EM RISCO É UMA PRATICA DE CAMINHADA E
INTERVENÇÃO URBANA
EM RISCO É UMA PRATICA DE CAMINHADA E INTERVENÇÃO URBANA
criada pelo Em Bando Coletivo. Uma moeda define quando o grupo vira à direita ou à esquerda. Cada participante sorteia ações ao acaso e caminha à deriva pela cidade, sobrepondo riscos de giz e criando relações com o espaço.
Esse livreto te convida para o jogo. Os procedimentos podem ser feitos individualmente ou em grupo. Use-o para intervir na cidade. Modifique as regras se for preciso. Recrie o jogo. Arrisque-se
Leve com você uma moeda, giz e um bloco de notas com caneta.
Escolha um lugar de partida. Pode ser uma praça, um estabelecimento ou o portão da sua casa.
JOGUE A MOEDA
DEU CARA?
Vire à esquerda e ande observando os detalhes escondidos da rua.
DEU COROA?
Vire à direita e procure lugares para se equilibrar.
DEU CARA?
Ao chegar na próxima esquina, JOGUE A MOEDA novamente.
Deu coroa? Vire à direita e crie uma instalação temporária com objetos encontrados na rua
DEU COROA? Vire à esquerda e deixe pegadas pelo caminho
Na próxima esquina...
JOGUE A MOEDA
DEU CARA?
Vire à esquerda e
DEU COROA?
Vire à direita e se relacione com a arquitetura.
ESCRITA
ESCREVA por aproximadamente 5 minutos
sem pensar no que está escrevendo.
Deixe a escrita surgir em fluxo, assim como seus pés traçaram o caminho até aqui
Moeda caindo, carros passando, latidos, passarinho cantando, pessoas falando, gotas da chuva. Na esquina, árvore com flores. Quase todos embaixo.
A rua tem barulhos
Meu sapato tá descolando e estou prestes a ficar descalça. Enfim, é um risco. “O que é isso?”. Devo responder?
Homenzinhos de amarelo trabalhando tirando a vegetação que sempre cresce em meio a pedras e concreto.
Olho para a rua que deixamos para trás e ficaram os rastros. Nossos rastros.
Conto ou tento contar as bitucas de cigarro no chão. Choveu a semana inteira.
Aquela quadra gigante me deu tempo de sentir, ouvir e perceber melhor a cidade.
ACHO QUE É ISSO
ACHO QUE É ISSO
QUE TÁ FALTANDO MESMO. TEMPO.
QUE TÁ FALTANDO MESMO. TEMPO.
Me camuflei? Não sei. Sei que fiquei encostada um tempo. Foi bom. Pude olhar meus colegas.
Portas, pedras, azulejos, paredes antigas. Muitas pessoas passando, pedindo informação.
Tento repassar o caminho percorrido mas hoje me prendi nos detalhes. Detalhes da construção, detalhes nas pessoas, de repente um silêncio ao entrar em uma determinada rua.
SEMPRE TENHO A SENSAÇÃO QUE NÃO
SEMPRE TENHO A SENSAÇÃO QUE NÃO
OLHO MEUS COLEGAS.
OLHO MEUS COLEGAS.
As paredes se tornam quadros e todos nós desenhamos. Aqui tem bastante parede quadro, parede pintura, porta obra de arte.
Ouço um latido de cão vindo de algum lugar. Deve estar com medo da chuva, que segue forte.
Está começando a chover agora. As gotas começam a borrar a tinta da caneta no papel. Minha mão dói absurdamente. Não sei escrever sem fazer uma força monumental.
Às vezes a vontade é de parar e ficar só ouvindo o que acontece. os barulhos, as vozes.
apertando, apertando, eu gosto.
NÃO TEM BARULHO DE CARRO. SÓ DE PESSOAS. NÃO TEM BARULHO DE CARRO. SÓ DE PESSOAS.
Sinto gotas de chuva agora, como se a chuva só caísse no fim das nossas práticas para molhar as palavras.
MEMÓRIAS ENCHARCADAS.
Fugimos da chuva e agora estamos em um bairro calmo e residencial. Um helicóptero pousou no alto do prédio, gente rica apressada. Um caramujo subia no poste enquanto nós caminhávamos quase que na mesma velocidade.
Caminhantes Em Bando Coletivo
Dafne Oliveira , Felippe Salve, Jamili Limma, João Lírio, Marcus Di Bello e Paola Caruso
Andrey Haag, Andrei Krichinak, Cesar Keinert, Diez, Fabiano Hilário, Felipe Romera, Flavi Lima, Giovanna Del Nero, Guilherme Jeronimo, Polainas One e Manu Bonert.
Luma Eckert
Sanátorio Geral
Assessoria de Comunicação
Lincoln Spada
Publicação produzida pelo Em Bando Coletivo durante as ações do projeto Em Risco, realizado em janeiro de 2024 na cidade de Santos.
Projeto contemplado pelo 10º FACULTFundo de Assistência à Cultura
Facult – Fundo de Assistência à Cultura de Santos 2022