Música Imaginária // Imaginary Music

Música imaginária Emilio Le Roux

Nada é verdadeiro. Tudo é permitido.

Música imaginária Emilio Le Roux

MANIFESTO Música Imaginária é uma série de partituras musicais gráficas de interpretação livre, onde composições visuais de traços, formas, cores sugerem materiais sonoros a serem inventados ou descobertos, e estruturas a serem exploradas, como janelas de um mundo aberto. É importante entender as páginas de Música Imaginária como atividades, mais do que obras musicais. A música como uma vivência presente e imediata, com a liberdade de transitar por estes mundos e desafiar-se criativamente, sem as pressões e cobranças de proficiência técnica na reprodução de um repertório ou uma determinada gramática tradicional. A música pode ser uma atividade viva, acontecendo no aqui e agora, e não limitada a um futuro de performances ensaiadas e apresentações.

O objetivo destas partituras é, portanto, o diálogo imaginativo e espiritual que inevitavelmente acontece no momento atual, onde encontros e desencontros são absolutamente permitidos. Não se espera uma interpretação predeterminada ou

uma realização sonora ideal das peças. As instruções ou explicações que precedem as partituras devem ser consideradas apenas como possibilidades de execução, e podem ser dispensadas.

Pode haver, no entanto, acordos verbais e explorações prévias de materiais sonoros sempre que sejam confortáveis para todos. Embora todas as possibilidades sejam permitidas, é recomendado evitar o uso de gramáticas tradicionais, como regras harmônicas tonais, modais ou fórmulas rítmicas próprias de qualquer gênero específico, pois elas constituem uma camada técnica que se sobrepõe ao objetivo de Música Imaginária, que é a liberdade da exploração sonora e da interação criativa.

Não há um limite para a participação na leitura destas páginas, abertas a músicos de todos os níveis de experiência e até àqueles que não se consideram músicos. A música do aqui e agora é uma jornada de autodescoberta, onde cada participante é encorajado a achar e dar o melhor da sua voz, seu instrumento e sua musicalidade de forma criativa, abraçando a singularidade de suas contribuições e a integração com o espírito do coletivo.

Para 3 instrumentos, naipes ou grupos

O tempo está representado pela direção horizontal, de esquerda à direita. Uma duração de toda a sequ&encia pode ser determinada antes da execução, como no exemplo.

~60”

Cada cor representa um participante ou grupo de participantes.

Cada forma representa um tipo de material sonoro.

{

Incisivo Lírico Rítmico

A sequência pode ser repetida após uma breve pausa, alternando ou rotando a cor que corresponde a cada participante em acordo previamente combinado.

Cada participante começará em qualquer ponto de um caminho e cor à sua escolha, ou em combinação com os outros. O caminho é um percurso sonoro improvisativo a ser seguido em qualquer direção, com atenção às formas e procurando o diálogo com os outros participantes.

As formas representam naturezas ou morfologias do material ou evento sonoro. O material pode ser debatido e criado coletivamente ou simplesmente improvisado na hora da execução.

A dimensão maior ou menor dos objetos pode ser interpretada como intensidade.

Linhas contínuas representam continuidade do material sonoro.

Linhas pontilhadas representam silêncio ou interrupção.

Materiais Sonoros

{

Incisivo Lírico Rítmico

Cada um dos três círculos (a, b, c) representa um plano sonoro diferente. Pode ser lido em sentido horário, começando do topo, e estipulando uma duração de todo o círculo (por exemplo, 60 segundos).

EXECUÇÃO EM CÂNONE: Sugere-se que o primeiro participante percorra VR]LQKR R F°UFXOR H[WHUQR D H DR еQDOL]DU transite para o círculo intermediário (b) enquanto o segundo participante inicia o externo (a) e assim sucessivamente.

PARTICIPANTE 1 PARTICIPANTE 2 PARTICIPANTE 3

a ื b ื c ื a ื b ื c ... a ื b ื c ื a ื b ... a ื b ื c ื a ... etc.

{

~60”

a. b. c.

a. Notas, texturas ou massas sonoras alongadas.

A cor dos objetos visuais pode ser interpretada de acordo com a escala:

b. “Pontilhado” de notas ou eventos

sonoros breves, em diferentes alturas, com variação de timbre e ressonância de acordo com as dimensões e cores dos círculos, evitando repetição.

c. Textura rítmica, com pouca variação de alturas, utilizando repetição.

Azul / verde:

Amarelo / Vermelho

Profundo, introvertido, imaterial, interno.

6XSHUеFLDO extrovertido, material, externo.

Poema sonoro sobre versos de Silvia Otero

Solistas o grupos pueden expresarse libremente en el círculo A (plano sonoro más estático, con puntos y notas largas) y B (plano sonoro dinámico, con fertilidad de textos y movimiento), transitando entre ambos planos a través de los versos y contornos de transición.

A.

Plano sonoro de líneas y puntos (sonidos largos y cortos, textura estática)

60” A.

B.

Plano sonoro fértil de versos.

Frases textuales o musicales, dialogos espontáneos.

(Textura dinamica, mucha actividad)

Puntos de resonancia que dan origen a los versos de transición.

Duración sugerida de la circunferencia.

B.

Versos y contornos que sirven de transición entre A y B (Pueden ser entonados, cantados o simplemente inspirar líneas melódicas / prosódicas)

A.

B.

Poema sonoro sobre textos de César Vallejo

O pooem e a so sonooro ro pood d dee se ser in ser inte nteerpre rpre rp reta t do do por gru ruppoo voccal al, l, se segu segu g indo inndo d os text teex xttos os, ou ou gru rupo p innssttrrum po umen ennttaall,, enta innte terp rppre retaand ndo oss tex e to toss liivr vrem vrem emen enttee com en omo mo pr p os o ód diaa.

4.

Um grito Um rito ri to,, exp eex xppllos osão ão de en ão e er erggiia. a

3.

1.

Uma Um ma li l nh nha ha si s nnuuoossa e coont ntín ntín ínua ua.

2.

Um insstaant Um nte de de resso eessssoonnâânccia ia.

Um mov Um vim i en enttto assccen ende denntte. dent de e

Miniatura vocal sobre textos de Chico Buarque

S lo So lo, sseegu lo, guin indo in do o con do onto torn rnno e alt em ltur uurras as rellaattiv vas as.

T da To das as as voz zeess em alltu tura tura r s innd deeterm teerm minnad das, ass, ex expl pllossão plos ão. o.

3 vo voze zess em em differren e tees alltu tura ras fo ra form r am am um acord coorde rd de in inde d tteerm rmin inad in a o ccoom moo pla lannoo ssoono noro ro de fu f nd doo..

v ze vo z s qu que “a “abr brem em”” em em m alt l ur u as as inde in d te de term rmin iinnad dass, fo f rman rm man ando nd doo oouutr trroo ac acor aco orde de. de.

Solo So los. s. Sííllab bass dessta taca cada ad daas as e maarc m r ad das as,, alte aallte tern tern rnan nan ando do ent ntre re duas re uas ua allttuuraas d diife fere reent rent ntes. es. es

Solos, Solo los, lo s, palav alav al avra raas d dee 1, 2 e 3 ssíílaba laba la bass deesttac d acad adas e em rriitm adas ad mo re r gu g lar. lar la

“R Ressso s nâânc nciaa” da dass ou outr tras vozes tr tras oz zes es

U a vo Um voz z em m coonnto torn rnoo assce rn cend nd den ente ente t, е DO еQ DOL] L] ]DQ DQGR GRR HP G P H[SO H[ [SOORRVV¦R ¦ GR R FFRRURR

Poema sonoro-cênico

Estes ou outros versos em diferentes idiomas falados por solistas, em tom ascendente ou descendente.

Os participantes devem começar afastados еVLFDPHQWH LQLFLDU VHXV WH[WRV HP PRPHQWRV diferentes (pode ser sob indicações do diretor ou UHJHQWH RX DOHDW¶ULDPHQWH 1R еP GR WH[WR SDUWLFLSDQWHV GHYHP еFDU SU¶[LPRV

Mas eu

enfre ntar ei

They say the owl

$V SDODYUDV еQDLV GH FDGD YHUVR V¦R UHSHWLGDV pelos participantes, com diferentes ressonâncias, timbres e intensidades. Pode ser criado movimento em conjunto, como a representação de uma sociedade interativa.

ue, dis ? me énigmatiq le mieux, hom dra Qui aimes-tu e pie res d e e u o rq ras p igno o l o Tod

Repetir a sequência e a cena em variações de texto e movimento.

e orqu ras p

o Sol

divi no was a baker’s daughter.

Começando novos versos aleatoriamente, os participantes falam em entonações ascendentes ou descendentes e se movimentam para fora do grupo, terminando isolados deste. Novamente, DWHQª¦R QD ­QIDVH GDV SDODYUDV LQLFLDLV H еQDLV

daughter divino dis piedra

divino daughter

daau d aught ught htter h er daughter teeerrdaughter

divino divi div vino iinno no

dau augh au ght hter er daughter

dis

dis

piedra pied pie dra dr dra

dis dis

dis

piedra ied ie ed dra dr raa dis diis

Textos utilizados / sugeridos: ARIANO SUASSUNA. A morte - O sol do terrível WILLIAM SHAKESPEARE. Hamlet: Ato 4, cena 5 CHARLES BAUDELAIRE. L’Étranger MARTIN ADAN. Todo lo ignoras

piedra ppied pi pie ie id dra dr r ra

es o t

dia ro el

igno o lo es qui passent Tod ages, les nuag J’aime les nu We know wha t we are, but O ol know not what har we may be sagr ado em q ue a pant era a rde

Mas

eu en

They say the

frent

arei

o Sol

di v i no owl was a bak er’s daughter .

ue, dis ? iq t a m ig n é e ieux, homm m e l u -t s dra e e im i p Qui a s de e r e que r o p oras n g i o lo d o T

daughter divino dis piedra

divino daughter

daughter

dis

dis piedra

dis

ora n g i lo

d aughter daughter

divino d ivino

daughter d aughter

d is dis

ppiedra iedra

d is dis

piedra piedra

es e u q s por

o

dia l e tro

o qui passent s e g a Tod u n s e l , ages J’aime les nu We know wha t we are, but O ol know not wha h ar t we may b e sagr ado em q ue a pant era a rde

A dimensão horizontal representa o tempo. A dimensão vertical, a altura relativa.

Pode-se estipular uma duração aproximada para a unidade sonora (exemplo: 6 segundos)

~6”

A unidade sonora repetível é um grupo de materiais sonoros (a, b, c) inspirados nas caraterísticas dos materiais visuais e que “encaixem” entre si, de forma semelhante aos elementos da base rítmica de uma canção popular.

a.

c. b.

Uma vez consolidada a “máquina” através da improvisação, deve repetir-se continuamente, servindo de base para a improvisação livre sempre em conexão com os diferentes materiais sonoros. Cabe aos participantes a decisão da duração total da execução, mas se sugere que não seja préviamente determinada.

c.

a.

etc.

b.

(Representação visual da execução completa, apenas ilustrativa)

a.

c. b.

c.

a.

b.

etc.

A dimensão horizontal representa o tempo.

Pode-se estipular uma duração aproximada para cada unidade (entre as linhas verticais pontilhadas) e para todo o ciclo, como sugerido.

Diferentes materiais ou planos sonoros simultâneos inspirados na representação visual.

Os materiais podem ser sobrepostos gradual e alternativamente (por exemplo, a+b, c+d, todos, nenhum)

~8” ~2”

a. b. c. d. e.

Sugere-se que os participantes desenvolvam ou improvisem seus materiais sonoros e tentem interagir, dialogando, procurando a ordem e deixando acontecer o caos durante uma improvisação coletiva de duração indeterminada.

Para 3 participantes, naipes ou grupos

Duração aproximada / sugerida da seção

~4”

~3”

~2”

Alturas relativas

Evento sonoro forte

Som continuo

Movimento ascendente ou descendente Sons curtos, staccato, ritmo irregular

Notas de alturas diferentes, ligadas e acentuadas.

Contorno sinuoso

Evento sonoro levemente acentuado

Silêncio, mantendo a altura no próximo evento sonoro

~4”

~3”

~2”

~3”

1.

~30”

2.

3.

~3”

~3”

4.

5.

6.

7.

&DGD FRU ¬ XPD SDUWH YR] WLPEUH RX SDUWLFLSDQWH

60” $ PDLRU DEHUWXUD GR SHQWDJUDPD LQGLFD PDLRU intensidade e/ou registro mais amplo das alturas.

Pode ser estipulada a duração média de cada pentagrama (por exemplo, 10 segundos ou 90 VHJXQGRV H VH KDYHU¤ UHSHWLª¸HV

&DGD IRUPD ¬ XP WLSR GH VRP ½QLFR H GLIHUHQWH 3RU exemplo: um efeito crescente de ar, um son longo de textura ríspida, um som curto arredondado, um harmônico. Formas orgânicas pode corresponder a sons mais líricos do que formas mecânicas, etc.

(P FRODERUDª¦R FRP )UDQFLVFR H :LOGEHUJXH

Eventos sonoros longos (notas, texturas ou massas sonoras) Eventos sonoros curtos e repetidos Eventos sonoros oscilantes (por exemplo, trinados)

1.

Forma-se uma roda. Um participante começa com um som longo. Os outros seguem, construindo DFRUGHV Q¦R SODQHMDGRV 1R еP GR EORFR FRPHªDU de novo, desta vez começando do participante seguinte. Repetir até todos os participantes terem começado ao menos uma vez.

3

2.

O primeiro participante executa uma série de sons repetidos. O segundo, acompanha com um som longo, e o terceiro, um trinado ou som oscilante.

Repetir até que cada participante tenha iniciado a roda.

3

1.

2.

3.

4.

3.

Os participantes devem improvisar, com OLEHUGDGH H GL¤ORJR XWLOL]DQGR VH SULQFLSDOPHQWH RV PDWHULDLV VRQRURV GRV EORFRV DQWHULRUHV FRP variações de altura, intensidade, densidade, etc. até formar uma improvisação livre.

4. $ LPSURYLVDª¦R OLYUH GHYH VHU еQDOL]DGD HP VRQV oscilantes e depois sons longos. A duração da improvisação não deve ser predeterminada e sim SURGXWR GR GL¤ORJR VRQRUR

Manter um tempo regular para o espaço entre as linhas pontilhadas, como se fosse um compasso.

Cores representam partes ou participantes.

Cada sistema deve ser repetido.

6XJHUH VH GHеQLU XP Q½PHUR GH repetições entre 2 e 42.

1 a 10”

Formas orgânicas ou arredondadas: material sonoro lírico.

Formas quadradas: material sonoro rítmico ou percussivo

Som ou textura sonora ascendente ou descendente (em intensidade e/ou altura, ou outras caraterísticas sonoras)

X: sons curtos e marcados. Pode ser WDPE¬P WH[WR IDODGR ou cantado.

&DGD FRU ¬ XPD SDUWH YR] WLPEUH RX SDUWLFLSDQWH

3RQWR (OHPHQWR VRQRUR FXUWR H PDUFDQWH DOWR RX EDL[R Linha: Elemento sonoro lírico, ascendente ou descendente.

Elemento sonoro curto e marcante, alto.

Eventos sonoros ascendentes

Eventos sonoros descendentes 2 WDPDQKR GD EDUUD VXJHUH maior ou menor intensidade do elemento sonoro.

Elemento sonoro curto e PDUFDQWH EDL[R