E-Vista - Ed. 01/Ano 01

Page 1


2


3


EDITOR-CHEFE FERNANDO LIMA

REVISOR-CHEFE HENRIQUE SANTOS

REVISORA-GERAL REGINA VASCONCELLOS

PARTICIPAÇÕES

NESTA EDIÇÃO Participam nesta edição: FERNANDO LIMA, HENRIQUE SANTOS, REGINA VASCONCELLOS, TIAGO TOY, FABY CRYSTALL, ANA ROSENROT, MICHELLI LOUISE PARANHOS, PATY FREITAS, C. B. KAIHATSU, SIDNEY SANTBORG, GABRIEL ZANATA, JORGE EDUARDO MACHADO

E- V i st a SUA NOVA R E V ISTA EDI TO R IA L Ed . 0 1 A no 1 E-Vista é uma revista inicialmente digital que visa trazer em seus conteúdos e informações relevantes no setor editorial independente. Seja para um escritor iniciante ou a um editor de coletânea, passando pelo designer que tra-

E-Vista

balha em capas para atender a grande demanda

Site: e-vista.net E-mail: contato@e-vista.net/revistaevista@gmail.com Instagram Oficial: @revistaevista Twitter Oficial: @revistaevista Facebook Página: @revistaevista

de “novos” escritores, até chegar ao leitor que apenas quer usufruir de uma boa leitura. Traremos matérias escritas por quem conhece

Toda a diagramação e editoração desta revista foi realizada por Fernando Lima, as revisões de textos internos e revisão final da revista foram feitas por Henrique Santos e Regina Vasconcellos.

o assunto, teremos divulgações de escritores, sendo elas com textos, lançamentos, degustações e promoções. Mostraremos anúncios, como Blogs literários, Sites para publicações entre outros. Todo o nosso conteúdo está voltado para a literatura, podendo sim ser expandido para as demais artes. O nosso forte é oferecer conteúdo que o faça crescer seja como autor, editor, “designer” ou leitor. E-Vista sua nova revista digital.​

Todos os elementos aqui utilizados assim como imagens e fontes são de livre utilização ou cedidas por seus detentores de diretos autorais para tais reproduções. Elementos vetos e alguns itens, foram obtidos no site Freepik. As imagens são dos sites: Pixabay e Unsplash e seus autores serão citados sempre que possível.

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0

Esta é uma revista publicada pelo selo Elemental Editoração de modo independente. Para realizar qualquer tipo de reprodução, por favor entre em contato via e-mail: contato@e-vista.net ou diretamente com o selo no e-mail: seloee@outlook. com. Isso se faz necessário para manter o respeito com os artistas aqui apresentados. Todo o conteúdo aqui representado é de responsabilidade de quem os enviou à revista, ficando o selo Elemental Editoração e a revista E-Vista, disponíveis para esclarecimentos posteriores.

4


Editorial

Caro leitor.

É com o coração aberto e bombeando o melhor da emoção e da ansiedade que dou a todos Boas vindas à revista E-Vista. Pode parecer algo simples e até desnecessária tamanha adrenalina em ter um projeto como este publicado, mas acredite, só quem possui algo semelhante sabe o quão importante e gratificante é ter um espaço para agradecer e dar as boas vindas. Este é um projeto audacioso, não somos e não seremos apenas mais uma revista simples e repetitiva onde mostraremos apenas contos e poemas de escritores que nos enviarem seus trabalhos para serem publicados. Esta é a sua nova revista digital, uma revista real e focada no espaço literário, mas com conteúdos, em sua maioria, voltados para os escritores e editores indes. Queremos transmitir o máximo possível de tudo o que há por trás dos serviços editoriais e tentar trazer opções para o *faça você mesmo* do meio editorial. Teremos conteúdos de divulgação, assim como entrevista e dicas das mais variadas para seu momento entretenimento. Seja esta sua leitura pela manhã ou durante e após o almoço, seja esta sua leitura para a noite ou ao finalzinho dela antes de dormir. Seja esta a sua mais nova fonte de entretenimento alternativo e autenticada. Seja esta a sua nova casa. Seja também o convite mais do que especial para deixar-nos entrar em suas mídias digitais e sociais. Que seja esta simples carta, o motivo do seu comentário ou compartilhamento antes, durante e após sua leitura. E por fim, que seja a E-Vista a sua nova visão da era eletrônico. Seja bem-vindo(a) a primeira publicação da revista E-vista. Desejo de coração aberto que tenha uma boa leitura e que nos deixe seu feedback, seja por e-mail ou redes sociais. Sinta-se em casa.

Fernando Lima Editor-chefe CONECTE-SE À E-VISTA ATRAVÊS DOS ICONES:

5


P. 08 CAPA: Confira uma matéria sobre o artista Jonny Lindner e suas imagens gratuitas. P. 08 MATÉRIA: Ana Rosenrot; autora, diretora e editora da revista Literalivre, nos conta mais sobre seu lado artistico e nos dá dicas valiosas para escritores. P. 38 P. 38 ENTREVISTA: E-Vista entrevistou o escritor Tiago Toy, autor de Terra Morta. P. 24

P. 24 E-Vista

DIVULGAÇÃO: A Sociedade dos Corvos. Leia a sinopse dessa antologia. P. 36 6


CONTEÚDO

P. 46

P. 20

MATÉRIA: Escrevemos uma matéria especial sobre o selo Elemental Editoração e como ele atua nas publicações. P. 20 DICA: Você conhece e usa o Canva? Confira nossa dica e saiba como ele pode te ajudar. P. 46 E ainda tem mais... DICAS - ENTREVISTA - CONTOS e +... P. 36 GOTAS DE SUOR (conto)

ENTREVISTA: Henrique Santos O AMANTE (conto) PRESENTE DE NATAL (conto) ENTREVISTA: Regina Vasconcellos DICA: Moon+ Reader

7

E-Vista


J on n y Li n dn er

Você pode até não reconhecer este nome, mas suas imagens com certeza você já viu ou usou. Estamos falando do artista que assina como ComFreak. Matéria de Fernando Lima, fotos de Jonny Lindner

E-Vista

8


Q

uando as palavras não são o suficiente para uma expressão, nada mais justo que o uso de imagens para garantir que a mensagem seja transmitida. O mundo continua o mesmo, mas as pessoas mudaram a forma de comunicação e as imagens estão sendo o maior meio de comunicação nesta era digital. O ser humano sempre fez papel de designer gráfico, de pinturas recém descobertas a gravuras em tantas cavernas. O homem acha que sabe demais, mas ainda estamos longe de descobrir o motivo de sermos assim, apaixonados por imagens. E é aqui que entra o autor de tantas imagens por nós utilizadas. Seu nome é Jonny Lindner o qual assina essas imagens com o nickname de Comfreak no site Pixabay.

9

E-Vista


E

stas são algumas de suas imagens que foram utilizadas por: Fernando Lima (autor desta matéria), para diversas ilustrações sendo as de maiores destaques usadas nas capas do projeto A Arte do Terror tanto nas edições nacionais quanto nas em Espanhol. Cada imagem está sendo representada em seu formato publicado pelo artista e em miniaturas estão as artes finais de Fernando Lima. Sempre mantendo o cuidado para não alterar os originais de Comfreak, os resultados chamam a atenção devido ao grau de detalhes e fantasia que o artista utiliza em suas imagens. Tanto as imagens aqui apresentadas (mesmo as utilizadas nas artes finais), quanto as disponíveis no site pelo perfil do artista, são completamente gratuitas e livres para serem utilizadas em projetos pessoais ou comerciais como as capas da coletânea A Arte do Terror e dos álbuns musicais do DInside Project e Tiu Don.

E-Vista

10


Caso esteja procurando imagens basicamente prontas para uma capa de livro, CD ou Newsletter e qualquer outro tipo de divulgação que use imagens, ComFreak é com certeza um dos melhores artistas no quesito free royalties seja você um designer experiente ou um autor que não pode pagar por uma capa bonita e de qualidade, deixamos essas pequenas amostras dos trabalhos de Comfreak para sua apreciação. Lembrando que estas imagens não necessitam de atribuição ao serem utilizadas, mas não lhe custará nada deixar o nome do artista nos créditos ou sempre citar quando for possível. Para conferir os livros e álbuns apresentados, basta clicar em suas artes para ser redirecionado ao site dos arquivos. E para acessar todas as imagens do ComFreak no Pixabay, clique no botão a seguir.

11

E-Vista


E-Vista

12


13

E-Vista


E-Vista

14


15

E-Vista


E-Vista

16


17

E-Vista


O amor é uma espécie de loucura ou o único caminho para a sanidade? Um trauma sofrido. Uma emoção reprimida. Um pai distante. Aos 34 anos, após seus sentimentos serem diagnosticados e definidos como fora dos padrões aceitos pela sociedade, Ricardo decide buscar ajuda psicológica. O que ele não sabia é que toda sua história seria investigada e suas feridas expostas em uma profunda ANAMNESE. Seu coração teria enlouquecido desde a infância, quando descobriu uma paixão avassaladora e transformadora, ou na chegada de Kamilah e o despertar para o verdadeiro amor? Uma história de amor e de intensos desafios reconstruída por meio de uma ANAMNESE.

Sidney Santborg nasceu em Coroatá-MA, atualmente mora no Rio de Janeiro. É um sonhador, um pensador... Um escritor, compositor e advogado. Autor dos livros “ANAMNESE – Um Louco Coração”, “Escola de um Destino” e do conto “O Brilho do Pássaro Celestial” que foi publicado em uma coletânea de contos. Tem participado de vários eventos literários e palestras em escolas. Mantém um Blog onde escreve seus pensamentos, sonhos e devaneios.

18


GOTAS DE SUOR FABY CRYSTALL

NÃO ERA APENAS O QUARTO QUE ESTAVA QUENTE; MEU CORPO ESTAVA EM CHAMAS, MAS, MINHAS MÃOS ESTAVAM FRIAS. CHEIRO DOCE E GOSTO APIMENTADO, MÃOS, BOCA, OLHOS, PELE TOQUE ARDOR E DOR, PENETRAÇÃO EXCITAÇÃO FORTE E INTENSA DELÍRIOS, GEMIDOS, SUSSURROS E GRITOS POSSESSÃO POSSUIR OU SER POSSUÍDA? PASSO MINHA MÃO NO PESCOÇO, LEVEMENTE SINTO GOTAS, GOTAS DE SUOR ESCORREM, ABRO OS OLHOS E TENHO A CERTEZA TUDO NÃO PASSOU DE UM SONHO!

19

E-Vista


El em en t a l Edi tora ç ã o Ao contrário do que muitos pensam, o selo EE (sigla para o selo) não é uma editora convencional e nem o selo de uma editora. Foto: Gabriel Beaudry, Matéria: Fernando Lima

E-Vista

20


H

avia um tempo... Em que fazer uma publicação, mesmo que digital era algo confuso, complicado e em certos casos bem caro. Os motivos eram os mesmos

de hoje: plataformas gratuitas, mas sem qualquer orientação para o autor.

Com exceção de alguns sites hoje em dia, ainda é complicado para um escritor iniciante publicar seu livro de forma 100% gratuita. Por um lado é compreensível que os sites (chamados de plataformas), cobrem por inúmeros serviços ao escritor que está publicando sua obra de forma independente. Mas, na maior parte do tempo, é incompreensível o fato de algumas plataformas não oferecerem o básico para o escritor e sua obra. Como dito em minhas biografias (Donnefar Skedar e Jay Olce), público na internet de modo indie desde 2009 e para quem também começou neste período, sabe que era tudo mais difícil para nós escritores. As plataformas de hoje já existiam, como o caso da Amazon que está disponível há mais tempo. Porém, o sistema de publicação e suporte eram diferentes. Em sua maioria, era preciso dominar o idioma Inglês, sim, até os tradutores eram mais falhos do que os atuais. Em alguns casos não tínhamos certas regalias como as de hoje, na verdade era bem simples, ou você divulgava seu trabalho de forma torta e de baixa qualidade ou simplesmente pagava por um serviço profissional que tinha um valor acima dos atuais. Não existia a abundância de freelances em serviços editoriais como hoje, além disso, raros eram os sites ou programas gratuitos para fazer sua própria editoração. No meu caso, escolhi o modo torto da coisa. Nunca possuí dinheiro suficiente para me dedicar aos meus trabalhos, e também, nunca tive vergonha o suficiente para criá-los e deixá-los na gaveta. Então tive que aprender o pouco que sei na raça. Meus trabalhos ainda estão longe de serem profissionais e nem vou dizer que os mesmos são, pois não possuo diploma que comprove meu

21

E-Vista


profissionalismo em tais quesitos. Mas, ainda assim com todos os seus erros (no caso dos mais antigos), eles são sim o melhor do meu portfólio. Posso muito bem pedir que comparem meus trabalhos de 2009 ao último de 2016 com alguns dos novos e velhos escritores indies de mesma categoria. Será nítido que muitos ainda estão parados no tempo e outros ainda precisam aprender muito, mesmo tendo certo talento para algumas coisas no meio editorial. E é após essa breve apresentação que entra o selo editorial, Elemental Editoração.

Foto: Galymzhan Abdugalimov

Ao contrário do que muitos pensam, o selo EE (sigla para o selo) não é uma editora convencional e nem o selo de uma editora. O mesmo também não pertence a um prestador de serviços editoriais, ficando assim no meio de ambas as coisas, sendo então definido como “facilitador editorial” e o motivo é bem simples. A visão do selo não é a de competir com editoras ou selos editoriais, não é cobrar do escritor valores altos por serviços básicos e principalmente, não é julgar o escritor e sua obra. É claro que nos dias atuais, deparamo-nos com 8 em cada 10 pessoas que se dizem escritores. Sim, todo ser alfabetizado deve ser considerado escritor, afinal sabe escrever, certo? Certo! Mas, voltando aos 8 de cada 10, a maioria diz escrever por hobbie e é neste ponto que deve ser separado os escritores dos então aspirantes. De um modo bem literal é basicamente isso: o aspirante a escritor em sua maioria sempre paga por todo o serviço editorial, da capa à revisão passando pelo ISBN até a ficha catalográfica. Estes são os principais clientes das editoras que cobram ao escritor para publicar sua obra. Por outro lado, temos o clássico escritor. Aquele que suspeita de tudo e todos, mas que não abre mão de uma oferta de leitura para sua obra. Aquele que não coloca a qualidade editorial da mídia em primeiro lugar, mas sim a qualidade da criação e imaginação em primeiro lugar. É claro que toda obra deve sim passar por revisão e todos os demais detalhes para ser considerada uma boa obra. Ainda encontramos pessoas que mesmo utilizando dos graciosos aplicativos digitais, escrevem “plobema, probema, poblema” e todos os demais erros da vida. Mas isso é sempre questão de ansiedade e falta de orientação junto ao escritor. Nos últimos anos, não apenas os números de autores aumentaram como o número de empresas e selos ou editoras que cobram pela publicação triplicou.

E-Vista

Chega a ser engraçado que em um país como o nosso, tenha tantos escritores para tão poucos leitores. Afinal, quantos leitores você tem em sua lista que não sejam escritores? Pensando nestes e em tantos detalhes, foi finalmente decidido neste ano de 2017 que o selo editorial Elemental Editoração iria finalmente receber novos autores de modo oficial para fazer parte do seu portfólio de publicações. Criado no ano de 2013, o selo EE manteve até 2017, apenas os trabalhos de Donnefar Skedar, Jay Olce (ambos pseudônimo que utilizo já que possuo apenas uma publicação com meu nome), além de “Adeline Seress”. Com a obra “Felícia” que trata-se de um livro onde um caso real se mistura à ficção. Como o selo criou o projeto A Arte do Terror em 2015 onde em suas coletâneas passou

22


a receber novos escritores, a solicitação de publicação pelo selo aumentou de modo que após dois anos de projeto e mais de 100 escritores que por ele passaram, foi aceito o desafio de ajudar aos novos escritores a serem publicados nos mais diversos sites e de modo internacional.

Quem estreou essa nova fase do selo, foi o autor e organizador do projeto A Arte do Terror, Carlos H. F. Gomes, que até então, não havia publicado nenhum livro. Seu conto publicado pelo selo “Olhos Apagados”, pode ser adquirido de forma gratuita, basta fazer uma busca pelo título em sua loja preferida. Atualmente (final de 2017), o selo conta então com os escritores oficialmente publicados por seu modelo de publicação: Donnefar Skedar/Jay Olce Carlos H. F. Gomes Larissa Prado Ed S. Junior E para o ano de 2018, mais alguns nomes estão para serem confirmados. Já de modo liberal, contamos com mais de 100 nomes participantes

23

do projeto A Arte do Terror que podem ser conferidos no próprio site do projeto: aartedoterror.weebly.com na página Biografias. Os modelos de publicação do selo indie Elemental Editoração estão disponíveis no site e por esta apresentação em PDF que traz todas as informações, incluindo meios de cobrança e modos de publicação no modelo gratuito. Basta clica na palavra “Apresentação” para fazer o Download ou ir direto ao site para conhecer melhor e submeter seu trabalho. Acesse: seloee.weebly. com. Dos principais diferenciais do selo EE para os outros, ele é o único que não avalia a obra para julgar se ela pode ou não ser publicada, o que facilita muito para quem escreve gêneros que não são aceitos por outros selos ou editoras. O escritor não é obrigado a ter seu trabalho revisado por um profissional e ainda recebe recomendações de profissionais caso deseje. Em casos como na publicação gratuita, o escritor terá um trabalho editorial que conta com a criação de capa, ISBN para ebook, diagramação, formatação e conversação para o formato final em Epub e PDF. O arquivo final é testado para ser aceito nos sites mais rigorosos como da Apple Store. E o escritor não precisa pagar absolutamente nada pelo serviço no modo gratuito. Os valores quando cobrados pelo selo, conforme mostrado na apresentação, são completamente simbólico se comparado com outros sites de publicação e qualidade de serviço oferecidos. Este com certeza é um meio seguro e viável para quem está iniciando ou para aqueles que não querem pagar para ter sua obra publicada por sites que visam apenas o dinheiro do escritor, e não um meio dele ser lido por leitores todo o mundo. Vale ressaltar aqui que o selo Elemental Editoração não é indicado para escritores fantasiosos que não entendem como funciona a auto publicação. O objetivo do selo não é ceder noites de autógrafos ou ter participações nas Bienais ou eventos do gênero. O selo tem como objetivo fazer com que o escritor e sua obra sejam liberados de forma internacional e a baixo custo, ficando assim o escritor ciente de que o selo não é uma editora, mas sim um facilitador para que sua obra seja vista como ela deve ser. ¶

E-Vista


ENTREVISTA co EVa: Breve apresentação. Você é..? T. T.: Simpático, estúpido, artista, arteiro, insensível, sensível, piadista, taciturno, humilde, arrogante, mutável. Acima de todas as inconstâncias, genuíno. O quê? Você queria aquele velho texto de autobiografia? Não vai rolar. É deveras tedioso. EVa: Qual sua visão quando o assunto é Literatura no mundo atual? A tecnologia nos deixa mais sábios ou ainda é preciso usar de meios “não” eletrônicos para fins literários? T.T.: Sabiedade é construída pela forma como você absorve o que lhe é entregue, não a plataforma pela qual isso chega. Pode vir talhado em pedra. Acredito que a Literatura expande a mente, desconstrói paradigmas. Um diário pessoal é Literatura. Uma carta de amor escrita na solidão do quarto é Literatura. Uma ameaça de morte enviada através de palavras é Literatura. Literatura carrega sentimentos, e cada sentimento é recebido por aquele que estásuscetível ao respectivo sentimento. Uma vez dentro do leitor ele vai grelar, modificar ou fortalecer. Assim foi no passado, assim é no presente, e só vai perdurar se assim continuar sendo. Do contrário, qual seria a razão da Literatura? EVa: Como você lida com a crescente massa de novos autores que utilizam de inúmeras formas para publicarem suas obras? Você costuma descobri-los por conta própria ou é sempre os amigos e colegas que lhe indicam um novo autor? T.T.: Lido da mesma forma que todos deveriam: entendendo que cada um merece seu espaço e respeitando quando esse espaço é conquistado. Se o foi, merecimento teve. Não defendo a bandeira do autor iniciante, assim como não defendo a do já consolidado. Se chega ao meu conhecimento, via indicação ou via acaso, e se se prova bom ao que me agrada, a chance é dada. Não importa se é a primeira publicação ou a décima. Tenho sim meus gêneros eleitos prediletos (e um segredo que meu gosto varia com o mudar dos humores), mas não sigo currículos, e sim histórias bem contadas. Ademais, sou eu quem decide se ela está sendo ou não bem contada. Autopromoção não me atrai. Sou mais inclinado a dar uma chance ao texto indicado por um amigo do que pelo próprio criador. EVa: A rivalidade existente entre autores independentes, selos e até mesmo editoras de pequeno porte é visto como algo bom? Você acha que essa competição é necessária por se tratar

E-Vista

24


om

TIAGO TOY

de um negócio como qualquer outro? T.T.: Competição na Literatura é, na minha visão, esclarecedora. Ao testemunhar os lutadores (autores, selos e editoras, não importa se pequenos ou grandes) se estapeando por um espaço, fica claro para mim que a valia dada ali é aos responsáveis pelo livro existir, e não ao conteúdo dele. Um texto bom, forte é o único vencedor em uma briga que não existe. Há espaço para todos, bons e medíocres, e nem só os bons permanecem nele. Lamentavelmente há público para ambos. Se é apenas um negócio, deixe-os brigar pelo próprio pão. O livro que de fato vale a pena está ali, quietinho na prateleira, esperando para ser descoberto ou sendo falado pelos que souberam apreciá-lo. EVa: Qual o verdadeiro motivo ou incentivo para realizar suas atividades? T.T.: Se a atividade em questão for a escrita, a inspiração me motiva e o dinheiro a incentiva. Não admiro Poe por ter morrido sem um puto no bolso, delirante, dominado pelo vício. Admiro King por ter vencido o vício e construído um império, conquistado seu público com seu estilo tão criticado e aclamado. Não admiro aquele autor iniciante com muito potencial, mas pouca disposição a esperar. Admiro aquele autor que está há 10 anos no mercado e dois livros lançados nesse ínterim, ainda sendo falado, vendido, elogiado e criticado. Arrogância certificadamente excita. Prepotência porosa me broxa. EVa: Autopromoção: você utiliza alguma? Como você divulga

seu trabalho ou atividade? T.T.: Eu deixo meu trabalho falar por si. Tudo o que eu tinha que dizer foi dito, impresso e publicado. Eu sou péssimo em marketing. Até já tentei fazê-lo e entendê-lo, mas não funcionou. Não passo meus dias tentando bolar sacadas geniais para conseguir curtidas, ou me esforçando para socializar com contatos que me trarão centenas de seguidores. Publico o que sinto necessidade de publicar. Me relaciono com quem me identifico. Não meço palavras, não sou apaixonado por edição, sou impaciente quanto a maquiar. Entrego o cru. Que comam meu cru. Se gostarem, fascinante, então não sou tão mau. Se detestarem ou (pior) não sentirem nada, joguem no lixo e partam para o próximo. O livre-arbítrio ainda não nos foi negado. EVa: Literatura é um mundo à parte? Deveria ser uma religião mesmo estando presente em todos os assuntos do mundo? Ou Literatura é apenas uma obrigação para o ser humano? T.T.: Literatura é, apenas isso. Não aconselharia torná-la uma religião no sentido manifesto da palavra. Religião julga. Religião mata. Em contrapartida, Literatura preenche, dá vida, se debate, faz pensar, traz a curiosidade, o interesse em descobrir mais, entretém, faz sentir, mascara a solidão, silencia a algazarra, faz crescer. Não julgo os que não leem, mas sinto por eles. Conheço o lado bom de cada mundo. Cuido do corpo assim como cuido da mente, e estou em paz com isso. Se você também está, siga seu caminho. Para mim e para você há frutos a serem colhidos à frente. Os sabores, no entanto, serão diferentes, de acordo com as experiências vividas. EVa: Mulheres na Literatura. Você respeita ou há algum preconceito? T.T.: Quando o tema é Literatura não há fragilidade nenhuma no sexo feminino. Há uma perspicácia elegante, e delicadeza é diferente de fragilidade. Homens, por mais delicados que alguns pareçam, especialmente quando falamos de escritores, ainda são truculentos em suas ideias. Quem inventou a guerra? Um homem. Quem pregou que há raças superiores apenas levando em consideração a cor da pele? Um homem. Quem domina massas de ovelhas temerosas e ignorantes? Um homem, e, por mais incrível que pareça, sem nem mesmo existir. Mulheres são

25

E-Vista


ENTREVISTA com TIAGO TOY o equilíbrio para um mundo que, a cada evoluir, é desequili-

lho duro para chegar onde se deseja. Não confie cegamente

brado pelo homem. A visão delas é diferente da nossa. Não

em quem você não conhece. Não siga seu instinto, porque, melhor

deveria haver preconceito algum para com a escrita de uma

do que ninguém, você já devia saber como ele é falho. Amplie

mulher. Se o texto é bom, não pode ser rotulado como tão

a visão e considere os detalhes. O diabo está escondido neles.

bom quanto o (texto) de um homem. É bom e pronto, sem

Uma vez que você decida que é nesse barco que vai escolher subir,

adendos. Eu respeito o texto com voz própria, voz que não se deixa

olhe só pra frente. Tenha foco, apegue-se a um objetivo. O

ser calada, não importa se o timbre é Soprano ou Tenor. O que

caminho será longo, mas será cada vez mais sempre que você sair

vale é o conteúdo e o respeito que ele dá a si próprio.

da rota. Você é dedicado, envolvido, talentoso, esperto, sensível, adaptável. Use essas armas para vencer. Não se abale pelas

EVa: Quais autores você admira, e como eles te influenciaram a se tornar um escritor melhor?

críticas, mas considere-as como alertas para fortalecer pontos fracos. Cedo ou tarde isso vai acontecer, mas quanto antes

T.T.: Eu admiro feitos de autores. Admiro como Rodrigo de

melhor: abandone os livros físicos, compre um Kindle (Você

Oliveira (autor da série As Crônicas dos Mortos) provou que o

acredita se eu disser que você vai ler 43 livros em 1 ano graças a

subgênero zumbi tem força para conquistar uma legião de fãs que

um Kindle?) e conheça outros gêneros. Você não faz ideia de como

tinham como única forte referência os nomes grandes vin-

livros como O Sol É Para Todos, ou autores como Bukowski po-

dos de fora. Admiro como Cesar Bravo (autor de Ultra Carnem)

dem mexer com suas ideias. Terror é excitante, mas não é o

mostrou que um autor independente precisa apenas de dedicação

único gênero que vai te dar tesão. Vai por mim. Ah, e um último

e lapidação do talento para chegar onde muitos sonham, e

conselhoantes de eu voltar para a máquina do tempo: exclusividade

graças a um trabalho duro e apaixonado foi o primeiro autor

em um contrato não é tão bom quanto o som da palavra faz pare-

brasileiro a ser contratadopela Darkside Books. Admiro como Mar-

cer.”

cus Barcelos (autor de Horror na Colina de Darrington) não desistiu de sua história online até atingir seu primeiro milhão de leituras e atrair atenção da Faro Editorial, uma das maiores editoras do país, e hoje vem consolidando sua imagem no mercado. Admiro como Marcos DeBrito (autor de O Escravo de Capela) respeita o próprio trabalho e junta palavras de uma forma que as torna verdadeiras obras de arte, onde você não vê apenas alguém tentando te assustar, mas um profissional que pesquisa, estuda, lapida e só entrega o trabalho final quando tem a certeza de que atingiu a perfeição, resiliência, perseverança. Abnegação. Inconformismo. São essas as influências que cada um desses caras tem em minha vida. EVa: O que você diria hoje ao seu eu, antes de se tornar autor considerando o que aprendeu desde sua entrada no mercado literário? T.T.: “Tiago, antes de continuar, entenda que nada do que você imagina vai acontecer tão rápido quanto espera. Você não vai se tornar best seller da noite para o dia, e não há nada de errado com isso. Segura essa marimba porque é preciso traba-

E-Vista

26


27


DICA - apps para leitura

E-Vista

28


Quer ler um eBook em seu Smartfone ou Tablet, mas não quer usar o leitor padrão do aparelho? Então nossa dica é o App “Moon+ Reader” para dispositivos Android. Quem está acostumado a ler em dispositivos móveis, sabe o quão difícil é achar um App que atenda as expectativas e que se ajuste ao gosto do leitor. Seja pelas fontes, passar de páginas, cores e até mesmo a iluminação, sem falar no que possuem anúncios irrelevantes. Então para iniciar nossa seção de Dicas, nada mais justo do que falar deste App que está no mercado desde 2011. Sim, ele ainda está firme e forte na Google Play e fora dela também. Das principais características do App, estão as opções de mudar a iluminação, tema, os formatos aceites, marcação de texto entre outros. Segundo o próprio site: • Leia dezenas de milhares de livros de graça, oferece suporte a vários sites de livros on-line. • Leia livros locais para uma experiência agradável com rolagem suave em tempo real e toneladas de funções de inovação. • Suporte txt, html, epub, pdf, mobi, umd, fb2, chm, cbr, cbz, rar, zip ou OPDS O App chega a ser bem-parecido com os dispositivos de leitura digital como o Kindle o Kobo, embora sejam para aparelhos Android é bem fácil deixá-lo mais parecido com um leitor digital. Basta fazer alguns ajustes no aparelho antes de cada leitura, coisas como desligar o Wi-fi ou notificações (Whatsapp e Facebook principalmente), isso ajudará a manter sua leitura como se fosse em outro aparelho. É difícil indicar uma configuração para o App já que ele vem pronto para ler, ou seja, você só precisa ter um eBook em seu dispositivo ou usar um site pelo próprio App e baixar um livro gratuitamente ou não e já começar a ler. Mas, é recomendado que acesse as configurações do App e faça várias alterações até deixa-lo perfeito para você. O App é gratuito e possui uma versão Pro. Na Pro, mais funcionalidades são liberadas. Incluindo a opção de leitura em voz alta que funciona muito bem com opção de mudar a voz e idioma facilitando assim a vida de muitos que podem ouvir um livro enquanto realizam alguma tarefa. Para conferir o App, basta clicar no ícone ao final deste texto ou acessar o site em Inglês: http://www.moondownload.com/

29

E-Vista


Presente de Natal

Patty Freitas

O cheiro do papelão que logo ao entrar impregnou-me as narinas, tornava-se mais forte e denso. Sentada com meus pés vacilantes no sofá da casa ao lado da minha, meus olhinhos de criança brilhavam cada vez que pairavam sobre a grande caixa. Eu sabia exatamente o que era. Mas tinha que fingir não saber. Meu pai passara onze meses economizando pra comprar o que para mim seria o melhor presente que eu havia ganhado em toda a minha pouca existência. Queria me fazer uma surpresa. Mal sabia, que eu ouvira comentar com minha mãe, certa ocasião enquanto ela o servia de uma xícara de café antes de uma jornada de trabalho. Sempre pela madrugada eu percebia quando levantavam e dirigiam-se a humilde mesa que havia no centro da cozinha. Ligavam o rádio para não se embaraçarem com o horário, e depois de tomar um gole do café e saciar a fome com o pão com manteiga, tipicamente brasileiros, papai saía para o trabalho e retornava só no fim da tarde. Mas eu tinha que ser firme. Não poderia decepcioná-lo. Eram onze meses economizando, e eu não poderia pôr tudo a perder. Embora a emoção contida parecesse que ia extrapolar a qualquer momento, entregando-me. Transbordava pelos olhos ou pelos pés que de tão pequena, eu não conseguia tocar o chão e insistiam em balançarem no imenso sofá. Seu Rudge era conhecido de meu pai há muitos anos. Haviam trabalhados juntos numa antiga montadora e agora, abrigava meu presente algumas semanas antes do Natal. Punha dessa forma, fim o que para mim havia se tornado um mistério, pois eu sabia que já havia comprado, mas certo era que não estava em casa, logo eu perceberia nos apertados cômodos do quarto e cozinha que morávamos aos fundos da casa dos meus avós. A medida que a conversa se desenrolava, ficava mais e mais difícil disfarçar a emoção e consequentemente o ar de surpresa que eu deveria fazer. Naquele dia pela manhã, ele havia dado dicas que eu ganharia um presente. Logo ao entrarmos na casa de seu Rudge já fui indagada sobre o que eu ganharia de Natal, o que veementemente tive que dizer que não sabia. Homem simples e humilde, não era acostumado a fazer muita cerimônia nos assuntos, já tivera sido grande milagre ter guardado segredo por tanto tempo. Levantou-se do sofá, interrompendo a conversa que já estava com fim marcado, pegou a grande caixa e depositou-a à minha frente. dar.

Vendo minhas frustradas tentativas de abri-la com minhas mãozinhas de dedos finos, pôs-se a me aju-

Retiramos juntos aquela máquina dos sonhos. Linda, brilhante tanto quanto meus olhinhos, toda azul com detalhes verdes. Não pude mais conter a emoção. Lágrimas copiosas caiam em meu colo, que quem visse julgaria se tratar de uma grande surpresa para a menina de cinco anos que naquela época eu era. Azul com detalhes verdes, mal importava-me. Poderia ser preta com bolinha laranjas, o importante era sair pedalando pelas ruas do bairro. Ah! naquele tempo ser criança ainda nos era permitido.

E-Vista

30


MENINO PASSARINHO Apesar de seguir os mesmos padrões dos outros três livros infantis da autora, levando em consideração a facilitação da aprendizagem e leitura, se difere por ser um livro de livre versejar. Deliciosamente poético, o livro aborda a pureza e simplicidade de ser livre e desprovido de embaraços, o que não significa dizer, ser desprovido de laços, sentimentos, maiormente, amor e carinho. Exatamente como crianças e pássaros!!!

Patty Ciorfi Freitas Série Vidas Com a temática que gira em torno do Tráfico Internacional de Mulheres a Série Vidas composta por esses dois volumes, traz muita emoção, paixão, superação e amor. No primeiro livro Sophie tem uma promessa e uma missão a cumprir, ligadas intimamente a desvendar crimes relacionados ao Tráfico de Mulheres, por isso leva uma vida dupla (advogada durante o dia e dançarina à noite). Seu destino esbarra em Jonathan Collins, que por sua vez vê sua vida desestruturada ao conhecer a bela moça. Em Vidas Entrelaçadas, Jess, uma das moças traficadas e sujeita aos piores intempéries da vida conhece Henry (seu salvador), ex-militar acostumado à práticas não convencionais para se satisfazer, mas que terá que se adaptar para viver o Amor ao lado da mulher que julga ser a Mulher da sua vida.

31


ENTREVISTA com H EVa: Breve apresentação. Você é..?

universitários que afirmavam que o brasileiro não lia e nem escrevia.

H.S.: Meu nome é Luiz Henrique Cardoso dos Santos, tenho 26

porém, quando me dei conta que na cidade em que moro (Fortaleza)

anos, moro em Fortaleza, Ceará. Sou formado em Letras: Português e

há diversos escritores desconhecidos, diversas academias de letras e

Literaturas pela Universidade Federal do Ceará.

que geralmente as livrarias da cidade sempre estão cheias (pelo menos

Atualmente sou especialista em ensino de Literatura e trabalho como

nos fins de semana), vi que eu estava sendo no mínimo injusto ao

professor do Estado do Ceará, como professor de Literatura e Artes.

generalizar a questão da leitura e escrita. Hoje, eu tendo conhecimento

Nesse ano de 2017 tive meu primeiro livro de mistério publicado com o

dos inúmeros grupos virtuais de leitura e escrita pelo país, além de

título de O Segredo do Cemitério São João Batista. Ainda nesse ano tive

diversos ambientes na rede em que você pode compartilhar suas

meu conto Almas da Lua contemplado na antologia de contos A Arte

produções literárias com os outros, posso afirmar que hoje muitos

do Terror Vol. 04 – Cartas.

brasileiros leem, assim como muitos escrevem, e escrevem bem.

EVa: Qual seu envolvimento com a Literatura? H.S.: Meus primeiros contatos com a literatura aconteceram no Ensino Médio quando tive boas aulas sobre essa arte e quando comecei a escrever pequenos contos regionalistas e até mesmo ensaiar romances. Como me apaixonei por essa arte, acabei escolhendo seguir a carreira de professor de Literatura. Há alguns anos atrás, quando já estava terminando minha graduação, retomei o hábito de escrever literatura, criando romances, contos e até tragédias. A partir de 2016 tomei coragem para divulgar meu trabalho e começar a me considerar como escritor. Hoje escrevo contos e romances, participo de concursos literários, sou membro fundador da Academia de Letras Tecla Ferreira, projeto que criei na escola em que trabalho, sou revisor do projeto A Arte do Terror e colaborador da revisa digital E-Vista. EVa: No seu Ramo atual, é constante a ligação com a Arte em geral? H.S.: Considero-me uma pessoa privilegiada, pois trabalho direta-

As novas tecnologias são ferramentes importantes para quem escreve. A arquitetura, por exemplo, faz uso de diversos programas que ampliam as possibilidades de trabalho. Por que a literatura não pode fazer uso de ferramentas que ampliem suas possibilidades? É inevitável que um escritor de hoje saiba usar ferramentas básicas de escrita e pesquisa virtuais. Mesmo assim, é inquestionável do fato de que escrever à moda antiga, com as próprias mãos, escrevendo em um papel em uma escrivaninha tem muito mais charme e cheiro de arte no sentido em que se produz algo concreto e real. Todo o escritor merece passar por essa experiência: ver folhas e mais folhas serem preenchidas com sua caligrafia até que se finde a obra. Seria um crime falar para um pintor para que ele só pinte virtualmente, porque pintar à moda antiga é antiquado. Da mesma forma, o escritor deve ter esse momento de escrita real, concreta, sentindo seus dedos firmes no lápis ou caneta, assoprando a folha, batento a ponta do lápis na mesa quando está com dúvida ou mesmo usando-o para coçar sua cabeça nesses mesmos

mente com o que sou apaixonado: literatura e as outras artes. Além

momentos, e por fim, ter a satisfação de pôr o ponto final, erguer a folha

disso, ainda no tocante à minha profissão, creio que tenho como mis-

na direção da luz e contemplar sua obra finalizada.

são fazer com que outros se apaixonem pela literatura ou que pelo menos vejam o como ela pode ser fascinante e importantes em nossas vidas. Sendo professor de Literatura e Artes tenho a responsabilidade de não deixar que essas manifestações do espírito humano sejam negligenciadas, subestimadas ou mesmo esquecidas, e além disso, tentar de todas as formas fazer com que meus alunos consigam despertar seu espírito criativo e comecem a criar arte. Desde quando comecei a ensinar tais disciplinas, já descobri diversos talentos, jovens que mudaram o rumo de sua vida por meio da arte.

EVa: Como você lida com a crescente massa de novos autores que utilizam de inúmeras formas para publicarem suas obras? Você costuma descobri-los por conta própria ou é sempre os amigos e colegas que lhe indica um novo autor? H.S.: Os meios de divulgação virtual de livros e textos literários fizeram com que surgisse um novo fenômeno, ante-impossibilitado pelo marcado editorial: a proliferação do que chamo de “proto-autores” no sentido de que muitos que divulgam seus textos ainda estão numa primeira fase, no início de sua formação, ou seja, ainda não criaram pelo

EVa: Qual sua visão quando o assunto é Literatura no mundo

menos a essência de seu estilo. Não estou pregando o exílio desse tipo

atual? A tecnologia nos deixa mais sábios ou ainda é preciso usar

de autor do meio virtual, mas sim uma reflexão para esse público. Mui-

de meios “não” eletrônicos para fins literários?

tas vezes, o proto-escritor não domina nem as noções básicas de es-

H.S.: Há anos atrás eu seguia os mesmos cacoetes de muitos

E-Vista

crita, nunca leu um livro na vida ou tem referências artísticas. Não há

32


HENRIQUE SANTOS como ser um músico, por exemplo sem essas três coisas: domínio do instrumento, leitura de composições que te precederam e referências, ou seja, grandes artistas que servem como ícones ou mesmo ídolos, como um ponto de chegada, uma meta de excelências para atingir. Da mesma forma, creio, o escritor deve ter essa tríada consigo, como pilares estruturais da sua carreira literária, sem eles, seu templo desmorona. Enfim, não há como querer ser conhecido pelos outros como escritor, quando nem você sabe quem quer ser ou mesmo que você já é. EVa: Você acredita que Literatura pode ser vista como uma terapia alternativa? Sem pensar em livros de Autoajuda, você acha que toda a literatura pode ser válida? H.S.: Sim, a literatura é um remédio para diversos males, assim como é inegável que cantar ou dançar alegra o espírito, da mesma forma a literatura tem esse poder, pois todas são artes, manifestações do espirito humano capaz de estruturar ou desestruturar uma pessoa. Por mais que critiquem a autoajuda, tal gênero tem a capacidade de motivar uma pessoa, mudar sua forma de ver o mundo, as pessoas ao seu redor ou a si mesma. Muitos quando estão aflitos com problemas amorosos se rendem à música; outros à literatura, pois são formas de alimentar o espírito. São nos momentos difíceis que vemos que precisamos de coisas imateriais: ouvir uma música, cantar ou escrever um poema. Se partimos do pressuposto que a literatura afeta os nossos sentimentos, então é evidente que pode ter sim finalidade, mesmo que sem fundamentos acadêmicos, terapêutica. EVa: A rivalidade existente entre autores independentes, selos e até mesmo editoras de pequeno porte, é visto como algo bom? Você acha que essa competição é necessária por se tratar de um

Capas dos livros de Henrique Santos

negócio como qualquer outro? H.S.: Sem dúvida. A rivalidade é essencial, pois faz com que os artistas criem em si o sentimento de superação, coloca em suas mentes um ponto de excelência que se deve alcançar. É claro que a concorrência é desleal, não nego, mas é preciso encarrá-la e usar isso como motivação para se superar. Na Grécia Antiga era a rivalidade que motivava os antigos tragediólogos a escreverem verdadeiras obras-primas. Seja admiração ou inveja, tais sentimentos irão nutrir o autor da vontade de superar o invejado ou o admirado. Não é algo bonito de se dizer, mas é a mais pura verdade. Hoje o que temos é uma verdadeira guerra entre editoras, selos e autores. Isso é mais do que bom, é excelente! É esse sentimento de guerra que faz com que se mantenha um bom nível. Se você é escritor, e não quer rivalidade, escreva só para si e nunca ouse divulgar sua obra.

33

E-Vista


ENTREVISTA com H EVa: Você participa ou já participou de algum projeto? Coletânea ou Antologia, o que foi importante para você? Se não participou, no que acha que isso lhe ajudaria? H.S.: Eu fundei uma academia de letras na escola em que trabalho onde diversos alunos encontram suporte e apoio para escrever e publicar suas obras literárias. Além disso, participei da antologia A Arte do Terror Vol. 4 e agora, do vol 5. Tais experiências são de grande valia na medida em que contribuem para o amadurecimento do escritor. EVa: Já realizou alguma publicação (que não fosse antologias) da qual teve que pagar por ela? Se sim, o que lhe motivou a fazer isso? H.S.: Não. EVa: Na sua opinião, porque as editoras ficaram menos acessíveis e porque tantas outras surgiram com a opção de publicar novos autores onde o mesmo pague pela tiragem? H.S.: Não tenho muita intimidade com o mercado editorial, entretanto, como escritor eu entendo os desejos e sonhos de outros escritores em ter seus textos publicados por uma grande editora com a qual faria um lucrativo contrato. Por outro lado, as editoras se tornaram menos acessíveis devido à grande quantidade de literatura de massa, geralmente criada e divulgada pela internet, locadoras virtuais ou TV (por assinatura). Você pode ser um jovem grande escritor, com uma obra fantástica e inovadora, mesmo assim, você terá menos chances de lançar seu livro do que um jovem youtuber com algumas centenas de milhares de seguidores. Se o objetivo das editoras fosse lançar obras de qualidade, a realidade seria outra. Sabemos que os interesses do mercado são finan-

meios escolhidos pelo autor, pois estamos falando de uma produção artística, o resultado de um trabalho de espírito. EVa: Você usa programas voltados para editoração? Se sim, pode divulgar? H.S.: Sou quase um “analfabyte”. Para escrever uso o Word e quando me aventuro a fazer minhas próprias capas, uso o Phixr. EVa: Na era digital, você deixou de lado à publicação tradicional? Ainda utiliza dela ou ambas são válidas para o seu dia-a-dia? H.S.: Meu primeiro livro foi publicado por meio de um concurso literário realizado pela Secretaria de Educação do Estado do Ceará. Tive meu livro impresso publicado pela editora da Universidade Federal do Ceará. Meu primeiro conto foi publicado em forma digital. Creio que ambas as formas podem e devem ser exploradas, pois são experiências diferentes, válidas e que contribuem para o amadurecimento do autor. EVa: Fazer promoções no meio editorial é algo que ainda vale à pena ou isso gera mais custos do que marketing? H.S.: Quanto a isso, sou bem pragmático: não participo, pois não convém gastar tempo e dinheiro com algo que parece uma estratégias para captar desesperados. EVa: Qual o verdadeiro motivo ou incentivo para realizar suas atividades? H.S.: Assim como eu não conseguiria viver sem música, eu não conseguiria viver sem ler e escrever literatura. É uma demanda de meu espírito. O que me incentiva a escrever é o sentimento de ter criado algo que me orgulho, algo que outros possam gostar. Não é a pretensão de ficar

ceiros (aqui falo sem entrar com uma retórica marxista ou mesmo de esquerda), isso é fato. EVa: Você acha válido pagar para ter seu livro publicado? Mesmo que para muitos isso não seja uma publicação oficial? Você acha que esta forma de publicação se iguala a qualquer outra? Afinal, o que seria uma publicação para você? H.S.: Pagar pela publicação do próprio livro é um meio encontrado por quem não passou pelas peneiras editoriais ou mesmo que não quis se submeter a elas. É viável e interessante para quem pode pagar, mas é óbvio afirmar que não se iguala, no tocante à divulgação, a uma publicação tradicional. Diante das possibilidades que temos hoje, dependendo do gênero que você produz, há diversas formas de publicar seu texto de forma gratuita ou mesmo a baixo custo. Publicação é publicação: seja oficial ou não, seja publicação virtual ou material, seja em grande escala ou em pequenas tiragens. Creio que o importante é a divulgação da obra, claro que sem desmerecê-la, pois falo de divulgação séria, independente dos

E-Vista

34


HENRIQUE SANTOS conhecido no mundo dos escritores ou a intensão de ganhar dinheiro, que os jovens consomem todos os dias e acabam por terem essas prodeixo isso para os que na verdade não são artistas, mas, mercenários. EVa: Autopromoção, você utiliza de alguma? Como você divulga seu trabalho ou atividade? H.S.: Minha auto promoção são pequenas e modestas postagens na minha rede social em que mostro um pouco do meu trabalho, além de divulgar meu trabalho a amigos mais próximos ou a outros escritores.

duções como únicas referências. Hoje dispomos de uma internet rica de conteúdos que podem ser explorados e usados como fundamentos para um bom livro, evitando assim, os clichês e niilismo nas tramas. Quanto às editoras é crucial que desçam de seus pedestais construídos pelas vendas de literatura de massa de muitos pseudo-autores, como os autores mirins com suas autobiografias ou youtubers que culturalmente não produzem nada, e que depois de descerem desse altar de bobagens, mergulhem nos autores presos no mundo virtual da internet, pois mui-

EVa: Possui algum projeto literário próprio ou deseja criar al- tos são verdadeiros mestres na arte literária. As editoras devem entender gum? Qual? que é no fundo do mar que se encontra as pérolas. Claro que tudo isso H.S.: Criei uma academia de letras na escola em que trabalho, cha- seria possível se o objetivo das editoras fosse a qualidade literária. As mada Academia de Letras Tecla Ferreira que tem o objetivo de des- ferramente já existem para essa descoberta, falta a intenção. cobrir e divulgar os talentos dos alunos e professores da escola. Além desse projeto, participo do projeto A Arte do Terror e da revista digital E-Vista, iniciativas que acredito e apoio com muita consideração. EVa: Quais os cuidados ou focos que os novos autores, editores, devem ter na atualidade onde a era digital pode ser a melhor aliada para realização dos objetivos? H.S.: Uma parcela dos novos autores brasileiros devem ter a noção de que estão escrevendo no Brasil e para brasileiros. Digo uma parcela, pois há inúmeros bons autores com estilo próprio e com tramas muito bem elaboradas. Porém, Já li dezenas de livros de jovens escritores por alguns sites de escrita que jurei estar lendo uma Fanfic de algum filme ou seriado americano. Tal fato, claro, deve-se a

EVa: Qual seu recebimento por trabalho realizado? O dinheiro recebido? O prazer de fazer arte? A alegria do próximo? Qual o seu maior pagamento por cada gesto realizado em seu trabalho ou por você? H.S.: O meu maior recebimento é o prazer de concluir uma obra, de apreciá-la e vê-la sair de minha casa para o mundo. Não tenho pretensões financeiras ou egocêntricas. Meu único objetivo é dar vida a minhas obras e divulgá-las para que sejam apreciadas pelos outros. A cada obra feita ganho mais ânimo de espírito para criar outra e dessa forma propagar a arte. EVa: Literatura é um mundo à parte? Deveria ser uma religião

falha formação literária destes e da avalanche de besteirol americano mesmo estando presente em todos os assuntos do mundo? Ou Literatura é apenas uma obrigação para o ser humano? H.S.: A literatura faz parte do espírito humano. Tudo veio dela: a mitologia, a religião, a ciência. Nosso mundo ocidental é construído por livros e seus ensinamentos: A Bíblia, o direito romano; e a filosofia Grega. Não há como fugir dela, pois a praticamos sempre quando sonhamos, mentimos, declaramos nossos sentimentos, praguejamos contra alguém, confessamos algo, dentre outras infinitas ocasiões. Literatura é fantasia, é realidade, é o meio desses dois termos. Se pudéssemos compará-la com uma religião, ela seria uma religião universal, interior e sem dogmas, a essência criadora presente em todos as pessoas que pode se manifestar em todos os lugares e tempos e nunca findará, pois ela é em si o próprio espírito humano.

35

E-Vista


“A Sociedade dos Corvos” é uma antologia de contos de mistério organizada pela autora C. B. Kaihatsu, publicada pela editora Coerência. Esta antologia é o resultado do projeto literário “Sociedade dos Corvos”, idealizado por C. B. Kaihatsu. É um grupo de autores e ilustradores, apreciadores da literatura de mistério, terror, fantasia, ficção policial, suspense e drama. São fãs do autor Edgar Allan Poe, cujo poema “O Corvo”, serviu como inspiração para batizar o grupo. A autora criou este projeto devido à necessidade de divulgar o trabalho de autores e ilustradores brasileiros, ela acredita que juntos somos mais fortes e que nós, profissionais do meio literário, devemos nos ajudar. Cooperar e não competir. Deste livro, além da autora C. B. Kaihatsu, também participam os autores: Alfredo Alvarenga, Br. Godoi, Marielle Pereira Cardoso, Mateus Herpich, Natanael Otávio, Rafael Danesin (que também possui ilustrações na obra), Verena Cavalcante e W. F. Endlich; e os ilustradores: Claudinei Fernandes de Oliveira, Eder Modanez, Haniel de Farias Luiz e J. A. Nalon. A publicação conta ainda com a ilustre participação do Mestre do Horror R. F. Lucchetti que além de prefaciador, possui um conto como autor convidado.

A Sociedade Dos Corvos C. B. Kaihatsu C. B. Kaihatsu é escritora, poetisa, engenheira de controle e automação, bailarina clássica e de jazz e colunista cultural do Jornal Tribuna de Paulínia, do site CultEcléticos e das revistas literárias Amazing e Clube dos Navegantes. Coautora do livro “Retalhos: Almas em Versos” (Editora Empíreo), vencedor do Prêmio Brasil Entre Palavras na categoria Melhor Livro de Poesia de 2016, também participou das antologias: Mais Amor, Por Favor (Editora Coerência), Arquivos do Mal (Editora Coerência), A Arte do Terror – Cartas (Elemental Editoração), A Arte do Terror – História (Elemental Editoração). É organizadora da antologia de contos de terror e suspense “A Sociedade dos Corvos” publicada pela Editora Coerência. O Mestre do Horror, R. F. Lucchetti, participa como prefaciador e autor convidado. Ainda em 2017, possui participação nas antologias: Vampiro: Um Livro Colaborativo (Editora Empíreo), Playlist – Contos Musicais (Editora Rouxinol) e Noite Natalina (Editora Skull). Idealizadora do projeto Sociedade dos Poetas Vivos que busca promover um resgate da poesia no Brasil. Fã de Fórmula 1, já colaborou com artigos para o blog F1 – Fórmula 1.

36


O Amante “Muito cedo foi tarde demais em minha vida”. A frase de Marguerite Duras incrusta em meu pensamento. Vida e forma definidas. É isso. Eu me assemelho, recorro a ela, introjeto-a em minha alma. Muito cedo, já era tarde demais. Pedro dorme ao meu lado. Seu sono é interrompido por sons guturais, murmúrios, assovios, palavras desconexas. Queria sonhar, mas diante de meus olhos abertos, a realidade me assombra. Muito cedo. Eu tinha dezoito anos quando o conheci. Victor era mais novo que eu e talvez por isso, fosse mais ousado, não sei dizer. Sei que ele saiu do final do corredor do alojamento dos estudantes universitários, lá onde ficava o banheiro. E veio assim, torso nu. Enrolado numa toalha branca a esconder-lhe o quadril másculo. Era bonito, que Diabo. Olhos cor de amêndoas, cabelos anelados domados pela água, magreza típica da juventude naqueles dias. Era um tempo diferente. Não tinha isso de corpo sarado, músculos definidos, nada disso. A beleza era assim, natural, sem máscaras ou porquês. Eu estudava, sentada à mesa do alojamento, esperando por meu namorado que poderia retonar em algum momento, ao término do dia letivo da faculdade. Mas foi ele quem chegou primeiro em minha vida. — Prazer, meu nome é Victor. Levantei meus olhos do texto. Olhei para aquele que me dirigia a palavra. O rosto anguloso, gotículas de água sobre o ombro, a toalha. — Meu nome é Camila. Mas meu namorado não gostará disso, pode ter certeza. Abaixei os olhos para o caderno sobre a mesa de madeira — aquele que era o maior móvel do quarto. Ao fundo, encostados às paredes, beliches e na outra extremidade, um armário de três portas. — E daí? Nem sei quem ele é e não me interessa, — repondeu — Posso me sentar? — Desde que não me interrompa, por favor, sente-se. Tem certeza de que está alojado nesse quarto? — Com certeza. Mas aqui é alojamento masculino. Você que não deveria estar aqui, não acha? — Tem razão, desculpe. Voltei a me concentrar na leitura, mas se assim o fiz, de nada resultou. Sequer lembro-me do que estudava na ocasião, mas recordo-me das pernas dele, cruzadas, à minha frente, no vão revelado pela toalha. — Posso pegar uma folha de papel? Não vou olhar, não quero olhar. — Pegue. E, alguns minutos depois, ele voltou a me interromper. — É seu. — O que? Ele me entregou a folha. Contrafeita, analisei o objeto que ele insistia em me entregar. Era minha imagem ali, no tracejar do grafite. Linhas firmes. Contínuas. Precisas.

37

Michelle Louise Paranhos

Sim. Era eu. Aquela continua sendo eu mesma. Naquele desenho e aqui, em meu coração. Não sei que fim levou aquele desenho de minha alma, mais de trinta anos depois. Pedro resmunga ao meu lado. — Apaga a luz desse abajur e vai dormir. — Estou lendo. — Nem livro tem em mãos, apaga essa luz, por favor. — Estava lendo no tablet, em e-book, sabe? — Por isso mesmo, Camila, apague essa luz, ao menos. Deixe-me dormir, pelo amor de Deus, Camila! Está tarde. É verdade. Já é tarde demais em minha vida. Nunca mais o vi, saí da faculdade e nos perdemos no mundo. Até reecontrá-lo anos depois. Por acaso. Quando foi que ele me deu o livro O Amante, de Marguerite Duras? Nem faço ideia. Nem que fim levou o exemplar. Faz tanto tempo. Aquela edição especial em Capa de Cartão possuía uma contracapa extra onde, na ilustração, os amantes trocavam um beijo. Dentro do livro, acima do título impresso, estava escrito à caneta esferográfica, em letras firmes, contínuas, precisas. “Quero cordões do infinito na imensidão do tempo, para que possamos nos alcançar sempre que um do outro se lembrar”. Quando rompemos, eu estava na casa de meus pais e a campainha tocou. — Vim entregar suas coisas que estavam em minha casa. Ele devolveu o pôster imenso, que fiz para ele, de presente, num estúdio fotográfico. Ficava no interior de uma moldura dourada, pendurada na parede. Abaixo da moldura, a cama dele, onde nos encontramos e nos perdemos tantas vezes. Esse pôster de mim mesma ainda o tenho comigo, embora nunca mais me pertença. Sempre será dele. — Não devolvo fotos e livros. São meus — retruquei. Vitor sorriu condescendente. Não esperava que eu dissesse o contrário. Perdemo-nos e nos reencontramos por trinta anos. A última vez, anos atrás, ele se despediu de mim. — Por favor. Ao menos, me abrace uma última vez — murmurou em súplica. Muito cedo era tarde demais em nossas vidas. Apago a luz do abajur, deixo o tablet sobre o criado mudo e decido continuar amanhã a leitura. O Amante. Fecho os olhos e sonho que estou descendo de balsa, na travessia sobre o Rio Mekong, em Saigon. E Victor está do outro lado do rio, me esperando.

Conto inspirado no livro O Amante de Marguerite Dumas

E-Vista


M inh a s Ar te s Iniciei minha jornada artística bem cedo, assim que aprendi a escrever (aos 5 anos, copiando páginas de jornal) e ganhei meu primeiro concurso literário aos sete anos de idade, a partir daí, a luta começou. Máteria: Ana Rosenrot (Participação Especial) E-Vista

38


S

ER artista no Brasil é um desafio constante; não bastasse a falta de apoio e de recursos, também lutamos contra o desrespeito pela profissão que escolhe-

mos. Trabalho com múltiplas artes desde sempre e já senti na pele todos os tipos possíveis (e impossíveis) de dificuldades.

Iniciei minha jornada artística bem cedo, assim que aprendi a escrever (aos 5 anos, copiando páginas de jornal) e ganhei meu primeiro concurso literário aos sete anos de idade, e a partir daí, a luta começou. Eu participava de todo tipo de seleção (gastei uma fortuna com selos) e o retorno era mínimo, então, acabei desistindo e voltando minha atenção para o teatro, que me ensinou muito. Como viver de arte no Brasil é (praticamente) impossível, entre os estudos eu comecei a trabalhar como professora de “datilografia” (sim vocês leram direito). A partir do teatro foi que me interessei por cinema e percebi como todas as artes andam juntas, apesar de infelizmente existir um enorme preconceito dentro da própria arte. Comecei a pesquisar cinema e o prazer de escrever voltou com tudo. Oficialmente eu trabalhava com coordenação e tesouraria de campanhas políticas, onde comecei também a criar vídeos institucionais; em paralelo, retomei a carreira literária ganhando alguns concursos e participando de antologias. Como a maioria dos escritores iniciantes, recebi muitos “nãos”, fui enganada por editoras, carreguei incansavelmente livros debaixo de braço, tentando vendê-los num país “quase” sem leitores, participei de projetos coletivos de pseudoacadêmicos onde era considerada “jovem demais” ou “progressista demais”…tudo isso numa época anterior a popularização da Internet (aquela que veio ao mundo para nos divulgar). A Internet e a criação das redes sociais e dos sites de divulgação proporcionaram novo fôlego aos artistas em geral: a oportunidade de se autopromover e descobrir novos caminhos, como concursos e festivais. Seguindo essa nova tendência eu consegui mostrar meu trabalho de várias formas e para um público bem maior…Pude exibir meus curtas em festivais do mundo todo, ganhar prêmios de cinema e literatura e o mais importante: assinar uma coluna numa revista internacional, a revista Suíça “Varal do Brasil”. A coluna, que se chama CULTíssimo,

39

E-Vista


é especializada em cinema e universo cult e além de correr o mundo todo, participou de uma exposição de 20 dias no Consulado Brasileiro em Genebra (Suíça), com a edição sobre a atriz e inventora do wi-fi “Hedy Lamarr”, durante o evento “Dia da Mulher no Consulado” em 2016. Acredito que todas as experiências que vivenciamos são válidas e a maior de todas para mim, foi conhecer pessoas incríveis que me ensinaram como a arte pode ser importante como forma de ativismo, ajudando nas lutas sociais e em causas humanitárias, levando paz, apoio, conhecimento e esperança através da cultura. Desde então eu venho participando de vários projetos nacionais e internacionais, tentando levar a cultura e sua capacidade única de inclusão e formação de consciência ao máximo de pessoas possíveis. Hoje, minha arte é basicamente dedicada ao Ativismo Cultural e ao Cinema, e em 2016, quando a revista Varal do Brasil encerrou suas atividades, resolvi criar uma revista digital nos mesmos moldes do Varal, totalmente voltada para a divulgação de autores publicados ou não, valorizando a Literatura e a Língua Portuguesa e dando espaço e oportunidades iguais a escritores do mundo todo. Com o lema “Literatura com Liberdade”, as edições da revista tem conseguido juntar os mais variados gêneros e estilos de escrita, bem como fotos, desenhos, a volta da Coluna CULTíssimo e também matérias sobre lançamentos de livros, entidades e eventos gratuitos que contribuem com a inclusão social; tudo isso sempre prezando o respeito e a liberdade de expressão. A experiência com a revista tem sido incrivelmente gratificante, devido a repercussão na comunidade literária e do carinho demonstrado por autores e leitores. Mas o melhor de tudo isso, é poder acompanhar a realidade dos autores e compartilhar suas dificuldades e sonhos, bem como dos propósitos de cada um. E observando de perto várias situações deste vasto mundo literário, resolvi, para finalizar a narrativa, trazer algumas dicas que, com certeza, ajudarão os amigos escritores a melhorar ainda mais seus projetos e ampliar o alcance e a assertividade na hora da divulgação. Não existe fórmula mágica para o sucesso, mas sim coragem para lutar, vontade de aprender e empreender, força para continuar e principalmente, paciência para conquistar!!

E-Vista

DICAS PARA ESCRITORES: Seja criativo!! Recebo centenas de textos para a seleção da revista todos os meses e sempre acompanho o trabalho dos autores. Uma coisa que eu noto é que tem escritor que pensa que texto é igual música: os cantores gravam uma música e ela se torna a “música oficial de trabalho”, repetida incessantemente em shows, programas e no youtube...mas texto é diferente: evitem enviar o mesmo texto para todas as seleções disponíveis ao mesmo tempo, separe alguns e envie de forma diversificada, alternando os trabalhos; assim você mostra que tem conteúdo, talento criativo e pode fazer uma divulgação mais distinta.

Olha a etiqueta!! Gente, divulgar seu trabalho nas redes sociais é maravilhoso e proporciona um bom retorno; mas é necessário ter um pouco de discernimento e etiqueta: postar e repostar todos os dias (marcando seus 5.000 amigos) sobre o lançamento do seu livro é cansativo (uma contagem regressiva fica muito mais elegante); enviar mensagens padrão inbox sobre o livro (com links, fotos e preços) sem ao menos dizer um “olá” ao

40


destinatário, é uma completa falta de educação. Falar sobre isso em todos os posts ou comentários que fizer (até em notícia de falecimento), é ridículo e te desmerece. Pensem bem, essa demonstração de “desespero” pode causar um efeito contrário do esperado: seus possíveis leitores ficarão “cansados” e perderão o interesse por seu trabalho, por melhor que ele seja.

Leia!! Muitos autores esquecem disso, mas a leitura para um escritor é fundamental, portanto, leia e não fique só nisso, pesquise, converse, participe, interaja!!

Cuidado com o plágio!! Plagiar além de crime é horrível e pode significar o fim para qualquer artista. Ser plagiado é tão horrível e destrutivo quanto; passei por isso 3 vezes somente com a Revista LiteraLivre e digo por experiência que ninguém ganha com isso; então, cuide-se: registre suas obras, tenha arquivos guardados em nuvem ou papel e evite, de todas as formas possíveis, usar qualquer coisa que não te pertença!! Tenho visto ebooks e até livros físicos utilizando fotos de artistas famosos em suas capas e isso pode trazer um transtorno incrível no futuro. Todo o cuidado é pouco!

Divirta-se!! Pode ter certeza de que seu processo criativo não vai melhorar se você ficar horas e horas sentado, sorvendo litros de café. Saia um pouco, ouça música, veja um filme, converse com os amigos, conheça as histórias que o mundo tem para contar… Lembre-se do belíssimo texto de Clarice Lispector, “Ato Gratuito” e sua narrativa sobre os benefícios do improviso salvador. Em pouco tempo você notará a diferença!! ¶

anarosenrot

41

REVISTA LITERALIVRE A Revista LiteraLivre é uma publicação brasileira independente de periodicidade bimestral, com distribuição eletrônica em PDF e totalmente gratuita. Nossa missão principal é dar espaço aos escritores de todos os lugares, amadores ou profissionais, publicados ou não, que desejam divulgar seus escritos e mostrar seu talento de forma independente e livre, valorizando a grandeza da Língua Portuguesa e a diversidade de estilos. Criada em 2016 pela escritora, cineasta e ativista cultural Ana Rosenrot, a publicação nasceu para dar continuidade aos anos literários da revista Suíça Varal do Brasil, que por sete anos divulgou a Língua Portuguesa pelo mundo e deu oportunidade a centenas de escritores. O lançamento da 1ª edição foi em janeiro de 2017 e contou com mais de 200 inscritos de todo o Brasil e de outras partes do mundo, com ótima receptividade dos leitores; repetimos o sucesso na 2ª edição, onde passamos a aceitar também tirinhas, imagens, fotos autorais e desenhos, dando oportunidade para mais artistas; atualmente contamos com quase 10.000 assinantes e recebemos mais de 500 textos por edição para nossas seleções bimestrais. Nossa equipe conta com somente três pessoas e muito carinho e é composta por Ana Rosenrot, Alefy Santana e Julio Cesar Martins. Com o lema: “Literatura com Liberdade”, pretendemos levar até o público obras de todos os gêneros literários e também proporcionar aos autores visibilidade, confiança e incentivo, utilizando a enorme capacidade de alcance das mídias digitais, numa grande união literária e cultural, trazendo oportunidades e entretenimento de qualidade.

literalivre

E-Vista


ENTREVISTA com REG EVa: Breve apresentação. Você é..?

gos e colegas que lhe indica um novo autor?

R.V.: Celia Regina de Vasconcellos Oliveira, amante dos livros,

R.V.: Como Revisora de Textos, sempre estou pesquisando novos

formada em Pedagogia, Especialista em Necessidades Especiais, Língua

autores, através da mídias sociais, livros físicos em livrarias, com

Portuguesa e atualmente cursando Pós Graduação em “Revisão Prática

indicações de conhecidos e amigos; até mesmo pelos próprios autores

de Textos”.

que me procuram, por conta do meu trabalho.

EVa: Qual seu envolvimento com a Literatura? R.V.: A leitura faz parte do meu cotidiano. Não consigo me enxergar, sem pelo menos um livro na minha cabeceira. Iniciei minhas atividades como escritora nos anos 70. Tudo ficou guardado. Em meados do ano de 2016, resolvi apresentá-los aos amigos, e na sequência numa página do facebook. Sou revisora de textos, na “Vasconcellos Revisa”, de minha propriedade. (Facebook - @cvasconcellos2016). Escritora de poemas, poesias, prosas poéticas, microcontos e contos. Faço parte da “Sociedade dos Poetas Vivos, onde lançaremos uma Antologia de Poemas, no início de 2018 e colaboradora no Projeto “A arte do terror”, como revisora de textos. EVa: No seu Ramo atual, é constante a ligação com a Arte em geral? R.V.: Sim, claro! Dentro da Arte como um todo, existem várias vertentes. Procuro sempre estar a par dos acontecimentos, pois isso abre novos horizontes, para quem escreve, compoe ou mesmo para os que são apenas expectadores. O teatro o cinema, por exemplo, são fontes riquíssi-

EVa: Você acredita que Literatura pode ser vista como uma terapia alternativa? Sem pensar em livros de Autoajuda, você acha que toda a literatura pode ser válida? R.V.: Sim. Eu mesma sou um exemplo disso. Fui acometida pela depressão e encontrei na escrita, algo que me acalmasse, onde todo sentimento ruim, fosse colocado no papel, aliviando a minha dor. Nos momentos felizes, escrevo de maneira mais tenue, buscando levar a minha alegria, aos meus leitores. EVa: A rivalidade existente entre autores independentes, selos e até mesmo editoras de pequeno porte, é visto como algo bom? Você acha que essa competição é necessária por se tratar de um negocio como qualquer outro? R.V.: Na verdade, toda rivalidade é positiva, desde que não exista a intenção de prejudicar os demais profissionais. Não parece, mas no mundo da revisão, existe muito disso. Creio que essa profissão deveria ser mais valorizada, pois sem a revisão, não existiria a obra final.

mas de apendizado, para autores e escritores. De uma obra de arte, pode “nascer” um belo poema.

EVa: Você participa ou já participou de algum projeto? Coletâ-

E assim por diante...

nea ou Antologia, o que foi importante para você? Se não partici-

EVa: Qual sua visão quando o assunto é Literatura no mundo

pou, no que acha que isso lhe ajudaria?

atual? A tecnologia nos deixa mais sábios ou ainda é preciso usar de meios “não” eletrônicos para fins literários? R.V.: A tecnologia ajuda muito, não só na Literatura, como em todos os ramos de atividades. Confesso que ainda uso aquele bloquinho de anotações, para as pimeiras estrofes dos meus versos. Sinto falta, muitas vezes, desse contato direto do autor com a escrita vinda de seus próprios punhos. Mas o que seria de nós sem um PC, para finalizar uma obra? EVa: Como você lida com a crescente massa de novos autores que utilizam de inúmeras formas para publicarem suas obras? Você costuma descobri-los por conta própria ou é sempre os ami-

E-Vista

R.V.: Atualmente participo da Antologia de Poemas, da “Sociedade dos Poetas Vivos”, que deverá ser lançado em fevereiro/2018, pela Editora Coerência. Creio que todo tipo de projeto, vem para engrandecer o trabalho dos autores, fazendo ainda, com que eles saiam do anonimato.. EVa: Já realizou alguma publicação (que não fosse antologias) da qual teve que pagar por ela? Se sim, o que lhe motivou a fazer isso? R.V.: Ainda não tive oportunidade. EVa: Na sua opinião, porque as editoras ficaram menos acessíveis e porque tantas outras surgiram com a opção de publicar

42


GINA VASCONCELLOS BIOGRAFIA

novos autores onde o mesmo pague pela tiragem? R.V.: Não importa a maneira e onde as obras de um autor é publicada; desde que as editoras estejam hábeis para isso. Acho justo o autor pague pelas tiragens, pois de uma forma ou outra, recuperarão esse valor, na venda de suas obras.

Regina Vasconcellos, nasceu em 26/05/1956, no bairro da Aclimação em São Paulo, onde morou e cresceu. Formou-se em Pedagogia, com Especializações em Magistério, Orientação Educacional e Vocacional, pela FMU.

EVa: Literatura é um mundo à parte? Deveria ser uma religião mesmo estando presente em todos os assuntos do mundo? Ou Literatura é apenas uma obrigação para o ser humano? R.V.: Literatura é arte...é vida! Não importa onde ela se encontre, nos jornais, livros, escritas por historiadores ou não, ou apenas num pequeno pedaço de papel. Faz Arte, quem tem o dom para isso.

Alguns anos depois, fez uma nova Especialização, desta vez em Necessidades Especiais; saindo das escolas “tradicionais”, começando assim, a trabalhar na APAE – SP, onde viu de fato, que o magistério teria sido uma escolha acertada. “Trabalhar com crianças especiais, é algo que engrandece a alma e o coração.” Começou a esboçar alguns poemas, na década de 70, que foram guardados por muitos anos. Casou-se e teve três filhas.

Nada é obrigatório!

Divorciou-se em 1991, o que a deixou muito abalada e triste; foi quan-

Tudo na vida é irrestrito, mutável e criativo.

do sua inspiração aflorou e então os versos, começaram a fazer parte de

Faça parte dessa história!

sua vida, até como uma terapia e continua com força total.

“A imaginação é mais importante que a ciência, porque a ciência é limitada, ao passo que a imaginação abrange o mundo inteiro.” Albert Einstein

Em 2009, nasceu João Victor, seu neto, agora com oito anos. Ele também a inspira e lhe traz muita alegria. Sempre gostou da Língua Portuguesa, como um todo. Após aposentar-se, começou a estuda-la com afinco. Passou a dar aulas particulares de Português e fazer revisões de textos. Em 2017, iniciou uma Pós-Graduação em “Revisão Prática de Textos”, pela Faculdade Unyleya. Criou a “Vasconcellos Revisa” – Revisão de Textos, na qual trabalha como autônoma, em vários segmentos da área. Participou, como colaboradora da Arte do Terror. Faz parte do Grupo “Sociedade dos Poetas Vivos”, onde publicará, juntamente com outros autores, uma Antologia de Poemas. Considera-se uma pessoa batalhadora, sonhadora, romântica e determinada. Acredita que tudo é possível, à medida que, realmente nos empenhamos para realizarmos. “Com as lágrimas do tempo e a cal do meu dia eu fiz o cimento da minha poesia.” Vinicius de Moraes

REGINA VASCONCELLOS (11) 99238.0066

43

E-Vista


Vizinhos Todo mundo tem vizinhos, mas o que eles realmente fazem dentro de seus lares ninguĂŠm sabe. Nesse livros vamos descobrir o que vizinhos de apartamentos fazem, o que escondem e quem realmente sĂŁo. Descubra de forma aterrorizante o que pode se passar dentro do apartamento ao lado. VocĂŞ realmente conhece seu vizinho?

Divulgue Conosco contato@e-vista.net 44


O carioca Jorge Eduardo Machado, de 38 anos, é jornalista formado pela UFRJ, em 2002. Repórter com passagens pelos jornais O Globo, Extra e Folha Dirigida, além da Rádio Nacional, foi, ainda, revisor da Empresa Municipal de Multimeios da Prefeitura do Rio (Multirio). Também bacharel em Direito, atualmente é analista judiciário do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro. Premiado em diversos concursos literários, publicou obras em antologias de contos. Agora, lança seu primeiro livro solo.

O DIABO MORA NESTA CASA E OUTRAS HISTÓRIAS A coletânea reúne 22 contos e microcontos escritos pelo autor entre 2004 e 2016. Sem aderir ao horror gratuito regado a tripas e sangue, as narrativas entrelaçam dramas humanos e conflitos sobrenaturais, como na obra-título, O diabo mora nesta casa, na qual, ao relembrarem o exorcismo de uma menina, seus familiares deixam emergir segredos inconfessáveis. A presença demoníaca é recorrente nos relatos (como em Amarga dádiva e Natal sombrio), mas há outras entidades mitológicas que aterrorizam os protagonistas (a exemplo de Trinta moedas e 13 meninos). Em Statu quo, o mito do vampirismo é usado como metáfora para a crítica socia l. Há, ainda, textos que, apesar de não apresentarem o elemento supernatural, mortificam pela construção de um suspense que conduz à supremacia da violência, seja física ou psicológica (casos de Yin-Yang e Primeira vez). Um traço marcante em todos os contos são os finais surpreendentes, à moda do cineasta M. Night Shyamalan, de quem o autor é fã. 45


CANVA Vam os fal a r de “desi g n e r” ? S abemos que a Propaganda

lidar muito bem com a criação de projetos pelo aparelho móvel.

Português, além de disponib

é a alma do negócio, mas

Canva é uma espécie de site kit media (por assim dizer), nele

como quase tudo hoje em d

sabemos que nem todos

todo o trabalho de “marketing” pode ser realizado seja com modelos

Gratuita: esta oferece in

temos a sabedoria de lidar

prontos (onde você apenas edita as informações), ou você pode

e é ultra indicada para que

com imagens e fontes, piorou

criar seu próprio projeto com o formato escolhido.

algo pré-criado. Caso você

com “softwares” de edição e derivados. E se o

O que podemos criar no Canva? Coisa simples e fundamental

coisa, também é recomen

assunto for criatividade para propaganda, fica

para o dia a dia na divulgação do seu livro, por exemplo, mas o

salvam naquele momento

mais difícil. Isso é compreensível já que muitos

Canva não se limita aos livros ou autores, no site é possível criar

anunciar uma promoção. Po

são bons em alguns setores e não existe regra

“marketing” para praticamente tudo, dos principais estão:

na criação de pastas para

para isso. Mas, se você é daqueles que não

— Posts de redes sociais

fontes, o mesmo disponibiliz

têm dinheiro o suficiente para pagar “designer”

— Documentos (Oficio, Apresentação, Currículo, Anuário,

usar suas próprias. Ao pesq

que crie tudo da forma que você deseja ou se não sobrou dinheiro para a propaganda, eis que temos essa pequena e preciosa Dica. Iremos falar brevemente sobre o Canva. Muitos já conhecem o site e recentemente lançaram

Papel timbrado, Certificado, etc.) — Blogs e eBooks (Capa de livro, Imagem de fundo de tela, Infográfico, Capa de CD, Banner online e para blog, etc.) — Materiais de Marketing (Cartaz, Menu, Panfleto, Logotipo, Cartão de visita, etc.)

terá como resultados mais v não são lá aquelas coisas.

dos PNG, você não terá tran

quando precisamos apenas

Versão Paga: Ao fazer

seu App para dispositivos móveis o que é mais uma

— Cabeçalhos de e-mail, social media, Eventos e Anúncios.

300.000 fotos e ilustrações

mão na roda para quem não possui um PC disponível o

Estes são os destaques, mas são imensas as opções quando

uploads em pastas, além de

tempo todo. Embora a diferença entre PC e dispositivos móveis para esse tipo de site seja grande, é possível

E-Vista

o assunto é imagem e texto. Para usar o Canva é bem simples. Ele possui o idioma

poderá salvar as cores, fonte

os melhores modelos. Esta

46


ibilizar um breve tutorial no início. As opções

propaganda ou que faça serviços para outros, aumentando assim

dia, são:

a produtividade e claro a qualidade, já que o Canva utiliza de boas

números modelos gratuitos, porém, básicos

imagens e não tem limites de resolução ou coisas do tipo.

em já sabe o que quer e precisa apenas de

Enfim, se precisa criar uma capa para seu livro seja Wattpad

ê queira apenas conhecer ou usar pouca

ou Kindle ou quer apenas atualizar sua página no Facebook ou até

ndado, afinal os modelos gratuitos sempre

mesmo fazer uma postagem no Instagram, o Canva com certeza

de adrenalina ao terminarmos um livro ou

é o primeiro site que você deve testar.

or outro lado, na versão gratuita o site limita

Então, após ler tudo isso, clique no ícone ao final deste texto e

salvar imagens próprias e na utilização de

conheça o site, faça login com sua rede social ou crie seu cadas-

za apenas algumas fontes e você não poderá

tro e divirta-se com seu lado Designer.

quisar por imagens, na versão gratuita você

vetores do que imagens e as que aparecem O salvamento também é limitado, no caso

nsparência no salvamento o que é um tédio

s da arte sem fundo.

Imagens criadas no site Canva, exceto a com o logo que é imagem reprodução do próprio site.

r o Upgrade da conta, você terá acesso a gratuitas, poderá organizar seus projetos e

e compartilhar com outras pessoas (equipe),

tes e incluir sua marca além é claro de liberar

a versão é indicada para quem utiliza muita

47

E-Vista


Conheça nossos Serviços e saiba como participar das próximas edições Saiba como divulgar o seu trabalho conosco com vários tipos de serviços e todos com a mesma atenção e qualidade que procura. Seja você um autor, editor, revisor, capista, designer, blogueiro, colunista, jornalista, etc. As nossas páginas são indicadas para todos ligados ao setor editorial, em geral. Para tirar dúvidas, envie-nos um e-mail com o serviço de seu interesse para servicos@e-vista.net.

ENTREVISTA Em nossa Entrevista Comum, o participante irá responder a 10 perguntas sendo 3 delas escolhidas pelo próprio participante. Além das 10 perguntas, a entrevista contará com uma minibiografia e imagem de divulgação. Também terá um link e um e-mail para contato. Para saber os limites de caracteres, por favor nos enviar um e-mail. O Valor desta entrevista é de R$30,00 e já conta com revisão profissional.

E-Vista

Na Entrevista Premium, o participante responderá a 20 perguntas sendo 10 delas feitas pelo próprio participante. Além dos itens da entrevista comum, nesta versão será acrescentado até 5 links e 3 imagens para divulgação. O Valor desta entrevista é de R$50,00 e já conta com revisão profissional. Obs. Caso não queira incluir as 10 perguntas, iremos realizar mais 10 perguntas fechando o total de 20 perguntas. 48


Textos - Contos - Amostras Seu texto, conto, capítulo ou aquela degustação do seu livro. Temos lugar na revista também. Não importa o gênero literário, do conto de terror ao poema, do capítulo de um romance a um singelo verso. Criaremos uma arte especifica para seu texto caso não tenha uma e ainda iremos realizar a revisão profissional para a publicação. O Valor para esta modalidade é de R$20,00 por texto, caso seja um texto longo, você não precisará contratar o mesmo serviço duas vezes, iremos calcular antes da publicação, caso o texto ultrapasse uma página, será cobrado o valor de R$5,00 por página excedida. Simples e interessante, não é mesmo? Aproveite e divulgue seu texto. Para saber limites e obter dicas de como divulgar seu texto conosco, envie-nos um e-mail para servicos@e-vista. net.

Contribuição Para contribuir com a revista, você poderá nos enviar matérias ou dicas que sejam voltadas para o setor editorial. Seja uma matéria sobre uma editora ou sobre um site de publicação ou dicas sobre como criar aquela capa perfeita para um eBook ou até mesmo como usar um aplicativo para aumentar as leituras de livros ou blogs. Seja qual for sua contribuição, estando dentro do setor editorial, será muito bem-vinda. O Valor para este serviço é totalmente gratuito. Precisamos apenas que os textos estejam revisados para serem publicados, também será necessário o fornecimento de imagens para compor a matéria ou a dica. Caso necessite, oferecemos a revisão do texto à parte. Em caso de dúvidas, envie-nos um e-mail para servicos@e-vista.net e para contratar revisão, usar a página Contato em nosso site.

Divulgação Para o serviço de Divulgação e demais informações, acesse nosso site: e-vista.net ou envie um e-mail para servicos@e-vista.net ou revistaevista@gmail.com.

49

E-Vista



Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.