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CANTEIRO DE CULTURA E CIDADANIA

O

menino levanta cedo. A aula começa dali a mais ou menos duas horas. Lava o rosto, escova os dentes, veste o uniforme, come algo às pressas – sob os protestos da mãe, que sempre acha que esse menino anda tão magro, meu Deus –, pega a mochila com o material todo arrumado de véspera, e vai no rumo da escola. Depois de uma jornada de estudos, o menino volta para casa. Tira o uniforme, almoça, faz a

lição às pressas, sentado já na ponta da cadeira, pronto para acionar as engrenagens que o levarão para o longe tão perto do mundo. Essa história, há 30, 20 anos atrás, resultaria em um menino a jogar bola no larguinho de sua vila, ou no terreno baldio da esquina. Poderia também resultar no pega-pega pela rua ou no jogo de bafo na calçada. Ou mesmo no pula-corda com as meninas, que também brincariam de amarelinha ou queimada com o mesmo menino e outros tantos. Meninos e meninas, ontem e hoje, gostam de ler quadrinhos ou um livro legal, aninhados no fundo da poltrona da sala ou sentados, pernas cruzadas, no chão do quarto; gostam de cantar, pintar, esculpir; ouvir e contar histórias. Não acham ruim ver num telão aquele filme exibido no cinema, nem se chateiam que atores num palco encenem uma boa peça de teatro. Meninos e meninas crescem, viram moços e moças, adultos, pais e mães e, quase sempre, avós. Desenvolvem outros gostos além dos da infância, como namorar, viajar e participar nas decisões sobre os rumos de sua co-

munidade e de seu País. Esses meninos, que viraram adultos, ao passar em revista as décadas que os separam de seus primeiros anos, percebem que, se a rua já não era um lugar assim tão seguro para suas recreações, hoje elas não estão para brincadeira.


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