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Inspeções de cabos de aço e polias
Por Engº Rodrigo Antonio da Silva
Amanutenção de elevadores é coisa séria e deve ser tratada por especialistas. Ter uma equipe especializada, treinada, qualificada e capacitada não deve ser nenhuma novidade, porém há componentes dos elevadores que volta e meia causam confusão na hora do diagnóstico, gerando problemas na hora de aprovar serviços e orçamentos.
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De encontro com a necessidade de especialização e inspeção periódica focada, a inspeção de cabos de aço e polias deve atender critérios específicos, baseados em normas nacionais e internacionais, evitando assim as distorções de levantamentos e dificuldades na apresentação de propostas de trocas.
A utilização de instrumentos e ferramentas específicas, além de um bom checklist de inspeção é indispensável para resultado do trabalho e o embasamento para a geração de documentação e registro. Cada vez mais o cliente questiona e argumentos técnicos merecem que ser bem empregados.
Mas quando é necessário fazer uma inspeção dessas?
O questionamento que por diversas vezes vem à tona é sobre qual o tempo de vida útil dos cabos de aço. Entretanto, não é possível firmar uma resposta com precisão, pois fatores como deformação, redução de diâmetro, oxidação, desvio de prumo e de alinhamento entre as peças ou falhas na equalização dos cabos prejudicam a vida útil.
Há ainda os equipamentos que não utilizam conversores de corrente contínua ou inversores de frequência (elevadores de 1 ou 2 velocidades), provocando “trancos”, deslizes, folgas em máquinas, freios desregulados, fazendo com que os componentes envolvidos durem menos tempo. Outros fatores, tais como elevadores de tráfego intenso, umidade do ar elevada e a maresia das regiões litorâneas também podem encurtar o prazo mínimo necessário entre as inspeções periódicas.
Tenha em mente que é recomendada pelo menos uma vez por ano uma inspeção nos cabos de aço e polias. Nas cidades onde os laudos e RIA são obrigatórios isso já é feito rotineira e periodicamente. Em alguns casos, inspeções com período menor são necessárias.
E quais são os critérios básicos para uma inspeção de cabos e polias?
Os documentos básicos a serem utilizados como referência na criação de um checklist de inspeção preciso (utilizando os critérios recomendados) são o manual do fabri-

cante dos cabos e das polias, além é claro das normas ISO 4344 (Steel wire ropes for lifts - Minimum requirements), ABNT NBR 6327 (Cabos de aço de uso geral – Requisitos mínimos).
Levamos em consideração também alguns parâmetros definidos pela ASME (American Society of Mechanical Engineers), pois há dúvidas sobre a quantidade de grampos dos cabos de aço, por exemplo. Lembrem-se que o certificado de qualidade dos cabos de aço deve ser entregue pelo seu fornecedor de cabos, trazendo maior credibilidade.
Dito isto, vamos aos critérios básicos: - Para cabos de aço, são: • Oxidação; • Redução de diâmetro (não deve ser menor que 6,0 mm para cabo do limitador de velocidade); • Quantidade de arames rompidos num passo e ou trecho; • Desgaste da superfície; • Deformação; • Exposição da alma, geralmente associado à deformação.
Nota 1: O tema lubrificação de cabos não é alvo deste artigo. - Para polias, são: • Folgas de buchas (para limitadores de velocidade e/ou outras polias diferentes da tração); • Fixação da polia ou coroa no eixo (não deve haver folga); • Desgaste ou deformação dos gornes/canais/ranhuras; • Deslize do cabo no gorne; • Medida da atura do cabo de aço em relação ao fundo do gorne “V”.
Nota 2: Lembrar que na maioria dos casos é recomendada a troca do conjunto polia e cabos, a fim de prever o maior tempo de vida útil do novo conjunto.
Nota 3: As polias com perfil de gorne “U” não são alvo deste artigo.
Quais instrumentos e ferramentas utilizar numa inspeção
A utilização de instrumentos e ferramentas é necessária para o bom desempenho de uma inspeção, como segue: • Medidor para cabos de aço (ASME); • Medidor para polia de gorne “V”; • Paquímetro de precisão; • Lanterna; • Lupa ou Lente de aumento; • Marcador de tinta ou giz; • Checklist apropriado.
Como fazer uma inspeção
De posse das informações básicas, ferramentas e instrumentos é necessária uma inspeção visual do conjunto, em geral verificar o estado dos cabos pela casa de máquinas com a cabina parando em todos os andares pode ser uma boa prática para identificar o pior trecho. Geralmente, o pior trecho (maior quantidade de irregularidades) em um cabo de aço é identificado na casa de máquinas, com a cabina nivelada em uma das 3 primeiras paradas.
Ao identificar o pior trecho, marcar com tinta ou giz, e examinar os cabos e polias, seguindo os critérios básicos. Atenção para a utilização correta do paquímetro e medidor de cabos. Em caso de oxidação nos cabos, o critério tem peso 2, ou seja, se em um passo do cabo houver 6 quebras, deve-se interpretar como 12 e documentar a observação.

Uso do medidor de cabos


Medição de Altura dos cabos em relação à polia

Medição do diâmetro dos cabos de aço


Tabela de critério de inspeção e troca

Tabela de critério de inspeção e troca

Nas extremidades, observar os tirantes, as molas e a montagem dos clips dos cabos de aço.

Exemplos de aplicação
Segundo definido pela ASME (American Society of Mechanical Engineers), quando o cabo estiver assentado na cunha pela carga no cabo, a cunha deve ser visível e pelo menos dois clipes de retenção de cabo de aço devem ser fornecidos para conectar o lado da terminação ao lado da carga do cabo. O 1º clipe deve ser colocado no máximo 4 vezes o diâmetro do cabo acima do soquete e o 2º clipe deve ser localizado 8 vezes o diâmetro do


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cabo acima do primeiro grampo. O objetivo dos dois clipes é reter a cunha e evitar que o cabo deslize no soquete e a carga no cabo seja removida por qualquer motivo. Os clipes devem ser projetados e instalados para não distorcer ou danificar o cabo de qualquer maneira.


Molas quebradas Lembrando que não deve haver emendas nos cabos de aço.


Cabos com emendas Trança rompida
Para a verificação da polia, observar principalmente os gornes.


Verificação do desgaste irregular da polia



Verificação dos gornes da polia
Ilustração de polia boa Linha de referência

Ilustração de polia ruim Linha de referência

Verificar o prumo da polia de tração. Verificar tolerância, segundo manual da fabricante e instaladora.


Polia 10mm fora de prumo
Estabelecer um cronograma que defina as unidades a serem testadas, as periodicidades de cada uma, as necessidades inerente à atividade de inspeção, tais como kits de proteções de polias e vazamentos de redutores ou motores, além de troca de óleo, já demonstram preocupação
com a segurança dos usuários e mantenedores, além de reforçar o conceito de manutenção preventiva.
Conclusão
As inspeções periódicas são previstas nas normas aplicáveis, nos procedimentos de manutenção preventiva e, em alguns casos, na legislação local. A terceirização dos serviços pode ser necessária, dada a especificidade da atividade e necessidade de instrumentos específicos. Os protocolos, checklists e as etiquetas evidenciando as inspeções são ótimas ferramentas para ilustrar ao cliente os diferenciais de uma empresa de manutenção frente à concorrência, auxiliando também na observância da periodicidade das inspeções e nos argumentos na hora das negociações por trocas de componentes.
Bom trabalho e mãos à obra!
Sobre o autor
Engº Rodrigo Antonio da Silva REG. CREA-SP: 5060243204 Site: www.consultoriaelevadores. com.br








