O Poder do mercado de Aplicativos

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TECNOLOGIA

O receio de compartilhar ideias criativas com outras pessoas é um dos erros por parte daqueles que idealizam criar startups. Segundo o CEO do GetNinjas, as pessoas tem medo de terem suas ideias “roubadas”. “Ao dividir a ideia, os benefícios de receber bons feedbacks, costurar sociedades e parcerias são maiores que a potencial possibilidade de alguém pegar sua ideia. No dia que o site for lançado, um concorrente pode começar o mesmo negócio, porém mais importante do que a ideia é a execução. E o principal erro de quem já iniciou uma startup é ficar preso ao seu plano de negócio inicial e não acompanhar as constantes mudanças do público consumidor.” Quando questionado se é preciso ser um empreendedor para ser inovador, Eduardo é direto: “Não há relação direta entre inovar e empreender. Um médico pode desenvolver uma nova terapia e ser inovador sem ser necessariamente um empreendedor, assim como um empreendedor pode criar negócios sustentáveis sem serem necessariamente inovadores. Conheço alguns franqueados que são ótimos empreendedores, mas não estão inovando. Porém, quando a inovação encontra o empreendedorismo, a química é mágica e você vê surgimento de empresas como Ford, Google, Apple e outras”, garante. Para ver seus projetos dando certo na web, Eduardo LHotelier recomenda construir um time fantástico em sua volta. “Ora, grandes empresas são feitas de pessoas e é muito difícil criar algo grandioso sozinho. Depois, desenvolva um produto que seja amado pelos seus clientes, que resolva um problema real. Em seguida, procure investidores com experiência comprovada que, além do capital, irão agregar conhecimento e contatos. E, por fim, divirta-se! A jornada é intensa e se você não ama o que faz dificilmente irá aguentar.”

SAMI HADDAD, CEO DA IDEIASNET, APOSTA NOS BONS E VELHOS FUNDAMENTOS QUE COSTUMAM SER INFALÍVEIS PARA EVITAR SURPRESAS DESAGRADÁVEIS. SÃO ELES:

Verificar que a equipe de gestão (empreendedores) é qualificada, motivada e, principalmente, unida e comprometida com o projeto; Verificar que o modelo de negócios da startup é construído com base em uma proposta de valor real, mercado real, atratividade para empresas ou consumidores; Cuidar do caixa obtido com os primeiros investimentos como se amanhã fosse o “fim do mundo”. Alguns erros também podem ser evitados, segundo Haddad. Ele afirma que muitos pecam simplesmente por “copiarem” modelos bem sucedidos de outros mercados sem ao menos adaptá-los às particularidades do Brasil. Outra falha bastante cometida é se preocupar muito em uma saída com cash-out, além de aplicar valores irreais à empresa (mesmo em estágio de startup), novamente partindo de um princípio simplista em que

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os tamanhos dos mercados no Brasil e nos EUA são parecidos. “O jovem empreendedor deve estar atento a realizar uma boa governança (adequada ao tamanho da empresa), porém sempre respeitando as obrigações trabalhistas, fiscais, legais e societárias. Além disso, é importante alinhar e formalizar os interesses entre investidores empreendedores e pessoas chaves da empresa por meio de mecanismos claros como Stock Option Plans, mecanismos de saída, recompra de ações, busca de outros investidores, entre outros.” Quando questionado se as startups precisam se preocupar menos com capital e mais com qualificação, Sami Haddad explica que ambos são importantes, porém em proporções diferentes ao longo da vida da startup. “Os riscos associados aos ‘primeiros passos’ são mais elevados e o ‘valuation’ da empresa deve refletir isto. Já a qualificação da equipe empreendedora é demonstrada ao longo do primeiro ciclo de execução (12-18 meses). Na medida em que o risco diminui, a equipe comprova capacidade de execução, a empresa cresce e dá para ‘comandar’ valores mais elevados. Por isto é recomendado planejar várias rodadas sucessivas de capitalização”, alerta.

DIFERENÇAS ENTRE SILICON VALLEY (SV) X BRASIL (BR) PARA UMA STARTUP O empresário acredita que a similaridade entre as culturas (hábitos, consumo, liberdade de expressão) entre BR e EUA faz com que os modelos de negócios e hábitos “cybernéticos” sejam similares e aplicáveis em ambos os mercados. “Os dois mercados têm tamanhos e dinâmicas diferentes, regras de funcionamento e custos que precisam ser levados em consideração. O mercado investidor no SV é bastante maduro, iniciou-se nos anos 70 e se beneficia de um expressivo número de investidores para todos os tipos de empresas, de empreendedores e funciona como um ‘clube’ onde os investimentos são consorciados em grupos de Venture Capitalists, que compartilham investimentos, riscos, sucessos e prejuízos. No Brasil, a atividade está em sua infância, esta colaboração ainda não aconteceu, o que aumenta consideravelmente o grau de risco que precisa ser tomado.” Gustavo Caetano, CEO da Samba Tech, eleita a única empresa B2B pela Business Insider como uma das “10 principais startups brasileiras” em 2011, é outro visionário. Ao falar sobre o atual momento, o empresário lembra que hoje já somos o 3º país em número de empreendedores, fato que mostra uma mudança de comportamento e mentalidade no sentido de arriscar e abrir o próprio negócio. E segundo ele, o momento não poderia ser melhor. “Há ampliação do acesso à internet e banda larga, aumento da classe C e investimentos para a Copa do Mundo e Jogos Olímpicos. Nunca antes vimos tantas empresas de Venture Capital abrindo escritórios no país e querendo gastar seus dólares em empresas nacionais. Claro que o risco existe, ainda mais em mercados incertos como o da maioria das startups. Mas para diminui-lo, empresas de fundo de


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