Revista GNG - Segunda Edição

Edição nº 2 | Outubro de 2017.

SESSÃO

Gênero Número & Grau

SUSTENTABILIDADE Múltiplos usos da água Consumo consciente Destinação correta de resíduos

TRABALHO

Histórias profissionais e de vida Dez anos do Coral do Cepel Trabalho e maternidade

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Editorial

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MĂşltiplos usos da ĂĄgua

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Sustentabilidade

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Trabalho

Comitê Interno de Gênero e Raça: Lidia Maria R de França Silva Gerência de Comunicação: Fátima Guedes Jornalista Responsável: Marcos Patrício Equipe de Jornalismo: Marcos Patrício Gustavo Cardoso Bruna Sant’Ana Lucas Rodrigues Projeto Gráfico e Editoração: Raykar Rocha Colaboração: Yukai Du Marta Olivieri Comitê Editorial: Antônio Ricardo Carvalho Gloria Suzana de Oliveira João Barros Nelson Martins

Editorial Trabalho e sustentabilidade. Estes são os dois eixos que conduziram a elaboração desta segunda edição da Revista Gênero, Número e Grau – GNG, do Cepel. Dois temas que, muitas vezes, se confundem no dia a dia de um centro de pesquisas. É o que mostra a matéria de capa, dedicada aos múltiplos usos da água. Um texto que aborda o assunto em suas várias implicações e fala sobre o trabalho realizado pelo Cepel.

A questão da sustentabilidade, aliás, também está presente na matéria de cobertura de outra iniciativa interessante realizada no Centro: a campanha Recrie – Responsabilidade Ecológica Criativa. Uma reflexão sobre o consumo sustentável, a produção e a destinação correta dos resíduos. Tema presente com cada vez mais intensidade em nossas vidas.

Voltando o olhar para o ambiente de trabalho, em um momento em que as relações de trabalho passam por um período de discussão e mudanças, esta edição traz matérias que mostram um pouco do que fazem os colaboradores do Centro. Nesse bloco há entrevistas com três funcionários que, com seu trabalho, vêm contribuindo há vários anos para as atividades realizadas pelo Cepel.

A eficiência no ambiente de trabalho também está relacionada a atividades lúdicas. É o que mostra a matéria que comemora os 10 anos que o Coral do Cepel completa em 2017. Relembre a trajetória do grupo que combina ritmo, harmonia e muitas histórias.

Boa leitura!

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CAPA

Debate sobre múltiplos usos da água está cada vez mais atual Por Marcos Patrício

Apesar de contar com aproximadamente 12% do volume total de água doce disponível no planeta, o Brasil não pode se dar ao luxo de deixar de lado as ações relacionadas ao uso sustentável dos recursos hídricos. Da mesma forma, o país não pode se omitir da discussão sobre os múltiplos usos da água. A questão ganhou força por conta da estiagem, que atingiu o país entre 2014 e 2016 e comprometeu o abastecimento de água em diversas cidades.

Os usos múltiplos abrangem abastecimento público, agricultura, indústria, geração de energia, navegação, pesca e aquicultura, turismo e recreação, entre outros. A diversidade de setores usuários provoca uma série de impactos – positivos e negativos – entre as diferentes atividades, o que resulta em interações complexas.

Em janeiro de 1997, foi aprovada no Brasil a Lei 9.433, conhecida como Lei das Águas, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos.

Uma de suas diretrizes é justamente garantir o uso múltiplo das águas, de maneira que todos os setores usuários tenham igualdade de acesso aos recursos hídricos. A única exceção dessa regra está relacionada a situações de escassez, quando o uso prioritário da água passa a ser o consumo humano e a dessedentação de animais.

Vale lembrar, que o múltiplo uso está presente na legislação brasileira desde 1934, quando foi publicado o Decreto 24.643, também conhecido como “Código das Águas”.

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CAPA

Crescimento da demanda ampliou conflitos de interesse Com o passar do tempo, a população brasileira cresceu, o país se industrializou e a atividade agrícola avançou para diferentes regiões. Logo, o crescimento da demanda pelo uso da água para os mais variados fins determinou um aumento nos conflitos de interesse entre os diferentes setores envolvidos. Conflitos esses que acabam sendo ampliados em decorrência das secas. A Agência Nacional de Águas (ANA) vem atuando no sentido de mediar tais situações.

Ao analisar aspectos como os diferentes interesses por recursos hídricos e o volume de água disponível para atendê-los, ou a demanda de cada região do país e a disponibilidade de água nesses locais, é possível perceber com mais clareza tais conflitos. Um exemplo é o Norte do Brasil, que concentra 70% da água disponível, mas apresenta densidade populacional menor do que as regiões Sul e Sudeste. Essas, por sua vez, têm população e demanda maiores, mas disponibilidade bem menor de recursos hídricos.

Em relação ao uso, a agricultura é a atividade de maior consumo de água, ao utilizar em torno de 70% do volume de recursos hídricos disponíveis. No Brasil, a agricultura está concen-

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trada nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul que, juntas, concentram cerca de 28% da água brasileira e em torno de 64,11% da população.

Para se ter uma ideia das diferenças que o tema recursos hídricos envolve e das diferentes demandas de cada setor, basta fazer uma comparação entre os volumes de água necessários a cada atividade. Para produzir alimentos que atendam às necessidades de uma única pessoa em um dia são necessários de 2 mil a 3 mil litros de água. Por outro lado, essa mesma pessoa necessita beber de 2 a 3 litros d’água diários ou usar de 20 a 300 litros por dia para suprir suas atividades domésticas. Daí a necessidade de tornar mais eficientes a agricultura, a indústria e o saneamento básico.

Portanto, a questão do direito à água coloca em lados diferentes os diversos interesses, como a necessidade de água para agricultura, geração de energia, usos doméstico e da indústria.

Assim como divide os diferentes atores envolvidos nesse processo, como prefeituras, empresas de geração de energia, agricultores e pecuaristas.

Por conta de todas essas diferenças, o múltiplo uso não é uma questão consensual. Divergências e conflitos avançam à medida que aumentam a demanda e a escassez de recursos.

O único consenso é que esse é um tema que merece ser amplamente discutido pelos diferentes setores e a sociedade como um todo.

Conforme veremos a seguir, várias iniciativas

CAPA do Cepel têm relação com a questão dos múltiplos usos. É o caso de metodologias e modelos desenvolvidos pelo Centro, que contribuem para otimizar a utilização dos recursos hídricos. E também é o caso do Manual de Inventário Hidroelétrico de Bacias Hidrográficas, lançado pelo Cepel, em 2007, sob encomenda do Ministério de Minas e Energia.

Iniciativas do Cepel auxiliam na tomada de decisões O parque gerador brasileiro é predominantemente hidrelétrico, o que impulsionou o Cepel a trabalhar com engenharia de recursos hídricos e os diferentes usos da água desde a sua criação, em 1974. Ao longo de mais de 40 anos de atividade, o Centro desenvolveu uma série de metodologias, modelos e programas computacionais, que são amplamente utilizados para tomada de decisões pelos diferentes atores do setor, entre eles as empresas de geração, a Eletrobras, o Ministério de Minas e Energia (MME), a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Também têm relação com hidrologia o DESSEM (Modelo de Programação da Operação de Sistemas Hidrotérmicos Interligados); o DECOMP (Modelo de Planejamento da Operação de Sistemas Hidrotérmicos Interligados de

Vários desses softwares e das metodologias desenvolvidas estão diretamente relacionados ao armazenamento da água e à presença das barragens, que, vale destacar, não são utilizadas apenas para estocar água para o setor elétrico. “As barragens não são utilizadas apenas para geração de energia. Elas têm várias funções e uma delas é o controle de cheias a jusante. Este é, por exemplo, o principal objetivo de Três Gargantas, na China. No Brasil, as barragens também têm essa função”, explica o pesquisador Jorge Machado Damazio, do DEA. Segundo Damazio, uma das linhas de pesquisa do Cepel é dedicada, justamente, aos recursos hídricos e múltiplos usos da água. Um dos trabalhos desenvolvidos na área de abrangência dessa linha visa ao controle de cheias.

Abastecimento Público Turismo e Recreação Geração de Energia Pesca e Aquicultura

Múltiplos Usos

Entre os programas mais diretamente ligados à questão hídrica estão o SINV (Sistema de Inventário Hidrelétrico de Bacias Hidrográficas); o SPEC (Sistema para Estudos de Prevenção de Cheias), que engloba os programas computacionais DIANA, CAEV E VESPOT; os Programas para Operação de Controle de Cheias: OPCHEN, OPCHEND e OPCHENS; os modelos para Previsão de Afluências Diárias, Semanais e Mensais PREVIVAZH, PREVIVAZ e PREVIVAZM e os modelos de geração de cenários de vazões mensais, GEVAZP.

Curto Prazo); o NEWAVE (Modelo de Planejamento da Operação de Sistemas Hidrotérmicos Interligados de Longo e Médio Prazo) e o modelo SUISHI (Simulação da Operação de Sistemas Hidrotérmicos). Esses sistemas e softwares são desenvolvidos pelo Departamento de Otimização Energética e Meio Ambiente (DEA), que os mantêm em constante atualização.

Agricultura Navegação Indústria

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CAPA

Outros trabalhos do Cepel ligados a esta área estão intimamente relacionados aos Estudos de Inventário Hidroelétrico de Bacias Hidrográficas. “Os estudos de inventário consideram a bacia hidrográfica como um todo, ao invés de olhar uma única usina hidrelétrica, com o objetivo de definir a melhor alternativa de aproveitamento do potencial hidroelétrico da bacia, isto é, quantas usinas hidrelétricas deverão ser construídas nela e o tamanho delas. A escolha da melhor alternativa considera três critérios: o custo da energia e os impactos socioambientais negativo e positivo”, explica o pesquisador Igor Raupp, também do DEA. Nos Estudos de Inventário, para elaborar as diversas alternativas de exploração do potencial, devem ser considerados os usos múltiplos da água, em especial, aqueles usos que competirão com o uso da água para a geração de energia hidrelétrica pelas usinas da bacia, tais como: controle de cheias, navegação, retiradas de água para irrigação, entre outros. Só assim, será possível definir a real disponibilidade de água na bacia para a geração de energia, tornando o estudo mais próximo da realidade.

Todos os procedimentos e metodologias a serem utilizados nos Estudos de Inventário estão definidos no Manual de Inventário, cuja edição atual (2007) foi fruto de um extenso processo de revisão da edição anterior do Manual (edição 1997), coordenada pelo Cepel, e que contou com a participação de diversas instituições e empresas, tais como, as empresas Eletrobras, MME, MMA, EPE, ANA, Aneel, Ibama e Funai, dentre outras. Esta última edição do Manual recebeu vários aprimoramentos em relação à edição anterior, merecendo destaque a melhor caracterização dos cenários de usos múltiplos da água, sobre os quais deverá ser feita a avaliação energética das alternativas e a avaliação dos impactos socioambientais positivos.

O projeto SINV, pertencente à carteira de Projetos Institucionais (carteira PI), desenvolve o Sistema SINV, que é a ferramenta oficial de suporte à decisão para a execução dos estudos energéticos, socioambientais e de comparação e seleção de alternativas dos Estudos de Inventário Hidroelétrico. Está em curso, ainda, a tese de doutorado do pesquisador Igor Raupp, que propõe uma nova abordagem para a tomada de decisão dos Estudos de Inventário, incluindo novos critérios e alterando o método multicritério de seleção da melhor alternativa.

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CAPA

Série "An Anthology Vol.1".

Esta matéria foi feita com ilustrações de Yukai Du. Para conhecer mais do seu trabalho, acesse:

www.behance.net/Doralice

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SUSTENTABILIDADE

Cepel desenvolve campanha que estimula consumo sustentável

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SUSTENTABILIDADE

A Recrie – Responsabilidade Ecológica Criativa– atende à Política Ambiental das Empresas Eletrobras

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epensar, Reduzir, Reutilizar, Reaproveitar, Reciclar, Recusar e Recuperar. Sete R’s, sete metas e um objetivo: a sustentabilidade. O Comitê de Sustentabilidade e a Atividade de Comunicação e Eventos (COEV), desenvolveram a campanha Recrie – Responsabilidade Ecológica Criativa. Lançada em junho deste ano, durante a II Semana do Meio Ambiente do Cepel (II SMAC), a iniciativa visa a estimular a conscientização dos colaboradores do Cepel no que diz respeito à destinação correta dos resíduos e à conscientização sobre as diversas maneiras possíveis de consumir de forma sustentável, reduzindo os resíduos que agridem o meio ambiente.

Por Bruna Sant’Ana

A iniciativa, que também incentiva o aumento da participação dos colaboradores no Projeto EcoCepel, lançado há 10 anos, tem mobilizado as pessoas por meio de ações mensais. Nesse contexto, são criadas formas de incentivar o descarte ambientalmente correto nos postos de coleta, dispostos em locais específicos nas unidades Fundão e Adrianópolis. Dentre os mais arrecadados estão pilhas, baterias, lâmpadas e óleo de cozinha usado.

De acordo com os dados disponíveis no Sistema de Indicadores de Gestão de Sustentabilidade das Empresas Eletrobras (Sistema IGS), os resíduos destinados à reciclagem cresceram entre 2014 e 2016, tanto em valor absoluto (toneladas), quanto em percentual, hoje representando cerca de 30% do total de resíduos coletados no Centro. A segunda principal destinação dos resíduos do Cepel é a compostagem, representando 25,64%, e a terceira os aterros industriais, com 23,93% dos resíduos destinados em 2016.

Dentre os resíduos incluídos na campanha estão papel, metal, pilhas e baterias usadas; lâmpadas queimadas; óleo de cozinha usado; medicamentos fora da validade; sobras de medicamentos; seringas usadas; e, mais recentemente, radiografias, pilhas e baterias usadas.

Segundo o último levantamento do projeto EcoCepel, entre 2012 e 2016, já foram coletados cerca de 540 Kg de resíduos. Dentre os mais arrecadados estão pilhas, baterias, lâmpadas queimadas e óleo de cozinha usado.

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SUSTENTABILIDADE

O Projeto EcoCepel O projeto foi lançado em 2010, um ano após o Cepel ter implementado seu Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Industriais. A iniciativa visa a incentivar o consumo consciente, por meio de práticas socioambientalmente responsáveis, o que inclui o descarte correto de resíduos tipo Classe I (perigosos), oriundos das residências dos colaboradores do Centro.

A proposta foi implementada após a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), também em 2010, que determina que setor privado, governos, sociedade civil organizada e cidadãos sejam igualmente responsáveis pela gestão ambientalmente correta de resíduos sólidos, sendo motivados a repensar seu papel como consumidores.

Coordenadora do Comitê de Sustentabilidade do Cepel

Por que descartar corretamente?

Um panorama do Brasil

Depositar os resíduos nos postos de coleta seletiva é uma prática ambientalmente responsável, e permite que seja evitada a contaminação do meio ambiente (poluição do solo, da água e do ar) e a agressão à saúde pública. É importante ressaltar que, além do descarte ambientalmente responsável, a prática do consumo consciente deve ser estimulada, permitindo, assim, a redução da geração desnecessária de lixo, principalmente nas residências.

O Brasil produz em média 387 Kg de resíduos por habitante por ano, quantidade parecida com a de países como Croácia (também 387) e Hungria (385), e maior do que México (360), Japão (354) ou Coreia do Sul (358). Porém, o Brasil destina corretamente apenas metade do que coleta (58%), enquanto os outros países trabalham com taxas mínimas de 96%. Em relação à destinação do lixo, o Brasil se encontra em situação similar à da Nigéria (apenas 40% são destinados ao local adequado).

O Brasil tem a produção de resíduos sólidos por habitante ao ano semelhante a de países desenvolvidos, mas ainda tem um padrão de descarte equivalente ao dos países pobres, com envio para lixões a céu aberto e pouca reciclagem.

Os números estão em um relatório da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe) lançado em agosto do ano passado em São Paulo.

A aplicação dos 7 R’s (Repensar, Reduzir, Reutilizar, Reaproveitar, Reciclar, Recusar e Recuperar) é indispensável não só porque estas práticas ajudam a reduzir a destinação de lixo a aterros, mas também porque desta forma os materiais ganham mais tempo de vida útil e a exploração do ambiente para a obtenção de matérias-primas é minimizada.

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Kátia Garcia

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SUSTENTABILIDADE

Entrevista com Kátia Garcia Qual a importância da campanha?

A importância da campanha está relacionada com o fortalecimento desse processo de gestão de resíduos do Cepel, em trazer de volta o trabalho do projeto EcoCepel que tem dez anos, um tempo grande e um programa de sucesso. É possível perceber que ao longo dos anos tem aumentado a quantidade de resíduos coletados.

Depois de dez anos, vale fazer uma revisão, um fortalecimento de toda essa parte de educação dos colaboradores e maior divulgação.

Você já notou alguma mudança no que diz respeito à influência do projeto?

Várias pessoas vieram falar comigo sobre o evento da SMAC e o Tour da Reciclagem. Pessoas que não conseguiram participar perguntaram se iria haver de novo, ficaram super interessadas. Todo o dia eu passo em frente e vejo radiografias no ponto de coleta. Eu não via isso antes. Acredito que estamos tendo uma resposta bastante positiva. Acho que nem todas as pessoas entenderam ainda o todo, já que é algo gradativo, mas cada mês a gente vai trabalhar um resíduo. A radiografia, que foi o primeiro resíduo a ser recolhido, teve um resultado muito positivo.

Você tem alguma perspectiva em relação ao futuro do projeto?

Sobre o EcoCepel a ideia é ampliar ainda mais essa gama de resíduos, aumentar a quantida-

de de arrecadação de materiais e que cada vez mais a gente consiga trabalhar a internalização da Política Ambiental das Empresas Eletrobras.

Então, no que se refere à campanha Recrie, que a gente consiga alcançar o objetivo de conseguir com que as pessoas tenham uma melhor compreensão sobre essa problemática e possamos internalizar essa questão no aprendizado de todo mundo, no dia a dia dos colaboradores do Cepel.

Quanto ao descarte correto, quais os benefícios para o meio ambiente?

Quando você não faz o descarte correto, você acaba tendo aquele resíduo todo direcionado para o lixão ou aterro sanitário e aquilo fica lá se decompondo naquele ritmo, dependendo do material, e não haverá nenhum reaproveitamento. Onde houver catadores, eles provavelmente vão recolher aqueles materiais, o que possuir valor de mercado, e irão vender para virar uma outra coisa. Mas se você puder realizar esse trabalho antes, fazer a coleta correta e já direcionar para a reutilização, ou para a reciclagem, é muito mais eficaz em termos ambientais.

Acho que tem uma coisa legal da campanha, que não é só essa coisa do descarte correto, e da reciclagem, mas de você também repensar, reduzir o seu consumo, e os outros “R’s”. Então, repensar o consumo, rever se vai comprar algo com ou sem embalagem, se vai comprar um refil, tudo isso é importante nessa campanha.

Na verdade, tudo o que a gente está consumindo vai virar resíduo e a partir do momento em que a pessoa se envolve e decide jogar no lugar correto, ela começa a ter noção do consumo.

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SUSTENTABILIDADE

II SMAC

provoca reflexões sobre gestão de resíduos sólidos

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ma semana inteiramente dedicada à gestão sustentável de resíduos sólidos e alternativas para um mundo melhor. Assim foi a Segunda Semana do Meio Ambiente do Cepel – II SMAC, realizada em junho, nas unidades Fundão e Adrianópolis. O evento destacou a contribuição dos (as) colaboradores (as) do Centro para o fortalecimento do Projeto EcoCepel – implementado desde 2010, em consonância com a Política Ambiental e a Política de Sustentabilidade das Empresas Eletrobras – e foi o ponto de partida para a campanha Responsabilidade Ecológica Criativa – Recrie.

Uma iniciativa do Comitê de Sustentabilidade em parceria com a Atividade de Comunicação e Eventos – COEV, a Recrie visa fomentar ainda mais as atividades do Projeto EcoCepel, a partir de ações mensais voltadas a cada um dos resíduos abordados no projeto.

“A SMAC deste ano teve como objetivo sensibilizar o público interno sobre os benefícios

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Por Bruna Sant’Ana

do descarte correto de resíduos sólidos, mantendo as pessoas atualizadas sobre as discussões nacionais e internacionais e a atuação do próprio Centro”, afirma a pesquisadora Katia Garcia, coordenadora do Comitê de Sustentabilidade.

A programação do evento contou com um quiz online, um “Tour da Reciclagem” e a exibição de documentários. O primeiro apresentado foi “Lixo Extraordinário” (2011). Dirigido por Lucy Walker e João Jardim, o filme vencedor do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2012 aborda o trabalho do artista plástico brasileiro Vik Muniz com catadores de material reciclável do antigo lixão de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias (RJ).

A sessão gerou um misto de reflexão e lágrimas na plateia. A pesquisadora Luciana Rocha, do Departamento de Otimização Energética e Meio Ambiente (DEA), relata: “achei que iria assistir a um documentário sobre o lixo, um as-

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sunto incômodo, mas ao longo do filme acabei me envolvendo com as histórias de vida dos catadores, me conectei com suas dores e me emocionei com a transformação que o trabalho do Vik Muniz proporcionou a cada um deles. [...]

Todos saem mudados desta experiência extraordinária, inclusive o espectador”.

Para Luciana, a obra é um convite à reflexão sobre o padrão de consumo da sociedade em geral. “O filme nos faz pensar sobre o lixo que produzimos diariamente sem pensar onde ele vai parar, sobre a necessidade de se ter um olhar criativo acerca dos resíduos, sobre como reaproveitar os objetos que iriam ser descartados e lhes dar uma outra utilidade. Além disso, é importante olhar ao redor, pois o que é lixo para você pode não ser para o outro; pode ser sua fonte de renda e de sobrevivência.”

O antigo lixão de Jardim Gramacho também foi o cenário de outro documentário brasileiro apresentado durante a II SMAC. O premiado Estamira (2005), de Marcos Prado, retrata a vida de Estamira Gomes de Sousa, uma mulher de 63 anos, que sofria de distúrbios mentais e trabalhava há mais de 20 anos como catadora de recicláveis.

O filme mostra um local renegado pela sociedade, o qual recebia toneladas de lixo produzidas no Rio de Janeiro. A protagonista do documentário levanta, de forma filosófica, questões como o destino do lixo produzido pela sociedade e a ilusão criada pela mente humana para superar a realidade insuportável de ser vivida.

Na opinião de Thiago Cid, estagiário da COEV, “Estamira” deixa um importante alerta sobre a necessidade do descarte adequado dos resíduos. “A coleta seletiva ainda é algo pouco

praticado na sociedade, e os pontos de coleta não são muitos. Para piorar o quadro, poucas medidas públicas são tomadas, e tais ações quase não são percebidas pela sociedade. Com isso, o solo e o meio ambiente em geral sofrem o impacto causado por essa bola de neve, que começa dentro de nossas casas. Precisamos aprender a tratar melhor nossos resíduos para o bem do planeta”.

O terceiro filme exibido durante a II SMAC foi “O Sal da Terra” (2015). Dirigido por Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, o longa ilustra a trajetória e o processo de trabalho do renomado fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado ao longo de mais de quatro décadas. Sempre pautada por questões sociais, a obra de Salgado tornou-se notória por registrar, com profunda sensibilidade, as mais diversas sagas humanas - êxodos, migrações, secas, deslocamen-

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SUSTENTABILIDADE

tos decorrentes de guerras e genocídios.

Em “O Sal da Terra”, o espectador tem a oportunidade de fazer uma incursão pelos primeiros trabalhos de Salgado, realizados em Serra Pelada (PA), passando pelos registros da miséria do povo africano e do Nordeste brasileiro, e finalizando em “Gênesis”: um projeto que levou o fotógrafo a mais de 30 países para documentar regiões remotas e povos isolados.

Na opinião do pesquisador Ricardo Dutra, do Departamento de Materiais, Eficiência Energética e Geração Complementar (DME), “os documentários apresentados durante a Semana de Meio Ambiente do Cepel foram impactantes. A apresentação da dura realidade próxima a nós [Lixo Extraordinário e Estamira] e em várias partes do mundo [Sal da Terra] me faz refletir o quanto sou abençoado. Cuidar do meio ambiente não é só cuidar e preservar a paisagem, a fauna e a flora; vai além. Nitidamente, cuidar do meio ambiente é, também, cuidar do próximo e transformar sua realidade”.

Tour da reciclagem Pilha estourada, onde se joga? Plástico de biscoito é reciclável? Em vez de jogar resíduos no lixo de casa, pode-se trazer para o Cepel?

Questões como estas puderam ser debatidas no último dia da II SMAC, durante o Tour da Reciclagem.

Durante a atividade, os colaboradores puderam rememorar o local das caçambas de resíduo comum/orgânico, medicamentos vencidos, lâmpadas e raios X, resíduos de serviços de saúde, pilhas e baterias, e obter informações sobre o processo de compostagem, além do armazenamento de materiais de grande porte.

Puderam conhecer também o depósito de resíduos recicláveis - como papel, plástico e vidro.

“Os resíduos recicláveis armazenados no Cepel são coletados mensalmente por uma cooperativa de catadores, gerando impactos positivos não só no contexto ambiental, mas também no social”, explica Érika Rocha, estagiária de Engenharia Ambiental do Departamento de Logística e Operações (DLO), responsável pelo tour. Érika mostra-se satisfeita com os resultados do projeto EcoCepel até o momento e fala que as perspectivas são ainda melhores, com o lançamento da campanha Recrie. “Os colaboradores do Centro têm cooperado muito com o projeto, trazendo seus resíduos de casa”. Este ano, o projeto tem muito a crescer, pois tere-

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SUSTENTABILIDADE mos sucessivas atividades dentro da Recrie.

Neste sentido, o ‘Tour da Reciclagem’ teve um papel fundamental para o encerramento da Semana do Meio Ambiente, mostrando o caminho dos resíduos recicláveis desde sua geração, passando pela coleta, armazenamento e destinação”.

A estagiária chama atenção para o ponto de coleta do óleo de cozinha, localizado na cozinha (subsolo). “Um litro de óleo jogado pelo ralo é capaz de poluir 1 milhão de litros de água. O óleo de cozinha usado não deve ser visto como um rejeito, mas como um resíduo, pois pode ser reciclado e transformado em sabão. Se onde você mora não houver pontos de coleta de óleo de cozinha usado ou se achar mais cômodo trazer para o Cepel, o ponto de coleta é aqui!”, exclama.

Para o pesquisador do DME Marco Galdino, participante do tour, “houve bastante interesse do grupo em conhecer a infraestrutura de coleta, processamento e destinação dos resíduos existente no Cepel, e alguns [participantes] ficaram até surpresos com os diferentes tratamentos e formas de armazenamento e de destinação final dados aos diversos tipos de resíduos. O ‘tour’ foi uma iniciativa importante para conscientização do pessoal em relação à disposição adequada dos resíduos na empresa”, acrescenta.

O pesquisador do DEA Fabio Batista também comenta sobre a experiência adquirida. “Como funcionário do Cepel, me pareceu bastante motivador ver o exemplo dado pela empresa por meio de suas ações em prol da reciclagem. Foi possível entender melhor toda a cadeia deste processo, desde os cuidados que se deve ter no despejo e armazenamento dos diferentes tipos de lixo reciclável, no posterior recolhimento e distribuição deste material, até a sua transformação em novos produtos. Também foi possível compreender os incentivos ecológicos e econômicos que alimentam este processo.”

Segundo Katia Garcia, “o Tour da Reciclagem possibilitou a muitos colaboradores perceberem que sempre há algo a mais para se aprender sobre a gestão de resíduos, não só no próprio Cepel, mas também no dia a dia de cada um”.

Sobre os resultados que o evento trouxe como um todo, Katia acrescenta: “acredito que tenhamos atingido o nosso objetivo de ampliar o trabalho de sensibilização e conscientização e tenho certeza de que, ao longo do ano, com as ações previstas na campanha Recrie, fortaleceremos ainda mais este processo de debate, disseminação de conhecimentos e internalização dos 7 Rs: repensar, recusar, reduzir, recuperar, reaproveitar, reutilizar e reciclar”.

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SUSTENTABILIDADE

Livro defende sustentabilidade e relações mais humanas em cidades

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SUSTENTABILIDADE

Obra promove debate contemporâneo sobre as cidades e as tecnologias: a humanização dos seus espaços e suas inter-relações

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idades em Tempos Sombrios: Barbárie ou Civilização”, escrito pela doutora em Ciências Sociais Vivian Blaso, provoca reflexão acerca do futuro das cidades contemporâneas. Lançado em junho, o livro mostra como é possível encontrar caminhos sustentáveis que priorizem relações mais humanas, o afeto, a arte e as tecnologias smarts como ferramentas transformadoras para que as cidades atuais e futuras sejam mais inclusivas e sustentáveis.

Especialista em Gestão Responsável para Sustentabilidade pela Fundação Dom Cabral, a autora organizou o livro em cinco metatemas: Sustentabilidade, Consumo e Meio Ambiente, Tecnologias Sustentáveis, Smart Cities e Estilo de Vida nas Cidades Inteligentes. A obra conta com o prefácio de Edgard de Assis Carvalho, professor titular do Departamento de Antropologia na PUC-SP e coordenador do Complexus - Núcleo de Estudos da Complexidade.

A leitura proporciona uma espécie de autoajuda, que sugere aos leitores buscar caminhos que possam transformar a qualidade de vida, resgatar a empatia, a fraternidade, o reconhecimento, a afetividade, bases fundamentais de uma sociedade. Fundamentada em pesquisas realizadas durante o doutorado da autora em Ciências Sociais, a Metodologia de Avaliação de Cidades e Territórios Inteligentes (Maciti), apresentada no livro, valoriza o engajamento e a comunicação entre os stakeholders envolvidos no território, se diferenciando de metodologias aplicadas em outras cidades pelo mundo.

Cada vez mais, a tecnologia proporciona novas formas de viver e habitar as cidades. Porém, tais mudanças também trazem o risco de gerar xenofobias, disputas territoriais, intolerâncias religiosas e desigualdades de toda ordem.

Por isso, as cidades contemporâneas precisam achar soluções que possam melhorar a quali-

Por Bruna Sant’Ana

dade de vida, resgatar a empatia, a fraternidade, o reconhecimento, a afetividade, bases fundamentais de uma política de civilização planetária baseada na colaboração efetiva das culturas do mundo.

Um dos objetivos das Smart Cities é melhorar as condições de vida das pessoas. A Maciti é formada por 108 indicadores agrupados em seis macrotemas: Gestão Econômica, Acessibilidade Tecnológica, Territórios Verdes, Gestão Social, Gestão de Facilidades e Mobilidade, compostos de 15 temas relevantes aos processos de planejamento e gestão dos territórios.

Todos estão ligados à gestão de territórios com ênfase na dimensão humana, sustentabilidade, economia criativa e desenvolvimento local.

Sobre a autora: Vivian Blaso é relações públicas, doutora em Ciências Sociais pela PUC-SP. Especialista em Gestão Responsável para Sustentabilidade pela Fundação Dom Cabral e também em Gestão Estratégica de Marketing pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Life e Leader Coach pela SLAC Coaching. Professora na FGV-EAESP - Escola de Administração de Empresas de São Paulo, FAAP - Fundação Armando Álvares Penteado, Mackenzie - Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pesquisadora no Complexus - Núcleo de Estudos da Complexidade na PUC-SP. Sócia na Agência Conversa Sustentável.

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SUSTENTABILIDADE

Entrevista com Vivian Blaso O que a impulsionou a escrever esse livro?

O livro é resultado das pesquisas realizadas durante o mestrado e doutorado. Somam nove anos de pesquisas cientificas e atuação no mercado. Além disso, mantenho o blog Conversa Sustentável desde de 2008 e por muitos anos me dediquei à produção de conteúdos para grandes empresas. Eu adoro escrever e espero que este livro seja o primeiro de vários que tenho planejado.

Quais os principais problemas enfrentados pelas cidades hoje em dia?

A grande questão das cidades hoje está na mobilidade urbana e acessibilidade. Quando digo acessibilidade penso em algo bem abrangente que envolva a população desprovida de emprego, saneamento e oportunidades. Infelizmente as cidades são o reflexo da nossa sociedade desigual.

Como as tecnologias smarts poderão contribuir para cidades mais inclusivas e sustentáveis?

As tecnologias Smarts só terão sucesso se estiverem completamente inseridas e adaptadas às demandas de seus usuários, e para isso o diálogo entre as partes interessadas é imprescindível.

Como você espera que o livro ajude na conscientização dos leitores?

O livro é uma oportunidade para reflexão e ação.

A intenção é que os leitores após a leitura tenham vontade de fazer algo para o futuro das cidades, que isso possa ser feito a partir da escala bairro, da comunidade onde o leitor estiver inserido. No capítulo sobre as cidades inteligentes apresenta uma metodologia de diagnóstico para transformação do território em um território inteligente.

De que forma seu percurso etnográfico contribuiu para a construção da obra?

Eu digo que minha vida é um viver etnográfico, porque sou treinada desde a minha infância na observação do espaço, tempo, pessoas e situações. Com o método de observação, diário de campo e análise é possível aprender com a experiência, olhar com os olhos de quem é nativo ou vive naquele espaço.

Mas é possível realizar essa observação a partir de muita imersão nos aspectos culturais, antropológicos, sociológicos e históricos em relação ao objeto de observação.

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O livro já está disponível no site da Paco Editorial https://www.pacolivros.com.br/Cidades_em_Tem

l: mpos_Sombrios/prod-4787970/

SUSTENTABILIDADE É uma ciência que exige muito do pesquisador. O registro fotográfico e os meus diários de campo, principalmente os de viagem, são os que mais têm contribuindo com essa potente observação da sociedade contemporânea nas cidades. A melhor parte da pesquisa nas ciências sociais é a que nos permite essas vivências junto ao objeto de observação e investigação.

Hoje eu tenho um caderno à parte, onde anoto os meus insights. O caderno chama "ideias em fluxo".

Lá anoto as minhas intuições, meus pensamentos mais profundos, que às vezes parecem completamente desconectados. Mas, se depois de algum tempo, faço uma leitura linear, percebo que existe muita potência criativa que pode ser distribuída nas minhas pesquisas, aulas e palestras, ou seja, nos espaços de diálogos e elaboração de um pensamento sobre algo.

Poderia falar um pouco sobre a Metodologia de Avaliação de Cidades e Territórios Inteligentes?

A Maciti é uma metodologia que possibilita um diagnóstico da situação atual permitindo levar o gestor do processo para um estágio desejado. A diferença das metodologias existentes é que trabalhamos com a comunicação e engajamento das partes interessadas, além disso, temos hoje um benchmarking dial como referência dos principais indicadores mundiais e com isso, sabemos onde estamos e onde podemos chegar com planejamento mais assertivo.

Poderia falar também um pouco sobre seu trabalho em Gestão Responsável para Sustentabilidade pela Fundação Dom Cabral?

Faz muito tempo, na época fizemos uma pesquisa para saber se as empresas aplicavam indicadores de sustentabilidade. Foi um momento importante na minha formação e decisivo para alinhar conceitos sobre sustentabilidade, que naquele momento no Brasil foram importantes para definição, inclusive, da minha estratégia de carreira.

Na sua opinião, como tornar as relações mais humanas?

Resgate das relações comunitárias, relações de vizinhança e cidadania. No encontro com o outro, na relação de afeto é possível o reconhecimento dessas questões que são essenciais à natureza humana.

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H i stó rias profi ss i o n a i s e de vi da

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TRABALHO

O dia a dia do Cepel é feito do trabalho de seus colaboradores. Nas próximas páginas, você vai ler o perfil de três deles: um pesquisador, um técnico e uma secretária que, com empenho e dedicação, têm ajudado a contar a história do Centro

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TRABALHO

PAIXÃO PELO TRABA LH O E BOAS H I STó RIAS PA RA CO NTA R

Silas Pinto de Freitas, Técnico de Química do Departamento de Laboratórios do Fundão, trabalha há 36 anos no Cepel

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TRABALHO

Por Gustavo Cardoso

Entrevista com Silas Pinto de Freitas

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paixão pelo trabalho nem precisa ser declarada. Quando alguém ama o que faz, dá para notar o ânimo com o qual fala sobre seu trabalho. É assim, com muito entusiasmo, que o colaborador Silas Pinto de Freitas, 65 anos, fala de tudo que viveu e aprendeu em seus quase 50 anos de trabalho, 36 deles no Cepel. O aprendizado, aliás, foi tema recorrente na conversa com o técnico de Química do Departamento de Laboratórios do Fundão (DLF).

Silas conta que foi com o trabalho que aprendeu a ouvir e entender as pessoas. Aprendeu, sobretudo, a ter paciência. De família de eletricistas, brinca com a coincidência de ter feito carreira em outra área, mas justamente no Cepel.

“Escolhi a química e vim parar em um centro de pesquisa de energia elétrica”, conta. E foi no Centro que aprendeu um pouco de tudo: metalurgia, mecânica, marcenaria. Esta, aliás, virou hobby. “Eu tenho uma bancada em casa, faço meus móveis. Quando eu me aposentar, posso até trabalhar com isso. Quem sabe?”, planeja.

Após uma hora de conversa dá para concluir: Silas é daquelas pessoas que inspiram o gosto pelo trabalho. Sua história mostra que uma carreira profissional bem vivida é parte importante do caminho para realização pessoal.

“Aqui no Cepel, todo mundo foi sempre muito unido.

A gente almoçava junto, chefe e funcionário, não tinha divisão.”

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No primeiro trabalho, ajudava as pessoas a assinar O técnico conta que demorou a acertar na carreira em que seria, segundo ele, muito feliz. Por indicação do irmão, começou a trabalhar ainda menino, aos 16 anos, em um fórum, fazendo títulos de eleitor. “Comecei assim. Tinha que ajudar as pessoas que não sabiam escrever – e, naquela época, muita gente era analfabeta – a assinar o próprio nome. Eu ensinava as pessoas a fazer cada letra para formar o nome e não podia escrever por elas, porque era a assinatura da pessoa. Falavam ‘O cara tá aí para aprender, coloca ele lá para aprender a ter paciência’ ”, recorda.

Do primeiro trabalho até a química, passou pelo serviço militar obrigatório, voltou ao fórum, trabalhou com contabilidade em algumas empresas até que, por conselho de um amigo, foi fazer curso técnico. “Estava bombando. Naquela época, havia várias fábricas, de bombom, de cerveja, de tinta e estaleiros, todo mundo contratando”, lembra. Era o negócio do momento.

Concluído o curso, Silas levava currículos de porta em porta. Às vezes literalmente. “Eu vim ao Cenpes – centro de pesquisas da Petrobras – e me falaram que não tinha vaga, mandaram bater na porta ‘ali do lado’. Eu saí e entrei na porta seguinte. Era outra entrada para o mesmo laboratório!”, contou Silas, rindo. A porta “ao lado”, na verdade, era o Cepel, e o ano era 1981. Silas deixou o currículo, mas foi trabalhar em um estaleiro, com pintura de navios. A experiência foi um diferencial que contou para a efetivação no Centro. “Fiquei seis meses estagiando na Química. Quando o pessoal da Corrosão precisou de um técnico, mandaram me chamar porque eu sabia de pintura, de jato, de corrosão. Aí, fui efetivado, em 1982, e estou aqui até hoje”.

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Trinta e seis anos dedicados ao Cepel Com 36 anos dedicados ao Cepel, Silas diz que foi, e é, muito feliz na instituição. Quando os colegas perguntam “Você não vai sair? Aproveita!”, ele responde “Para quê? Vou fazer em casa o que eu faço aqui, mas sem a companhia, esse ambiente. Por enquanto, está bom aqui”.

Silas faz um balanço de sua trajetória e afirma taxativamente. “Sou privilegiado por ter ficado no Cepel tanto tempo”.

Para falar do Centro, destacou o companheirismo, o ambiente. Lembrou dos cursos de comunicação interpessoal e da interação com colegas, coisas que o fizeram crescer como pessoa. “Aqui no Cepel, todo mundo foi sempre muito unido. A gente almoçava junto, chefe e funcionário, não tinha divisão. Esse negócio de restaurante? Isso é coisa nova. Antigamente a gente almoçava nos laboratórios, se juntava, batia papo”, disse.

Em alguns minutos de conversa, você vai ouvir de Silas muitas histórias curiosas do dia a dia do Centro ao longo desses anos. Histórias dos laboratórios e de outras áreas. Histórias que dariam um livro. “Um livro, não! Uma coleção“, conclui.

“...mandaram bater na porta ‘ali do lado’. Eu saí e entrei na porta seguinte. Era outra entrada para o mesmo laboratório!”, contou Silas, rindo. A porta “ao lado”, na verdade, era o Cepel, e o ano era 1981.” | Edição 2 | Outubro de 2017

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As li ções da M U LHER que uti liza s i m pati a e di s pos i ção para en frentar desafi os

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Cláudia Helena Moura Gonçalves, Secretária do DME, trabalha há 31 anos no cepel Pernambucana, ela veio para o Rio de Janeiro com a família aos três anos e meio de idade e criou raízes na cidade. No Cepel, chegou em 1986. Conheça a trajetória de Cláudia Helena, secretária do Departamento de Materiais, Eficiência Energética e Geração Complementar (DME), uma mulher que faz da disposição para enfrentar desafios o seu lema de vida.

Apesar de tímida, Cláudia conta, em entrevista à revista GNG, um pouco da sua vida, dos planos para o futuro e algumas das histórias vividas ao longo de seus 31 anos de Cepel, como a que fez dela a primeira mulher do setor elétrico habilitada a dirigir uma ambulância.

Por Bruna Sant’Ana

Entrevista com Cláudia Helena Moura Gonçalves Como você conheceu o Cepel?

Eu estou aqui no Cepel desde quando tinha 21 anos de idade e conheci o Centro através de uma amiga. Eu passava pelo Fundão, mas nunca prestava atenção nos imóveis que estavam aqui dentro, era muito jovem também, não tinha toda essa atenção. Ela me falou a respeito do centro de pesquisas e, naquela época, era muito comum que eles captassem mão de obra temporária para a realização de alguns serviços.

Em que área você começou a trabalhar?

“...O Cepel me proporciona momentos muito importantes, eu tenho amor pelo Cepel.”

Em uma dessas oportunidades, ela me trouxe ao Cepel e então conheci o gaúcho, Antônio Leite, e todo o pessoal da Oficina Eletrônica (OFEL) e eles queriam mais gente para compor o grupo de montadores de placas de circuito impresso.

Eu tive a grata surpresa de ser escolhida. Fiquei muito feliz, era meu primeiro momento dentro de uma empresa grande, e então eu vim para cá e permaneci nessa condição de prestadora de serviços durante um tempo.

Eu gosto de me comunicar e tenho essa facilidade, apesar de ser bastante tímida. Acredite se quiser, essa é a minha arma para vencer a timidez: me aproximar das pessoas. Fui apresentada à Denise Esperanza, assessora do Departamento de Eletrônica (DPET), que viu que a minha situação era delicada por eu ser vulnerável e poder ser desligada a qualquer momento.

Logo ela gostou de mim, mas me alertou: “não posso ficar com você simplesmente porque eu gostei de você. Eu preciso testar suas habilidades para saber se você pode ocupar a vaga na secretaria. Você irá fazer um teste no computador e na máquina elétrica IBM”, disse. Detalhe: eu tinha o curso de máquina manual, porém nunca tinha visto um computador. Mas eu não neguei a proposta (risos). Apesar de na OFEL nós montarmos placas, não tínhamos acesso aos computadores. Eu consegui fazer os testes e passei. A Denise, a Lenise, que era uma das

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TRABALHO secretárias do DPET, e as outras secretárias do Departamento me acolheram muito bem dentro da equipe e fiquei por sete anos.

Depois, você atuou em quais áreas?

Fui secretária do DPET e com o tempo nós passamos por algumas transformações aqui dentro da empresa. Então, no DPET, todas as secretárias formaram um pool de secretárias, e eu fazia parte. Até que um dia pensei em conhecer outras atividades dentro da empresa. Conversei com meu chefe, mas ele não me liberou de primeira. Depois de alguns meses, insisti e ele me liberou para o RH, onde permaneci durante 20 anos: quatro na parte de benefícios dos empregados e, depois disso, meu chefe de departamento achou que eu tinha perfil para trabalhar com um grupo de pessoas e com atendimento, então me transferiu para a parte de Recrutamento e Seleção de Estagiários e Bolsistas, onde eu permaneci por mais 16 anos. Em agosto de 2014, fui transferida para o DME. ] Em sua trajetória profissional você aprendeu muita coisa. Há alguma lição que você levou para sua vida?

Eu vou dizer que tudo. Eu entrei aqui com 21 anos, passei toda a minha juventude e toda a minha fase adulta aqui. Então, eu aprendi tudo.

Tanto na parte profissional como na minha vida pessoal. Tudo isso eu aprendi no Cepel. E continuo aprendendo até hoje, porque estamos sempre mudando, sempre tentando melhorar.

Como foi se habilitar para dirigir a ambulância do Centro?

Eu gosto de me superar sabe. Muitas vezes, eu tenho a sensação de que não tenho capacidade para determinadas coisas. E aí eu vou calada, no silêncio, e tento. Quando eu conquisto, eu valorizo muito. Para mim, cada conquista é uma vitória incrível. Uma coisa que foi marcante na minha vida foi quando tivemos a oportunidade de nos candidatar a dirigir a ambulância do Cepel. Eu pensei: às vezes é um corre corre danado. Aí alguém precisa e não tem ninguém pra dirigir. Então me candidatei.

E foi fácil?

Eram sete homens e eu era a única mulher. Das oito pessoas, sobraram apenas três, incluindo eu. Fomos fazer a prova no Detran. O rapaz chamou “Claudio Helena!” e eu perguntei:”seria Claudia Helena?” Então, todos ficaram me olhando. No teste, havia um fiscal fora do ônibus, um fiscal na frente, atrás e do meu lado. Naquele

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momento, eu não sei bem explicar, baixou uma tranquilidade em mim. Fiz a primeira parte do teste e depois dei a volta no quarteirão. Quando coloquei o veículo na vaga e verifiquei tudo, o fiscal da frente aprovou. Eu comecei a chorar e meus amigos me abraçaram, foi um momento muito especial. A partir disso, me tornei oficialmente a primeira mulher do setor elétrico a dirigir uma ambulância.

Como foi a experiência de cantar no coral?

Essa foi outra experiência marcante. Foi algo tão incrível e mágico. Me senti tão bem, tão capaz. Nas primeiras vezes eu neguei, mas um belo dia eu decidi: “vou tentar”. Fui melhorando meu desempenho, a Crismarie (a regente), uma pessoa especialíssima fez com que eu me tornasse cada vez melhor no grupo. O dia da estreia foi um dos momentos mais emocionantes, eu me expus, coisa que eu não queria a princípio.

Essas foram histórias de superação. Você gosta de enfrentar desafios?

Gosto de mostrar a mim mesma que eu posso, que eu sou capaz. Acho que por ter a sensação de que não vou conseguir, é que eu quero fazer e mostrar a mim mesma que consigo. Posso não fazer duas vezes, mas ao menos uma vez eu tenho que fazer para saber que eu posso, que eu tenho capacidade. Eu gosto de enfrentar desafios. O desafio é o meu lema.

Você lembra de alguma história curiosa vivida no Cepel?

Ainda quando eu era secretária no DPET, precisei ir ao toilet. Estava ajeitando meu cabelo e quando olhei debaixo da porta vi uma roupa masculina, calça social. Quando eu virei, o moço abriu a porta e levamos um susto! Cheguei na secretaria e contei:”meninas acabei de ver um homem dentro do nosso banheiro!”. Era um visitante, que

“... Tivemos a oportunidade de nos candidatar a dirigir a ambulância do Cepel. (...)

Então me candidatei.”

TRABALHO

havia entrado ali por engano. Foi um momento bastante engraçado, elas riram muito de mim .

Outra história bastante engraçada foi quanto houve uma corrida envolvendo todos do Cepel. Foi um grande evento. A corrida aconteceu aqui na rua próxima ao Centro e tínhamos que dar cinco voltas ao redor do Cenpes. Eu nunca tinha corrido, mas fui por causa do incentivo dos meus amigos. Todo mundo correu e eu fui a última pessoa a chegar! O povo me aclamou, me deu a medalha e ainda me botaram no pódio! (risos) Eu achei aquilo demais. O Cepel me proporciona momentos muito importantes, eu tenho amor pelo Cepel.

se for possível, até um pouquinho mais. Pelo menos até uns 60 anos.

Que perspectivas você vê para o Cepel?

Você já fez algum trabalho voluntário?

O que eu desejo ao Cepel é uma vida longa e próspera. Sempre ouvi que o Cepel iria acabar, desde quando entrei aqui. E não acabou. Então, eu tenho a sensação, o desejo de que ele prospere e tenha uma longa existência para que outros jovens e estudantes tenham a mesma oportunidade que eu tive. Eu recomendo o Centro para quem quer dar o primeiro passo na sua vida.

Eu nunca fiz trabalho voluntário ou parte de um grupo como um compromisso. Tive uma experiência na Jornada Mundial da Juventude, que não chegou a ser um trabalho voluntário, mas acolhemos pessoas de outros países e percebi que foi um diferencial na minha vida. Aprendemos a ceder, a ouvir e a dividir a dor com o outro. Foi um momento inesquecível na minha vida. Oficialmente, acolhi quatro colombianas, mas eram várias pessoas. Foi fantástico.

Mas eu tenho, sim, um projeto para realizar algo por alguém. E o que eu tenho em mente é produzir touquinhas e mantas para ajudar a montar enxoval de bebês carentes. Esse é um propósito que eu tenho.propósito que eu tenho.

Quais são seus planos de carreira?

Pretendo permanecer no Cepel, que tanto me ajudou a realizar meus sonhos, e continuar contribuindo até o momento de me aposentar ou,

O que você gosta de fazer quando não está trabalhando?

Ah! Eu gosto de passear na praia, na orla da Ilha do Governador, onde moro. Gosto muito de fazer caminhadas. Amo a região serrana e andar de bicicleta. Eu acrescentei também uma outra atividade à minha vida, descobri do nada! Hoje me dedico aos trabalhos manuais. Confecciono tapetes de croché. Esse lado artesã adquiri no ano passado assistindo a vídeos no YouTube! (risos).

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A vi são oti m i sta de u m profi ss i o n a l que a i n da tem m u ito a oferecer

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TRABALHO

Alexandre Neves, chefe do departamento de laboratórios de adrianópolis (dla), trabalha há 35 anos no cepel

Por Lucas Rodrigues

Entrevista com Alexandre Neves Como você chegou ao Cepel?

“Eu sou otimista, não vejo a vida de outra forma”. É assim que o chefe do Departamento de Laboratórios de Adrianópolis (DLA), o pesquisador Alexandre Neves, se define. Com uma vida inteira dedicada à pesquisa experimental, o físico de 55 anos conversou com equipe de Comunicação do Cepel. Alexandre completou 35 anos de casa, em 2017, e, neste bate-papo, lembrou um pouco da sua trajetória no Centro, seu primeiro e único trabalho. Ele ainda falou sobre o trabalho social realizado em Adrianópolis e sobre seus desejos para o futuro.

O Cepel aconteceu de uma trajetória natural. Na minha adolescência eu fiz escola técnica, curso de eletrônica. E, como toda formação, você tem que fazer o estágio para poder finalizar. Eu fui procurar uma empresa.

E achou o Cepel?

O Cepel me chamou a atenção porque durante meus estudos na Escola Técnica Federal eu passava todo o dia na frente do seu prédio e sabia que ali estavam construindo um centro de pesquisa. Fui procurar estágio e, para a minha surpresa, fui recebido pelo diretor do Cepel, na época o dr. Jerzy Lepecki. Uma pessoa muito receptiva, me entrevistou e ficou interessado pelo fato de eu estar lá. Tanto que pediu a indicação de outras pessoas que estavam se formando junto comigo, porque o Cepel precisava de mão de obra técnica para tocar, principalmente, a unidade de Adrianópolis. Em 1982, surgiu oportunidade de contratação e eu vim.

Qual é a sua formação? Houve alguma influência familiar?

“Eu sou otimista, não vejo a vida de outra forma.

A melhoria está por vir, é só ter paciência e saber trabalhar naquilo que a gente de fato sempre trabalhou”

Me formei em Física por incentivo dos próprios chefes de divisão e departamento da época.

Logo depois de formado, passei um ano em “um estágio para pesquisador”. Em 1985, fui contratado pelo dr. João Barros, que fez a minha avaliação junto com o pesquisador Fernando Chagas. Eu sempre me interessei pela parte de Matemática, Física e Química. Meus pais não tinham formação técnica, principalmente em ciências. Foi por vontade própria mesmo.

Fale um pouco da sua trajetória no Cepel.

Comecei em 1982 como técnico de laboratório.

Trabalhava em todas as áreas do Cepel porque elas precisavam do apoio técnico da equipe de medição. Naquela época, estávamos construindo os laboratórios de Adrianópolis e isso foi essencial. Só tínhamos o laboratório de Alta Tensão e o de Alta Corrente funcionando. O de Alta Corrente eu ajudei a montar. Depois disso, em 86, quando eu passei a pesquisador, continuei atuando também na área da medição, com foco em Alta Tensão e depois em Diagnostico

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TRABALHO de Equipamentos Elétricos. Trabalhei no LabDig, que originalmente era em Adrianópolis.

Você ficou em Adrianópolis desde o começo?

Até 2006. Depois fui convidado a integrar a equipe da então Diretoria de Infraestrutura (DI), a qual os Laboratórios do Fundão e de Adrianópolis estavam subordinados. Na época foi me dada a missão de fazer um trabalho de aproximação entre os pesquisadores e técnicos da Diretoria de Infraestrutura e a Diretoria de Pesquisa. Existia uma atuação um pouco estanque entre os profissionais e era preciso uma integração para um melhor aproveitamento da infraestrutura laboratorial do Cepel. Passei a atuar então na unidade Fundão como chefe da Divisão dos Laboratórios.

E quando voltou para Adrianópolis?

Em 2013, com a saída de muita gente, no plano de incentivo da empresa, tivemos perda de muitos profissionais e, por isso, pediram para eu retornar para cá, porque eu acabava sendo uma das pessoas que mais tinha conhecimento e experiência da Unidade pela minha trajetória e pelo tempo que estava na empresa. Hoje sou responsável pelo Departamento de Laboratórios de Adrianópolis.

Conte uma coisa que você aprendeu trabalhando aqui no Cepel Uma das principais coisas foi justamente aprender a lidar com diferenças, com pessoas e com liderança de equipes. Não é uma tarefa muito simples conviver com a diversidade de pessoas que existem numa empresa como o Cepel, que chegou a ter quase 1.000 colaboradores. Também aprendi a lidar com diferenças e necessidades diferentes. Nessa caminhada, existem vários degraus que você tem que subir e nunca é tão fácil entender a necessidade de cada um quando se tem que olhar para o todo. “Pessoas muito diferentes umas das outras”. Esse foi um dos grandes aprendizados e uma das grandes riquezas que tive aqui dentro.

Ao longo desses 35 anos, existe alguma curiosidade pra contar, Alexandre?

Tenho muitas histórias. Sempre vivi momentos muito bons aqui dentro. Acho que a história mais legal, que persiste até hoje comigo, foi o trabalho feito com a comunidade local aqui em Adrianópolis. Sempre estivemos inseridos nesse bairro e durante muito tempo, a gente só passou. Vínhamos pela estrada sem notar a região, era só um caminho de ida e volta. Em

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um determinado período, os empregados aqui de Adrianópolis tiveram uma iniciativa muito interessante de fazer uma aproximação com a comunidade local para tentar entender quem eram aquelas pessoas com quem a gente estava convivendo durante anos e que até então eram totais desconhecidas. Não citarei nomes dos colaboradores, pois certamente cometeria alguma injustiça esquecendo-me de alguém.

Entretanto, acho que ninguém vai ficar chateado de eu lembrar do saudoso pesquisador Daniel Niedu como um dos grandes incentivadores desta iniciativa.

E como foi o trabalho?

Começamos a fazer incursões na redondeza para ver quais eram as dificuldades, identificando as pessoas, mapeando as famílias, fazendo levantamento sócio ambiental da região e vendo o que a gente poderia oferecer de inclusão à comunidade. Perguntamos o que eles esperavam de nós e o que eles podiam oferecer para haver uma colaboração mútua e para desenvolvermos a região. Foi oferecida até oportunidade de emprego.

O que vocês concluíram?

Percebemos a existência de um certo conflito na identidade social da região. Apesar de os moradores de Adrianópolis viverem muito próximo ao meio urbano, eles estão inseridos em um meio rural. Uma espécie de sociedade mista. E, na nossa sociedade, a atividade ru-

TRABALHO da Unidade Fundão também dessem auxilio à comunidade. Todo mundo de alguma forma colaborava. Tivemos trabalhos internos, como o de alfabetização, aplicado pelo colaborador Leonardo Torres. Ele tinha uma turma na hora do almoço e realizava essa atividade. Não tinha um grupo especifico. Todos se ajudavam e ajudavam a comunidade. Hoje, muitos que tinham a liderança desse trabalho saíram. Alguns dos principais líderes e incentivadores desse trabalho foram o Helvio Martins e o Adilson Lopes.

Saindo do ambiente de trabalho, como é o Alexandre Neves fora do Cepel?

Eu já fiz um pouco de tudo. Gosto de tudo que envolva arte, como música, instrumentos. Toco violão, bandolim, contrabaixo, piano e violino.

Gosto de instrumentos de cordas. Sou autodidata com música. Sempre gostei por incentivo da minha mãe, que sempre gostou e me ensinou a ouvir todos os gêneros de música.

ral é vista como uma atividade pouco nobre ou em segundo plano. Aqui ninguém quer trabalhar com agricultura. As pessoas querem estar inseridas no meio urbano, ter bons empregos, trabalhar em empresas grandes, consumir nos shoppings, em bons restaurantes e comprar eletrônicos. Por outro lado, os moradores aqui sequer conseguem completar o 1º Grau. Têm dificuldade para ascender socialmente. No final, acabam em uma verdadeira “depressão social”.

Isso mudou o olhar de vocês?

Começamos a entender tudo isso e passamos a vir para cá com outro olhar, vendo no que a gente podia ajudar, fazendo diversas incursões junto às secretarias municipais para ver se poderiam ajudar a região a crescer a partir da geração de emprego e renda. Esse foi um dos trabalhos mais legais que eu participei aqui em Adrianópolis. Até hoje eu participo disso. E é talvez o que me prenda à região. É o que me dá uma realimentação para que eu possa estar sempre envolvido, colaborando aonde eu vivo há 35 anos.

A partir disso, o que vocês fizeram?

Fizemos um curso de criação familiar de tilápias para ser uma fonte de renda. Começou, mas não foi muito para frente. Tivemos um programa de distribuição de cestas básicas para famílias cadastradas da região. A Diretoria do Cepel sempre deu apoio, para que todos

Para encerrar, quais são os seus planos para o futuro e suas perspectivas para o Cepel?

Estamos passando por uma situação difícil hoje no país. O presente está muito ruim e a gente espera sempre que alguma coisa melhore. Eu sou otimista, não vejo a vida de outra forma. A melhoria está por vir, é só ter paciência e saber trabalhar naquilo que a gente de fato sempre trabalhou. E não deixar morrer o entusiasmo.

Hoje, vejo as pessoas entrando em certa depressão, perdendo o entusiasmo de trabalhar, aquela garra para tocar o seu dia a dia. Quando vivemos esses maremotos, ficamos congelados. A gente congela e não consegue sair do lugar. Eu espero, para o meu futuro, ainda poder contribuir muito com o Cepel e para o desenvolvimento tecnológico do país, tentando fazer com que a instituição seja sempre de excelência. Não só em nível nacional, mas também em nível internacional. E uma missão das mais importantes para a gente que tem essa trajetória toda no Centro de Pesquisa, que lida a vida inteira com conhecimento, é poder deixar o nosso legado aos mais novos que estão chegando. É um desafio grande, principalmente pela diferença de gerações. Hoje, a gente tem uma relação de empregado e empregador muito diferente do que se tinha na minha época, tanto que estou aqui há 35 anos. Duvido muito que alguém que entre agora no Cepel tenha o pensamento de ficar por aqui uns 35 anos.

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Coral do Cepel comemora 10 anos A música que faz bem ao ambiente de trabalho Por Lucas Rodrigues

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ombinando ritmos e harmonias, a música carrega consigo o sentido de manifestação artística e cultural. Mas ela também pode ser uma ferramenta usada por muitos especialistas para melhorar a eficiência no ambiente de trabalho. Quem afirma isso é a neuroeducadora, pedagoga, musicista e regente do Coral do Cepel, Crismarie Hackenberg, que está à frente da equipe há 10 anos. E é mantendo esse objetivo que o Coral do Centro comemora, em 2017, uma década de atividades.

Que quem canta seus males espanta, todo mundo já sabe. O que as pessoas ainda desconhecem é que a prática do canto em grupo também promove aceitação social. “Cantando junto com outras pessoas nos sentimos iguais e evitamos o stress e a ansiedade social no dia a dia. Estereótipos, julgamentos sociais, intolerância e competitividade exagerada são alguns dos problemas que o canto coral ameniza, e que representam, conjuntamente, as principais causas de doenças psicossociais em empresas”, explica Crismarie, que atualmente dirige cerca de 20 coralistas no Cepel.

tro pontos: o aprendizado social da EMPATIA, do TRABALHO EM EQUIPE, das EMOÇÕES e do controle do SISTEMA SENSÓRIO MOTOR (fala, canto e postura corporal). Todos esses ganhos juntos fomentam importantes insights para a comunicação intrapessoal e interpessoal, que se refletem na vida profissional e na convivência com colegas”, explica a regente.

“Acho que o maior ganho da prática do canto coral em empresas pode ser definido em qua-

Em meio a tanta memória, Crismarie destaca o concerto, realizado em junho deste ano, dentro

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Trajetória de muito trabalho e energia Ao longo dos 10 anos de muito trabalho e energia, cerca de 80 colaboradores já participaram do coral. O caminho foi longo, com muitas atividades: várias apresentações de fim de ano em Adrianópolis; projetos na hora do almoço, dentro do auditório da Unidade Fundão e nos corredores; ensaios abertos; encontros de corais na cidade e fora do Rio; Projeto Música no Museu, dentre muitos outros. O palco da Fundição Progresso, da casa de shows Vivo Rio e do teatro do Museu Histórico Nacional foram alguns dos grandes espaços pelos quais o Coral já passou.

TRABALHO do Projeto Observatório Coral Carioca. “O Cepel fez bonito. Se apresentou com muito domínio musical e de palco entre os mais relevantes grupos corais da cidade. Nesse importante evento musical de 2017, o Coral do Cepel foi o único coral de empresa escolhido para participar. Esse foi o prêmio de 10 anos de investimento, com mérito, para um grupo de cantores maravilhosos e engajados”, afirma.

Novos projetos: assumir desafios e crescer ainda mais O ano é de comemorações, mas os projetos continuam. Com a média de uma apresentação a cada dois meses, neste ano, o Coral já participou de quatro atividades e ainda estão previstas no mínimo mais três até o fim do ano.

Contudo, segundo Crismarie, essas apresentações não são o grande foco. “Temos apresentações, em 2017, no Projeto Música no Museu e devemos fazer um concerto de 10 anos até dezembro. Porém, nosso maior objetivo é continuar a ensaiar, cantar músicas novas, nos desafiar ainda mais e crescer”, planeja Crismarie.

A regente conta que gostaria que um número maior de colaboradores participasse do coral.

“Seria interessante que mais pessoas do Cepel pudessem conhecer de perto nosso trabalho. Cantando e vivendo conosco os ensaios.

Nosso trabalho é desenvolvido para que aquele que entrar no grupo amanhã possa se envolver, aprender a cantar e esteja conosco no palco na próxima apresentação. Acho que esse é o desejo de todos os cantores do Coral do Cepel: dividir esse lugar de felicidade e encantamento com o maior número possível de pessoas”, garante.

Crismarie ainda manda um recado aos leitores da GNG: “Você que nos lê, saiba que esse grupo

é raro. Existem corais tradicionais, corais religiosos, corais líricos. Mas o Coral do Cepel é um coral de MPB e música POP. Somos diferentes e originais. Um projeto raro e espetacularmente talentoso feito de gente de carne e osso.

Acredite: todos nós podemos cantar. Viemos de ‘fábrica’ prontos para isso. Não perca a chance de brilhar na sua vida por meio do desenvolvimento da sua voz. Estamos esperando vocês nos ensaios e nos próximos 10 anos. Apareça!”, convoca.

Música como propulsora de transformações As mudanças que a música proporciona são muitas: neurológicas, neuroquímicas, biológicas e neurofísicas. Depois de ouvir música, cantar, tocar um instrumento, as pessoas têm modificações concretas e cientificamente observadas em seu sistema nervoso central, de acordo com a neuroeducadora Crismarie Hackenberg. “As memórias e as emoções são as manifestações humanas do impacto e do efeito da música sobre nós. Mudamos de humor, de motivação, de pensamentos, de emoções, de associações mentais quando ouvimos nossas músicas preferidas. Ou seja, depois de ouvir música somos seres humanos diferentes, em qualquer idade. Deveríamos, sabendo disso, escolher e montar uma playlist de músicas maravilhosas para controlarmos o stress, a ansiedade e a depressão no dia a dia. [OLHO] Música que nos faz sorrir ou chorar é remédio de graça e sem efeitos colaterais”, sinaliza.

"Música que nos faz sorrir ou chorar é remédio de graça e sem efeitos colaterais"

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TRABALHO

A equipe da GNG conversou com alguns participantes do Coral.

Veja o que eles pensam sobre cantar e a presença da música no ambiente de trabalho

Por que você canta?

Alberto Ordine: “Eu canto porque gosto, é uma terapia, é uma atividade de auto-conhecimento, é uma forma de conhecer seus limites, romper suas barreiras, superar suas dificuldades pessoais e no relacionamento com outras pessoas”.

Gloria Suzana: “Sempre amei cantar desde muito pequena. Canto até sem perceber, realizando as atividades do dia a dia. E cantar em grupo, entre amigos, é ao mesmo tempo desafiante, prazeroso e divertido”.

Rafael Teixeira “Entrei no grupo porque amo o universo musical, porque amo cantar. A música sempre esteve presente em minha vida, logo, ela não poderia ficar de fora, mesmo sendo em um ambiente de trabalho. A música provoca em mim um equilíbrio, um estado de bem-estar”.

O Coral do Cepel se reúne todas as segundas e quintas-feiras, das 12h às 13h, no auditório da Unidade Fundão, podendo ter o local alterado previamente.

Mais informações no ramal 6082 ou no e-mail: gloria@cepel.br

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Mária Balthazar “Acho que a música sempre fez parte da minha vida. Quando jovem estudava violão clássico, arriscava um pouco no piano e participava do coral da escola de música. Estudei música até o científico, hoje ensino médio, porém quando comecei a estudar engenharia na UFRJ, morando em Niterói, ficou difícil conciliar a música com os estudos”.

TRABALHO

Qual a importância de ter um espaço dedicado à música no ambiente de trabalho?

Alberto Ordine

Pesquisador da equipe de Corrosão Participante do Coral há 9 anos

Gloria Suzana

Pesquisadora do Cepel, Participante do Coral há 10 anos

Ordine: “É uma excelente forma de oxigenar o cérebro, desenvolver a criatividade, praticar o trabalho em equipe, a organização, ficar mais focado, aprender a se expressar e, tudo que é desenvolvido com a proposta da arte, pode ser trazido e usado no ambiente de trabalho e na vida pessoal. No ambiente de trabalho existem vantagens para o profissional. Quando saio de um ensaio, parece que o dia começou de novo. Às vezes até ajuda a resolver algum problema do trabalho, porque estou pensando melhor ou saí da rotina por aquele período de uma hora, no intervalo do almoço. A mente fica mais produtiva, com certeza deve trazer benefícios para a empresa também”.

Glória: “As empresas necessitam que seus colaboradores sejam criativos, que tenham a capacidade de inovar, “sair da caixa”, de trabalhar bem em equipe, de usar a sensibilidade, a emoção, a inteligência coletiva e interpessoal. Com toda certeza, são habilidades fundamentais que fazem a diferença na trajetória de uma empresa de sucesso e no Cepel não é diferente. Nesses 10 anos, a atividade do coral tem sido uma das mais completas para se trabalhar aspectos relativos à empatia, atenção, memória, foco, aprendizagem e socialização. Contribui para o aumento da autoestima e do senso de auto-realização, para o crescimento pessoal e profissional, na motivação das pessoas. Cantar é uma atividade lúdica, propicia prazer e bem-estar."

Rafael “Quando entrei no Cepel, não imaginava que teria um coral. Fiquei muito feliz e quis fazer parte deste grande elenco! Canto profissionalmente (solo) e acho uma experiência incrível cantar com outras pessoas, compartilhar momentos e situações. Acho que a música causa esse efeito em nós como seres cantantes. Ali não há distinção de cargo, posição social ou profissional, são apenas pessoas de diferentes tipos com a mesma vontade: cantar”.

Rafael Teixeira

Estagiário do DME, Participante do Coral há 6 meses

Mária Balthazar

Colaboradora apostentada, Participante do Coral há 10 anos

Mária “Creio que participar de um coral de empresa traz vários benefícios, não só quando estamos trabalhando, mas também após a aposentadoria, como é o meu caso. Além dos resultados diretos para os que participam, tais como: desenvolvimento interpessoal que ajuda nos trabalhos em equipe e aumento da capacidade de concentração, traz também o lado prazeroso de fazer música junto com amigos.

No caso específico do nosso coral, a nossa regente vem, ao longo desses anos, introduzindo não só técnicas vocais, que cada vez mais nos fazem melhorar o cantar, mas também nos estimula com atividades extras, como explica a neurociência, a desenvolver a memória e a cognição entre outros”.

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TRABALHO

Mulher: mãe e empregada,

como conciliar sem culpa?

Por Marta Olivieri Pesquisadora do Departamento de Materiais, Eficiência Energética e Geração Complementar (DME)

C

omo é encarado o papel da mulher nos dias de hoje? Não há uma resposta única para essa pergunta. Depois das Grandes Guerras, a mulher entrou com maior peso no mercado de trabalho assalariado e o movimento feminista, na década de 70, motivou ainda mais as mulheres pela busca de direitos igualitários nas relações sociais. A mulher percebeu que para ser mais respeitada, ela precisaria do tal poder econômico. Assim ela começou a estudar, a se preparar para entrar no mercado de trabalho de igual para igual.

Hoje no Brasil, há mais mulheres que homens com nível superior, mas ainda não se atingiu em média uma equiparação salarial. A mulher começou a ter filho mais tarde para poder ter maior competitividade com o homem no mercado de trabalho. Mas o cuidar dos filhos ainda é um trabalho eminentemente materno.

A mídia normalmente divulga que a produtividade da mulher-mãe cai na empresa por causa das jornadas múltiplas de trabalho: empregada, dona de casa e mãe, porém Friedlaender publicou em seu blog os resultados de uma pesquisa realizada pela Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque, que aponta o contrário.

“A mãe que volta de licença maternidade e reassume seu trabalho geralmente é vista como não tão comprometida com sua função como estava antes da maternidade. Essa pesquisa feita em NY comprova que a mãe, pelo simples fato de ser mãe, aumenta a sua responsabilidade e sua realização pessoal, se tornando uma melhor profissional.”

Na década de 80, quando a mulher entrou maciçamente para o mercado de trabalho, a teoria pregada era de que o importante era a qualidade do afeto trocada entre mãe e filho. Nos anos 90, foi disseminado que o desenvolvimento cognitivo infantil era prejudicado se a mãe não permanecesse junto ao seu filho por bastante tempo e sugeriam que as mães só trabalhassem depois que a criança tivesse alcançado

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TRABALHO

Emmeline Pankhurst, uma das fundadoras do

movimento britânico do sufragismo, que lutava pelo voto feminino antes da Primeira Guerra Mundial.

Fonte: Wikipédia

5 anos. Pesquisas mais recentes consideram os fatores: personalidade da mãe, qualidade da paternidade e o ambiente familiar geral, em conjunto, ao analisar o desenvolvimento da criança cuja mãe trabalha fora. Um estudo da Universidade da Columbia (feito com 900 crianças de famílias brancas e 113 crianças de famílias negras) aponta para o senso comum: a satisfação da mãe é influência importante na qualidade de seu relacionamento com o filho.

Destaco aqui, que o fato das pesquisas mostrarem resultados controversos, não nos deve trazer estranheza, mas sim a constatação de que o conhecimento está sempre em construção.

Dias e Lopes, em um estudo para investigar a representação da maternidade, constatam que ela ainda é vista como um fator fundamental e constituinte da identidade feminina, mesmo quando a mulher possui atividades profissionais ou quando não pode biologicamente ter filhos. Ainda citam que as avós das crianças, mães das mães, referendam a determinação das filhas no objetivo profissional, e mais, muitas das vezes, auxiliam essas filhas no cuidar das crianças.

depende de um contexto sócio-econômico-cultural. Ressalto a fundamental importância de pesquisas transculturais para desmitificar determinados modelos sociais impostos sob a bandeira “da natureza humana”. A psicóloga Gercileni Campos diz que “uma mulher se subjetiva como mãe; se constrói enquanto mãe”.

Concorda que as concepções em torno da maternidade e da infância são elaboradas de acordo com a cultura e o contexto histórico. Por exemplo, Campos diz que as histórias infantis são emblemáticas no que diz respeito à concepção de ‘mãe’. A mãe boa, que cuida, alimenta e protege está bem representada na figura da fada madrinha. A figura da mãe má aparece corporificada pela madrasta ou pela bruxa, que castiga, maltrata, enfeitiça e abandona as crianças à própria sorte.

A teoria do apego (de Bowlby e Ainsworth) influenciou fortemente, desde os anos 50, a construção e manutenção de uma visão de que a maternidade é de ordem natural. Essa teoria considera o vínculo mãe-bebê como decorrente de sistemas inatos e tendo uma base instintiva.

A influência dessa teoria se deu tanto no meio científico-acadêmico quanto junto ao público em geral, principalmente na cultura ocidental, e está muito arraigada aos nossos valores. Historicamente as mulheres de classe econômica mais baixa sempre tiveram uma sobrecarga de trabalho, mãe, esposa, empregada. Esse modelo de mãe constantemente presente era e é uma imposição impossível para a maioria delas.

Muitos estudos sobre a família vem contribuindo para questionar a naturalização da maternidade, mostrando que a relação mãe-filho

“De fato, iniciar uma família planejada ou não, é uma grande aventura, imprevisível e sem garantias. O ato de Ter um filho é, em si, único e singular, mas não estabelece de forma imediata uma relação. Relação é um processo que vai sendo construído e pressupõe disponibilidade, generosidade e, sobretudo, confronto. Em geral, a tendência dos pais é pensar que a vinda de um filho firma uma relação já pré-estabelecida por um vínculo validado por uma herança genética. Assim, fortalece-se a falsa idéia de que “Pais e Filhos” já trazem em si uma ligação incontestável e não é preciso um grande investimento para mantê-la ou cultivá-la, a não ser o cotidiano da convivência familiar.” (QUADROS, 2009, p. 1)

Se de um lado é apaziguador saber que o estabelecimento das relações parentais com seus filhos não é de ordem determinística, de outro lado pode trazer certa angústia a dúvida sobre qual deve ser a forma de cultivo desta relação.

Laura Quadros comenta:

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TRABALHO Acredito que a proximidade às minhas filhas e um contato afetuoso são estímulos a um desenvolvimento psicossomático saudável, não só delas como meu também. Citando observação de Silva, em seu trabalho com grupos de pais: “Noto a preocupação dos pais em suprir as necessidades de crianças e adolescentes. Trabalham exaustivamente para proporcionar conforto, uma boa educação, além de cursos e brinquedos. Na corrida desenfreada para ganhar cada vez mais dinheiro, já que as despesas não cessam nunca, desviam a atenção do que os filhos geralmente mais precisam: carinho, proximidade, diálogo.”

Não sei verdadeiramente quais as respostas para questões como: ‘Sou uma suficientemente presente?’; ‘Por que sinto culpa por ficar longe das minhas filhas mais de dez horas por dia durante a semana?’; ‘O que é ser uma boa mãe?’. Tento fazer o meu melhor. Sobre a angústia da dúvida de tomar a decisão certa e sobre arrependimentos nas ações da vida, inclusive no cuidar dos filhos, é importante ter em mente que as opções e caminhos são tantos e não há como trilhar por todos. A escolha é inerente à vida e nem sempre fazemos a melhor escolha. Além disso, cada escolha implica na renúncia de muitas possibilidades.

Fazer o melhor, não é ser perfeito, nem necessariamente seguir modelos e papéis sociais estipulados. Reconheço que é muito difícil questionar ou negar modelos sociais, já que nascemos imersos dentro de uma determinada cultura. Na verdade creio que tentar ser uma boa mãe, estando atenta e consciente das necessidades das minhas filhas e minhas, pode ser encarado analogamente à construção dos alicerces da ponte, do caminho, da relação mãe-filho. Caminho este que se faz a cada dia, a cada instante.

Ao final, como conciliar ser mãe e trabalhar fora

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de casa? Sei que não posso abrir mão do meu salário e acredito que meu trabalho me completa, é uma parte da minha construção. Espero que minhas filhas entendam isso. Gostaria muito de ficar mais tempo com elas, mas agora com 13 anos nem sei se elas querem isso...

O meu trabalho proporciona às minhas filhas coisas importantes como uma boa escola, viagens, um bom lugar para morar etc., mas mais importante, eu acredito, que é dar afeto, acolhimento e, também, limites aos filhos. Além disso, o que faço é viver e experimentar minhas relações com atenção, mantendo a “mente aberta”, sabendo que ‘errar é humano’ e, além disso, desejável em certa medida, para a apreensão das coisas. Fazer o melhor, não é ser perfeito, nem necessariamente seguir modelos e papéis sociais estipulados. Reconheço que é muito difícil questionar ou negar modelos sociais, já que nascemos imersos dentro de uma determinada cultura. Na verdade creio que tentar ser uma boa mãe, estando atenta e consciente das necessidades das minhas filhas e minhas, pode ser encarado analogamente à construção dos alicerces da ponte, do caminho, da relação mãe-filho. Caminho este que se faz a cada dia, a cada instante.

Ao final, como conciliar ser mãe e trabalhar fora de casa? Sei que não posso abrir mão do meu salário e acredito que meu trabalho me completa, é uma parte da minha construção. Espero que minhas filhas entendam isso. Gostaria muito de ficar mais tempo com elas, mas agora com 13 anos nem sei se elas querem isso...

O meu trabalho proporciona às minhas filhas coisas importantes como uma boa escola, viagens, um bom lugar para morar etc., mas mais importante, eu acredito, que é dar afeto, acolhimento e, também, limites aos filhos. Além disso, o que faço é viver e experimentar minhas relações com atenção, mantendo a “mente aberta”, sabendo que ‘errar é humano’ e, além disso, desejável em certa medida, para a apreensão das coisas.

TRABALHO

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