Revista Plano Brasília Edição 69

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Plano

MAIO de 2010 · 2ª Quinzena Ano 7 · Edição 69 · R$ 5,00

BRASÍLIA w w w. p l a n o b r a s i l i a . c o m . b r

A voz E D I T O R A

da

rebeldia

brasiliense

Entrevista Gim Argello PERSONAGEM Vicky Tavares PONTO DE VISTA Wilmar Lacerda





Nós brasilienses estamos vivendo um novo Brasil. O Governo Federal investe em programas sociais e obras de infraestrutura que geram mais oportunidades, fortalecem a economia e melhoram a vida no Distrito Federal.

• A escola técnica de Planaltina prepara jovens para o mercado de trabalho e, até o final do ano, mais 4 serão inauguradas. E o acesso à Educação Superior foi ampliado com a expansão da UnB, além de mais de 10 mil bolsas concedidas pelo Prouni. • As ambulâncias do SAMU garantem atendimento emergencial para mais de 2,6 milhões de brasilienses. E a Farmácia Popular oferece medicamentos até 90% mais baratos.

Escola Técnica de Planaltina

• O Bolsa Família assegura alimentação, frequência escolar e o acompanhamento da saúde de mais de 71 mil famílias. • A vida de famílias em situação de risco melhorou com a transferência para novas moradias, em áreas urbanizadas e regularizadas, como na Vila Estrutural. • Com a duplicação da BR-060, ir de Brasília a Goiânia ficou mais rápido e seguro. E o trânsito vai melhorar com as obras da BR-020, que liga Planaltina a Sobradinho.

Vila Estrutural

Estamos vivendo um novo Brasil. Feito por você. Respeitado pelo mundo.

BR-020




Sumário

36 32 62

56

6470

12 Cartas

40 Cotidiano

66 Mundo Animal

13 Entrevista

42 Planos e Negócios

68 Jornalista Aprendiz

16 Panorama Político

44 Automóvel

70 Fotografia

18 Brasília e Coisa & Tal

46 Vida Moderna

72 Propaganda e Marketing

20 Política Brasília

48 Esporte

74 Tá lendo o quê?

22 Dinheiro

50 Personagem

76 Frases

23 Cresça e Apareça

52 Saúde

77 Justiça

24 Capa

54 Nutrição Alternativa

78 Diz aí, Mané

28 Cidadania

56 Comportamento

79 Opinião

30 Gente

58 Moda

80 Ponto de Vista

32 Cidade

60 Cultura

82 Charge

36 Educação

62 Artes Plásticas

38 Tecnologia

64 Gastronomia

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PLANO BRASÍLIA 2ª QUINZENA MAIO 2010



Expediente

Carta ao leitor

E D I T O R A

DIRETOR EXECUTIVO Edson Crisóstomo crisostomo@planobrasilia.com.br DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS Nubia Paula nubiapaula@planobrasilia.com.br DIRETOR ADMINISTRATIVO Alex Dias

Plano

BRASÍLIA Assessor de Diretoria Roberto Thomé Gerente Comercial Gustavo Sasse DiretorA de redação Célia Chaves CHEFE DE REPORTAGEM Alessandra Germano e Luciana Vasconcelos Reis DIRETOR DE ARTE Rodrigo Dias

DESIGN GRÁFICO Diego Fernandes, Eward Bonasser Jr e Theo Speciale PROJETO GRÁFICO Sandra Crivellaro Fotografia Estúdio Dephot e Gustavo Lima COLABORADORES Tarcisio Holanda, Romário Schettino, André Cerino, Mauro Castro, Luis Turiba, Gabriela Rocha, Flávia Umpierre, Juliana Mendes, Tássia Navarro, Clarice Gulyas, Gustavo Lima, Renato França, Gláucia Oliveira, Wilson Sampaio, Wilmar Lacerda, Alberto Ruy, Gabriela Moreno, Kasuo Okubo DISTRIBUIÇÃO EM BANCAS Distribuidora Jardim DIRETOR POR MAILING Vip Logística IMPRESSÃO Prol Editora Gráfica TIRAGEM 60.000 exemplares REDAÇÃO Comentários sobre o conteúdo, editorial, sugestões e críticas às matérias redacao@planobrasilia.com.br AVISO AO LEITOR Acesse o site da editora Plano Brasília para conferir na íntegra o conteúdo de todas as revistas www.planobrasilia.com.br PLANO BRASÍLIA EDITORA LTDA. SCLN 413 Bl. D Sl. 201 CEP: 70876-540, Brasília-DF Comercial: 61 3041.3313 Redação: 61 3202.1257 | 3202.1357 Administração: 61 3034.0011 | 3039.4003 revista@planobrasilia.com.br Não é permitida a reprodução parcial ou total das matérias sem a prévia autorização dos editores. A Plano Brasília Editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.

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Mais uma edição de Plano Brasília chega às suas mãos, trazendo informações sobre acontecimentos que marcam ou marcaram, em determinada época, a nossa capital. Onde, não poderia deixar de ser, a política ocupa lugar de destaque. Seja a partidária, seja a que tem origem nas lutas e nos movimentos sociais, ambas, porém, formas legítimas de manifestação e expressão da sociedade. Nesta edição, resgatamos fatos que marcaram a nossa história nos chamados “anos de chumbo” da ditadura militar imposta pelo golpe de 1964. Fatos protagonizados por estudantes que resistiram bravamente ao regime. Os de Brasília estiveram no epicentro das manifestações políticas e foram duramente reprimidos. Eles também se mobilizaram em favor do restabelecimento das eleições diretas para presidente da Republica; e de rostos pintados, foram às ruas exigir o impeachment de Collor, primeiro presidente eleito pelo voto popular após a queda do regime. Sem o confronto nas ruas, certamente, hoje, não teríamos espaço para a livre manifestação de pensamento. É neste contexto que situamos a entrevista do senador Gim Argello (PTB-DF), que embora instigado a expressar seus pontos de vista, preferiu falar pouco. Declarou-se candidato – “mas não sabe a quê” - e disse que as alianças e os acordos políticos estão sendo costurados, levando a crer que ainda vai demorar um pouco para a definição de um cenário de candidaturas no DF. Além dos assuntos da política trazemos informações que explicam cientificamente as razões do envelhecimento. A matéria revela que o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de países com maior número de cirurgias plásticas, ficando atrás apenas dos EUA. Ressalta, ainda, que para ser eficaz, uma intervenção cirúrgica precisa ir além do “puxa”, “estica”, “corta” e “costura”. O desafio ao preconceito pode ser identificado na matéria sobre homens e mulheres que exercem atividades supostamente atribuídas ao sexo oposto, bem como no belo exemplo de solidariedade que vem do Instituto Vida Positiva que cuida de crianças portadoras de HIV. Mas se todos esses assuntos lhe parecerem áridos pode começar a sonhar com sua TV LCD em 3D para assistir aos jogos da Copa do Mundo. Alguns fabricantes prometem lançar o produto até o início do mundial. Fechamos esta edição convidando você para conhecer a Casa Velha - um tesouro escondido em Brasília, que muitos sequer sabem que existe por aqui; além do trabalho de dois grandes chargistas, representantes da arte que faz rir leitores de grandes veículos de comunicação, desde o século XIX, que reveste de humor e graça os assuntos que já se tornaram corriqueiros na política e no cotidiano do brasileiro. Boa leitura e até a próxima.



Cartas

Fale conosco

Ganhei esta edição de meu pai, é do número do ano em que nasci. Li. Por ter apreciado seu conteúdo, sugiro humildemente que vocês deem a dica ao nosso ministro Tuma, que já que respeita o cargo que ocupa retire-se dele, afinal acaba de mostrar que não têm as qualificações necessárias para manter-se nele. Afinal, não soube escolher o que é mais importante: a amizade ou o trabalho. Pois alguém que exerce um cargo como o dele, deve estar ciente que deverá tomar decisões e sofrer algumas perdas para o bem de todos. Sérgio Murilo smrs@hotmail.com

Cartas e e-mails para a redação da Plano Brasília devem ser endereçadas para: SCLN 413 Bl. D Sl. 201, CEP 70876-540 Brasília-DF Fones: (61) 3202.1357 / 3202.1257 revista@planobrasilia.com.br

Gostaria de agradecer pela matéria sobre o Clube do Ledor. As voluntárias, as alunas e a direção do Centro de Ensino Especial também ficaram muito felizes e agradecidas. Parabéns! Ana Consuelo Moreira Clube do Ledor

Mensagens pela internet sem identificação completa serão desconsideradas.

Achei muito linda a reportagem feita com tanto carinho sobre o César de Abreu. É bom que ele não caia no esquecimento! Que Deus abençõe sempre o trabalho de vocês. Graça Abreu Asa Norte

A Revista Plano Brasília retifica o erro cometido na Edição 68. Na matéria de Cidadania o endereço correto do Clube do Ledor é: “SGAS 611/612 – L2 Sul”.

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As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, identificação, endereço e telefone do remetente. A Plano Brasília reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação.

Erramos


Entrevista

Por: Flávia Umpierre | Fotos: Gustavo Lima

“Sou candidato, só não sei a quê ainda” Presidente regional do PTB, o senador Gim Argello, falou pouco, mas deixou claro suas intenções. Para ele, não importa de que lado esteja ou a que vaga irá concorrer, o importante é participar

E

le ainda não tinha 20 anos quando foi preso em Taguatinga por distribuir panfletos defendendo a autonomia política da Capital Federal. Jorge Afonso Argello, conhecido desde aquela época como Gim, é senador da República pelo PTB. Diz que será candidato, só não sabe, ou não quer afirmar ainda, a qual dos cargos deve se candidatar. Gim ingressou no Senado como suplente de Joaquim Roriz (PSC), que renunciou ao mandato para escapar de um processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética. Isso após a divulgação de conversas telefônicas que o mostraram negociando a partilha de R$ 2,2 milhões com o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB), Tarcísio Franklin de Moura, realizadas durante a Operação Aquarela, da Polícia Civil do Distrito Federal, que desbaratou um esquema de desvio de dinheiro do BRB. No dia em que concedia essa entrevista, era votado no plenário do Senado Federal o projeto conhecido como “Ficha Limpa”, que visa impedir a candidatura de pessoas que tenham pendências com a justiça. Editado diversas vezes desde a sua concepção, o projeto de iniciativa popular, foi enfim aprovado. Mas, ao contrário do que os mais de 1,4 milhão de cida-

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Entrevista dãos brasileiros esperavam, o texto foi severamente modificado. No Distrito Federal a nova lei, que deverá entrar em vigor para as próximas eleições, não impedirá nenhum político em exercício de concorrer em outubro. Nem mesmo os envolvidos no escândalo conhecido como mensalão do DEM, deflagrados na Operação Caixa de Pandora da Polícia Federal, serão impedidos de se candidatar. Embora Gim Argello responda a uma investigação penal que corre em segredo de justiça, no Supremo Tribunal Federal, ele afirma não ter com o que se preocupar. Ele tambem responde no Tribunal Regional Federal de Brasília (1ª Região) por crime contra o sistema financeiro; e no Tribunal de Justiça do DF, por atos de improbidade administrativa, executado pela Fazenda Pública do Distrito Federal. O valor da causa é de R$ 27.594,56. (Fonte: www.excelencias.org.br). Gim contesta todas as acusações. O senador conta que logo nos seus primeiros meses de plenário no Senado, substituindo o desgastado Roriz que acabara de renunciar, aprendeu que entre eles “vale o que foi apalavrado”. Como presidente regional do PTB, se dispôs a participar de comissões setoriais e hoje faz parte de 20 diferentes, algumas como titular, como a de Assuntos Sociais, a de Constituição, Justiça e Cidadania e a de Assuntos Econômicos. Tornou-se uma importante peça política para intermediar junto ao Governo Federal a liberação de recursos para obras do GDF. E polemizou com um comentário que teria feito aos colegas Renan Calheiros (PMDB-AL) e Wellington Salgado (PMDB-MG), de que havia acumulado “seu primeiro bilhão de reais”. Formado em direito, já foi corretor de imóveis e hoje se apresenta como um dos senadores mais atuan-

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tes de Brasília. Em 2009, segundo sua assessoria, foi o político que mais trouxe recursos para o DF, num total de aproximadamente R$ 670 milhões de reais, destinados às mais diversas áreas. Suas articulações impulsionaram o programa Águas do DF, do Governo do Distrito Federal, beneficiando com mais de R$100 milhões as cidades de Taguatinga, Ceilândia e o Plano Piloto. Para o programa Pró-Moradia II, para a regularização de condomínios e a construção de novas casas, conseguiu o triplo: R$300 milhões.

Minha aproximação com a ministra Dilma começou por sorte do destino

Plano Brasília> Quais são os cenários para o senhor sair candidato? Gim Argello> Sou candidato, só não sei a que ainda, ao governo ou ao senado. Temos várias composições diferentes, mas só vou definir essa situação de verdade a partir do dia 15 de junho. Não defino isso antes nem sob tortura. Estou esperando o quadro de Brasília ficar mais claro, pois está muito nebuloso ainda. Como disse Petrônio Portela, “Quem tem prazo não tem pressa”, e é assim que encaro essa questão. Só vou definir qual o cenário melhor depois das consultas que estou fazendo... Nós temos mais de cem candidatos do PTB, deputados distritais, deputados federais e senadores. Então nós estamos esperando fazer umas consultas a todos eles, e uma consulta pública também, para que eu possa tomar uma posição. PB> Mas qual cenário mais lhe agrada? GA> Qualquer um deles. O importante é estar participando desse processo democrático. E onde eu estiver vou apoiar, com os nossos votos, com nosso partido no DF, com a nossa estrutura, a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff (PT). PB> Caso o senhor saia na chapa do précandidato ao governo, o ex-governador Joaquim Roriz (PSC), o senhor não acha que terá dificuldade em dar palanque para a candidata Dilma? GA> Eu acho que certa dificuldade nós poderemos ter, mas eu continuo com ela e digo onde eu estiver, que acredito que a Dilma será uma grande presidenta para esse país. PB> Mesmo Roriz dando palanque para o candidato do DEM, José Serra? GA> Eu não acho que isso irá acontecer. Uma das minhas dificuldades, dos pontos que eu estou avaliando é exatamente essa. PB> Quando começou essa aproximação do senhor com a ex-ministra Dilma Rousseff? GA> Minha aproximação com a então ministra Dilma começou


líder do partido foi uma escolha dos meus companheiros de partido, aliança consolidada. Sou vice-líder do governo há mais de dois anos. Faço parte das comissões mais importantes da Casa. As pessoas valorizam isso, mas é minha função. Sou responsável pelas votações dos empréstimos; e sou responsável por fazer os convênios; tento ajudar no que posso.

por sorte do destino. Há alguns anos me mudei para uma casa muito próxima de onde ela morava. Em caminhadas matinais passamos a nos encontrar, então começamos a andar juntos. Como diz Chico Buarque de Hollanda, “a melhor maneira de pensar é andando”. Nessas caminhadas, comecei a trocar ideias com a ex-ministra e levar para a prática essas ideias no plenário do Senado, onde também me tornei vice-líder do governo Lula. PB> A que se deve o constante crescimento de Dilma nas pesquisas? À popularidade do presidente Lula, ao carisma da candidata ou aos bons resultados do atual governo? GA> Gosto de chamá-la de “minha presidenta”. Eu considero a exministra totalmente preparada para enfrentar a dura campanha política que tem pela frente, sair vitoriosa e exercer o cargo de presidenta do Brasil, prosseguindo a política voltada para os pobres e os mais humildes, implementada pelo presidente Lula. Faço parte do Conselho Político da campanha de Dilma e sei que ela tem cacife para enfrentar os demais candidatos. PB> Como o senhor avalia esse cenário inédito no Brasil, de alianças nunca antes vistas e da proposta de palanques quase que totalmente discrepantes entre alguns Estados e o Governo Federal? GA> A política se tornou muito pragmática, principalmente no governo Lula. Gosto de dizer que sou um “político prático, que depois de ‘apalavrar’ as coisas, cumpro”. É o meu estilo de fazer política. PB> O senhor está satisfeito com os últimos anos de seu mandato como senador? GA> Quem tem que dizer isso é a sociedade organizada. Acho apenas que estou fazendo meu trabalho. Na história de Brasília, nunca um

Gosto de chamála de “minha Presidenta”. Eu considero a exministra totalmente preparada para enfrentar a dura campanha política que tem pela frente, sair vitoriosa e exercer o cargo de Presidenta do Brasil, prosseguindo a política voltada para os pobres e os mais humildes, implementada pelo presidente Lula

senador ocupou um espaço no Senado da República, que graças à Deus nós ocupamos. Para mim, ser

PB> Como ficam as alianças do PTB para as eleições locais, dos candidatos a distritais? GA> Como nós temos uma quantidade muito grande de candidatos aqui, nós só precisamos de um partido pequeno para coligar com a gente. Para federal, uma chapa um pouco maior. Mas está tudo muito bem encaminhado. Nós temos condições de sair com 72 candidatos em uma das chapas. PB> Qual é esse partido? GA> É... ainda não sei. Estou conversando com três deles. PB> Quais? GA> Como estão sendo criadas muitas frentes, nós temos que resguardar isso. PB> Com a aliança PT e PMDB, qual o espaço do PTB no DF? GA> Não sei se está consolidada essa aliança. Não acredito que esteja ainda não... PB> O senhor tem algum receio em sendo agora aprovado o projeto “Ficha Limpa”, com processos correndo contra o senhor ou candidatos do seu partido? GA> Não estou respondendo a nenhum processo. É até bom a aprovação do “Ficha Limpa” para ninguém ficar com essa dúvida. Não tem nenhum deles. Tiveram algumas acusações ligadas, mas ficou provado que nenhum deles deve nada.

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Panorama Político

tarcísio holanda

O PAPEL PIONEIRO DE

VARGAS

O

presidente Lula virou herói. Graças aos altos níveis de popularidade e agora, à sua escolha pela revista norte-americana Time como uma das personalidades mais influentes do mundo. Mas é preciso lembrar que o pai do Brasil moderno foi o ex-presidente Getúlio Vargas, aquele que não só montou o atual Estado brasileiro, como o conhecemos, mas também foi responsável por uma das mais avançadas legislações sociais do mundo, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que até que mereceria algumas alterações para atualizá-la aos novos tempos. Na década de 1940, quando o mundo estava em guerra, dividido entre os Estados Unidos e aliados europeus e a Alemanha de Hitler, Vargas montou um ministério composto, a metade, por simpatizantes dos nazistas, e a outra metade por simpatizantes dos ingleses e norteamericanos. Acabou negociando a entrada do Brasil na guerra ao lado dos aliados e conseguindo a Companhia Siderúrgica Nacional com o presidente Roosevelt.

Papel pioneiro Vargas seguia o ensinamento de velhos políticos, segundo o qual a política é a arte da impessoalidade. Foi ele o responsável pela montagem de uma assessoria chefiada pelo cearense Jesus Soares Pereira, que também tinha Rômulo de Almeida entre os seus integrantes, e que criou o que se conhece como o moderno Estado brasileiro. Foi essa equipe que criou o BNDES (Banco Nacional de Desen-

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volvimento Econômico), a Petrobrás, a Eletrobrás, enfim, as grandes estatais, e até o DASP (Departamento de Administração do Serviço Público), para seleção de quadros. Juscelino Kubitschek, que sucedeu o mandato de Getúlio Vargas, só pôde executar seu Plano de Metas (50 anos em cinco) e intensificar o programa de industrialização graças ao aço produzido pela usina de Volta Redonda. A Revolução Industrial, que a Inglaterra promoveu no século 19, graças ao ouro de Minas Gerais, chegou atrasada em nosso país. Mas o Brasil conseguiu montar o que já foi considerado o maior e o mais importante parque industrial do antigo Terceiro Mundo. Relembro o papel importante que o saudoso presidente Getúlio Vargas teve na modernização política, econômica e social do Brasil, sempre que se coloca Lula no pedestal dos maiores. Não se pode esquecer o trabalho pioneiro em que se empenhou na criação da moderna Nação Brasileira. Quando Getúlio Vargas assumiu, em 1930, o Brasil era um conjunto de fazendas. Foi ele quem plantou as estruturas da Nação moderna que começa a encantar o mundo. Lula tem papel importante agora, mas não se pode esquecer o trabalho pioneiro realizado pelo político gaúcho.

A controvérsia Getúlio Vargas se transformou em uma figura histórica discutida porque chefiou o golpe de Estado que, a 10 de novembro de 1937, instituiu a Polaca, a Constituição do Estado Novo, que durou até 1945, quando ele e seu

regime foram depostos pelos oficiaispracinhas, alguns que o apoiaram, como o marechal Oswaldo Cordeiro de Farias. Mas existe uma versão, difundida por um dos seus maiores adversários, Affonso Arinos de Mello Franco - da antiga UDN, autor do discurso que o levou ao suicídio - que poderá servir para reabilitar, em parte, o velho Vargas. Affonso Arinos contou ao jornalista e escritor Clóvis Sena, então presidente do Comitê de Imprensa da Câmara dos Deputados, quando cumpria seu último mandato de senador, que tivera conhecimento de elementos definitivos dando conta de que Vargas deu o golpe de 1937, instituindo o Estado Novo, quando soube que os generais Eurico Dutra e Pedro Aurélio do Góes Monteiro, ministro da Guerra e chefe do Estado Maior do Exército, estavam tramando um golpe de Estado. O que Getúlio Vargas fizera, no entender de Arinos, fora se antecipar ao golpe militar dos dois. Foi na fase do Estado Novo que o presidente Getúlio Vargas instituiu a famosa CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), uma das mais avançadas legislações sociais do mundo, hoje reclamando alterações que contribuam para a desoneração da folha de pessoal, de modo a estimular a atividade econômica. Mas qualquer exame detalhado de seus termos mostra que temos uma das legislações mais avançadas do mundo. Foi o Chico Ciência, o mineiro Francisco Campos, quem comandou, nessa fase, as grandes legislações do Estado Novo.


BASE PAULISTA O PT já lançou as candidaturas do senador Aloizio Mercadante para governador de São Paulo e da exprefeita Marta Suplicy para senadora, em cerimônia, no sábado, com a presença da candidata do PT a presidente da República, Dilma Rousseff, e a ausência muito comentada do presidente Lula. O ato político de lançamento das duas candidaturas também serviu para provocação, quando Dilma Rousseff afirmou, roubando a ideia da campanha de José Serra, o candidato do PSDB: “Nós achamos que é possível e é necessário fazer muito mais por São Paulo”. A posição de Mercadante nas pesquisas não é nada confortável, pois ele tem míseros 13%, enquanto o candidato do PSDB, o ex-governador Geraldo Alckmin, exibe 53%. O líder do governo na Câmara, Cândido Vacarezza (PT-SP), leu mensagem de Lula, prometendo: “Serei militante desta campanha que já começa vitoriosa”. O discurso de Mercadante foi ataque à gestão de José Serra no governo paulista, explorando os conflitos do ex-governador com os professores e advertindo que os mestres não podem ser tratados a “borrachada e cassetete”.

À espera da influência de Lula A presença de Dilma é plenamente justificável. Nenhum candidato a presidente da República poderá ignorar o imenso peso e influência que o eleitorado paulista detém

sobre qualquer eleição. São Paulo representa quase um quarto do eleitorado do país. Tradicionalmente, o candidato do PT tem potencial de 30% do eleitorado do estado. Vai ser preciso conquistar uma parcela importante desse contingente, que está, sobretudo, na classe média. Pode ser que com a ajuda de Lula, Mercadante se transforme em um candidato competitivo. Na região Sudeste, que constitui mais de 40% do eleitorado do país, José Serra ganha de Dilma Rousseff por uma grande diferença. A estratégia do candidato do PSDB é ampliar de tal forma essa diferença que lhe permita compensar a grande vantagem que a candidata do PT tem no Nordeste, onde a popularidade de Lula é quase unanimidade, chegando a 90%, em Pernambuco, por exemplo. Lula e Dilma terão de intensificar o trabalho de conquista de parcela maior do eleitorado do Sudeste se a candidata do PT quer aumentar suas chances de vitória. É notório que Lula navega em nível de alta popularidade, tendo ainda potencial para explorar sua influência sobre o eleitorado de modo a transferir prestígio e voto para a candidata do PT. De acordo com a pesquisa do Datafolha, de 15/16 de abril deste ano, a popularidade do presidente alcançou 76%, um recorde, entre todos os presidentes, desde a redemocratização. Fernando Henrique Cardoso, que se elegeu graças ao Plano Real, teve sua melhor avaliação,

segundo o Datafolha, em dezembro de 96, quando chegou a 47%.

Nova Baixada Márcio Porchmann, presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão do Ministério do Planejamento, declarou, recentemente, que a falta de condições para atender ao grande aglomerado populacional que migrou para o entorno de Brasília ameaça transformar essa região da cidade em uma nova Baixada Fluminense, aquela área do Rio de Janeiro caracterizada como um drama social. Márcio fez tal afirmação ao apresentar a conclusão de estudo sobre os impactos econômicos que a nova capital teve sobre o Centro-Oeste e o país. De 1960 para 2007, o Distrito Federal aumentou sua participação no PIB nacional de 0,04% para 3,76%, um salto magistral. Ele sustentou que essa trajetória do PIB de Brasília sobre a região em que se acha e o país afasta a possibilidade de restaurar a capital federal no Rio de Janeiro. Os dados são preocupantes quando mencionam o problema da desigualdade de renda em Brasília, uma vez que a cidade fica abaixo dos índices nacionais. Quando da inauguração da capital, em 1960, a distribuição de renda estava em índice acima do resto do Brasil (0,55 pontos no coeficiente Gini contra 0,60 do país). Em 2008, o coeficiente piorou: o Distrito Federal tem 0,63 contra 0,55 do país.

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Brasília e coisa & tal

Romário Schettino

Voto dos aposentados

Rosso x Fillipeli Há quem diga que a criatura vai superar o criador. Nada garante que Rosso não seja tentado a disputar a reeleição em outubro de 2010. Com Fillipeli de vice, ou não.

Lula number one A revista Time, norte-americana, colocou Lula na lista entre as 100 pessoas mais influentes do mundo. Nada mais natural. A revista Le Point, francesa, também reconhece que o Brasil alça vôo e fala de um país “furiosamente otimista e descomplexado” e elogia o esforço do presidente no combate à crise econômica e à fome. Agora, com o sucesso em Teerã, Lula já pode se candidatar ao cargo de Secretário Geral da ONU. O problema é que a chamada grande imprensa brasileira tenta desmerecer o reconhecimento internacional do Presidente. É ridícula a forma como tratam o assunto. Só tem uma explicação: certa elite nacional não engoliu o sapo barbudo até hoje. Quanta resistência! Foto: Divulgação

O colunista de O Globo, e palpiteiro da CBN, Merval Pereira, não resistiu à pergunta do Sardenberg: “O Lula vai vetar o aumento dos aposentados?” Merval respondeu: “Devia, mas não vai, porque o presidente quer eleger Dilma Rousseff a todo custo”. Ao ser questionado: “Por que o PSDB, que aprovou o fator previdenciário, votou contra agora. Isso não é oportunismo eleitoreiro?” Candidamente, Merval disse: “Esse é um mau exemplo que o PT não deveria seguir”. Entenderam?

Reguffe e o PDT-DF

Foto: Gustavo Lima

O deputado distrital José Antonio Reguffe (PDT) é um eterno insatisfeito com os rumos da política em Brasília e no Brasil. Tem diferenças inclusive com o seu próprio partido. Ele não concorda com a decisão de Marcelo Aguiar de ocupar cargo no governo Rogério Rosso e defende o seu afastamento do PDT-DF. Para manter a coerência, Reguffe despreza o que chama de política com “p” minúsculo. Prefere o “p” maiúsculo. Por isso, quer uma profunda reforma política no Brasil que garanta voto facultativo para todos, financiamento público de campanha, proibição de reeleição para o Executivo e limitação de apenas uma reeleição para o Legislativo. “Político não é profissão, é um exercício de cidadania. Não é aceitável que uma pessoa ocupe o mesmo cargo eletivo durante 40 anos seguidos”. É o que pensa o distrital Reguffe, que cogita candidatar-se, agora, ao cargo de deputado federal.

As alianças do PT O presidente do PT-DF, Roberto Policarpo, informa que “a aliança no primeiro momento será com os partidos tradicionais da esquerda, como PSB, PDT e PCdoB; daí vamos conversar para ampliar esse grupo”. E fez a ressalva: “Não vamos nos aliar com partidos que não resolverem seus problemas com políticos envolvidos na Caixa de Pandora”. A lista dos 26 ou 28 nomes de candidatos petistas a deputado federal e deputado distrital é o próximo passo.

Aposta de Roriz Enquanto Rogério Rosso (PMDB) não diz a que veio, Joaquim Roriz (PSC) continua aterrorizando. Todo dia alguém diz que Roriz passa o tempo organizando dossiês. Como ele sabe muito, seus antigos pupilos tremem nas bases. Só o Ministério Público pode desvendar esse mistério.

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Comunicando Planejamento urbano - I

Foto: Moreno

Chega às minhas mãos um precioso livro em tempos de crise urbanística. Cidades do mundo inteiro estão cheias de problemas causados pelo volume de carros nas ruas, populações crescentes e, sobretudo, falta de planejamento urbano. ”A cidade passeável - Recomendações para que se considerem os pedestres no planejamento, no desenho urbano e na arquitetura” é uma publicação do governo espanhol e produzida pelo Centro de Estudos e Experimentação de Obras Públicas, do Ministério do Fomento (Infraestrutura). São 430 páginas de pesquisa e sensibilidade destinadas a influenciar nos modelos urbanos orientados para a mobilidade dos pedestres.

Conselho Curador da EBC O Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) elegeu, entre 47 nomes indicados pelas 65 organizações inscritas por meio de consulta pública, os componentes das três listas tríplices que serão enviadas ao presidente Lula, para a escolha dos três novos representantes da sociedade civil no conselho. Os escolhidos terão mandato de quatro anos. As três listas são compostas pelos seguintes nomes: 1ª lista - Ana Maria da Conceição Veloso, Celso Augusto Schroder e Rosane Bertotti. 2ª lista - Lara Valentina Pozzobon da Costa, Regina Lúcia Alves de Lima e Takashi Tome. 3ª lista - Jacira Silva, Mário Augusto Jakobskind e Nilza Iraci Silva.

Cem anos de atraso - I A mais nova investida dos grandes empresários dos meios de comunicação no Brasil é a defesa da autorregulamentação do setor. Como os publicitários, que possuem o Conselho Nacional de Autorregulamentação (Conar), os patrões dos jornalistas, querem, com cem anos de atraso, segundo o professor Vinício A. de Lima, a autorregulamentação da imprensa. O professor lembra, em recente artigo, que essa modalidade é praticada nas democracias representativas há quase um século. Para Vinício, nessa discussão “o passado é nosso futuro”.

Planejamento urbano - II Os autores do livro “La Ciudad Paseable”, Julio Puzueta Echavarri, Francisco José Lamíquiz Daudén e Mateus Porto Schettino, são professores e pesquisadores do Departamento de Urbanismo e Ordenação Territorial da Escola Técnica Superior de Arquitetura da Universidade Politécnica de Madrid. Este livro deveria ser traduzido para o português e estudado por todos os responsáveis pelos órgãos governamentais de planejamento urbano no Brasil. Interessados em mais informações sobre o livro “La Ciudad Paseable” devem visitar o seguinte endereço eletrônico: http:// www.cedex.es/castellano/documentacion/puntos.html

Cem anos de atraso - II Durante a 5ª Conferência Legislativa sobre Liberdade de Imprensa, realizada dia 4 de maio na Câmara dos Deputados, o 1º vice-presidente da Associação Nacional dos Editores de Revistas (ANER) e diretor do Grupo Abril, Sidnei Basile, atacou a proposta do Conselho Federal de Jornalismo, defendida pela FENAJ e Sindicatos de Jornalistas, caracterizando-a como cerceadora da liberdade de expressão. “A proposição de Basile é a velha posição dos patrões, que confundem deliberadamente liberdade de imprensa com liberdade de empresa”, reagiu o presidente da Fenaj, Sérgio Murillo de Andrade. “A autorregulamentação que eles querem é a submissão da liberdade de imprensa a seus objetivos políticos e econômicos”, completou. Para o coordenador do Fórum Nacional Pela Democratização da Comunicação (FNDC), Celso Schroeder, os empresários brasileiros seguem na contramão da história. “O mundo inteiro caminha para a definição de regras e normas públicas que assegurem a responsabilidade social da mídia, no Brasil esse debate ou é sabotado ou manipulado grosseiramente pelo empresariado”, denuncia Schroeder.

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Política Brasília

Por: Flávia Umpierre | Fotos: Marcello Casal Jr e Alan Santos

Durval

e o Ministério Público do DF As denúncias do ex-secretário de Relações Internacionais chegaram ao órgão que deveria investigar a corrupção no GDF

A

té Autoridades até então respeitadas, o procuradorgeral de Justiça do Distrito Federal Leonardo Bandarra e a promotora Deborah Guerner do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), tiveram sua credibilidade abalada. Nas investigações de corrupção originadas pelas denúncias do ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, os nomes dos dois funcionários aparecem como facilitadores do esquema.

No inquérito, eles são suspeitos de aceitar propina para passar informações privilegiadas sobre os processos que investigavam contratos firmados no então governo Arruda. Durval disse em depoimento à Polícia Federal que teve acesso, durante a chamada Operação Megabyte, à ação de busca e apreensão antes que os investigadores fossem a casa dele. Com isso, ele pôde retirar documentos importantes antes de a casa ser vasculhada pela polícia. A

Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do DF, em depoimento na Superintendência da Polícia Federal à CPI da Corrupção

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operação investigou fraude em contratos entre a Codeplan (Companhia do Desenvolvimento do Planalto Central) e empresas de informática. Ele afirmou ainda, que deu a Deborah R$ 1,6 milhão em troca das informações privilegiadas sobre as operações do MPDFT. Além disso, Leonardo Bandarra e Déborah Guerner são acusados também de receber propina para prorrogar contratos de coleta de lixo, sem licitação. Ainda de acordo com Durval, no ano passado, Arruda teria afirmado que pagava R$ 150 mil por mês a Bandarra fazer “vista grossa” na prorrogação desses contratos. O depoente apresentou indícios de que mantinha uma relação estreita com a promotora e entregou à Polícia Federal um aparelho celular que, supostamente, teria sido dado a promotora exclusivamente para a comunicação entre eles. Segundo perícia da PF, ela e o ex-secretário se falavam usando codinomes de “Gabriel e Rapunzel”, além de se referirem a Ban-


darra e ao então governador José Roberto Arruda como “Ricardo e Fernando”, respectivamente. Há pouco mais de um mês foi aberta uma sindicância do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) para investigar o envolvimento do procurador e da promotora com Durval. Os corregedores apontaram faltas graves cometidas por eles, como indícios de imparcialidade nas investigações. A corregedora-geral do Ministério Público do DF Lenir de Azevedo ouviu ao todo 20 pessoas, incluindo o delator, desde 20 de janeiro. Entre as pessoas ouvidas estão o próprio Durval, o jornalista Edson Sombra e o ex-procurador-geral da República Aristides Junqueira. O relatório da corregedoria concluiu que há indícios de violação a deveres funcional tanto por parte de Déborah e Bandarra e que há elementos suficientes para instauração de inquérito administrativo disciplinar contra os dois. No texto, ela cita que Bandarra e Deborah Guerner tinham “relações promíscuas”. Por isso, havia suspeita de que as investigações corressem o risco de omissão por parte da Corregedoria-Geral do MPDFT. As investigações contra Leonardo Bandarra continuam, mesmo com ele fora do cargo. O mandato de Bandarra como procuradorgeral de justiça do DF termina em julho e ele vai assumir a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, justamente o órgão responsável por investigar irregularidades nos contratos do GDF com as empresas que prestam serviço de limpeza urbana - vaga à qual se candidatou no início deste ano. Bandarra iniciou sua carreira como promotor em 1994. E em 1999 participou de uma denúncia de Manoel Durso, bicheiro que acusou o então governador de operar caixa dois. Em 2004,

foi o mais votado para chefiar o MPDTF, mas foi recusado por José Roberto Arruda, governador na época. Dois anos depois, sua relação com Arruda se estreitou Bandarra passou a frequentar a Residência Oficial de Águas Claras buscando acordos com o Executivo. A relação despertou certa desconfiança dos promotores acostumados com os embates com Roriz. Segundo sua assessoria, o

procurador contesta todas as acusações e afirma não ter recebido mesada de Durval Barbosa. Déborah Guerner informou por meio de seus advogados que estuda entrar com mandado de segurança contra a investigação do Conselho, alegando que não teve acesso à sindicância e também afirmou que a procuradora não tem ilicitude em suas condutas e que tudo que foi dito são falsas acusações de Durval.

Leonardo Bandarra, procurador-geral do MPDFT

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Dinheiro

Bolsa

mauro castro

furada P

ouco comum encontrar pessoas conhecedoras de Bolsa de valores. Há muitos curiosos e poucos profissionais. Entre uma visita e outra no trabalho de consultoria encontrei uma pessoa comentando com grande segurança: coitado desse pessoal que investe em bolsa, esta semana está só caindo. Percebendo que a pessoa se referia a uma percepção do que a mídia apresentava não pude deixar de esclarecer alguns fatos relevantes sobre a vida de quem investe em bolsa. Longe de ser uma furada, a bolsa é emocionante. Ganha-se até quando os índices caem. Opa. Então como se faz essa matemática? Para quem tem dinheiro aplicado deve estar ligado nos movimentos da bolsa de valores. Nas últimas semanas a bolsa continuou volátil e instável, ficando distante dos 70 mil pontos. Tudo isso é boa notícia para quem está investindo neste mercado. Importante saber que nem todos os papéis reagem da mesma forma que o resultado final da bolsa de valores. O índice IBOVESPA é composto pelo resultado de mais de 50 diferentes ações. Sendo que Petrobrás, Vale do Rio Doce e Bradesco representam algo em torno de vinte e cinco por cento do resultado geral do índice. Por outro lado, diversas ações reagem de

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forma muito específica e em algumas situações, enquanto o índice IBOVESPA sobe, elas descem ou ocorre o inverso. Tudo pode parecer confuso para um leitor menos avisado sobre esse mercado. Mas, para construir um investimento sólido em ações é preciso que se estude todo o mercado, sabendo o que está fazendo quando compra ou vende ações. A bolsa de valores pode apresentar índice em queda e alguém adquirir ações valorizadas. Isso acontece quando o resultado financeiro da empresa ou de alguma ação comercial inverte a tendência de um tipo de ação. O mercado de ações pode surpreender muita gente. O que mais se vê na mídia são informações generalistas que não representam toda a verdade. O índice IBOVESPA não representa, pelo menos para o investidor, um sinal definitivo de tendência da bolsa. Melhor é investir em ações para quem conhece bem o mercado e tem um pouco de coragem em relação às suas economias. Se o investidor decidir colocar seu dinheiro em ações, não poderá reclamar. Bolsa de valores é uma saída para quem quer viver perigosamente e não deixar todo o futuro por conta de humildes fundos de previdência ou poupança. Todo investidor iniciante deverá ter uma conversa com um corretor da bolsa de valores. O corretor poderá apontar saídas e melhorar as chances de ganhar dinheiro nesse intrincado jogo da bolsa, furada ou não. Ações continuam como ótimo investimento, mas merecem muito cuidado.


Cresça e apareça

Adriana Marques*

A busca pelos

nossos objetivos Q

uem nunca se pegou imaginando ter uma vida diferente? Quem nunca sonhou alcançar um resultado praticamente impossível aos olhos alheios? Quem nunca desejou ter um corpo mais em forma e mais saudável? Então porque é que muitas vezes esses desejos e sonhos não se transformam em metas claras, objetivos a serem perseguidos com garra e disposição? A resposta pode ser mais simples do que pensamos. Na maioria das vezes que queremos mudar uma situação ou ter um resultado melhor do que normalmente alcançamos, esbarramos em uma questão fundamental: Qual será o preço dessa escolha? Para obtermos resultados diferentes é necessário começar a fazer escolhas diferentes das que foram feitas até então. A partir do momento que traçamos um objetivo estamos dizendo sim para algumas coisas e não para outras. Por exemplo, ao escolhermos desfrutar do prazer de comer tudo que é uma delícia, estamos dizendo SIM para as recompensas imediatas e, muitas vezes, dizendo NÃO para a nossa saúde ou estética corporal. O que acontece se de uma hora para outra tentamos mudar a nossa escolha do prazer imediato para a saúde e estética? Ou chegamos a conclusão de que precisamos parar

de gastar nossas economias com bobagens para economizar e, assim, tornar aquela viagem dos sonhos possível? A nossa consciência nos sinaliza a necessidade de mudar algumas coisas no nosso comportamento, mas a força do hábito nos faz repetir o que sempre fizemos porque é aquele o padrão de atitude que conhecemos. Falhamos na tentativa de atingir o nosso objetivo e isso nos deixa frustrados, com a sensação de incapacidade e fraqueza frente às dificuldades que se apresentam em nosso caminho. A decisão de perseguir um sonho tem que ser acompanhada da decisão de nos comportarmos de forma diferente, de fazermos coisas diferentes e de optarmos por algo diferente do que estamos habituados todo santo dia. Esse compromisso tem que ser relembrado e reassumido constantemente. Na hora em que vamos nos alimentar, quando passeamos no shopping ou quando vamos encontrar os amigos. Temos que tomar a mesma decisão muitas e muitas vezes. Se é tão fácil, então qual a dificuldade? Quando queremos cortar ou diminuir em nossa alimentação batata frita, chocolate, queijos muito gordurosos ou qualquer coisa que dê água na boca, não estamos cortando só a comida em si, mas também criando possibilidades para experiências

positivas como jantar com amigos ou acompanhar a irmã nas “comprinhas” no sábado à tarde. Muitas vezes suas escolhas não vão agradar as pessoas com quem você convive. Elas vão estranhar, reclamar e, em alguns casos, até mesmo boicotar a sua decisão. Cabe, então, a você decidir se vale a pena ou não aguentar essa “pressão”. Os obstáculos que entram no caminho da obtenção dos nossos objetivos são chamados sabotadores dos nossos reais desejos. Os sabotadores certamente estarão presentes no nosso dia a dia. Não adianta fingir que eles não existirão por força do nosso desejo. Se não tivermos real consciência a que estamos nos propondo quando estamos dizendo sim ou não para alguma coisa, não conseguimos nos planejar de forma efetiva, para passarmos pelos obstáculos e realizarmos os nossos sonhos. Suas decisões têm preço! Encare de vez o tamanho dessa conta e mãos à obra rumo a uma vida cheia de sucesso e felicidade!

* Adriana Marques é business coaching pela Sociedade Brasileira de Coaching Master, Behavioral Coaching Institute e Presidente do CoachingClub.

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Capa

Por: Alessandra Germano e Flávia Umpierre

Jovens à frente das mudanças Estudantes protagonizaram as manifestações políticas que conduziram ao retorno e à consolidação da democracia brasileira após o golpe de 1964

Danos causados pela manifestação na Rodoviária em novembro de 1986

Foto: J. Firmino - Arquivo Público 24

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É

oriundo do jovem querer mudar o mundo. Motivados por bandeiras educacionais e lutas ideológicas, os jovens passaram a se preocupar com as políticas nacional e internacional, e tiveram grande importância em vários episódios da história política e democrática do Brasil. A partir de 1964, os estudantes lutaram contra a ditadura militar. Os carapintadas lutaram pelo impeachment do ex-presidente Fernando Collor. Agora, porém, é muito diferente, sob influência ou não de ideologias partidárias, hoje vemos um movimento mais espontâneo e menos radical, fruto da diversidade de culturas e interesses. Como as manifestações estudantis que deram visibilidade ao escândalo e lançaram o movimento “Fora Arruda”.

Estudantes contra a ditadura e repressão Por mais que se tenha discutido sobre os acontecimentos desse período, do movimento estudantil de Brasília pouco se falou. Mas foi aqui que se travou uma das batalhas mais intensas contra o regime ditatorial. As características mais marcantes do movimento na capital da República eram a repressão duríssima e a radicalização espontânea. Brasília ainda era uma cidade recém-nascida, sem identidade cultural definida, que tinha vivido apenas quatro anos sob o regime democrático. Instituições como a Universidade de Brasília (UnB), o Centro Integrado de Ensino Médio (CIEM) e o Centro de Ensino Médio Elefante Branco (CEMEB) estavam entre as mais politizadas e engajadas no combate contra o regime militar. Vale ressaltar que os estudantes do CIEM e do CEMEB eram apenas secundaristas, entre 13 e 15 anos. O golpe militar ocorreu num dos períodos mais férteis para a educação brasileira. A própria UnB,

fundada em 1961, era uma isntituição de vanguarda, onde se discutiam programas como a extinção do vestibular, tendo como proposta “dar ênfase à pesquisa científica e investigar os problemas brasileiros”. Darcy Ribeiro, um dos responsáveis pela criação da UnB, pretendia que esta fosse a mais moderna e importante universidade do Brasil. Antonio de Padua Gurgel, membro do movimento estudantil de 60, escreveu em seu livro A rebelião dos estudantes que “a UnB era uma organização não-governamental, livre e autônoma, com o objetivo de promover a cultura nacional na linha de sua emancipação”.

Participação de secundaristas A agressão dos órgãos opressores também chegava às escolas do nível secundário. Entre estas, o Elefante Branco, um dos colégios com maior tradição de luta em Brasília, e a de maior destaque, o CIEM, laboratório pedagógico da Faculdade de Educação da UnB. Honestino Guimarães, grande líder e mártir do movimento estudantil de Brasília, desaparecido, foi aluno da primeira turma e ajudou a criar o Grêmio Estudantil. O Centro era um caldeirão de líderes estudantis e foi fechado temporariamente por seu diretor, em 1966, “para preservar os alunos, contra os riscos decorrentes da exacerbação de ânimos própria de movimentos como este”. Dos 28 estudantes do Conselho de Representantes expulsos do CIEM, todos tiveram a matrícula negada na UnB. Os alunos formados pelo CIEM eram vistos como inconvenientes na universidade militarizada. O ofício impedindo a entrada desses alunos na universidade veio do chefe do Sistema Nacional de Informações (SNI), o tenente-coronel José Olavo de Castro. O motivo? Por serem “elementos subversivos aprovados no vestibular”.

UnB invadida Exatamente por fazerem parte da vanguarda estudantil, as manifestações “subversivas” por várias vezes foram recebidas pelas autoridades militares com balas de borracha e cassetetes. Como em abril de 1964, quando a UnB foi invadida por tropas do Exército e da Polícia Militar de Minas Gerais. Nesse episódio, reitor, vice-reitor e o conselho diretor foram demitidos. Com a posse do novo reitor, Zeferino Vaz, 13 professores e um aluno foram expulsos sumariamente “por conveniência da administração”. Algum tempo depois, Vaz confessou: “Vim para a UnB colocado pela revolução de 1964, como interventor ou reitor”. Naquela época, a ditadura e a reitoria se fundiam. Em outubro de 1965, o presidente Castelo Branco empossou novo reitor, Laerte Ramos. Este, assim que assumiu o cargo, chamou o Exército e a Polícia Militar novamente para invadirem o campus. Arbitrariamente, sem acusação nem possibilidade de defesa, demitiu 16 professores. “Revoltados e inseguros quanto a sua própria situação, outros 223 professores se demitiram. Com os 16 [...], constituíam 80% do corpo docente. Naquele ano não houve formatura”, escreveu Gurgel. Mas um dos piores episódios aconteceu em 20 de abril de 1967, quando da visita do embaixador americano John Tuthill que entregaria quatro mil livros à Biblioteca Central. Antes de começar a cerimônia, dezenas de agentes do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) já ocupavam a UnB. Após entoarem versos como “Leite em pó, leite em pó que tu me deste, pra acabar com a fome do Nordeste. Leite em pó, leite em pó com coca-cola, obrigado pela esmola”, 150 homens da PM e sete viaturas da Rádio Patrulha foram enviados para cercarem as saídas do local. Os militares, com a ajuda de alguns professores, evacuaram todos os convidados do embaixador, confinando

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Foto: Renato Araujo - Agência Brasil

Estudantes participam do movimento “Fora Arruda”

apenas os estudantes na biblioteca. “Pulando os balcões e as mesas, 40 homens invadiram a biblioteca, distribuindo golpes de cassetete entre os que lá ficaram. [...] Nenhum estudante podia deixar o local, a não ser quando agarrado por algum policial e conduzido ao camburão. [...] a polícia levou da UnB cerca de 70 presos”, relembra Gurgel. As repressões violentas seguiram, mas uma nova forma de reprimir também nascia: universitários eram convidados e pagos para trabalhar no SNI delatando a atuação de seus colegas. Diariamente, estudantes eram convocados para depor no DOPS, até os que não participavam do movimento.

A força dos jovens nas “Diretas Já” O Brasil vivia a ditadura militar e os presidentes eram indicados pelas forças armadas, e não escolhidos pelo povo. Foi então que em 1983, o senador Teotônio Vilela lançou a proposta de realizar eleições diretas para presidente da República. Tomado pela ideia, o povo deu início ao movimento das Diretas Já. As manifestações populares a favor do voto direto começaram a tomar conta das principais cidades brasileiras. Na época, não só os jovens insatisfeitos com o cabresto político, mas toda uma população ia às ruas. Participaram frentes políticas de oposição ao regime ditatorial, além de lideranças sindicais, civis, artísticas, estudantis e jornalísticas. Nas galerias da Câmara, no gramado da Esplanada dos Ministérios, nas

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Foto: Roosevelt Pinheiro - Agência Brasil

Nova sede da CLDF ocupada pelos estudantes do “Fora Arruda”

ruas de todo o país, via-se a força da mobilização popular, que foi decisiva para o fim da ditadura militar. Após imensa pressão popular, foi votada pelo Congresso Nacional a proposta de Emenda Constitucional Dante de Oliveira - que propunha o restabelecimento das eleições diretas para presidente da República - foi rejeitada, tendo como presidente eleito indiretamente, Tancredo Neves, em 1984. Em abril, a emenda obteve 298 votos a favor, 65 contra e 3 abstenções. Numa manobra de políticos aliados ao regime, não compareceram 112 deputados no dia da votação. Com isso, a emenda foi rejeitada novamente, por não alcançar o número mínimo de votos para a sua aprovação. O governo também tentou boicotar as manifestações populares impedindo os participantes de acompanharem a votação. No fim da tarde do dia 25 de abril de 1984, houve um blecaute de energia em várias regiões do país. Na madrugada do dia 26, soldados em roupas civis jogaram bombas de gás lacrimogêneo no meio da multidão que se aglomerava no gramado do Congresso Nacional. O exército ocupou a Esplanada dos Ministérios e impediu que os estudantes chegassem ao Congresso. Oficialmente estariam ali posicionados para proteger os prédios públicos de atos de desobediência civil. Mas para a oposição, estes fatos foram mecanismos intimidatórios aplicados pelo governo militar para evitar possíveis surpresas na votação.

“A voz das diretas, um dos mais formidáveis movimentos de massa da história do Brasil”, noticiaram grandes jornais na época. O movimento pelas Diretas Já teve grande importância na redemocratização do país. Suas lideranças passaram a formar a nova elite da política brasileira. Nos anos de 1980, o Brasil finalmente conquistou sua redemocratização, com a aprovação da Constituição Federal de 1988, e com a realização de eleições diretas para presidente em 1989.

Carapintadas tomam as galerias do Congresso O movimento carapintadas surgiu no início da década de 1990, repentinamente, como um movimento amplo, mas sem base reivindicatória relacionada à universidade. Expressou um sentimento generalizado de indignação, face à corrupção no governo Collor de Mello, que tomava conta do país. Os carapintadas lotaram as galerias do plenário do Congresso para assistir à sessão solene de posse de Itamar Franco, que sucederia o presidente deposto. Além disso, andaram por todas as salas do Congresso, pintando as caras dos deputados e jornalistas. Mais de 200 mil adolescentes participaram do ato festivo pelo impeachment do presidente Collor no centro de São Paulo, no dia 25 de agosto de 1992, para uma festa apartidária. Em Brasília, jovens desmentiram a fama de alienados e protestaram com alegria contra a corrupção. Marcaram


Foto: Fernando Bizerra - GB Press

Ato popular pedia o impeachment do presidente Collor

presença, com faixas, cartazes, adesivos e muitos gritos de “Fora Collor”. Alguns, sem dúvida, estavam ali pela farra. Outros tantos levaram esse momento a sério e acreditaram que o movimento estudantil estava renascendo, de cara nova. Estavam todos lá, dispostos a enfrentar sol ou chuva e tomar parte de um momento crucial da história do país. Em crises anteriores, os jovens tiveram participação menos relevante, desde que o país saiu dos tempos escuros da ditadura. Foi preciso um escândalo de dimensões incontroláveis para que os jovens saíssem da apatia. Nas ruas, ou dentro de casa, com megafones, a juventude foi se mostrando longe de ser transviada, de rebeldes sem causa, e voltou a ser ouvida.

Nos dias atuais Se antes havia um inimigo definido, uma luta concreta, atualmente, não há um algoz específico contra o qual o movimento estudantil deva lutar. Leandro Cerqueira, diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE) de 2003 a 2007, diz que não se pode cair no erro ao analisar a história de maneira estática. Segundo ele, cada momento teve sua agenda específica, alguns com maior, outros com menor polarização. “Falar que a UNE perdeu sua força é uma tentativa de tornar ilegítimas as entidades representativas como um todo. Quando houve o impeachment, falavam que os estudantes estavam desmobilizados. Mas nós fomos os grandes responsáveis pela

Foto: Fernando Bizerra - GB Press

Showmício realizado em 1984 pelas Diretas Já

saída do Collor, provamos que éramos conscientes e participativos”, defende. Leandro afirma que a riqueza do movimento estudantil é que a UNE sempre conseguiu, em todos os governos, atuar com ousadia e independência, e que a entidade tem batido recordes de crescimento em todos os seus espaços. Como no Movimento Fora Arruda, no qual, segundo ele, os estudantes tiveram um papel protagonista na luta contra o ex-governador, antes de estourar a crise e após também. “Nós colocamos 500 estudantes na Esplanada em passeata contra libertação do Arruda. Ocupamos a nova sede da Câmara Legislativa em protesto à corrupção”, diz Leandro, que acredita que a prisão histórica do primeiro governador em exercício do mandato se deve também à pressão do movimento. A nova bandeira da UNE é o “Présal é nosso”, pela qual reenvindicam 50% dos recursos para educação. “Para construirmos o país que queremos e diminuirmos a desigualdade social, temos que assegurar que os recursos do fundo social sejam destinados à educação e aos investimentos maciços em pesquisa”, diz Tiago Cardoso, atual diretor da UNE/DF.

Repressão em faculdades particulares Sobrinho de Honestino Guimarães, Mateus Guimarães, estudante de jornalismo do Iesb, que é coordenador geral do Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA) da UNE, diz que se

frustrou com o ambiente acadêmico no qual estava inserido. Segundo ele, a repressão nas faculdades privadas atualmente é muito grande. Ele conta que assim que entrou na faculdade, em 2004, a rádio dos estudantes foi cortada pela direção para impedir os alunos de protestarem contra o aumento das mensalidades. “Nós fizemos um movimento para fundar o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e articular por mais laboratórios, pesquisas e cursos de extensão. Depois de eleitos com 93% dos votos, nos deparamos com a forte repressão da instituição, que cerceou várias atuações do DCE.” Segundo Mateus, cartazes do diretório eram arrancados, professores que os apoiavam eram ameaçados, e o diretor da UNE impedido de entrar na faculdade. Os seguranças tinham fotos dos alunos envolvidos no movimento “para identificar os baderneiros”. Mateus também afirma que ele e outros colegas foram agredidos fisicamente pelos seguranças da faculdade. O que ele tira de bom da repressão é que essa atitude fez com que os outros estudantes se conscientizassem da importância do DCE, e esses passaram a fazer manifestações espontâneas. "Na época do Honestino, a união se consolidava num alvo mais visível: a ditadura. Hoje, enquanto a juventude incorpora a diversidade do país, as lutas mostram multifacetas. Por isso a importância de novas linguagens no movimento estudantil, antenadas com cultura e meio ambiente", conclui.

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Cidadania

Por: Clarice Gulyas | Fotos: Divulgação

Escola Aberta do Varjão

é sucesso

O projeto, que enfrentou dificuldades nos últimos anos, voltou com força total. Crianças e adolescentes ocupam o tempo ocioso com esportes, cultura e lazer

O

projeto Escola Aberta que funciona na Escola Classe Varjão vai de vento em polpa. Aos sábados, aproximadamente 250 crianças e adolescentes trocam o tempo ocioso e as ruas pelas atividades de esporte, cultura e lazer. A escola, que tem o maior número de participantes do projeto no Plano Piloto, recebeu recentemente, 32 novos computadores cedidos pelo ministério da Educação que contribuirão para a retomada das aulas de informática. O projeto Escola Aberta é uma iniciativa do Governo Federal, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que tem como objetivo propor maior integração social e melhor qualidade de vida para a população. O projeto passou por dificuldades nos últimos anos com a falta de voluntários para realizar as atividades. Mas essas dificuldades já estão sendo vencidas e atualmente a escola conta com dez oficinas que desenvolvem atividades musicais, corte e costura,

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confecção de bijuterias, capoeira, informática e até box chinês. São 12 professores voluntários, de dentro e fora da cidade, que dedicam parte de seu dia às atividades. Isadora de Jesus, 13 anos, não perde o Escola Aberta por nada. Aos sábados de manhã, ela chega cedo para aprender a costurar. À tarde, se dedica à informática. “Ao invés de ficar em casa eu venho pra cá aprender e também brincar”, afirmou. Antônio Carlos Ferreira, 30 anos, é morador do Varjão e trabalha como jardineiro durante a semana no Lago Norte. No dia de Escola Aberta, ensina capoeira para aproximadamente 40 crianças. Com os materiais emprestados dos amigos, ele faz de sua oficina uma das mais procuradas pela garotada. “Há dois anos eu ensinava os meninos na escola, depois das aulas, agora também participo aos sábados, ensinando fundamentos da capoeira e o respeito ao próximo”, diz.

Para a diretora da Escola Classe Varjão, Cláudia Maria Inácio, o projeto está mais do que vivo, mas ainda tem muito a melhorar. Todos os sábados ela faz questão de estar presente. Algumas vezes, leva o próprio violão e dá carona para voluntários, como forma de sustentar o ritmo e o sucesso do projeto. “Isso daqui não pode mais parar, o Escola Aberta passou por uma mudança incrível. Agora, a família participa e incentiva os filhos, principalmente as mães. Ano pas-


sado realizamos um campeonato de iô-iô que foi um sucesso”, comemora. Todo segundo sábado do mês, o projeto recebe a visita da Pastoral da Criança, que faz o acompanhamento de saúde dos jovens e realiza palestras educacionais como, por exemplo, sobre reeducação alimentar. A coordenadora do projeto no Varjão, Diana Costa, acredita que a Escola Aberta oferece oportunidades para quem precisa. “A participação da comunidade local influencia diretamente na redução da violência e é um ponto de refúgio destes jovens e suas famílias”, avaliou. A expectativa para este ano é abraçar novos voluntários e criar mais oficinas. Para fazer parte da equipe, como voluntário, basta procurar a secretaria da Escola Classe Varjão ou ligar para: (61) 3901.7543

Crianças do projeto Escola Aberta em momento de atividade

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Gente

Foto: Divulgação

Por: Edson Crisóstomo

Lucio Piantino,brasiliense 14 anos, faz sua primeira exposição no espaço cultural do STJ, com o sugestivo nome “O menimo que virou arte”.

Washington Bolívar, Ângela Brito e Marcela Passamani

Foto: Luiz Antônio

Márcio de Paula, Eunice Veloso e Adaíza Moura

A família Camargo - Manuella, Dudu, Teka e Duda

Política em empurrando vai... N Tucano é tucano e não sai do muro facilmente. José Serra não consegue um vice. Por que falta quadros no muro ou os quadros já perceberam que não vai dar para voar? l Sem Prestígio A deputada (afastada) Eurides Brito (PMDB), tão prestigiada como líder do governo Joaquim Roriz e Zé Arruda, com vultosas contribuições financeiras realizadas pelo então secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, aparece em um acanhado 19° lugar, com apenas 59 nomeações no controle de compra e partilha de cargos do também ex-secretário José Geraldo Maciel. Que coisa. l

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Caixa Rápido l

Passe livre Três milhões em três dias. Foi o tempo que o montante depositado pelo GDF na conta da Empresa Fácil durou, quando foi novamente paralisada a recarga de cartões do Passe Livre. Porém, a assessoria de imprensa da Fácil disse que “os estudantes não precisam ir embora; devem continuar esperando nos postos”. Até quando?


Foto: Guto Lima

Jack Corrêa e Tatiana Maris Guia

Foto: Moreno

Foto: Zé Filho

Maria Lúcia e Valmir Amaral

Alexandre Ribonde e Andre Reis na festa da Dia das Mães

Chiquinho Marinho, com os filhos Marcelo e Francisco Emílio, lançaram a cerveja Beira Bier e o livro Beirute, “bar que inventamos”, de Fenando Fonseca, com sucesso etílico e editorial.

Geléia Geral l

Traseiro de ouro Casa nova, tudo novo. É assim que os deputados querem chegar à nova sede da CLDF. A princípio, a Câmara havia anunciado o valor de R$ 17 mil para o novo mobiliário, depois baixou para R$ 10 mi, e agora fala-se em R$ 5 mi. O valor ao certo, ninguém sabe. Mas o que se sabe é que há cadeiras de R$ 1,6 mil.?

um curto? Vai O jovem calabrês veio e venceu. Fincou raízes em Brasília e cresceu com ela, e faz de sua paixão um belo negócio. Escrevendo mais um capitulo vitorioso Antonello Monardo agora lança o livro “Louco por café”, alias titulo não poderia ser outro. Será sucesso editorial junto aos apreciadores. l Olhos com arte No finalzinho da Asa Norte 413/414 o parque Olhos d’água vai receber no dia 5 de junho, a exposição “Aves de Brasília”. Lá coladinho ao quiosque da entrada principal, vale muito a pena conferir. l

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Cidade

Por: Clarice Gulyas | Fotos: Gustavo Lima e Administração do Varjão

A má conservação das vias causa transtorno a pedestres e motoristas que circulam na 205 sul

Descaso com a infraestrutura do DF

frustra brasilienses

Manutenções poderiam evitar transtornos no dia a dia do brasiliense

D

epois da decepção com as diversas obras que não foram inauguradas no aniversário de Brasília, a esperança é que pelo menos o mínimo seja feito em favor do conforto da população brasiliense. E ninguém aguenta mais esperar. Brasília, símbolo da urbanização, sofre com a má conservação de patrimônios e principalmente de infraestruturas básicas. Ruas mal asfaltadas, buracos para todos os lados, calçadas deterioradas e o abandono de banheiros públicos e passagens subterrâneas do eixão incomodam a população diariamente.

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O estudante de artes plásticas, João Carvalho, 17 anos, passa todos os dias pela passagem subterrânea da Asa Norte que liga as quadras 203 e 403. Apesar de a maioria ser lavada diariamente pelo Sistema de Limpeza Urbana (SLU), o mau cheiro ainda é um dos principais motivos de reclamação por quem passa por ali. Mas para João, além da sujeira, outro problema é a depredação feita pelos próprios transeuntes. “Meu irmão já foi assaltado, mas para mim, o maior problema é a falta de higiene e também a depredação de

quem passa por aqui. Há dois meses instalaram lâmpadas e já está tudo quebrado”, diz. Já para os motoristas, os maiores vilões são os buracos e também as elevações no asfalto. Nas avenidas W3 sul e norte, há lombadas formadas pelas raízes das árvores. Nos eixinhos, pequenos buracos se proliferam à medida em que são recuperados. Segundo Ubirajar de Araújo, dono de uma mecânica da Asa Norte, são diversos os prejuízos causados pela má conservação das vias, principalmente nos períodos de


Obras de recuperação da rua principal do Varjão

chuva. “Aparece de tudo aqui: roda empenada, deslocada; danificação da suspensão, amortecedores, articulação de direção, pneus rasgados”, afirmou. O morador de Sobradinho II, Paulo Sérgio Martins, teve os amortecedores do seu carro danificados, recentemente, ao passar por um buraco entre as quadras da região. Como solução para evitar frustração e novos prejuízos, ele sai de casa mais cedo para trabalhar e opta por caminhos mais longos, mas com asfalto em melhor estado. “Eu prefiro dirigir mais e não pegar os buracos dentro de Sobradinho. Meu prejuízo custou R$ 360”, lamentou.

Todo ano R$ 100 milhões são destinados à Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) para o programa de asfaltamento. Já os pequenos reparos são feitos pela operação Tapa Buraco, que conta com aproximadamente 20 equipes das administrações regionais e oito da Novacap, que atendem diariamente as demandas dos moradores por meio do telefone 156 e queixas realizadas nas administrações. Quanto à manutenção das calçadas do Plano Piloto 20 quadras divididas entre a Asa Sul e a Asa Norte serão revitalizadas. Segundo o diretor de urbanização da Novacap, Maurício Canova, os recursos são insuficientes para atender

toda a demanda do DF. “A vida útil do asfalto dura em torno de dez anos. Há asfaltos em Brasília que tem 30 ou 40 anos e ainda não foram recuperados. Os recursos sempre são insuficientes em função da necessidade da vida útil do asfalto, por isto, priorizamos as vias que atendem o maior número de pessoas, que são as vias principais, onde passa o transporte coletivo”, disse. De acordo com Maurício, as áreas mais críticas do DF, como Ceilândia, Gama e Taguatinga já foram atendidas este ano. As regiões administrativas Guará, Planaltina, Paranoá e Núcleo Bandeirante, também receberam reparos em 2010. “Só em Ceilândia gastamos em torno de R$ 15 milhões. Estas cidades que têm concentração maior de população são as que se encontravam em pior situação. Havia asfaltos em Ceilândia que há 20 anos não recebiam recapeamento. Não se via mais pista, só aquela colcha de retalhos e hoje estão com asfalto novo”, destacou. A rua principal do Varjão foi asfaltada recentemente e outras obras já se iniciaram em Samambaia e Sobradinho II. Para o Plano Piloto, a previsão é que as obras se iniciem nos próximos dias. "Já fizemos muita coisa no DF. Estamos nos preparando agora para entrar nos eixinhos sul e norte do Plano Piloto. Iremos agir primeiro no eixinho sul, que se encontra em pior condição", concluiu Maurício.




Educação

Por: Luciana Vasconcelos Reis | Fotos: Gustavo Lima

Saber outra língua é

fundamental

Em tempos de globalização, parlare, ou melhor, falar outra língua é mais que um diferencial no currículo

A

o caso de dona Suzana Ferreira Pereira, 52 anos. Ela vai para a Itália em setembro, passar 20 dias com a filha que se casou com um italiano. “Resolvi fazer o curso intensivo para me comunicar melhor com meu genro e com a família dele.Temos aulas de gramática, conversação e ainda assistimos a filmes e lemos jornais italianos, sem contar as aulas práticas de gastronomia”. Para a pedagoga, Gabriela Magalhães Rosa, que viveu cinco anos na Itália e se formou em Pedagogia, não existe um perfil específico da pessoa que quer aprender italiano. “Temos alunos com idades que variam entre 18 e 90 anos. Cada um tem um objetivo. Alguns vão viajar de férias, outros a trabalho e aproveitam para abraçar a língua, a cultura e a gastronomia. Só em 2009, tivemos mais de 100 alunos”, frisou Gabriela. Quem procura aprender outra língua, principalmente os adultos, a ansiedade é um fator relevante, como explica Gabriela: “Para as pessoas que já não têm muito tempo, oferecemos atividades culturais, gastronômicas, educacionais, viagens com roteiros especiais, palestras sobre a imigração italiana e curso de barista”. Gabriela destaca que as aulas são dadas de modo lúdico e o mais natural possível: “Agregamos o ensino à realidade dos alunos, usando objetos e acessórios do dia A aluna Suzana Ferreira se diverte durante as aulas a dia”. A professora declara

cada dia mais pessoas estão se capacitando profissionalmente. Além de concluírem a graduação e especializações, querem buscar novos idiomas. Inglês e espanhol já não são novidades. A moda agora é parlare italiano. O inglês não é mais um diferencial para e para quem busca destaque profissional é um requisito essencial, exigido pela maioria das grandes empresas. E o espanhol é considerado o terceiro idioma obrigatório no currículo. Independentemente de profissão, currículo ou idade, a pessoa que souber outra língua sai à frente. Mesmo com a preferência pelo inglês, hoje, a busca por cursos regulares e intensivos de idiomas é 80% maior do que há cinco anos. Segundo levantamento feito em dezembro de 2009 pelo Ministério das Relações Exteriores, há 3.040.993 brasileiros espalhados pelo mundo, só na Itália são 70 mil. Já os que amam viajar, procuram os cursos para evitar apertos, como é

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Professora Gabriela Magalhães Rosa exibe livros italianos usados nos cursos

ainda que o material utilizado é todo em italiano e durante as aulas, só é permitido falar pelo idioma. As turmas são diversificadas e os professores são todos da Itália. A Parlando Italiano é uma escola que oferece muito mais do que professores altamente qualificados e livros da língua nativa. Lá você encontra salas equipadas com computador, webcam, filmes originais da Itália e pode personalizar o tempo do seu curso. Existe o curso regular, que oferece aulas de italiano, gramática e gastronomia e o curso intensivo com um mês de aula, com turmas iniciando junho e julho. Serviço Parlando Italiano CLS 201 Bl. B Lj. 09 (61) 3425.3566 contato@parlandoitaliano.com.br www.parlandoitaliano.com.br



Tecnologia

Por: Alessandra Germano | Fotos: Divulgação

A Copa em

terceira dimensão Sim, você vai precisar de óculos

A

s produções cinematográficas já encontraram seu novo filão - as projeções em terceira dimensão (3D). Agora o que vai esquentar com essa febre tecnológica é a programação televisiva, a começar pela Copa do Mundo na África do Sul, em junho deste ano. Há quatro décadas, o maior evento do futebol mundial também levou furor e expectativa às casas dos amantes do esporte, quando foi transmitida a Copa de 1970 no México: a primeira a ser televisionada em cores. A Fifa já até divulgou os jogos que serão transmitidos ao vivo em 3D nesta Copa. Dentre as 25 partidas, há três jogos do Brasil: contra a Coreia do Norte (15/06), Costa do Marfim (20/06) e Portugal (25/06). A maioria também será veiculada em cinemas, mas aqueles que têm aparelhos de TV 3D só poderão assistir aos jogos se em suas cidades houver retransmissoras com equipamentos 3D. A rede esportiva de canal a cabo ESPN vai estrear em junho o ESPN 3D para a transmissão

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dos jogos do mundial. Alguns fabricantes prometem o lançamento de televisores 3D no mercado brasileiro antes da Copa. Mas a primeira a ser comercializada chegou mesmo foi ao Japão na segunda quinzena do mês de abril, a Panasonic Viera 3D. O modelo de 54 polegadas é vendido ao equivalente a R$ 5,6 mil, e a de 50 polegadas custa cerca de R$ 4,4 mil, já com os óculos 3D incluídos. Esses valores ficam entre 20% e 30% acima do custo das TVs convencionais. Para os consumidores brasileiros, a Samsung preparou três séries da linha de LED e uma série de plasma. No país, o lançamento dos nove modelos de TV 3D da Samsung está previsto para até o fim de maio.

Como funciona Normalmente, nossos olhos vêem objetos reais em 3D. Mas, na TV comum as imagens são achatadas, pois não há profundidade. A nova tecnologia usa um emissor de infravermelho que sincroniza os óculos com as imagens sobrepostas da TV, dividindo os 240 Hz da tela em duas partes (o olho humano enxerga a 60 Hz) para gerar o efeito 3D. Em outras palavras, o truque dos novos aparelhos é gerar a cada olho a mesma imagem em duas posições diferentes, o que engana o cérebro e o faz pensar que a imagem chata tem profundidade.

No entanto, ainda que pareça haver um objeto a sua frente, efeito da conversão de duas imagens, na verdade, o foco dos olhos está mais atrás, na própria TV.

Óculos ativos Sim, você vai precisar de óculos. Mas estes não têm mais as lentes azul e vermelha dos antigos óculos anáglifos. Os novos óculos ativos usam lentes de LCD e controlam quando cada um de seus olhos pode ver a tela. Seus sensores infravermelhos permitem a conectividade sem fio. Jonathan Strickland, da How Stuff Works, explica que “à medida em que o conteúdo 3D aparece na tela, a imagem alterna entre dois conjuntos da mesma imagem. Os dois conjuntos estão deslocados um do outro, de modo similar ao que acontece com os sistemas de óculos passivos. Mas os dois conjuntos de imagens são mostrados ao mesmo tempo - eles ligam e desligam a uma taxa de velocidade incrível. Na verdade, se você


olhasse para a tela sem os óculos, ela apareceria como dois conjuntos de imagem simultâneos”. Mas, para quem não gosta do apetrecho, está previsto o lançamento de uma nova geração de TVs 3D que dispensam o uso dos óculos, como a Quad Full Autosteroscopic 3D HD, da Philips.

Fazendo dinheiro Se o segredo está na sincronia dos óculos (shutter glasses) com o vídeo, por que comprar outra caríssima TV se você já tem uma hipermegaultrapower LED novinha? Porque o que manda o sinal de sincronia para os óculos – que podia estar em um tocador de Blu-Ray 3D, um videogame 3D ou um player 3D – é um chip instalado pelos fabricantes estrategicamente dentro da própria TV 3D. Não parece óbvio o motivo? Pois é muito mais lucrativo para as empresas vender novas TVs – que custam mais que as atuais no mercado – do que comercializar simples adaptadores com chip, que sairiam muito mais em conta para o consumidor. Vale ressaltar que na década de 1980, quando nem sonhávamos com TV digital, o console do Master System tinha jogos e óculos 3D que eram compatíveis com todos os televisores.

REPRESENTANTE AUTORIZADO

BEM-VINDO AO CLUBE DE QUEM NÃO TEM LIMITES

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Cotidiano

Por: Luciana Vasconcelos Reis | Fotos: Gustavo Lima

Tesouro

escondido Parte da história de Brasília fica praticamente oculta por descaso e a falta de divulgação do órgão que deveria fomentar a cultura e o turismo

L

onge dos grandes e imponentes prédios e da arquitetura conhecida mundialmente, Brasília guarda um tesouro que apesar de acessível e aberto à visitação é pouco conhecido pelos brasilienses: a Casa Velha do Gama. Ah, você não sabe onde fica ou mesmo qual a importância histórica desse agradável recanto da capital? Pois bem, ele está localizado dentro do Brasília Country Club (BCC) no Park Way, ao lado do Catetinho. A Casa Velha, como ficou conhecida, foi palco da primeira visita do então presidente da República, Juscelino Kubitschek, que desceu em um campo de pouso improvisado pela primeira vez no Planalto Central, no dia 2 de outubro de 1956. A sede da fazenda Gama deu origem a um pequeno campo de pouso para receber aviões de pequeno porte e à primeira rádio, operada pela Panair, através da qual eram feitas todas as comunicações com o resto do país. E foi exatamente nessa casa que a equipe responsável pela construção de Brasília se instalou e fez dela base de apoio também para construir o Catetinho - primeira residência oficial provisória do presidente Juscelino, que ficou pronta em apenas dez dias. Logo, a Casa Velha pode ser considerada a matriz do Palácio de Tábuas. Mas mesmo diante de sua relevância histórica, a atração tem ficado fora do roteiro turístico da capital por falta de divulgação e interesse da Secretaria de Cultura, que além de não ter contribuído financeiramente com a restauração, ignora seu valor. Em 1993, foi feito um estudo pelo Brasília Country Club que mensurou a necessidade de restaurar a casa. “Procuramos o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e a Secretaria de Cultura, apresentamos um projeto para o restauro da Casa Velha, mas não houve

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Roberto Caldas, Luiz Humberto e Ataíde Rodrigues

interesse de nenhuma das partes e nada foi feito”, afirmou Ataíde Rodrigues de Oliveira, ex-presidente do Brasília Country Club, que junto com historiadores e engenheiros, correram atrás de reavivar a história desse bem coletivo. Depois de idas e vindas, num processo que durou mais de dez anos, a casa foi tombada. A restauração, que teve duração de um ano e custou cerca de R$ 260 mil, só foi possível por intermédio do patrocínio da Petrobrás e do investimento do próprio clube que aplicou aproximadamente R$ 50 mil. A empresa escolhida para a realização da obra foi a Engemax Engenharia. Coordenaram o projeto os arquitetos João Luiz V. Batelli e Vera Lúcia B. Galvão. Restaurada em 2007, a casa com dez cômodos e varanda, recebeu tratamento especial: a estrutura foi reforçada, as peças de madeira que estavam danificadas foram trocadas, as telhas foram limpas e a

edificação foi pintada na cor original. A coordenação de acervo coube ao historiador e vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal, Jarbas Silva Marques. Para manter o ar de antiguidade, ele criou dentro da casa uma cenografia meticulosa, reproduzindo o mobiliário e objetos usados na época da visita de JK. A visita à histórica Casa Velha vai além da nostalgia: no terreno, o visitante tem a oportunidade de conhecer a bica d’água, responsável por gerar toda a energia elétrica que era utilizada no Catetinho. “Adorei conhecer este cantinho, a restauração foi um ganho para a capital, uma extensão do Palácio de Tábuas e uma riqueza histórica sem preço. Deveria ser mais divulgado”, destacou Maria Juliana Fortes, visitante que passeava pelo ponto turístico. “Nosso objetivo é trazer o turista e dar a ele um tratamento à altura de uma capital tombada como Patri-

mônio Cultural da Humanidade”, ressaltou Luiz Humberto de Faria Del’Isola, historiador e assessor cultural do BCC. “Este tesouro da história de Brasília precisa ser revelado para os turistas e para os brasilienses. A Secretaria de Cultura que não contribuiu em nada com a restauração, poderia pelo menos divulgar a Casa Velha, já que é o órgão responsável pelo fomento da cultura no DF. Afinal, desde março de 2006, a Casa foi tombada como Patrimônio Histórico Nacional”, lamentou Roberto Caldas Alvim Oliveira, advogado e atual presidente do Clube. Roberto acrescenta que a Casa Velha é uma importante contribuição para os turistas que vão ao Catetinho: “além de ser parte da história candanga, a Casa Velha pode oferecer aos visitantes a infraestrutura de que o Catetinho não dispõe. O BCC está pronto para oferecer aos turistas que vierem conhecer os dois sítios históricos, vários serviços, tais como lanchonete, restaurante e sanitários. Até mesmo um passeio pela mata nativa, percorrendo trechos intocados de natureza e uma visita à primeira usina geradora de energia, a primeira a funcionar no canteiro de obras de Brasília. Tudo está lá, só falta o interesse do Governo do Distrito Federal”. A ideia de divulgar o local parte do princípio de dar ao visitante mais uma opção turística, além de mostrar que Brasília também tem lugares pitorescos, deliciosamente agradáveis, com mata nativa, água limpa, animais silvestres e muita história para contar, ainda que não sejam obras faraônicas ou arrojadas. “Há beleza na diversidade e no antigo, este lugar tem estrutura e recebe bem a todos que aqui chegam, mas para que venham é necessário saber de sua existência”, frisou o historiador Luiz Humberto.

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Planos e Negócios

alex dias

FAXINEI O Dia do Meio Ambiente é celebrado todo dia 5 de junho. Em comemoração, o INEI realiza em 2 de junho uma atividade que objetiva a conscientização das crianças no cuidado com o meio ambiente. É o FAXINEI, que está em sua segunda edição. Os alunos do INEI, acompanhados de suas respectivas professoras, vão fazer uma “faxina” em algumas áreas públicas do Lago Sul. Como por exemplo, a Península dos Ministros, alguns comércios locais ao redor do colégio e área próxima à igreja São Pedro de Alcântara. No ato, as crianças recolherão objetos, como papéis, plásticos, garrafas, pilhas e baterias que encontrarem poluindo o meio ambiente. O Banco Real vai se responsabilizar por todas as pilhas e baterias coletadas e os materiais recicláveis serão destinados a empresas de reciclagens. A atividade acontecerá no período de aula regular e as crianças serão muito bem orientadas, pelos professores e auxiliares, quanto aos cuidados de higiene e proteção. As excursões fazem parte de projetos pedagógicos e, em sua maioria, estão relacionadas aos conteúdos trabalhados em sala de aula. No dia 19 de junho o INEI realizará a festa junina “Arraial Verde e Amarelo”, que promete ser muito animado.

Serviço INEI SHIS QI 7 - Conj. 17 - Lt. F (61) 3248.2450

Cerveja Beira Bier O bar Beirute conta agora com a sua própria cerveja. Lançada em maio, a Beira Bier, de fabricação própria, foi feita com a ajuda de um mestre cervejeiro de uma pequena fábrica em Goiás. Com a cara do bar, a cerveja foi aperfeiçoada depois de um tempo de experiência, levando em conta as críticas e sugestões dos clientes. A cerveja Beira Bier possui maior concentração de malte importado, tem sua fermentação rigorosamente monitorada e maior tempo de maturação, contém um médio teor alcoólico, uma ótima consistência da espuma e cor dourada. A cerveja será vendida por apenas R$ 5,50.

Serviço Cerveja Beira Bier SCLN 107 - Bl. D - Lj. 19/29 (61) 3272.0123 CLS 109 Bl. A Lj. 02 (61) 3244.1717


Dom Gabriel Materiais de Acabamento Charm Tour Atendimento personalizado. Esse é o diferencial que a agência de viagem Charm Tour, uma jovem empresa que atua na área de turismo, está colocando em prática em Brasília. O turismo personalizado é a tendência do mercado. O cliente pode montar sua viagem com base nas oportunidades oferecidas, os preços e a redução do tempo de viagem. A empresa atua no setor há seis anos, em seu atendimento, os funcionários procuram sentir o que o cliente deseja em sua viagem de lazer e não interferir nos rumos do passeio. No dia 24 de abril foi comemorado o Dia do Agente de Viagem. Para homenageá-lo a Charm Tour está incrementando práticas de atendimento que levam em conta a sustentabilidade turística, procurando atender as necessidades dos clientes, garantindo o melhor rendimento e prazer em cada viagem de turismo.

Serviço Charm Tour SCS Qd. 8 - Bl. B - nº. 60 - Sl. 244 Ed. Venâncio, 2000 (61) 3967.3011 / 3967.3012 / 7814.7201 www.charmtour.com.br

Com mais de 25 anos de história, a Dom Gabriel é uma das mais respeitadas redes de lojas de materiais de acabamento do país. Os resultados alcançados durante esse período possibilitaram a oferta dos melhores e mais diferenciados produtos do mercado mundial. Com apenas um ano em Brasília, a empresa já se consolidou como referência em porcelanatos, revestimentos especiais, pastilhas, banheiras, spas, louças, metais etc. O atendimento especializado, o ambiente sofisticado e aconchegante e a gama de produtos já colocam a loja como uma parada obrigatória no roteiro dos arquitetos e designers de interiores junto com seus clientes. A missão da empresa é oferecer aos profissionais da construção civil os melhores e mais diferenciados produtos e serviços, auxiliando na tarefa de transformar simples projetos em sonhos concretos. Isso aliado a uma loja de fácil acesso que apresenta atendimento personalizado, ambiente aconchegante e preços acessíveis.

Serviço Dom Gabriel Materiais de Acabamento SHIS QI 09 - Bl. G - Lj. 01/02 (61) 3221.9001 www.domgabriel.com


Automóvel

Por: Da redação | Fotos: Divulgação

O Uno Mille está

de cara nova

Após 25 anos no mercado, a Fiat renova modelo de sucesso em todo o Brasil

O

novo Uno Mille é um dos lançamentos da Fiat mais esperados do ano. O automóvel, que está totalmente de cara nova, promete revolucionar o mercado de carros populares no país. A montadora conservou o preço baixo e a qualidade do antigo modelo, que durante 25 anos esteve entre os carros mais vendidos do Brasil. A remodelagem do Uno deixou para trás as formas quadradas e apostou em um design simples e moderno, com linhas arredondadas e tamanho compacto. Pequeno por fora e espaçoso por dentro, o novo Uno torna mais fácil a vida do motorista no trânsito, facilitando manobras, principalmente para estacionar. Além de confortável, possui diversos porta-objetos e porta-malas com capacidade para até 290 litros, e suporta o peso de até 400kg.

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O carro atende a diferentes gostos e necessidades com motores 1.0 e 1.4, ambos flex. Com o novo Uno Mille é possível economizar até 10% de combustível em relação ao modelo anterior. São quatro versões que entre os diferentes itens de série, podem vir equipadas com console no teto e para-choques, maçanetas e espelhos retrovisores da mesma cor do veículo. Um dos destaques é o índice de consumo de combustível, o econômetro, que já equipa as versões Economy do Mille e Palio. Em algumas versões mais completas, o carro também pode vir adaptado com farol de máscara negra ou simplesmente ser mais alto, para quem gosta de dirigir com visão privilegiada. Já entre os itens opcionais há direção hidráulica, condicionador de ar, airbags duplo, cd mp3/ wma e freios ABS. O novo Uno está disponível nas cores amarelo, azul, vermelho, branco, prata e

preto. Os preços variam de R$ 27 a R$ 31 mil podendo, inclusive, ser montado de forma personalizada no site oficial da Fiat (http://uno.fiat.com.br).

Serviço ESAVE Aeroporto (Lago Sul) (61) 2195.2111

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Vida Moderna

Por: Tássia Navarro | Fotos: Gustavo Lima

Escolhas trocadas que

vencem o preconceito

Ter personalidade e fazer algo fora dos padrões da sociedade não têm nada a ver com homossexualidade

N

o esporte, nas atividades físicas, na dança, na profissão, a cada dia é mais comum ver mulheres ocupando funções masculinas e homens atividades femininas. Mas também não é um fato que passa despercebido, mesmo em meio à modernidade ainda existe preconceito.

A luta da mulher para entrar do mercado de trabalho está estabelecida há anos, por isso a sociedade vê com menos discriminação o fato de elas exercerem atividades consideradas masculinas. Já o homem tem que comprovar sua masculinidade, por isso, é mais complicado na hora de desempenhar atividades classificadas como femininas. Existe categorização por gênero até mesmo das atividades relacionadas ao lazer. Infelizmente, o preconceito no Brasil ainda é forte. Homens dançarinos, mulheres lutadoras, todos têm uma história para contar de algum tipo de distinção que sofreram, mesmo que tenham sido piadinhas feitas por colegas. Para os homens que dançam balé o preconceito enfrentado é um dos mais evidentes, pois é visto como uma atividade específica para mulheres. Murilo Campos, 23 anos, iniciou as aulas de balé há pouco mais de três meses e já enfrentou dificuldades. Ele veio da Paraíba para Brasília para estudar jornalismo e sempre teve o sonho de dançar balé, depois de formado, Murilo desafia o preconceito e se dedica à dança pôde dar início à dança.

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Não bastasse ter de dar duro nos treinos de segunda a sábado, cerca de quatro horas por dia, Murilo ainda tem que lidar com o preconceito. Ele conta que sua família não é a favor de que ele dance, mas como não existe alternativa, acaba aceitando. “É meu sonho, acho lindo, não é vulgar como algumas danças, é uma coisa mais seletiva e vou dançar por bem ou por mal”, afirmou o bailarino. O fato de a inclusão de homens no balé ser muitas vezes associada ao homossexualismo provoca a inibição de potenciais talentos, criando uma verdadeira carência de artistas na área. Como ainda é pouco comum homens dançarem balé, algumas academias dão bolsa para incentivar a prática. Murilo é bolsista da academia Lúcia Toller e diz que assim como ele, vários outros dançarinos têm bolsa. Na prática do boxe por mulheres também é evidente o preconceito. Por ser um esporte habitualmente relacionado ao universo masculino, algumas academias não disponibilizam vagas para que as mulheres pratiquem o esporte. Afirmam que é por causa do nível avançado dos alunos e pela falta de outra mulher para poder treinar. A dentista Tieme Pinho dá aula de boxe há um ano e meio, há cinco pratica o esporte. Quando era pe-


Tieme Pinho luta boxe e garante que o esporte melhora a autoestima

quena fez aulas de balé, mas era muito tímida, então começou a lutar taekwondo. Resolveu lutar boxe como forma de complementação do Taekwondo. Foi quando sua autoestima, coordenação motora e apresentação oral começaram a melhorar. “O boxe me desestressa, acaba com a minha TPM, mas ainda existe muito preconceito. Quando comecei a dar aulas muitos homens ficavam com receio de ter aulas de boxe com uma mulher, eles olhavam e ficavam apreensivos”, conta Tieme. Já para as mulheres é um incentivo a mais ver que é uma professora e não um homem que vai ensiná-las e treiná-las. “Às vezes os homens não querem treinar com as mulheres porque acham que são mais frágeis, mas existe muita mulher por aí que luta muito bem”, relata Tieme. A lutadora conta ainda que muitas mulheres têm medo de fazer boxe por achar que vão ficar muito musculosas, que vão fazer feio, ou vão apanhar. “O que deixa musculosa é a musculação, o boxe vai ajudar no condicionamento físico e melhorar a coordenação motora”, concluiu.

Serviço Academia Lúcia Toller EQS 108/308 (61) 3244.0291 Academia Espaço do Corpo QI 33 Bl. A Ed. Pedro Teixeira, Cobertura Guará II (61) 3381.8182


Esporte

Por: Luciana Vasconcelos Reis | Fotos: Luciana Vasconcelos Reis

Pilates

movimento e respiração em total sintonia

Exercícios elaborados cuidadosamente tonificam e fortalecem os músculos, além de aliviar dores nos ombros, pescoço, costas e cabeça

N

as últimas décadas se popularizou nas academias um revolucionário método de trabalho corporal: o pilates, que coordena movimentos com a respiração. Criado pelo alemão Josef Pilates, os exercícios têm sido usados com sucesso por professores de educação física, fisioterapeutas, médicos e osteopatas, que utilizam o método para curar ou evitar contusões, ou ainda, como tratamento complementar. O pilates se baseia em fundamentos anatômicos, fisiológicos e cinesiológicos. Apesar de pouco conhecido, o pilates é praticado há mais de 80 anos. A intenção de seu criador foi integrar corpo e mente, já que desde criança teve de lutar contra a sua frágil saúde, passando por diversas modalidades esportivas, entre elas, ginástica, boxe, esqui, artes circense e marcial, além da ioga e da meditação. O tour pelos esportes deu a Joseph a percepção de que, ao integrar as várias técnicas, era possível condicionar todo o corpo, fortalecer os músculos, além de melhorar o bem-estar geral do indivíduo. Vale ressaltar ainda que a técnica pode ser usada por qualquer pessoa que queira melhorar a postura ou

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o condicionamento físico, inclusive grávidas. Os exercícios de pilates trabalham com os indivíduos separadamente e se concentram no corpo como um todo. Segundo Marisa Ferreira da Silva, especialista em pilates e professora de educação física há três

anos, tanto o iniciante jovem quanto a pessoa de mais idade encontram na atividade uma forma de exercício segura e eficiente, detalhe que viabiliza a prática por todos, independentemente do nível de condicionamento e aptidão.


Elaine Valente Aragão Maia, 39 anos, iniciou a atividade para melhorar a postura e ganhar massa muscular. Ela revela que o resultado foi além de sua expectativa: “É surpreendente como o pilates melhora nossa estrutura corporal. Eu perdi peso e ganhei massa muscular, notei diferença no terceiro mês”. Segundo ela “o diferencial dos exercícios propostos é que eles respeitam o limite da cada pessoa”.

Aumento da eficiência na circulação sanguínea, flexibilidade das articulações e tonificação dos músculos flácidos, são algumas das vantagens que o pilates oferece e os alunos comemoram as conquistas. A advogada, Fatima Xavier, 56 anos, falou com empolgação da atividade que pratica há quase três meses: “Eu sofria de dores lombares e problemas como hérnia de disco. Meu ortopedista me indicou o pilates, agora, além de não sentir mais dor, minha flacidez nas

pernas diminuiu significativamente, não tenho mais insônia e estou menos ansiosa”. Mas os elogios ao pilates não param por aí, Fátima afirma que sofria de intestino preguiçoso e que agora está de bem com a vida, até sua pele melhorou. “O pilates é bom para tudo, se eu soubesse teria começado a praticar antes. Aqui prestamos atenção em cada parte do corpo, não ignoramos nenhuma delas”, concluiu. O método é recomendado para quem sofre de traumas por esforço repetitivo, osteoporose e estresse. As pessoas percebem acentuada melhora no equilíbrio, no alinhamento corporal, na postura e também na coordenação motora, o que dá mais autoconfiança. Ele alonga, fortalece e equilibra toda a musculatura que envolve a coluna vertebral, alinhando e descomprimindo tensões. O pilates pode ser praticado com aparelhos (seis tipos diferentes), que trabalham os diversos grupos musculares ou simplesmente com exercícios de solo, que englobam acessórios como a bola, faixa elástica, overball, círculo ou toning ball. A diferença entre eles é que o de aparelho, considerado original é mais completo e mais caro.

Serviço Academia Malhart SCLS 203 Bl. A Lj. 5 (61) 3322.7972 www.academiamalhart.com.br


Personagem

Por: Tássia Navarro | Fotos: Gustavo Lima

O amor é positivo Um exemplo de solidariedade, união e amor incondicional, que são peças fundamentais no tratamento de crianças soropositivas

“T

udo que você dá, volta pra você”, costuma dizer Vicky Tavares. O sentimento de solidariedade que carrega no peito e o belíssimo trabalho que desempenha na área social são herança de família. Vicky Tavares veio do Pará para Brasília com 11 anos. Desde que chegou à cidade, gostava de acompanhar uma de suas tias que distribuia cestas básicas a pessoas carentes e adorava fazer trabalhos sociais. Estava escrito que desempenharia significante papel na vida de muitas pessoas.

Depois de passar anos fora do Brasil investindo em sua carreira de estilista, voltou para montar uma fábrica de roupas de couro em Brasília. Fez uns dos primeiros grandes desfiles da cidade e obteve grande sucesso na área da moda. Só que Vicky fez muito mais do que produzir roupas e desfiles. Com uma loja, começou a realizar trabalhos em associações. Foi durante quatro mandatos diretora da Associação Comercial do Distrito Federal (ACDF), atuou como voluntária em muitos trabalhos pela

Vicky Tavares contando histórias aos seus netos de coração

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cidade. Em um desses voluntariados conheceu uma instituição que cuidava de crianças portadoras do vírus HIV. Descobriu que elas não recebiam o tratamento adequado, então resolveu, há três anos, montar o Instituto Vida Positiva. Como a afinidade entre ela e as crianças era muito grande, as famílias pediram a Vicky que ficasse com elas. Hoje, as 21 crianças que Vicky considera seus filhos e netos vivem de seu amor e carinho em uma casa em Taguatinga Norte. A maioria das crianças que eram da


Desenho feito por uma das crianças do instituto para a vovó Vicky

antiga instituição ficou com ela. “Eu os conheci doentes terminais e hoje está todo mundo com a carga viral zerada. Aqui temos muita responsabilidade e comprometimento, horário de remédio para mim é sagrado”, conta vovó Vicky, como é carinhosamente chamada pelas crianças. Em 2008, recebeu da Câmara Legislativa do DF o título de Cidadã Honorária, em reconhecimento ao trabalho que realiza no Instituto Vida Positiva. “Costumo dizer que foi um dos títulos que mais me emocionou, o primeiro é o de ser mãe, que é o mais emocionante, segundo o de vovó e depois o de Cidadã Honorária”, relata. Na vida desses meninos e meninas soropositivos, Vicky desempenha seu melhor papel, o de dar amor. “Ela é abaixo de Deus, tudo na minha vida”, afirma Dudu, que é irmão de um dos soropositivos do instituto. Seu pai também é portador do vírus HIV. Por consequência dos efeitos colaterais que o remédio causa, não tem condições

de cuidar dos filhos, por isso e para que os irmãos não se separem, Dudu também mora na casa do instituto. “Ele faz qualquer negócio para não sair dessa casa”, diz Vicky sobre Dudu. Com muita garra a vovó paraense mantém o instituto por meio de doações. Existe uma equipe médica que acompanha a situação de cada criança. Elas recebem a medicação por meio do ministério da Saúde e os voluntários que ajudam Vicky no instituto seguem à risca o horário que cada uma delas tem que tomar o remédio. “Uma das coisas que mais trouxe saúde para eles é o amor que é dado aqui, a casa é uma família para eles”, explica Vicky. A união e o amor são fundamentais para que o preconceito que essas crianças sofrem não influencie tanto no comportamento delas. “Eu percebo que eles são pessoas retraídas, que se fecharam de alguma forma no mundinho deles, mas nós trabalhamos isso aqui para que entendam que são como qualquer outra pessoa, mas com algumas limitações”, afirma. “Vovó, você é a melhor pessoa do mundo. Você é linda, vovó. Eu te amo, nunca te esquecerei. Nada nesse mundo vai fazer eu esquecer de você. Só você é a pessoa mais linda do mundo. Vó, eu te amo! Você é linda!”, diz a cartinha que acabara de ganhar. E é assim, cartas, desenhos, declarações de amor que enchem os olhos dessa mãezona de emoção e alegria todos os dias.

Qualquer ajuda é bem-vinda O Instituto Vida Positiva fica na QNC 3, casa 16, Taguatinga Norte. Contato: 3034.0948 www.vidapositiva.org.br Caixa Econômica Federal Agência: 1041 - Conta corrente: 385-0

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Saúde

Por: Alessandra Germano | Fotos: Gustavo Lima e Universidade de Rochester

Ossos do rosto são responsáveis pelo envelhecimento facial A briga contra o tempo é mais profunda do que se pensa. Para obter o efeito desejado, a cirurgia tem que ir além da superfície

O

rosto e o pescoço são as primeiras áreas do corpo a denunciar a passagem dos anos, e há muitas pessoas dispostas a pagar caro (muito caro – entre R$ 7 mil e R$ 15 mil) para entrar na máquina do tempo do bisturi. O Brasil está em segundo lugar no ranking de países com maior número de cirurgias plásticas, sendo precedido apenas pelos Estados Unidos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), são realizadas 629 mil intervenções cirúrgicas por ano. No entanto, para reconstruir um semblante mais jovem é necessário mais do que a velha técnica do puxa, estica, corta e costura. É o que afirmam os médicos Howard Langstein e Robert Shaw do Centro Médico da Universidade de Rochester, no estado de Nova Iorque (EUA). A pesquisa elaborada pelos profissionais aponta que o envelhecimento incita significativas modificações na ossatura facial, principalmente no maxilar, o que colabora para a mudança da aparência ao longo dos anos. Em outras palavras, os sinais de envelhecimento, como rugas e sulcos faciais, não se devem apenas à flacidez da pele causada pela diminuição das proteínas elastina e colágeno, mas inclusive às deformações ósseas.

Cirurgia em duas etapas A reunião anual da Associação Americana de Cirurgiões Plásticos,

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realizada em abril, em San Antonio, no estado do Texas (EUA), revelou as observações do estudo que apresenta novos métodos para o rejuvenescimento facial. Segundo os especialistas, os procedimentos deverão ser feitos em duas etapas, sendo a primeira na renovação do arcabouço dos tecidos sob a pele e a segunda na execução das intervenções habituais de esticamento da pele, como o lifting. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores mediram e analisaram mutações nos ossos do rosto de 120 imagens de tomografia computadorizada – que permite uma reconstrução tridimensional da face, melhorando a precisão das medidas – no decorrer de um longo período de tempo. As tomografias, feitas por motivos adversos a cirurgias plásticas, foram divididas entre 20 homens e 20 mulheres separados por faixas etárias de 20 a 36 anos (jovens), 41 a 64 anos (maduros) e 65 anos ou mais (idosos). Num programa de computador, mediram o comprimento, a largura e o ângulo da mandíbula, confrontaram os resultados de cada grupo e constataram que o ângulo do osso móvel na base do crânio aumenta pronunciadamente com a idade, levando à perda de definição na parte inferior do rosto. Entre os jovens e as pessoas de meia-idade, nota-se grande diminuição no comprimento

da mandíbula. Comparando as imagens dos grupos de meia-idade e de idosos, percebe-se uma diminuição significativa da altura do queixo.

Rosto jovem

Rosto idoso


Segundo Langstein, aos médicos é ensinado que o envelhecimento facial ocorre devido à queda dos tecidos moles e à perda de elasticidade. Mas o problema vai mais fundo: a diminuição do volume ósseo, como o retrocesso da projeção do queixo e da definição da linha da mandíbula, colabora para flacidez da pele do rosto. Com o recrudescimento da estrutura óssea, os tecidos cutâneos e musculares perdem o apoio, dando à face uma aparência levemente oval que, consequentemente, contribui para o aspecto envelhecido do pescoço. "O futuro dos procedimentos cosméticos faciais para restaurar uma aparência mais jovem poderá incluir técnicas de suspensão desses tecidos moles - como o queixo e implantes nas bochechas - para reconstruir a estrutura que o tempo desgastou, além de elevar e de reduzir o excesso de pele", conclui Robert Shaw, médico residente em cirurgia plástica do Centro Médico da Universidade de Rochester.

No Brasil

Plástica de face

O cirurgião plástico Carlos Carpaneda diz que muito já é feito no Brasil para restaurar as áreas mais profundas atingidas pelo envelhecimento, mas que “mesmo com os recentes avanços no conhecimento dos genes, dos hormônios e das células tronco, ele ainda é irreversível”. Segundo ele, a cirurgia plástica moderna tem atuado no rejuvenescimento da face, com enfoque direcionado para a região e o tecido que está comprometendo a estética facial. “O tratamento cirúrgico aliado aos procedimentos tópicos e à atual cosmética (ácidos, hidratantes, laser, peeling, botox) tem permitido excelentes resultados no rejuvenescimento facial”, explica.

"A mandíbula é a fundação inferior da face, e suas mudanças afetam a estética facial", explica Howard Langstein, que é professor e pesquisador da Universidade de Rochester e chefe de cirurgia plástica. "Estas medições indicam um declínio significativo do volume da mandíbula ao longo do envelhecimento da pessoa, e, portanto, menos apoio para o tecido mole da parte inferior do rosto e do pescoço".

Serviço Clínica Carpaneda Cirurgia Plástica SHIS QI 9 Cj. Bl. 1 Sl. 4/6 Térreo (61) 3364.3301 / 3344.0044 Centro Clínico Do Lago

Dr. Carlos Augusto Carpaneda


Nutrição Alternativa

dr. renato frança*

Corridas de rua H

oje em dia as corridas de rua ganham cada vez mais adeptos de todas as idades. São homens e mulheres que não têm como objetivo principal a competição, mas buscam melhorar sua saúde e qualidade de vida por meio desse esporte. A cada corrida pode ser observado um número maior de equipes inscritas, compostas por colegas de trabalho, faculdade, escolas, grupos de amigos, família. Muitas dessas pessoas chegam a um nível de treinamento tal que passam de meros praticantes de exercícios físicos a atletas recreativos. Entretanto, é de extrema importância o acompanhamento de perto por um profissional, para que essa prática desportiva não passe a representar um risco para a saúde. Então, é recomendável uma avaliação cardiorrespiratória por um cardiologista antes do início do treinamento, orientação dos treinos feita por um professor de educação física e acompanhamento da alimentação por um nutricionista. Durante o exercício físico a perda de água pelo suor é acompanhada pela perda de eletrólitos, sais minerais, especialmente sódio, cloro, potássio, magnésio e cálcio. A deficiência destes pode levar ao surgimento de

cãibras musculares, fadiga muscular, diminuindo assim o desempenho físico. A reposição de minerais e vitaminas (ferro, zinco, selênio, vitaminas A, C e E, entre outros) é fundamental também por eles participarem da oxigenação muscular e da proteção do corpo quanto à ação dos radicais livres, os quais têm sua produção aumentada em práticas esportivas. Além disso, um atleta recreativo ou profissional tende a ter um maior gasto energético do que um indivíduo sedentário, não só pelo gasto durante o exercício, mas também ao longo do dia todo. Isso acontece porque o metabolismo dos atletas fica mais acelerado, aumentando a taxa metabólica basal, que representa o gasto energético diário em repouso. Dessa forma, se faz necessário adaptar a ingestão energética ao gasto calórico diário. Uma dieta insuficiente em energia, vitaminas e minerais faz com que o sistema imunológico fique deprimido e o corpo fique mais suscetível a doenças. Esse fato é ainda piorado quando esse padrão de dieta é associado à prática de exercício físico de alta intensidade. Isso porque o cortisol (hormônio do estresse) e os radicais livres, produzidos em maior quantidade durante

o exercício, também têm atividade imunodepressora. Quem está praticando as corridas de rua com o objetivo de emagrecimento e reduz sua ingestão de alimentos sem se atentar à qualidade de sua dieta tem uma grande chance de não estar ingerindo a quantidade adequada de nutrientes. Dessa forma, um atleta, principalmente os que visam controle de peso corporal, devem se atentar ainda mais para a qualidade dos alimentos que compõem sua dieta e também buscar orientação de um nutricionista para avaliar a necessidade da inclusão de suplementos alimentares e assegurar a ingestão adequada de energia, minerais e vitaminas, quando não for possível por meio da alimentação apenas.

(*)Dr. Renato França CRN/1 5340 Nutricionista Funcional e Esportivo Graduado em Nutrição pela Universidade de Brasília – UnB Membro do The Institute for Functional Medicine – EUA Clínica Renato França Setor Terminal Norte, Bl. N Sl. 117 Ed. Jaime Leal Contato: renatonutricao@gmail.com (61) 8152.6767



Comportamento

Por: Clarice Gulyas | Fotos: Clarice Gulyas

Estelionato e falsidade ideológica Compra e venda de monografias são realidade dentro das instituições de ensino. A prática pode incorrer em crime penal

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aço sua monografia”. Anúncios como estes estão espalhados pela cidade. A correria com o último trabalho acadêmico faz com que várias pessoas busquem soluções práticas e imprudentes para sua vida profissional. O comércio de monografias, teses e doutorados é realidade e configura crime civil para quem compra e quem vende. Uma publicitária que não quis se identificar disse que adquiriu sua monografia ano passado, pela internet. Sem revelar o valor pago, ela diz que o fator determinante pela escolha do serviço foi ter pago antecipadamente a formatura. “Todas minhas amigas estavam adiantadas. Eu fiz o pedido pela internet, acompanhava por email e dava uma mexida”, diz.

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O preço varia de acordo com a necessidade do cliente. O texto científico custa em média R$ 25 a página e é entregue com revisão gramatical e formatação de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Só esta adaptação custa R$ 2 a lauda. Em outras ofertas, o pacote “moleza” inclui tema, préprojeto e até treinamento para apresentação. Já este preço é negociado de acordo com a dificuldade de pesquisa. A coordenadora de Comunicação Social do Instituto de Ensino Superior de Brasília (IESB), Daniella Goulart, flagrou casos de monografias compradas e plagiadas na banca examinadora. Segundo ela, esses alunos partem para o mercado de trabalho despreparados e podem, inclusive, sofrer preconceito.

“A credibilidade dessa pessoa será marcada para sempre, além de ficar despreparada para enfrentar situações como esta no futuro. Vejo como uma questão de índole e ética”, diz. A venda e a compra de monografias, teses e doutorados não configuram crime autoral, já que o próprio autor é quem negocia o produto. De acordo com a advogada especialista em direito autoral, Lícia Juliane de Almeida Paiva, o assunto é controverso, pois há pelo menos três correntes doutrinárias para o mesmo tema. A primeira diz respeito ao artigo 299 do Código Penal, que define o fato como crime de falsidade ideológica por quem compra, e coautoria por quem vende. A segunda, de acordo com o artigo 171, além da coautoria no crime de falsidade ideoló-


Lícia Juliane, advogada especialista em direito autoral

gica, o vendedor também responderá por estelionato. E a terceira diz que, tanto a conduta do autor que vende, quanto à do comprador, são atípicas. De acordo com essa última corrente, a advogada explica que para configurar crime de estelionato, o comércio de monografias deve oferecer prejuízo a outros envolvidos. “Como não há prejuízo para a faculdade, não se pode qualificar o crime como de estelionato. Com relação ao crime de falsidade ideológica, também não haveria crime, e podemos usar como exemplo, o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal das chamadas “colas eletrônicas”, no qual o STF classificou o crime como atípico”, explicou. Cabe à faculdade tomar medidas administrativas e até legais para coibir o comércio de obras científicas. “A instituição de ensino pode reprovar e até jubilar quem comprou o trabalho. Po-

derá, também, registrar notícia crime na delegacia, que será encaminhada ao Ministério Público (MP) para ser avaliada. Verificando que há indícios suficientes de autoria e materialidade, o MP oferece a denúncia, eis que a ação penal para os crimes de estelionato e falsidade ideológica é pública incondicionada”, explica a advogada. Quanto ao plágio, a advogada explica que cabe sanções tanto autoral quanto penal. O autor poderá reivindicar seus direitos a qualquer momento, enquanto o plagiador responderá por danos morais, podendo sofrer detenção de três meses a um ano, de acordo com o artigo 184 do Código Penal.

Serviço Cortês e Zupirolli e Advogados SCS Qd. 4, Bl. A, Ed. Nordeste (61) 3323.2294

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Moda

Por: Gabriela Rocha | Fotos: Divulgação

Vestidos de inverno M

esmo no inverno, o clima de Brasília continua dando espaço para se colocar as pernas de fora. Os vestidos são uma ótima solução para os dias quentes e as noites frescas da cidade. Já que, com um casaco leve ou um xale, dá para transitar tranquilamente nos momentos mais frios. Para a estação a principal novidade são os ombros marcados. Estruturas inspiradas nos anos 1980, com ombreiras e formas pontudas,

foram os looks que apareceram com mais força nas passarelas. Para as mais conservadoras, volumes discretos e aplicações na região dos ombros já dão um upgrade no visual. A cintura marcada, que há algumas estações voltou aos armários femininos, também continua trazendo muito charme aos vestidos. Seja com cintos, faixas, ou ajustes, o visual mais acinturado é uma boa pedida para o inverno.

M onna Vestido Corporeum A vanzzo Vestido marrom

Ortiga Vestido de ombros marcados

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T omara-Que-Caia Vestido de malha

F illity Vestido Zebrado

Fillity

Vestido militar

Tomara-Que-Caia Vestido de pie de poule

Serviço Avanzzo Park Shooping 2º piso Lj. 245 (61) 3361.0331 www.avanzzo.com.br

Fillity Shopping Iguatemi 1° Piso (61) 3577.5511 www.fillity.com.br brasilia@fillity.com.br

Monna QI 05 Lj. 43 - 47 Gilberto Salomão (61) 3364.4248 www.monnabsb.com.br

Ortiga SCLN 309 - Bl. D - Lj. 20 (61) 3349.3036 www.ortiga.com.br

Tomara-que-Caia SCLN 113 - Bl. C - Lj. 15 (61) 3037-1639 www.tomaraqcaia.com.br

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Cultura

Fotos: Luis Turiba e Alberto Ruy

Beirute o bar que inventamos Um livro de 405 páginas conta a história do bar mais importante da capital A "Quadra do Samba" vai pegar

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magine só toda uma enciclopédia dedicada à história de um único bar! Pois é mais ou menos isso o livro “Beirute, bar que inventamos”, organizado por Fernando Fonseca, com mais de 100 colaboradores entre jornalistas, poetas, fotógrafos, desenhistas, professores e frequentadores. O lançamento do livro foi um acontecimento antológico que reuniu mais de mil pessoas no foyer do Cine Brasília. Lá, até um sósia do presidente JK compareceu devidamente trajado de presidente Bossa-Nova e teve o prazer de saborear a cerveja Beira, lançada na mesma noite, servida pelo Francisco, proprietário do bar. Textos, poemas, fotos, entrevistas, teses, montagens. São 404 páginas

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de um trabalho editorial memorável que já dura há mais de dez anos. Ou como prefere definir o autor: “o livro é uma expressão coletiva daqueles que gostam do Beirute”. Para organizar o livro, Fonseca se dedicou por nove meses seguidos ao longo de 2009 a recolher textos, montar arquivos fotográficos de personagens e ambientes junto com o fotógrafo Luiz Clementino. O livro é um retrato quase fiel do bar, pois Fernando seguiu um projeto gráfico diversificado e multicultural. Não é para menos, quando não está no bar, ele trabalha no seu apartamento, onde montou uma mesa idêntica as do Beirute para se sentir bem à vontade.

Finalmente um projeto para o samba em Brasília. Estreiou no início de maio, na Associação do Tribunal de Contas da União - o projeto "Quadra do Samba", com o objetivo de incentivar a cadeia produtiva do samba da capital. Durante todo o mês de maio, dez compositores de sambas estarão mostrando composições para um júri popular e outro técnico. O juri popular elege o melhor samba; o técnico, o melhor samba e melhor intérprete. O projeto que já acontece desde abril, com grande sucesso, premiou na sua primeira edição “Samba é Fineza”, defendido por Kiki Oliveira, de Vinicius de Oliveira. As inscrições para a próxima etapa pelo sítio: www.maracangalhaproducoes.com Vai ficar de fora?


luis turiba

Turismo comemora 1º de Maio

com música e sorteios Setor anuncia um novo ciclo no DF

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o último dia 1º de Maio, o segmento do turismo de Brasília deu um tremendo sinal de vitalidade e dinamismo. Cerca de 200 agentes de viagens, operadores de turismo e empresários do setor participaram do almoço de confraternização onde celebraram os dias do trabalhador e do Agente de Viagens. Música, sorteios de viagens internacionais e muita conversa animaram a reunião que só terminou às 14 horas. Coube ao novo presidente da Associação Brasileira das Agencias de Viagens (ABAV-DF), Carlos Alberto de Sá, anunciar os novos tempos para o turismo do Distrito Federal. “Precisamos nos preparar para os novos tempos que estão chegando. Brasília é um dos maiores destinos turísticos do Brasil e vamos ter muito trabalho pela frente. Por isso, teremos novidades ao longo deste ano: cursos de capacitação, treinamentos e uma permanente busca de conhecimento para os que trabalham com turismo”, afirmou. O evento contou com a presença do novo secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Antônio Coelho Sampaio, que anunciou um novo enfoque para o setor, com medidas concretas para os próximos dias, tocando projetos como o da cidade aeroportuária e outros. O presidente do Sindicato da Empresas de Turismo (Sindetur), João Batista Nogueira saudou aos profissionais presentes no almoço comemorativo, falando também com entusiasmo dos novos tempos para o turismo brasiliense.

“É o início de um novo ciclo. No setor tem muita experiência e agora podemos dar um salto de qualidade no atendimento à população nas suas viagens e também no nosso crescimento interno”. Representantes de empresas de aviação que operam em Brasília, como a TAM, GOL, Webjet, Avianca, Passaredo, TAP e Delta, assim como as operadoras de turismo VOETUR, TAM Viagens, CVC, Trend Operadora, prestigiaram o evento. O secretário-geral da ABAV, Carlos Vieira, coordenou junto com os diretores da instituição Lamarck e Maurício Gomes, os sorteios de brindes, hospedagens e passagens nacionais e internacionais.

Nova diretoria da ABAV - Carlos Vieira, Maurício Gomes, Carlos Alberto de Sá (braço levantado) e Lamarck


Artes Plásticas Por: Juliana Mendes

Protesto bem humorado

A charge é uma forma mais amena de mostrar a indignação com os acontecimentos do país. Chargistas consagrados brincam com a imagem dos políticos por meio das caricaturas. O que dá certo graças ao humor brasileiro

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o século 19 o desenhista francês Honoré Daumier criou uma forma divertida e inusitada de criticar o governo: por meio das charges. A palavra tem origem no francês charger que significa carga, exagero. E essa arte de criticar por meio de caricaturas engraçadas de personalidades políticas sobreviveu ao tempo e às censuras e chega ao século 21 com força e uma vantagem: o boom da tecnologia digital. Muitas vezes confundida com o cartum, outra forma divertida de falar sobre assuntos corriqueiros do dia a dia, a charge se diferencia pelo fato de ser passageira. Ela expressa algum assunto do momento e o leitor que a vê precisa estar antenado aos acontecimentos para entender o que o artista quis transmitir. Diferente do cartum que é atemporal, abordando normalmente, questões sociais e de fácil compreensão.

André Cerino Brasília abriga hoje um dos grandes chargistas da nova geração, André Cerino. Nascido em setembro de 1964, seis meses depois do Golpe de Estado que culminou em 21 anos de Ditadura Militar, esse pernambucano cresceu indignado com os abusos praticados pelos poderosos do nosso país. Descobriu o dom para o desenho aos 15 anos. Até então não imaginava que seu futuro seria feito de arte e humor. “Eu não tinha uma veia humorística, fui descobrindo na sala de aula, fazendo caricatura de professores, de

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amigos. E vi que as pessoas se interessavam pelo humor”, diz Cerino, que começou com o cartum e hoje é chargista e artista plástico, com grandes obras na pintura e escultura. Aos 17 anos veio para Brasília com a intenção de passar o período de férias, mas acabou voltando para trabalhar. Sua primeira oportunidade surgiu nesse passeio, quando publicou a primeira charge no Jornal de Brasília. A partir daí não parou mais. Já publicou seus trabalhos em diversos jornais e revistas, e hoje prefere expor o que produz em seu site.

Enio Lins O Brasil conta com chargistas e cartunistas de peso como Enio Lins, um alagoano que começou a publicar seus trabalhos em 1977 na Gazeta de Alagoas, quando ainda era estudante de arquitetura. Só em 1979, já acostumado com a vida em um grande veículo de comunicação, se profissionalizou como jornalista. A partir daí sua carreira jornalística deslanchou. Passou por praticamente todos os veículos de mídia impressa do Estado, ocupando cargos de destaque. E ele afirma que a charge foi crucial para, aos 20 anos, definir seu futuro. “A charge representou minha definição profissional, num momento em que eu decidia seguir carreira noutro rumo”, afirmou. Atualmente, trabalha para a Gazeta de Alagoas, seu primeiro veículo, e colabora para a coluna do jornalista Cláudio Humberto, com quem trabalhou em algumas redações e quem o levou a se interessar novamente pela charge em um momento em que tentava se dedicar exclusivamente ao texto. Foi por meio das publicações na coluna que surgiram oportunidades de expandir seu trabalho para outros veículos como o Jornal de Brasília.

nado pela internet. Eles acreditam na importância das charges ocuparem espaço nos grandes veículos. “Creio ser a charge um elemento essencial no perfil editorial de um veículo de comunicação de expressão visual e, hoje, além da mídia impressa, a internet e a TV (com a charge animada) comprovam essa importância”, diz Enio. Porém, mesmo com todas as facilidades proporcionadas pelo avanço digital, chargistas ainda sentem dificuldades. Para Cerino, falta visão dos grandes jornais e das editoras e lamenta que isso vá levar à perda dos grandes artistas brasileiros para o mercado internacional. ”Hoje é importante um veículo de comunicação ter um chargista, um cartunista, porque dá credibilidade à questão do humor. Estamos cometendo algumas falhas e não dando valor a isso. O mercado internacional vai acabar absorvendo esses profissionais que existem aqui”, destacou Cerino.

Novas tecnologias Artistas como Cerino e Enio estão tirando grande proveito das tecnologias digitais e do espaço proporcio-

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Gastronomia

Por: Alessandra Germano | Fotos: Gustavo Lima

Dom Francisco

Volta às raízes com pitadas de modernidade Aberto desde 1988, alguns pratos do Dom Francisco da 402 Sul se confundem com a tradição da própria cidade. Mas ao longo dos anos, mesmo com poucas alterações, com o fim da primeira sociedade a casa perdeu um pouco de sua identidade. Há dois anos e meio, o casal Giuliana Ansiliero (filha do primeiro proprietário, o chèf Francisco Ansiliero) e Edson Monteschio assumiu o local para resgatar as características que fazem dele exclusivo. Além de reformulações no cardápio, a nova arquitetura conferiu à casa aspecto mais moderno e refinado. “O nosso objetivo era resgatar as características originais do restaurante agregando novas técnicas culinárias, assim como recuperar o contato íntimo no processo de cocção dos pratos”, explica Edson, contando que, na direção anterior, o bacalhau passou a ser cozido em uma panela de metal pois acelerava o processo, mas a nova direção voltou às raízes da cozedura em cumbuca de porce-

Lombo de bacalhau grelhado na brasa

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lana. “Usamos as melhores louças e as melhores taças, não só pensando na beleza da apresentação, mas no acréscimo da qualidade, porque realmente faz diferença no sabor final”, afirma Giuliana. Como conceitua o casal, o Dom Francisco da 402 Sul é uma casa rústica, mas que prioriza a qualidade da matéria prima e os métodos de cocção para não modificar o sabor dos alimentos. Essa preocupação se imprime também nos produtos de padaria e confeitaria, que são próprios. Da mesma forma, a excelência no serviço é uma das prioridades do restaurante. Segundo Edson, os clientes voltam à casa por causa do atendimento. “Nossos colaboradores, desde o manobrista até o gerente, têm aulas de português e inglês. Nosso sommelier que já estudou na Europa, acabou de voltar de cursos na Argentina e no Chile. Aqui, eles compram a ideia da casa e vestem a camisa do cliente.”

Por mais que seja redundar ao lugar comum, alguns restaurantes de fato fazem jus à afirmação de que a gastronomia é a arte de se comer com os olhos. Isso acontece com o lombo de bacalhau (gadus morhua, da Noruega) grelhado na brasa. O prato mais pedido no restaurante tem uma apresentação impecável, é possível salivar só de ver a textura da carne. Outros pratos muito solicitados são a picanha e a costela de tambaqui. As novidades do cardápio, ainda para este mês de maio, são os pratos principais de galeto com fettuccine ao creme de ervas e tomate concassê, o stinco de javali com galete de batata, e o acompanhamento de favas rústicas à moda do chèf. A maior carta de vinhos em taça da cidade é do Dom Francisco da 402 Sul, desconfia-se também que seja a maior do país, com 30 rótulos de ícones em padrão de qualidade. Eles dispõem também do conceito Wine Flight, uma bandeja especial na qual são servidas três taças de 75 ml cada, e sob elas um texto informativo das uvas e regiões produtoras. Há também uma carta com várias harmonizações sugeridas para cada prato. “Aqui o cliente tem a chance de experimentar vinhos raros e finíssimos por um preço muito acessível. Além de poder comparar os sabores e aromas de cada um”, explica Edson.

Serviço Dom Francisco CLS 402 – Bl. B – Lj. 05 – Asa Sul (61) 3224.1634 www.domfrancisco.com.br


Muito mais que uma choperia A Chopp Time da Asa Sul não é somente uma choperia, é um restaurante completo. No cardápio, não há apenas os tradicionais petiscos, há também pratos dignos da alta gastronomia. Como eles próprios dizem: “o conceito da casa é fruto da tradição que conta com mais de 70 anos de história, técnica, muita arte, tecnologia e cuidado especial no armazenamento e extração do chope.”

Filé à Forestière

Quem trouxe a segunda franquia de Ribeirão Preto à cidade foi o uberabense Massato Hatsuia Júnior, que deixou a fazenda em Minas Gerais, onde trabalhava como engenheiro agrônomo, para mudar radicalmente de ramo em Brasília. A marca Chopp Time existe há 11 anos e foi criada no modelo do Pinguim, também ribeirão-pretana, uma das choperias mais tradicionais e famosas do país. A casa prima pelo bom gosto arquitetônico e pela infraestrutura, com uma área de mais de 350 m² comporta 270 pessoas. O piso superior, climatizado e com isolamento de som, tem capacidade para 70 pessoas e pode ser reservado para festas e eventos particulares.

O cardápio dispõe de uma extensa variedade de pratos entre saladas e entradas, porções frias e quentes, pratos à la carte, massas e pizzas, peixes e frutos do mar, sanduíches e sobremesas. Destaques para o prato exclusivo criado pelo chéf da casa, Filé à Forestière: filé alto grelhado com molho de vinho, batata e champignon salteados e arroz com molho de vinho. Às terças, das 18h às 21h, tem a Terça em Dobro que oferece dose dupla de chope e, aos sábados, é servida feijoada. Massato manda avisar que em breve a casa terá música ao vivo e telão na Copa do Mundo. Serviço Chopp Time CLS 413 - Bl. A - Lj. 01 - Asa Sul (61) 3542.0918 Diariamente, das 11h até o último cliente

Que seu remédio seja o seu alimento Brasília ganhou seu primeiro restaurante de alta gastronomia natural, o Bhumi. A casa oferece pratos saudáveis preparados a partir de alimentos orgânicos. Estes seguem rígidos critérios no sistema de produção agrícola, como o cultivo sem adubos químicos ou agrotóxicos, buscando o manejo equilibrado do solo e de recursos naturais. E essa é a proposta do Bhumi: servir pratos vegetarianos

Tofu marinado

e veganos, assim como proteína animal, todos de origem comprovadamente orgânica e totalmente livres de pesticidas, herbicidas, compostos químicos, hormônios e antibióticos. O novo empreendimento de Gilberto Manso, dono da Belini Pães & Gastronomia, também traz mais uma novidade: a raw food (comida crua) ou culinária viva, na qual, para preservar as enzimas dos alimentos, estes não são cozidos. Não há fogo nem calor, a temperatura máxima na cozinha é de 42°. No lugar dos fornos convencionais, é utilizado um forno desidratador. Desse tipo de cozinha, laticínios e carnes não fazem parte, assim como os refinados. Mas os que estão sempre presentes são frutas e

hortaliças, sementes e grãos, coco e cacau, cogumelos e algas, e claro muitas especiarias e temperos. “Pesquisas e estudos científicos comprovaram que grande parte das doenças que adquirimos se deve à má alimentação. Hipócrates, o pai da medicina, já dizia ‘faça do alimento o seu remédio’, e eu acredito nisso”, diz Manso. Os pratos crus ficaram a cargo do Dr. Aris La Tham, PhD em Ciência da Alimentação. “Somos o que comemos e, se comemos coisas mortas vamos morrer mais rápido. Como se pode receber vida de algo morto?”, defende.

Serviço Bhumi – Cozinha Orgânica e Saudável CLS 113 – Bl. C – Lj. 33/34 - Asa Sul (61) 3345.0046

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Mundo Animal

Por: Clarice Gulias | Foto: Clarice Gulias

Cuide bem de seu melhor amigo

evite a cinomose e a parvovirose Saiba como proteger o seu cachorro destas duas doenças que podem levá-lo à morte

O

s cães interagem harmoniosamente com seus donos, são extremamente sociáveis, amigos e protetores. Para eles, as pessoas com quem vivem são como parte de uma matilha. Para os donos, são como membros da família. Grandes ou pequenos, de raça pura ou mestiça, não importa, esses bichinhos tão queridos merecem toda nossa atenção, principalmente quando se trata de doenças como a parvovirose e a cinomose. Não há lugar nem idade exclusiva para que o seu melhor amigo contraia alguma dessas doenças. Expor seu animal às ruas sem vacinação é colocar a vida dele em risco. Se o seu amigão anda meio triste e sem apetite, desconfie. A parvovirose afeta, em sua maioria, filhotes. Mas os animais adultos não vacinados também podem ser pegos de surpresa.

Parvovirose A virose é transmitida pelo ar e atinge principalmente cães de raça

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pura (que geralmente possuem imunidade baixa) e os filhotes com idades entre seis semanas e seis meses. A contaminação entre os animais ocorre pelo contato com as fezes de cães infectados. A parvovirose ataca o intestino, causando lesões, que para os animais mais jovens pode ser fatal. Doentes, eles deixam de comer e beber. Passam a ter vômitos e diarreias com a presença de sangue e mau cheiro. Segundo a veterinária Maria Fátima Soffa, a doença pode ser tratada quando diagnosticada no começo, mas a melhor forma de evitá-la é com a prevenção. “O tratamento dura em torno de uma semana e é sintomático. Os cães devem ser imunizados a partir dos 45 dias de vida, a cada 21 dias, em um total de quatro doses”, diz. O animal, mesmo curado, expele o vírus da parvovirose por um período de tempo que pode durar até um ano. A veterinária aconselha não colocar outro cachorro no ambiente contaminado, pois, até mesmo esterilizado, o outro cachorro pode se contaminar. Joana Eichler, 22 anos, perdeu Taty, um filhote da raça yorkshire. Como não foi vacinada, apresentou os sintomas da parvovirose logo nos primeiros dias. Joana só percebeu a gravidade da doença quando a cadela já não se alimentava mais. “Ela não tinha forças para nada. Levamos ao veterinário depois de alguns dias, mas, infelizmente, foi tarde”, lamenta Joana.

Cinomose Essa é ainda mais grave. A transmissão do vírus da cinomose ocorre da mesma forma que o da parvovirose, mas ao contrário desta, o animal não deixa de se alimentar, mas emagrece. O cachorro fica indisposto e apresenta secreções no nariz e nos olhos. O contágio da cinomose entre os animais ocorre principalmente por meio do espirro, tosse e saliva de cachorros infectados. O compartilhamento de vasilhas de comida e bebida também facilita a transmissão da doença. “Esta é uma doença grave e de fácil contágio. A maioria das vezes tem cura, exceto quando afeta o sistema nervoso central do animal”, diz Fátima. Nesses casos, quando a cinomose está avançada, geralmente não há chances de cura. O cachorro fica desorientado, trêmulo e sem equilíbrio. Nem mesmo os animais vacinados estão livres de contrair a cinomose e, por isso, os donos devem ficar ainda mais atentos. É que algumas vacinas usadas não protegem o cachorro de forma eficaz. Segundo os especialistas, as vacinas mais indicadas são as importadas. Além disto, o cachorro deve ir ao veterinário regularmente para fazer exames de rotina para evitar que outras doenças menos graves possibilitem o contágio por baixa imunidade do animal.

Serviço Dog Way Pet Shop Qd. 01 - Lt. 05 - Lj. 03 Vargem Bonita - Park Way (61) 3380.3170



Jornalista Aprendiz

Por: Gabriela Moreno | Fotos: Kazuo Okubo

Fotografia

além do que se vê Eventos e projetos promovidos por fotoclubes enchem a cidade de cultura

B

rasília é uma cidade com rica cultura fotográfica. Somente no Flickr, um dos sites mais importantes de partilha de imagens fotográficas, onde são armazenados três milhões de imagens dos mais diferentes usuários, 1.037 grupos são de Brasília. Celeiro do fotojornalismo contemporâneo, a capital tem se destacado por profissionais na arte da fotografia. Em 28 de maio de 2006, por exemplo, José Varella, fotógrafo do Correio Braziliense foi o vencedor do prêmio Ayrton Senna de fotojornalismo com a foto intitulada “Olhos de Brinquedo”, que mostra a inclusão social de crianças cegas. A cidade possui vários grupos organizados entre fotoclubes e coletivos. Os pioneiros, “Ladrões de Alma”, por exemplo, atuam em Brasília desde 1988. São um grupo de fotógrafos profissionais e amadores que trocam ideias e experiências sobre fotografia. Ao longo do tempo, foram fazendo exposições juntos, coleções de postais e ensaios. Seus trabalhos evitam a tradição documental da fotografia e exploram diferentes opções estéticas. “Foi muito enriquecedor, especialmente porque nossas discussões eram em torno de questões relativas à linguagem artística”, diz a jornalista e designer gráfica Usha Velasco, que começou a fotografar despretensiosamente suas viagens, e se apaixonou pela fotografia quando

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entrou para a faculdade, tornando-se assim, membro do “Ladrões de Alma”. Outro fotoclube que tem uma proposta diferenciada é o f/508, fundado em julho de 2005 no Espaço Cultural Renato Russo – 508 Sul. Humberto Lemos é fotógrafo e também idealizador desse grupo, que surgiu por acaso. Na época, ele tinha chegado do Rio de Janeiro para dar um curso de fotografia. O curso atrasou por vários problemas exteriores, um deles foi a greve da Universidade de Brasília e então criou-se o hábito entre os alunos de sair aos sábados para fotografar, criando-se assim o fotoclube. Começaram então as exposições e projetos como o “Retratando com Alma”, desenvolvido com deficientes visuais em 2005, e o “Libertas CAJE” no ano passado, com a intenção de levar a inclusão visual através da fotografia para os jovens em conflito com a lei. Atualmente, o f/508 continua com vários cursos de fotografia, do básico aos profissionalizantes e especiais, além de novas propostas como o intercâmbio com a América Latina: “Brasília está em quinto lugar na projeção nacional de fotografia, a intenção é promovê-la fora, expandí-la na América Latina e vice-versa”, diz Humberto. No início de abril deste ano, surgiu o projeto Lambe-Lambe, que envolve a projeção de ensaios fotográficos de

integrantes do f/508 e convidados. Os encontros acontecem na primeira semana de cada mês, no Cabíria CineCafé na 413 Norte, um espaço inovador com um minicinema, que envolve a todos pela atmosfera cinematográfica em cada detalhe e um inusitado cardápio de pipocas. Em 28 de março de 2009, foi fundada a Associação de Fotógrafos de Brasília (Afoto), com o objetivo de somar forças para a realização de eventos, criar festivais de fotografias feitos por fotógrafos para fotógrafos


e regulamentar a profissão. É preciso normatizar algumas questões, como tabelas de preços, uso de direitos autorais e cláusulas abusivas de concursos fotográficos, como por exemplo, a que dá direito à venda e ao uso de fotos inscritas em um concurso por tempo indeterminado. Kazuo Okubo, fotógrafo profissional de renome e diretor executivo da Afoto, acredita que estamos vivendo uma revolução na fotografia e que depois da câmera digital, tudo se democratizou. “A Afoto é importante para nós fotógrafos porque nos reúne, tem o objetivo de inserir mais reflexão e outros valores no momento de fotografar”. A associação já conta com 30 membros e tem reuniões uma vez por semana. A intenção é de que todo mês se promovam exposições e palestras com o objetivo comum de vivenciar a arte da fotografia.

Gabriela Moreno é aluna do Instituto de Ensino Superior de Brasília - IESB SGAS Qd. 613/614 - Av. L2 Sul Coordenador responsável: Daniella Goulart Rodrigues

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Fotografia Foto: Gustavo Lima

Por: Luciana Vasconcelos Reis

A imagem que eterniza momentos A fotografia é parte de um processo de comunicação complexo e deve ser pensada estrategicamente

R

egistrar lembranças, ideias, congelar momentos, além de prazeroso pode gerar renda e até prêmios. A fotografia é divertida e evoluiu muito nos últimos tempos. Atualmente com as máquinas fotográficas digitais a possibilidade é quase infinita. As fotos são tiradas e vistas imediatamente, o que dá à pessoa a possibilidade de refazê-las caso não goste de alguma coisa. Na Antiguidade alquimistas e químicos faziam suas experiências na esperança de captar imagens. Na Grécia Antiga, em torno de 350 a.C o fenômeno da produção de imagens pela passagem de luz através de um

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estreito buraco já era conhecido. Fotografia quer dizer escrita de luz, já que em grego, foto significa luz e grafia significa escrita. Uma forma incontestável de expressão e o poder de paralisar instantes há muito mexem com o imaginário do homem. A fotografia tem possibilitado muitas alegrias, aumentado o número de vendas, no caso da publicidade, e para os veículos de comunicação, muito mais leitores. Enquanto muitos amam os cliques e não vivem sem eles, outros tantos estão em constante pé de guerra com os chamados “paparazzi”, fotógrafos especializados em clicar a vida das celebridades.

Temos que abrir um parêntese para explicar que esse tipo de profissional ganha a vida mostrando o que muitas vezes o artista ou a pessoa pública tenta esconder. Essas fotos podem custar uma fortuna, dependendo de quem, e em que circunstância, é fotografado. Enquanto no jornalismo a fotografia ampara e chama para as notícias, na publicidade, o efeito vai além, a imagem tem o objetivo de transportar o leitor para lugares paradisíacos ou despertar nele o desejo de consumir alguma coisa, como bebidas, sanduíches e muito mais. O cuidado dos fotógrafos é tanto que ao ver as imagens, o consumidor quase consegue sentir o


Fotos: Fernando Bizerra / Agência GB Press

aroma do prato que é mostrado. E as mulheres? São literalmente seduzidas por roupas ou sapatos que não fariam falta alguma. Fernando Bizerra da Silva, que começou a fotografar em 1970, lembra que se apaixonou pelo universo da fotografia quando ainda era ajudante de seu pai, Manoel Bizerra da Silva, um lambe-lambe que atuava no mercado de Brasília: “Eu tinha que revelar e esperar secar as fotos 3 X 4. Antes era muito mais interessante, a valorização do profissional era maior”, destacou Bizerra dizendo ainda: “Fotografia é muito mais do que a infinidade de fotos que hoje as pessoas tiram por aí. O fotógrafo precisa valorizar o momento, pensar que a boa foto não é tirada com facilidade. É como um quadro, você precisa visualizar a imagem antes que ela seja captada, temos que pensar na qualidade e não na quantidade”. Um dos maiores diferenciais entre a fotografia e outros meios de construção de imagem é a sua realidade, “ela é realista por natureza,

mas cada uma é produzida com um fim específico”, afirmou Bizerra. Para ele, o olho do fotógrafo deve ser treinado: “É necessário olhar, avaliar, enxergar a foto antes de clicar: “Um trabalho bem realizado tem a luz, a textura, o enquadramento, o foco, a importância da linha e a definição do que se quer colocar em primeiro ou segundo plano”, enfatizou. Só desta forma é possível materializar e mensurar o que é tangível e intangível. No caso de fotografias produzidas para apresentar uma empresa ao mercado, por exemplo, ela deve ter como foco principal o perfil que a empresa quer mostrar ao seu cliente. É como uma foto no currículo, não pode ser sensual, afinal, a pessoa busca um emprego e não amigos em páginas de relacionamento. Bizerra é proprietário da BG Press, que atua no mercado brasiliense há 12 anos, seu acervo possui mais de 400 mil imagens. A empresa oferece além de equipamentos para fotografia e revelação, serviços como produção de books e cursos que

atendem desde o público leigo até os profissionais. Ele afirma que a capital tem uma super oferta de profissionais qualificados. “Sempre que grandes veículos de comunicação precisam de imagens de arquivo, sobre a construção e história de Brasília, eles nos procuram. É a história viva da cidade”, afirmou com alegria. Ele enfatizou que a fotografia não funciona sozinha, ela sempre está inserida em contextos. “Seja qual for o objetivo da foto, o fotógrafo precisa ser avisado da realidade, daquilo que se espera que seja mostrado e valorizado na ocasião. Ela é parte de um processo de comunicação e deve ser vista de forma completa e pensada estrategicamente. É muito forte como meio de formação de opinião por transmitir a mensagem de forma clara e direta”.

Serviço Agência BG Press SCLN 302 Bl. A Lj. 3 (61) 3328.8434

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Propaganda e Marketing

A Guerrilha da criatividade M

arketing de guerrilha vem do conceito de guerrilha bélica, como exemplo a guerra dos Estados Unidos com o Vietnã: um tipo de guerra fora do convencional, na qual o exército pequeno, sem armas, acaba vencedor pelo fato de conhecer o terreno. A publicidade consiste basicamente numa ação de no-media, uma ferramenta do marketing que tem como objetivo principal não comprar mídia. Diariamente, somos bombardeados com centenas de anúncios, nos ônibus, nas ruas, na televisão, etc, etc, etc. Querendo ou não, lá estão eles. E quando já estamos fartos de tanta propaganda, vem o marketing de guerrilha, cujo principal objetivo é fugir dessa mídia convencional, atrair a atenção das pessoas na rua e, por consequência, gerar mídia espontânea. A Idélibe Comunicação Criativa acredita nessa ideia e busca estar sempre inovando e mostrando esse outro lado do marketing para os seus clientes. Queremos fugir do convencional, divulgar a marca com criatividade e inovação. Acreditamos que toda novidade atrai a imprensa, principalmente quando envolve as pessoas. Nossos planejamentos sempre buscam abrir portas para novas práticas de comunicação. De forma estratégica, por ser algo inusitado, entra a questão do boca a boca, uma modalidade de comunicação tão antiga quanto eficiente, solução muito útil nesse mercado tão competitivo. Apesar da fração de investimentos destinados pelas empresas às

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ações de no-media ainda ser muito pequena, nós queremos fazer parte dela e acompanhar o crescimento do cliente, potencializando a divulgação da marca e mostrando para ele o quanto esse segmento é significativo. É preciso realmente chamar a atenção das pessoas, para que elas parem e perguntem o que é aquilo, tenham a curiosidade de saber do que se trata. É muito gratificante ver que elas param de fazer o que estão fazendo e prestam atenção numa ação planejada por você. A Idélibe nasceu há pouco, mas já tem clientes relevantes e uma equipe jovem e com vontade de trabalhar, que, acima de tudo, acredita no crescimento da empresa. Nosso objetivo principal é surpreender, fazer com que as pessoas notem e falem da marca. É preciso Foto: Gustavo Lima

saber se movimentar, ter um contato próximo com o cliente, falar diretamente com o público-alvo, manter um diálogo diferente e mais direto com o mercado consumidor, quebrando as barreiras de comunicação entre ele e a marca. O marketing de guerrilha vem crescendo e pode ser uma ótima alternativa para empresas com pouco recurso financeiro destinado a publicidade. Mas não se restringe a elas. Grandes empresas também usam esse recurso como uma forma de mídia alternativa, que, sem dúvida, tem o baixo custo como uma de suas maiores vantagens. Produzir brindes para entregar ao público-alvo ou eventos para entreter e divertir esse público tem um custo consideravelmente mais baixo do que veicular anúncios em mídias convencionais. É fazer mais com menos. Nunca diria que as pessoas devem deixar de investir em mídias tradicionais, mas acredito que se elas destinassem parte da verba para mídias alternativas, os resultados seriam notáveis. No marketing de guerrilha, criatividade, inovação, boas ideias, ousadia e um bom planejamento são extremamente relevantes, mais que dinheiro. As iniciativas devem ser bem pensadas e executadas com o intuito de passar sempre uma imagem positiva da marca. A ordem é ser original.

* Gláucia Oliveira é gerente de Planejamento da Agência Idélibe comunicação criativa



Tá lendo o quê?

Cleonice Malta

Guilherme Camilo

Ernani Pimentel

Veronica Mendes Dará

Presidente da Sociedade dos Artistas Plásticos

Empresário do Grupo Lengró

Professor

Empresária

Livro Mulheres ambiciosas ganham mais

Livro A bola de neve: Warren Buffett e o negócio da vida Autor Alice Schroeder

Livro O quase fim de Serapião Filogônio

Livro A Bíblia da mulher

Autor Jonas Rosa

Editora Mundo Cristão - Sociedade Bíblica do Brasil

“Ao longo de 60 anos, Buffett fez fortuna identificando valor onde ninguém via e aproveitando-se dos momentos de crise enquanto a maior parte dos investidores recuava. Dono de um profundo conhecimento e instinto empresarial sua vida é uma verdadeira aula de negócios, cheia de ensinamentos valiosos. Buffett é uma mistura de força e fragilidade. Por mais notável que seja sua conta bancária, seu legado não é a posição que ocupa no ranking das maiores fortunas, mas os princípios e ideais que enriqueceram a vida de tantas pessoas ao redor do mundo.”

“Li sofregamente e estou na segunda releitura de “O Quase Fim de Serapião Filogônio”.Trata-se do relato da perambulação conturbada de um fazendeiro do leste mineiro, perdulário e falido, na busca da sobrevivência física e moral, que encontra epicamente seu quase fim no respeito profundo que obtém da elite equinocultora paulista. Jonas Rosa surpreende e apreende a atenção do leitor com a perspicácia e sofisticada agudeza do narrador, também com a exímia fluidez e plasticidade formal do discurso. Estilo literário raro, que associa surpreendentemente sofisticação, sutileza, erudição e simplicidade.”

“O estudo das Escrituras preparado por mulheres, para mulheres, sobre assuntos relevantes às mulheres. O que me chamou a atenção nesta Bíblia, além do estudo, foi a maneira como é apresentado cada livro. O autor, a data, o contexto, o propósito e os temas são apontados de forma detalhada para que o leitor entenda melhor cada passagem da palavra de Deus.”

Autor Debra Condren

“Esse livro me deu base, sustentação e conhecimento para melhor analisar as minhas necessidades materiais e consequentemente como alcançá-las. Eu o recomendo para todas as mulheres que ainda não tiveram oportunidade de ler. O livro traz sugestões de como a ambição pode ajudar a mulher tornado-a mais confiante na hora de lidar com as situações profissionais, obter credibilidade, merecimento e reconhecimento.”



Frases A estima vale mais do que a celebridade, a consideração mais do que a fama, e a honra mais do que a glória

Deus nos concede, a cada dia, uma página de vida nova no livro do tempo. Aquilo que colocarmos nela, corre por nossa conta

Chamfort

Chico Xavier

Grandes espíritos sempre enfrentaram violenta oposição de mentes medíocres

A consciência é o melhor livro de moral e aquele que menos se consulta

Albert Einstein

Blaise Pascal

Quem confunde crítica com ofensa é o mesmo que confunde elogio com bajulação

Você é tratado da maneira como ensina as pessoas a tratá-lo

Rodrigo Bentes Diniz

Wayne Dyer

O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos

Um crítico é alguém que conhece a estrada, mas não sabe conduzir

Elleanor Roosevelt

Katherine Tynan

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Justiça

Dr. Wilson Sampaio*

Saúde

Direito de todos e dever do Estado

T

em se tornado frequente os casos em que o Distrito Federal vem sendo condenado ao custeio de tratamentos médicos e terapêuticos na rede privada, quando a população distrital não consegue recebê-los na rede pública, fato este que tornou previsível as consultas que chegaram sobre o tema em apreço. Com efeito, a Constituição Federal não deixa margens para dúvidas sobre o dever do Estado na efetivação do direito à saúde, conforme dispõe com clareza a norma constitucional haurida do artigo 196: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Acontece, entretanto, que o Distrito Federal ao não promover ações e esforços para fornecer à população o acesso à assistência terapêutica eficiente, está ferindo não apenas referido preceito constitucional, mas, por conseguinte, a própria Lei Orgânica do DF que assim determina, ipsis litteris: “Art 207. Compete ao Sistema Único de Saúde do Distrito Federal, além de outras atribuições estabelecidas em lei: [...] II – formular política de saúde destinada a promover, nos campos econômico e social, a observância do disposto no art. 204 (“A saúde é direito de todos e dever do Estado”);

[...] XXIV – prestar assistência farmacêutica e garantir o acesso da população aos medicamentos necessários à recuperação de sua saúde;” Vê-se, pois, que é indiscutível e evidente o dever do Distrito Federal em prestar assistência médica à população com eficiência e, nos casos em que tal imposição legal é violada, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal não tem tolerado tal violação, senão vejamos: “O direito à saúde é de índole constitucional, consagrado, de modo especial, pelo artigo 196 da Constituição Federal. Assim, diante do risco iminente de morte e ante a ausência de vagas em leito de Unidade de Terapia Intensiva da rede pública, é dever do Estado fornecer tratamento ao cidadão que não tenha condição de arcar com os custos do pagamento de internação em hospital da rede privada de saúde. [...] (20080111636985APC, Relator ANA MARIA DUARTE AMARANTE BRITO, 6ª Turma Cível, DJ 06/05/2010 p. 128)” “1 - O paciente, com risco iminente de vida, tem direito de ser internado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em rede privada, ante a ausência de vaga na rede pública, devendo o Estado arcar com as despesas decorrentes do tratamento. 2 - Eventuais argumentos na dificuldade de oferecer tratamento aos que precisam da assistência na rede pública de saúde, não podem afastar a responsabilidade do Estado, sob

pena de se negar direito constitucionalmente previsto, possibilitando a piora no quadro clínico do paciente, que não dispõe de condições de arcar com o alto custo do tratamento. [...] (20080110089490RMO, Relator HAYDEVALDA SAMPAIO, 5ª Turma Cível, julgado em 01/04/2009, DJ 20/04/2009 p. 155).” Assim, não restam dúvidas sobre a obrigatoriedade do dever do Estado em assegurar aos cidadãos o direito fundamental à saúde constitucionalmente previsto e, desta maneira, nos casos em que a rede pública não tem conseguido assegurá-la com eficiência, resta, ainda, como alternativa à preservação deste direito, a busca da proteção através do Poder Judiciário, não apenas nos casos acima descritos, como também no fornecimento de medicamentos, conforme reconhecido pelo STJ (RMS 24.197-PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 4/5/2010, Inf. nº 433) que assim fundamentou no voto o preclaro Min. Relator Luiz Fux: “a resposta judicial não pode deixar a vida humana ao desabrigo, deve propender para a valorização da dignidade da vida humana”, e, ainda, conforme observado pelo Min. Hamilton Carvalhido: “a ação do Judiciário mostra-se como um componente do Estado democrático de direito, não podendo ficar inerte diante de fatos de interesse geral, principalmente daqueles que tocam aos direitos fundamentais”. (*)Wilson Sampaio é advogado e Assessor Jurídico da FIBRA

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Diz ai mané Pérolas do vestibular

FMI, gente que nunca veio aqui e nem sabe o que é sofrer.

Estamos no apse do mundo digital.

Desde a priori aos tempos remotos...

É preciso melhorar as indiferenças sociais e promover o saneamento de muitas pessoas.

A natureza brasileira só tem 500 anos e já está quase se acabando.

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Imaginem a bandeira do Brasil. O azul representa o céu, o verde representa as matas, e o amarelo o ouro. O ouro já foi roubado e as matas estão quase se indo. No dia em que roubarem nosso céu, ficaremos sem bandeira.

Precisa-se começar uma reciclagem mental dos humanos, fazer uma verdadeira lavagem celebral em relação ao desmatamento, poluição e depredação de si próprio. Espero que isso mude aqui no Paraná, que não seja como os outros países. Convivemos com a merchendagem e a politicagem.

A concentização é um fato esperançoso para o território mundial. Por isso eu luto para atingir os meus obstáculos.

Vamos gritar não à devastação e sim à reflorestação.

O aumento da temperatura na terra está cada vez mais aumentando.

A natureza está cobrando uma atitude mais energética dos governantes.


Opinião

Jacques Pena*

Reciclar o futuro

L

embro que, alguns anos atrás, toda essa discussão sobre o que fazer com o lixo ficava reservada aos acadêmicos e à mídia especializada. O importante mesmo era incentivar o consumo. O que seria feito com os restos daquela enxurrada de produtos, vindos do mundo todo, era algo para se pensar depois. E, enfim, o depois chegou. As pessoas começaram a se dar conta de suas responsabilidades na preservação do planeta, creio, no dia em que o caminhão de coleta atrasou ou quando não puderam caminhar descalços na praia por conta da quantidade de lixo acumulado. Este cenário, não somente urbano, levou o debate sobre o acúmulo de lixo para dentro das casas, das indústrias. O que será feito com o lixo que produzimos não é mais a única questão a ser respondida. Quais áreas serão reservadas para os depósitos de lixo, se não existem áreas disponíveis? Como reaproveitar materiais sem uma política pública específica? E quais as consequências da poluição para os recursos hídricos e o clima? Ainda são perguntas sem uma reposta definitiva e eficaz. A Fundação Banco do Brasil (FBB) começou a investir na cadeia produtiva da reciclagem em 2003, e

tem acompanhado os desafios de se abordar o tema no Brasil. Já foram realizadas ações em 21 estados (AC, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RN, RO, RR, RS, SC, SE, SP e TO) e quase R$ 30 milhões foram encaminhados para construções de galpões de triagem, aquisição de equipamentos para reciclagem e de veículos. Cerca de 190 projetos foram trabalhados e o entendimento continua o mesmo: ainda há muito que fazer. A atuação da FBB em projetos de reciclagem inclui o apoio à capacitação, assistência técnica, fortalecimento, e diagnósticos de organizações e movimentos de catadores; e no assessoramento e consolidação de Cooperativas de Coleta Seletiva. Atualmente, o foco dos investimentos sociais da Fundação BB é a consolidação de centrais de comercialização. Assim, a FBB, em conjunto com outros parceiros, já implantou e ajudou a organizar redes de comercialização de materiais recicláveis em cinco regiões metropolitanas do país. Essa abordagem em rede já nos deu exemplos de efetividade e nos mostrou a gravidade do problema a ser enfrentado. Com a iminência de sanção do projeto de lei que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos

(PNRS), prevista para 5 de junho, Dia do Meio Ambiente, o assunto voltou a entrar na pauta dos jornais. Essa aparição é necessária, já que a lei pretende dividir a responsabilidade sobre a destinação do lixo entre os municípios e o setor empresarial. Todos os envolvidos nas cadeias de produção e comercialização terão que chegar a um acordo sobre as atribuições de cada parte. A proposta original, de 1991, recebeu uma série de mudanças até chegar ao texto atual. O objetivo é elevar o índice de reciclagem do país, que hoje é de 12%, das 170 mil toneladas de lixo produzidas diariamente, para 25%, até 2015. As empresas terão até o fim de 2011 para apresentarem propostas e chegar a um consenso. Quem perder o prazo ficará sujeito à regulamentação federal. Mais que uma divisão de atribuições, a lei é um avanço e irá provocar uma revolução na forma como enxergamos a questão. A Fundação Banco do Brasil continuará investindo e acreditando que podemos partir na frente e servir de exemplo para o mundo e para o futuro.

* Jacques Pena é presidente da Fundação do Banco do Brasil (FBB)

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Ponto de Vista

Wilmar Lacerda*

Compromisso com

Brasília

A

s eleições de 2010 têm importância singular: pela primeira vez depois da redemocratização do país, das cédulas eleitorais, não constará o nome de Lula, primeiro operário e petista eleito presidente da República. Nesses quase oito anos de governo democrático e popular, o Brasil passou por grandes transformações sociais, econômicas e políticas. Milhões de brasileiros saíram da linha de pobreza absoluta e outros milhões ingressaram em níveis de renda da classe média. As políticas sociais – à frente o Bolsa Família, o aumento real do salário mínimo, o Luz para Todos, o fortalecimento da agricultura familiar e a geração de milhões de empregos – mostraram que foi e é possível desenvolver o país combinando crescimento econômico com distribuição de renda e combate às desigualdades sociais. A política externa brasileira é soberana e de aproximação com os países da América Latina, da África e da Ásia. Na América do Sul, enviamos esforços políticos fortalecendo os organismos regionais como o Mercosul e a Unasul, sem prejuízo das relações amistosas e comerciais com os países do mundo desenvolvido. Por isso, a eleição presidencial deste ano vai ser plebiscitária entre o projeto de transformação do governo Lula, do PT e seus aliados, com fortalecimento do Estado como agente principal das políticas públicas, e a volta do projeto neoliberal do Estado mínimo e das privatizações, representado pelo PSDB e sua coligação. O 4º Congresso do PT, realizado

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em fevereiro último, decidiu, por unanimidade, lançar a pré-candidatura da companheira Dilma Rousseff para continuar e avançar no projeto de transformação do Brasil iniciado pelo presidente Lula. Nesse sentido, visando garantir à companheira Dilma as condições político-eleitorais de vitória, o 4º Congresso aprovou um campo nacional de alianças com os partidos que integram a base de sustentação do governo Lula e outros que vierem a concordar com o programa de governo da coligação liderada pela companheira Dilma, exceto os principais adversários desse programa (PSDB, DEM e PPS), que fizeram e continuam fazendo uma oposição sistemática, irresponsável e truculenta contra o PT, o governo e o presidente Lula. Oposição que conta com o apoio de setores da grande imprensa nacional no sentido de amplificar as críticas ao nosso projeto de nação. Mas, se essa decisão não obriga as direções estaduais do PT a aceitarem aliança com todos os partidos da base do governo, a menos que a direção nacional entenda como estratégica para a campanha da companheira Dilma, não podemos negar a importância de criar um palanque competitivo no Distrito Federal, reproduzindo aqui as condições necessárias para derrotar Roriz e eleger Agnelo, pré-candidato do PT a governador. As condições estão criadas para que o PT e seus aliados voltem a governar a capital da República, bastando para isso não errar na tática de aliança e apresentar um programa que resgate a autoestima de nossa população e que tenha o ser humano

como centro das políticas públicas. Para o Senado Federal, é preciso consolidar a coligação majoritária com os nossos tradicionais aliados de esquerda, além do PC do B, o PDT e PSB que possuem pré-candidatos competitivos (Cristovam Buarque e Rodrigo Rollemberg), concretizando os entendimentos políticos com a direção nacional desses partidos. Uma chapa plural se faz necessária para enfrentar e vencer Roriz e as forças do atraso no processo eleitoral que se aproxima. O escândalo revelado pela Operação Caixa de Pandora, desencadeada pela Polícia Federal, exige do PT e de seus aliados a responsabilidade em desmontar o esquema de corrupção instalado no GDF, iniciado nos anos de governo Roriz e continuado e ampliado no governo Arruda. O próprio governo tampão, encabeçado pelo PMDB, se comprometeu, por ocasião da eleição indireta, em promover o saneamento do GDF. A par de cobrar medidas imediatas do GDF, o compromisso da coligação encabeçada pelo PT, à frente o exministro do Esporte Agnelo Queiroz, além de enfrentar a corrupção, será a exigência de combater a política neoliberal privatista, promovendo o desenvolvimento com distribuição de renda, participação social e políticas públicas de qualidade, superando a pobreza, a violência e as desigualdades no Distrito Federal.

* Wilmar Lacerda Membro da Comissão Nacional de Ética do PT



Charge

Eixo Monumental

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