Revista Eletrobras

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Ano 7 | nº 21 | Junho, Julho e Agosto 2012

Luz na floresta O desafio da eletrificação rural em comunidades isoladas



Sumário

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Capa Av. Presidente Vargas, 409 13º andar - Centro Rio de Janeiro CEP 20071-003 Tel.: (21) 2514-5151 www.eletrobras.com

Luz na floresta

Presidente José da Costa Carvalho Neto   Diretor de Administração Miguel Colasuonno Diretor de Distribuição Marcos Aurélio Madureira da Silva Diretor de Geração Valter Luiz Cardeal de Souza Diretor Financeiro e de Relações com Investidores Armando Casado   Diretor de Transmissão José Antonio Muniz

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Jorge Coelho - Eletrobras

30 anos de Angra 1

Força da Natureza

Superintendente de Comunicação Luiz Augusto P. A. Figueira   Assessoria de Comunicação e Relacionamento com a Imprensa Carla Castelo Branco   Edição Renata Petrocelli Coordenação de Reportagem Ivson Alves   Reportagem Paulo Ferreira Revisão Márcia Flores Programação Visual Bruna Vaz Contato pgc@eletrobras.com

Divulgação - Eletrobras Eletronuclear

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Caio Coronel - Itaipu Binacional

E mais... 04

Editorial

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Geração

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Entrevista

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Meio ambiente

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Registros e Notas

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História

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Cultura

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Banda larga

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Sustentabilidade

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Artigo

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Editorial

20 anos depois, rumo a 2020 Jorge Coelho - Eletrobras

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ais uma vez, todos os olhos postos sobre o Rio de Janeiro, com um só pensamento: como construir um futuro mais sustentável? No momento em que vivemos e celebramos a Rio+20, lembrar os propósitos e os ideais da Rio 92 nos faz pensar no quanto evoluímos, aprendemos, crescemos... Com o passar dos anos, os desafios se tornam maiores, mas aumentam também nossa experiência e capacidade de enfrentá-los. Conciliar desenvolvimento e sustentabilidade é um desafio para a vida inteira – mais exato seria dizer vidas inteiras, por sua natureza intrinsecamente coletiva. No ano de seu cinquentenário, a Eletrobras tem o orgulho de constatar o quanto progrediu nesta missão. Ao longo de tantos anos de atuação, aprimoramos a consciência e a tecnologia necessárias para que nossas hidrelétricas se consolidem como fatores de desenvolvimento para as regiões em que estão inseridas, gerando, além de energia limpa e renovável, também melhores condições de vida para milhares de brasileiros. Aprendemos, ainda, que consciência e eficiência energética andam de mãos dadas. Por isso, o Procel faz de cada cidadão um parceiro na missão de tornar o Brasil exemplo – não só de matriz energética limpa, mas, também, de consumo consciente e responsável. Crescemos. E, com isso, somos atualmente reconhecidos como um grande player no setor elétrico, integrando o Global Sustainable Electricity Partnership e trocando experiências com os maiores produtores de energia do mundo. Com tanta evolução, nossos sonhos também não poderiam ficar para trás. É por isso que sonhamos cada vez mais alto. Vivendo a Rio+20, não só o momento, mas também o número é, para nós, emblemático. É em 2020 que reside o nosso maior ideal: até lá, seremos o maior sistema empresarial de energia limpa do planeta. José da Costa Carvalho Neto Presidente da Eletrobras José Luiz Pederneiras

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Entrevista

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Com os olhos no futuro Presidente da Eletrobras Chesf ressalta importância das fontes alternativas de energia e investe no planejamento estratégico da empresa por Leila Menezes Eletrobras Chesf

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om foco no planejamento estratégico e ênfase no comprometimento de todos os empregados, o enge-

nheiro João Bosco de Almeida assumiu a Presidência da Eletrobras Chesf no final de 2011. Empregado de carreira desde os anos 70, João Bosco reencontrou a empresa com excelentes indicadores. “Reafirmo meu compromisso de buscar continuamente a melhoria desses indicadores e realizarmos, em conjunto, um trabalho profícuo e de referência no setor elétrico”, enfatiza o presidente. As fontes eólicas ganham destaque na previsão de investimento da empresa para 2012, de cerca de R$ 2,2 bilhões, com R$ 293,5 milhões destinados apenas ao parque eólico de Casa Nova, na Bahia. “Os preços estão bons, a rentabilidade está alta e queremos priorizar este tipo de energia alternativa”, justifica Bosco. Em entrevista à revista “Empresas Eletrobras”, ele fala sobre os planos e os principais desafios de sua gestão. Empresas • Eletrobras

Divulgação - Eletrobras Chesf


No plano de ações da empresa, que área exigirá imediata atenção? Estamos fortalecendo o planejamento empresarial, fazendo acontecer o ciclo PDCA, por meio das reuniões de monitoramento. Criamos um ritual para esse monitoramento, com um palestrante convidado para agregar conhecimentos em gestão, permitindo o crescimento profissional de todos os envolvidos. Foi montada a Sala de Monitoramento da Gestão Empresarial – um local com todos os recursos tecnológicos adequados a essa atividade, além de representar todo um simbolismo das prioridades que estamos dando ao planejamento empresarial. Espero consolidarmos o planejamento empresarial ao longo deste ano, envolvendo os mais diversos segmentos da Eletrobras Chesf. A previsão de investimentos da empresa em 2012 é de cerca de R$ 2,2 bilhões em 2012. Quais são os investimentos de maior destaque? Com esse montante, a Eletrobras Chesf aumentará em cerca de 50% o investimento realizado em 2011. Um dos maiores investimentos que a empresa vai fazer – num único empreendimento – é o parque eólico de Casa Nova, na Bahia, no qual serão empregados R$ 293,5 milhões, em 2012. É o mercado do momento. Os preços estão bons, a rentabilidade está alta e queremos priorizar este tipo de energia alternativa. O parque eólico de Casa Nova terá a capacidade de

gerar 180 megawatts (MW). Os outros parques eólicos em construção são o de Pedra Branca, São Pedro do Lago e Sete Gameleiras, localizados também na Bahia, que receberão, cada um, R$ 11,3 milhões, com o total de 90 MW (3x 30 MW). Diferentemente de Casa Nova, no qual a empresa será a única dona, nos três últimos teremos como parceira a Brennand Energia. Quais os principais investimentos em geração de energia? Além do parque eólico de Casa Nova, serão investidos R$ 300 milhões na hidrelétrica de Jirau (em Rondônia) e R$ 55 milhões na hidrelétrica de Belo Monte (no Pará), ambas referentes ao aporte de capital em Sociedade de Propósito Específico. E, ainda, o montante de R$156 milhões em manutenção e benfeitorias nas usinas em operação da Eletrobras Chesf. A empresa está buscando diversificar a matriz energética? Quais são os principais projetos nesse sentido? A Eletrobras Chesf vai se fortificar na exploração de fontes alternativas, com destaque para as energias solar e eólica. O custo da energia solar está se tornando competitivo e não resta dúvida de que, em pouco tempo, esta fonte assumirá papel relevante na matriz energética brasileira. Assim, surge uma grande oportunidade para a Eletrobras Chesf, dada sua Divulgação - Eletrobras Chesf

João Bosco discursa na reunião do Conselho de Administração da Eletrobras Chesf

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Divulgação - Eletrobras Chesf

O presidente durante entrevista à TV Globo de Pernambuco

presença no semiárido nordestino, que tem os mais altos índices de irradiação solar do Brasil. A empresa iniciou projeto para construir, no município de Petrolina (PE), o Centro de Referência em Energia Solar, previsto para ser concluído até 2015. Com investimentos na ordem de R$ 120 milhões, a obra tem como base recursos de Pesquisa e Desenvolvimento, e conta com a parceria do Eletrobras Cepel (Centro de Pesquisas de Energia Elétrica), da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), do governo do estado de Pernambuco, da Fitec (Fundação Centro de Inovação Tecnológica) e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Qual a importância do investimento na área de transmissão de energia, que tem sido principal foco da empresa nos últimos anos? A maior parte do montante de investimentos da Eletrobras Chesf para este ano será no sistema de transmissão, no valor de R$ 1,1 bilhão. Com investimentos de R$ 274 milhões, estamos concluindo as subestações e linhas de transmissão que vão atender ao Complexo Industrial e Portuário de Suape, na região metropolitana do Recife. As subestações e linhas de 230kV e de 500kV representam um substancial aumento da capacidade instalada no estado de Pernambuco, além de proporcionar maior confiabilidade no atendimento das cargas. O empreendimento é importante porque vai possibilitar a entrega de energia em alta tensão na área do complexo industrial, onde projetos de grande porte estão sendo implantados, como a Refinaria Abreu e Lima e a Petroquímica Suape, entre outros.

Sabe-se que os processos de licenciamento ambiental têm demandado prazos incompatíveis com os cronogramas dos contratos de concessão, gerando não- conformidades nos cronogramas das obras e encarecendo custos de implantação. Esta incompatibilidade exigirá um debate focado com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), coordenado pela holding, além de um estreitamento do nosso relacionamento com os órgãos ambientais estaduais e outras agências reguladoras. Deveremos unir os esforços de todos os segmentos da organização para obter conformidade nos prazos de execução das novas obras, das melhorias e reforços recomendados pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), bem como para a eliminação dos pontos críticos do sistema elétrico. A Eletrobras Chesf tem visitado os governadores do Nordeste, apresentando os investimentos da empresa nos estados. Qual a importância dessa aproximação? Nossa meta é estreitar a relação com os governos estaduais, buscando minimizar as queixas de um eventual distanciamento da Eletrobras Chesf, que é um ponto que precisamos corrigir. Já nos reunimos com os governadores de Sergipe, Bahia, Alagoas e Paraíba. Iremos também para Piauí e Ceará. Nestas audiências, apresentamos e discutimos as relações da empresa com o estado. Expomos também nosso plano de trabalho e relatamos os investimentos que realizaremos na região. Em Sergipe, por exemplo, a ampresa vai investir mais de R$ 140 milhões até 2014. Neste estado, a empresa está reforçando todo o sistema de transmissão de energia. O objetivo é conseguir mais estabilidade e assegurar que outras indústrias que queiram se instalar no estado não tenham problemas com fornecimento de energia. Divulgação - Eletrobras Chesf

Quais são os maiores desafios na área ambiental para a empresa? Bosco participou do Seminário sobre as Concessões do Setor Elétrico

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Registros e Notas

Prêmio APTR de Teatro Jorge Coelho - Eletrobras

Em mais uma ação comemorativa por seus 50 anos, a Eletrobras marcou presença no 6º Prêmio APTR de Teatro. A empresa foi uma das patrocinadoras do evento, no qual prestou uma homenagem ao Retiro dos Artistas, instituição que acolhe profissionais aposentados das artes cênicas. Atendendo ao convite da empresa, seis moradores do Retiro estiveram presentes na solenidade, que premiou os destaques do teatro carioca em 2011 em 13 categorias, além de reverenciar os talentos de Paulo José, Domingos de Oliveira e Aderbal Freire Filho (foto). O presidente José da Costa entregou o troféu da categoria especial, vencida pelo projeto Galpão Gamboa. Ao entregar o prêmio, ele ressaltou o compromisso da empresa com o teatro brasileiro. “A Eletrobras se sente muito honrada de dar um pouco de energia e luz para este evento tão importante para o Brasil”, declarou. Além de patrocinar a cerimônia, a Eletrobras fez bonito também na premiação. Quatro espetáculos contemplados no Programa Cultural das Empresas Eletrobras foram agraciados. “Inverno da Luz Vermelha” levou os troféus de melhor diretor, para Monique Gardenberg, melhor cenografia, para Daniela Thomas, e melhor iluminação, para Maneco Quinderé. Já Analu Prestes ganhou o prêmio de melhor atriz coadjuvante, pelo trabalho nos espetáculos “Mulheres Sonharam Cavalos” e “Um Dia como os Outros”,

E o espetáculo “A Escola do Escândalo” ganhou o troféu de melhor figurino, para Emília Duncan. Um dos homenageados da noite, o ator Paulo José destacou, em entrevista à Eletrobras, o papel da empresa como incentivadora do teatro. “É muito importante ter o apoio de empresas como a Eletrobras e aproveito esta oportunidade para deixar registrado o meu agradecimento”, disse. Entre os colaboradores contemplados com ingressos para a cerimônia, Elizabeth Lima de Paula, do Departamento de Administração do Capital de Giro (DFG), comemorava a possibilidade de presenciar a premiação. “Acho muito importante que nós, colaboradores da Eletrobras, estejamos presentes junto com a empresa, torcendo por este patrocínio”.

Pelo consumo eficiente A Eletrobras e a Fundação Roberto Marinho lançaram, no final de abril, no Rio de Janeiro, o projeto “Energia que Transforma”, que tem como objetivo mobilizar a população para uma mudança de atitude frente ao desperdício, conforme previsto no Plano Nacional de Energia e no Plano Nacional de Eficiência Energética, ambos do governo federal. A parceria com a Fundação Roberto Marinho foi feita por meio do Canal Futura e no âmbito do Procel.

Janeiro. O projeto será aplicado em 400 turmas do ensino médio de escolas públicas estaduais que já utilizam a metodologia do Telecurso nos estados participantes.

A iniciativa prevê a produção de duas séries – uma para tevê, chamada “Vida de República”, e outra para o rádio, intitulada “Alô, João!” – e o desenvolvimento de cinco cadernos pedagógicos, cartaz, folhetos e um jogo educativo. Todo o material será implementado em escolas públicas e comunidades no Acre, Amazonas, Pernambuco e Rio de

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Guilherme Navarro - Eletrobras


Educando para liderar Os gerentes da Eletrobras contam, agora, com um novo aliado no desafio de alcançar a visão da empresa – tornarse, até 2020, o maior sistema empresarial global de energia limpa. Trata-se do Programa Líder, ciclo de palestras e treinamentos virtuais coordenados pela Universidade do Sistema Eletrobras (Unise), que vai colocar as lideranças da empresa em contato com as melhores práticas de administração do mercado, com base em material produzido pelas escolas de negócios de Harvard, Chicago e Stanford.

e Gestão de Pessoas para resultados superiores, que terão como sponsors gerentes da própria Eletrobras, trazendo o treinamento para a realidade da empresa. “O desenvolvimento da liderança é um processo. Não é somente um programa de capacitação que resolve. Mas o Programa Líder é um importante passo que estamos dando”, conclui Joazir Nunes. Divulgação - Eletrobras

Joazir Nunes Fonseca, chefe do Departamento de Desenvolvimento de Pessoas, explica que o Programa Líder vai possibilitar o alinhamento das ações das lideranças da empresa com o Planejamento Estratégico. Os temas trabalhados pelas escolas norte-americanas serão associados aos temas Execução da Estratégia, Gestão de Desempenho do Negócio, Avaliação Eficaz do Desempenho, Gestão da Mudança, Liderança Eficaz, Comunicação Eficaz

Parceria Brasil – Moçambique Renata Petrocelli - Eletrobras

O primeiro ministro de Moçambique, Aires Ali, esteve na Eletrobras em abril, para ampliar as possibilidades de parceria. Desde 2010, quando a empresa assinou um acordo de cooperação técnica com a Eletricidade de Moçambique (EDM), está em andamento o projeto Cesul, que tem por missão construir uma interligação de energia elétrica entre a província de Tetê e a capital Maputo, com população de cerca de 1,2 milhão de habitantes. Os estudos de viabilidade, encomendados às empresas norueguesas Vattenfall e Norconsult, estão em fase de

fechamento e serão avaliados pelo Banco Mundial, que financiou os estudos. O representante do governo moçambicano veio acompanhado de uma comitiva de dez integrantes e foi recebido pelo presidente José da Costa Carvalho Neto, além dos diretores de Transmissão, Geração e Administração. Na reunião, Aires Ali falou sobre a importância de investimentos em infraestrutura no país africano. “A eletrificação é um passo importante, pois é um suporte para avanços em outros setores”, disse.

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10 Cultura Os mamutes

A peça do casamento Com texto do dramaturgo norte-americano Edward Albee, a peça narra a história de Gillian e Jack, vividos pelos atores Guida Vianna e Dudu Sandroni. Certa tarde, após 30 anos juntos, Jack decide deixar Gillian e, a partir daí, os dois fazem uma viagem ao passado, relembrando sua história em um duelo verbal e físico. O resultado é um diálogo simples, mas também assustador, que engloba diversas nuances comportamentais.

Guga Melgar

Divulgação

Com texto dinâmico e humor ácido e sarcástico, “Os Mamutes” aborda as mazelas da sociedade contemporânea e de seus jovens. A montagem, dirigida por Jô Bilac, é narrada por Isadora (Débora Lamm), uma garotinha sádica e muito criativa, que conta a história de Leon (Diogo Camargos), um rapaz inocente que vive com a avó doente e procura desesperadamente um emprego. Ele finalmente consegue trabalho em uma multinacional que vende hambúrgueres um tanto quanto excêntricos.

Christian Gaul

Teatro

JT Leroy Dirigida por Paulo José e estrelada pela atriz Natália Lage, a peça conta a história da escritora americana Laura Albert, que cria o pseudônimo Jeremiah Terminator LeRoy – jovem drogado e perturbado

mentalmente – para publicar um livro supostamente autobiográfico sobre abusos, prostituição e drogas. O texto discute a criação de celebridades instantâneas pela chamada “geração da imagem”.

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Divulgação

Virsky Ballet

Dança

A cultura ucraniana é a grande homenageada pela arte e a coreografia do balé Virsky. Criada há 75 anos, a renomada companhia realiza a turnê atual, passando por dez cidades, em comemoração dos 20 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Ucrânia.

Era virtual O projeto propõe, em sua segunda edição, a criação de visitas virtuais interativas a exposições de 13 museus brasileiros, selecionados pela curadoria. A ideia é disponibilizar, através da plataforma criada tanto para internet quanto para DVDs distribuídos gratuitamente, a visitação com informações em português, inglês, espanhol e francês, difundindo a cultura nacional com áudios, vídeos e fotos 3D.

Em exposição até o dia 29 de abril, no Museu Nacional do Conjunto Cultural da República, em Brasília, a mostra apresenta uma diferente faceta do já aclamado cartunista, chargista político, entre outros títulos herdados ao longo da carreira: a de pintor. Ao todo, 44 telas em grandes tamanhos retratam os super-heróis de Ziraldo, fruto de mais de três anos de trabalho intenso do artista.

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Exposição

Zeróis: Ziraldo na tela grande


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Energia nuclear

30 anos de Angra 1 Depois de superar problemas iniciais, usina bate recorde de performance

por Fábio Aranha Eletrobras Eletronuclear

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o dia 1º de abril de 1982, Angra 1 era sincronizada pela primeira vez ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Naquele momento, tinha início a geração elétrica por fonte nuclear no Brasil. Nestes 30 anos, a usina passou por vários percalços, mas deu a volta por cima e atingiu uma performance de dar orgulho a todos que se esforçaram para superar as dificuldades enfrentadas. Para o presidente da Eletrobras Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, o primeiro sincronismo de Angra 1 foi o passo que mostrou ser possível o sonho da capacitação tecnológica nuclear nacional. “Passados 30 anos deste feito, o Brasil pode se orgulhar de ter duas usinas nucleares em operação e uma terceira em construção, além de dominar todas as etapas do ciclo do combustível nuclear. Angra 1 foi o início de tudo”, frisa. Na opinião do diretor de Operação e Comercialização da Eletrobras Eletronuclear, Pedro Figueiredo, a importância de Angra 1 vai além da geração de energia. A usina foi responsável por formar uma cultura de segurança na empresa que permanece até hoje e se sobrepõe a qualquer outro objetivo. “Além disso, Angra 1 abriu caminho para Angra 2 e Angra 3.

Foi o núcleo original onde se desenvolveram procedimentos e se treinou pessoal”, destaca o dirigente, o primeiro chefe da usina. Escolha do sítio – A intenção de construir uma usina nuclear no Brasil data do início da inserção dessa fonte de geração elétrica no mundo, nos anos 1950. Porém, isso só se concretizou no final dos anos 1960, com o projeto de Angra 1. O governo federal incumbiu a Eletrobras de tocar o empreendimento, que, por sua vez, passou a tarefa a Furnas. A escolha da Praia de Itaorna, em Angra dos Reis, como local para a construção da unidade levou em conta vários fatores. Um dos mais importantes foi a proximidade do mar, na medida em que as usinas nucleares utilizam grande quantidade de água para fazer o resfriamento dos seus sistemas. Além disso, foi considerada a curta distância do município em relação a São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, os três principais centros consumidores de energia do país. O fornecimento da tecnologia e dos principais equipamentos – incluindo o reator de água pressurizada (PWR, na sigla em inglês) de 657 MW de potência – ficou a cargo

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Divulgação - Eletrobras Eletronuclear

da companhia americana Westinghouse, que venceu concorrência internacional em 1970. As obras civis ficaram sob responsabilidade da construtora brasileira Norberto Odebrecht, que venceu disputa nacional realizada em 1972, ano em que Angra 1 começou a ser construída. Dificuldades iniciais – A construção da usina sofreu atrasos, muito por conta de problemas em equipamentos fornecidos pela Westinghouse, como as bombas do sistema de refrigeração do reator, além do condensador e do gerador elétrico, posteriormente substituídos. O atrito dai decorrente levou à deterioração do relacionamento com a empresa, que parou de oferecer o apoio técnico previsto no contrato. Além disso, a Westinghouse se recusou a trocar os equipamentos defeituosos e suspendeu os contratos de fornecimento de combustível ao Brasil. Dessa forma, Angra 1, que deveria ser inaugurada em 1977, só alcançou a primeira criticalidade – o momento em que a reação de fissão dos átomos no reator se torna autossustentável – em 13 de março de 1982. Menos de três semanas depois, a usina foi sincronizada ao sistema elétrico.

Aperfeiçoamento ao longo do tempo – Nos primeiros anos, Angra 1 enfrentou problemas em sistemas, equipamentos e no combustível que prejudicaram a operação. O principal deles foi com os geradores de vapor, cujos tubos eram suscetíveis a trincas, devido à corrosão sob tensão. As complicações no relacionamento com a Westinghouse – que acabou processada por Furnas – também dificultaram a operação da usina. Além de fazerem com que a unidade entrasse em operação apenas em 1985, essas questões resultaram no desligamento do reator em diversas ocasiões. Por isso, Angra 1 acabou por receber o apelido de “vaga-lume”. Ao longo do tempo, a usina foi se aperfeiçoando e recebendo melhorias seguidas. Em 1999, por exemplo, Angra 1 registrou sua melhor performance até então, operando 359 dias sem parar e gerando 3.976.943,20 megawatts-hora (MWh). Com as mudanças, passou a operar com um padrão de desempenho de nível internacional. A troca dos geradores de vapor em 2009 foi um marco para a operação de Angra 1. Esse problema técnico, constatado desde o início das atividades da usina, impedia que fossem alcançados índices operacionais de ponta.

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Divulgação - Eletrobras Eletronuclear

A substituição desses equipamentos resolveu problemas crônicos e possibilitou um salto de qualidade. Além disso, pavimentou o caminho para a extensão da vida útil da usina no futuro. “Angra 1 é uma usina que apresenta desempenho ascendente. As modificações feitas ao longo do tempo, principalmente com a troca dos geradores de vapor, permitiram que ela alcançasse uma performance muito boa”, frisa Figueiredo. Recordes de geração – Os últimos anos são a maior prova disso. Em 2010, Angra 1 quebrou seu recorde de geração, produzindo 4.263.040 MWh, feito que se repetiu em 2011, quando a usina gerou 4.654.487 MWh. O desempenho do ano passado torna-se ainda mais significativo quando se leva em conta que esse recorde foi atingido num ano em que houve parada para recarga de combustível.

Equipe técnica de qualidade assegurou conquistas ao longo da história

A expectativa é que o resultado em 2012 seja ainda melhor, na medida em que Angra 1 estará disponível para operar o ano inteiro. Neste ano, o ciclo de operação da unidade será mais longo, fazendo com que não seja necessária parada para reabastecimento e manutenção programada.

Profissionais de qualidade – Segundo Rezende, o sucesso de Angra 1 se deve à equipe técnica de qualidade que a empresa teve ao longo de sua história e continua a ter. “Quero ressaltar aqui o brilho dos profissionais de Angra 1, que iniciaram tudo há 30 anos e obtiveram conquistas importantes para a geração nuclear brasileira. O comprometimento, a dedicação e a competência são características que continuam até hoje nos profissionais que trabalham na usina”, afirma.

O superintendente de Angra 1, Jorge Luiz Lima de Rezende, lembra que a usina vem subindo a cada ano no ranking de indicadores de segurança e desempenho da Associação Mundial de Operadores Nucleares (Wano, na sigla em inglês). “Nossa expectativa é, com trabalho forte, alcançar o topo da lista em dois anos”, comenta.

Pedro Figueiredo faz coro com Rezende e também destaca a importância dos colaboradores da Eletrobras Eletronuclear. “Se Angra 1 é hoje um exemplo de superação, é por conta da postura dos profissionais da empresa. Sinto-me privilegiado por ter participado desse projeto e por estar sempre rodeado por profissionais do mais alto gabarito”, resume. Divulgação - Eletrobras Eletronuclear

Graças à atuação de seus profissionais, Angra 1 vem subindo a cada ano no ranking de indicadores de segurança e desempenho

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Sustentabilidade

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Conscientizar para construir Cidadania e sustentabilidade de mãos dadas nas empresas de distribuição da Eletrobras

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onsciência cidadã. Esse é o conceito que vem permeando a implantação de ações sustentáveis nas empresas de distribuição da Eletrobras no Acre, Alagoas, Amazonas, Piauí, Rondônia e Roraima. Com a promoção da dignidade, do respeito e dos direitos do cidadão, as empresas reforçam o sentimento de cidadania. “A importância do papel de cada pessoa na construção de um mundo melhor, com a garantia de uma vida de qualidade para as próximas gerações, traz à tona a questão da cidadania ativa, ou seja, é possível exercer as ações que sua consciência cidadã provoca”, explica a coordenadora da área de Sustentabilidade das distribuidoras da Eletrobras, Gleyse Peiter. Desde 2010, as empresas distribuidoras da Eletrobras formalizaram seus processos de sustentabilidade, criando metas corporativas que levam em conta não só os resultados financeiros, mas também a contribuição para a erradicação da pobreza, a redução das vulnerabilidades, a conservação do meio ambiente e a preservação dos recursos naturais. “Um dos principais desafios é incorporar o conceito de sustentabilidade ao negócio, ou seja, fazer com que cada empregado tenha a visão das dimensões econômica, social e ambiental em seu trabalho no dia a dia”, ressalta Gleyse. Entre as ações internas, destacam-se as questões de igualdade de gênero e o combate à discriminação, em parceria com a Secretaria de Políticas para Mulheres, do governo federal, e o incentivo ao voluntariado e à prática cidadã dos empregados. “Uma das formas de trazer a sustentabilidade para o cotidiano dos empregados é desenvolver ações que vão se tornando rotineiras. Um bom exemplo é o programa Consumo Consciente, com ações de sensibilização e mobilização para a redução do consumo de materiais (papel, copos descartáveis etc.), água e energia. Os resultados demonstram que essas ações trazem benefício ao negócio, com a redução dos gastos, contribuindo, mesmo que ainda em pequena escala, para o resultado econômico da empresa”, avalia a coordenadora, lembrando que, em 2011, as seis empresas de distribuição alcançaram uma economia de R$ 74 mil mensais.

Os programas e projetos para o público externo têm dimensão social e socioambiental. Entre os objetivos, a promoção do desenvolvimento humano e da organização comunitária, a geração de trabalho e renda e a conscientização sobre assuntos relacionados à saúde e à eficiência energética. Por meio das ações de sustentabilidade, todos saem ganhando: empresas e consumidores. A capacitação da população, em oficinas e outras atividades locais promovidas pelas distribuidoras, pode gerar um ganho da ordem de R$ 100 por mês, suficientes para incluir uma família na condição de baixa renda, consumindo 100 kw/h, com uma conta de energia de R$ 30,42. “A grande diferença do negócio de distribuição é o relacionamento com o cliente. No nosso caso, são milhões de pessoas que recebem a conta de energia, procuram o serviço de atendimento ao cliente (SAC), vão às lojas de atendimento na capital e no interior, reconhecem os veículos da empresa nas ruas. Ou seja, é um relacionamento muito mais intenso, no qual se reflete a imagem da empresa, não só em relação à qualidade do serviço, mas também quanto ao seu posicionamento perante a sociedade e a natureza. Portanto, a imagem de uma empresa sustentável é fruto de uma construção cuidadosa e firme, com estratégias e metas bem definidas”, sentencia Gleyse. Divulgação

As ações envolvem tanto o público interno quanto as comunidades

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Capa

Luz na floresta Projeto com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura tenta superar o desafio da eletrificação rural em comunidades isoladas

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Jorge Coelho - Eletrobras

A família Schlickmann comemora o fato de os filhos poderem crescer e construir suas vidas dentro da fazenda, graças à chegada da luz

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por Rafael Maia Eletrobras

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m uma das edições de seu programa de rádio semanal, “Café com a Presidenta”, a presidente da República, Dilma Roussef, destacou os avanços obtidos no Programa Luz para Todos, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e operacionalizado pela Eletrobras. “De 2003 para cá, o programa beneficiou quase 12 milhões de pessoas. Já fizemos muito, mas, agora, ainda temos um desafio grande, que é o de levar luz elétrica para as pessoas que moram em lugares de acesso mais difícil, em áreas isoladas, no meio da floresta e em serras e ilhas. Para atender a esses brasileiros, o Luz para Todos vai fazer mais 400 mil novas ligações de luz elétrica até 2014”, disse a presidente.

Buscando responder ao desafio de levar luz elétrica a pontos remotos de comunidades rurais isoladas, em especial em meio a florestas na região Norte do país, a Eletrobras tem, desde 2009, um Projeto de Cooperação Técnica com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). O objetivo do projeto é desenvolver o acesso e o uso da energia elétrica como fator de inclusão de comunidades no meio rural brasileiro. Ele se baseia em três pilares: desenvolvimento, em conjunto com as concessionárias, de estratégias inovadoras para o atendimento e uso da energia elétrica, com ênfase no emprego de fontes renováveis de energia em áreas rurais isoladas – locais onde não é possível o emprego das soluções convencionais; criação de estratégias visando à transferência de conhecimento e desenvolvimento de soluções para implementação do Programa Luz para Todos, considerando os atuais desafios na universalização do acesso à energia em áreas rurais isoladas; e o desenvolvimento, em conjunto com as concessionárias, de mecanismos de incentivo ao uso eficiente e produtivo de energia elétrica, entre os quais se enquadram os Centros Comunitários de Produção, programa criado pela Eletrobras em parceria com diversos agentes (ver matéria na página 20). O projeto de parceria como o IICA, aprovado por resolução de diretoria, foi iniciado em 2009 e, em fevereiro de 2012, renovado por mais dois anos, com a possibilidade de ser estendido por mais um. Foram contratados consultores externos, sob a supervisão do quadro técnico da Eletrobras, para desenvolverem os produtos e ações planejadas. Uma das primeiras iniciativas foi a contratação de uma empresa para avaliar e propor melhorias, a partir dos erros e

acertos catalogados ao longo de dois anos de monitoramento, para o projeto-piloto Xapuri, composto por 103 sistemas fotovoltaicos individuais, que geram energia nas casas dos seringueiros da reserva extrativista Chico Mendes, no Acre. As unidades já estavam implementadas, mas era preciso que o sistema continuasse a ser testado. “A empresa contratada pelo projeto de cooperação avalia continuamente o trabalho, para identificar erros e propor aprimoramentos”, explica Eduardo Luís de Paula Borges, gerente da Divisão de Projetos Complementares da Eletrobras. Outra contribuição do projeto é a regulamentação relativa à eletrificação rural em pontos remotos de localidades isoladas. Foi contratada uma consultoria para analisar a regulamentação vigente à luz das experiências dos projetos-piloto, como o de Xapuri, com o objetivo de identificar as amarras que dificultam a implementação de outros projetos. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), responsável pelo ordenamento jurídico da área, vem promovendo audiências públicas sobre a questão e a Eletrobras, baseada nos subsídios adquiridos pelo PCT, tem feito inúmeras contribuições para as mudanças necessárias na regulamentação. “Em dois anos de existência, o projeto tem contribuído muito ao elaborar subsídios para a Eletrobras em sua participação, tanto nas audiências públicas para modificação da regulamentação, quanto nos principais fóruns técnicos nacionais e internacionais. O grande desafio da eletrificação rural hoje são os pontos remotos das regiões isoladas, onde seria inviável econômica e ambientalmente a chegada da energia convencional. Por isso, é necessária uma regulamentação específica, que contemple o uso sustentável de fontes alternativas, como a biomassa, a eólica e a fotovoltaica solar”, explica Celson Frederico Corrêa Santos, gerente do Departamento de Gestão de Projetos Setoriais da Eletrobras e diretor nacional do projeto. Segundo Celson, a participação da Eletrobras tem sido reconhecida pela própria Aneel em seminários e fóruns que contam com a participação das duas organizações. A grande mudança nesse tipo de atendimento veio com a Lei 12.111, de 2009, que dispõe sobre os serviços de energia elétrica nos sistemas isolados e a utilização da Conta de Consumo de Combustível (CCC). A lei tornou possível o uso de parte da CCC pelas concessionárias que desenvolvessem


projetos de referência para o atendimento com energia elétrica aos pontos remotos de sistemas isolados. Antes da lei, esses projetos eram desenvolvidos exclusivamente pelo programa Luz para Todos. Agora, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) recepciona e realiza as análises técnicoorçamentárias dos projetos de referência elaborados pelas concessionárias e encaminha os respectivos pareceres para a Aneel, que organizará o leilão para a contratação dos projetos, a fim de que todas as empresas privadas interessadas possam participar em condições de igualdade na disputa pelos novos empreendimentos. Um dos grandes benefícios proporcionados pelo PCT é o acúmulo de conhecimento. Já foram realizados, por exemplo, dois workshops técnicos com representantes das concessionárias de distribuição de energia, incluindo as da Eletrobras, da Aneel, da EPE, do próprio IICA, do Ministério de Minas e Energia e de empresas privadas que atuam no setor elétrico nacional e internacional. Os debates realizados, bem como diversos relatórios e projetos desenvolvidos, ficam disponíveis no escritório virtual do PCT, residente no site da Eletrobras para consultores, empregados da empresa

e do IICA, além dos parceiros. Os participantes do workshop, por exemplo, recebem login e senha e podem continuar as discussões, ampliando o estado da arte da eletrificação rural em áreas isoladas em ambiente virtual. Mal o PCT foi renovado, já há novas ações em vista. No início de abril, foi assinado, pela holding, pela Eletrobras Distribuição Acre e pelo governo do estado do Acre, protocolo de intenção para estudar a viabilidade de um Centro Comunitário de Produção com a utilização de fontes renováveis, projeto que observará, principalmente, a aptidão do povo da floresta, na busca de resultados concretos e sustentáveis. Esses esforços para levar luz a quem precisa seguem a vocação da Eletrobras, em consonância com a diretriz da presidente Dilma. “Com a luz elétrica, a vida de todo mundo fica mais fácil. É possível a pessoa ter uma geladeira em casa, as pessoas passam a ter acesso à televisão, ao ferro elétrico, a outros eletrodomésticos e podem ter uma bomba d’água para evitar que a mulher carregue água para casa. O hábito de estudar à noite, por exemplo, só pode ter quem tem luz. Sempre estivemos convencidos de que a luz elétrica é um direito de cada brasileiro”, ressalta a presidente.

Jorge Coelho - Eletrobras

Iolanda Maria de Oliveira e Gonçalino Soares são alguns dos produtores beneficiados pelos CCPs de Ponta Porã (MS)


Centros Comunitários de Produção possibilitam a inclusão social produtiva com o uso da energia elétrica

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crescente universalização do acesso à energia elétrica ocorrida no meio rural brasileiro, em especial a partir do programa Luz para Todos, do governo federal, trouxe o desafio de promover a inclusão socioeconômica nessas áreas, a partir do uso produtivo da energia. Para responder a essa demanda, a Eletrobras, desde 2003, incentiva a implantação dos Centros Comunitários de Produção (CCP), unidades de beneficiamento da produção agropecuária, junto a grupos de pequenos produtores de base familiar. O projeto promove a implantação de pequenas unidades produtivas, que atendam a cooperativas e associações locais, respeitando a vocação produtiva do grupo, bem como as características do mercado da região. Há unidades que fabricam farinha de mandioca, beneficiam leite e tomate, entre outros produtos. É uma forma de fixar as pessoas no campo, contribuindo para uma melhor qualidade de vida e para o desenvolvimento econômico local, ao mesmo tempo em que se contribui para a viabilização do mercado rural de energia elétrica. Dessa forma, a implantação de CCPs está diretamente alinhada ao negócio da empresa. Até março de 2012, foram inauguradas 19 unidades, beneficiando cerca de mil famílias. Sete novos CCPs estão em implantação, com perspectivas de melhorar a vida de mais de 160 famílias (ver box na página 21). A Eletrobras também acompanha o desenvolvimento e verifica os resultados que o projeto traz a seus beneficiários. Realizando um trabalho multidisciplinar de avaliação

dos impactos socioeconômicos e de monitoramento que se estende por aproximadamente quatro anos, a empresa afere qualitativa e quantitativamente os efeitos provocados pelo projeto tanto na vida dos produtores diretamente contemplados quanto na comunidade local. Dessa forma, a Eletrobras participa de todas as etapas do empreendimento, interagindo junto à comunidade na busca de eventuais soluções ou aprimoramentos para garantir sua sustentabilidade. No âmbito do Projeto de Cooperação Técnica da Eletrobras com o Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura (IICA) estão sendo desenvolvidos projetos padronizados de CCPs que atendam plenamente às legislações sanitárias e ambientais pertinentes e possibilitem a obtenção de produtos finais com a qualidade exigida pelo mercado. Voltados para o beneficiamento de produtos agropecuários que são transformados em alimentos e para as atividades de recepção, triagem e acondicionamento de materiais recicláveis, esses modelos padronizados facilitarão futuras parcerias entre a Eletrobras e grupos de produtores interessados na implantação desses empreendimentos. “Os Centros Comunitários de Produção estão alinhados à estratégia da Eletrobras de apoiar a gestão de programas de interesse social e desenvolvimento do país, promovendo a inclusão social nas comunidades em que atuamos”, explica Tereza Cristina de Rozendo Pinto, gerente do Departamento de Responsabilidade Social e Projetos com a Sociedade da Eletrobras. Jorge Coelho - Eletrobras

CCP Rio Dourado - Um dos oito implantados na Fazenda Itamaraty, em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul

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Saiba mais sobre os CCPs já inaugurados CCP BOA ESPERANÇA – São Fidélis (RJ) Unidade de recepção e refrigeração de leite para 54 famílias CCP PINTADAS – Pintadas (BA) Unidade de recepção e refrigeração de leite para 90 famílias CCP VALE DO MATA MATA – Ponta Porã (MS) Unidade de recepção e resfriamento de leite para 68 famílias CCPs ÁREA NOVA CONQUISTA – Ponta Porã (MS) Seis unidades de recepção e resfriamento de leite para 624 famílias CCP RIO DOURADO – Ponta Porã (MS) Unidade de recepção e resfriamento de leite para 56 famílias

CCP SANTO ANTÔNIO DO RIO PRETO – Miraí (MG) Ateliê de costura comunitário para 21 famílias. CCP RIO BONITO – Nova Ubiratã (MT) Unidade de laticínio para fabricação de queijos e doce de leite para 15 famílias CCP DELÍCIAS DO CAMPO – Sidrolândia (MS) Fabricação de doces e conservas para 30 famílias CCP SABORES DE TOMATE – Braganey (PR) Beneficiamento de tomates para 20 famílias CCP COOPERVIMA – Maximiliano de Almeida (RS) Fabricação de suco de uva e vinho para 23 famílias

Próximas unidades a serem inauguradas CCP CANA VERDE – Ribeira (SP) Unidade para fabricação de melado, rapadura e açúcar mascavo para 12 famílias

CCP FURNA DOS BAIANOS – Aquidauana (MS) Fabricação de farinha e fécula de mandioca para 22 famílias

CCP FAZENDA BOA VISTA – Madalena (RJ) Unidade para fabricação de farinha e fécula de mandioca para 24 famílias CCP SANTANA DO TAQUARAL - Santo Antônio do Leverger (MT) Unidade de fabricação de farinha e fécula de mandioca para 35 famílias CCP YPUARANA – Lagoa Seca (PB) Unidade de fabricação de farinha e fécula de mandioca e bolos para 52 famílias

CCP VILA BORBA ­– Colinas do Sul (GO) Fabricação de queijos para 38 famílias CCP CACHOEIRA DO CAMBUÍ – Muzambinho (MG) Secagem e seleção de grãos de café para 40 famílias CCP SÃO MIGUEL – Rebouças (PR) Processamento de hortaliças e frutas para 63 famílias

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Geração Hermínio Nunes - Eletrobras Eletrosul

O retorno à hidreletricidade Eletrobras Eletrosul inicia operação de usina no Rio Grande do Sul por Andréa Lombardo Eletrobras Eletrosul

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do nossa vocação de gerar energia de fonte hidrelétrica, colaborando com o Brasil na liderança da produção de energia limpa”, afirmou o presidente da empresa, Eurides Mescolotto.

O início da operação da usina foi transmitido, por videoconferência, para a sede da empresa, em Florianópolis, e regionais, no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, para que todos os empregados pudessem acompanhar esse momento histórico.

O diretor Financeiro e Administrativo, Antonio Waldir Vituri, que acompanhou a transmissão de Florianópolis, lembrou do período crítico que a empresa viveu, em 1998, e falou da importância da usina Passo São João como símbolo da retomada da história da Eletrobras Eletrosul na hidreletricidade. “Desde 2004, começamos a nos preparar para o momento de voltar a ser uma grande geradora de energia.”

Eletrobras Eletrosul colocou em operação, no dia 21 de março, a primeira unidade geradora da usina hidrelétrica Passo São João, no noroeste do Rio Grande do Sul. O empreendimento é um marco do retorno da empresa à geração hidrelétrica e da recomposição de seu parque de usinas, inteiramente privatizado no final da década de 90.

O diretor de Engenharia e Operação da Eletrobras Eletrosul, Ronaldo dos Santos Custódio, comandou o acionamento do conjunto gerador, narrando o passo a passo dos procedimentos até o momento do sincronismo com o Sistema Interligado Nacional (SIN), às 15h18min daquela quarta-feira. Os primeiros giros da turbina foram muito comemorados, tanto por quem estava na sala de controle como por aqueles que estavam a quilômetros de distância. “Este é um momento de grande alegria para a Eletrobras Eletrosul e todos os seus empregados. Estamos retoman-

A usina Passo São João foi o primeiro empreendimento arrematado em leilão pela Eletrobras Eletrosul, em dezembro de 2005, depois que a empresa foi retirada do Plano Nacional de Desestatização e autorizada a retomar os investimentos em geração e transmissão, por meio da Lei nº 10.848, de 15 de março de 2004. Reforço elétrico para a região das Missões - A usina Passo São João aproveita o potencial hidrelétrico do rio Ijuí, nos municípios de Dezesseis de Novembro e Roque Gonzales (a aproximadamente 600 quilômetros de Porto Alegre), e irá

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gerar até 77 megawatts (MW) – energia que atende ao consumo de aproximadamente 580 mil habitantes. A previsão é de que a segunda turbina entre em operação em maio. Foram investidos, aproximadamente, R$ 595 milhões no empreendimento, que integra o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A usina ampliará a capacidade de geração de energia do Rio Grande do Sul e, principalmente, da região das Missões. Nacionalmente, a UHE Passo São João aumenta a qualidade e a segurança do sistema elétrico. Durante as obras, foram gerados perto de 2,7 mil empregos diretos e indiretos. Para Custódio, o empreendimento é um marco para a empresa, não só pelo retorno à geração hidrelétrica mas, também, pelo resultado positivo das ações socioambientais. “A usina Passo São João começa a consolidar a Eletrobras Eletrosul como empresa de geração hidrelétrica e reafirma sua capacidade técnica e empresarial, além de ser um exemplo concreto da possibilidade de integração com as comunidades do entorno de empreendimentos hidrelétricos”, complementou o executivo.

No decorrer das obras, foram desenvolvidos vários programas ambientais, que contemplaram ações como recuperação de áreas degradadas, reposição florestal e de conservação de espécies ameaçadas da fauna local. No canteiro de obras, o cuidado com o gerenciamento dos resíduos foi permanente. Na área social, foi desenvolvido o projeto (RE) Aproveitar, envolvendo moradoras de Roque Gonzales, integrantes do Clube de Mães Saúde e Alegria. Elas receberam treinamento para elaboração de produtos de higiene e limpeza, feitos a partir do óleo usado na cozinha do refeitório da obra. Já por meio do projeto Costurando Caminhos, moradores do entorno da usina participaram de curso de corte e costura para capacitá-las para o mercado de trabalho e como oportunidade de fonte de renda. Foram usados materiais de descarte de equipamentos de proteção individual (EPIs) como matéria-prima dos trabalhos artesanais. As ações socioambientais procuraram conciliar o fomento a atividades econômicas com práticas sustentáveis de reaproveitamento de resíduos. Hermínio Nunes - Eletrobras Eletrosul

Passo São João - Simbolo da retomada da história da Eletrobras Eletrosul na hidreletriciade entrou em operação no início de março de 2012

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Meio ambiente

Flávio Barboza - Eletrobras CGTEE

Parceria sustentável Eletrobras CGTEE celebra convênios para recomposição de matas ciliares e áreas degradadas

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por Guaracy Cunha Eletrobras CGTEE

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Eletrobras CGTEE fará recomposição de mil hectares de matas ciliares e de áreas degradadas, conforme acordado no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado em abril do ano passado com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O trabalho será executado pelo Instituto Cultural Padre Josimo.

Em maio, o Instituto Cultural Padre Josimo deverá iniciar o preparo das áreas que receberão 240 mil mudas de espécies nativas da região ao longo das bacias hidrográficas do Rio Jaguarão e do Arroio Candiota, localizadas na metade sul do Rio Grande do Sul. A previsão é de que o plantio tenha início nos meses de junho, julho e agosto, época adequada para o melhor aproveitamento das mudas. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra-RS) também é parceiro da Eletrobras CGTEE, por meio de um termo de cooperação técnica. O objetivo é potencializar as ações técnicas e administrativas, assegurando a execução adequada do projeto de recomposição, assim como as ações de educação ambiental nos assentamentos.

O convênio prevê que o Instituto execute, com a participação dos assentados de reforma agrária, o plantio de mil hectares em áreas de assentamentos de reforma agrária. A ação irá assegurar a restauração ambiental dos assentamentos rurais e p e r m it i rá a melhoria da qualidade de vida das famílias assentadas. Em 2012, primeiro ano do projeto, as mudas serão plantadas em 400 hectares e, em 2013, serão atingidos os 600 hectares restantes. Serão plantadas na região aproximadamente 40 espécies de árvores nativas, como araçá vermelho, canela, pitanga, jaboticaba, guabiroba e açoitacavalo. Em março, o Ibama inspecionou as áreas em que o plantio deverá ocorrer. Foram visitados os assentamentos de Hulha Negra, Candiota e Aceguá, onde será executado o primeiro ano do projeto. A inspeção do Ibama foi acompanhada por representantes da Eletrobras CGTEE e do Instituto Cultural Padre Josimo, com a presença dos agricultores assentados nas áreas visitadas.

Dentre outras atribuições, Incra e Eletrobras CGTEE executarão medidas para promover a educação ambiental, despertando a percepção das famílias assentadas sobre a importância da manutenção do meio ambiente para o desenvolvimento sustentável. O Incra também indicará institucionalmente agentes facilitadores que farão a interligação entre a Eletrobras CGTEE, seus parceiros e os assentados. A Eletrobras CGTEE deverá produzir material informativo e de formação do programa de educação ambiental, visando à universalização das informações, com ênfase em prevenção de queimadas e proteção de áreas de preservação permanente.

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História Divulgação - Eletrobras Furnas

55 anos da Eletrobras Furnas Presidente Flavio Decat destaca mudanças estruturais e de gestão em busca da empresa de referência por Fabiana Kruger Eletrobras Furnas

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letrobras Furnas celebrou os 55 anos de história em fevereiro, com a entrega da Medalha John Cotrim – fundador e primeiro presidente da empresa – a 100 personalidades e entidades que prestaram ou prestam serviços ao Brasil. Entre os presentes à solenidade, realizada na sede da empresa, no Rio de Janeiro, estiveram o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, e o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Hermes Chipp. Por mensagem, a presidente Dilma Rousseff reafirmou o seu compromisso com o desenvolvimento sustentável do país: “Nossa economia está sustentada em sólidos fundamentos e temos instrumentos para manter nossa trajetória de crescimento elaborada no fortalecimento do mercado

interno, na geração de emprego, na distribuição de renda e nos investimentos. A redução da pobreza extrema permanece como compromisso central do meu governo. Conto com Furnas”. Em seu discurso, o presidente Flavio Decat, que completou um ano de gestão à frente da empresa, comentou que a empresa “está em processo de intensas mudanças. Com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento, está promovendo uma completa reformulação para se ajustar ao novo modelo do setor elétrico. Além disso, segue um Plano Diretor que estabelece a manutenção do market share e promove a recuperação econômica e financeira, evoluindo dos atuais 23% de margem de EBITDA para 65% em três anos”, revelou.

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O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, destacou a importância da companhia para o desenvolvimento do Brasil. “A Eletrobras Furnas tem prestado serviços significativos ao país. É responsável pelo fornecimento de 97% de energia no Distrito Federal, 92% no Rio de Janeiro, 91% no Mato Grosso, 81% no Espírito Santo, 61% em Goiás, 58% em São Paulo, 45% em Minas Gerais e 16% em Tocantins, com desempenho de confiabilidade de 99,99%. Somos a 6ª economia mundial e certamente vamos precisar da ajuda da empresa para dobrar o estoque de energia nos próximos 12 anos”, disse Lobão. Já o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, assinalou que a holding conta com a Eletrobras Furnas para chegar a 2020 como a maior empresa de energia elétrica renovável do mundo. “Ressalto o trabalho intenso de Flávio Decat, que lidera a modernização administrativa da empresa, implantando métodos coerentes com o novo modelo do setor elétrico brasileiro”, completou o presidente da Eletrobras. Novos tempos – Com o apoio financeiro do BID, a Eletrobras Furnas iniciou uma reestruturação no último ano, a fim de se modernizar para competir no novo modelo do setor elétrico. O foco passou a ser a gestão por processos e por projetos, o que torna a estrutura organizacional da empresa mais eficiente.

Aniversário solidário O fundador da Eletrobras Furnas foi também a inspiração para outra iniciativa em comemoração ao aniversário da empresa: a criação da Bolsa de Estudos John Cotrim. Com investimento de até R$ 2 milhões, a empresa custeará os estudos de 100 jovens de escolas públicas nos 13 estados onde atua, além do Distrito Federal.

As estruturas de Engenharia e Construção, dedicadas à expansão, foram unificadas para dar eficiência aos negócios corporativos. Foi criada ainda uma diretoria totalmente dedicada às novas prospecções e responsável pela gestão das parcerias que a expansão no novo modelo impõe. Permeando essas mudanças, a criação de um Plano Diretor aponta para uma trajetória de crescimento, com taxas de retorno adequadas e engenharia de ponta. A comemoração dos 55 anos da Eletrobras Furnas coincide também com uma guinada na diversificação de suas fontes de geração de energia: a empresa, conhecida por suas 15 usinas hidrelétricas, entrou firme no segmento eólico, com a construção de 17 Divulgação - Eletrobras Furnas parques em parceria com a iniciativa privada, na região Nordeste. Juntas, as centrais geradoras eólicas somam 437 MW de potência instalada.

Presidente Flávio Decat, durante a celebração dos 55 anos - Processo de intensas mudanças

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Paralelamente ao grande investimento em energia eólica, a Eletrobras Furnas está construindo quatro novas hidrelétricas, que acrescentarão quase 5,5 mil MW ao Sistema Interligado Nacional – praticamente a metade da capacidade instalada atual da empresa (11,4 mil MW) – e levarão energia para mais 14 milhões de brasileiros.


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Preservação

Caio Coronel - Itaipu Binacional

Força da natureza

Refúgio Biológico de Itaipu reproduz espécies em extinção

por Lúcio Horta Itaipu Binacional

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lém da potência de suas águas, a maior usina do mundo em geração de energia guarda outros atrativos para os turistas que a visitam. O Refúgio Biológico Bela Vista (RBV) mantém espécies da fauna e da flora e atraiu, apenas no ano passado, 26.349 turistas – sem contar as visitas institucionais. Desde junho de 2007, até dezembro de 2011, foram quase 100 mil pessoas – boa parte delas encantada com a onça-pintada (Panthera onça), símbolo do Parque Nacional do Iguaçu. Agora, a dedicação de biólogos e veterinários está ajudando a salvar a harpia, ou gavião-real (Harpia harpyja), uma das aves-símbolo do Paraná, atualmente em risco de extinção. Desde 2000, quando o primeiro exemplar da espécie chegou ao refúgio, 11 filhotes já nasceram no cativeiro.

A alta taxa de fertilidade comprova o sucesso de uma das mais importantes experiências de reprodução em cativeiro da América Latina. No Sul do Brasil, o RBV é o único centro que obteve sucesso na reprodução da harpia. E a família não para de crescer. O mais novo integrante chegou ao mundo no dia 27 de fevereiro, uma segundafeira. A pequena ave de rapina nasceu com apenas 61 gramas, penugem rala e pele cor-de-rosa. Uma semana antes, no mesmo local, outro filhote da mesma espécie viu a luz pela primeira vez. “Não fosse o cativeiro, essa espécie não existiria mais por aqui”, comenta o biólogo Marcos de Oliveira, da Divisão de Áreas Protegidas de Itaipu, um dos responsáveis pelo projeto.

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Mais de 800 animais já nasceram no refúgio O sucesso da reprodução da harpia em cativeiro é mais um de uma extensa lista de animais que encontraram no Refúgio Biológico um lugar seguro para viver e se reproduzir. A capacidade do espaço é para abrigar cerca de 400 animais, incluindo mamíferos, aves, répteis e até anfíbios. Mas o centro já reproduziu mais de 800, de 42 espécies diferentes. A reprodução em cativeiro é focada basicamente em espécies raras ou ameaçadas, como o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), a jaguatirica (Leopardus pardalis), o veado-bororó (Mazama nana) e a anta (Tapirus terrestris). O trabalho atinge também espécies como o marreco-ananaí (Amazonetta brasiliensis), frango-

Representada no alto do brasão de armas do Paraná, a harpia é o mais forte, o mais pesado e um dos maiores gaviões florestais do mundo. Adulto, chega a pesar dez quilos – no caso das fêmeas – e a ter dois metros de envergadura. Um detalhe da garra revela a força da ave: o talão, como é chamada a unha da harpia, pode alcançar 6 centímetros, equivalente à unha de um urso pardo. Originalmente, a espécie habitava uma ampla região que ia do sul do México ao norte da Argentina, compreendendo todo o atual território brasileiro. O contínuo desaparecimento das florestas, contudo, fez reduzir drasticamente a população dessas aves, que precisam de grandes áreas de mata contínua para sobreviver. Hoje, no Brasil, ela só é encontrada na região do bioma amazônico, além de poucos registros no que restou da Mata Atlântica. No Paraná, sua presença é muito rara. O mais recente registro é de 2005, no município de General Carneiro, no sul do estado. O projeto – A ideia de reproduzir a espécie em cativeiro surgiu em 2000, quando o Refúgio Biológico recebeu um macho apreendido pela Polícia Civil. Dois anos mais tarde, chegava a primeira fêmea; no dia 13 de março de 2006, os tratadores de Itaipu avistaram um pequeno ovo. O caminho para a reprodução estava aberto.

d’água (Gallinula chloropus) e jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris). Após a fase de adaptação, a maioria dos animais é solta na faixa de proteção do lago e em outros refúgios e reservas mantidos por Itaipu no Brasil e no Paraguai. O plantel do Refúgio Biológico começou a ser formado juntamente com o reservatório da hidrelétrica, em meados da década de 1970, na operação que ficou conhecida como Mimba Kuera – ou “pega bicho”, em tupi-guarani. Hoje, o refúgio abriga, no mesmo espaço, um zoológico, o Criadouro de Animais Silvestres da Itaipu Binacional (Casib) e um moderno hospital veterinário.

Após quatro tentativas frustradas – o embrião de um ovo morreu e três filhotes não sobreviveram –, nasceu, no dia 15 de janeiro de 2009, o primeiro espécime mantido com sucesso pelo projeto. Na sequência, vieram outros dez filhotes – o último deles nascido no final de fevereiro. Marcos de Oliveira explica que, nas primeiras semanas, o filhote de harpia se alimenta cinco vezes por dia. Ao final de 24 horas, ele chega a comer de 30% a 35% do equivalente ao próprio peso. Por isso, cresce muito rápido. Caio Coronel - Itaipu Binacional

Após os primeiros dias, uma pelugem branca toma todo o corpo do animal

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A fase de incubação varia de 53 a 56 dias, com temperatura e umidade controladas. Depois, os filhotes são transferidos para um viveiro – é o caso de duas outras aves, que nasceram nos dias 26 de dezembro de 2011 e 1º de janeiro de 2012, respectivamente.

Caio Coronel - Itaipu Binacional

Ampliação – Até o começo de abril, Itaipu mantinha em cativeiro 12 aves da espécie, incluindo três adultos e os dois novos filhotes. O número poderia ser maior, mas a binacional já cedeu gaviões para outras unidades de recriação – uma delas localizada em Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba. É um esforço para tentar ampliar a rede de reprodução da harpia. Também há limitação de espaço. A capacidade atual do refúgio é para abrigar até três casais da espécie simultaneamente. De acordo com Marcos de Oliveira, a ideia do grupo é elevar a capacidade para seis casais, aumentando, assim, as chances de reprodução. “Por enquanto, são aves destinadas à preservação da espécie em cativeiro”, destacou o biólogo, sobre o estágio atual do projeto. “No futuro, com um número adequado de aves, poderemos desenvolver um programa de reintrodução na natureza”, acrescentou.

Biólogo Marcos de Oliveira - Expectativa de reintrodução das aves no ambiente natural com o desenvolvimento do projeto Caio Coronel - Itaipu Binacional

As visitas escolares são frequentes no Refúgio Bela Vista, que recebeu, desde 2007, quase 100 mil pessoas

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Banda larga

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Divulgação - Eletrobras Eletronorte

Parceria estratégica Eletrobras Eletronorte colabora para ampliar atendimento em banda larga na região Norte por César Fechine Eletrobras Eletronorte

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Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) já chega a quase 11 mil quilômetros em rede nacional. Com a previsão de preços isonômicos e populares em todo o país (a partir de R$ 35 para a velocidade de 1 Mbps), o PNBL é uma ferramenta do governo federal para promover a inclusão digital e acelerar o desenvolvimento econômico e social. Cerca de 2 mil provedores estão sendo incluídos no plano para fornecer serviços nas pequenas cidades. “Nossa missão é ampliar a cobertura, aumentar a velocidade e baixar o preço. Na região Norte, o principal parceiro é a

Eletrobras Eletronorte, que vem trabalhando intensamente com a Telebras para anteciparmos esse atendimento”, disse Caio Bonilha, presidente da Telebras, durante uma audiência pública da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) do Senado Federal, realizada em março. Com o objetivo de discutir o Plano Nacional de Banda Larga e a melhoria do atendimento na transmissão de dados via internet na região Norte, a audiência reuniu integrantes do Ministério das Comunicações, da Anatel, da Eletrobras

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Eletronorte e da Telebras, além das empresas de telecomunicações – Oi, Telefônica, Tim e Embratel, que mostraram os planos de investimentos para a expansão da oferta de internet na região Norte. Segundo Caio Bonilha, o governo federal repassou R$ 66 milhões do orçamento para a implantação do PNBL na região Norte e ressaltou a importância da parceria com as empresas Eletrobras. O diretor de Planejamento e Engenharia da Eletrobras Eletronorte, Adhemar Palocci, explicou que a participação da Eletrobras Eletronorte no PNBL se dá por meio da rede de fibra óptica das linhas de transmissão, que chegarão, em breve, também aos estados que ainda não estão no Sistema Interligado Nacional (SIN). “Estamos construindo a linha Tucuruí-Macapá-Manaus, que deve dar o acesso à energia elétrica de forma definitiva a Manaus. Vamos fazer também a interligação com o estado do Amapá e, através de outra linha, vamos ligar também o estado de Roraima. Nesses circuitos, teremos fibra óptica”. Inclusão digital – A Eletrobras Eletronorte participa, também, dos estudos para a implantação das redes inteligentes de energia, que utilizarão as fibras ópticas das linhas de transmissão que contêm os cabos OPGW (Optical Groud Wire), conhecidos como cabos para-raios. Atualmente, a empresa possui 6.157 km de linhas de transmissão com esses cabos. Essa rede atende às necessidades de comunicação operativa e corporativa entre as unidades da empresa e oferece canais de comunicação para as operadoras de serviços de telecomunicações. A rede de fibras ópticas também possibilita a geração de receitas significativas para a Eletrobras Eletronorte, que possui contratos firmados com diversas operadoras de telefonia. “O faturamento com os serviços de telecomunicações foi de R$ 45,5 milhões em 2011. E a expectativa é chegarmos a R$ 7 milhões por mês até o final de 2012”, informa Carlos Magno de Sá Abadá, superintendente de Telecomunicações. Navega Pará – A rede de fibras ópticas da Eletrobras Eletronorte já está a serviço da inclusão digital no estado do Pará, por meio de um Termo de Cooperação Técnica que permite o uso da rede para a transmissão de dados em alta velocidade. “É importante salientar que o limite de municípios contido no convênio é de 14, mas o governo do Pará, utilizando a infraestrutura implantada, estendeu o atendimento a mais de 40 municípios ao longo do estado”, diz Abadá.

Divulgação - Eletrobras Eletronorte

Programa Cidades Digitais promove inclusão digital no Pará

Um dos programas do Navega Pará é o Cidades Digitais. O projeto viabiliza ações como telemedicina, tele-educação e segurança pública, além da interligação, nos municípios atendidos, de todos os órgãos governamentais. Além disso, os 178 infocentros já instalados no estado disponibilizam acesso gratuito à internet para a população, capacitação básica em informática com software livre, cursos de informática avançada, além de oficinas para difusão da cultura, comunicação e informação das regiões onde o projeto está presente. Tocantins Conectado – No Tocantins, outro convênio firmado com o governo estadual vai possibilitar a implantação do programa Tocantins Conectado, que prevê a disponibilização da rede de fibras ópticas da Eletrobras Eletronorte. Como contrapartida, o governo estadual vai investir R$ 30 milhões em equipamentos, rádios e softwares para construir a rede de serviços corporativos. Mas as parcerias com os estados não param por aí. Outros convênios estão sendo elaborados com os estados do Acre e Maranhão. “Hoje, uma parte pequena das nossas instalações não são atendidas pelos cabos de fibras ópticas. Mas estamos trabalhando para suprir 100% dos nossos sistemas”, informa o engenheiro Dilermando de Santana Lacerda, gerente de Projetos e Implantação de Telecomunicações. Dilermando explica que o trabalho da Telebras é estruturar um circuito para interligar todas as regiões com a banda larga. “Nós participamos deste projeto com investimentos que chegam a R$ 12 milhões. Onde não temos capacidade, a Telebras vai nos suprir. E cedemos a nossa capacidade onde temos a nossa rede. A parceria é boa para todos”.

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Artigo

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Tecnologias do Eletrobras Cepel para monitoramento de ativos de transmissão das empresas Eletrobras Alain François Sanson Levy Carlos Julio Dupont Christian Ducharme Raul Balbi Sollero

A

demanda crescente por energia, a forte expansão dos sistemas de potência e a sua crescente complexidade têm representado um constante desafio para as empresas Eletrobras, hoje responsáveis por 36% da geração e 56% da transmissão de energia no Brasil. A operação, manutenção e expansão dos ativos das empresas Eletrobras – atualmente 168 usinas hidrelétricas, termelétricas, eólicas e termonucleares, mais de 54 mil quilômetros de linhas de transmissão e seis empresas distribuidoras – exigem cada vez mais a utilização de ferramental tecnológico adequado, visando ao aumento da confiabilidade operativa, à redução do número de paradas programadas ou ocasionais e à otimização do planejamento e da programação de manutenções. Nesse sentido, o diretor de Transmissão da Eletrobras, José Antônio Muniz Lopes, constituiu o Comitê Gestor da Transmissão do Sistema Eletrobras, que, sob sua coordenação, reúne os diretores técnicos das empresas Eletrobras Chesf, Eletronorte, Eletrosul e Furnas, e inclui ainda a participação do Eletrobras Cepel e da Itaipu Binacional. Grupos de trabalho para suporte ao comitê contam com a participação de técnicos das empresas Eletrobras. O trabalho identifica oportunidades para aperfeiçoamento dos processos da operação e manutenção da transmissão. Um dos aspectos relevantes é a busca constante pelo aumento da disponibilidade das instalações de transmissão e, consequentemente, do fornecimento de energia.

Nesse sentido, o comitê tem apoiado a maior utilização dos produtos do Eletrobras Cepel, como o Sage (Sistema Aberto de Gerenciamento de Energia) e o DianE (Sistema de Análise e Diagnóstico de Equipamentos de Subestações) − estratégicos para as empresas Eletrobras e de grande alcance em termos de benefícios para a operação e a manutenção das instalações de transmissão. O Sage é um sistema computacional de grande porte, do tipo Scada/EMS (Supervisory Control and Data Acquisition/ Energy Management System), para a missão crítica de supervisão, controle e gestão de sistemas elétricos. O sistema habilita, em tempo real, a aquisição, o armazenamento e a análise de todas as informações necessárias para a operação de um sistema elétrico a partir de um centro local, regional ou nacional, simula sua operação, antecipa problemas e aconselha o operador para uma situação ótima. Anos de parceria com técnicos especialistas das empresas Eletrobras e forte aprofundamento tecnológico no Eletrobras Cepel têm assegurado a vanguarda e a manutenção, no estado da arte, dos aplicativos de simulação e análise de redes e dos algoritmos EMS do Sage. Já o DianE é um sistema para suporte à análise e ao diagnóstico do estado dos equipamentos utilizados em subestações de alta tensão, e foi desenvolvido em estreita colaboração entre o Eletrobras Cepel e técnicos das empresas Eletrobras, a partir de conhecimentos consolidados em cerca de 15 anos de pesquisas, tendo como filosofia a manutenção centrada em confiabilidade (MCC).

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A integração de análises e diagnósticos, oferecida pelo DianE, permite reunir diferentes técnicas e, a partir dos defeitos evidenciados, gerar listas de prioridades com as possíveis causas associadas. Por fim, uma lista de ações recomendadas permite ao usuário melhor definir sua decisão frente a cada situação. Atendendo aos requisitos de grande porte de dados e de processamento em ambiente de rede corporativa, o DianE foi desenvolvido desde sua concepção para contemplar uma avaliação histórica de todos os equipamentos e ainda permitir uma interação aberta com outros sistemas computacionais existentes. Guarda estreita integração com o Sage para a realização de análises baseadas em dados históricos. Foi, ainda, preparado para interagir com outros sistemas de supervisão e controle disponíveis no mercado. Uma característica exclusiva dos sistemas Sage e DianE é que são plataformas abertas, concebidas para integração, sem descontinuidade, com os diversos sistemas, equipamentos e dispositivos comerciais, existentes ou novos no mercado. Nesse sentido, o Eletrobras Cepel tem se antecipado na utilização dos mais avançados padrões técnicos internacionais, contando com diversas parcerias com indústrias e fornecedores, para assegurar compatibilidade e interoperabilidade permanente das soluções. Por essas e outras características vantajosas, o Sage e o DianE vêm sendo utilizados nas empresas Eletrobras Chesf, Eletronorte, Eletrosul e Furnas, com a constituição de produtos de conteúdo tecnológico estratégico. Outros produtos que se destinam a melhor avaliar o estado operativo dos equipamentos e instalações do sistema elétrico brasileiro estão em desenvolvimento no Eletrobras Cepel e complementam as necessidades das áreas de engenharia da manutenção. Entre estes, destacam-se os produtos IMA-DP (Instrumentação para Monitoramento e Análise de Descargas Parciais) e CDF (Caracterização no Domínio da Frequência). O IMA-DP se destina à avaliação do estado operativo dos sistemas isolantes dos equipamentos de alta tensão, a partir da medição das descargas parciais. É um sistema que pode ser usado tanto para monitoramento on-line contínuo de uma grande variedade de equipamentos de alta tensão, como para uso off-line, em laboratórios ou medições no campo. O CDF é um produto para a avaliação da resposta em frequência de equipamentos com enrolamentos, tais como os transformadores de potência e reatores.

Esses produtos são também disponibilizados pelo Eletrobras Cepel para uso das empresas sob a forma de serviços especializados, visando diagnosticar as reais condições de operação de equipamentos de subestação e outras instalações. Como benefícios do monitoramento continuado dos equipamentos estratégicos, tais como as utilizadas no DianE, podem ser citados: - Agilidade para a execução de análises e diagnóstico de transformadores de potência e demais equipamentos da subestação, com a possibilidade da integração de técnicas tradicionais e novas técnicas em desenvolvimento; - Utilização de um produto “customizável” e de longa vida (somente módulos são substituídos); - Aumento da confiabilidade e da flexibilidade operativa pela centralização de todos os dados de monitoramento contínuo (novos e legados), por meio do Sage; -

Redução do número de falhas;

- Redução na quantidade de interrupções do fornecimento de energia; -

Extensão da vida útil dos equipamentos;

- Decisões quanto ao aumento do carregamento admissível; - Auxílio no processo de gerenciamento e manutenção dos equipamentos na empresa, com consequente redução de custos; - Otimização da operação e da manutenção dos equipamentos a partir da tomada de decisão baseada em dados on-line e off-line das unidades; - Consolidação de uma base de dados histórica com informações sobre os transformadores de potência e demais equipamentos da subestação, gerando melhores condições para o aprimoramento das metodologias atuais de análise e a criação de novos módulos de avaliação do estado operativo.

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