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Começo do fim

Marília Carreiro Fernandes

Marta herdou a fazenda do seu pai. Dedicou-se às terras, do jeito que sempre quis, liderando e direcionando o trabalho para a pecuária. Justino auxiliava-a, mas no começo, ficava mais aqui do que em Minas. Criamos uma parceria com relação à produção e distribuição de carnes, já que estávamos bem próximos e nossos interesses eram parecidos.

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Com a morte de seu irmão vingada, Justino decidiu que a pistolagem poderia ser uma segunda opção em sua vida e se mudou de vez para Minas Gerais, para gerir sua fazenda e cuidar de sua nova família, para a lástima de Francisco. Este, por sua vez, ficou perdido, sem parceiro e sem controle.

Francisco resolveu trabalhar sozinho. Sempre levava seu revólver e algumas munições extras em um bornal, aonde quer que fosse. Fazia muito tempo que não matava ninguém. Estava aparentemente perturbado. Justino, que com a notícia da gravidez de Marta resolveu abandonar tudo e direcionar sua vida para sua família, deixou indiretamente para Francisco a tarefa de continuar a vida de pistolagem. Repassou para ele uma boa quantia em dinheiro, como pagamento das duas últimas encomendas e o menino se resignou.

Permito-me dedicar os finais dessa memória à Francisco, já que todos estavam resolvidos: Antônio, dona Ana e seus meninos estavam bem, com suas vidas tranquilas. Justino se casou e mudou para Minas, deixando

tudo – inclusive Consuelo – por aqui. E eu sempre vivi na fazenda, então não há nada além do que já está escrito. Francisco, com o tempo, passou a ser conhecido por todo o norte do estado. Varria vidas em qualquer lugar que estivesse. São Félix, Monte Verde e seus distritos não eram páreo para o garoto, que se transformou num verdadeiro furacão com balas. Fazia justiça para todos, mas se especializou em ajudar políticos, dando cobertura aos governantes do interior. Tornou-se cruel: sentia prazer em matar e não escondia isso de ninguém.