Tudo Bem

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Meu nome é Amanda Santos, e eu sempre tive uma vida normal, até o falecimento do meu querido pai. Não consigo me manter com sorrisos, a maioria das vezes penso muito em coisas ruins do passado e acabo me prejudicando muito e isso acaba afetando as pessoas que estão ao meu redor... Quando meu pai faleceu, meus pais estavam quase se separando, então isso prejudicou o meu psicológico. Eu só pensava que por eu ser filha e tentar defender minha mãe das brigas diárias, o meu pai” ficou só”. Na minha cabeça só ficam as seguintes perguntas: Será que meu pai faleceu triste comigo por eu defender minha mãe? Será que eu fiz errado em defender minha mãe?. Meu maior medo era ele por ser tão alto e forte, maltratar minha mãe... Contei só um resuminho, a história é muito grande... O meu conselho é: Ame seus pais, a dor da perda é horrível, valorize quem te ama. Amanda Santos, 21 anos


Depressão não é modinha, bullying não é brincadeira e ansiedade não é besteira!

Falar de depressão nem sempre é fácil, não posso falar em dados específicos, mas entendo muito sobre o assunto então vou falar em mim. Meu nome é Káio, tenho 20 anos, sou paralítico desde que nasci e por isso cresci enfrentando o preconceito e o bullying desde cedo. Na escola me chamavam de aleijado, zé droguinha, tronxo, entre outros. O pior veio de casa porque me chamavam de “Ana pé de pato” e todos os apelidos possíveis. Minha família sempre me desprezou, cresci com o desprezo e a solidão, acabei adquirindo a depressão e junto a ansiedade. Minha depressão cresceu quando me assumi gay aos 18 anos, quando minha família virou as costas para mim. Eu não saía na rua porque eu tinha vergonha de quem eu sou, dos olhares comentários, enfim. Na expectativa de ganhar o respeito das pessoas, desde os 10 anos eu descobri a ansiedade e até hoje vivo com ela. Bom, em relação à depressão eu dou a todos um conselho: aceitar que sofre com a doença e tentar vencê-la é o primeiro passo. Lembrando sempre de viver um dia de cada vez como se fosse o último. Foi exatamente o que eu fiz! Quanto ao bullying, eu o venci tendo que independente de minhas vontades, ele simplesmente existirá, porém, posso enfrenta-lo, mostrando aos praticantes que meus desejos são maiores que qualquer outra coisa. Acredito que para minha ansiedade, talvez não haja cura e para ser sincero o único remédio que sempre me faz ter ao menos controle, é o café. Apesar de todos os problemas me considero feliz, em meio a tantas dificuldades e ausência familiar. Tenho poucos amigos, foco nos objetivos e posso dizer que com certeza levo uma vida normal. Apenas se ponha no lugar de quem passa por esses problemas. Afinal, faço um alerta: depressão não é modinha, bullying não é brincadeira e ansiedade jamais será besteira! Káio Chaves 20 anos


Deixa eu te contar sobre o que eu sinto? Tudo começou quando minha família depositou todas as expectativas possíveis e impossíveis em mim. Eles me viam como a “esperança” no final do túnel. Lembro-me de quando entrei na escola e meu boletim era só “A”, consequentemente eu era destaque da sala em todos os bimestres. Quando senti dificuldade e tirei um “B”, você precisava ver a reação das pessoas. Até ouvi um “tudo bem, você vai melhorar.” E com isso a cada dia que se passava as cobranças e as responsabilidades aumentavam cada vez mais. Enquanto meus amigos estavam ocupados aproveitando os dias, eu mal conseguia dormir me cobrando e pensando o que eu seria no futuro. Uma pessoa que deveria passar por todas as fases da infância simplesmente não teve isso. E aqui chegamos à adolescência: A fase em que sua voz muda, seu corpo muda e consequentemente seu modo de ver as coisas também mudam. Sempre fui tímida e desde sempre me cobrava muito, cheguei na fase em que sentia necessidade em manter o controle de tudo, também sentia necessidade em estar rodeada de “amigos”. Porque as aspas? Porque com o tempo você vai aprender que são poucos os que você realmente pode chamar de amigo. Hoje consigo entender o porquê dizem que a adolescência é uma das fases mais difíceis. É a fase que as pessoas começam a se interessar de forma afetiva pelas pessoas. Eu vi todas as minhas amigas beijando a primeira vez e até tendo o primeiro namorado. E eu? Ah, eu não tive isso. Por quê? Eu nunca fui legal e sempre tive excesso de peso. Minha mãe dizia que os meninos se interessavam por meninas magras e adivinhe? Minhas amigas eram todas legais, lindas e com corpo de Barbie. Dei o meu primeiro beijo com 14 anos, mencionei que ouvi de algumas amigas a seguinte frase: “Quando você ficar com algum menino eu volto a ser sua amiga.” Pois é. Como as pessoas conseguem ser tão maldosas ou não pensar antes de dizer as coisas? Será que essas pessoas algum dia tentaram se colocar no meu lugar e ver como me senti mal ao ouvir críticas tão pesadas sobre mim? Comecei a me questionar se tudo que diziam era verdade e quem eu realmente era. Também ouvi uma amiga falar com um menino que eu gostava: “Olha, se ela se vestir melhor, você dá um beijo no rosto dela?” No começo eu chorava, gritava, não entendia o motivo de ser tão criticada. Eu me olhava no espelho e via uma menina bonita, mas que tinha várias imperfeições. Talvez as pessoas só conseguissem ver os meus defeitos.


Os anos se passaram, eu comecei a guardar todas as críticas somente pra mim. Criei um diário no blogspot, comecei a escrever sobre como eu me sentia. Mas logo que a crise passava, eu apagava. Cheguei a um ponto de pegar um estilete e riscar todo o meu braço. Tomei remédios pra dormir, mas não dormi e me fizeram chorar até minha cabeça arder. Mas nada disso adiantou... Percebi que ia passar, ou não. As críticas continuavam, a cada dia que se passava eu perdia um pouco mais de mim. Sempre me perguntei o que fazia pra pessoas, pois não eram comum tantas críticas serem depositadas em cima de mim sem que eu tenha feito nada. Então decidi mudar. Mudei meu modo de me vestir, pintei meu cabelo. Meu exterior estava completamente diferente, mas minha alma continuava com cicatrizes da mesma forma. Aprendi (ou não) a controlar meus sentimentos. Os gritos das bandas de rock que eu comecei a ouvir, amenizavam os gritos da minha alma. Usava blusas de banda, era considerada feia, porem estilosa. E de quebra, o preto disfarçava o quão gorda eu estava. Mas não conseguia emagrecer, nas crises de ansiedade a comida era a primeira que eu pensava. Apesar da minha mente barulhenta, eu me esforçava muito na escola. Aprendi muita coisa lá, mas esqueceram de me ensinar como eu fazia pra lidar com as críticas e como adquirir inteligência emocional. Eu conseguia conversar sobre qualquer assunto, menos sobre assuntos que envolviam questões afetivas. Apesar de passar por inúmeras situações desesperadoras, permaneci em pé. Fiz cursos, fiz novos amigos que me decepcionaram, mas continuei. Conheci um cara e acreditei que ele seria o amor da minha vida. Insisti por 3 longos anos, até ouvi um “não te considero nem como amiga”. Ele jurava que não sentia vergonha de mim, mas eu sabia que sentia. Se até eu sentia vergonha do que me tornei, porque ele não sentiria? Ele nunca iria conseguir me apresentar pros amigos e pra família como amiga, quem dirá algo a mais... Não posso dizer que hoje estou totalmente curada. Fui à psicóloga uma vez e ela me disse que tenho complexo de inferioridade. Diga-me, como vou ter forças pra me sentir bem, quando ao meu redor dizem que não sou nada? Como criar forças e olhar pro espelho, sendo que no meu reflexo apenas vejo uma pessoa vazia, sem conteúdo? Apesar de me sentir assim, eu acredito na humanidade. Acredito que daqui a quatro anos e meio me formarei em psicologia e poderei salvar vidas. Prometo que direi palavras positivas, nas quais eu gostaria de ouvir. Ajudarei pessoas que passam por situações semelhantes a minha. Eu direi que ela vai ser capaz de sair dessa e que a vida é bela. Pois a vida é bela! Mesmo que os outros não acreditem, eu acredito em mim. Sei que agora tenho crises constantes de ansiedade, choro muito quando recebo críticas e minhas olheiras comprovam que não ando dormindo bem. Mas eu acredito em mim! Acredito que em um belo dia de sol eu vou virar a esquina e me deparar com a felicidade. Ela finalmente vai me abraçar e dizer, eu esperei por você! E vou dar a volta por cima! Eu sei que vou. Sabe por quê? Eu sou capaz! E você, caso tenha se identificado em alguma parte desse texto, saiba que você também é capaz! Não se importe com as críticas, as pessoas não sabem o que dizem e nem para onde vão. Mas você sabe! Você sabe o que quer, sabe o que busca quando acorda todos os dias pela manhã. Acredite que você é forte! Eu acredito em você! Quando a tempestade sumir e o sol aparecer, não vai ter ansiedade, depressão ou complexo de inferioridade que vão me colocar pra baixo. Eu vou dizer pra todos eles que sou bem maior, que sou forte! Eu sou forte! E você também é! Obrigada por me ouvir/ler. Até a próxima! Ana Luiza, 19 anos


Minha Experiência com Transtorno Psicológicos [tudo ficará bem] [respire devagar] [não se desespere] Essas são coisas que fico repetindo inúmeras vezes quando tenho uma crise de ansiedade, mas não é sempre que ajuda. A convivência com transtornos psicológicos nunca é fácil, mas quando se faz o tratamento correto é de grande ajuda, contudo tive um longo caminho até desconfiar que sofria de transtornos, quando estava na adolescência entre 15 e 16 anos comecei a passar muito mal e ter inúmeras crises de choro, mas como eu estava no ensino médio e sobre muita pressão pensei que aquilo era normal, porém ao longo do tempo minhas crises eram mais frequentes e tudo começou a não fazer mais sentindo em minha vida. Então com o passar do tempo eu fui me informando e percebi que o que eu estava passando não era normal, todas as vezes que acordava e simplesmente não queria viver não era algo que todos sentiam. Fazer um tratamento com médicos não tornou tudo fácil, facilitou bastante a aceitar a doença que tenho, mas mesmo assim todos os dias em que acordo é difícil como se fosse a três anos atrás. Para mim a convivência com essa doença é estar em uma luta todos dias, lutar para fazer coisas simples como comer, dormi, se arrumar e também higiene pessoal, qualquer tarefa mesmo que eu queira muito fazer se torna uma grande coisa para mim, muitas vezes tenho a sensação de que estou morta e é apenas meu corpo tentando cumprir obrigações cotidianas, e quando não as cumpro me sinto sem perspectiva em relação a minha vida e cheia de questionamentos. Apesar de muitos altos e baixos o importante é não desistir do tratamento no meio, continuá-lo até o fim. Geyse Hellen, 19 anos


A ansiedade começou a ser uma coisa constante na minha vida. Muitas vezes me prejudica bastante principalmente com a falta de concentração quando paro para estudar. Nas vezes que precisei fazer apresentações em público em trabalhos escolares por exemplo a ansiedade era o meu maior desafio porque não conseguia controla-la tremia, minha fala falhava e logo após me culpava muito por não ter dado o melhor de si mais sabia que a culpa não era totalmente minha e sim do mal que me pertence que e a ansiedade. Victória Carolina, 19 anos


Meu nome é Luciano Duke, eu tenho 20 anos, muitos amigos, um emprego, uma família completa e um cachorro que me adora. Parece tudo perfeito, mas uma coisa que poucas pessoas sabem é que eu sofro de depressão. Já faz alguns anos, mas tudo começou quando eu era bem novo, no ensino fundamental, eu não sabia quem eu era ou o que eu era, eu sofri bullying por um longo tempo, ninguém nunca fazia nada, não importava o quanto eu pedisse ajuda, sempre ouvia “é coisa de criança”, “leva na esportiva” , “só estão brincando”... No ambiente escolar, me via sofrendo e impotente, não tinha forças pra combater isso, e me isolava, fui uma criança muito solitária, porém, quando menos me notavam, mais eu passava despercebido e ficava a salvo. Em casa, cresci num lar patriarcal e autoritário, onde não podia me expressar a não ser que fosse pra concordar com meu pai, que diversas vezes não teve lá a postura mais correta para com sua família, isso me fez uma pessoa fraca e covarde, com medo de me impor ou me expressar, nós mudamos pra onde vivo hoje há 9 anos, escola nova, vida nova... Era o que eu pensava, no início foi tudo tranquilo, ninguém falava comigo e eu não tinha que me preocupar, mas quase todos os alunos haviam estudado na mesma escola, então todos se conheciam, eu não, eu era um intruso, alguém que caiu de paraquedas no meio deles, meu sossego durou pouco, até começarem a implicar comigo, porém agora eram todos mais velhos, entrando na puberdade, garotos covardes, brigões e raivosos, foi a época da minha vida que mais sofri, e não podia falar nada com meus pais, eu morava muito perto da escola, todos sabiam disso, conheciam meus irmãos mais novos e usavam isso pra me ameaçar, eu desenvolvi anorexia e bulimia cheguei a pesar 55 kg tendo 1,80 de altura, nessa época também me mutilava, onde não pudessem ver, eu me culpava por tudo o que acontecia comigo, eu vivi um inferno sozinho. Até o ensino médio, uma nova escola, onde decidi tentar uma postura diferente, adotar um personagem, me recriar, e funcionou, todos me adoravam, eu cantava na banda da escola, era divertido, me achavam até bonito, eu tinha muitos amigos, mas eu morria de medo que me vissem de verdade e tudo voltasse a acontecer, então sempre escondi muito bem é isso funcionava, ninguém notava o quão solitário e vazio eu me sentia... Eu conheci um garoto, foi a primeira pessoa que amei, nós iniciamos um relacionamento, escondido de todos, inclusive de nossas famílias, que jamais aceitariam, ele me deu forças e me fez sentir bem e vivo pela primeira vez, era tudo perfeito, mas ele descobriu um tumor próximo a coluna, avançado, quando iniciou os tratamentos nos afastamos pois a mãe dele não permitia que eu o visse, conversávamos por


SMS sempre que dava, ele se sentia só e sofria muito, eu ainda tinha esperança, ela acabou quando ele se foi e me vi completamente sozinho de novo sem poder contar para e nem com ninguém, e foi a fase mais difícil da minha vida, depois disso, engatei um relacionamento no outro por que eu não sabia mais ficar sozinho, me envolvi em relacionamentos abusivos e me contentava pois finalmente alguém “me amava de novo” mas aquilo nunca foi amor. Chegou um ponto da minha vida que explodi, tentei autoextermínio duas vezes, cheguei no fundo do poço. Quando já não tinha mais esperança em mim, me abri com minha mãe, desabafei tudo que eu tinha guardado, tirei um peso das costas e busquei ajuda com um profissional, mas ainda não tive meu final feliz, eu estou estável, mas às vezes ainda tenho crises, ainda acordo chorando no meio da noite, ainda chego atrasado por não conseguir sair da cama de manhã, ainda me culpo por tudo e me sinto sozinho, mas eu sei que é possível e eu não estaria bem e vivo hoje se não fosse por meus amigos e minha família, viver com depressão é uma coisa terrível, vão ter dias que eu vou pensar em desistir, mas em outros, tudo pode ser perfeito, eu só não quero mais ter que viver de aparências nem de personagens. Eu sou o Duke e essa é a minha história. Luciano Duke, 20 anos


Eu sou o meu maior inimigo. Eu tenho problemas sérios de autoestima. Não é só não se sentir bonito, isso é o de menos. Eu me sinto incapaz de realizar qualquer coisa. Me auto saboto. Mesmo com as pessoas ao meu redor me elogiando eu me sinto inferior, do tamanho de um inseto. Não sei lidar bem com elogios na verdade. Imagino que a pessoa tá elogiando por pena ou educação ou pra tirar sarro. E é muito difícil não se sentir capaz porque isso me atrapalha a vida toda. Eu deixo de fazer tanta coisa que eu poderia, mas não me acho bom o suficiente, não me acho digno. E esse sentimento não sai de mim, e no meu caso que sempre quis viver de arte é foda. Como vou viver do meu talento se 80% do tempo eu não acredito que eu tenha nenhum? É uma luta diária e as vezes é difícil levantar da cama por medo de me decepcionar comigo mesmo ao longo do dia. Anônimo


Sabe quando você começa a encarar sua vida como últimos suspiros? É, eu me sinto assim. Há dias em que o sol, o céu, os abraços, os sorrisos me retomam a esperança. Mas nem todos eles são assim. É como se eu estivesse num palco. E de repente as luzes começam a se apagar e o público deixa o auditório. E então, as cortinas se fecham. E o maior problema é que o vazio continua aqui. Aquele vazio que eu conheço bem. É tão vazio que sinto um eco na boca do estômago. Eu sinto que mais incomodo do que colaboro. Sinto que sou um amigo por conveniência em muitos casos. É como se meu alimento fosse o vento. Sem cor, sem textura, sem sabor e frio. As cortinas parecem estar se fechando, eu sei. E o mais foda é que sei o que me aguarda depois. Porque eu sou aquele cara que se enche do vazio, abre a boca pra dizer que está satisfeito, mas continua faminto, desnutrido. Eu realmente sinto que meu tempo parece estar acabando. E as vezes tudo o que quero é acelerar esse processo. Tento me lembrar que apesar de não ser tão forte, habita em mim A esperança de que dias melhores ainda virão. E mesmo com um sentimento amargo de derrota que me desperta todos os dias, eu ainda estou aqui, por algum propósito. A luta contra mim mesmo é diária. E tudo que preciso lembrar é do quanto sou capaz de encerrar a luta dizendo “mais uma vez, você (o você de verdade) venceu!” Eu ainda estou aqui. Eu preciso me lembrar , “eu ainda estou aqui”... Anônimo


Olá! meu nome e Camila, tenho 17 anos e desde um tempo pra cá eu não tenho mas vontade de viver. Se isso e da boca pra fora? COM CERTEZA NAO É. Bom comecei com os cortes em 25/06/2017 no dia do meu aniversário eu já estava farta da vida mesmo, já estava cansada de todo mundo me pisar, de sempre ser insultada sem ao menos ter feito nada. Estava cansada da minha mãe me humilhar, estava cansada da minha prima me julgar pelo que eu era, estava cansada de ouvir preconceitos por ser lésbica, estava me odiando, me sentindo feia, gorda horrível... Enfim. Desde meu primeiro corte eu não conseguir parar mais, mas cada corte é uma aliviada para mim. Eu me sinto bem melhor, mas minha vida se tornou um tédio, não sei nem mais o que faço pra sorrir de novo, mas sorrir de verdade não de mentira para poupar explicações. Bom espero não me matar de verdade, mas para mim a vida não tem mais cor, não sei mais para onde meu arco-íris foi. Bom essa sou eu, com várias marcas, magoas ,mas cada uma delas carrega uma “pessoa que me magoou ‘’ então... Essa sou eu. Camila, 17 anos


Tudo começou quando me assumi um bruxo, desde de então, fui bombardeado com algumas falácias que falaram que era coisa do diabo, que o inferno era meu lugar. Isso explícita a falta de conhecimento da austeridade, sendo que algumas pessoas tenham crenças diferentes da dominante na nossa cultura atual. No meu caso, a intolerância se deu de forma da religião, não que eu não tenha sofrido outros tipos de intolerância como a da orientação sexual e racial. Sobretudo entre essas a pior é a religiosa, pois ataca diretamente a cultura de um povo, de um lugar ou de uma raça inteira. Historicamente pode-se citar a lei que “libera o culto à religião diferente” pelo o imperador, na época que o Brasil estava caminhando para se fazer república. Portanto é inegável a existência de intolerâncias e ainda mais a religiosa, que por maioria é sofrida por negros, cultuadores de religiões afrodescendentes. Enfim, religião significa “religare”, que é por certo ligação ao divino e se esse divino for amor, não podemos tratar todos que a ele querem se ligar com ódio e nem muito mesmo aculturação. Anônimo


Claramente eu não sei o que está acontecendo comigo, as coisas estão confusas, olho para o alto eu não enxergo solução, parece que nunca irei viver tranquila, acho que a única forma de me tranquilizar e tranquilizar minha alma é partindo para sempre. Não acho justo a forma que sofremos mas sei que é justo e necessário. As coisas que realmente parecem normais e certas mudam e se tornam confusas e sem solução. Como é possível gostar de viver em meio a tanto caos? Como é possível gostar de duas pessoas? Certamente uma delas eu não goste. Mas porque eu não consigo diferenciar? Porque tudo pra mim parece confuso e sem solução? Porque sou tão confusa? Porque? Porque? Eu não encontro solução. Será que aquilo que é impossível pode ser possível? Porque não consigo ser eu mesma? Acho que não sei o que é amar, como amar, faz tempo que eu não sei o significado ou o sentido desta palavra, andando pela rua vejo casais felizes que se amam porque não consigo viver o mesmo? Porque? Porque? Não faz sentido, minha vida, nada nela faz sentido, as pessoas pra mim não fazem sentido, porque nada faz sentido, porque? Porque estou gostando de alguém que talvez nem vai sentir o mesmo, porque? Não faz sentido algum, não; não; não faz. Porque eu não decido minha própria vida? Gostaria de poder reinicia-la, de poder fazer tudo outra vez, mas sei que se isso acontecer vou errar de novo e de novo, todas as vezes em que eu reinicia-la, eu errarei. Sou um péssimo ser humano, só magoo as pessoas a minha volta, só destruo sonhos, apago esperanças e crio conflitos, sou uma bomba atómica prestes a explodir e destruir tudo a sua volta ,porque sou assim? LIXO, LIXO. Só me resta me afastar de todos ficar trancafiada em um local onde só eu possa ficar, eu e minha humilde xícara de café extremamente amargo, esperando o momento em que irei explodir, ou até meu próprio fim. Anônimo


Por que tanta urgência pela felicidade Acho um desperdício de vida em como a gente sempre se prontifica em diminuir o outro em questão de segundos e também o quanto deixamos o nosso ego ferir e magoar e normalmente nos falamos do que sentimos mas não falamos do que oferecemos para as pessoas a gente silencia a vivência do outros muitas vezes de forma cruel e sem perceber. É impressionante a repreensão que sofro quando decido fazer algo novo e alguém me diz que devo ter um foco, a pessoa acha que está ajudando e isso me causa um estresse generalizado porque infelizmente como todo mundo, temos sempre tem mania de dar ouvidos a quem não está vivendo na nossa pele, penso que se eu quiser posso ser a pessoa mais rica que existe, mas me conheço o suficiente pra saber que correr atrás de dinheiro não me deixa feliz embora o dinheiro proporcione experiências que trazem felicidade. Minha mãe me incentiva a conseguir um emprego, ganhar um salário normal e depois procurar fazer o que eu gosto, ela diz que eu que fazendo o que posso agora no futuro vou fazer o que eu quero e ser feliz mas, todo dia me vem o mesmo questionamento que vez ou outra desperta o meu estresse, “Eu não quero fazer o que eu posso, será então que posso fazer o que eu quero?”, parece confuso, mas a vida é uma só minha gente e eu não posso deixar de ser feliz fazendo o que gosto agora pra ser daqui a 4 ou 10 anos. Mais impressionante do que a rapidez com que pessoas próximas me desestimulam, é a forma como outras me apoiam e não acreditam nelas mesmas, assim como aprendemos desde cedo que pensar em si mesmo é muitas vezes egoísmo, desejamos todo o bem pro outro e esquecemos de nós mesmos, vivemos competindo e comparando inconscientemente nossos padrões com os dos outros, e como é complicado me fazer acreditar todos os dias que minha existência que não movimenta essa máquina do capitalismo, não é inútil, e que o fato de eu estar vivendo fazendo o que quero pelo menos por enquanto é uma sorte acompanhada de uma grande determinação. Se eu parar pra pensar não é nada que eu não tenho ainda que vai me fazer feliz, essa eterna busca por pedaços de papel não me fazem melhor e não vão me levar onde quero chegar. Acho que quem eu era a três anos atrás que foi quando tive minha primeira crise de estresse, não é pior nem melhor do que sou hoje, mas de fato hoje eu consigo perceber o quanto batalhei pra ser quem eu sou e que o meu futuro vai ser de fato o que eu decidir dele e não o que acham que ele deve ser. Anônimo


Bom Primeiro de tudo veio a Ansiedade que foi puxando todo o resto. Quando eu tinha 9 anos percebi que eu era uma criança um pouco diferente, de modo que eu considerava não encaixar na sociedade. Tinha problemas para dormir, insônia, pesadelos noturnos e achava que as pessoas olhavam de mais para mim com um olhar crítico, nessa idade começou o bullying, os garotos e garotas da minha escola me “zuavam” por ser negra e pela falha no meu dente, todos diziam que eu era esquisita por que nunca tirava a blusa de frio, me esnobavam, me humilhavam e me batiam. Foi quando começou o abuso sexual e psicológico. Cada vez mais fui ficando depressiva e ano depois meu pai cometeu suicídio, e isso me afetou bastante, com o bullying, depressão eu fiquei cada vez mais desmotivada, e pensava no suicídio como meio de escape porém após tentativas mal sucedidas desisti. Aos 13 anos decidi, já totalmente depressiva, procurei ajuda e fiz tratamento porém nada adiantou, a ansiedade e a pressão pra ser uma pessoa “normal” me abalava. Depois de tanto sofrer em silêncio renunciei a tudo que acontecia comigo e resolvi buscar um meio de superação, mesmo sendo difícil, hoje em dia melhorei meus traumas, obviamente não esqueci nada do que aconteceu, não esqueci as surras, os abusos e as violações que vivi, mas hoje em dia consigo lidar com isso e suicídio e auto mutilação não fazem mais parte da minha história. Aos 17 anos, hoje me considero bem e não me ofendo com as críticas, olhares, ofensas... Apenas sigo em frente... Essa é a minha história Jaciele Pereira, 17 anos


Olá Gostaria de falar um pouco sobre os transtornos mentais. Eles estão mais presentes em nossa sociedade do que pensamos, pessoas travam no seu dia a dia verdadeiras batalhas, porque além do seus distúrbios, uma luta contra o preconceito e a falta de preparo para algumas doenças mentais. Há três anos minha família e eu fomos apresentados a esquizofrenia não imaginava que pudesse ser tão difícil garantir para uma pessoa um tratamento digno porque a falta de preparo vem do próprio sistema de saúde, enfrentamos muito preconceito e descaso, tivemos q recorrer da justiça um tratamento digno para meu irmão através de denúncia nos direitos humanos, só assim ele pode receber um acompanhamento e um tratamento através do CERSAM, ainda hoje, as pessoas com algum tipo de transtorno mental são marginalizadas, por esse motivo algumas pessoas acabam se refugiando na bebida e nas drogas. Magda Cristina, 43 anos


Se essa fosse uma carta de despedida, o que eu diria? E como seria a reação de quem a tivesse lido? Bom, eu diria sobre meus pais. Pediria perdão por não ter sido o filho que eles sonharam. Pediria perdão por não ter dado a eles a chance de descansarem depois de uma vida de trabalho, fazendo o que mais gostam e sendo cuidados por mim. Pediria perdão por não ter falado pra eles sobre ser bissexual. Pediria perdão por não honrar as palavras da minha mãe que sempre me disse pra desfrutar de uma vida sexual com uma pessoa só e dentro do casamento. Eu diria para as pessoas que passaram a mão e mim na infância (no modo mais simples das palavras pra não dizer que foi mais profundo que isso): “obrigado” por retirarem a minha inocência cedo demais. Por terem despertado em mim um interesse que eu peço a Deus todo dia pra não ter. Aos “amigos” que fiz questão mas que me trataram como mais um: Obrigado por fazerem eu me sentir o pior de todos os lixos. Obrigado por zuarem as minhas bads, por não me entenderem, não compreender meu modo intenso de viver e amar vocês, obrigado por me fazerem virar pro canto e desejar que o sono venha pra esquecer as palavras que ouvi ou li de vocês. Obrigado por me responderem como o “mais um”. Talvez, vocês são os principais motivos dessa carta. E mesmo vocês tendo sido tão errôneos, prefiro deixá-los no anonimato pra que não pese em vocês a culpa da minha história ter acabado tão cedo. Aos meus amigos: Vocês dois, são a razão de saber que alguma coisa aqui valeu a pena. Obrigado por tudo o que fizeram e por não desistirem mesmo quando eu não tinha nada de motivação. Obrigado por terem sido os autores dos meus melhores sorrisos, pelo amor que eu senti em cada abraço dado, em cada mensagem ou atitude, pelos momentos bons e ruins que nunca voltarão, mas que nos uniram. Por cada lágrima derramada de tanto amar vocês. A vida valeu a pena por causa de vocês que nunca “estiveram amigos”, mas são amigos. Aos meus irmãos: Adorava quando nos reuníamos e surgiam os, melhores assuntos. A nossa infância foi maravilhosa. Eu amo o sorriso de vocês e o modo como encaram a vida. Os filhos que conquistaram e toda a história que escreveram. Poucas palavras não definem tamanha gratidão a vocês.


Em especial a minha mãe: Mãe você foi a sustentação da minha vida. Não chore, não se desespere com uma perda. Você me ganhou, não perdeu. Eu estarei sempre aqui. E aí dentro de você. Porque pra uma mãe, um filho nunca morre. Eu estarei sempre aqui. E a Deus: Senhor, você é a pessoa, à quem mais tentei amar. Da forma errada talvez, mas tentei. Me perdoe por não ter vivido a história que você tinha pra mim, pois com certeza era melhor do que a que eu escrevi. Obrigado por todas as experiências como Seu filho e por todas as vezes que acreditei que o Senhor falou comigo. O Seu amor existe. Não me despeço pela falta dele, mas por ter feito o oposto do que um caminho de amor permite. E se mais alguém ler essa carta, não acredite como eu que a vida acabou. Todo dia é dia de recomeçar e tentar de novo. Seja feliz! Apenas seja! Obrigado vida, pela experiência. Não tão boa, mas suficiente pra chegar onde cheguei... Anônimo


É mais um desabafo, sobre uma mistura de ansiedade e tristeza que direto tomam conta de mim, assunto ao qual eu evito falar. Quase todos os dias sinto um misto de tristeza e ansiedade, difícil de explicar, as pessoas a minha volta não percebem nada porque eu não deixo isso transparecer. Não é fácil sorrir o tempo todo quando se tem vontade de chorar, talvez isso seja até mesmo para me enganar, para que eu acabe acreditando que estou bem e nessa “felicidade” que muitos dizem. Eu me sinto sozinha, feia, perdida em meio a tantos pensamentos, tem dias que nem quero sair de casa, sempre tive muita vergonha, acho que o problema deve ser eu, as vezes penso que só atrapalho a vida da minha família, que ninguém gosta e se importa comigo de verdade, talvez seja isso, que eu tenha nascido para ficar só. A minha vida parece sempre estar indo pra trás ao invés de ir pra frente, sinto que nunca vou conquistar as coisas que quero, muitas vezes já pensei em sumir, fiquei tão “mal” uma vez que não dormia, passava minhas noites e madrugadas acordada e chorando, somente com meus pensamentos. Já pensei várias vezes em fazer alguma besteira, mas comecei a pensar que seria egoísmo da minha parte, falta de maturidade. Aprendi a não confiar tanto nas pessoas e estou aprendendo a não esperar tanto das mesmas, foram tantas decepções, e assim vou vivendo e convivendo com essas “crises” que vem e vão do nada, guardando tudo isso, a sensação é que vai virando uma bola de neve, me atrapalha tanto, é muita pressão da sociedade também, deve ser a tal da “crise dos 20” e olha que nem cheguei lá, mas é isso, a gente finge que está feliz, cria sorrisos e uma outra pessoa, na maioria das vezes. Apesar disso tudo, tenho amigos e uma família que são especiais e me amam, mesmo que eu pense tudo o que eu disse acima, eles sempre estão perto, além disso, tenho Deus como melhor amigo. Thainara Cristina, 19 anos


Esse foi um compartilhamento de um pouco da história de algumas pessoas. O objetivo desse compartilhamento é mostrar essa realidade, que apesar de parecermos bem por fora muitos de nós sofremos por dentro e muitas vezes não encontramos a solidariedade em nossa volta. Pudemos perceber vários casos de depressão, ansiedade, bullying, preconceitos, traumas, etc. doenças sérias, reais, que podem matar e está muito presente na nossa sociedade hoje em dia e devemos dar mais atenção à isso. Espero que de alguma forma, essa publicação ajude a conscientizar as pessoas a tratarem esses assuntos com seriedade e ajudar quem precisa. O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone (188, ligação gratuita), email e chat 24 horas todos os dias. Apresento os meus sinceros agradecimentos a todos que contribuíram para a realização dessa publicação e apoiaram a ideia. Contato: actudobem@gmail.com Projeto Editorial: Amanda Cristina






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