montada com mais de 25 mil garrafas PET, de Antenor Clodoaldo; e do castelo de Estevão Conceição, parecido com a obra do artista espanhol Antoni Gaudí. Tem morador que vê pouco sentido no tour, por não ver beleza nem ter retorno financeiro com os passeios. Já para os guias, eles são chance para os comerciantes venderem mais, os moradores mostrarem o que fazem e da favela ser vista - sem montar circo ou safári. A ideia é que quem visita veja o dia a dia comum dali, sem que sejam criados eventos ou que a realidade dura seja explorada. O maior interesse turístico é simples: ver a vida nas favelas, que por muito tempo eram pouco acessíveis por conta da violência. A realidade é outra: “o cara vem e se sente mais seguro aqui do que na rua”, diz Thiago.


Guias da quebrada, essa galera ajuda a mostrar em que beleza de viela eles moram.

Az창nia Correia, 23, BA Thiago Firmino, 33, RJ

Higo Carvalho, 23, SP


JÉSSICA SOUZA E MARIA NASCIMENTO RICARDO SUKYS

o primeiro gole Todo P.T. começa com um copinho. Beber em excesso não é pra ninguém, mesmo com mais de 18 anos.

FASE 1 É só começar a tomar bebidas alcoólicas, e vem logo aquela vontade de fazer xixi.

CORRENTE SANGUÍNEA

SISTEMA DIGESTÓRIO

Do primeiro gole até a travada final, o álcool passa por um caminho cheio de tropeços no corpo de quem bebe além da conta. Entenda o que acontece com cada um dos seus órgãos durante essas etapas e o que a perda total faz com você.

O álcool é absorvido no intestino, onde prejudica células que ajudam a absorver mais rápido o que chega lá.

FASE 2 A descontração aumenta e podem começar a surgir uns bafões de leve, como falar mais alto que a galera.

Do sangue, o álcool é levado para várias áreas do corpo: começa pelo fígado, mas quem vai sofrer mesmo é o cérebro.

O álcool pode levar a uma queda da glicose no sangue, principalmente se a pessoa não se alimenta quando bebe.

O álcool inibe o hormônio ADH, que equilibra a absorção e a eliminação de líquidos. A festa passa a ser no banheiro.

Quanto mais bebe, mais o hormônio se desregula e mais frequente fica a vontade de fazer xixi.

No órgão que guarda e metaboliza glicose e vitaminas, o álcool é quebrado para ser tirado do corpo.

Para trabalhar mais, o fígado tem de usar mais glicose. Quanto mais bebida entra, mais ele ‘rouba’ açúcar do sangue.

Logo após os primeiros goles, o cérebro já sente a entrada do álcool e a pessoa fica mais relaxada e desinibida.

No sistema nervoso central, o álcool afeta a área da inibição. Com ela liberada, vêm os pitis como falar alto e cantar.

RINS

FÍGADO

CÉREBRO

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QUEM CAI MAIS?

GORDO X MAGRO

homem x mulher

tipo de bebida

VAI UM DOCINHO?

Geralmente, o álcool pega menos quem é mais pesado. Se beberem igual aos magros, os gordinhos têm taxas mais baixas de álcool no sangue porque têm um volume maior de água no corpo.

Mulheres são mais sensíveis ao álcool por terem menor nível de enzimas que o metabolizam, em comparação com os homens. Elas também correm risco maior de ficarem dependentes.

As bebidas alcoólicas destiladas têm mais potencial de embriaguez do que as fermentadas. O principal motivo é que as que estão na família do uísque têm teor alcoólico maior, ou seja, maior nível de álcool.

Comer alimentos que tenham açúcar ajuda a atrasar um poucos os efeitos do álcool. É que a glicose que essas comidas têm é uma fonte de energia que ajuda a quebrar mais rápido o álcool.

Enquanto o socorro não vem

Mantenha a cabeça de lado, ainda mais se quem caiu tiver vontade de vomitar, para evitar que algo vá para o pulmão.

FASE 3 Em doses altas, o álcool dificulta o equilíbrio e a fala. Aí quem bebeu demais começa a dar na cara.

FASE 4

Em casos extremos - se não estiver bem de saúde -, pode haver até desidratação em estágios mais avançados da bebedeira.

Começa a fase ‘sem noção’, dos vexames, a memória falha e o corpo fica cada vez mais mole.

Comer ajuda a manter os níveis de açúcar, mas não faz milagre. O fígado só consegue metabolizar cerca de uma dose por hora.

Quem bebe muito pode ter cirrose, uma doença que bloqueia a circulação de sangue no fígado.

A bebida atinge a memória e a respiração. Os movimentos ficam mais lentos, vem o cansaço e é difícil pensar rápido.

A passagem da informação entre os neurônios ‘trava’ e o sistema nervoso fica mais devagar, como se fosse desligando.

FASE 5

Com o corpo dominado pelo álcool, é ativado um mecanismo de proteção que o ‘desliga’ para o efeito parar por aí.

Uma “quebra” do sistema nervoso coloca a pessoa em um sono ou estado de coma e, às vezes, é preciso ajuda médica.

Fontes: Gabriel Dias dos Reis, engenheiro de alimentos da Universidade Federal São João del-Rei; Gustavo Ferreira dos Santos, estudante de biomedicina da Universidade de Mogi das Cruzes; Nayara Dorta de Souza, estudante da Faculdade de Medicina de Jundiaí; Márcio Aldecoa, preparador físico.

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sisu.mec.gov.br/

entrar. Se rolar, é só comemorar e estudar!

já seleciona os candidatos que tiveram as melhores notas para

você escolhe a faculdade e o curso e, no final do processo, o sistema

não vai ter de pagar mensalidade. A seleção é em uma etapa:

públicas de ensino superior para quem fez o Enem. Ou seja, você

O melhor jeito é se inscrever no SISU, que tem vagas em instituições

ESTUDANDO NA FAIXA

COMO CONSEGUIR O DIPLOMA SEM FICAR LISO

INÍCIO

GANHANDO TEMPO

sisfiesportal.mec.gov.br/

até 13 anos. É legal que dá para pedir esse crédito em qualquer período do ano.

pagamento começa só depois de acabar os estudos e pode ser em

são de 3,4% ao ano – taxa que alguns bancos cobram por mês! – e o

O governo tem um financiamento para quem está na facul, o Fies. Os juros

COM AJUDA DO GOVERNO

www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/

vai gastar pergunte o “custo efetivo total” (CET), que soma as taxas.

conta em algum banco, tente negociar. Para comparar quanto

eles cobram caro. Se não tiver saída, pesquise as taxas e, se tiver

A maioria dos bancos têm empréstimos para pagar a facul, mas

COM AJUDA DO BANCO

GISELE AMARAL, JONATAN BRUNO E MARIA NASCIMENTO

Facul é sinônimo de aprendizado, descoberta, novas amizades, mas às vezes acaba sendo de falta de dinheiro também - já que custa caro. Pra não deixar isso atrapalhar os estudos, separamos dicas pra estudar na faixa, dar um empurrão no compromisso e pagar depois ou juntar grana pro curso arranjando um trampo maneiro. Veja os caminhos pro bolso não tirar o foco do aprendizado e escolha o seu.

E COLE NO MURAL DA SUA ESCOLA!

DESTAQUE ESSE PÔSTER


e centros acadêmicos.

contato com equipe das secretarias

ficar sabendo é com os colegas e no

negócio principal. O melhor jeito de

que o empregador sabe qual é o

tirar o foco dos estudos, já

dá para fazer uma grana sem

científicos. Com uma chance assim

serviços como bibliotecas e projetos

Tem muita facul que tem vaga em

NA PRÓPRIA FACUL

NO MERCADO

E GANHANDO TARIMBA NO TRABALHO

siteprouni.mec.gov.br/

DESCOLANDO UMA GRANA

TAIS AMARAL, 19 ANOS Estudante de publicidade

tente guardar de 3 a 6 meses de renda mensal, assim você fica mais tranquilo. Vale lembrar: comprar celular ou viajar não é emergência!

ponte entre estudo e o trabalho como o CIEE.

www.ciee.org.br/portal/index.asp

Reserve uma graninha pra emergências e

etc). Isso ajuda a ver onde a grana está indo.

bico, etc) e todas as despesas (compras, contas,

Anote toda a renda que você recebe (salário,

Cuidar do bolso é mais fácil quando você sabe pra onde vai o dinheiro - e tenta fazer ele ficar!

#FICADICA

www.cienciasemfronteiras.gov.br/

menos 20% do curso e tido pelo menos 600 pontos no Enem.

graduação em tecnologia, engenharia ou saúde, ter feito pelo

uma bolsa - que vai de 3 meses a 1 ano - é preciso estar na

produção científica brasileira com o intercâmbio. Para ter

passagem, moradia, material, taxas. A ideia é expandir a

estudar fora com tudo na faixa: mensalidade,

O Ciências Sem Fronteiras dá bolsas para

FUGINDO TEMPORARIAMENTE DO PAÍS

empregos e estágios ou em organizações que fazem essa

trabalhar. Procure na secretaria do curso, em sites de

Procurar um estágio é uma forma legal de aprender a

E APRENDENDO

habilidades e objetivos . Depois, saia atrás de uma vaga.

um currículo curto, com dados pessoais, formação, cursos,

mesmo sem experiência. O primeiro passo é montar

arranjar um emprego. E dá, sim, para conseguir um

Tem um jeito de pagar as contas que todo mundo conhece:

COMO PROFISSIONAL

salários mínimos por pessoa -, dá pra tentar bolsa de metade da mensalidade.

matéria do Enem e não zerar a redação. Se a renda for maior - até três

Para participar é preciso ter nota mínima de 450 pontos em cada

no Ensino Médio e ter renda de um salário mínimo por pessoa em casa (R$724).

precisa ter estudado em escolas públicas ou com bolsa em escolas particulares

Você pode conseguir bolsas de 100% da mensalidade pelo Prouni, mas

Com o que eu iria estar pagando no curso posso comprar livros e materiais sem me preocupar. O FIES é uma boa ajuda pra quem precisa de uma oportunidade.

#EUFIZ


Vitor Teixeira, 27, faz charges com críticas políticas e põe pra fora o que pensa sobre o mundo bem além dele.

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R , O O T P M I ME logo grito

Uma arte que se faz com informação, galera reunida e pra transformar o mundo não tem como ser chata, né? Mas é exatamente o que a gente costuma dizer da política. A boa notícia é que ela é mais do que isso, também está fora dos gabinetes e até em você, cada vez que se importa. AMANDA PINA, GABRIEL AMORIM, KAYAM MENDES E LUCAS FRANÇA

AGÊNCIA OPHÉLIA E HANS GEORG

Desenhando eu vejo o mundo

N

a internet, um desenhista de estampas de camisetas quer informação para além da grande imprensa. Pra isso, vai atrás de blogs de movimentos sociais e mídia alternativa. Com a munição, o traço dele migra para charges com altas doses de crítica como a de um cão comendo lixo vestido com a camiseta da seleção de futebol. Será que se importar com o que está em volta e se fazer ouvir é se meter em política? Vitor Teixeira tinha 25 anos, gostava do trabalho numa estamparia no Brás, em São Paulo, mas queria usar o “tal talento pra alguma coisa que prestasse” - e vivia se perguntando o quê. No meio do desconforto, vieram os protestos de junho do ano passado para ajudar. Pra saber mais sobre o que tomou as ruas, ele pulou de “analfabeto em política” - como diz - para devorador de biografias de políticos latino-americanos e sites sintonizados com a periferia. “Fugiu para a internet” e lá começou a desenhar o mundo que vê. “A gente não aguenta mais esse bando de gente fa-

lando a mesma coisa e fugiu pra internet porque lá tem a opção de escolher seu conteúdo”, diz ele, fingindo apontar um controle remoto pra TV. O perfil dele no Facebook, onde publica os desenhos ácidos, ultrapassou 17 mil curtidas em cerca de um ano. Até o Mano Brown compartilhou um trabalho do Vitor, uma ilustração que mostrava estereótipos de negros como bandido e cotista. Fora dali, as charges foram para revistas como a Carta Capital, e começam a render dinheiro. Contra a falta de informação para criticar, ele também lista opiniões de internautas “sem noção” na página Comentários Irracionais para mostrar que tagarelar a esmo prejudica a discussão política e pode levar a grandes micos. Apesar de ter a internet como canal, o chargista aponta a rua como direção para sacudir a galera mais nova - como fez com ele. “A gente fala mais de política hoje em dia”, diz, sobre as manifestações. O silêncio sobre o assunto em casa e na escola é, para ele, uma das razões mais fortes para os jovens se interessarem e participarem pouco da vida coletiva. Hoje letrado, Vitor vê a política como próxima: “é participação social, construção de coletivo, usar o grupo como ferramenta de decisão”.

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Dançando eu faço parte NA CIDADE DE DEUS - FAVELA DO RIO que ficou conhecida pelo filme sobre a guerra do tráfico recrutando meninos desde cedo - amigos montam um grupo pra dar aulas pros jovens dali. Entre um passo de hip hop e uma ideia pra coreografia de street dance, eles falam da vida e dos problemas da comunidade. Ajudar a construir sua cidade, sua escola e até seu prédio pode ser política? O Movimentos Cidade de Deus faz política em meio ao rebolado das aulas para jovens de 12 a 29 anos da favela. “Politica é como se posicionar diante da cidade, do território, do lugar, independente de que forma seja”, diz Fabrício Evangelista, que tem 18 anos e é um dos coordenadores e coreógrafos. Primeiro, o interesse era literalmente a posição que os meninos iam ocupar no palco durante as coreografias. Junto veio a vontade de dar oportunidade na favela e mostrar para quem é de fora que saem coisas boas dali. Com essa pegada, o grupo pede aos alunos para escreverem sobre a comunidade e batem papo sobre o que está ao redor.

Fabrício (no meio) montou junto com Adany (esq.) e Gabriel (dir.) um grupo de dança que ajuda a molecada a se posicionar nos palcos e na vida.

Vendo que faz sentido juntar dança e interesse no coletivo, querem falar da Cidade de Deus e dos problemas dela num espetáculo que estão montando. Trabalhando na quebrada e vendo que há tantos problemas comuns quanto soluções, Fabrício vê a arte e a educação como ferramentas para embalar o interesse pelo que está em volta e mostrar que política pode ser bem legal. Quem está perto dos jovens poderia ajudar os políticos tradicionais nisso, ele acha. Até a dança deles trava quando não há política, já que ela faz ideias acontecerem. Nada de conchavo: o projeto precisa de trabalho em equipe, contatos e de um certo ‘rebolado burocrático’. Sem isso, dificilmente eles teriam idealizado e ajudado a realizar um festival de dança, o Unificarte, por exemplo. E quanto mais a política ajuda Fabrício na dança, mais ele ganha consciência de que é um ser político - e de que isso é bom! Se há alguns anos ele não se imaginava pensando no assunto, neste ele ficou dois dias debatendo e ajudando a construir a legislação carioca para a cultura. Sentiu o drama?


Me juntando eu ganho força

Julia e Iuri agitaram a galera da escola pra tirar o grêmio do limbo e dar voz aos alunos.

NUM COLÉGIO MILITAR, uma menina começa a se incomodar com a distância entre professores e alunos e resolve chamar a galera pra tirar o grêmio do limbo. Juntos, eles ganham voz pra rebater os pitacos da diretoria até na cor de cabelo dos estudantes, participar das decisões da escola e ajudar nas festas. Essa galera aí parece chata e distante como a gente costuma pintar os políticos? Nenhum dos amigos que aceitou embarcar com Julia Berbet, no ano passado, na ideia de tocar o grêmio do Colégio Brigadeiro Newton, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio de Janeiro, tinha tarimba política. Só que a diretoria estava arranjando picuinhas demais, só um grêmio poderia salvá-los. O grêmio é um órgão criado e comandado só por alunos e previsto numa lei federal (7.398, de 1985), ou seja, todas as escolas têm o direito de ter um. Ali, não pode haver intervenção da diretoria nem dos professores. “Estamos tentando criar uma cultura de apoio ao grêmio para poder buscar justiça pros alunos”, conta Julia, 18, dizendo que sempre se incomodou com regras indiscutíveis e o lugar do aluno na escola, sem nem opinião poder dar. As aulas de sociologia e filosofia e as ‘invasões’ da direção foram estímulo para botar a mão na massa. Juntos, eles conseguem contestar atitudes autoritárias dos professores e discutem até notas que acham injustas. Uma das primeiras ações foi atualizar o regimento da escola, que tinha ideias ultrapassadas como uso obrigatório de tênis preto. O grupo também pressionou para a construção de um refeitório e já organizaram festa junina e campeonato esportivo. Ainda assim, a disputa de força continua. Já como presidente do grêmio e cada vez mais próxima dos professores, Julia foi expulsa pelo diretor do chá de bebê de uma professora e de uma reunião do conselho de classe do 3º ano. A explicação é sempre a mesma, está se metendo em assuntos e lugares de professores. Quanto mais separação a escola constrói, mais os alunos têm certeza de que é preciso caminhar para estar mais perto. O mais difícil eles já fizeram, agora querem fazer a massa crescer mais.

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Gritando eu sou político ALAN JOÃO TEM 23 ANOS e, à primeira vista, é um cara comum de Campinas, São Paulo. Calça jeans, camiseta, um cabelo estiloso, ele estudou direito e adora cinema e música. Incomodado com a desigualdade e as dificuldades de acesso à saúde e educação, ele também foi pra rua em junho do ano passado, nas manifestações. Quem nunca? Só que o papel dele ali era um pouco mais consciente do que o de muitos que acabavam de se dar conta de que podiam levantar bandeiras ou influenciar as decisões do país. Alan está ligado em política como militante desde os 15 anos e é filiado a um partido desde 2012. Ele descobriu junto com todo mundo a força de ir pra rua, mas já sabia que ia fazer política da forma tradicional e seria candidato pela primeira vez nas eleições de 2014. Neste ano, tentou uma vaga de deputado estadual, mas não foi eleito. Foi ouvindo um discurso de uma ex-senadora e uma das fundadoras do partido, que ele achou que tinha encontrado um caminho a seguir. “Logo de cara, me identifiquei”, diz ele, apontando ver na política a possibilidade de mudança. Apesar de estar no jogo, ele concorda que tanta burocracia, formalidade, terno e gravata fazem o favor de afastar quem é jovem de um lugar tão importante. Afinal, passam pelo sistema político tradicional decisões como quanto pagaremos de imposto, o dinheiro que vai para saúde e educação e até o tipo de transporte que vai ser priorizado. Com tanto poder na mão e tão pouco interesse de quem não está no grupo, os partidos e governantes vão ficando cada vez mais nebulosos e desacreditados. E aí, lá vem mais desinteresse e mais poder pros políticos. “Isso tudo afasta o jovem da política. E é disso que os corruptos gostam: de gente que não gosta dela”, analisa Alan. Como gosta, ele resolveu enfrentar a romaria mais tradicional: três meses de campanha na rua distribuindo santinhos e abraços, ouvindo as pessoas, visitando os lugares mais distantes e pobres, indo a fábricas e praças. Ele defende que São Paulo tenha programas de ajuda na renda - como o Bolsa Família, que é nacio-

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nal - e dê mais assistência para moradores de rua e gente que tem condições de vida muito precárias. Mas antes mesmo de tentar ter um cargo, aí como um jovem comum, ele conta que ajudou o partido a conseguir R$ 100 mil - em uma emenda parlamentar - para a área da saúde da cidade em que mora, Porto Ferreira, em São Paulo. No geral, no entanto, Alan também tem promessas genéricas e vende ideias: defesa do transporte público de qualidade, respeito aos professores e melhoria do ensino, sustentabilidade, valorização do serviço público. Como fazer isso é outra história. Se a política fica distante, fala de coisas que ninguém entende e aparece toda coxinha, fica difícil incendiar a galera a participar. Já com a mente aberta e falando de igual para igual, ela ajuda a turma soltar o grito e se importar. Foi o que Alan viu nas ruas, nas manifestações de junho, e é o que diz tentar levar para a política tradicional. Para acelerar mais esse passo, ele aposta na escola. “Se a escola reforçasse mais o tema, os jovens iriam perceber que a política é uma ferramenta que transforma realidades”, acredita Alan.

DICa a C I f #

Se liga que a política tem lugar pra todo mundo se soltar. O jeito, cada um escolhe:

MONTE SEU GRÊMIO

Veja a cartilha da União dos Jovens Estudantes do Brasil e peça ajuda para o que precisar: http://goo.gl/9QWtfe

ENTRE PRA UM PARTIDO

Pra seguir o caminho tradicional, vale saber mais sobre filiação na Justiça Eleitoral: http://goo.gl/Y0MNrd

ENCONTRE SUA TURMA

Com que você se importa? Ache sua causa e se junte com uma turma que põe a mão na massa pelo que acredita.


Ligado em política desde os 15 anos, Alan João, 23, foi candidato pela 1a vez nas eleições deste ano.

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O QUE TE MOVE

É ir atrás dos meus objetivos, com humildade para aprender que estamos crescendo mesmo quando tropeçamos. Igual aquela frase ‘persistir, resistir, mas nunca desistir’.

EQUIPE NA RESPONSA

RESPONSA AMPLIADA A galera de responsa tá se multiplicando e elevando o nível da discussão em mais cantos do país. Desde julho, a Na Responsa passou a ter um time de correspondentes ponta firme que apuram o olhar e abrem a cabeça pra mostrar (e compreender mais) o mundo que querem ver. Gente do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Salvador - e que você conhece aí na sequência - se juntou à turma de São Paulo trazendo combustível de responsa pra revista e todo o projeto: agora são 10 correspondentes nesses estados. A entrada foi pela porta da frente, com a formação dessa turma em comunicação e redes sociais, a implantação daquela pulga atrás da orelha trazida pelo jornalismo e uma parada pra pensar sobre consciência e atitude. Um evento em SP juntou essa galera com transporte, hospedagem, alimentação, equipamentos e toda formação na faixa e com espaço de sobra pra muita troca. A conversa ainda evoluiu e pinçou o que a Na Responsa traz pra esse pessoal ligado no que rola em volta e na vibe de espalhar sacadas firmeza. De time reforçado, a revista vai colar na inspiração pra estar cada vez mais perto. Bora conhecer quem é e o que move os novos correspondentes Na Responsa.

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A fotografia. Fotografar é uma forma de pensar e agir, é poder ver e sentir, ter novas ideias e ser criativo, poder ajudar ao próximo, ser ou fazer a diferença.


O pensamento positivo. É ter noção de que não importa quão ruim seja a situação, olhar sempre para o lado bom e saber que uma hora tudo vai melhorar. E, principalmente, viver cada momento de forma única.

Meus sentimentos. Se eu to apaixonado, consigo desenvolver com muito mais facilidade qualquer atividade. É que o sentimento como inspiração serve também como um incentivo.

Meus sonhos, a vontade de fazer o que apenas se encontra na minha mente (por enquanto), de por as vontades, dúvidas e aprendizados para fora! De querer fazer muito, e fazer tudo, a diferença.

A vida, minha família e amigos, e ainda mais o respeito pelas diferenças, o respeito pela individualidade e condição de cada pessoa.

A leitura. Pra mim, a leitura tem vários caminhos e ela te leva onde você desejar. Além disso, o livro é uma fonte de diálogos, o livro fala e sua alma responde.

Tem duas principais, uma gira entorno da outra. A primeira é o conhecimento e a segunda e mais importante é uma frase da música do Projota,

‘Faça mais do que pegadas nesse chão’.

É a minha fé em Deus e a oportunidade que Ele me dá, de cada dia que eu levantar da cama, fazer as coisas serem diferentes, dar o meu melhor... E assim superar os meus limites

Minha fé e minha família. Eles que me dão força, sempre lutaram por mim, me mostraram um caminho certo e eu sei que chegou minha hora de lutar por eles. Um sorriso deles e meu dia está feito.


COMO VIRAR UMA ALCOÓLATRA DE SUCESSO POR QUE FOI ACONTECER JUSTAMENTE COMIGO? Sei que fiz bobagens, mas é muita falta de sorte virar dependente de álcool. Quase todo mundo bebe e só eu é que me ferro? Flashback, volta a fita. Vamos ver como é que a Barbara, jornalista, apresentadora de TV e de rádio, hoje com 57 - e há 6 anos e 7 meses sem ingerir uma só gota de álcool, nem ter saudade do uísque que tomava feito refri nos quase 30 anos em que batalhou contra uma doença que a Organização Mundial de Saúde define como alcoolismo - foi tão xarope a ponto de deixar a bebida dominar sua vida? Em primeiro lugar, porque quando bebia eu me sentia muito bem. Nem que fosse só na primeira meia hora, depois o mundo desabava. A lenda diz: “Fulano começou a beber porque estava deprimido”. SQN. Gostei de beber logo de cara (minha mãe conta que o primeiro pifão foi aos 3 anos, de copos com sobras). Mas, veja só, o sabor e o cheiro da bebida me dão asco. Sempre custei a engolir destilado, começava tipo remédio: respirava fundo e mandava a talagada. Depois de uns 3 ou 4 goles ficava beleza. O que me fascinava era o BARATO. A bebida me dava segurança, eu falava sem gaguejar, dançava, vencia a timidez. Bebia mais e começava a viajar, saia fora. Era tudo o que eu queria. Saco cheio dos meus pais, de querer ser quem não conseguia. Nunca passava pela cabeça, naquela primeira meia hora, a baixaria anterior. Aos 13 anos dava meus pequenos vexames. Aos 16, já beijava a festa

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inteira e no dia seguinte acordava morta de vergonha. Minha família sabia que eu estava aprontando, mas não como agir. Naquela época, alcoolismo era falta de caráter ou coisa de gente louca. E tem quem pense isso até hoje, né não? Sem informação, eles não ofereciam ajuda construtiva. Davam bronca e castigo e me afastavam cada vez mais. Ainda bem que não desistiram de mim, tiveram uma paciência de Jó. Com mais de 30 anos de uma carreira de alcoólatra bem-sucedida, não aguentei mais a ressaca moral de acordar pensando no que poderia ter feito na noite anterior e resolvi que não dava mais. No fundo, eu sempre soube a resposta do “Por que eu?” Nunca tive limite, sempre agi por impulso, tinha pouco diálogo em casa e um baita problema de compulsividade. E ainda carrego o traço genético de ter alcoólatras na família (sim, a doença é hereditária). Para completar, quase nunca tive ressaca. Se você se identificou com o que leu, a melhor pedida é se informar.

ENTRA LÁ!

Na cartilha Papo Em Família tem dicas importantes sobre o assunto: www.ambev. com.br/cartilhapapoemfamilia.pdf

Barbara Gancia, 57, é jornalista e procura ajuda para parar de beber desde 1987. Hoje freqüenta os Narcóticos Anônimos e está sóbria desde março de 2008.


A CORRUPÇÃO

DE CADA UM

Calma! Não vá virando a página pensando que isso não tem nada a ver com você: tem sim. Muita gente acha que corrupção é só das grandes, tipo desvio de dinheiro de empresários e políticos. A verdade é bem mais dura: dar um migué em benefício próprio é corrupção também. Meteu o louco? Então bora repensar nossas atitudes. VANESSA OLIVEIRA

! ô, me passa cola

Dar aquela olhada na prova do colega é trapacear, sim. Além de não saber se aprendeu, pode prejudicar alguém que estudou, que pode levar um zero bem redondo junto com você. Mancada! Se precisa de nota, estude e, se não conseguir, jogue a real pro professor.

BERNARDO FRANÇA

um troco a mais Pagou com R$ 10 e veio R$ 20 de troco? Antes de comemorar, pense: vai que o funcionário tem de pagar ou perde o emprego. Aproveite pra dar o exemplo.

UM MOTORISTA NOVINHO

Está cansado de brincar de carrinho de rolimã e quer pegar o carro pra dar um rolê? Dirigir sem carteira de habilitação é infração grave e você pode colocar a sua vida e a dos outros em risco. Vai de carona!

NA CONTA DO VIZINHO BONDE DO PIRATA Apelar pra produtos sem nota e barganhar tudo pela metade do preço das lojas comuns não é bonito, não. Se de um lado tem gente que sobrevive do comércio ilegal, de outro isso ajuda os impostos a subir. Além de não ter garantia do que compra, você pode até estar estimulando roubo - de onde vem boa parte da mercadoria.

Internet e TV a cabo são caras mesmo, mas não é motivo pra roubar sinal dos outros. O furto acaba se voltando contra os clientes, já que as empresas usam os gatos como desculpa pra subir o preço pra quem paga pelo serviço. Uma ideia melhor pode ser chamar o vizinho pra dividir a conta da internet.

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VOCÊ É

FURA OLHO

DOS AMIGOS? Tem gente que não segura a onda e parte pra cima de quem tá afim doa a quem doer. Se você é do tipo que não deixa passar uma chance com o(a) namorado(a) de um amigo ou investe em quem ele está gostando, fique ligado, o fura olho pode ser você. Antes de dizer que não, faça o teste pra ver o que você faz quando tem mais gente na jogada. JONATAN BRUNO

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a Avisa pra ele onde é e fica no quarto pra dar chance de rolar pelo menos um clima.

a Você aproveita pra conversar e deixar já ir plantando uma esperança.

b Leva ele até o banheiro e de lá vai pra cozinha, deixando claro que não quer jogo.

b Dá oi avisando que logo vai sair e nem convida pra entrar.

b Tem que ter. Você pede uns conselhos para amigos e dá um jeito de esquecer a história.

C Explica onde é e aproveita pra saber mais sobre o(a) namorado(a).

C Conversa bastante com o(a) ex, afinal, não vai negar um ombro amigo.

C Aproveita a massagem no ego e deixa o clima no ar pra continuar se sentindo bem.

b Bobagem. Respeita quem já está acompanhado e vai dançar noutra rodinha. C Cada um é cada um, mas todo mundo há de concordar que balada é o lugar ideal pra dar aquela conferida sem censura.

A

C Não vai deixar de ajudar o amigo, mas nem deixar de conversar com o ficante.

a Na moral, quem namora ou tem compromisso não é para estar na festa, então considera todo mundo disponível.

Está na hora de rever seus conceitos! Ver uma pessoa de forma diferente só porque alguém está com ela não é bom pra ninguém. Você pode perder dois amigos de uma só vez.

b A saída é ir ajudar o amigo e bem devagar pra rolar uma desistência mesmo.

Na balada, ninguém é de ninguém: você acha que essa ideia faz sentido e merece ser levada a sério?

a Não tem jeito. Você aproveita a chance e tenta pegar ela(e)

B

a É aproveitar, já que o amigo não vai acordar tão cedo e ninguém vai saber.

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Você está na seca há meses, a paixão do seu amigo te deu umas olhadas e você se sentiu o(a) tal. Tem como segurar?

Você é um bom companheiro e ninguém pode negar! Se você está a fim de alguém, mas vê que seu amigo tem maiores chances, desencana e deixar a

Seu amigo te convida para uma festa, fica com uma menina(o), mas acaba bebendo todas. No fim da festa, a(o) ficante vem dar em cima de você, e agora?

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C

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Seu amigo terminou o namoro e o(a) ex começa a se aproximar, querer conversar muito. Um belo dia, ele (a) aparece na sua casa do nada, qual sua reação?

fila andar. É isso aí! Cuidado, você corre o risco de virar fura olho, se não fechar o seu pra quem está com um amigo. Quem vive achando a grama do vizinho mais verde pode acabar fazendo besteira.

Vocês estão na sua casa depois da escola e o(a) namorado(a) de um amigo começa a te dar mole. O amigo pergunta onde é o banheiro, o que você faz?

SE VOCÊ RESPONDEU MAIS: 26_NA RESPONSA


ROMOLO LUCAS FRANÇA A venda de bebida alcoólica para menores de 18 anos é proibida, pois prejudica o desenvolvimento desses jovens.


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