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agradecimentos Desenvolver o programa Comunidades Empreendedoras a partir do Desenvolvimento Integrado e Sustentável de seus territórios envolveu muitos parceiros e colaboradores que agradecemos aqui: A equipe da Caixa através da Gerência Nacional de Sustentabilidade e Responsabilidade Socioambiental, do Fundo Socioambiental, e equipe local da Baixada Santista - Superintendência Regional, Gerência de Governos e Gerência de Habitação - pela busca da inovação e construção coletiva. Ao Caio Silveira, consultor do PNUD, pela construção de indicadores e síntese de convergências dos 11 projetos realizados no território brasileiro. A equipe do Instituto Elos que ofereceu as melhores estratégias e conteúdos construídos vivencialmente desde 2000 sobre a atuação em comunidades para acelerar o desenvolvimento local e afetivamente fazer acontecer com guerreiros sem armas , sonhadores locais e parceiros. Aos sonhadores das comunidades que acreditaram no seu poder pessoal e no poder de estar em grupo para o empreendimento de seu futuro enfrentando os desafios do novo. Ao Sesc Santos pela acolhida, prontidão da equipe e integração de programação aos eventos abertos.
Aos fotógrafos Paulo Pereira, Fernando Campos e do Instituto Querô que registraram os momentos desta jornada, e, cederam as direitos para esta publicação. As consultorias pelo oferecimento de seus talentos para alavancar os sonhos locais: Ateliê Arte nas Cotas, Cidades Sem fome, Kqi Produções, Associação Brasileira pelo Direto de Brincar e à Cultura (IPA Brasil), consultores Peetssa e Vera Pezzini, facilitadores de Comunicação Não Violenta Yuri Haasz e Sandra Caselato, Instituto Querô, Cortines & Sebastiá Assessoria em Gestão Empresarial e Rede Papel Solidário. As comunidades inspiradoras que acolheram, trocaram informações e despertaram novas possibilidades: Associação Comunitária Monte Azul, Ateliê Arte nas Cotas, Instituto Pombas Urbanas, Instituto Arte no Dique, Creche Comunitária Tia Nilda, Associação Cortiços do Centro, Cooperifa, ONG Favela da Paz, Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (CIEJA), Mascate Cineclube, Banco Palmas, Associação União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região (UNAS). Aos funcionários públicos dos municípios Santos, Guarujá e Itanhaém que se envolveram e apoiaram a superação dos limites institucionais.
ApresENtaÇÃO Seja bem-vinda (o)! Este guia foi desenvolvido para pessoas que fazem acontecer transformações positivas em suas comunidades, ou que tem vontade de iniciar esta jornada e estão buscando inspiração, orientação e dicas para colocar-se em ação já! Fiquem tranqüilas (os), pois quando nos colocamos em movimento para fazer acontecer o mundo que todos sonhamos, muitas coisas se movem para nos apoiar - outras vêm para nos testar mesmo. No decorrer das próximas páginas, estaremos compartilhando algumas experiências e estratégias vivenciadas
pelo Instituto Elos nas parcerias com diferentes comunidades, especialmente com base nas histórias e aprendizados do programa Comunidades Empreendedoras, realizado dentro da estratégia Desenvolvimento Integrado e Sustentável dos Territórios (DIST), apoiado pelo Fundo Socioambiental da Caixa Econômica Federal, realizado em 4 comunidades da Baixada Santista simultaneamente, sendo Vila Progresso e Caminho da União, em Santos, Prainha, no Guarujá, e Guapurá, em Itanhaém, no período de janeiro de 2014 a dezembro de 2015.
Boa inspiração!
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ÍndIce O que é uma Comunidade Empreendedora? 05 Parte 1: Sete passos de transformação Encontrar a sua turma a partir do belo 07 Formar sua turma convidando quem está por detrás das belezas 08 Encontrar o sonho comum 09 Cuidar do sonho nos mínimos detalhes 10 Fazer acontecer com a mão na massa 11 Celebrar a participação de cada um 12 Sua turma pode e quer mais! 13 Parte 2: Para inspirar! Histórias do programa Comunidades Empreendedoras Caminho da União 15 Vila Progresso 19 Prainha 23 Guapurá 27 Parte 3: Quer saber como fazer na sua comunidade? Mobilização, formação e realização 33 Qualidades de uma liderança comunitária 35 Dicas para manter o grupo animado e fazer acontecer juntas(os)! 37 Ferramenta de mediação de conflitos 39 Como lidar com os recursos do grupo 43 Formas de organização 45 Como fazer um cinema de rua na sua comunidade 47 Como fazer uma horta comunitária 49 Como montar uma feira gastronômica 51 Parte 4: Anexos 53 5
o que é uma
comunidade empreendedora Para o Elos, uma comunidade é feita de pessoas que estão juntas por ter algo que as conecta, podendo ser o território, o lugar de trabalho, os sonhos, os valores, alguma história em comum. Já uma Comunidade Empreendedora é um grupo de pessoas que:
Tem sonhos de transformação com impactos positivos para o coletivo; Cria caminhos e parcerias para alcançá-los; Busca seus direitos através das diferentes políticas públicas; e Faz acontecer de forma colaborativa com os recursos e talentos disponíveis. Entendemos desenvolvimento comunitário como a capacidade de uma comunidade realizar coletivamente seus melhores projetos. Para unir pessoas na ação, acreditamos na estratégia de reconhecer e valorizar o que elas querem, gostam e fazem bem! Temos certeza que todo mundo tem um sonho! Isso significa que pertinho de você tem outras pessoas que compartilham sonhos parecidos e é preciso encontrá-las e reconhecê-las para materializarem, juntas (os), esse desejo coletivo!
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7 passos
para vocĂŞ e seu grupo
transformarem seu bairro em uma
comunidade empreendedora
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A prática da Filosofia Elos começa pela busca pelo belo, algo físico que chame sua atenção, por exemplo: um jardim, um desenho, a forma de construir uma cerca, um penteado em uma criança. Estas são pistas para você encontrar sonhadoras(es), talentosas(os) que têm tudo para compor a sua turma. Convidamos você e seu grupo a enxergar belezas, potenciais, talentos e recursos conectados com o sonho de transformação. Exemplo: se você sonha com uma horta, busque pequenos jardins cuidados por moradores. Se você tem um sonho para as crianças, foque o seu olhar em manifestação de belezas como brincadeiras, lugares onde elas se encontram. Fique de olho: Belezas podem ser naturais, construídas, humanas, artísticas ou culturais. Recursos podem ser uma atividade artística, um elemento da cultura local, conhecimentos, ferramentas, equipamentos, materiais, instituições, comércios. Comece já: Convide 3 pessoas que conhece para uma conversa sobre como vocês querem dedicar tempo e atenção para uma ação no lugar onde moram. Façam uma caminhada livremente, em silêncio, pelos lugares com o olhar de quem procura por belezas. A ideia é que vocês identifiquem pelo menos 5 belezas e 5 recursos. Organizem as informações a partir das perguntas abaixo. Leia esse material sempre que estiver duvidando da materialização dos sonhos de sua comunidade. 7
Encontrar a sua turma a partir do belo - Que paisagens, lugares e elementos naturais encontramos aqui? - De que coisas as pessoas cuidam com muito carinho? - Onde as pessoas se encontram para conversar e se divertir? Que instituições, organizações ou pessoas fazem o bem por aqui? - Que empresas, comércios, prestadoras (es) de serviços empregam ou fornecem produtos a quem mora aqui? - Quais são os cheiros predominantes? - Quais são os elementos construtivos que existem aqui (calçadas, ruas, paredes, elementos vazados, escadarias, vielas, tabuas etc)? - Que materiais encontramos muito por aqui?
Formar sua turma convidando quem está por detrás das belezas Retornem aos locais em que encontraram belezas e iniciem uma conversa com as pessoas que as cultivam para conhecer suas histórias. Vocês encontrarão gente com diferentes habilidades e experiências. Recordem suas próprias experiências importantes e identifiquem os valores e ideias comuns que as conectaram as pessoas por detrás das belezas. Vivenciem cada conversa, buscando aquilo que as (os) une (princípios, valores, ideias). O sucesso das ações do grupo é resultado do empenho em realizá-las da melhor forma possível. Marcar novas conversas com as pessoas que vocês já conheceram vai fortalecer o vínculo e a relação de confiança, o que impulsiona a realização de algo juntas (os). Encontrem os talentos afetivos, ou seja, as pessoas que todas (os) querem bem, independentemente de posição política ou crenças. Lembre-se que, em todos os lugares, existem moradoras (es) fazendo o bem para todas (os): pessoas que conhecem tudo de ervas medicinais, jovens com energia para fazer algo inovador, cuidadoras (es), agentes comunitárias (os) de saúde, educadoras (es) dos equipamentos públicos, pedreiras (os), marceneiras (os), boas (ns) cozinheiras (os) etc.
Lembre-se sempre de reconhecer o que cada uma (um) gosta e sabe fazer. Nesta caminhada, as diferentes opiniões precisam se ouvidas e reconhecidas. Atenção: Evitem começar a conversa por suas ideias ou apenas para convidar pessoas para fazer parte do seu projeto. Um projeto comunitário tem maior chance de ter sucesso se for coletivo, construído a partir do encontro de ide ias comuns e considerando as opiniões de todas (os). Este momento é para conhecer as pessoas e suas histórias! Comecem já: Organizem as informações das pessoas encontradas (nome, endereço, telefone, e-mail) por área (culinária, artesanato, artística, construtiva, jardinagem, comunicação, representação comunitária etc.). Busquem um espaço para realizar uma reunião (garagem, salão comunitário, sala da escola etc.) e convidem todas as pessoas que vocês conheceram para um encontro. A ideia é promover um encontro para que as pessoas se conheçam e compartilharem suas histórias pessoais e da comunidade. Comemorem! A turma está sendo formada!
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Encontrar o sonho comum
Descubram os sonhos a partir da visão de um futuro feliz para toda a comunidade.
Façam conversas individuais ou em pequenos grupos com crianças, mulheres, homens, residentes mais antigos do bairro, adolescentes, lideranças religiosas, estudantes, professoras (es) e outros profissionais que atuam no bairro.
- Qual sua visão de futuro feliz para esta comunidade?
- Qual seu sonho para esta comunidade?
Perguntas que podem apoiar a conversa:
- O que você faria para - Que local você transformar a comunidade sugere para tornar se não existissem dificuldades real este sonho? nem faltassem recursos?
Atenção: Evitem falar dos seus sonhos; Façam perguntas que lembrem momentos felizes do passado; Não tenham pressa! Acessar os sonhos mais preciosos requer uma conversa longa e tranqüila; Escutem os sonhos individuais, mas busquem os sonhos coletivos, que visem o bem da comunidade; Fortaleçam a ideia de que ninguém faz nada sozinho! Comecem já: Convidem todas as pessoas que vocês conheceram para um Encontro de Talentos e Sonhos. 9
Quando há repetição de um mesmo tema nas conversas com diferentes pessoas que não se conhecem e estão em diferentes pontos do bairro, é sinal de que vocês estão se aproximando dos sonhos que podem unir grande número de pessoas.
Organizem a programação e o ambiente com um espaço para expor artesanatos, comidas palco para as apresentações. Apresentem, de forma resumida e usando a criatividade, os talentos, belezas, recursos e sonhos que já encontraram. Uma boa dica é montar uma “árvore dos sonhos” e convidar as pessoas a escreverem seus sonhos em pequenos papéis que podem ser colados como as folhas da árvore. Outra atividade que pode ser realizada é oferecer um sonho de comer (doce ou bombom) em troca de saber um sonho (desejo) das (os) presentes. Reúnam as pessoas para contar os sonhos encontrados e definam quais deles são possíveis em um mutirão e em um curto espaço de tempo. Criem grupos de acordo com os interesses de cada uma (um).
Cuidar do sonho nos mínimos detalhes
Este é o momento de juntar todo mundo para decidir onde, o que e como fazer para que os desejos coletivos se tornem realidade. É um marco neste caminho de transformação para o bem comum. Tenham certeza de que existem outras pessoas neste mundo que já experimentaram formas de realizar algo parecido com o seu sonho coletivo. Buscar exemplos e inspirações ajudará na construção do que desejam. Pode ser na internet, em livros, realizando visitas. Atenção: Definam o local onde irão fazer a transformação. Conversem com os responsáveis pelo local para saber o que pode e o que não pode. Cuidem para que a escolha do sonho seja coletiva e para que a maioria da comunidade participe da elaboração de maquete do que deseja ser realizado. Estimulem o grupo a pensar em um projeto que possa ser finalizado no tempo determinado (por exemplo, um final de semana). Os projetos devem atender aos sonhos e necessidades reais da comunidade. Ajudem a comunidade a se organizar por equipes e captar recursos (materiais e financeiros). Podem apoiar nessa tarefa: lista de materiais, ofício de pedido de doação financeira, rifa com produtos dos talentos da comunidade, venda de algum produto (como bolo, suco, docinhos), festas etc.
O material disponível para realizar a ação será o que conseguirem captar! Criatividade e sabedoria dos talentos locais fazem milagres! Convidem especialistas (em construção, pintura, muralismo, costura) para ajudar a fazer acontecer unindo os saberes que vocês acham que poderão contribuir com o projeto! Comecem já: Procurem os talentos da comunidade e façam a lista dos materiais, ferramentas e possíveis parceiros; Preparem um material de apresentação com fotos do local, dos encontros do grupo e busquem doações e parcerias; Façam uma lista de todas as doações para agradecer depois da ação; Combinem com os parceiros como mostrarão o que foi construído. Esta prestação de contas pode ser um ofício com fotos, um relatório, álbum de fotos, vídeo, uma café da tarde no local. Usem a criatividade! Contatem emissoras de televisão, rádio, jornais impressos e sites locais para apoiar a divulgação; Encontrem um local na comunidade para armazenar as doações; Dividam-se nos grupos para buscar talentos e recursos, divulgar a ação, organizar a alimentação no dia do mutirão etc; 10
Organizem a programação do mutirão: horário de chegada, roda de abertura, frentes de trabalho, horário de encerramento; Registrem todas as ações, em foto ou vídeo; Reúnam-se ao final do dia. Compartilhem o que conseguiram, vejam o que está faltando e organizem as próximas ações; No último dia antes da mão na massa, reúnam-se em roda, compartilhem o que cada grupo realizou
e apreciem as conquistas. Preparem a logística para a ação: músicas animadas, frentes de trabalho, água, almoço, lugar para descanso, recepção dos voluntários e o que mais considerarem necessário para cuidar de todas as pessoas - detalhe por detalhe; Combinem o ponto de encontro e horário da chegada.
Fazer acontecer com a mão na massa e os recursos e talentos disponíveis! Depois de planejar e cuidar dos sonhos coletivos, é hora de tirá-los do papel e torná-los reais. Para isso, façam um convite irresistível para colocar a mão na massa! Vale convidar os talentos locais, além de vizinhas (os), familiares, rede de parceiras (os), amigas (os), oasianas (os) da sua cidade. Pensem em como tornar o trabalho coletivo mais divertido: músicas, lanches, rodas de atividades para marcar o início e o final do dia fazem a diferença e tornam esses momentos mais especiais. Sabe aquele ditado “ninguém quer entrar para um time que está perdendo”? Pois é! As pessoas se aproximam pelo sucesso, beleza, alegria e satisfação de quem está realizando! Por isso, é importante cuidar do clima do mutirão. Comecem já: Organizem as frentes de trabalho estabelecendo metas claras para o dia; Evitem iniciar várias frentes de trabalho se não 11
há pessoas suficientes para executá-las; Foquem em finalizar ações, ao invés de iniciar vária tarefas; Façam primeiro as mudanças físicas que sejam mais visíveis e que deixem o local mais convidativo! Comecem com o básico, simples e rápido; Planejem atividades com as crianças; Convidem pessoas, peçam ajuda e acreditem no poder da cooperação; Confiem na abundância: os recursos sempre aparecem e os milagres são possíveis quando confiamos; Façam uma lista de ferramentas e materiais que chegaram para o mutirão, colocando o nome em tudo que deve ser devolvido (por exemplo, ferramentas emprestadas). Essas pessoas e/ou organizações doadoras também devem entrar nos agradecimentos.
Atenção: Mantenham a calma e comecem com quem estiver presente.
é começar e fazer tudo com muita animação para contagiar até quem não acreditava que era possível.
Se não vier ninguém, parte do grupo que já está mobilizado começa o mutirão e outra parte chama as pessoas.
Convidem talentos da cidade para fazer parte desta transformação.
Se só houverem crianças, valorizem sua presença e iniciem com elas. Comecem e terminem alguma coisa.
Lembre-se que tudo o que for construído precisa ser cuidado depois. Se nossa casa precisa ser limpa todos os dias, imagine um lugar que é usado por muita gente!
Não deixem nada pela metade. Não parem as ações e busquem estratégias para que o trabalho seja leve e divertido! Mesmo que o mutirão pareça bagunçado, vocês tenham a sensação de que as pessoas não vão aparecer, não desanimem. O importante
Cultivem boas relações com quem apareceu no mutirão e criem condições para que estas pessoas se engajem em grupos de cuidado cotidiano do lugar. Tirem fotos do local e das pessoas antes, durante e depois da ação.
Celebrar a participacão de cada um O Encontro de Celebração é um momento especial do grupo comemorar todas as suas conquistas. Vocês podem realizar um festival cultural, um piquenique, banquete comunitário, festa típica, feira de trocas ou de produtos locais.
uma programação de atividades no novo espaço! Logo após a ação, organizem as informações para as pessoas e/ou organizações parceiras e façam os agradecimento e/ou prestação de contas conforme combinado.
Convidem todos os participantes para uma roda final e promovam uma conversa, com perguntas como: como cheguei? Como foi estar aqui? Como estou saindo?
Atenção: Lembrem-se de valorizar todo mundo que participou e de relembrar os momentos importantes do processo. Uma dica legal é fazer uma apresentação ou exposição com fotos de tudo o que aconteceu.
Incentivem previamente que o grupo pense em
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Sua turma pode e quer mais! Se neste curto espaço de tempo vocês conseguiram chegar até aqui, tornando real o que muita gente não acreditava, imagine o que podem fazer juntas (os) daqui para frente? Organizem um novo encontro comunitário. Realizem rodas de conversa em grupos de 4 pessoas. Após relembrar tudo o que foi vivido, incentive que as pessoas conversem sobre as seguintes perguntas:
- O que mais te marcou nessa experiência? - Se tudo fosse possível, que future você desejaria agora? - Qual o próximo sonho que vocês querem fazer acontecer nos próximos 3 meses? Comecem já: Convidem ou incentivem a comunidade a visitar projetos bem sucedidos relacionados aos sonhos de futuro. Outra opção é encorajar a comunidade a participar de redes, fóruns, conferências, encontros e cursos que inspirem e ofereçam ferramentas para realização de novos projetos. 13
Procurem os talentos que dedicaram tempo e energia até aqui, e façam uma agenda de encontros, que podem ser semanais, quinzenais ou mensais. Criem projetos para uso imediato dos locais construídos ou readequados no mutirão, assim como projetos maiores que demandem mais tempo de trabalho. Transformem cada encontro em um espaço de produção e realização coletiva. Essas atividades podem ser também uma forma de ocupar o local do primeir sonho construído. Apoie o grupo a pesquisar e convidar talentos especializados para interagir, dar consultoria, cursos ou palestras apoiando as ações programadas pelo grupo. Atenção: Não fiquem muito tempo sem voltar no local ou deixar de reunir-se com o grupo e a comunidade. Promovam espaços de conversas para curar as brigas, conflitos e desentendimento, caso venham a acontecer. Revisitem o caminho que fizeram até aqui e comecem tudo de novo, buscando novas belezas e talentos.
Para inspirar! As histórias que ilustram como cada passo pode se materializar e tornar sonhos reais foram vividas por pessoas que participaram da primeira edição do Comunidades Empreendedoras (2014/2016). A primeira etapa da mobilização nos territórios aconteceu dentro da edição 2014 do programa Guerreiros Sem Armas.
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CAMINHO da uNIÃO Santos .SP
O
Caminho da União fica na Zona Noroeste de Santos, ao lado do bairro Jardim São Manuel, área predominantemente industrial portuária. A região abriga cerca de 4.000 moradoras (es), e caracteriza-se por uma rua principal asfaltada, com residências e comércios, e cerca de 60 becos que levam às casas de palafitas sobre manguezal. Belezas encontradas no bairro: As belezas e os talentos reconhecidos no Caminho da União provocaram descobertas sobre a história do bairro e conectaram pessoas com talentos em organização de eventos na comunidade, jardinagem e crianças. Formou-se um grupo com nome União da Comunidade.
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Descobriram-se muitas pessoas vindas do Nordeste, que tinham o hábito de plantar e cultivar seus próprios alimentos. Essa memória de infância impulsionou duas mulheres a sonharem com a produção local de frutas, verduras e legumes para melhorar a alimentação da comunidade, o que resultou em uma horta. Outro sonho foi um espaço para jovens e crianças aprenderem brincando, que originou o centro cultural. Em 2 dias de captação de recursos e 4 dias de mão na massa, foram organizadas as seguintes frentes de trabalho: produção de vassouras de pet, galpão com uso de centro cultural/brinquedoteca (construção e ambientação) e pequena horta no quintal do mesmo terreno.
Depois, o galpão cultural iniciado em janeiro de 2014 recebeu melhorias, lideradas por um grupo de sonhadoras (es) locais, tais como: instalação de piso, instalações elétricas, execução de banheiros e cozinha. O local passou a abrir de segunda a sexta das 9 às 17 horas com participação diária de 70 crianças para o livre brincar. Estímulo da criatividade e estabelecimento de parcerias para ampliar o conhecimento das (os) empreendedoras (es) foi um estratégia de fortalecimento das ações do Centro Cultural. Ofereceu-se a formação “Agentes Comunitárias do Brincar” juntamente à Associação Brasileira pelo Direto de Brincar e à Cultura (IPA Brasil). Outra estratégia foi a aplicação de recurso semente em mobiliários e objetos para o embelezamento do espaço e a melhoria da qualidade para o brincar. Para inspirar e ampliar as possibilidades de atuação, foram realizados intercâmbios através de visitas e conversas com Associação Monte Azul, Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (CIEJA) Campo Limpo, Associação União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região (UNAS) e Ateliê Arte nas Cotas. A pequena horta no quintal do Centro Cultural foi construída durante o mutirão de janeiro de 2014 e recebeu mais 4 ações de mão na massa. O chuchu produzido foi utilizado no preparo do almoço das crianças do Centro Cultural. Vivenciar este sucesso fez crescer o desejo de replicar a experiência em uma escala maior. Para alcançar mais pessoas, foram necessárias ações em diferentes frentes:
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Relacionamento com a vizinhança: identificação no bairro de um terreno possível de implantação de horta, apresentação da proposta para a vizinhança do terreno, convite para talentos locais participarem do grupo da horta, e definição de como seriam os descontos para moradoras (es) da comunidade. Viabilização do terreno: solicitação de uso de área de rede de alta tensão para Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL). Implementação da produção da horta: mobilização de parcerias para aquisição de ferramentas, como a doação do Rotary Club Santos-Boqueirão; articulação de consultorias especializadas em hortas (Cidades Sem Fome e Casa da Agricultura); estabelecimento de parceria com Jóquei Clube de São Vicente para fornecimento mensal de adubo; aproximação e estabelecimento de parceria com Subprefeitura da Zona Noroeste para transporte de terra, adubo e apoio na capinagem; parceria com a Sabesp para instalação de cavalete de água para abastecimento no terreno da horta; execução de infraestrutura mínima de acolhimento e trabalho (cobertura para área de descanso, armário para materiais, torneira de irrigação); execução de tecnologias sustentáveis para tratamento de esgoto da pia com tanques ecológicos com uso de vegetação
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aquática e peixes, instalação de cisterna com aproveitamento da calha da vizinhança na irrigação da horta, utilização de muros de divisa como área produtiva, execução de composteira, entre outras ações. Cuidado do Grupo Comunitário: definição coletiva dos de papéis, critérios de remuneração, controle financeiro, organização das fases de produção, divulgação, estratégias de vendas, elaboração de regulamento interno e elaboração de materiais administrativos (cartão de visita, apresentação do projeto, ofício, panfletos etc.). Para manter o ânimo e ampliar o projeto, foi realizada uma parceria com a escola municipal do bairro, o que deu origem a atividades pedagógicas dentro da grade curricular. Foram realizados ainda eventos temáticos (como Piquenique da Primavera), mutirões, e foi elaborado um calendário mensal de mutirões para convidados e voluntários, além da manutenção de contato com imprensa para divulgação em jornais e TV, com o objetivo de ampliar as boas notícias sobre o bairro na cidade. Para inspirar e ampliar as possibilidades de atuação, houve intercâmbio por meio de visitas a hortas localizadas na Zona Leste de São Paulo apoiadas pela ONG Cidades Sem Fome e palestra da Comunidade Dedo Verde.
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VIla PrOgRessO Santos .SP
O
bairro ou morro Vila Progresso é considerado o ponto mais alto de Santos, situado entre os morros da Nova Cintra e do São Bento, a 184,7 metros do nível do mar. Belezas encontradas no bairro: As belezas reconhecidas concentraramse principalmente nas áreas de cultura, culinária e crianças. Formou-se um grupo de jovens e adultas (os) com o nome Guerreiros da Progresso. Descobriu-se o sonho de iniciar um movimento cultural na Vila Progresso, a ser expandido para os morros, a partir da potencialização dos talentos locais. As ações começaram com organização de eventos temáticos comunitários, saraus, cinema mensal e cinema itinerante (sessões de cinema
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a serem realizadas em diferentes locais dentro e fora do bairro) e o projeto ganhou o nome de Roda VP. Além disso, surgiu muito forte o sonho de revitalizar uma área comunitária que havia sido cultivada por um senhor da comunidade que já havia falecido. O terreno baldio foi limpo e capinado e passou a ser conhecido como Praça Cultural Nilson Alves e virou cenário para muitos eventos culturais, como saraus, reuniões comunitárias e festas. O projeto de cuidado com esse espaço foi denominado VP na Praça. Em 2 dias de captação de recursos e 4 dias de mão na massa, houve intervenções em duas áreas diferentes,
com construção de brinquedos para crianças, mirante e palco para apresentações culturais. A continuidade aconteceu através da realização de mutirões de manutenção do espaço em datas próximas à realização de eventos no local. O mesmo grupo que realizava essas ações empreendeu um Oasis dentro da escola estadual envolvendo mais de 400 jovens. O diálogo com a escola local também tornou possível o uso do espaço para eventos temáticos (como Dia das Mães e Páscoa) e uma importante parceria com o Escola da Família que, por várias vezes, apoiou com doação de artigos de papelaria e impressão do materiais de divulgação. Durante o processo de cuidado contínuo com a praça, algumas ações fortaleceram a cidadania ativa, como reuniões de articulação de políticas públicas no sentido de melhorar a infraestrutura da praça. Ao saberem de uma obra prevista para o local, o grupo local envolveu-se diretamente na definição de projeto junto à Subprefeitura dos Morros, além de acompanhar os andamentos dos projetos de teleférico com previsão de implantação de estação na comunidade e do Centro Cultural e Esportivo da Vila Progresso, que dialoga com três secretarias. A flutuante participação dos jovens do grupo e o impacto desta ausência no restante do grupo foi um constante desafio. Outro aspecto importante a ser destacado foi a mudança dos prazos estabelecidos nas reuniões do grupo Guerreiros da Progresso, além da decisão de não continuar realizando encontros periódicos de manutenção da praça, deixando esta somente a cargo do Poder Público. O sonho de levar ações culturais para a 20
Vila Progresso e utilizá-las como forma de dialogar com outras comunidades dos morros da Cidade impulsionou a criação de um evento chamado Sarau do Gueto. Foram realizados 5 saraus envolvendo talentos locais da música, dança e gastronomia e do entorno, além da troca de livros. Apesar do apoio fundamental das mulheres na produção dos eventos, as tarefas de convite aos artistas, divulgação e organização dos materiais eletrônicos eram de responsabilidade dos jovens do grupo. Ao longo do tempo, a falta de articulação e cumprimento das metas definidas mudaram a direção das ações. Em meados de 2014, o Elos iniciou ações de cinema de rua nas 4 comunidades como estratégia de atração de participantes adultas (os) para os grupos. Logo nas primeiras sessões, ficou claro que, por conta da ausência de atividades culturais para o público infantil, as crianças seriam as principais beneficiadas. A Vila Progresso foi a única comunidade que se identificou completamente com o projeto e absorveu-o, tornando esta sua principal realização até hoje. Decidido isto, as mulheres do grupo fortaleceram-se, firmaram uma parceria com o bar local para utilização do espaço e estabeleceram toda última terça-feira do mês como o dia do cinema infantil. Esta parceria com um estabelecimento comercial na comunidade foi um aspecto muito importante, uma vez que os proprietários também começaram a colaborar ativamente nesta produção, inclusive realizando
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captação de recursos para doação de pipoca e refrigerante. A periodicidade trouxe credibilidade e conquistou parceiros doadores através da “caixinha da pipoca”. Com essa estratégia consolidada, um terceiro passo foi a ampliação dos objetivos do projeto, considerando realização de intervenção urbana por meio de pintura nos locais de exibição, além da itinerância em outras comunidades dos morros – Morro do Tetéu e Morro do José Menino e a melhoria da organização das sessões através da consultoria com o Instituto Querô. O quarto passo foi a parceria com o Instituto Querô, que passou a apoiar o grupo comunitário na produção dos cinemas de rua, além de oferecer sua expertise em oficinas de audiovisual que formaram na prática pessoas de várias comunidades e idades. O resultado foi um documentário cujo tema escolhido interfere diretamente na vida de quem mora no bairro: o pagamento do “aluguel de chão”. Essa é uma aposta clara do grupo de que cultura e comunicação podem transformar vidas e fortalecer causas como o direito à moradia. Para inspirar e ampliar as possibilidades de atuação, foram realizados intercâmbios através de palestra com o produtor cultural Palhaço Charles, Feira Preta e Mascate Cineclube. Foram realizadas visitas inspiradoras para a Associação Monte Azul, ONG Favela da Paz e projeto Samba na 2, Associação de Moradores de Heliópolis, Arte nas Cotas, Pombas urbanas e Cooperifa.
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prAINha Guarujá .SP
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comunidade da Prainha, originalmente constituída por pescadores, faz parte de um complexo de favelas localizadas ao longo do canal do porto de Santos (margem do distrito de Vicente de Carvalho, na cidade do Guarujá) e divide-se entre duas realidades: moradias de alvenaria e palafitas sobre as águas. Faz parte do Projeto PAC 2007 – Plano de Aceleração de Crescimento – que prevê a remoção das habitações de palafitas e realocação da população para habitações de interesse social na área denominada Parque da Montanha, atualmente em obras. A área também sofrerá interferências por conta do projeto de interligação viária entre as cidades de Santos e Guarujá.
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Belezas encontradas no bairro: Uma das principais belezas encontradas no bairro foi o apoio mútuo entre os moradores: quem tem mais compartilha com quem tem menos. Em um raio de 1 km descobriu-se três diferentes pessoas que recolhem doações e preparam sopão. Encontrou-se jovens talentosas (os) que adoram dançar, atuar, tocar instrumentos musicais. Esse foi um dos impulsos para a mobilização de um Centro Cultural, que também foi sonhado por adultas (os) para oferecer atividades lúdicas e educativas às crianças que antes tinham apenas a rua, os trilhos do trem e a maré como espaços de brincar. O espaço foi construído durante os 4 dias de mutirão do Guerreiros Sem Armas,
além de um parquinho (ao lado do Centro Cultural) e um grupo produtivo de pães artesanais. Os pães artesanais foram produzidos a partir de receitas das próprias moradoras e os ingredientes foram doados por supermercados locais. A troca de saberes foi um dos pontos altos da interação e as vendas ocorreram dentro da própria comunidade. O empreendimento funcionou por 3 meses na casa de uma das moradoras e foi encerrado por conta de questões de relacionamento entre as integrantes. O parquinho recebeu 2 mutirões e, após algum tempo, a comunidade decidiu por priorizar outras ações. A gestão do Centro Cultural foi sempre desafiadora no que diz respeito a mediação e a conciliação dos diferentes posicionamentos. As adultas (os) não abriram espaço para a juventude que estava ávida para participar, o que levou ao afastamento deste público. Muitas pessoas demonstraram interesse de envolver-se no processo de gestão do local, porém, tinham pouca disponibilidade de tempo para dedicação e cuidado cotidiano com o espaço. O ponto forte do grupo foi a organização de festas comunitárias com grande presença do público infantil nos preparativos e nas ações. A participação do Poder Público deu-se por meio da articulação de diversas secretarias da Prefeitura Municipal do Guarujá. A precariedade de infraestrutura e acesso às políticas públicas no território estimula uma relação de clientelismo político em que a aliança com representantes do legislativo e do executivo é vista como único caminho para
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resolução de para questões pontuais e pessoais. A ação do DIST buscou constituir um grupo responsável e comprometido para cuidar das questões gerais do bairro a partir de reuniões semanais, e não apenas pontualmente, bem como aproximar a população do Poder Público. Estes desafios não foram vencidos. As constantes ausências nos encontros comunitários e o não cumprimento dos encaminhamentos estabelecidos culminaram na decisão de interrupção das ações da equipe do Instituto Elos neste território e
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as moradoras (es) seguiram participando do projeto Comunidades Empreendedoras nos momentos coletivos, como as visitas inspiradoras e eventos abertos. Apesar disso, o processo de desenvolvimento local na Prainha estimulou mudanças significativas no local, como a busca de algumas lideranças femininas por capacitação e inserção em projetos como os oferecidos pela Secretaria de Política Pública para Mulheres e a criação de um calendário de atividades no Centro Cultural, como zumba e capoeira, e de festas comunitárias.
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Guapurá Itanhaém .SP
O
Guapurá é o mais novo bairro da cidade de Itanhém, localizase na região do aeroporto. Tornou-se um bairro a partir da construção de um empreendimento de habitação de interesse social destinado às famílias do Programa Minha Casa e Minha Vida com entregas de 2011 a 2016. As 2.612 unidades foram construídas em três etapas: Residencial Árvores, Residencial Flores e Residencial Pássaros. Belezas encontradas no bairro: Quem estava por detrás das belezas no Guapurá eram homens, mulheres e jovens na área da construção, arte e cultura, jardinagem, culinária e organização de condomínios. Formouse um grupo de jovens e adultas (os) com o nome Conexão Guapurá.
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Um grande sonho coletivo era criar condições legais para venda de produtos e serviços das pessoas da comunidade, fortalecendo a geração de renda para as (os) moradoras (es) do bairro. Outro ponto importante foi dar visibilidade aos talentos locais, promovendo uma imagem positiva do bairro e das pessoas que lá moram perante a cidade de Itanhaém e região. Outro sonho encontrado foi unir a população através de um espaço público de qualidade que pudesse ser cenário para prática de esportes, atividades culturais, ações de economia solidária e festas comunitárias. Em 2 dias de captação de recursos e 4 dias de mão na massa, foi possível realizar feira gastronômica
e transformar um terreno em uma praça com campo de futebol, área de bosque para caminhadas e área de estar. Desde o início, o grupo, especialmente as mulheres, sonhou grande: conquistar um espaço para gerar trabalho e renda, de forma legalizada. O primeiro passo foi a realização de uma feirinha de talentos e produtos locais, em janeiro de 2014. Dessa primeira experiência, o grupo ganhou forças para realizar a primeira Festa Julina no bairro. Durante quatros finais de semanas, 30 empreendedores comercializaram comidas e bebidas na praça e movimentaram 5 mil reais. Muitos acertos e erros foram colhidos, e durante o ano não foi realizada outra feira, mas o sonho seguiu. O reconhecimento de que a circulação de dinheiro dentro da comunidade gera desenvolvimento e provoca transformações positivas para todo mundo fez crescer o desejo de replicar essa experiência. Então, em 2015, o grupo decidiu se desafiar novamente e lançar um calendário anual com datas para realização da feira mensalmente. Nesse momento, houve uma ampla discussão que determinou que a feirinha seria apenas gastronômica, dada a vocação das (os) envolvidas (os). Esta definição permitiu a articulação da infraestrutura e a parceria com a Kqi Produções, especializada em realização de eventos culturais gastronômicos, para consultoria na profissionalização das (os) empreendedoras (es) e apoio na estruturação de eventos. Outra importante parceria estabelecida foi a com a Escola Municipal Maria Patrocina Condota, a única do bairro. Após estabelecer uma relação de confiança com 28
a nova diretora, os moradores realizaram a Festa Junina da escola em 2015, com barracas e venda de pratos típicos.
segundo momento através de solicitação e assinatura da permissão de uso de área particular.
Após a realização de várias edições da feira, o próximo passo foi aceitar um novo desafio: prestar serviço durante eventos, como no encerramento do programa Guerreiros Sem Armas, quando o grupo preparou e serviu um coquetel para 200 pessoas.
Implementação da feira: mobilização de parcerias para empréstimo de infraestrutura (barracas, mesas, cadeiras etc), articulação oficial com secretarias municipais a fim de conseguir autorização para realização dos eventos, criação de evento mensal conjuntamente com mutirões de manutenção da praça, mapeamento de 65 empreendedores de produtos e serviços do bairro e criação da segunda edição do catálogo de produtos e serviços do bairro do Guapurá, estabelecimento de parceria com Associação Comercial e demais parceiros de relevância na cidade.
Logo, vieram novos eventos! O terceiro evento foi para a construtora Enplan, responsável pelo empreendimento Minha Casa, Minha Vida do Guapurá. Em 9 dias, foram servidos 14500 unidades de 8 produtos diferentes no estande de vendas da empresa. Esse serviço remunerou 12 pessoas e movimento 21.600,00 reais. Com uma boa relação estabelecida com a Enplan, foi possível que o grupo assinasse um termo de comodato para utilizar alguns terrenos, ao lado da escola, para abertura semanal ou diária da feira. A feira cresceu, ganhou infraestrutura e já é conhecida por todo o bairro. Este projeto só foi possível através da evolução das experiências vivenciadas que tiveram ações em diferentes frentes: Levantamento de informações sobre loteamento e viabilidade técnica para utilização de áreas públicas: pesquisa sobre a escritura do loteamento para cruzamento da legislação municipal, estadual e federal, através de assessoria de advogado especialista em direito urbanístico e pesquisa de soluções desmontáveis para as unidades comerciais. Viabilização de local: busca pela autorização de uso da praça para eventos no primeiro momento e de uso de área particular no 29
Cultivo do grupo comunitário e gestão do empreendimento: criação de conselho gestor, elaboração de regulamento interno, articulação de cursos e oficinas para formalização dos empreendedores, aprimoramento dos produtos a partir da elaboração da ficha técnica, definição de preços, melhoria na qualidade com experiência com chefs de gastronomia, capacitação técnica em regras da vigilância sanitária, controle financeiro, elaboração de materiais administrativos (cartão de visita, apresentação do projeto, ofícios, faixa, panfletos etc.), aquisição de infraestrutura. Para inspirar e ampliar as possibilidades de atuação, foram realizados intercâmbios através de visitas à Associação Monte Azul, a ONG Favela da Paz e o projeto Samba na 2, Food Park Butantã e Marechal Food Park e palestras com empreendedores do Banco Palmas, Banco Bem, Ateliê Sustenta CaPão e Feira Preta. Outro sonho importante foi a criação de um espaço de convivência e lazer. Através da negociação com a Prefeitura de Itanhaém,
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a comunidade conseguiu a instalação dos equipamentos de academia ao ar livre e de wifi gratuito. Além disso iniciou-se uma agenda semanal de ginástica orientada por educador físico da equipe do Programa Saúde da Família. Em 2015, os moradores decidiram dedicar mais tempo à praça e a estratégia criada foi a realização de oficinas de permacultura e bioconstrução, apoiadas pelo Peetssa, um consultor experiente nas técnicas aplicadas no local, que aconteceram durante seis finais de semana seguidos. Através de um convite aberto ao público, as oficinas reuniram moradores do bairro e voluntários vindos de diversos lugares e contextos para apoiar no processo de construção de bancos de madeira, pergolados de bambu, arquibancada de pneus, criação de um lago e tratamento paisagístico da praça. Toda essa experiência com o projeto da praça gerou frutos para os moradores do bairro: O aumento do senso de pertencimento no novo território, através do estabelecimento de relações de vizinhança entre pessoas de diferentes condomínios. Como o Guapurá é composto por famílias vindas de diferentes locais, não havia o sentimento de comunidade, e a convivência entre os condomínios era bem pequena. A construção de um espaço público onde as famílias e outros públicos possam conviver
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harmoniosamente, interagindo através de diferentes atividades, foi um dos fatores de união entre os moradores. Para que fosse possível realizar esse movimento em parceria com o poder público local, foram realizados diversos encontros com representantes da Prefeitura para definir calendários de ações e propostas de atuação conjunta. Esse diálogo com os órgãos públicos acabou sendo um dos maiores legados do processo vivido pelos moradores com o projeto da praça, pois fortaleceu uma relação de cidadania ativa protagonizada por eles em busca de seus direitos e deveres em relação à utilização de espaços públicos. A materialização de um espaço físico para o bairro, feito através de ações coletivas, que consolidou um exemplo forte de mobilização comunitária pautada na ação, e que poderá servir de inspiração para os novos moradores do Guapurá a empreenderem as duas praças que estão previstas no projeto do bairro; a valorização das pessoas do local e de seus talentos. Para inspirar e ampliar as possibilidades de atuação foram realizados intercâmbios através de visitas a Associação Monte Azul, a ONG Favela da Paz e projeto Samba na 2, Associação de Moradores de Heliópolis, Arte nas Cotas e Pombas Urbanas.
Quer
saber
como fazer
na sua
comunidade?
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Mobilização, forMação E realização Ao invés de gerar mais consciência sobre a complexidade dos problemas por meio de longos processos de discussão e formação, escolhemos começar pela realização de sonhos, mobilizando os talentos e recursos presentes na comunidade. Acreditamos que descobrir sonhos comuns a partir da visão de um futuro próspero e feliz para todas (os) é o caminho para atrair um maior número de pessoas. Para que os projetos possam acontecer, as ações desenvolvem-se em ciclos que evoluem:
mobilização
convidar e unir vontades, pessoas, instituições e recursos para atuarem juntos no mesmo sonho;
formação
trocar conhecimentos entre participantes envolvidas (os) e convidadas (os) pontuais para estimular novos aprendizados no tema do sonho comum (desenvolvimento de capacidades);
Atenção: O convite e a manutenção das parcerias conquistadas (órgãos públicos, empresas, organizações e pessoas que vivem fora da comunidade) ocorrem através de contato por telefone, e-mail, ofício e reuniões presenciais durante todo o tempo em que o projeto estiver em andamento. 33
realização
colocar em prática, o que chamamos de “fazer acontecer”, e tornar realidade o sonho unindo os saberes locais e os recursos disponíveis ampliando os resultados em cada ação.
O convite e a manutenção do relacionamento com as pessoas da comunidade ocorrem pelo sucesso do que está sendo realizado, pela transparência e confiança no grupo que está envolvido, divulgação dos resultados e abertura para receber novas pessoas. Verifique as estratégias de comunicação que funcionam dentro da sua comunidade.
Começar já! Para estabelecer parcerias de fora da comunidade: a. Façam contato inicial por telefone ou e-mail com uma breve apresentação (Quem são vocês? De onde são? Fazem parte de algum grupo?) É essencial fazer sempre um pedido claro (divulgação, doação, cessão de espaço físico). b. Preparem um material de apresentação do projeto e um ofício. c. Agende uma reunião, prepare-se e chegue antes do horário combinado. d. Nas reuniões, utilizem roupas discretas – calças, saias ou vestidos abaixo do joelho, blusas com pouco decote, sapatos fechados (nunca usem
chinelos, shorts, decotes extravagantes ou roupas curtas). e. Levem 2 cópias do ofício e outros documentos impressos – uma vocês entregam e a outra pedem para protocolar (carimbar e/ou assinar, colocando a data de recebimento) e guardam em uma pasta. f. Verifiquem sempre o andamento do pedido – vocês podem ligar, ir pessoalmente ou escrever e-mails periódicos (por exemplo: toda semana) para saber se estão buscando uma resposta.
Para o relacionamento com pessoas de dentro da comunidade Aqui, é importante entenderem a melhor forma de comunicação para o seu grupo. Algumas opções são: a. Enviar mensagens de celular (SMS) ou por Whatsapp para os contatos das pessoas que deixaram dados nas listas de presença dos encontros e ações realizadas. b. Gravar mensagem de áudio no celular ou computador com as informações que precisa divulgar. Vocês podem caprichar colocando uma música no fundo, criando um slogan. Este conteúdo pode ser enviado por Whatsapp, e-mail e vocês podem fazer parceria com carro ou bicicleta de som que venda frutas, ovos, material de limpeza etc e comércios locais que tenham estrutura de som. c. Preparem um jornalzinho com os resumos das ações que rolaram recentemente ou ainda vão rolar. Busquem um modelo que possa ser xerocado e colocado nos postes e comércios mais frequentados da comunidade. Se
quiserem, o jornal pode ser feito em dois formatos: panfleto e jornal mural. d. Utilizem a internet como meio de divulgação. Façam uma lista de e-mails e criem uma página no Facebook. e. Organizem eventos que promovam a participação e engajamento. Por exemplo: festas em que os talentos possam se apresentar ou em que as pessoas possam vender comida e artesanato. f. Prestem contas mensalmente em um mural fixo ou pasta que fique disponível em um espaço coletivo (associação comunitária, escola, posto de saúde etc) com cópias das notas fiscais e informações sobre gastos e recebimentos (pode ser por serviços ou doações materiais ou em dinheiro). g. Criem outras estratégias com a cara da comunidade.
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Qualidades de uma
liderança comunitária Acreditamos que cada pessoa é um líder natural com habilidades e talentos desenvolvidos pela experiência de sua própria vida. Estas capacidades, ou competências,
COMUNICAR
são nossos poderes. Convidamos vocês a reconhecerem dentro de si e aprimorarem a partir desta experiência as seguintes capacidades pessoais:
Ouvir atentamente, perceber as necessidades das pessoas e transmitir conhecimento, ideias e pensamentos de forma clara e compreensível para todos.
Desenvolver ideias com aplicação imediata através do diálogo, pela associação entre várias ideias e áreas de conhecimento.
Fazer acontecer
Transformar ideias em ações práticas concretas, assegurando a participação máxima de todos os envolvidos.
Enxergar o que precisa ser feito, com uma visão completa e privilegiada de todas as situações.
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CRIAR
Enxergar o todo
Expressar sua opinião sobre si e sobre o outro Enxergar soluções para os problemas a partir do conhecimento ou vivência de outras realidades e exemplos.
Ser coerente
Fazer conexões
Agir de acordo com o que fala, sempre, especialmente quando se tratam de valores e princípios.
Harmonizar interesses divergentes, levando em consideração as necessidades de todos os envolvidos, preservando e fortalecendo as relações.
Inspirar pessoas
expressar, de forma clara e objetiva, questões difíceis e delicadas que dizem respeito diretamente a forma de ser das pessoas, sem passar agressividade e com amorosidade.
Negociar
Criar ambientes que acolhedores e que motivem a partilha de histórias, contribuindo também para o fortalecimento das relações.
Encontrar caminhos que levem a resultados surpreendentes, até radicalmente inesperados, e que sejam simples.
Pensar
estrategicamente
Texto adaptado de material do curso Equipes Transformadoras, da Cortines & Sebastiá Assessoria em Gestão Empresarial, sobre competências do líder
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Dicas para manter o grupo animado
e fazer acontecer juntos!
Unir e manter um grupo de pessoas animado para transformar uma comunidade é um grande desafio cotidiano. Por um lado, temos questões pessoais (conflito de família, questões de saúde, jornadas longas de trabalho, por exemplo) que influenciam na presença ou ausência das (os) integrantes. Outro fator é a qualidade na comunicação e a forma de mediar as brigas que surgem. Aí está achave do sucesso! Criar um ambiente de confiança e respeito entre as
(os) participantes com foco no que as (os) une e não no que as (os) separa. Além disso, é preciso colocar-se em ação sempre! A ação cura a relação! Como fazer acontecer mudanças sem escutar as pessoas, sem organizar o que precisa ser feito, sem buscar parcerias? Na nossa experiência, provocar encontros frequentes garante a permanência e evolução do grupo.
Encontros individuais
O contato e a conexão através de conversas significativas individuais em um primeiro momento e, em grupo, em um segundo momento, contribui para a profundidade nas relações ampliando o nível de envolvimento dos participantes.
Encontros frequentes Os encontros comunitários ou reuniões do grupo com freqüência estabelecida (semanais, quinzenais ou mensais) promovem espaços de diálogos coletivos para dividir os desafios, aprendizados, sonhos e planejamento de ações com temas de acordo com interesse de cada comunidade. Além disso, fortalece o grupo e traz consistência para uma agenda coletiva de ações permitindo um acompanhamento e monitoramento das ações. É muito importante manter a periodicidade para que essa atividade passe a fazer parte da vida das pessoas. 37
Atenção: Valorize quem está no grupo e o que sabe fazer! Pessoas de todas as idades são bem-vindas crianças, jovens, adultas (os), idosas (os). Todo mundo tem muitas ideias para oferecer! Construa espaços de conversas acolhedores e harmônicos para que nasçam as ideias.
mutirões e produção de eventos cria um senso comum no grupo, desenvolve habilidades e fixa o conhecimento a partir da ação. Procure outros grupos ou outras comunidades para o fortalecimento de vocês através de visitas inspiradoras.
Cultive uma cultura prazerosa de encontros para as pessoas queiram voltar.
Busque ajuda de especialistas na cidade ou região (que sejam referência nas temática das ações em andamento) para orientação do grupo no empreendimento de suas ações.
Cuide do ambiente do encontro – organização das cadeiras em círculo, apresentação inicial com nome e expectativa de todos os presentes para aquele momento, construção coletiva do que vai ser conversado, atividades de integração, filmes inspiradores etc.
Realize eventos abertos e convidem pessoas de dentro e de fora da comunidade, pois estas experiências aumentam a capacidade de cada pessoa e fortalecem o grupo, materializam parcerias, criam vínculos e fortalecem o sentimento de pertencimento ao território.
Anime as pessoas para preparar um lanche coletivo (piquenique, sopa, lanche) na finalização de cada reunião.
Atenção: Pense quais são seus medos e suas expectativas em relação ao que vocês estão fazendo:
Começar já! Realize ações mensalmente para tornar as metas e sonhos comunitários visíveis e reais a partir do trabalho cooperativo. Podem ser atividades mão na massa, como mutirões de manutenção e melhoria física, ou de planejamento e organização de festas e eventos nos empreendimentos e espaços construídos durante a ação do grupo. A materialização de sonhos coletivos através de
Como enfrentar os medos e resistências que podem me impedir de levar este projeto em grupo adiante? Como agir estrategicamente para conquistar aliadas (os) e superar os obstáculos que surgirão? Como assegurar o meu mundo ideal? O que de muito diferente devo fazer no meu dia a dia? 38
Ferramenta de
mediaçÃo de CoNfLItos O desafio de mobilizar e unir diferentes pessoas a partir de um interesse comum, inevitavelmente, traz conflitos pela maneira com que cada pessoa apresenta sua ideia e estratégia de realização, a partir da sua experiência de vida. Conseguir chegar a uma proposta que atenda todas as expectativas e respeite todas as diferenças é um caminho longo de comunicação e mediação. A primeira dica é reconhecer que o conflito não pode ser o fim de um assunto ou relação entre pessoas, e sim uma parte importante do processo. A Comunicação Não Violenta (CNV) é considerada uma forma prática e eficiente de melhorar as relações pessoais e transformar conflitos. Sua prática ajuda a desenvolver uma expressão mais autêntica e honesta, e, ao mesmo tempo, uma escuta mais empática e profunda, de maneira que fica mais fácil entender os outros e ser melhor compreendido. É uma forma prática de lidar com conflitos e transformar as interações pessoais em relacionamentos mais satisfatórios, que atendam melhor as necessidades de cada um, respeitando as diferenças.
Para praticar
Passo 1
Se expresse com honestidade. Entenda que os seus pensamentos são histórias, carregadas de julgamentos e interpretações que a sua cabeça elaborou sobre o fato ocorrido. Precisamos exercitar a observação de maneira descritiva e não julgadora.
Passo 2
Tente nomear as emoções e sensações que sente em relação aos pensamentos. Nossos sentimentos resultam de como escolhemos receber as ações e falas de outras pessoas. Segundo a CNV, podemos 39
reagir a uma mensagem negativa de quatro diferentes formas: a) Culpar a si mesma (o); b) Culpar outras pessoas, revertendo a sensação de culpa; c) Escutar nossos próprios sentimentos e necessidades. Aqui, já criamos uma maior consciência de nossos sentimentos pessoais sobre aquele fato específico; d) Escutar os sentimentos e necessidades das outras pessoas. Aqui, viramos o foco para o que a outra pessoa necessita e nos pede (mesmo sem saber que pede).
O ponto crucial em lidar com conflitos é assumir 100% da responsabilidade por nossos sentimentos, pois as situações externas e pessoas são apenas gatilhos para reações internas que desenvolvemos dentro de nós. Para encontrar uma forma de comunicação genuína, é preciso interromper o fluxo de
nossos pensamentos habituais e oferecer uma escuta atenta. O maior sinal de que alguém realmente foi ouvido com empatia é quando a tensão de suas palavras diminui e ela se sente mais relaxada a ponto de parar de falar, pois se sente considerada e, portando, sem necessidade de achar que precisa fazer ou aprender algo.
Alguns sentimentos básicos que todos temos Como nos sentimos quando nossas necessidades são atendidas:
ALEGRIA/CONTENTAMENTO
Agradecida(o), alegre, alerta, aliviada(o), amorosa(o), animada(o), apaixonada(o), cheia(o) de energia, comovida(o), confiante, confortável, contente, curiosa(o), deslumbrada(o), esperançosa(o), estimulada(o), eufórica(o), feliz, impressionada(o), inspirada(o), interessada(o), intrigada(o), orgulhosa(o), otimista, realizada(o), relaxada(o), satisfeita(o), solidária(o), surpresa(o), tranquila(o)
Como nos sentimos quando nossas necessidades não são atendidas:
MEDO/ANSIEDADE
Ansioso(a), apavorado(a), apreensivo(a), cauteloso(a), chocado(a), confuso(a), constrangido(a), culpado(a), desconfiado(a), desconfortável, desorientado(a), embaraçado(a), envergonhado(a), estressado(a), horrorizado(a), impaciente, incrédulo(a), indeciso(a), intrigado(a), medroso(a), modesto(a), nervoso(a), preocupado(a), prudente, relutante, surpreso(a) e tímido(a).
RAIVA/FRUSTRAcÃO
Aborrecido(a), agoniado(a), agressivo(a), arrogante, chocado(a), colérico(a), crítico(a), decepcionado(a), enciumado(a), enojado(a), exasperado(a), frustrado(a), histérico(a), hostil, indignado(a), invejoso(a), irado(a), irritado(a), nervoso(a), perturbado(a), rabugento(a), revoltado(a) e vingativo(a).
TRISTEZA/LUTO
Cansado(a), chateado(a), com pena/dó, com saudades, depressivo(a), desapontado(a), desencorajado(a), desesperançado(a), desgostoso(a), desolado(a), entediado(a), exausto(a), magoado(a), melancólico(a), nostálgico(a), perdido(a), retraído(a), solitário(a), sozinho(a) e triste.
NÃO-SENTIMENTOS
PENSAMENTOS/INTERPRETAcÕES OU FATOS QUE APARENTAM SENTIMENTOS Abandonado(a), abusado(a), atacado(a), apressado(a), desconsiderado(a), depreciado(a), enganado(a), humilhado(a), ignorado(a), intimidado(a), invisível, incompreendido, manipulado(a), negligenciado(a), rejeitado(a), rebaixado(a), traído(a) e usado(a).
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Passo 3
Identifique as necessidades universais que estão por detrás destes sentimentos e pensamentos. Quando nos comunicamos a partir de nossas necessidades, sentimentos e desejos, temos mais chance de ser atendidas (os) do que
quando usamos julgamentos e avaliações.Ao invés de pensar no que está errado na situação ou na pessoa, podemos pensar quais são as necessidades que queremos ver atendidas em nós. São muitas as necessidades ocultas que carregamos.
algumas necessidades humanas universais
SUBSISTaNCIA
ENTENDIMENTO
Abrigo, água, ar, comida, exercício físico, expressão sexual, movimento, saúde, toque
PROTEcÃO
Acolhimento, conforto, estabilidade, ordem, segurança, segurança física, suporte
Aceitação, clareza, compreensão, empatia, inclusão, presença
DESCANSO
Equilíbrio, espaço, harmonia, integração, paz, relaxamento, tranquilidade.
INTERDEPENDeNCIA
Apoio, apreciação, atenção, companhia, comunhão, comunidade, confiança, contato, contribuição, cumplicidade, diversidade, encorajamento, honestidade, integração, mutualidade, participação, pertencimento, proximidade, troca Essa lista de necessidades não é definitiva, mas somente um ponto de partida para apoiar quem deseja envolver-se em um processo de 41
COMPAIXÃO
Afeição, amor, carinho, conexão, consideração, respeito, segurança emocional
AUTONOMIA
Amor próprio, autenticidade, autoestima, criatividade, equilíbrio, escolha, força interior, honestidade, integridade, liberdade, metas, significado, sonhos
DIVERSÃO
Alegria, aprendizado, criatividade, distração, humor, iniciativa, inspiração, riso
SENTIDO
Apreciação, beleza, celebração, contribuição, esperança, expressão espiritual, felicidade, gratidão, luto, propósito, significado. aprofundamento da autodescoberta. É um apoio para facilitar uma maior compreensão e conexão entre as pessoas.
Passo 4
Elabore pedidos claros e específicos que te apoiem a atender as suas necessidades. Quando fazemos pedidos claros e específicos, há mais chance de eles serem atendidos. A primeira dica é falar claramenre o que você quer, ao invés do que não quer. Buscar o que você necessita é mais efetivo do que
esperar que alguém adivinhe seu desejo só pelas suas reações. Ações objetivas são mais compreensíveis e menos confusas. Caso não fique claro para a outra pessoa, cheque se ela entendeu o pedido ou refaça novamente, de outro modo, com tranquilidade.
Atenção: Cuide das palavras, do tom da voz e do que você está querendo dizer! Escute com atenção e repita o que a outra pessoa disse para verificar se você entendeu corretamente. Os sentimentos não são bons conselheiros para agir e tomar decisões.
Começar já - Inicie todos os encontros com uma rodada de LUTOS e CELEBRAÇÕES, ou seja, pontos que considerou negativos e pontos que considerou positivos. Exemplo: A apresentação pode ser realizada dessa forma:
Meu nome é... , moro em ......., estou aqui porque....... e nesta semana eu enluto........ e celebro........ - Quando um assunto for muito polêmico,
proponha o JOGO do GANHA-GANHA. O desafio é achar uma solução que seja boa para todos. Cada um vai dizendo a sua solução. Caso ela não seja confortável para alguém, essa pessoa se manifesta e propõe uma nova alternativa. Você pode estimular o grupo a iniciar dizendo: “essa solução é boa para mim porque ....” OU “essa solução não é boa para mim por isso eu sugiro.....”. - Provoque reflexões, como: “o que faz vocês estarem neste grupo?”, “o que você gostaria que fosse diferente no grupo?”, “o que eu posso e quero fazer?”.
A Comunicação Não Violenta foi criada por Marshall Rosenberg. O programa Comunidades Empreedoras contou com facilitação de Yuri Haazs e Sandra Caselato. 42
Como lidar com
recursos do grupo (físicos e financeiros)
A conquista de recursos é sempre um momento de comemoração, seja ele financeiro (dinheiro), equipamentos ou serviços. É uma sinalização clara das conquistas do grupo, mas é também o momento que exige mais cuidado! É essencial ter cuidado ao lidar com dinheiro ou equipamentos que são de um grupo de pessoas. Lidar com recursos coletivos com descuido ou sem clareza pode gerar vários conflitos e até o fim de um projeto. Neste momento, o grande desafio é estabelecer uma relação de confiança e abertura entre o grupo. O caminho para estabelecimento de confiança é o diálogo aberto. Falar sobre dinheiro é culturalmente desconfortável, mas é fundamental que as tomadas de decisão sejam feitas em grupo e haja transparência através da comprovação dos recursos que entram e saem para realização do projeto. Decidir com clareza como os objetivos do grupo serão transformados em realidade no dia a dia significa incluir todas as pessoas do grupo na definição das metas, controle do orçamento, acompanhamento e evolução dos planos (com possibilidade de alterações ao longo do caminho). Neste tema, também é preciso lidar com alguns nomes e burocracias (documentação e procedimentos) que muitas vezes não temos o hábito, como:
RECEITA
Todo o dinheiro que entra. Exemplo: doações em dinheiro, venda de produtos, venda de rifas, lucro de festas etc.
DESPESAS DE PROJETO OU VARIÁVEIS
Custos que dependem (e são diretamente relacionados) ao ritmo e ao volume de produção ou de prestação de serviços. Por exemplo, é muito comum que sorveterias produzam e vendam mais durante os meses mais quentes do ano. Nesses meses, haverá mais custos relacionados à compra de matériaprima, contratação de mão de obra temporária e de serviços acessórios (transporte, entrega), utilização de energia etc. 43
DESPESAS FIXAS
Gastos mensais que o projeto precisa pagar, independentemente de realizar ou na alguma ação. Exemplo: caso haja uma sede, podem haver despesas fixas de aluguel, água, luz.
DESPESAS EXTRAS
Gastos que não fazem parte do dia a dia e aparecem como emergências. É muito importante termos um “fundo” ou uma poupança para cobrir essas surpresas, caso aconteçam ou o grupo decida fazer novos investimentos, como: compra de um novo equipamento, reforma no espaço utilizado, manutenção imprevista.
Para fazer os projetos acontecerem, é fundamental: • Definir as tarefas e funções necessárias para o projeto acontecer, desde a ideia inicial até a divisão dos recursos; • Definir responsáveis por cada tarefa; • Listar materiais, serviços e equipamentos necessários. Dicas para um bom controle dos recursos: • Definir um plano de despesas e receitas para o ano. Listar todas as despesas que podem ser previstas e estabelecer metas de valores que consigam cobrir todos os gastos; • Fazer um controle para os gastos e recebimentos de recursos, por exemplo:
Data
Descricão
11/02
Lucro da festa do carnaval
13/02
Conta de luz
70,00
+230,00
14/02
Compra de produtos de limpeza conforme Nota Fiscal 0165
40,00
+190,00
• Realizar sempre três orçamentos (preços) em diferentes fornecedores para cada item que o projeto precise; • Classificar as prioridades para investir as receitas ou direcionar a busca de patrocinadores para empresas que vendem materiais ou serviços dos itens priorizados; • Realizar compras em locais que emitam Nota ou Cupom Fiscal; • Ter as contas sempre organizadas e disponíveis para que qualquer pessoa do grupo passa acompanhar e tirar dúvidas. Normalmente, estas dúvidas acontecem e acabam gerando um grande conflito quando não são encontradas explicações. Isso é péssimo para quem está cuidando do dinheiro e para o resto do grupo, que se sente inseguro. Os empreendimentos que tem como a geração de renda como objetivo precisam cuidar muito bem dos itens acima e pensar
Entrada Saída Saldo no Caixa 300,00
+300,00
bastante na hora de colocar os preços nos produtos: • É essencial fazer um estudo real do custo do produto e de seu preço de venda. Por exemplo: anotar quanto tempo demora para fazer cada etapa da produção deste produto, quantificar os materiais necessários na produção e seu rendimento; • Depois de definir todas as funções necessárias para o projeto existir (atividades de produção, vendas, administração, divulgação etc), o grupo precisa decidir a forma de remuneração de cada um no grupo (por produtividade, por dedicação de tempo ou outras opções). Isso é bem importante! Normalmente, o grupo começa a dividir tudo igualmente, mas aos poucos, pode percebe que a divisão das funções não está exatamente igual, o que gera conflitos. Por isso, sugerimos que a remuneração seja dividida pela
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função assumida e não pelo número de pessoas no grupo; • As responsabilidade podem ser assumidas de acordo com as habilidades pessoais, entretanto, estimulamos a troca de funções e responsabilidades para que todas as (os) integrantes tenham conhecimento sobre as diferentes frentes de ação; • A definição da aplicação das receitas é muito importante, por exemplo: 50% das receitas serão divididas pelas
(os) integrantes de acordo com a dedicação de tempo de cada pessoa independentemente da frente de ação em que a pessoa atuou; 20% para as despesas fixas e variáveis com materiais, água, luz, telefone e demais despesas; 20% para um fundo de investimento de melhoria da infraestrutura do grupo e 10% será para despesas extras; • Definam uma data fixa mensal para prestação de contas entre o grupo.
FORMAS DE ORGANIZAÇÃO Valorizamos a evolução dos laços de confiança do grupo a partir da ação e acreditamos que a formalização nasce como uma necessidade do fazer acontecer. Estimulamos iniciar a transformação através de realizações concretas e, num segundo momento, buscar a formalização jurídica. Sugerimos iniciar como um coletivo – grupo de pessoas que realizam ações com o mesmo propósito sem uma organização jurídica formal. Neste modelo, não há número de participantes determinado, a gestão é compartilhada entre todas (os) as (os) integrantes que definem conjuntamente o que querem fazer e como querem fazer (autogestão). Neste momento, as parcerias são conectadas pelo propósito do projeto, o que facilita o diálogo com parcerias de doação de materiais a partir de apresentação por escrito. Eventualmente, algumas (ns) parceiras (os) solicitam o CNPJ para realizar doação. Quando isso ocorrer, sugerimos buscar a parceria de organizações locais, como a 45
associação de bairro, escola ou organização não governamental (ONG) que esteja envolvida no grupo e aceite receber estas doações especiais em nome do grupo. A partir do momento em que o grupo esteja mais entrosado, desenvolvendo várias ações, nasce a necessidade de entender as formas de organização existentes no Brasil e definir qual é a mais adequada para os objetivos em andamento. Nesta fase, é muito importante procurar ajuda de advogadas (os) que tenham conhecimento sobre a legislação do terceiro setor. No programa Comunidades Empreendedoras, contamos com a parceria da Rede Papel Solidário, que orientou os grupos comunitários a partir da seguinte visão: Associação Sem Fins Lucrativos, Empresa Social, Cooperativa, ou MEI – Micro Empreendedor Individual. Leia mais em:
www.institutoelos.org/comunidadesempreendedoras
Como fazer um
cinema de rua na sua comunidade Texto elaborado pelo Instituto Querô
1) Conhecer a comunidade Antes de criar um movimento de cinema de rua, é preciso conhecer a comunidade, suas necessidade e expectativas. Promova encontros, reuniões, propicie espaços de trocas, com realização de atividades, aplicação de questionários e outros meios que proporcionem mapear oportunidades. 2) Firmar parcerias As parcerias podem ser com outros moradores, comerciantes, escola do bairro, jornal local, igrejas, organizações sociais, instâncias governamentais como a prefeitura e suas secretarias. Todo mundo 47
pode colaborar com o Cinema de Rua. A (o) pequena (o) comerciante pode contribuir com a pipoca, o jornal local com a divulgação da programação, igrejas e escolas podem ceder espaços. 3) seleção dos filmes A escolha dos filmes deve ser feita coletivamente e levando em conta os resultados do diagnóstico realizado anteriormente. É importante lembrar que o repertório cultural e cinematográfico se constrói aos poucos. Procure diversificar os gêneros. Comédias, ações e aventuras
são ótimas opções, mas não deixe de fora documentários e outros filmes que tratem com mais seriedade de assuntos importantes para a comunidade. 4) Locais das sessões A definição dos locais das sessões é um dos passos mais importantes da ação. Devese optar por espaços que comportem um número considerável de pessoas, que sejam seguros do ponto de vista do trânsito e que tenham ponto de energia elétrica para ligar os equipamentos. Certifique-se se a sessão não irá interromper o fluxo de carros e ônibus, atrapalhar as aulas na escola próxima, o culto ou a missa na igreja, ou a tranqüilidade de um hospital. 5) Definição de equipe O ideal é que a equipe do cinema de rua seja formada pessoas que morem na própria comunidade. Todas as decisões devem ser democráticas, desde a definição da programação, o número de sessões que serão realizadas, a forma de divulgação e mobilização e a distribuição de tarefas. A equipe deve estar sempre aberta a novas (os) integrantes, de todas idades, com diferentes habilidades e saberes. 6) Divulgação, comunicação e mobilização É fundamental que sejam criados canais de comunicação dinâmicos e que aproveitem os meios já existentes como jornais locais, murais, panfletagem ou carros de som. Crie materiais de divulgação como panfletos, cartazes, faixas. Se possível, mobilize outras (os) moradoras (es) e parceiras (os) para contribuir com ideias e materiais e realizar a divulgação.
7) Equipamentos e infraestrutura Em geral, o cinema de rua exige uma infraestrutura mínima. Basta um projetor multimídia, um telão, caixas de som e um aparelho de DVD ou um laptop e pronto! Já podemos projetar nossos filmes! Também é possível adaptar. Na ausência de uma tela, por exemplo, os filmes podem ser projetados em uma lona, lençol ou parede branca. O som é um elemento muito importante. Usar caixinhas pequenas pode inviabilizar a sessão. 8) Produção (pré-produção e pós-produção) O “quem faz o quê” é muito importante, sobretudo no dia da sessão. É preciso determinar quem leva os equipamentos e quem liga e desliga, quem organiza as cadeiras e o espaço como um todo. O mesmo para o fim da sessão. É preciso definir quem desmonta, guarda e transporta os equipamentos, quem libera e limpa o espaço. 9) Atividades complementares Toda sessão pode ser complementada com atividades que aconteçam na sequência do filme ou até mesmo em outro dia. Atividades lúdicas como pintura de rosto e produção de desenhos são ótimas para as crianças. Com adultos, podem ser realizados debates sobre o filme assistido. Para a realização dessas atividades, convide parceiras (os), profissionais e pessoas que queiram se envolver em questões culturais e sociais. 10) Hora de avaliar! A avaliação deve ser realizada ao fim de casa sessão. A equipe deve relatar suas impressões, os acertos e possíveis descontentamentos. Problemas, erros e imprevistos são normais e devem ser encarados no sentido de já buscar novas estratégias para as novas sessões. 48
cOmo fazer uma
horta comunitária Texto elaborado pela ONG Cidades Sem Fome
1) Junte as pessoas Fazer só pode parecer chato, então convide vizinhas (os), amigas (os) e a família para começar! Busque no seu bairro quem gosta de plantas. Quem são as pessoas que tem jardins maravilhosos? 49
2) Escolha um terreno acessível Nas cidades não é fácil encontrar terrenos vazios. Lembre-se de fazer junto! Chame as pessoas que estão interessadas na horta e busquem lugares no seu bairro. O terreno deve ser ocioso, mais ou menos plano,
acessível, e receber Sol, pelo menos em alguma parte do dia. 3) Envolva a (o) dona (o) Não é recomendável invadir um terreno sem avisar a (o) dona (o), quando pode-se conversar sobre uma parceria. Como uma horta não é uma construção, os custos são baixos e, se precisar mudar de lugar, não vai ser difícil. Se pertencer a uma empresa, vale a pena fazer um contrato de comodato. 4) Procure o apoio do governo municipal e de associações locais Se a horta for em uma praça, muitas vezes dá para começar uma hortinha de forma autonomia, sem perguntar, mas lembrese: quando fazemos juntas (os), podemos ir mais longe. Procure o apoio da prefeitura. Associações locais podem te ajudar na apresentação do projeto. 5) Coloquem a mão na massa! Juntou um grupo? Vamos por a mão na massa! Compre ou peça doações de ferramentas como enxada, pá e um carrinho. Vamos que vamos! Façam reuniões com diferentes grupos, para mostrar o projeto e ter mais gente ajudando. 6) Organizem mutirões Mutirões são o jeito mais legal de fazer acontecer, seja a limpeza do terreno, a construção dos canteiros ou o primeiro plantio. É essencial planejar a ação, prevendo em que dia vão acontecer as atividades, em que horário, quais metas serão alcançadas, quanto tempo será necessário para cada ação (como a limpeza do terreno) e definir os locais corretos de trabalho (por exemplo, para despejo do entulho).
7) Trabalhem com adubo orgânico Esterco é um ótimo adubo e a melhor opção para quem não quer usar produtos químicos na horta. Procure uma chácara ou local de criação de animais. Na maioria das vezes, eles dão esse recurso de graça. Se o esterco tiver um cheiro forte, é melhor esperar algum tempo antes de usar. Esse recurso pode ser encontrado também em lojas de jardinagem. O esterco de frango deve ser usado com cuidado pois é muito forte. 8) Reusem materiais Muitas coisas podem ser reutilizadas na horta - madeira, garrafas pet e até pias. Seja criativo, pois dá para plantar em uma infinidade de recipientes. Caso existam muros no terreno, pense em uma horta vertical, por exemplo, com temperos. 9) Comecem pequeno, expandam depois O terreno que escolheu é muito grande? Basta começar em um cantinho. Assim que as pessoas perceberem o que está crescendo, pode ter certeza que o grupo crescerá! 10) Plante as culturas companheiras juntas Não é só você que precisa de companhia para trabalhar na horta. As plantas também têm relações entre si que podem beneficiar ou prejudicar o seu crescimento. Na natureza, as plantas de tamanhos e espécies diferentes vivem juntas, explorando o solo cada uma a seu modo e enriquecendo-o de maneira diversa com as substâncias orgânicas que produzem. Pesquise sobre plantas companheiras e saiba quais as plantas que se dão bem juntas.
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Como montar uma
feira gastronômica Texto elaborado pela Equipe Elos
Como montar uma
feira gastronômica Texto elaborado pela Equipe Elos
1. Façam uma pesquisa no seu bairro e procure por quem sabe cozinhar. Reúnamse e comecem a sonhar como e quando vai acontecer a primeira feira gastronômica.
2. Combinem entre os participantes qual será o cardápio e como cuidar da higiene e da manipulação dos alimento. (Conheça o padrão nacional em www.anvisa.gov.br/divulga/ public/alimentos/cartilha_gicra_final.pdf)
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3. Planejem como será o evento e que horas acontecerá a montagem e a desmontagem da feira. Lembrem-se de incluir a preparação dos alimentos, além do transporte dos materiais, montagem das estruturas das barracas, mesas e cadeiras, lixeiras e decoração. Música ambiente é sempre muito agradável e atrai o público. 4. Planejem a montagem dos espaços para expor os produtos da maneira mais atraente possível. Pode ser com um pranchão sobre cavaletes, uma mesa, uma barraca de feira ou de eventos. Pensem em formas criativas de conseguir os materiais e procurem referências na internet. 5. Planejem do início ou fim e pensem nos detalhes: imaginem como será receber as pessoas, produzir as comidas, pensem nas embalagens e formas de receber o dinheiro. Isso ajudará a pensar em todos os equipamentos, utensílios e materiais necessários para a comercialização de seus produtos. 6. Imagem é tudo! Os produtos devem ser agradáveis aos olhos, bem apresentados e ter opção de ser servidos em condições ideais para o consumo no local ou para viagem. Preparem-se com antecedência, estudem detalhadamente tudo o que precisam para servir os produto: pratos, talheres, guardanapos etc. Busquem embalagens descartáveis, preferencialmente de materiais reciclados ou recicláveis. 7. Pensem em estratégias de comercialização dos alimentos para aumentar as chances de sucesso e de vendas. Tudo o que produz cheiro, fumaça, tudo que tem movimento e cor é sempre mais
atraente. Deixem uma parte da produção para finalizar na frente do cliente, assim ele tem a sensação de que é tudo fresquinho e de que cada porção é única e especial. 8. Decorem a feira e as barracas para que elas representem bem o grupo e a imagem que vocês querem deixar no bairro. Banners, quadros, enfeites, vasos, placas de sinalização e itens de decoração são bemvindos. Criem uma identidade visual e lembrem-se de que ela funciona como uma vitrine para expor os produtos. Pensem em cada detalhe e planejem bem o espaço para que, além de apresentar os produtos de forma atraente, ele transmita a sensação de limpeza, organização e acolhimento. 9. Lembrem que uma equipe sorridente, acolhedora, simpática e preparada para atender e dar informações sobre os produtos à venda é essencial. Outra dica importante sobre a equipe é a identificação: o uniforme ajuda a saber quem está trabalhando e fortalece o grupo. Mantenham os cabelos presos, façam uso de luvas quando necessário e tenham recipientes com álcool gel para constante higienização das mãos. Tenham uma pessoa exclusivamente para fazer o trabalho de caixa e evitem que ela manipule alimentos. Mostrem ao público que vocês se preocupam com a saúde de todos. 10. É muito importante que o cliente leve algo para lembrar-se da feirinha quando chegar em casa. Preparem um bom material de divulgação contando sobre a origem do grupo e suas ações. Cartões de visita, folders e menus para eventos são algumas das ferramentas que podem ajudar a fortalecer a marca de vocês.
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anexos Preparamos para você uma série de materiais de apoio para você baixar em algum computador no endereço: www.institutoelos.org/comunidadesempreendedoras
1. Como fazer reuniões comunitárias 2. Como apresentar projetos 3. Formas de organização 4. Materiais de divulgação 5. Modelo de requerimento 6. Modelo de Ofício
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LISTA DE CRÉDITOS Este guia foi escrito em conjunto por Thais Polydoro Ribeiro, Natasha Mendes Gabriel, pela Equipe de Facilitadores do Elos, em especial Marina Engels, Clarissa Müller, Mariana Felippe, Natália Dittmar, editado por Ricardo Oliveros, revisado por Mariana Felippe, Mariana Gauche e André Pascoal, com design gráfico de Ariane Lopes e Bruno Matinata. As fotos que compõe esta publicação são de autoria do Fotógrafo Paulo Pereira ( foto de capa, contracapa, páginas 3, 4, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 16, 17, 18, 19, 20, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 30, 31, 32, 42 e 46), Fotógrafo Fernando Campos ( fotos páginas 6, 14, 17 e 38 ), Instituto Querô ( fotos páginas 22 e 47 ), Grupo Conexão Guapurá ( foto página 51) e Equipe Elos. Equipe Técnica do Programa Comunidades Empreendedoras Coordenadora Geral Thaís Polydoro Ribeiro Coordenadora Pedagógica Natasha Mendes Gabriel Gestão Administrativo Financeiro André Luiz Rodolfo Pascoal Gestão de Relacionamento - Consultoria de Comunicação Val Rocha Design Gráfico Ariane Lopes Mates e Bruno Matinata Comunicador / Jornalista Ricardo Oliveros Auxiliar de Administrativo Financeiro Laura Salustiano Benites Facilitador pleno na comunidade Vila Progresso e Guapurá Natália Torres Dittmar Facilitador pleno na comunidade Vila Progresso e Prainha Mariana Felippe de Oliveira Facilitador pleno na comunidade Prainha e Caminho da União Clarissa Borges Müller Facilitador pleno na comunidade Caminho da União e Guapurá Marina Miguel Engels e Paulo Farine Milani Facilitador pleno na comunidade Prainha e Vila Progresso Niels Koldewijn 54
ISBN: 978-85-69096-01-6 56