Você no Mundo, Projetos Integradores - Linguagens, códigos e suas Tecnologias

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projetos integradores MANUAL DO PROFESSOR

LINGUAGENS Tecnologias

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THIAGO B. MENDES ADRIANA VALÉRIA S. DINIZ DANIEL S. MORAIS DÉBORA FABIANNE DA S. FREIRE DJAMERE DE S. B. LEITE JEANE F. DA SILVA MARIANA L. DE OLIVEIRA PRISCILA DOS S. F. DIAS



projetos integradores LINGUAGENS Tecnologias MANUAL DO PROFESSOR THIAGO BARROS MENDES

Mestre em Linguística pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística e Graduado em Letras pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Possui experiência na área de Linguística, com ênfase em Semântica (cognitiva) e Pragmática, e atuou como professor de Língua Portuguesa / Produção Textual.

ADRIANA VALÉRIA SANTOS DINIZ

Doutora em Educação pela Universidade de Valência (Espanha) e Pedagoga pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Professora e pesquisadora da Educação Superior na graduação e na pós-graduação no Centro de Educação da UFPB e atuou na educação básica por mais de dez anos como professora, técnica, Secretária de Educação e Conselheira nos estados da Paraíba e Rio Grande do Norte.

DANIEL SOUSA MORAIS

Mestre em Linguística pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística e Graduado em Letras - Inglês pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Possui experiência como professor de Língua Inglesa em diversos contextos de ensino (ensino regular, cursos preparatórios para exames, cursos livres, ESP, ESL etc.).

DÉBORA FABIANNE DA SILVA FREIRE

Mestre em Jornalismo pelo Programa de Pós-Graduação em Jornalismo e Graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Possui experiência profissional na área de Comunicação, com ênfase em TV, Rádio e Assessoria de Comunicação.

DJAMERE DE SOUSA BRAGA LEITE

Mestre em Direitos Humanos, Políticas Públicas e Cidadania e Graduada em Serviço Social pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Bacharela em Direito pelo Instituto de Educação Superior da Paraíba (IESP). Tecnóloga em Gestão de Recursos Humanos pela Universidade Norte do Paraná (UNOPAR). Instrutora do Curso de Mediação Comunitária pela Escola Superior de Magistratura. Presidente da Comissão de Justiça Restaurativa da OAB/PB e Professora Universitária de Mediação, Arbitragem, Justiça Restaurativa e Ciência Política.

JEANE FÉLIX DA SILVA

Pós-doutorado e Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Educação e Pedagoga pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Professora Adjunta vinculada ao Departamento de Habilitações Pedagógicas e ao Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPB. Atuou na vice-coordenação do Curso de Pedagogia presencial na UFPB. Possui experiência nas áreas de Educação e Educação em Saúde.

MARIANA LINS DE OLIVEIRA

Doutora e Mestre em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Professora do Departamento de Psicopedagogia e do Mestrado Profissional em Políticas, Gestão e Avaliação da Educação Superior da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Possui experiência na área de Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: política educacional, políticas públicas do ensino superior e políticas de juventude.

PRISCILA DOS SANTOS FERREIRA DIAS

Mestre em Educação e Graduada em Educação Física pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Pedagoga pela Faculdade do Vale do Jaguaribe. Gestora em Tecnologia Educacional e possui larga experiência em Políticas Públicas, Legislação e Gestão Escolar no setor público. Desenvolve atividade como Designer Instrucional (DI) de EaD (E-learning e blended learning) e soluções para processos educativos em dispositivos móveis. João Pessoa, 1ª Edição / 2020


Copyright © 2020 Título original da obra: Você no Mundo: Projetos Integradores Linguagens e suas Tecnologias Manual do Professor 1ª edição / João Pessoa, 2020

MVC EDITORA Av. Esperança, 535 Manaíra - CEP 58038-280 João Pessoa - PB - Brasil CNPJ: 02.425.822/0001-40 Inscrição Estadual: 16.120.837-1 Fone: (83) 4141.0549 comercial@mvceditora.com.br

Edição e produção gráfica Daniella Alves Preparação e revisão Luísa Félix Projeto Gráfico Caio Lopes Felipe Headley Lindon Johnson Diagramação Gilberto Melo Lindon Johnson Renato Rodrigues Lucas Campos Iconografia Anderson Figueiredo Banco de imagens Shutterstock

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Você no mundo: projetos integradores: linguagens e suas tecnologias: manual do professor / 1 ed. -- João Pessoa: MVC Editora, 2020. Vários autores. ISBN 978-65-990203-2-2 1. Linguagens e suas tecnologias (Ensino médio) 20-33995

CDD-373.19

Índices para catálogo sistemático: 1. Ensino integrado: Livros-texto: Ensino Médio 373.19 Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964

Na tentativa de cumprir todas as regulamentações determinadas pela legislação, realizamos todos os esforços para localizar os detentores dos direitos das imagens e textos contidos nesta obra. No entanto, caso tenha havido alguma omissão involuntária, a MVC Editora se compromete em corrigi-la na primeira oportunidade. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida sem a permissão por escrito da editora.


PREZADO(A) ESTUDANTE Com entusiasmo, colocamos em suas mãos este livro. Ele está voltado especialmente para você, estudante do Ensino Médio, e tem como objetivo promover uma nova forma de aprender os saberes escolares, de maneira interdisciplinar, integrando diferentes campos científicos, sistematizado na área de conhecimento Linguagens e suas tecnologias, de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O livro está organizado sob a forma de projetos, que relacionam aspectos práticos e concretos dos conhecimentos escolares a temas da sua vida cotidiana. A cada novo Projeto será desenvolvido um Produto final que irá influenciar positivamente a sua escola e a sua comunidade. Com este livro, a sala de aula se transforma em uma comunidade de aprendizagens, em um lugar de produção, organização, uso e comunicação de conhecimentos, por meio do aprendizado experimental, da solução de problemas e de processos criativos. Espera-se que o livro possa contribuir para a promoção do acesso ao conhecimento, de forma prazerosa, contextualizada e integradora, assegurando os meios para que você possa se apropriar dos conceitos científicos, desenvolvendo um pensamento autônomo e, por meio deles, contribuir com sua comunidade e compreender melhor a vida em sociedade. Integre-se! Argumente! Debata! Invente! Crie! Posicione-se!


Vamos começar conversando sobre o significado do que é um projeto. Trata-se de um esforço realizado durante um tempo determinado, ou seja, com início e fim predefinidos, com o objetivo de criar um produto, realizar um serviço ou se obter um determinado resultado. O projeto não é o produto final. Pode-se dizer que ele é o caminho para se atingir um objetivo, para se chegar à execução do produto final. As atividades que estão sendo propostas, como uma nova maneira de estudar e aprender, se apresentam em forma de projeto, que tem objetivos definidos, um tempo de realização e a proposição de um produto final. No nosso caso, o projeto, como um esforço temporário, difere daquilo que é cotidiano e rotineiro, que é a atividade da sala de aula. Você tem as aulas do dia a dia da escola e, em momentos específicos, desenvolve o projeto. Ele está voltado para criar um produto final, fruto de estudos e pesquisas, sendo o seu resultado considerado único. Isso requer envolvimento, estudo, investigação, debate, criação, imaginação, trabalho em grupo, uso das tecnologias, apresentações individuais e coletivas e protagonismo. Sugerimos que o projeto seja desenvolvido em um trimestre, mas serão os alunos, o professor e a direção da escola que definirão, em conjunto, a melhor forma de organizar o tempo necessário para a realização do projeto. Você verá, também, que cada projeto tem objetivos definidos, que se desdobram em etapas e passos, com o intuito de alcançar os resultados esperados. Além disso, este projeto será avaliado por você ao final do seu desenvolvimento. Mas, atenção: apesar de o projeto ter um início e um fim determinados, o resultado extrapola o seu término. Neste caso, o resultado duradouro é a aprendizagem que essa prática irá gerar para você e para todos os seus colegas de turma.

O QUE SÃO PROJETOS INTEGRADORES? Existem diferentes tipos de projetos no âmbito escolar. Os projetos integradores visam a uma forma diferenciada de se estudar, não por disciplinas isoladas, mas por uma organização interdisciplinar de diferentes componentes curriculares, por meio do seu envolvimento, sob a orientação do professor, tendo por objetivo a aprendizagem de conceitos e o desenvolvimento de competências e habilidades. Os projetos integradores caracterizam-se pelo desenvolvimento de componentes curriculares que se relacionam com temas integradores. Isso permite um novo tipo de abordagem de conteúdos, o que foge ao sistema tradicional de ensino. Nas aulas em que o conhecimento é transmitido pelo professor, o estudante, de uma forma geralmente mais passiva, pode assimilar com certa dificuldade os conteúdos. Mas quando se fala de integração entre as disciplinas e os temas integradores, estamos diante de uma abertura para uma aprendizagem diferenciada, mais perto da realidade de sua vida de estudante. Os projetos integradores buscam também interligar as aprendizagens com temas de interesse para a sua vida de estudante, como, por exemplo as mídias digitais. Além de integrar os diferentes componentes curriculares, busca-se integrar, ainda, os conhecimentos com a realidade do lugar onde você mora, trabalhando, com seu grupo, para a comunidade, o que permite atrair


a presença dela na escola. Isso contextualiza os conteúdos dos componentes curriculares, o que ajuda a dar mais sentido ao que se estuda. Nessa nova visão, cada projeto integrador parte de uma situação geradora, sendo justificada a sua relevância para a sua formação. Amplie seu conhecimento sobre o tema, por meio de estudos e pesquisas. A partir daí, tente desenhar uma intervenção para resolver os problemas propostos. Tudo isso será sistematizado por você e seus colegas, com o apoio do professor, ao longo do desenvolvimento do projeto e levado à comunidade. É uma estratégia de aprendizagem colaborativa. Os temas integradores sob os quais os projetos deste livro estão organizados são:

STEAM Uma abordagem educacional que adota a Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática (do inglês Science, Technology, Engeneering, Arts, Mathematics) como pontos de acesso para orientar o diálogo, a pesquisa e o pensamento crítico, traduzido no projeto. Isso significa fazer uso da ciência e da tecnologia como meio apropriado para o estudo das relações existentes, por exemplo, na vida de sua comunidade, de sua cidade.

MIDIAEDUCAÇÃO Este é um tema de extrema atualidade, pela presença cada vez mais frequente das tecnologias da informação na vida das pessoas. É importante que você conheça e use as mais diversas mídias, impressas, faladas ou digitais, fazendo do seu uso um meio de crescer em conhecimentos, divulgando as suas aprendizagens e se preparando para o mundo do trabalho, cada vez mais complexo e dependente do conhecimento e do uso das mídias, especialmente as digitais.

PROTAGONISMO JUVENIL Outro tema integrador é o protagonismo, que diz respeito diretamente a você, que se torna o centro de todas as práticas, considerando o seu desempenho pessoal no processo de aprendizagem, tornando a escola um lugar de acolhida aos estudantes, em suas singularidades e pluralidades, ao tempo em que contribui de forma decisiva para a melhoria da escola e da comunidade em que você mora, ao dialogar e agir com ela.

MEDIAÇÃO DE CONFLITOS Tema presente no dia a dia da sua escola, da sua turma, de modo mais específico. São comuns as divergências de opiniões e até contribuem para o aprofundamento dos saberes. Acontece que não raras vezes as divergências se transformam em problemas de relacionamento, chegando ao nível do conflito, ou mesmo da violência. Faz-se necessário, então, que as partes envolvidas busquem, através do diálogo, a causa do desentendimento, os eventuais interesses que estão por trás da discordância. Os resultados positivos provindos desses procedimentos, reforçam o protagonismo dos estudantes.

EMPREENDEDORISMO JUVENIL Visa fomentar a cultura empreendedora entre os jovens, por meio de práticas de aprendizagens que considerem o seu protagonismo no desenvolvimento de competências necessárias ao mundo do trabalho, relacionadas às múltiplas linguagens, às tecnologias digitais e à capacidade de argumentação e tomada de decisões. Levando-se em conta o cenário de incertezas no que se refere ao emprego, trata-se de reconhecer o empreendedorismo como uma alternativa para a qualificação juvenil, ajudando-os a conceber e gerir o seu próprio negócio.


A Base Nacional Comum Curricular- BNCC é o documento legal que define o conjunto das aprendizagens essenciais que todos os estudantes devem desenvolver ao longo da educação básica, como forma de assegurar seus direitos de aprendizagem e de desenvolvimento, visando à sua formação humana integral e à construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. A BNCC, no que diz respeito ao Ensino Médio, foi debatida e aprovada pelo Conselho Nacional de Educação e homologada pelo Ministério da Educação no mês de dezembro de 2018. O intuito é que você e seus colegas desenvolvam as dez (10) competências gerais previstas na BNCC e uma série de competências específicas relativas à área de conhecimento trabalhada, assim como as habilidades.

Competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. Para garantir o desenvolvimento das competências, cada componente curricular apresenta um conjunto de habilidades. A habilidade expressa aprendizagens essenciais que devem ser asseguradas nos diferentes contextos escolares e está relacionada a diferentes objetos de conhecimento - que são os conteúdos, conceitos e processos, visando à formação integral dos estudantes (BNCC, 2018).

A seguir, conheça cada uma das Competências Gerais para o Ensino Médio, bem como as competências específicas e as habilidades da área de Linguagens e suas Tecnologias. A competência 7 está prevista para ser trabalhada em todos os Projetos, pois ela tem o objetivo amplo de fazer com que você adquira a aptidão de saber argumentar de forma confiável, defendendo e promovendo os direitos humanos, a consciência socioambiental, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.


COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA PARA O ENSINO MÉDIO

1

Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.

2

Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.

3 4

Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.

5

Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

6

Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

7

Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

8

Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.

9

Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.

10

Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.


COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS E HABILIDADES DA ÁREA DE LINGUAGENS COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 1 Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos nos diferentes campos de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo. (EM13LGG101) Compreender e analisar processos de produção e circulação de discursos, nas diferentes linguagens, para fazer escolhas fundamentadas em função de interesses pessoais e coletivos. (EM13LGG102) Analisar visões de mundo, conflitos de interesse, preconceitos e ideologias presentes nos discursos veiculados nas diferentes mídias, ampliando suas possibilidades de explicação, interpretação e intervenção crítica da/na realidade. (EM13LGG103) Analisar o funcionamento das linguagens, para interpretar e produzir criticamente discur-

sos em textos de diversas semioses (visuais, verbais, sonoras, gestuais). (EM13LGG104) Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos, para a compreensão e produção de textos e discursos em diversos campos de atuação social. (EM13LGG105) Analisar e experimentar diversos processos de remidiação de produções multissemióticas, multimídia e transmídia, desenvolvendo diferentes modos de participação e intervenção social.

COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 2 Compreender os processos identitários, conflitos e relações de poder que permeiam as práticas sociais de linguagem, respeitando as diversidades e a pluralidade de ideias e posições, e atuar socialmente com base em princípios e valores assentados na democracia, na igualdade e nos Direitos Humanos, exercitando o autoconhecimento, a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, e combatendo preconceitos de qualquer natureza. (EM13LGG201) Utilizar as diversas linguagens (artísticas, corporais e verbais) em diferentes contextos, valorizando-as como fenômeno social, cultural, histórico, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso. (EM13LGG202) Analisar interesses, relações de poder e perspectivas de mundo nos discursos das diversas práticas de linguagem (artísticas, corporais e verbais), compreendendo criticamente o modo como circulam, constituem-se e (re)produzem significação e ideologias.

(EM13LGG203) Analisar os diálogos e os processos de disputa por legitimidade nas práticas de linguagem e em suas produções (artísticas, corporais e verbais). (EM13LGG204) Dialogar e produzir entendimento mútuo, nas diversas linguagens (artísticas, corporais e verbais), com vistas ao interesse comum pautado em princípios e valores de equidade assentados na democracia e nos Direitos Humanos.

COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 3 Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) para exercer, com autonomia e colaboração, protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética e solidária, defendendo pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos Humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável, em âmbito local, regional e global. (EM13LGG303) Debater questões polêmicas de relevância social, analisando diferentes argumentos e opiniões, para formular, negociar e sustentar posições, frente à análise de perspectivas distintas. (EM13LGG304) Formular propostas, intervir e tomar decisões que levem em conta o bem comum e os Direitos Humanos, a consciência socioambiental e o consumo

responsável em âmbito local, regional e global. (EM13LGG305) Mapear e criar, por meio de práticas de linguagem, possibilidades de atuação social, política, artística e cultural para enfrentar desafios contemporâneos, discutindo princípios e objetivos dessa atuação de maneira crítica, criativa, solidária e ética.


COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 4 Compreender as línguas como fenômeno (geo)político, histórico, cultural, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso, reconhecendo suas variedades e vivenciando-as como formas de expressões identitárias, pessoais e coletivas, bem como agindo no enfrentamento de preconceitos de qualquer natureza. (EM13LGG401) Analisar criticamente textos de modo a compreender e caracterizar as línguas como fenômeno (geo)político, histórico, social, cultural, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso. (EM13LGG402) Empregar, nas interações sociais, a variedade e o estilo de língua adequados à situação comunicativa, ao(s) interlocutor(es) e ao gênero do

discurso, respeitando os usos das línguas por esse(s) interlocutor(es) e sem preconceito linguístico. (EM13LGG403) Fazer uso do inglês como língua de comunicação global, levando em conta a multiplicidade e variedade de usos, usuários e funções dessa língua no mundo contemporâneo.

COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 5 Compreender os processos de produção e negociação de sentidos nas práticas corporais, reconhecendo-as e vivenciando-as como formas de expressão de valores e identidades, em uma perspectiva democrática e de respeito à diversidade. (EM13LGG501) Selecionar e utilizar movimentos corporais de forma consciente e intencional para interagir socialmente em práticas corporais, de modo a estabelecer relações construtivas, empáticas, éticas e de respeito às diferenças. (EM13LGG502) Analisar criticamente preconceitos, estereótipos e relações de poder presentes nas prá-

ticas corporais, adotando posicionamento contrário a qualquer manifestação de injustiça e desrespeito a direitos humanos e valores democráticos. (EM13LGG503) Vivenciar práticas corporais e significá-las em seu projeto de vida, como forma de autoconhecimento, autocuidado com o corpo e com a saúde, socialização e entretenimento.

COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 6 Apreciar esteticamente as mais diversas produções artísticas e culturais, considerando suas características locais, regionais e globais, e mobilizar seus conhecimentos sobre as linguagens artísticas para dar significado e (re)construir produções autorais individuais e coletivas, exercendo protagonismo de maneira crítica e criativa, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas. (EM13LGG603) Expressar-se e atuar em processos de criação autorais individuais e coletivos nas diferentes linguagens artísticas (artes visuais, audiovisual, dança, música e teatro) e nas intersecções entre elas, recorrendo a referências estéticas e culturais, conhecimentos de naturezas diversas (artísticos, históricos, sociais e políti-

cos) e experiências individuais e coletivas. (EM13LGG604) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política e econômica e identificar o processo de construção histórica dessas práticas.

COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 7 Mobilizar práticas de linguagem no universo digital, considerando as dimensões técnicas, críticas, criativas, éticas e estéticas, para expandir as formas de produzir sentidos, de engajar-se em práticas autorais e coletivas, e de aprender a aprender nos campos da ciência, cultura, trabalho, informação e vida pessoal e coletiva. (EM13LGG701) Explorar tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC), compreendendo seus princípios e funcionalidades, e utilizá-las de modo ético, criativo, responsável e adequado a práticas de linguagem em diferentes contextos.

são e produção de discursos em ambiente digital.

(EM13LGG702) Avaliar o impacto das tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC) na formação do sujeito e em suas práticas sociais, para fazer uso crítico dessa mídia em práticas de seleção, compreen-

(EM13LGG704) Apropriar-se criticamente de processos de pesquisa e busca de informação, por meio de ferramentas e dos novos formatos de produção e distribuição do conhecimento na cultura de rede.

(EM13LGG703) Utilizar diferentes linguagens, mídias e ferramentas digitais em processos de produção coletiva, colaborativa e projetos autorais em ambientes digitais.


Nesta seção, você terá uma noção geral do conteúdo do Projeto, o que será trabalhado e quais impactos terá na sua vida, na comunidade e no ambiente escolar.

Os objetivos apontam as aprendizagens que serão desenvolvidas ao longo do Projeto e que serão demonstradas por intermédio da elaboração do Produto final.

Aqui, você irá encontrar a relação entre os objetivos do Projeto e as Competências Gerais e Competências e Habilidades Específicas da BNCC que serão trabalhadas ao longo do desenvolvimento do Projeto.

Mostra o porquê de trabalhar o tema escolhido e qual a sua função neste Projeto, a fim de que você entenda a importância deste trabalho.

Esta seção, traz a proposta de Produto final para ser realizado por você e seus colegas como forma de apresentar à escola e a comunidade as aprendizagens desenvolvidas ao longo do Projeto.

O Desenvolvimento mostra resumidamente o que vai ser trabalhado em cada Etapa e Passo do Projeto, de maneira que você já inicie a aprendizagem familiarizado com o material e com o que vai ser estudado.

Para o encerramento do Projeto, está prevista a hora da avaliação, quando você e seus colegas irão conversar, discutir e refletir sobre o Projeto executado, a partir das questões apresentadas. Compreende também uma autoavaliação de sua participação no Projeto.


ETAPAS E PASSOS Etapas são as partes do Projeto divididas. Nelas, você vai ter uma ideia geral do que será trabalhando a cada Etapa; já os Passos são divisões dentro das Etapas, como um passo a passo, para que não haja dúvidas sobre o que deverá ser feito em todos os momentos.

vamos REFLETIR! Atividades que farão você refletir, juntamente com seus colegas, a respeito das questões propostas, de modo que aconteçam debates em sala de aula e troca de conhecimento e opiniões.

vamos pesquisar! Questões com atividades de pesquisa, que normalmente serão feitos na companhia de um ou mais colegas de sala.

Curiosidades e dicas de sites para você se aprofundar mais no assunto que está sendo trabalhado, de modo que você conheça e domine ainda mais o tema estudado do Projeto.

REFERÊNCIAS Lista de todas as referências bibliográficas utilizadas pelos autores para a produção deste livro. Incluem, abaixo de cada referência, pequeno resumo sobre a obra.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES Referências sugeridas pelos autores para melhor entendimento do tema, incluindo livros e sites. Incluem, abaixo de cada referência, pequeno resumo sobre a obra.


PROJETO 1

.......

14

21 ETAPA 2 - Produção de novos saberes ................................................................................ 29 ETAPA 1 - Utilizando conhecimentos conceituais sobre arte e mídia ......................

ETAPA 3 - Finalizando o podcast ........................................................................................

40

PROJETO 2

........

44

51 ETAPA 2 - Os discursos das campanhas publicitárias e a produção das peças .. 56 ETAPA 1 - Estudo sobre a condição da mulher na sociedade brasileira ...................

ETAPA 3 - Promoção de uma campanha publicitária de caráter mobilizador, informativo e educativo .............................................................................. 63 PROJETO 3

.......

68

ETAPA 1 - Agências de investigação contra fake news ............................................. ETAPA 2 - Estudo e reflexão em torno do gênero notícia e dos critérios de noticiabilidade .............................................................................................. ETAPA 3 - Criação de plataforma de gestão e análise .............................................

75 78 85


PROJETO 4

...

94

101 ETAPA 2 - Processos empáticos para a boa convivência ........................................... 105 ETAPA 3 - Práticas colaborativas em situações de disputa .................................... 111 ETAPA 1 - Práticas de escuta ativa e diálogo respeitoso .....................................

ETAPA 4 - Produção de carta aberta à comunidade educativa ...............................

118

PROJETO 5

....

124

ETAPA 1 - Estudo sobre o turismo inclusivo no brasil ................................................

131

ETAPA 2 - Estudo sobre os processos de produção e divulgação de atrações turísticas ..........................................................................................................

136

ETAPA 3 - Criando uma agência de turismo e divulgando sua região com inclusão e acessibilidade ........................................................................

143

PROJETO 6

......

148

ETAPA 1 - Mapeamento dos diversos grupos artísticos e culturais existentes .... 155 ETAPA 2 - Estudo sobre a indústria da cultura e seus efeitos na vida cotidiana ....

160

ETAPA 3 - Organização e estruturação do Festival Multicultural ......................

168



Orientações na página 181.

Os seres humanos, ao longo da história, apropriaram-se das artes para expressar seus sentimentos, suas emoções, suas impressões sobre o mundo. A arte faz parte do senso estético do ser humano e a sua expressão é um reflexo da forma com que este traduz as suas vivências. Para isso, são utilizados instrumentos e/ou ferramentas que evoluem ao longo do tempo. Você já atentou para a relação existente entre a arte e a tecnologia? Será que é possível conceber uma sem a outra? Este Projeto possui três objetivos que apontam para uma reflexão sobre o desafio de buscar as respostas para as interrogações propostas. O resultado que se espera é que você se aprofunde na compreensão dos conceitos relativos à Educomunicação e às artes. A associação das artes com as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação, no contexto da abordagem STEAM (do inglês Science, Technology, Engineering, Arts e Mathematics), evidencia, neste Projeto Integrador, o valor da Educomunicação como uma forma de levar para o ambiente escolar conteúdos relevantes para a nossa aprendizagem. A Educomunicação, à primeira vista, parece a junção de duas áreas correlatas, mas na realidade transcende tal referência quando percebemos que está pautada na ação de elaborar e executar formas de conhecimento através das construções que a compõem de forma relacionada na Educação e na Comunicação com o

apoio das mídias digitais. Ela é um conjunto das ações inerentes ao planejamento, implementação e avaliação de processos, programas e produtos destinados a criar e a fortalecer ecossistemas comunicativos em espaços educacionais ou virtuais. Para este Projeto, a Educomunicação se encaixa na construção proposta, pois nela estão presentes a linguagem como forma de comunicação, a tecnologia como forma de construção e as artes como forma de expressão. Assim, pode-se num só contexto desenvolver as habilidades do que é preciso para cumprir os objetivos que serão apresentados. Nesse Projeto, você vivenciará a experiência da Educomunicação mediante o uso das Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação na promoção da linguagem midiática, por meio da produção de Podcasts, para expressar o seu cotidiano sociocultural, em especial aquele relacionado às artes. Para tanto, você criará um Produto Final a partir de temáticas definidas. Com base em uma pesquisa para saber o que as pessoas gostariam de saber sobre as artes. Ao final do projeto, faz-se necessária, ainda, uma avaliação que leve em conta a sua participação efetiva em todos os Passos deste Projeto, incluindo também uma reflexão acerca das ações empreendidas durante seu desenvolvimento.

15


Orientações na página 182.

16

1 2

ão das Empregar conhecimentos conceituais que envolvam a utilizaç oa Linguagens artística e digital, de forma combinada, possibilitand autoria de conteúdos que permitam novas aprendizagens.

3

utiExercitar a criatividade para a elaboração de conteúdos digitais , para lizando as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação segun das estuda áreas nas idos adquir expressar os conhecimentos do a realidade da comunidade escolar.

iliPromover experiências, para a comunidade escolar, que possib rativo, colabo o trabalh do partir a s tem o acesso a conteúdos digitai de respeitando a diversidade e a ética acerca das variadas formas expressão das Linguagens, especificamente das artes.


Orientações na página 182.

Os objetivos deste Projeto estão associados a Competências e Habilidades da Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018), para a área de Linguagens e suas Tecnologias, etapa do Ensino Médio, como você pode ver a seguir:

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC QUE SERÃO TRABALHADAS NO PROJETO COMPETÊNCIAS

COMPETÊNCIAS

GERAIS

ESPECÍFICAS

1

1

2

EM13LGG201 EM13LGG202 EM13LP27

2

2

3

EM13LGG301 EM13LGG304 EM13LP31

3

7

7

EM13LGG701 EM13LGG703 EM13LP28

OBJETIVOS

HABILIDADES

Fonte: elaborada pelos autores com base na BNCC (2018). As competências e habilidades citadas podem ser consultadas por você nas páginas 7 e 8 deste livro.

De acordo com os objetivos deste Projeto, como já posto acima, você terá 6 (seis) competências a serem trabalhadas; 3 Competências Gerais e 3 Competências Específicas, todas elas norteadas pela BNCC do Ensino Médio. O OBJETIVO 1 aponta para a utilização de conhecimentos historicamente construídos, como o conceito de Educomunicação. No primeiro momento do Projeto, os conhecimentos acerca de Educomunicação e de Podcast serão valorizados e utilizados para a construção das bases que darão suporte ao desenvolvimento do trabalho. O OBJETIVO 2 aponta para a promoção de experiências que possibilitem o acesso a conteúdos digitais a partir do trabalho colaborativo. Para isso, será realizada uma pesquisa de campo na comu-

nidade, identificando artistas locais e tratando de questões importantes para a coletividade. É importante exercitar a curiosidade intelectual, pesquisando e refletindo sobre as manifestações artísticas. Assim, você participará de forma ativa levando em conta os contextos de produção dessas expressões. O OBJETIVO 3 direciona você, estudante, ao exercício da criatividade para a elaboração de conteúdos digitais, utilizando as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação. A partir das pesquisas realizadas, você e seus colegas utilizarão as estratégias argumentativas para a defesa de pontos de vista nos áudios que serão produzidos acerca das artes presentes na comunidade, utilizando diversas linguagens e ferramentas digitais em processos de produção coletiva.

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O modo de acessar o entretenimento mudou ao longo dos anos. O surgimento da Internet e sua popularização determinaram os novos comportamentos das pessoas em todo o mundo. Além disso, a produção de conteúdo sob demanda moldou o contexto em que os seres humanos estão inseridos. Atualmente, por exemplo, é possível organizar toda a programação de TV que será consumida em plataformas diversas de streaming. São várias as possibilidades hoje em dia. Esse contexto pode ser favorável às diversas manifestações artísticas da atualidade, uma vez que um dos entraves da sociedade é a questão do acesso à arte em lugares distantes das metrópoles. Neste Projeto, você perceberá o quanto a arte pode ser útil para sua vida e para sua formação. Através dela, você pode ter acesso à história da humanidade, verificando o crescimento do conhecimento humano. A arte nos ajuda a conhecer o desenvolvimento dos povos dos mais diversos recantos, através da pintura, da dança, da música e de outras tantas manifestações. Ela ajuda a compreender melhor os homens e o mundo. No entanto, ainda há uma distância entre o que é produzido e o potencial receptor. Por essas razões, faz-se necessário agir para mudar o cenário. O Podcast pode diminuir a distância entre a arte e o público que não a alcança, por sua indisponibilidade e por ausência de olhos para enxergá-la. As Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação surgem para reparar um problema histórico: o da falta de acesso às diversas manifestações artísticas da contemporaneidade. O Podcast é um programa de rádio produzido sob demanda. Diferentemente do programa de rádio tradicional, ele pode ser ouvido em qualquer espaço e a qualquer momento. Basta dispor de um smartphone, tablet ou qualquer outro equipamento digital para ter acesso a um universo de informações. De modo geral, ele pode ser temático, trazendo debates sobre conteúdos diversos. O público para o qual o programa será produzido poderá acessá-lo em qualquer circunstância: na academia, no trânsito, nas caminhadas, em rodas de conversa, enfim, no cotidiano. Participando deste Projeto, você e seus colegas produzirão um Podcast a partir de pesquisa sobre a manifestação artística presente nos espaços que compõem a comunidade escolar e seu entorno. Para isso, é muito importante seguir atentamente todos os Passos sugeridos pelo Projeto. A proposta é que, juntos, produzam uma notícia, um artigo de opinião e uma entrevista para gerar os dados necessários à realização e divulgação de um Produto Final, excelente e estimulante oportunidade para uma roda de conversa entre artistas locais e escola. Sucesso à equipe!

Orientações na página 183.

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Orientações na página 183.

Ao término do Projeto, ocorrerá o lançamento do canal de Podcasts produzidos por você e seus colegas. Propõe-se que este evento seja divulgado à comunidade escolar, comércio local e vizinhança da escola. Para isso, recomenda-se elaborar cartazes e panfletos, conversar com as pessoas e utilizar as mídias sociais para envolver o maior número possível de potenciais participantes. Que tal convidar a comunidade da escola e a comunidade do seu entorno para que participem também da organização do evento? Durante o momento final, as produções do Projeto Artes em Frequência Digital serão ouvidas. Podem, por exemplo, ser realizados sorteios de brindes, dentre os ouvintes participantes. Os brindes podem ser oriundos de doações da própria comunidade escolar. A criação de um canal será importante para que todos saibam que, com isso, poderão ouvir informações locais e de interesse de todos. Então, a meta é não perder a oportunidade cair e seguir produzindo conteúdos, com planejamento e organização. Lembre-se sempre de convidar pessoas diferentes para participação em entrevistas e debater temas atuais. Siga em frente com sua equipe! O professor estará a seu lado, apoiando-o e orientando-o em todas as etapas do Projeto. Os materiais necessários ao desenvolvimento são: caderno escolar, caderno de produção textual, caneta, lápis e borracha, computador com programa editor de áudio conectado à Internet ou dispositivo móvel (smartphone, tablet) conectado à Internet. Veja com o professor como viabilizar esses materiais.

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Orientações na página 184.

etapa 1 4 PASSOS

etapa 2 4 PASSOS

etapa 3 2 PASSOS

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CONCEITUAÇÃO Na primeira Etapa do Projeto, você será convidado a conhecer e reconhecer conceitos e fundamentos associados à Educomunicação e aos Gêneros Textuais. Com isso, estará em condições de apropriar-se da perspectiva de produção digital do Podcast, o que exigirá o desenvolvimento de pesquisas, diálogos com a comunidade e o exercício da valorização dos artistas locais, com respeito à pluralidade.

PRODUÇÃO DE NOVOS SABERES A segunda Etapa permitirá que os estudos relacionados às artes se transformem em Podcasts, produzidos em equipes – você, seus colegas e colegas de outras equipes –, com a participação da comunidade. Os roteiros serão enfatizados com o vislumbre do Produto final do Projeto. Para isso, será necessário realizar uma pesquisa de campo na comunidade, identificando artistas locais e tratando de questões importantes para a coletividade. O áudio será elaborado a partir da produção da notícia, do artigo de opinião e da entrevista.

FINALIZANDO O PODCAST A terceira Etapa tem foco no momento final do Projeto – o Produto final. Nos Passos a seguir, as equipes farão a edição do áudio, unindo suas partes previamente produzidas, criando sons, como vinhetas, bem como a narração, com atenção às pontuações e entonação. Ao término da produção, os Podcasts produzidos pelas equipes serão compartilhados com os demais estudantes da escola, por meio de canal a ser previamente escolhido. Os colaboradores da comunidade serão convidados para o momento final do Projeto. Todos poderão dialogar a respeito das curiosidades que envolvem o meio artístico local.


ETAPA 1 UTILIZANDO CONHECIMENTOS CONCEITUAIS SOBRE ARTE E MÍDIA Esta Etapa do Projeto será muito importante para explorar o conceito de Educomunicação e compreender como ela pode, em sua escola, oferecer benefícios para a sua aprendizagem e de seus colegas. Este é um termo que, talvez, você nunca tenha escutado, mas, certamente, quando começar a realizar as ações propostas no Projeto, perceberá que muito do que pode ser produzido você provavelmente já fez fora da escola, utilizando as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação como entretenimento. Que tal começar agora a desvendar novas aprendizagens?

Orientações na página 187

PASSO 01

Shutterstock / silverkblackstock

CONCEITO DE EDUCOMUNICAÇÃO E PODCAST Você está pronto e animado para iniciar o Projeto? Neste momento inicial, temos como um dos principais objetivos conceituar Educomunicação. Você já escutou falar neste termo antes? Pois bem: a expressão, por sua natureza, já nos deixa uma dica! Ela é uma união de duas áreas - a Educação e a Comunicação. Vamos também conhecer o Podcast. A ideia é explorar esta forma de áudio e difundir este formato para usos diversos. Você já prestou atenção nos diversos formatos de programas de rádio existentes? Alguns tocam muitas músicas, outros apresentam entrevistas, outros apresentam receitas ou esportes. Cada programa de rádio tem a sua sistematização, de acordo com os objetivos dos que o produzem. Com o crescimento da utilização da Internet, estes programas agora saíram do rádio e estão vivos.

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vamos REFLETIR! Que tal, em grupos, você e seus colegas conversarem um pouco sobre este tema? Como podemos utilizar os instrumentos da Comunicação presentes nas mídias digitais dentro da escola? Você tem o hábito de ouvir áudio na Internet? Essas questões podem servir para orientar este diálogo. Após conversar sobre esses instrumentos, vamos relacionar os programas de rádio que conhecemos e identificar o que eles têm de mais legal. Quais as diferenças entre um Programa de Rádio convencional e um Canal de Podcast? A sugestão aqui é que o grupo registre suas ideias e resultados da conversa no caderno. Vamos construindo e partilhando o conhecimento.

EDUCOMUNICAÇÃO E PODCASTS Você conhece algum programa de áudio que trate apenas de questões relacionadas à Educação? E se pensar na possibilidade de sua escola ter um programa de áudio, quais questões inquietam e mereceriam ser levadas a todos? É importante que saiba que os trabalhos serão organizados coletivamente, de modo que, trabalhando juntos, possam construir algo interessante e envolvente para toda comunidade escolar. Nesses encontros, além de aprender como funciona a sistematização de um programa de rádio na web, você precisará desenvolver suas habilidades, sejam elas para a comunicação oral, para contatar personalidades da comunidade, sejam para a liderança ou exploração da criatividade na produção de textos e criação de atrativos sons a serem apresentados no dia do evento. Você precisará utilizar todo o seu brilhantismo. Os dois principais eixos desta aula são Educomunicação e Podcast. Como podemos definir esses termos? Onde se intercruzam? Vamos por partes: Para Soares (2011, p.11), “Educomunicação é um novo campo de intervenção social, capaz de articular sujeitos sociais no espaço da interface comunicação/ educação”. Para ir além, siga a leitura.

O QUE É EDUCOMUNICAÇÃO? Educomunicação é uma forma de conhecer e compartilhar o conhecimento usando estratégias e produtos da comunicação. É interessante notar que a palavra “comunicação” é derivada da palavra latina communis, da qual surge o termo comum em nosso idioma. Communis quer dizer pertencente a todos ou a muitos. Quando alguém se comunica, troca informações, torna determinado saber comum aos outros. Trata-se, desta forma, de um processo educativo por meio da comunicação, ou Educomunicação. A Educomunicação pressupõe o compartilhamento livre das informações, dentro da ideia de que o conhecimento é de e para todos. A Educomunicação é um novo campo que nasce da junção da comunicação e da educação. Alguns a explicam como uma metodologia que pensa e pratica a comunicação comunitária, juvenil, escolar ou em qualquer âmbito de forma colaborativa. Não é um jornalista ou um especialista quem pensa e faz os produtos, mas qualquer pessoa que queira se comunicar. A Educomunicação sempre leva em conta o contexto em que ela será realizada. É somente a partir de uma pesquisa sobre para quem a comunicação está direcionada, qual linguagem e mídia mais adequada que se pode decidir quais serão os produtos gerados. Guia de Educomunicação. Conceitos e práticas da Viração. Fonte: www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/educomunicacao/guia_de_educomunicacao__viracao_2011.pdf (acesso em: 21 jan. 2020).

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Shutterstock / David MG

A Educomunicação pode explorar vários recursos na escola; um deles é o áudio. Neste Projeto, como já se sabe, a ação será voltada para produção de áudios. Mas não estamos falando de qualquer produto. Os áudios que você produzirá com seus colegas são os chamados Podcasts, e para serem abordados precisaremos estudar um pouco sobre gêneros textuais. Afinal, o Podcast é o formato e os textos serão os conteúdos a serem apresentados.

E você sabe o que são Podcasts? De forma simplificada, digamos que é um arquivo digital de áudio que funciona por meio da Internet. Eles podem ter diversos temas, durações e estruturas. Alguns são compostos apenas por entrevistas, outros por exposições de ideias ou mesmo aulas. Quem define o modelo do programa é o seu autor.

Para saber mais sobre Podcasts você pode visitar o link abaixo: mundo podcast.com.br/artigos/o-que-e-podcast (acesso em: 19 fev. 2020).

vamos pesquisar!

Orientações na página 187.

Quais são os tipos de Podcasts? Em continuidade aos estudos, vamos buscar detalhar seus tipos. Lembra quando você conversou com a turma sobre o que vocês e seus colegas gostam de ouvir na Internet? É sobre estes tipos que passaremos a tratar agora. Para isto, forme um grupo de trabalho com três colegas. Você terá as seguintes atribuições:

• ●Pesquise com seu grupo, na Internet, os tipos de Podcast. • Acesse tvcultura.com.br/acontece/931_tv-cultura-lanca-serie-de-po dcasts.html ou culturafm.cmais.com.br/podcasts e outros sites semelhantes e tome nota de ao menos um exemplo de cada tipo encontrado nessas plataformas. • Explore outras plataformas e aplicativos de Podcast. • Faça um quadro com os diferentes tipos de Podcast encontrados e seus endereços eletrônicos (e/ou apps). Você e seu grupo precisarão apresentar para a turma. Respeite as fontes, seja claro e busque prender a atenção do seu leitor.

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vamos REFLETIR! Shutterstock / Bloomicon

Agora que você já sabe os conceitos, é momento de colocá-los em prática! Quando se trabalha com a Educomunicação, parte-se do princípio de que a comunicação é essencial para o desenvolvimento da sociedade, assim como para uma melhor interação dos jovens com o seu espaço social. É o momento de refletirem a este respeito. Trabalhe em grupo, pesquise e escreva um texto dissertativo-argumentativo, utilizando linguagem formal, de uma página sobre A importância da comunicação na sociedade atual. Ao término da produção, compartilhe o texto de seu grupo com a turma, lendo-o em voz alta e mostrando a todos o que foi pesquisado e aprendido. Orientações na página 187.

PASSO 02 SISTEMATIZAÇÃO DE TEMÁTICAS SOBRE AS ARTES NO CONTEXTO COMUNITÁRIO No encontro anterior, você e sua turma conheceram os conceitos e fizeram reflexões a respeito da importância da comunicação na sociedade atual. Neste encontro, você terá um novo desafio reflexivo: vamos abordar a temática Artes e uni-la ao que já foi estudado.

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AS ARTES E A COMUNIDADE

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Você considera a arte acessível à comunidade de que faz parte? Participa de alguma atividade artística? Nós iniciaremos uma conversa acerca do papel da arte em nossas vidas. O Brasil é culturalmente rico e sua arte conquista adeptos em todo o mundo. Porém, muito do que é produzido em solo nacional é inacessível para uma parcela considerável da população. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as metró25% poles brasileiras acumulam 41% de tudo o que é produzido artisticamente. Essa pesquisa revela que existe um descompasso entre o que é oferecido nos diversos espaços brasileiros. BRASILEIROS O grande entrave nessa questão é a distribuição desigual do NO MUSEU patrimônio artístico. De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), 70% dos municípios do Rio de Janeiro, por exemplo, possuem exposições de Artes Plásticas, enquanto 72% 75% dos municípios de todo Brasil não realizam essas exposições. Sendo assim, pode-se inferir que o acesso à cultura pode esbarrar no problema da centralização da oferta. Nunca foram ao museu Já foram ao museu

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Em contrapartida, o Ministério da Cultura realizou uma pesquisa demonstrando que 75% das pessoas não frequentam ou nunca foram a um museu. Mas por outra razão. Esse estudo indica que os brasileiros no geral não se sentem pertencentes à expressão cultural à disposição. Partindo disso, entende-se que a inclusão da população nos espaços de cultura não depende apenas da formação de consumidores, mas da redefinição de valores cristalizados historicamente. A desigualdade cultural pode ser motivada por duas questões: a assimetria na repartição do patrimônio e a carência de um público consumidor. Assim, qualquer política pública do governo precisa não apenas aumentar a oferta de eventos artísticos e espaços para sua realização, mas mostrar aos cidadãos quais os benefícios que obterão consumindo a arte de qualidade. De modo geral, o primeiro contato que se tem com a arte é na escola, realizando visitas a museus ou participando das aulas que constituem a matriz curricular. Nesse momento, começa-se a ter os primeiros contatos com produtores de arte e com os espaços de cultura. Esse primeiro contato precisa ser prazeroso, instrutivo, para que fora do contexto escolar a arte não seja vista como o objeto de uma disciplina que aprova ou reprova. No momento em que o estudante expande seu entendimento acerca da arte, ele se torna um espectador licenciado a conhecer e a se reconhecer dentro de seu grupo social, de forma mais significativa. Por ser uma construção coletiva, torna-se difícil apresentar um único conceito de arte. Cada indivíduo percebe a matéria artística conforme suas experiências, dialogando intimamente com o objeto a partir de suas percepções individuais. Sendo assim, é necessário criar condições para que a arte como expressão demasiadamente humana esteja à disposição de toda a população e para que ela seja compreendida como um meio de conhecer o outro e se autoconhecer. Quanto mais se entende a história e mais se valoriza a arte como um verdadeiro patrimônio, mais o indivíduo é capaz de preservar suas memórias. Visite o link https://laart.art.br/blog/as-7-artes/ (acesso em: 20 fev. 2020) e leia o texto com atenção. Nele, você terá informações a respeito das 7 Belas Artes.

Orientações na página 188.

vamos pesquisar! Agora, junto com seus colegas de turma, responda:

Shutterstock / Viktoria Kazakova

1. Quais são as manifestações artísticas mais presentes em sua comunidade? Construa um quadro que indique quem são as pessoas da redondeza envolvidas com tais artes e o que elas podem falar a respeito de suas atividades.

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PASSO 03 PESQUISA SOBRE DIFERENTES GÊNEROS TEXTUAIS PARA A PRODUÇÃO DE PODCASTS Neste encontro, a sua função principal, junto com seu grupo, será pesquisar textos de diferentes gêneros textuais para a produção de Podcasts. Mas, evidentemente, neste momento, você precisa ter muita clareza a respeito dos gêneros textuais possíveis de uso para tal finalidade.

GÊNEROS TEXTUAIS Shutterstock / Antonio Guillem

Como você sabe, cada texto tem um objetivo relacionado ao seu uso. Os gêneros textuais são, portanto, caracterizados pelos usos sociais que fazemos dos textos, tendo, estes, funções muito específicas. Por exemplo, quando se deseja ensinar a alguém um prato culinário incomum, é necessário informar uma receita; se pensamos na advertência a respeito da utilização de um utensílio de segurança em uma construção, usa-se um aviso. E assim por diante. Para pensar melhor a respeito dos Gêneros Textuais, assista ao vídeo que o seu professor irá disponibilizar. Jogo da Memória

Orientações na página 188.

Como jogar? • D● ivida a turma em dois grupos, A e B; • D● efina um juiz; • D● efina um representante para cada grupo. Ele deverá anotar as falas; • A● pós disparo sonoro dado pelo juiz, cada grupo deve escrever – listando em um papel - o nome dos Gêneros Textuais que lembrar; • O ● jogo terá duração de, no máximo, 5 minutos. Defina coletivamente o tempo de resgate da memória. • S● erá vencedor o grupo que conseguir, no tempo pré-determinado, listar o maior número de Gêneros Textuais.

vamos pesquisar! Orientações na página 189.

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Para continuarmos a conversa, considere que texto é toda e qualquer manifestação que constitui uma comunicação. E depois de reconhecer o que são Gêneros Textuais, como classificá-los em suas tipologias? São cinco os tipos textuais: narração, descrição, dissertação, exposição e injunção. Com dois colegas, você pesquisará características de cada um desses tipos e montará um quadro explicativo. Assista ao vídeo que seu professor irá disponibilizar. Agora que o quadro já foi montado, leia em voz alta as características que você encontrou. É importante que dedique atenção às leituras dos demais colegas. Para aprofundar o conhecimento, visite o link: hotsite.tvescola.org.br/ percursos/lingua-portuguesa/texto/intencionalidade-e-funcao-comunicativa/ (acesso em: 20 fev. 2020).


PASSO 04 ANÁLISE DE PODCASTS COM VARIADOS GÊNEROS TEXTUAIS Este passo é o último desta Etapa. Então, ao concluir, você precisará ter clareza de como produzir um Podcast, explorando o assunto indicado. Vamos lá?!

A ARTE AO REDOR Ao observar ao redor, você verá que está cercado por objetos diversos, em casa, no trabalho, na escola etc. Se refletir acerca da existência desses objetos, chegará à conclusão de que todos foram fabricados com a intenção de facilitar a vida do homem. Essa aptidão de elaborar objetos e melhorá-los cada vez mais garantiu ao homem sua permanência na terra a partir de seu domínio de técnicas para modificar a natureza e dela se beneficiar. É essa essência inventiva que diferencia o ser humano dos demais animais existentes. Por exemplo, todos os demais animais se alimentam, mas apenas o homem planta e colhe a matéria-prima para elaborar pratos requintados, arquiteta pratos, facas e garfos para o consumo. Todos os outros animais precisam de água, porém apenas o homem a reserva para tratá-la e arquiteta copos e garrafas para usá-la quando sente necessidade. Por conta dessa capacidade de imaginar, o ser humano consegue abstrair-se das coisas ao redor. Ele elabora ideias acerca de tudo o que está ao redor e as concretiza no mundo material. E tudo partindo de suas emoções e sentimentos, do modo como a criatividade licencia. Nessa perspectiva mais ampla, pode-se dizer que a arte está presente em tudo. No cotidiano, quem nunca se flagrou cantando uma música? Quem nunca se viu dançando? Quem nunca configurou o celular e organizou um espaço para tirar a melhor foto? Linguagens artísticas

Shutterstock / DavideAngelini

Shutterstock / JP WALLET

De acordo com Riccioto Canudo, em seu livro Manifesto das Sete Artes (1923), nós podemos identificar sete tipos de arte: música, artes cênicas, pintura, escultura, arquitetura, literatura e cinema. Mais tarde, outras foram incluídas: Fotografia, História em Quadrinhos, ●Vídeo Game e ●Arte Digital.

Fotografia.

Música.

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Shutterstock / Iakov Filimonov

Shutterstock / Pixel-Shot

Pintura.

Cinema.

Há autores que não consideram 11 as artes existentes. Porém, para o objetivo do trabalho (o de construir um Podcast), aderimos à classificação acima porque entendemos que ela contempla outras diversas manifestações que estão presentes no cotidiano dos envolvidos no Projeto. Você realizará uma pesquisa para identificar os exemplos emblemáticos de cada arte, no intuito de que possa adentrar no universo de cada uma, vislumbrando a elaboração de um roteiro de construção do Produto final.

vamos REFLETIR!

Shutterstock / Antonov Maxim

Organizado com seu grupo, busque refletir e responder às questões que seguem: 1. Como produzir um Podcast que enfatize a temática Artes abordando o gênero textual entrevista? Será que todas as entrevistas são estruturadas da mesma forma?

Orientações na página 189.

vamos pesquisar! Visite alguns canais de Podcast e analise a estrutura das produções. Verifique quais são os gêneros textuais abordados. Observe como começam, em que tom são enfatizados os assuntos abordados, como são feitas as perguntas, como são exploradas as músicas. O que fez o Podcast interessante ou enfadonho? Ao concluir essa Etapa, você já poderá dizer o que seria bom ter no Podcast que produzirão coletivamente.

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ETAPA 2 PRODUÇÃO DE NOVOS SABERES Nesta Etapa, você conhecerá os gêneros textuais que darão suporte à produção dos Podcasts: a notícia, o artigo de opinião e a entrevista. Buscará entender quais fatores propiciam a manifestação desses gêneros (a estrutura, a função social e o suporte). A estrutura diz respeito à construção linguística interna, ou seja, à manifestação verbal propriamente dita. A função social é o papel desempenhado pelo gênero em uma conjuntura que demanda sua existência. E o suporte é o meio em que o gênero é inscrito. Nós classificamos os gêneros de acordo com essas características inerentes a toda manifestação textual. Você realizará uma pesquisa de campo no intuito de realizar um levantamento de questões a serem abordadas na coletividade. Após o levantamento, realizará a roteirização dos Podcasts para, enfim, gravar os arquivos.

PASSO 05

PRODUÇÃO TEXTUAL Shutterstock / DRogatnev

Hoje a sua meta é escrever - em grupo com acompanhamento do professor responsável - os textos que tratem das temáticas de maior incidência na pesquisa de campo. Mas você deve estar se perguntando: por onde começar? Você já se deu conta da grande quantidade de circunstâncias de comunicação a que somos submetidos ao longo da vida? Percebeu que cada circunstância provoca um jeito diferente de se comunicar? Em um único dia, você pode estar envolvido em contextos que solicitam comportamentos linguísticos determinados. Com a linguagem, você interage com pessoas e altera o discurso de acordo com as necessidades do momento. Por existirem necessidades distintas, em vários contextos, surgiram o que nós chamamos de gêneros textuais. Os gêneros textuais são categorias de texto que apresentam tipos estáveis de enunciados, com estruturas, funções sociais e suportes específicos. São exemplos de gêneros textuais o artigo, a crônica, o conto, a reportagem, a notícia, a resenha, a biografia, o poema, o e-mail etc. Como você viu, os gêneros textuais são diversos e exercem papéis específicos em cada situação comunicati-

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Orientações na página 190.

va. Eles podem sofrer alterações ao longo do tempo, mas conservam propriedades principais, como é o caso da carta. Após o advento da tecnologia, por exemplo, a carta sofreu modificações para atender às demandas atuais e, hoje, conta com outros elementos oriundos das novas tecnologias. Em meio digital, a carta foi transformada em e-mail, porém com itens linguísticos preservados. Os gêneros são necessários todas as vezes que os falantes estão inseridos em uma situação comunicativa. Para cada situação, você seleciona um gênero que melhor se adapte ao que pretende comunicar aos interlocutores, sempre com o intuito de gerar algum efeito de sentido. Os gêneros estão a serviço da comunicação em momentos comuns do cotidiano: no bilhete deixado na porta da geladeira, na postagem da rede social etc. Para o desenvolvimento do Projeto, você focará em alguns gêneros específicos. Vamos a eles!

Shutterstock / vladwel

COMUNICAÇÃO EFICIENTE Neste momento do Projeto, é importante que você e seus colegas estejam abertos a novos conhecimentos. Estudar os gêneros textuais significa compreender o jeito como se estrutura o discurso nas diversas situações comunicativas. Existem princípios que regem a comunicação, por isso você precisa estar atento a eles para que alcance o objetivo principal: o de dizer o que precisa dizer, com eficácia. Quando você está em interação, deve convocar para o momento somente informações que sejam importantes para a sua manutenção, tendo em vista que não se pode utilizar e expor informações falsas. Não se deve apresentar algo para o que não se possa oferecer evidência adequada. Esse é um princípio fundamental para garantir ao interlocutor a informação de qualidade. Além disso, a informação deve ser adequada ao contexto de interação. É importante manter-se dentro da temática ao elaborar um texto com relevância. Ainda falando dos princípios para garantir uma comunicação eficiente, você precisa atentar para o fato de que não se pode dizer mais ou menos do que o necessário para a situação comunicativa. Deve evitar prolixidade ou lacuna na troca interativa. Tente, então, fazer com que a contribuição seja tão informativa quanto necessária. Ademais, elabore textos de modo claro e ordenado. A clareza na comunicação evita interpretações ambíguas ou inadequadas e a ordenação confere ao texto maior coesão. Seguindo esses princípios, entenderá a dinâmica interna e produzirá textos cada vez mais apropriados à situação. Esses princípios, por sinal, devem nortear todas as manifestações textuais, orais e escritas.

A NOTÍCIA A notícia é um gênero textual jornalístico que está presente em nosso cotidiano. É um gênero informativo que trata de algum acontecimento real e que é veiculado nos principais meios de comunicação, como jornais, revistas, Internet, rádio, entre outros. Ela nos informa sobre uma determinada ocorrência. Por ser uma categoria de texto oriunda do ambiente jornalístico, ela se caracteriza como narrativa técnica, ou seja, que busca ser imparcial e objetiva. Sendo assim, como a notícia se pauta por relatar fatos do interesse público em geral, a linguagem precisa ser objetiva, isentando-se de possibilidades que possam ocasionar interpretações múltiplas por parte do leitor. Uma característica relativa à

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linguagem jornalística é a veracidade em relação aos fatos comunicados, predominando o caráter objetivo requerido por esse gênero. Sua estrutura é composta por: • Título (ou manchete): Grafado de forma a despertar o interesse do leitor. • Subtítulo: Complemento do título (ou manchete) que traz outras informações. • Lide (do inglês lead): Primeiro parágrafo que traz respostas às perguntas: Quem? O quê? Como? Por quê? Onde? Quando? • C● orpo da notícia: Demais parágrafos com desdobramentos do fato. Agora veja um exemplo de notícia:

SÃO PAULO OFERECE ATRAÇÕES CULTURAIS DURANTE O CARNAVAL Shutterstock / cifotart

Programação inclui visitação a museus, shows, exposições e oficinas Para quem vai passar o carnaval em São Paulo, mas não quer cair na folia, há uma série de atrações culturais na cidade. Uma delas é a visita educativa à exposição Arte no Brasil: uma história na Pinacoteca de São Paulo, no sábado (22), na Pinacoteca. No mesmo dia, no Museu da Imigração, haverá contação de histórias, com O Baile de Carnaval, que apresenta o Pierrô, a Colombina e o Arlequim, que querem participar de um baile de máscaras e tentam arrumar um jeito de estar lá sem serem percebidos pelo patrão. As inscrições podem ser feitas uma horas antes da atividade. No domingo e na segunda-feira (23 e 24), das 10h às 15h, o museu convida as famílias a participar do JogaJunto, atividade com jogos relacionados ao acervo que estimulam a interação e o olhar sobre as obras em exposição. Todos os dias, exceto terças-feiras, a partir de 10h, o público poderá conferir as exposições em cartaz: a mostra interativa Flamboyant, que utiliza linguagens do desenho e da escultura para explorar os limites entre arte, design e espaços de conveniência; e a exposição Fernanda Gomes, em que a artista usa materiais submetidos à operações manuais como amarrar, pendurar, raspar, juntar ou apenas posicionar e espalhar no espaço. [...] Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-02/sao-paulo -oferece-atracoes-culturais-durante-o-carnaval. Acesso em: 21 jan. 2020.

No texto em análise, encontram-se os elementos que constituem a estrutura do gênero notícia. O título traz respostas às perguntas “Quem?” (o estado de São Paulo), “O quê?” (oferece atrações culturais) e “Quando?” (durante o carnaval). Essas respostas do lide podem ser antecipadas para a constituição do título. Perceba que o verbo é conjugado no presente do modo indicativo, mesmo indicando ação que ainda ocorrerá no futuro. Mesmo não sendo definitiva, essa prática é recorrente na notícia, pois o autor tem o objetivo de aproximar o evento do tempo de leitura do interlocutor. No subtítulo, encontram-se alguns detalhes importantes para a notícia. O jornalista responsável optou pela descrição das atrações (museus, shows, exposições e oficinas). Título e subtítulo convocam, então, o interlocutor para a leitura integral do

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texto. No primeiro parágrafo, também conhecido como lide, são apresentadas as principais informações do texto, complementadas por outras informações que surgem nos demais parágrafos (os desdobramentos do acontecimento). A notícia é um gênero que pode dar suporte em Podcasts. Ela também é suporte para o surgimento de outros gêneros, como reportagens, editoriais e artigos de opinião (também importantes em Podcasts).

O ARTIGO DE OPINIÃO Presente em jornais, revistas e blogs, o artigo de opinião é um gênero argumentativo. Ele é um dos gêneros mais comuns no cotidiano das pessoas. O artigo tem como função apresentar e defender um ponto de vista sobre um assunto com argumentos relevantes e coerentes. A linguagem típica é a padrão, uma vez que o texto deve ser compreendido por tipos diversos de pessoas em regiões diferentes do país. Por ser uma publicação da imprensa, o assunto discutido nesse gênero costuma ser geralmente de relevância coletiva. Os fatos mais importantes costumam ser os temas dos artigos de opinião. Nessa direção, o artigo de opinião possui uma função social clara: a de realizar um debate público sobre as demandas sociais. Possui três partes importantes: • Introdução contextualizada da tese: O parágrafo inicial é reservado para apresentar a tese (ponto de vista do autor) de maneira contextualizada. • Desenvolvimento com argumentos: Nos parágrafos seguintes, espera-se que sejam introduzidos os argumentos que comprovem o ponto de vista do autor. • Conclusão com ou sem intervenção: No último parágrafo, o artigo traz uma síntese de toda a discussão. O autor pode apresentar ou não proposta de solução. Veja um exemplo de artigo de opinião:

O CARNAVAL DE TODO MUNDO Geraldo Julio

Shilton Araujo

“Não se pode fazer ideia do que era o povo do Recife, solto nas ruas do Recife, após a declaração irreversível do Carnaval”. A frase é do escritor e multiartista pernambucano Antônio Maria, proferida há mais de meio século, porém mais atual do que nunca. E, no Recife, Capital do Nordeste e da Criatividade, já é Carnaval não só nas mentes e nos corações de foliões, brincantes e turistas, mas efetivamente nas ruas. Desde janeiro, a cidade fervilha com dezenas de atrações e eventos que preservam o que há de mais tradicional e genuíno na folia momesca, quando tudo se torna alegria e a cidade se manifesta em suas mais sagradas e profanas tradições carnavalescas. São ensaios e encontros de blocos, de maracatus, de acertos de marchas, de concursos de Rei, Rainha, Passistas, porta-flabelistas, porta-estandartes, mestre sala e porta-bandeira. Todos os eventos são gratuitos e abertos à população, num nítido e vívido esforço de apoio e incentivo às agremiações e profissionais que fazem cotidianamente a beleza do verdadeiro e maior Carnaval de Rua do Brasil.

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A preocupação acerca da inclusão e acolhimento da gestão se faz presente também na folia. Pela primeira vez, a prefeitura produz a concepção de sua decoração carnavalesca e centrou todas as atenções na população. É a irreverência do folião e os trabalhadores da festa que estarão estampados nas cores e ilustrações que vão vestir a cidade: nas personagens há representatividade e protagonismo de todos, sejam homens, mulheres, crianças e idosos de todas as etnias, compleições físicas, com e sem deficiência. Afinal de contas, a mais democrática das festas da capital saúda e reverencia a verdadeira majestade do Carnaval: o povo. Sejam foliões e trabalhadores locais ou turistas. A inclusão se mostra presente também no espetáculo de abertura da festa, intitulado ‘Carnaval de Todo Mundo’. Aqui, um corpo de mais de 100 bailarinos irá subir ao palco do Marco Zero e protagonizar um espetáculo que contempla as diversas sonoridades que fazem desse caldeirão cultural recifense um mar de criatividade e orgulho. Assim como a cidade - insurreta e questionadora, mas em cuja alma cabem todas as nuances e tipos - o Carnaval de Todo Mundo trará não só o frevo, mas o samba, maracatu, o brega e até mesmo o eletrônico. No corpo de baile também teremos presentes dançarinos com deficiência e alunos do Centro Comunitário da Paz (Compaz), responsável por projetar MC Bruninho, ele próprio uma das atrações da abertura da festa. Não podemos nos esquecer ainda do esforço de todos os carnavalescos que, nesse momento, estão empenhados dentro de seus barracões para colocar nas Avenidas Nossa Senhora da Conceição e do Forte os desfiles de suas agremiações, que irão participar de disputas memoráveis feitos à custa de muito suor, dedicação e amor. Porque o Carnaval do Recife pode até fomentar a economia e gerar postos de trabalho, mas é o amor do seu povo pelo brinquedo da folia que faz desta a mais bela, irreverente e inesquecível festa brasileira. Evoé! Fonte: radiojornal.ne10.uol.com.br/noticia/2019/03/02/galo-da-madrugada -arrasta-multidao-pelo-centro-do-recife-64766. Acesso em: 21 jan. 2020.

No texto em análise, sobre o carnaval do Recife, encontram-se os elementos que constituem a estrutura do gênero artigo de opinião. Após título e assinatura do responsável pelo texto, há a citação de Antônio Maria contextualizando a tese “a importância do carnaval na cidade”. A citação do escritor e multiartista pernambucano surge, então, como o primeiro argumento em defesa de um ponto de vista. Os parágrafos seguintes do artigo trazem outros argumentos que sustentam a tese defendida. O autor optou pela escrita em 1ª pessoa do plural intencionalmente, no intuito de convocar o interlocutor para a discussão empreendida. Essa é uma estratégia recorrente em textos opinativos diversos. O texto, então, cumpriu seu papel social ao realizar um debate público sobre uma demanda social: o carnaval. O artigo de opinião é um gênero que também pode dar suporte em Podcasts.

A ENTREVISTA A entrevista é um gênero informativo veiculado também em jornais, revistas, TV, Internet e rádio. Existem diversos formatos de entrevista de acordo com a intenção do autor, como a entrevista de emprego, jornalística, psicológica, social etc. A entrevista pode integrar outros gêneros, como a notícia e o artigo de opinião. No geral, é marcada pela oralidade, pois é produzida pela interação entre duas ou mais pessoas: o entrevistador, responsável por realizar as perguntas, e o entrevistado, quem as responde. A entrevista é necessária e importante para a propagação do conhecimento, por isso possui importante papel social. Ela pode promover a formação da opinião porque

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propõe uma discussão acerca de um tema relevante socialmente. O discurso direto, alternado entre entrevistador e entrevistado, predomina no gênero em estudo. Todas as palavras são transcritas de modo fidedigno para que a originalidade seja preservada. Para realizar uma entrevista, é necessário delimitar um tema e elaborar um roteiro de perguntas. O roteiro, por sinal, deve possuir um objetivo claro e não pode ser muito longo. Sua estrutura é composta por: • Título: O título direcionará o objetivo da entrevista ao delimitar o tema. • Introdução: O primeiro parágrafo informa o leitor sobre o que será discutido. • Desenvolvimento: A entrevista propriamente dita, com perguntas e respostas. • Conclusão: Uma revisão do que foi discutido. Veja um exemplo de entrevista:

FELIPE FERREIRA ABORDA A RELAÇÃO ENTRE CARNAVAL E CULTURA DURANTE ENTREVISTA Professor e coordenador do Centro de Referência do Carnaval, na UERJ Todos os anos, o Brasil recebe milhões de turistas para celebrar o carnaval nas mais diversas regiões do país. Seja com frevo, samba ou axé, a tradição da festa espelha a cultura popular nacional, realçando beleza, fantasia e felicidade. Mas como surgiu o carnaval? Que processos culturais foram transformando esta celebração ao longo dos anos? O professor do Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Felipe Ferreira, estuda essas e outras questões e afirma: “Podemos falar de carnaval a partir de diferentes enfoques acadêmicos”. [...] Globo Universidade - A cultura carnavalesca não está ligada apenas ao entretenimento: envolve disputas, prêmios, trabalho e geração de capital. De que forma surgiu esta relação entre o entretenimento e a indústria de interesses que envolvem o carnaval? Felipe Ferreira - O carnaval sempre foi ligado a interesses da indústria, da economia, da política. Até mesmo aquele carnaval mais antigo, conhecido como o carnaval do entrudo, em que as pessoas jogavam coisas umas nas outras nas ruas, era movido por interesses. As pessoas faziam bolinhas de cera com líquido perfumado para vender nessa época. Conhecidos como limões de cheiro, esses artefatos rendiam lucros aos escravos que os produziam. Além disso, as pessoas vendiam máscaras de arame, para evitar que o que fosse jogado na rua não caísse em seus olhos. No fim do século XIX para o século XX, o carnaval cresceu ainda mais, sobretudo porque as pessoas perceberam as possibilidades turísticas que a festa poderia proporcionar. Com os grandes transatlânticos, que poderiam trazer turistas da Europa e da América do Norte para o Brasil, começaram a surgir anúncios sobre o carnaval no Rio de Janeiro, convidando a população do mundo inteiro para conferir a festa por aqui. As influências foram mudando ao longo dos anos, mas sempre houve interesse. [...] Globo Universidade - De que forma o Carnaval atua para enriquecer a cultura popular? Felipe Ferreira - O carnaval em si é um processo de cultura forte. A cultura popular não existe só no sentido de cultura folclórica, mas no sentido de cultura contemporânea. É um espaço de troca muito grande, sobretudo porque nesses dias de carnaval se convencionou que você pode fazer o que quiser, dizer o que quiser, falar o que não é permitido durante o ano inteiro, por exemplo. E isso pode ser feito através de uma marchinha, de uma fantasia, da ocupação do espaço urbano. Quando um bloco de carnaval trava o trânsito de uma rua e o morador reclama, faz você pensar: quem tem o direito de ocupar aquela rua? Todos nós, a rua é pública. E isso acontece também na praia. O carnaval é uma época que proporciona discussões sobre o posicionamento das pessoas, é um contexto muito propício para esse diálogo. Você pode vestir uma roupa crítica, a máscara de um político que você

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gosta ou não gosta. Estas são formas de expressão, de falar o que você sente e de trazer sua opinião para o espaço do popular, da rua. Isso acontece também com os travestis que aparecem com tanta força no carnaval. Um grupo que é tão rejeitado pela sociedade tem sua forma de dizer: “estamos aqui”. Tudo o que acontece no momento do carnaval é propício para discussões e reflexões. [...] Disponível em: redeglobo.globo.com/globouniversidade/noticia/2012/03/felipe-ferreira -aborda-relacao-entre-carnaval-e-cultura-durante-entrevista.html. Acesso em: 22 jan. 2020.

No texto em análise, encontram-se os elementos que constituem a estrutura do gênero entrevista. Após o título, algumas informações importantes do contexto. Trata-se de um gênero de cunho interacional, organizado em turnos de fala. O momento pode ser registrado em áudio ou em vídeo e posteriormente pode ser transcrito e editado para uma publicação impressa. A finalidade da entrevista é obter o máximo de informações sobre a pessoa entrevistada ou sobre um tema que a envolva. A entrevista é um gênero que também pode dar suporte em Podcasts. Orientações na página 190.

vamos pesquisar! Para dar sequência ao Projeto, é necessário colocar em prática o que você aprendeu até agora. Em grupo, redija uma notícia, um artigo e uma entrevista, a partir da pesquisa sobre as manifestações artísticas locais, considerando a estrutura e o papel social de cada gênero textual separadamente. Os textos serão utilizados no Podcast. Não deixe de explorar as artes do interesse da coletividade. Capriche!

Shutterstock / La1n / Irina Strelnikova

PASSO 06 PESQUISA SOBRE QUESTÕES IMPORTANTES A SEREM TRATADAS NA COLETIVIDADE Você e seus colegas já têm uma noção da estrutura que pretendem explorar na produção dos Podcasts. Certamente, viram que existe um direcionamento, mas não há certo ou errado. O importante é utilizar a criatividade e assim envolver os ouvintes. Agora, o trabalho será nas ruas! Temos a certeza de que será muito divertido.

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vamos pesquisar! Orientações na página 191.

PASSO 07 ESTUDO DO PROCESSO DE ROTEIRIZAÇÃO DE UM PODCAST

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Orientações na página 191.

Para dar início ao trabalho, é preciso construir um plano de ação. Ou seja, em grupo, você precisará definir para onde caminhará, qual percurso será feito até o retorno à escola, quais são as pessoas que vislumbram realizar uma breve entrevista e ainda como serão registradas as informações coletadas. Para gravar o áudio, busque um espaço tranquilo e utilize um smartphone. Então, veja as dicas que seguem: • Resgate com seu grupo de trabalho: quem são os artistas da região? Pode encontrá-los com facilidade? Qual o melhor horário para localizá-los? • Pensando na temática Artes: quais perguntas serão feitas em busca de tratar de assuntos relevantes para a comunidade? • Quanto tempo conversarão com o entrevistado? Na retomada ao ambiente escolar, os dados deverão ser tratados para que assim você tenha condições de editar o Produto. O primeiro passo será realizar a transcrição do seu material. Mas como fazer isso com entrevista que demorou, provavelmente, mais de 30 minutos? Você precisará de um computador conectado à Internet. Com uma ajuda da tecnologia, pode-se resolver essa questão facilmente. Assista ao vídeo que seu professor disponibilizará e acompanhe o tutorial. Depois de realizada a transcrição, em grupo leia e dialogue com os colegas para definir os melhores trechos da entrevista que poderão ser utilizados no Produto final.

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PODCAST

Você já ouviu falar que, para fazer uma boa gravação, precisa de um roteiro? Algo que oriente a respeito da organização do texto com que você trabalhará, quando o programa não for ao vivo. É isso que você fará neste momento. Você escreverá, de forma ordenada, exatamente tudo o que registrará na gravação do Podcast. E vale ressaltar que a entonação que você usará será dada de acordo com o Gênero Textual escolhido. Agora que já foram indicados os Gêneros Textuais a serem trabalhados pelo seu grupo, comece a produzir o roteiro para a construção do Podcast. Escolha pelo menos 2 gêneros textuais, dos quais cada texto resultará em 1 Podcast.


Conheça, antes de tudo, algumas dicas para construir o seu Podcast. Visite o link Oficina de podcast, disponível em: oficinacriandopodcast.blogspot. com/p/o-roteiro-do-podcast.html (acesso em: 20 fev. 2020). Lembre-se: é importante definir se o seu Podcast terá vinheta ou algum outro efeito sonoro. Para baixar bons áudios, você pode utilizar a Internet, mas é importante estar atento aos direitos autorais.

Baseado no que já foi visto e a partir da escolha do seu Gênero Textual, comece a primeira parte do trabalho: o Roteiro. Mas saiba que até o seu texto ficar bom será necessário refazer algumas vezes; assim como fazem os escritores. Mãos à obra!

• Escolha um tema para seu Podcast. • Defina os participantes do Podcast e como vão ser as colaborações. • Planeje o conteúdo que será abordado. Esse é o momento da roteirização! • Crie uma trilha de ações, a qual você irá percorrer passo a passo para montar o roteiro. Exemplo: 1. Tocar a vinheta de entrada; 2. Dar boas-vindas ao ouvinte; 3. Apresentar o grupo criador do Podcast; 4. Falar do que trata o Podcast; 5. Tocar a vinheta de início do conteúdo; 6. Narrar o texto; 7. Tocar a vinheta de fim do conteúdo; 8. Despedir-se do ouvinte.

Escute no canal StorytellingCast – Escola de Roteiro os episódios #09 e #10 e veja se você está no caminho certo com o roteiro do seu Podcast. Neste canal, você irá receber várias dicas importantes sobre roteiros para Podcast e assim poderá incrementar o seu trabalho.

Shutterstock / spaxiax

Agora que você e o seu grupo já têm uma noção de como fazer a roteirização de um Podcast, apresente para a turma o resumo de como será o Podcast do seu grupo – a trilha de ações. E já se prepare para o próximo momento, pois o mais legal ainda está por vir!

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PASSO 08 NARRAÇÃO DO PODCAST Shutterstock / Inspiring

Orientações na página 192.

Agora, você e seu grupo já sabem como será a estrutura do Podcast, mas ainda estão na metade do trabalho. Você ainda construirá o texto da narração, gravará a narração das partes e fará a junção dos materiais. E, para fazer uma narração excelente, verá truques e dicas para manter uma boa entonação. Bom trabalho!

GRAVAÇÃO DO PODCAST Gravar um áudio é muito simples. Mas quando sabemos que esta produção será disponibilizada para inúmeras pessoas, dá até um frio na barriga, não é mesmo?! Você não precisa ficar apreensivo. Afinal, terá acesso às informações necessárias para desenvolver um bom trabalho.

Você sabe os motivos que fazem com que a nossa voz mude durante a adolescência? Visite o link a seguir e descubra: www.acessa.com/saude/arquivo/ fonoaudiologia/2010/01/19-artigo (acesso em: 20 fev. 2020)

Narrar é contar um fato, e isto exige uma estrutura com início, meio e fim. Nesse sentido, imagine que seu Podcast, respeitando o roteiro previamente construído, deve manter a atenção de seus ouvintes, de forma que o assunto seja interessante e motive o diálogo. A estrutura do princípio deve ter uma apresentação clara com o nome dos produtores e seus objetivos. Deve-se, ainda, falar brevemente a respeito dos conteúdos que serão abordados no Podcast. A abertura é um convite para se continuar a audição atenta. Quando um canal de Podcast mantém a sua estrutura de composição por várias edições, os ouvintes habituais são alertados a respeito dos momentos mais marcantes, por meio da entonação ou da vinheta utilizadas.

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Shutterstock / Nadya C

Shutterstock / curiosity

O momento de desenvolvimento será aquele em que você precisará abordar o conteúdo. Após apresentação, comece com a narração do seu artigo de opinião, fazendo uma contextualização do tema. Narre seu texto como numa conversa, dando a entender que está falando espontaneamente e não lendo. Treine algumas vezes antes de gravar. Solicite que um colega do grupo ouça e verifique se a leitura não ficou mecanizada. Se isso tiver ocorrido, é importante gravar novamente. Você pode ainda dividir o grupo para que cada integrante faça a leitura de um trecho, buscando maior dinamicidade. Em um próximo momento, a fala do entrevistado será trabalhada. Busque escolher trechos com expressões claras. Evite utilizar sobreposição de música e voz durante toda a produção. Não é necessário utilizar toda a gravação efetivada, explore os momentos mais interessantes.

Após a entrevista, a narração do grupo volta ao cenário do Podcast. E então poderá ser explorada a notícia. E lembre-se: a notícia do momento é o evento que será realizado com rodas de conversa entre os artistas da região e os estudantes da escola, mesmo aqueles que não participaram do Projeto. Tudo está muito bem organizado. Que maravilha! Agora, organize uma pasta no computador com os áudios a serem utilizados e numere-os para que, assim, a edição seja facilitada.

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ETAPA 3 FINALIZANDO O PODCAST Nesta etapa do Projeto, você realizará a edição do áudio elaborado para o Podcast. Este é um momento que requer de você, estudante, uma atenção especial a cada parte do programa e uma sensibilidade para articular todos os elementos que constituem o Produto. Você organizará as produções em uma sequência lógica para compartilhá-las por meio das redes sociais. Além disso, organizará o processo de divulgação dos áudios para toda a comunidade educativa. Para isso, é necessário seguir com rigor todos os Passos.

PASSO 09 EDIÇÃO E COMPARTILHAMENTO DO PODCAST Orientações na página 192.

Chegou o momento de fechamento do Podcast e seu lançamento na web. Agora, você aprenderá a editar o seu áudio e compartilhará com todos da escola!

Neste momento, você realizará o trabalho de edição final do Podcast. Para isso, procure o software com o qual você tenha mais experiência .Você poderá explorá-lo. O importante é que, ao término, tenha condições de compartilhar as produções, enviando-as para outros estudantes da escola. Para compartilhamento, exporte seu áudio e compartilhe em uma plataforma de áudio, compondo um canal que poderá ser mantido com informações a serem produzidas futuramente.

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Shutterstock / svitlini

PRODUÇÃO DO PODCAST


PASSO 10 LANÇAMENTO DO CANAL DE PODCAST JUNTO À COMUNIDADE ESCOLAR Orientações na página 193.

Shutterstock / Fonstra

Caro estudante, chegou o momento mais esperado! O canal produzido deve ser disponibilizado e lançado para visitas de todos. Mas este momento precisa de organização, não é mesmo? É hora de aumentar o som e disponibilizar Artes em Frequência Digital!

Shutterstock / Rawpixel.com

A esta altura, boa parte dos estudantes da escola teve acesso aos Podcasts produzidos por sua turma. Que ótimo! Agende na escola, junto ao professor e à direção, um dia e horário para efetivação da divulgação do Produto final, o lançamento do canal de Podcast. Convide os artistas e demais pessoas da comunidade. Junto com seus colegas, siga promovendo e compartilhando - o máximo possível - os áudios produzidos. O canal de Podcast criado precisa ser visitado por outras pessoas e manter-se vivo. Os participantes da Etapa final poderão fazer perguntas, aprender mais a respeito da produção artística tratada e poderão ter novas informações a partir de outras produções que vierem a ser disponibilizadas no canal. Bom evento!

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Orientações na página 193.

Terminado o Projeto, o momento agora é de avaliação. Você e seu grupo estão convidados a conversar, refletir e responder às questões que estão apresentadas a seguir. É o momento de avaliar o desenvolvimento do Projeto e a atuação de vocês no mesmo, destacando as aprendizagens desenvolvidas de forma diferenciada e os impactos que o Projeto trouxe à vida, à escola e à comunidade.

O tEMA dO PROJETO • Você e seu grupo gostaram do tema do Projeto? •

Acharam que ele foi relevante para a escola e para a comunidade? Em que esse tema pode contribuir para mudar a sua realidade e a da sua escola e comunidade?

o DESENVOLVIMENTO dO PROJETO • Quais foram as Etapas e Passos que vocês consi• •

deraram mais interessantes? Tiveram dificuldades em alguns? Por quê? Como superaram? Destaquem as aprendizagens mais significativas. O que este projeto acrescentou de conhecimentos para o grupo? O grupo conseguiu entender e desenvolver as competências e habilidades da BNCC?

A PARTICIPAÇÃO DO GRUPO NO PROJETO • Houve • •

envolvimento de todos os integrantes do grupo durante o desenvolvimento do Projeto? Que dificuldades enfrentaram e que estratégias adotaram para superá-las? Você e seu grupo entenderam a importância de o Projeto ser trabalhado não como disciplinas isola-

das, mas fazendo a integração entre várias áreas do conhecimento? Quais sugestões vocês podem apresentar para a melhoria do Projeto?

o Produto Final • Vocês tiveram êxito ao final do Projeto? Deu certo • •

tudo que estava previsto ou vocês tiveram que fazer alguma mudança ou adequação? Quais os benefícios do Projeto e do Produto final para a sua formação no Ensino Médio? Pode-se afirmar que vocês, estudantes, foram protagonistas do processo?

A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE • Em quais momentos a comunidade participou do

Projeto? adesão da comunidade no momento do Produto final? Destaquem os benefícios do Projeto para a escola e para a comunidade.

• Houve •

• Como você avalia a sua participação no Projeto? De que formas você se envolveu? • Quais aprendizagens você desenvolveu no trabalho colaborativo? Você enfrentou dificuldades para se integrar ao grupo? Como você as superou?

• Como você avalia o conhecimento adquirido no Projeto? Foi significativo para a sua vida? • Você recomendaria esse modo inovador de estudar a outros colegas? Por quê? • Com base na sua experiência no Projeto, escreva um texto apontando os pontos positivos e negativos do Projeto e depois converse com o professor.

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REFERÊNCIAS BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992. Bakhtin, em sua Estética da Criação Verbal, afirma que a linguagem está presente em toda a vida social, exercendo uma função importante na formação social e política e nos sistemas ideológicos. O autor contesta a ideia de língua que se sustenta no objetivismo e no subjetivismo. A linguagem, então, possui uma natureza social e ideológica. CANUDO, R. Manifeste des sept arts. Paris: Séguier, 1995. Embora sejam 7 as artes de acordo com esse autor, outras foram consideradas para o propósito deste Projeto: música, arte cênica, pintura, escultura, arquitetura, literatura, cinema, fotografia, história em quadrinhos, vídeo game e arte digital. A compreensão desta tipologia colaborará para o trabalho a ser realizado. GRICE, H. P. Meaning. Philosophical Review, 66: p. 377-388, 1957. Logic and Conversation. Nova York: Academic Press, 1975. Nesses livros, o autor desenvolve uma análise sobre os significados construídos nos atos comunicativos. Apresenta princípios que regem quaisquer comunicações orais ou escritas. Esses princípios são as máximas da comunicação: a quantidade; qualidade; relevância; e modo. SOARES, Ismar de Oliveira. Educomunicação: o conceito, o profissional, a aplicação: contribuições para a reforma do ensino médio. São Paulo: Paulinas, 2011. O livro apresenta caminhos para tornar a educação uma experiência significativa para as gerações atuais. De acordo com o autor, o diferencial está na perspectiva sistêmica desse conceito, ao propor que todos os envolvidos no processo de aprendizagem sejam gestores de sua comunicação.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES Guia de Educomunicação. Viração, atitude e ousadia jovem. Disponível em: <http://www.crianca.mppr. mp.br/arquivos/File/publi/educomunicacao/guia_de_educomunicacao__viracao_2011.pdf>. Acesso em: 26 fev. 2020. Este é um material que sugere muitas reflexões sobre participação política, comunicação, democracia e outras importantes pautas. Incentiva a leitura crítica dos meios de comunicação e possibilita o desenvolvimento de experiências produtivas neste campo. Uma onda no ar. Direção de Helvécio Ratton. Brasil, 2002. (92 min.) Quatro jovens amigos de uma comunidade em Minas Gerais / Belo Horizonte buscam criar uma rádio que possa representar a voz dos moradores; assim criam a Rádio Favela e realizam o grande sonho.

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Orientações na página 196.

Você conhece iniciativas para reconhecimento do protagonismo da mulher na sociedade e promoção dos seus direitos? O empoderamento da mulher é um tema cada vez mais em pauta atualmente. A reivindicação pelos direitos das mulheres é cada vez mais notada e valorizada em vários setores de nossa sociedade. Assim como todas as tendências de cunho social, a da valorização da mulher entra em debate e aparece em iniciativas de mobilização, de informação e de educação. De acordo com pesquisa realizada pelo Datafolha, em fevereiro de 2019, para avaliar o impacto da violência contra as mulheres no Brasil, 1,6 milhão de mulheres sofreram tentativa de estrangulamento ou foram agredidas, enquanto 22 milhões (37,1%) de brasileiras vivenciaram algum tipo de assédio. O número divulgado de feminicídio em 2018 chegou a 1.206, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Além da violência física e psicológica cotidiana, outra questão está em pauta: a desvalorização no mercado de trabalho. De acordo com pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2018, a remuneração das mulheres equivalia a 79,5% da dos homens e sem as mesmas oportunidades de assumir um cargo de chefia ou direção em uma empresa. Ou seja, a questão é urgente! Neste Projeto, os três objetivos direcionam para o estudo do discurso sobre a mulher, pois a língua e seus usos são atravessados por visões de mundo e recebem influência dos espaços de produção a um determinado momento histórico. É possível, direcionando a atenção para a matéria concreta de um discurso, analisar ideias constantes na

superfície de um texto. Assim, você refletirá sobre os discursos a respeito da mulher e conduzirá, com seus colegas de turma, de modo eficaz, a elaboração do Projeto. Certamente você já deve ter ouvido alguém dizer que a publicidade é a alma do negócio. Deve ter ouvido, ainda, que a publicidade pode ser a chave para o avanço em questões sociais. Esse pensamento norteia estratégias utilizadas para convencer ou persuadir um público específico a aceitar uma causa ou mesmo formar um conceito favorável sobre algo. Cada vez mais ações publicitárias são empreendidas com fins sociais em campanhas que têm por objetivo construir uma imagem positiva de alguma causa. De acordo com as disposições da Base Nacional Comum Curricular - BNCC, 2018, o Protagonismo Juvenil, nesse Projeto, é o tema integrador, o que atribui a você, estudante, uma participação intensa neste Projeto. Alguma ação publicitária já comoveu e tocou profundamente seu íntimo? Sentiu-se envolvido com alguma causa? Se sim, você já reagiu conforme o desejo da equipe responsável pela campanha. Nesse sentido, de que modo uma campanha publicitária pode contribuir para o avanço de uma questão social e para o crescimento pessoal e coletivo? No Produto final, você construirá uma Campanha Publicitária de valorização e empoderamento da mulher. Após a concretização do Projeto, você, com apoio do professor, realizará uma avaliação de todo o processo. Para tanto, utilizará uma tabela para verificar seu grau de envolvimento e fará reflexões acerca de todas as ações empreendidas desde o primeiro momento.

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Orientações na página 197.

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1 2

da soRefletir acerca do discurso sobre a mulher, em diferentes campos social, ciedade, enfatizando a diversidade cultural, o seu protagonismo idabem como a sua condição cidadã, com vistas a sensibilizar a comun o. feminin nto erame de educativa para a necessidade do empod

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tivo Promover uma Campanha Publicitária, de caráter mobilizador, informa vionão de agenda a es, mulher e educativo, que promova os direitos das ecilência, bem como o posicionamento ético com relação ao seu reconh mento e o seu empoderamento social.

os em Compreender os processos de produção e circulação de discurs e as os artefat os erando campanhas publicitárias de grande porte, consid ceitos visões de mundo, os conflitos de interesse e os possíveis precon que podem estar subjacentes nos diferentes textos publicitários.


Orientações na página 197.

Os objetivos deste Projeto estão associados a competências e habilidades da Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018), para a área de Linguagens e suas Tecnologias, Etapa do Ensino Médio, como você pode ver a seguir:

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC QUE SERÃO TRABALHADAS NO PROJETO OBJETIVOS

COMPETÊNCIAS GERAIS

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS

HABILIDADES

1

2e8

1e2

EM13LGG102 EM13LGG202

2

3e7

3e4

EM13LGG305 EM13LGG402

3

5

7

EM13LGG701

Fonte: elaborada pelas autoras, com base na BNCC (2018). As competências e habilidades citadas podem ser consultadas por você nas páginas 7 e 8 deste livro.

Relacionado às Competências Gerais 2 e 8 da BNCC, o OBJETIVO 1 aponta para uma reflexão acerca do discurso sobre a mulher na contemporaneidade, ao realizar pesquisas no intuito de delinear os espaços por ela ocupados na sociedade. Deve-se compreender as condições criadas para que a mulher exerça seu papel cidadão e de que modo age em circunstância de protagonista em um grupo determinado. A BNCC entende que é necessário exercitar a curiosidade intelectual para viabilizar a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, e para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções. Além disso, esse objetivo aponta para o autoconhecimento, uma vez que é possível situar o próprio discurso a partir do discurso de outrem. O OBJETIVO 2 está relacionado às Competências Gerais 3 e 7 da BNCC. Você verá que a Língua Portuguesa oferece meios para compreender se as circunstâncias são ou não favoráveis à mulher atualmente. Por meio da análise atenta dos textos, é possível compreender a engrenagem dos argumentos e reunir esse conhecimento na recepção de discursos para ampliar o entendimento e as possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade. Além disso, é possível compreen-

der os processos identitários, conflitos e relações de poder que permeiam as relações, para que seja possível ressignificar os discursos e torná-los por completo edificantes na campanha. Após a análise, você poderá articular a linguagem artística para manifestar aspectos vigentes da cultura. Nesse processo de compreensão dos processos de produção e circulação de discursos, você conseguirá mapear e criar possibilidades de atuação no intuito de enfrentar com firmeza o desafio de vencer a desigualdade de gênero que persiste em nossa sociedade. Para tanto, você utilizará a variedade da língua mais adequada e em acordo com a situação comunicativa para a construção das peças que integrarão a Campanha Publicitária. O OBJETIVO 3, relacionado à Competência Geral 5 da BNCC, surge para possibilitar a Campanha Publicitária, promovendo os direitos das mulheres. Você e seus colegas utilizarão as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação no intuito de que o alcance da campanha seja satisfatório para a equipe responsável. Serão mobilizadas as práticas de linguagem do universo digital para expandir os modos de produzir sentidos, explorando as tecnologias digitais da informação e comunicação de modo ético, criativo e responsável.

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Orientações na página 198.

O empoderamento da mulher vem ganhando cada vez mais visibilidade em anos recentes e já é bastante comum como tema de discussão e debate. Ao contrário do que se pode imaginar, não se trata de conceder benefícios exclusivos, mas gerar circunstâncias para consertar várias desigualdades que historicamente geraram diversos prejuízos. Vale lembrar que esta discussão não é recente! Ela é mais antiga do que você, estudante, pode imaginar. Ela não é uma causa particular ou de uma organização específica. Valorizar a categoria feminina significa contemplar tudo o que alguém pode fazer para fortalecer cada vez mais aquela que em outro momento foi chamada de sexo frágil, tendo os seus direitos colocados de lado: na educação, no mercado de trabalho, na política etc. É necessário, então, conhecer melhor fatos, dados e informações confiáveis que ilustram essa realidade, de modo a construir pontos de vista e decisões que respeitem e promovam os direitos da mulher, que permitam estabelecer uma liderança cooperativa; tratar a mulher de maneira justa no mercado de trabalho; garantir saúde, bem-estar e segurança; promover educação, desenvolvimento profissional e capacitação; promover políticas públicas e empreendedorismo; fomentar a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Essas demandas apontam para o caráter interdisciplinar da questão. Campanhas publicitárias podem auxiliar neste caso. Para que você, estudante, inicie este Projeto, é necessário compreender que se pode exercer protagonismo na sociedade por meio da palavra, pois ela pode modificar pensamentos e gerar ações que beneficiem todos. Considere, então, os recursos de que a grande área Linguagens e suas Tecnologias dispõe.

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Orientações na página 199.

Você construirá uma Campanha Publicitária na comunidade. Para isso, é necessário que haja trabalho em equipe, sempre dialogando e produzindo entendimento mútuo. É necessário elaborar um projeto de produção da campanha contendo uma problematização da temática, justificativa, objetivos do projeto, procedimentos, materiais necessários e um cronograma de realização das atividades. As equipes formadas em sala de aula podem ficar responsáveis por diferentes elementos que constituem uma campanha publicitária: jingles, peças (imagens, áudios, vídeos), podcasts etc. Assim, você e seus colegas construirão cada fragmento deste importante Projeto em conjunto. A Campanha Publicitária, trabalhando o tema dos direitos da mulher, será o núcleo do Produto final. Os materiais necessários ao desenvolvimento do Projeto são: caderno escolar, caderno de Produção Textual, caneta, lápis e borracha, computador com programa editor de imagem e vídeo conectado à Internet (se possível), dispositivo móvel (smartphone, tablet) conectado à Internet (se possível) e TV ou Datashow com equipamento de áudio. Veja como viabilizar este material em conjunto com o seu professor.

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Orientações na página 200.

etapa 1 3 PASSOS

etapa 2 5 PASSOS

etapa 3 2 PASSOS

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ESTUDO SOBRE A CONDIÇÃO DA MULHER NA SOCIEDADE BRASILEIRA Você iniciará o trabalho realizando um detalhado estudo sobre sua condição nos dias de hoje. Para tanto, fará pesquisa para traçar uma linha do tempo que demonstre o percentual de mulheres que estão à frente de suas famílias, seu status no mercado de trabalho e sua formação educacional. Depois, pesquisará textos opinativos com o intuito de verificar quais os discursos sobre a mulher que estão subjacentes na materialidade da estrutura linguística.

ESTUDO SOBRE OS PROCESSOS DE PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO DE DISCURSOS EM CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS E PRODUÇÃO DAS PEÇAS Na segunda Etapa, você buscará campanhas publicitárias em prol de causas sociais, no intuito de reunir um conjunto de peças (jingles, imagens, vídeos, Podcasts) para analisar sua estrutura e outras propriedades importantes. Depois, você dará início à construção das peças que vão compor a sua campanha. Elaborará, dentre outras coisas, um anúncio publicitário com imagem que fortaleça a ideia de que a mulher precisa ser tratada em acordo com o princípio da igualdade, presente na Constituição Federal.

PROMOÇÃO DE UMA CAMPANHA PUBLICITÁRIA, DE CARÁTER MOBILIZADOR, INFORMATIVO E EDUCATIVO Esta última Etapa é dedicada à organização do Lançamento da campanha publicitária, que constitui o Produto final deste Projeto. No Passo 9, você e seus colegas irão cuidar dos últimos ajustes necessários para que o evento seja um sucesso, definindo o título, o espaço em que irá acontecer e os materiais a serem apresentados ao público, destacando, em textos e imagens, os conhecimentos adquiridos ao longo do processo. No Passo 10, momento em que ocorrerá o Lançamento, dedique-se a cumprir sua parte na divisão de tarefas e responsabilidades, definidas anteriormente, e procure ter o melhor desempenho possível na recepção aos visitantes, fornecendo-lhes explicações complementares e propondo sua interação com o material apresentado.


ETAPA 1 ESTUDO SOBRE A CONDIÇÃO DA MULHER NA SOCIEDADE BRASILEIRA Você iniciará o trabalho de construção da Campanha Publicitária para promoção de direitos realizando uma pesquisa. Uma pesquisa basicamente é um processo sistemático que gera novos conhecimentos. Com a pesquisa é possível ampliar algum conhecimento já existente para o pesquisador e para o grupo social em que está inserido. A pesquisa é fundamental para que as ações de uma campanha publicitária alcancem o público desejado.

PASSO 01

REFLEXÕES SOBRE A CONDIÇÃO DA MULHER NO BRASIL E NO MUNDO Para dar início ao trabalho de construção da Campanha Publicitária para promoção dos direitos da mulher, você realizará um detalhado estudo sobre sua condição nos dias de hoje. Para tanto, pesquisará dados importantes no site do IBGE para traçar uma linha do tempo que demonstre o percentual de mulheres que estão à frente de suas famílias, seu status no mercado de trabalho e sua formação educacional da década de 1980 até a década de 2010.

Você já buscou informações sobre a condição da mulher no decorrer da história? Sabe quais os entraves e quais as conquistas ao longo do tempo? Vamos entender melhor a condição da mulher no Brasil e no mundo. De acordo com a Constituição Federal, para que seja possível uma sociedade “livre, justa e solidária”, não deve haver preconceito de idade, cor, raça e sexo ou qualquer outro modo de discriminação. Ademais, pode-se pensar que a dignidade do indivíduo é um dos pilares do Estado democrático de direito. Ainda em consonância com a Carta Magna, todos são iguais perante a lei sem distinção, ou seja, homens e mulheres são iguais em deveres e direitos.

Shutterstock / Gustavo Rossi

A CONDIÇÃO DA MULHER NO BRASIL E NO MUNDO

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Porém, dados históricos revelam que o preconceito contra a mulher é secular e se mistura com a história da construção da cultura em vários lugares do mundo. Atualmente, não é fácil crer que as mulheres já foram um dia vistas como amaldiçoadas na Idade Média pela Igreja Católica, sendo perseguidas como bruxas no período da inquisição. É estranho crer que um dia as mulheres foram proibidas de participar de jogos olímpicos com possível condenação à morte, caso fossem vistas nos estádios. O Código Civil de 1916 atribuía à mulher um papel de submissão. Naquela circunstância, o homem detinha o poder e a autoridade em decorrência de sua força física. As mulheres eram vistas como impossibilitadas e as decisões familiares eram atribuídas aos homens. Se desejasse trabalhar, a mulher tinha que solicitar a autorização ao próprio marido. No entanto, houve avanços. O direito ao voto foi conquistado, no Brasil, em 1932, a partir de um decreto no Código Eleitoral daquele ano. O direito à licença maternidade foi conquistado com a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), de 1943. Na direção de direitos conquistados, o Estatuto da Mulher Casada, de 1962, garantiu a colaboração da mulher na chefia da sociedade conjugal. Em 1977, a Lei do Divórcio foi editada e houve avanços significativos. Não havia mais a obrigação de incluir o sobrenome do marido e a qualquer momento o casamento poderia ser desfeito. Considera-se a Constituição Federal de 1988 um marco na conquista de direitos, pois nela foi garantida a equiparação entre homens e mulheres. Assim, várias leis incluíram a proteção da mulher. Nesse trajeto de evolução, a Lei Maria da Penha, de 2006, confere à mulher uma maior proteção em casos de violência. De modo geral, essa lei categoriza a violência contra a mulher, explicitando as formas de agressão: patrimonial, moral, sexual, psicológica e física. Ela ainda cria juizados especiais que podem prever penas ao agressor e licenciar as medidas protetivas necessárias.

vamos pesquisar! Orientações na página 203.

1. Pesquise na Internet dados publicados pelo IBGE (ibge.gov.br) sobre a condição da mulher no Brasil e interprete-os (utilize tabelas para registrar os dados). Eles serão utilizados em momento posterior. Preencha a tabela com os dados encontrados.

COMPARAÇÃO ENTRE A PARTICIPAÇÃO SOCIAL DA MULHER E A DO HOMEM A PARTIR DA DÉCADA DE 1980, DE ACORDO COM O IBGE (EM%) Atividades

Mulheres de 1980

Homens de 1980

Mulheres de 2014

Homens de 2014

Proporção de famílias chefiadas por

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Ocupação no mercado de trabalho por

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Analfabetismo de

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Fonte: elaborada pelas autoras de acordo com o IBGE (2010).

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PASSO 02 QUANDO A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER É SILENCIADA NA SOCIEDADE Dando sequência ao estudo da condição da mulher no Brasil e no mundo, você pesquisará textos opinativos sobre a violência contra a mulher no intuito de verificar seu status no presente. Antes, você traçará um percurso histórico dos principais problemas enfrentados pela mulher e quais as medidas que foram tomadas para que seus direitos mais básicos fossem garantidos. Assim, partirá para o trabalho com alguns dados de base para a pesquisa.

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NA SOCIEDADE

Shutterstock / file404 / Flas100

A gravidade da violência contra a mulher é identificada pela sociedade apenas quando praticada de modo ostensivo. Lamentavelmente, precisamos entender cada circunstância para falar sobre o tema. Todos, homens e mulheres, enfrentam esse problema. No entanto, diferenciam-se porque homens geralmente se envolvem em conflitos relacionados ao trabalho e ao crime no geral. As mulheres, por sua vez, estão sujeitas à violência familiar, doméstica e sexual. Esse problema existe porque vivemos em uma cultura que determinou uma desigualdade de tratamento e de poder entre homens e mulheres. Estereótipos, preconceitos e discriminações estão presentes em nossa cultura e eles interferem na realização da justiça. Para alcançarmos o ideal de igualdade entre homens e mulheres, precisamos adotar políticas públicas que sejam eficazes e que de fato promovam a transformação social. A sociedade, então, precisa entender que a violência contra a mulher é juridicamente punível. Muitas mulheres não denunciam crimes por medo. Além disso, um sentimento de vergonha bloqueia e oprime suas ações, fazendo com que acatem uma culpa pela qual não têm responsabilidade. A denúncia é importante para que agressores sejam responsabilizados. A ausência de uma denúncia beneficia a continuidade da violência contra a mulher. A legislação do Brasil referente aos direitos das mulheres está passando por mudanças. No ano de 2009, por exemplo, a sexualidade passou a ser uma qualidade do ser humano e expressão de sua dignidade. De acordo com o Código Penal, o estupro é crime. Em caso de violência, a assistência médica deve ser primordial. A mulher que sofreu violência sexual tem o direito à completa ajuda médica e à garantia de sua saúde reprodutiva e sexual de modo seguro e acessível. Nessa circunstância, deve procurar imediatamente um serviço de atendimento especializado para a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (as ISTs), da AIDS e da gravidez. Após três dias da ação violenta, a eficácia da medicação poderá estar comprometida e a mulher consequentemente poderá estar em risco.

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As leis no geral refletem princípios que estão enraizados em nossa sociedade. Quando o querer da coletividade representa um querer legal, as leis tendem a ser funcionais. A massa que não se manifesta pode ser primordial para o êxito da violência contra as mulheres. Qual pode ser a culpa dos que não fazem nada para evitar um conflito? Qual pode ser a culpa dos que não fazem nada para anular a violência de gênero? Quem prefere não se envolver pode estar agindo em favor da violência. Vamos agir contra a violência de gênero. Vamos entender melhor o status da violência contra a mulher em nossa sociedade?

vamos pesquisar! Orientações na página 204.

1. Pesquise textos opinativos com tema sobre a violência contra a mulher no Brasil. Esses textos serão retomados no Passo 8 de nosso Projeto. 2. Investigue e destaque os discursos sobre a mulher nesses textos, colocando-os em diálogo e verificando a convergência e a divergência entre eles. Isso servirá para a elaboração das peças publicitárias a partir do Passo 5.

PASSO 03

CATEGORIAS DA LÍNGUA FAVORÁVEIS À CONSTRUÇÃO DE DISCURSOS EDIFICANTES Agora, você criará discursos edificantes acerca da temática do Projeto a partir das categorias gramaticais da Língua Portuguesa mais propícias para essa ação. Você verá que algumas categorias gramaticais são mais favoráveis para gerar os efeitos de sentido pretendidos pela equipe: os de edificação da mulher. É importante considerar que é possível transformar discursos genéricos e depreciativos em discursos edificantes a partir de tais categorias.

COMO A CAMPANHA PUBLICITÁRIA PODE AJUDAR NA PROMOÇÃO DOS DIREITOS DA MULHER A todo momento, você pode se deparar com uma grande quantidade de anúncios publicitários, em outdoors, em panfletos espalhados pelas ruas da cidade ou através das mídias digitais. Os publicitários utilizam diversas ferramentas discursivas no intuito de chamar a atenção do interlocutor, pois é ele o foco da comunicação. Os anúncios são textos mistos (verbais e não verbais) que envolvem os aspectos persuasivos da linguagem publicitária. Dos itens linguísticos adotados em anúncios, os substantivos podem exercer importante função para a construção da ideia que se quer construir. Como você sabe, os substantivos são utilizados para designar os seres em geral. Na Publicidade, eles funcionam como uma ferramenta eficaz para convencer pessoas a aderirem a uma determinada causa. Quando unidos, os substantivos podem constituir um campo semântico.

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Crédito aqui boy

Veja a imagem a seguir

O campo semântico é um grupo de palavras unidas a partir do sentido. O campo semântico para o tema de nosso Projeto é constituído por palavras como “empoderamento”, “equidade”, “sororidade” etc. Você conhece os significados dessas palavras? Elas são substantivos que apontam para conceitos necessários ao desenvolvimento da Campanha Publicitária. É necessário diferenciar campo semântico de campo conceitual, pois este não envolve a matéria concreta do discurso e não contempla as relações linguísticas entre as palavras consideradas. O campo semântico é toda a extensão de significados de um grupo de palavras. Percebe-se, portanto, que a categoria gramatical “substantivo” pode exercer importante papel na construção do sentido em uma campanha. Porém, outras categorias gramaticais podem ser utilizadas, como adjetivos caracterizadores e advérbios intensificadores de uma ideia. Vamos planejar discursos edificantes sobre a mulher a partir das categorias gramaticais da Língua Portuguesa?

vamos pesquisar! 1. Pesquise os significados das palavras que constituem o campo semântico do tema deste Projeto. 2. Planeje, a partir das pesquisas realizadas nos Passos 1 e 2, a confecção de discursos edificantes sobre a mulher, utilizando as categorias gramaticais da Língua Portuguesa mais propícias para essa ação.

Orientações na página 205.

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ETAPA 2 OS DISCURSOS DAS CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS E A PRODUÇÃO DAS PEÇAS Você dará continuidade ao Projeto agora com o estudo sobre os processos de produção e circulação em campanhas publicitárias. Nesta Etapa, você pesquisará campanhas publicitárias voltadas para causas sociais e estudará as características das peças (jingles, anúncios, vídeos e Podcasts) que serão em seguida produzidas. Esta é a Etapa mais longa e requer de você, estudante, uma dedicação especial para que tudo aconteça dentro do esperado.

PASSO 04

CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS VOLTADAS PARA CAUSAS SOCIAIS

Shutterstock / Trueffelpix

Você buscará outras campanhas publicitárias em prol de causas sociais no intuito de reunir um conjunto de peças (jingles, imagens, vídeos, podcasts) para analisar sua estrutura e outras propriedades importantes. Essas peças servirão de base para a produção durante a fase de desenvolvimento do Projeto. As peças de campanhas distintas preservam características comuns e são essas características que direcionarão o trabalho dos envolvidos no Projeto.

CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS E AS CAUSAS SOCIAIS Conforme exposto em momento anterior, a publicidade é um modo de convocar a atenção para um produto no intuito de gerar o consumismo. No entanto, ela pode entrar em ação para expor questões sociais, alertando sobre entraves do mundo que necessitam de intervenção. Nesse caso, busca adeptos ativos que trabalhem para que esses problemas não piorem.

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BBDO Duesseldorf Agency

Agência de Publicidade Contrapunto

Agência de Publicidade Contrapunto

Veja algumas:

Tema: poluição. Descrição: na imagem, há uma lata de solvente em tamanho ampliado dentro de um rio. Slogan: “Uma lata de solvente pode poluir milhões de litros de água. Saiba onde descartar corretamente produtos químicos”.

Tema: adoção de animais. Descrição: na imagem, há um homem segurando um pet em seu colo no centro de uma árvore genealógica, sugerindo que o animal faz parte de sua família. Slogan: “Sua árvore genealógica é miscigenada. Então, por que querer comprar apenas animais de pedigree? Adote os tomba latas que te darão muito amor e alegria”.

Tema: doença de Alzheimer. Descrição: na imagem, há pessoas com peças faltantes em um quebra-cabeça.

Genesis Advertising Agency

Slogan: “Quando o Alzheimer avança, fica difícil para os portadores reconhecerem rostos familiares de toda uma vida”.

Tema: extinção animal. Descrição: na imagem, há um tigre na tela do computador. Slogan: “Salvar tigre como: ao adotar financeiramente uma causa, você ajuda a preservar as espécies em extinção”.

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vamos pesquisar! Orientações na página 206.

Você conhece outras campanhas publicitárias voltadas para questões sociais? 1. Pesquise campanhas publicitárias em prol de causas sociais. 2. Reúna os elementos que compõem as campanhas: jingles, peças publicitárias: imagens, áudios/Podcasts (rádio e Internet) e vídeos (TV e Internet). 3. Catalogue e registre no caderno e armazene arquivos em pendrive.

PASSO 05

O GÊNERO PUBLICITÁRIO Finalizado o momento inicial de pesquisas, você dará início à construção das peças que vão compor a vitrine publicitária. Em primeiro lugar, você construirá um jingle, peça sonora que se fixa na mente do interlocutor. Você, estudante, terá a grande oportunidade de usar sua criatividade para criar uma melodia inédita ou utilizar uma melodia já existente para nela inserir uma letra de música condizente com a proposta temática deste Projeto. De modo geral, o texto pode ser entendido como uma construção que possui unidade de sentido e que acontece em um determinado contexto, com função específica e envolvendo autor e leitor. Todo texto apresenta vestígios socioculturais. Através da análise dos anúncios publicitários no Passo 4, você entendeu que a compreensão do texto depende fundamentalmente da interpretação dos elementos que compõem um gênero textual (estrutura, função social, suporte etc.). Um fator que deve ser levado em consideração para a eficácia de um texto é a relação estabelecida entre forma e conteúdo. A forma é o jeito como o discurso é construído, em sua estrutura linguística (o vocabulário, a estrutura do texto, a organização dos enunciados), mas é também não verbal (as imagens empregadas e sua disposição). O conteúdo possui relação com o sentido, ou seja, o que se quer comunicar. Um mesmo conteúdo pode ser expresso de formas diferentes: por meio de jingles, peças publicitárias: imagens, áudios/Podcasts (rádio e Internet) e vídeos (TV e Internet).

ARTICULAÇÃO ENTRE SÍMBOLOS SONOROS E VERBAIS: CONSTRUINDO OS JINGLES Você sabe o que são símbolos? Sabia que os símbolos estão presentes em campanhas publicitárias? Símbolos são representações consagradas de conceitos ou elementos. Para a civilização judaico-cristã do Ocidente, por exemplo, o preto é a cor do luto, representando a tristeza. Para países orientais, o amarelo é a cor do luto, uma vez que a morte representa um momento de alegria em razão da libertação do corpo. Na Internet, os emoticons representam simbolicamente os estados humanos de espírito. Publicitários utilizam símbolos para convencer os interlocutores de uma campanha acerca de alguma ideia.

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Jingle é um tipo de combinação sonora que tem o intuito de promover um produto, uma marca, uma personalidade ou uma causa e é divulgado nos veículos de comunicação, como cinema, televisão, rádio ou em sites diversos. Como vimos, pode representar uma causa, como a do empoderamento feminino, através da associação a um jeito de pensar, um estilo de vida ou valores. É uma canção com melodia e letra simples que pode ser repetida e memorizada pelo público facilmente. De modo geral, a decisão de incluir um jingle à Campanha Publicitária parte da agência responsável. Por meio de um projeto elaborado com as características da causa e com algumas referências musicais, o produtor pode dar início à construção da obra. Deve-se levar em conta uma série de fatores para o sucesso da composição, como o suporte para a veiculação do produto, o perfil do público-alvo, a qualidade do som, o discurso subjacente à letra etc. Com o apoio do professor, você e seus colegas se dividem em turmas, tendo como critério as aptidões de cada estudante:

Orientações na página 207.

• Um primeiro grupo fica responsável por uma pesquisa para ter contato com

Shutterstock / Nadia Snopek

diversos tipos de jingle, nas suas modalidades temáticas e escolhe exemplos para apresentar a toda a turma. • Um segundo grupo, que tenha aptidão para a poesia, prepara várias propostas de texto, tendo sempre como temas o papel da mulher na sociedade atual, o seu empoderamento, a conquista dos seus direitos, sua participação no mundo do trabalho ou outros do gênero. • Um terceiro grupo será formado por colegas que conheçam e de preferências produzam melodias, com qualidade, mas de fácil aprendizagem para o público. • Um quarto grupo reúne as informações das pesquisas dos colegas e montam o maior número possível de jingles, apresentam-nos ao grupo que, por votação, escolherá os três melhores, que serão apresentados à escola e à comunidade no dia da divulgação do Produto final.

Lembrem-se do objetivo pretendido: criar jingles que fixem na mente do seu interlocutor e que conscientizem os que ouvirem sobre os direitos da mulher.

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PASSO 06 A IMAGEM NA PUBLICIDADE Você elaborará um anúncio publicitário com imagem que fortaleça a ideia de que a mulher precisa ser tratada em acordo com o princípio da igualdade, presente na Constituição Federal. Muitas vezes, apenas a imagem é capaz de comunicar o que precisa ser comunicado em uma peça. Porém, o texto verbal surge para potencializar a mensagem e aparece como um veículo condutor de força para que a reação do interlocutor seja a esperada.

A IMAGEM NA PUBLICIDADE

publicidadetrespontozero.files.wordpress.com

Além dos jingles, as campanhas veiculam imagens no intuito de atingir um número considerável de pessoas. Com características próprias, essas imagens possuem o tema em comum. Muitas vezes, uma imagem pode comunicar muito bem a mensagem que se quer transmitir. O que esse anúncio visa promover? Articulando texto verbal e não verbal, o anúncio visa combater o preconceito de gênero a partir da estrutura “Só podia ser mulher”, geralmente utilizada em contexto de deboche. Ao lado da imagem, você encontra outros enunciados comunicando os feitos da jogadora. A fotografia da jogadora constitui parte da mensagem do anúncio publicitário em análise. Em alguns anúncios, pode-se utilizar apenas a imagem para comunicar toda a mensagem. A estratégia da peça é rica porque é ambígua. A ambiguidade se caracteriza por apresentar enunciado que aceita mais de uma interpretação. Por recuperar o discurso original depreciativo, o anúncio apresenta outra possibilidade de uso em contexto favorável. Nesse sentido, houve a intenção de inverter um discurso já cristalizado em outro inédito. A ambiguidade surge de modo proposital e contribui para o efeito de sentido pretendido. Você se recorda de algum anúncio que tenha visto composto de imagem e frase ambígua? Compartilhe com os colegas a ideia do anúncio e a razão de ter ficado registrado em sua memória.

PROJETO DE ANÚNCIO PUBLICITÁRIO 1. Preparação Orientações na página 208.

• Reúna-se com os colegas do grupo e destaque quais elementos verbais e não verbais podem ser utilizados para a construção da peça;

• Elabore texto persuasivo que prenda a atenção do leitor e cujo objetivo dialogue com a proposta temática. Lembre-se de que as estratégias argumentativas da peça devem dialogar com as já utilizadas na criação do jingle. 2. Avaliação

• Solicite a leitura dos colegas e peça que deem sugestões. 3. Recepção do produto

• Agende a data para a divulgação de sua peça (no dia do lançamento da campanha).

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PASSO 07 PRODUÇÃO DO VÍDEO PUBLICITÁRIO O vídeo publicitário também é requerido em uma campanha, pois são diversas as plataformas em que ele pode ser incluído. A criatividade no caso do vídeo é o diferencial para sucesso da resposta do público. Por esse motivo, no Passo 7, é importante mobilizar a turma para que todos se engajem no desenvolvimento desse item, uma vez que é capaz de atrair a atenção plena do interlocutor para a causa que está em debate: o empoderamento feminino.

O VÍDEO PUBLICITÁRIO Elaborar vídeos que sejam atrativos é a finalidade dos profissionais da Publicidade. Quem já domina as técnicas permanece em constante busca de novidades para complementar ainda mais seu conhecimento. Na Internet, os vídeos são importantes e atingem um grande público. Hoje em dia, não existe quem não assista a eles, uma vez que são compartilhados em redes sociais, aplicativos de trocas de mensagens ou até mesmo nas plataformas de compartilhamento de vídeos. As plataformas de compartilhamento de vídeos são muito populares e acessadas pelo público mais diversificado possível, desde crianças até idosos. Há conteúdo para todos! Por quê? • Porque seu conteúdo é interativo; • Porque há um maior alcance; • Porque há um melhor engajamento. Essas são razões importantes para termos em mente neste momento do Projeto. Há diversas vantagens e benefícios que os vídeos podem proporcionar. Por esse motivo, você produzirá um vídeo seguindo o passo a passo com o objetivo de que se produza um vídeo atraente. Para iniciar, você precisará de uma câmera de vídeo em smartphone, tablet ou outro equipamento de captura.

PROJETO DE VÍDEO PUBLICITÁRIO 1. Preparação

• Considere o jingle e o anúncio publicitário já produzidos; • Elabore um roteiro, definindo início, meio e fim que sejam contínuos e que façam sentido, sempre em acordo com a proposta temática; • Selecione um protagonista com boa oratória e um local de gravação; • Faça a edição do vídeo em cerca de 1 minuto (adequado às principais plataformas digitais da Internet), utilizando, para isso, um programa de edição de imagens. Lembre-se de que as estratégias argumentativas do vídeo devem dialogar com as já utilizadas na criação do jingle e do anúncio. 2. Avaliação

Orientações na página 209.

• Peça a um colega que dê sugestão para o vídeo; • Altere o que for necessário; • Armazene o vídeo em um dispositivo seguro. 3. Recepção do produto

• Agende a data para a divulgação de seu vídeo (no dia do lançamento da campanha).

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PASSO 08 Orientações na página 210.

PRODUÇÃO DO PODCAST O Podcast, embora não seja recurso obrigatório em uma campanha publicitária, pode fazer toda a diferença, pois nele é possível promover reflexão profunda acerca da temática. É possível, com ele, realizar entrevista, noticiar um fato importante, expor argumentos de um texto opinativo etc. É preciso inovar na Publicidade, por isso o Podcast surge como alternativa capaz de oferecer um resultado que agrade a equipe de trabalho e o interlocutor.

VOCÊ SABE O QUE É UM PODCAST? O Podcast é uma mídia rica de transmissão de informações. No Brasil, seu uso ainda é recente. Ele consiste em um programa de rádio produzido sob demanda. Pode ser ouvido em qualquer horário e basta clicar em reproduzir para ter acesso a um universo de novas informações. A palavra é a união do termo POD (Personal on Demand) com Broadcast (radiodifusão). Foi utilizada pela primeira vez em um artigo do jornal The Guardian, em 2004. O primeiro Podcast brasileiro foi o da Digital Minds e seu tema foi tecnologia em geral. Os programas ou arquivos ficam geralmente armazenados em um servidor na Internet ou podem ser transferidos para leitores portáteis. O formato mais conhecido atualmente no mundo é o MP3. Você produzirá um nesse formato. Você se lembra dos resultados da pesquisa realizada no Passo 1 no site do IBGE sobre a condição da mulher no decorrer do tempo e dos textos opinativos sobre a violência pesquisados no Passo 2? Utilize os dados das pesquisas para tê-los como base para a produção do Podcast.

PROJETO DO PODCAST 1. Preparação

• Considere o artigo opinativo analisado no momento 2; • Crie um roteiro, definindo início, meio e fim, sempre em acordo com a proposta temática; • Selecione um locutor com boa voz e boa oratória para o início da gravação; • Grave o áudio discutindo os principais pontos do artigo e lançando questões para o ouvinte. Lembre-se de que as estratégias argumentativas do podcast devem dialogar com as já utilizadas na criação do jingle, do anúncio e do vídeo. 2. Avaliação

• Peça a um colega que dê sugestão para o podcast; • Altere o que for necessário; • Armazene o podcast em um dispositivo seguro. 3. Recepção do produto

• Agende a data para a divulgação de seu podcast (no dia do lançamento da campanha).

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ETAPA 3 PROMOÇÃO DE UMA CAMPANHA PUBLICITÁRIA, DE CARÁTER MOBILIZADOR, INFORMATIVO E EDUCATIVO É hora de promover a Campanha Publicitária para a promoção dos direitos da mulher! Para tanto, você criará espaços exclusivos nas principais redes sociais do país no intuito de que possa fazer circular todas as peças produzidas até agora. Em seguida, organizará o evento de lançamento da campanha, seguindo procedimentos seguros para que tudo aconteça dentro de uma ordem. É importante seguir os Passos seguintes com assiduidade.

PASSO 09 CRIANDO ESPAÇOS VIRTUAIS NA INTERNET

vamos pesquisar! Em primeiro lugar, é importante saber que o uso das redes sociais depende do público para o qual você está trabalhando. No processo criativo de um projeto publicitário, é necessário definir para quem todas as peças criadas serão destinadas. As redes devem estar alinhadas com o público-alvo. Para que a escolha seja acertada, deve-se saber quais as redes mais utilizadas no Brasil. Pesquise e saiba quais são as principais e suas características.

Shutterstock / ESB Professional

Todos os recursos produzidos até agora devem ser publicados em mídias adequadas para que atinjam o público desejado. Assim, neste Passo, os jingles e o podcast deverão ser publicados nas plataformas de streaming; a imagem, nas redes sociais; o vídeo na plataforma de compartilhamento de vídeos. Esses espaços virtuais garantirão a chegada das peças ao público para o qual a campanha foi planejada. Você apresentará todas as peças no dia de seu esperado lançamento.

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CRIANDO ESPAÇOS VIRTUAIS Orientações na página 211.

Para dar continuidade ao Projeto, é necessário criar contas exclusivas em cada rede social. Divulgue todas as peças elaboradas no dia oficial do lançamento da campanha. Após a criação das contas exclusivas, é necessário realizar o upload de todos os arquivos com antecedência. É importante lembrar que todas as redes sociais estão interligadas e que permitem compartilhamento mútuo. No aplicativo de mensagem instantânea deve ser criado um grupo oficial da campanha que será utilizado também para a divulgação das peças publicitárias. Você está chegando ao final do processo. Vamos criar!

CIRCULAÇÃO DAS PEÇAS PRODUZIDAS Orientações na página 211.

Agora que você produziu todas as peças da campanha publicitária, você precisa pensar em estratégias de circulação. Neste momento, busque entender o passo a passo para construir um planejamento para a circulação do material baseado em dados confiáveis no intuito de que atinja os melhores resultados em seus esforços comunicativos. Para otimizar os recursos disponíveis e dar um melhor direcionamento à execução dos trabalhos de campanha, é primordial elaborar um plano de ação para o dia do lançamento. Com as peças prontas e os espaços nas redes sociais criados, é hora de cuidar das demais providências. Responda em uma folha de papel: • O que será feito?

• Por que será feito? • Quem fará? • Onde será feito? • Quando será feito? • Como será feito? As respostas para essas perguntas deverão ser apresentadas no dia do lançamento da campanha. Se achar necessário, você poderá realizar um pré-teste de campanha para verificar se todos os recursos estão funcionando adequadamente. Essa ação pode ser ideal para que os ajustes finais sejam realizados e para antecipar a reação do público ao conteúdo que será veiculado.

PASSO 10

ORGANIZAÇÃO DO EVENTO! No dia do lançamento, você e seus colegas de turma receberão os estudantes de outras turmas e pessoas da comunidade para apresentar a eles a campanha. É preciso ter um cuidado na organização para que nada aconteça fora do esperado. Assim, é importante ficar atento a cada recurso que será utilizado durante a apresentação. Os recursos devem ser testados com antecedência para que eventuais falhas sejam corrigidas.

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Shutterstock / Monkey Business Images

ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR O lançamento oficial da Campanha Publicitária para empoderamento e promoção de direitos da mulher deve acontecer em um espaço adequado e previamente organizado. Pode ser em uma sala de aula ampla, auditório ou mesmo em um espaço aberto de convivência (desde que comporte a instalação de recursos tecnológicos). Será necessário utilizar uma TV ou Datashow com equipamento de som para a exibição do jingle, do vídeo, do anúncio e do Podcast.

CONVITE À COMUNIDADE ESCOLAR É importante lançar convite oficial para o lançamento da campanha publicitária. Toda a escola e a comunidade devem estar cientes da data e do horário para que nenhum imprevisto ocorra. Recomenda-se que o convite seja realizado com, pelo menos, uma semana de antecedência. Nem mais, nem menos. Vamos organizar!

O GRANDE DIA! É chegada a hora de fazer valer todos os esforços empreendidos neste Projeto, apresentando o Produto final, a Campanha Publicitária. Com o espaço reservado e com todos os recursos disponíveis, é hora de receber com carinho todos os convidados. Com o público acomodado, é hora de ler o documento produzido no Passo 9. Após a leitura, também é chegada a hora de disparar todas as peças produzidas. A Campanha Publicitária ficará disponível por 15 dias. É necessário acompanhar a reação do público e responder às mensagens dos interlocutores nos espaços virtuais durante o processo.

Orientações na página 212.

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Orientações na página 213.

Terminado o Projeto, o momento agora é de avaliação. Você e seu grupo estão convidados a conversar, refletir e responder às questões que estão apresentadas a seguir. É o momento de avaliar o desenvolvimento do Projeto e a atuação de vocês no mesmo, destacando as aprendizagens desenvolvidas de forma diferenciada e os impactos que o Projeto trouxe à vida, à escola e à comunidade.

O tEMA dO PROJETO • Você e seu grupo gostaram do tema do Projeto? •

Acharam que ele foi relevante para a escola e para a comunidade? Em que esse tema pode contribuir para mudar a sua realidade e a da sua escola e comunidade?

o DESENVOLVIMENTO dO PROJETO • Quais foram as Etapas e Passos que vocês consi• •

deraram mais interessantes? Tiveram dificuldades em alguns? Por quê? Como superaram? Destaquem as aprendizagens mais significativas. O que este projeto acrescentou de conhecimentos para o grupo? O grupo conseguiu entender e desenvolver as competências e habilidades da BNCC?

A PARTICIPAÇÃO DO GRUPO NO PROJETO • Houve •

envolvimento de todos os integrantes do grupo durante o desenvolvimento do Projeto? Que dificuldades enfrentaram e que estratégias adotaram para superá-las?

• Você e seu grupo entenderam a importância de o •

Projeto ser trabalhado não como disciplinas isoladas, mas fazendo a integração entre várias áreas do conhecimento? Quais sugestões vocês podem apresentar para a melhoria do Projeto?

o Produto Final • Vocês tiveram êxito ao final do Projeto? Deu certo • •

tudo que estava previsto ou vocês tiveram que fazer alguma mudança ou adequação? Quais os benefícios do Projeto e do Produto final para a sua formação no Ensino Médio? Pode-se afirmar que vocês, estudantes, foram protagonistas do processo?

A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE • Em quais momentos a comunidade participou do

Projeto? adesão da comunidade no momento do Produto final? Destaquem os benefícios do Projeto para a escola e para a comunidade.

• Houve •

• Como você avalia a sua participação no Projeto? De que formas você se envolveu? • Quais aprendizagens você desenvolveu no trabalho colaborativo? Você enfrentou dificuldades para se integrar ao grupo? Como você as superou?

• Como você avalia o conhecimento adquirido no Projeto? Foi significativo para a sua vida? • Você recomendaria esse modo inovador de estudar a outros colegas? Por quê? • Com base na sua experiência no Projeto, escreva um texto apontando os pontos positivos e negativos do Projeto e depois converse com o professor.

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REFERÊNCIAS ANTUNES, I. Lutar com palavras: coesão e coerência. 1ª ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2005. Irandé Antunes, em seu livro, apresenta as propriedades textuais de forma detalhada, focando, principalmente, na coesão e na coerência. As peças publicitárias possuem estrutura, tema, estilo, função social, informatividade, intertextualidade, coesão, coerência, logo são gêneros textuais. Devem ser estudadas nessa perspectiva. CABRAL, João Francisco Pereira. Os símbolos e o comportamento humano na antropologia de Leslie White. Brasil Escola. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/>. Acesso em 10 de dezembro de 2019. João Cabral, em seu texto, apresenta considerações acerca do símbolo. O autor cita Leslie White afirmando que o símbolo “é a unidade básica do comportamento humano”. Neste Projeto, o conceito de símbolo é apresentado no Passo dedicado à construção do Jingle. CITELLI, Adilson. Linguagem e persuasão. São Paulo: Ática, 1989. Adilson Citelli, em seu livro, discorre sobre a questão da persuasão no momento em que a linguagem é posta em uso. Para esse autor, há gêneros que são mais persuasivos. No estudo acerca da Publicidade, é importante atentar para os modos de seduzir o interlocutor. LUPETTI, Marcélia. Gestão estratégica da comunicação mercadológica. São Paulo: ThomsonLearning, 2007. Marcélia Lupetti traz conceitos importantes acerca da gestão estratégica da comunicação mercadológica. O Projeto, embora seja social, invoca estratégias do marketing comercial. Por essa razão, faz-se necessário estudar os principais conceitos da Publicidade de mercado. MEYER, Bernard. A arte de argumentar. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2008. Bernard Meyer trata a argumentação como uma verdadeira arte. Em seu livro, afirma que a argumentação está presente em quaisquer manifestações da linguagem, de um bilhete deixado na porta da geladeira a uma entrevista de emprego. A argumentação é central em um Projeto como este.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES JUNIOR, Lenilton. Análise do Discurso de Campanhas Publicitárias Machistas, Não conservadoras e Racistas. São Carlos – SP, 2017. Disponível em: < http://www.linguasagem.ufscar.br/index.php/linguasagem/ article/view/164> Acesso em: 17 de fev. de 2020. Lenilton Júnior traz, em seu artigo, análises de campanhas publicitárias classificadas como machistas, racistas e não conservadoras, considerando os discursos subjacentes às linguagens utilizadas. As causas sociais e sua inserção na Publicidade. Medium, São Paulo, 2 de abr. de 2015. Disponível em: <https://medium.com/publicitariossc/as-causas-sociais-e-sua-inser%C3%A7%C3%A3o-na-publicidade-179110b30e46>. Acesso em: 17 de fev. de 2020. O texto do portal Medium explica por que as causas sociais foram inseridas na Publicidade. Há um interesse em expor questões de interesse coletivo para a conscientização da população por meio da Publicidade.

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Orientações na página 215.

Você já compartilhou notícias sem saber se eram falsas? Sabe dos perigos de compartilhar Fake News? Conhece alguém vítima de desinformação? Um dos principais problemas da atualidade é o compartilhamento de Fake News – notícias falsas que circulam nas redes sociais com o objetivo de degradar algo ou alguém. É um problema porque não se sabe bem como identificá-las e como combatê-las, sem esbarrar em um direito fundamental do ser humano: o da liberdade de expressão. De acordo com uma análise de conteúdo do Laboratório de Mídia do Massachusetts Institute of Technology (MIT), em 2018, esse tipo de conteúdo é disseminado seis vezes mais rápido do que as notícias verdadeiras. Esse estudo do MIT identificou que as notícias falsas são 70% mais propensas a serem compartilhadas do que conteúdos que correspondam com a realidade. De acordo com a análise, constatou-se que elas atingiram até 100 pessoas para cada uma que recebeu uma notícia verdadeira. Outra descoberta desse estudo diz respeito ao resultado da ação dos robôs desenvolvidos para a disseminação de notícias falsas. Segundo o estudo, esses robôs não são os grandes responsáveis por disseminá-las. Os usuários da rede mundial de computadores (os de carne e osso) são os principais responsáveis pela divulgação de Fake News. Por esse motivo, faz-se necessário elaborar estratégias para conter esse fenômeno de consequências imprevisíveis. Neste Projeto, você estudará as Fake News considerando a questão argumentativa, uma vez que se entende que toda a atividade verbal tem por objetivo fazer alguém acreditar em alguma coisa. É a ação de usar a linguagem para comu-

nicar algo de modo eficiente e persuasivo. Essa atividade pode se manifestar em qualquer meio eletrônico de comunicação. Essa perspectiva ajudará a identificar estratégias linguísticas para o convencimento do leitor e a elaborar intervenções para amenizar os impactos negativos das notícias falsas. O Projeto situará os Elementos da Comunicação (emissor, receptor, código, canal, mensagem e referente) em categorias, para uma análise mais profunda do material de trabalho, pois é necessário entender de forma prática a comunicação. No mundo atual, marcado por diversas linguagens e pela comunicação em meio eletrônico, o uso adequado da língua é cada vez mais necessário. Para melhor entendimento sobre as Fake News, você estudará os critérios de noticiabilidade que norteiam a construção da narrativa jornalística, tais como os valores-notícia de proximidade, impacto, dinheiro, raridade, proeminência, entre outros. O trabalho neste Projeto, de forma interdisciplinar, visa orientar você e sua comunidade para o desafio de distinguir o que é verdade e o que é mentira. E, assim, evitar danos à imagem de pessoas e instituições, inclusive a sua. Você, estudante, é o agente de transformação da sua própria realidade. A construção de uma Agência de Investigação de Fake News, o Produto final, buscará amenizar os impactos negativos gerados. Após o evento de lançamento, você avaliará todas as ações empreendidas nos 10 Passos de desenvolvimento realizando reflexões sobre as ações coletivas e individuais.

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Orientações na página 216.

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1

invesEstudar sobre agências de investigação contra Fake News e r os tigar notícias falsas publicadas no ano, de forma a compreende r processos de produção e disseminação de informações e a acessa de defesa e ação formul a para informações confiáveis como base suas ideias e pontos de vista.

2 3

e reMobilizar conhecimentos científicos em torno do gênero notícia e. fletir, de forma crítica, sobre os critérios de noticiabilidad criar Utilizar as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação para News. Fake uma plataforma de gestão de informações e análise das


Orientações na página 216.

Os objetivos deste Projeto estão associados a Competências e Habilidades da Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018), para a área de Linguagens e suas Tecnologias, etapa do Ensino Médio, como você pode ver a seguir:

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC QUE SERÃO TRABALHADAS NO PROJETO COMPETÊNCIAS

COMPETÊNCIAS

GERAIS

ESPECÍFICAS

1

2

1

EM13LGG101 EM13LGG102

2

4e7

1

EM13LGG103 EM13LGG104

3

5e6

7

EM13LGG701 EM13LGG702 EM13LGG703 EM13LGG704

OBJETIVOS

HABILIDADES

Fonte: elaborada pelas autoras, com base na BNCC (2018). As competências e habilidades citadas podem ser consultadas por você nas páginas 7 e 8 deste livro.

O OBJETIVO 1 está relacionado à Competência Geral 2 e encaminha você, estudante, ao início do trabalho, pesquisando as agências de investigação contra Fake News. Basicamente, a pesquisa é um processo sistemático que gera novos conhecimentos. Com ela, é possível exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, investigando, refletindo criticamente, analisando um objeto etc. Após elencar as agências em atividade no país, serão investigadas as principais notícias falsas publicadas no último ano. Assim, será compreendido o funcionamento das linguagens nas notícias, no intuito de entender por que razões as pessoas produzem notícias falsas e por que razões as compartilham. O OBJETIVO 2 do Projeto está relacionado às Competências Gerais 4 e 7 da BNCC. Serão mobilizados os conhecimentos acerca do gênero notícia (sua estrutura, sua função social e seu suporte) e haverá reflexão acerca dos critérios de noticiabilidade, considerando os conhecimentos referentes à produção e recepção de textos e os critérios que a eles conferem legitimidade. É ne-

cessário compreender quais processos motivam a produção e circulação das notícias falsas, analisando os argumentos, as visões de mundo e os conflitos de interesse dos responsáveis, concretizados na materialidade discursiva, para que se possa vislumbrar possíveis intervenções, respeitando os interesses pessoais e coletivos de todos os envolvidos na prática. O OBJETIVO 3 está relacionado às Competências Gerais 5 e 6 da BNCC. Será criada uma agência de investigação contra Fake News de forma criativa, utilizando as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação, considerando as relações próprias do mundo do trabalho, gerindo-a e fazendo escolhas alinhadas ao exercício da cidadania, respeitando as liberdades individuais, a autonomia de cada integrante da equipe, estimulando sua consciência crítica e sua responsabilidade. Após o lançamento da agência, será possível mensurar o impacto do trabalho desenvolvido, uma vez que todos os processos da recepção à divulgação dos resultados serão acompanhados de perto.

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Nem todos os indivíduos que compartilham notícias falsas e ajudam a torná-las virais sabem o que estão fazendo ou têm dimensão das consequências de suas ações, uma vez que existe o repasse inocente ou a apuração incompleta dos fatos. Nessas ocasiões, os compartilhamentos são realizados sem que o autor da ação reflita acerca do impacto que será gerado. Esse tipo de repasse não costuma partir de pessoas com más intenções. No entanto, a ação inconsequente pode se tornar parte significativa do problema, pela ausência do pensamento crítico e pelo desinteresse em checar as fontes de que partem as Fake News. Existem também aqueles que agem com más intenções e que promovem o compartilhamento sabendo das consequências. Esses indivíduos geralmente aguardam algum retorno egoísta da ação e não estão preocupados com o bem da coletividade. Esse compartilhamento é considerado um crime que pode causar sérios problemas para as pessoas e à democracia. Com a expansão da Internet, as redes sociais passaram a integrar a vida de boa parte da população e são terrenos férteis para a disseminação de notícias falsas em nossa sociedade. Para que esse problema não seja potencializado, é necessário que haja um esforço coletivo e contínuo de análise das informações. É importante saber separar as informações verdadeiras das informações falsas, analisando com bastante paciência as fontes de que partem tais notícias, os conteúdos propostos e outros elementos relacionados a essa perversa prática social. O debate sobre Fake News não diz respeito apenas às consequências da desinformação no processo de difamação da imagem de pessoas e grupos. A questão se insere em um cenário mais complexo: o do direito à informação de qualidade. Diante desse cenário, o Projeto busca amenizar os impactos do compartilhamento frenético de Fake News, através da conscientização da comunidade educativa. Você, estudante, é o agente transformador da realidade.

Orientações na página 217.

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Orientações na página 218.

Será construída uma Agência de Investigação contra Fake News, com metodologia e etiquetas de checagem, de forma colaborativa com a comunidade (escola, família, amigos, vizinhos, comunidade em geral). Para que se consiga alcançar esse objetivo, você produzirá um Projeto detalhado para sistematizar todas as etapas: uma problematização da temática, justificativa, objetivos do Projeto, procedimentos, materiais necessários e um cronograma de realização das atividades. O professor responsável acompanhará essa produção. Os materiais necessários para o desenvolvimento do Projeto são: caderno escolar; caderno de produção textual; caneta, lápis e borracha; computador com programa editor de imagem e vídeo conectado à Internet ou dispositivo móvel (smartphone, tablet) conectado à Internet. Veja como viabilizar esses materiais junto ao professor. Essa agência poderá funcionar de modo permanente.

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Orientações na página 219.

etapa 1 2 PASSOS

etapa 2 3 PASSOS

etapa 3 5 PASSOS

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ESTUDO SOBRE AGÊNCIAS DE INVESTIGAÇÃO CONTRA FAKE NEWS Nesta Etapa, você realizará um estudo sobre as agências de investigação contra Fake News na atualidade. Pesquisará e reunirá as principais notícias falsas compartilhadas no último ano nas principais redes sociais da contemporaneidade. Além disso, você conhecerá a história trágica de Fabiane Maria de Jesus, vítima de violência em decorrência da circulação de informação falsa a seu respeito nas redes sociais.

ESTUDO E REFLEXÃO EM TORNO DO GÊNERO NOTÍCIA E DOS CRITÉRIOS DE NOTICIABILIDADE. Nesta Etapa, você estudará a notícia enquanto gênero textual, considerando suas propriedades (estrutura, função social e suporte). Entrará no universo fascinante do texto informativo, com o intuito de entender melhor os mecanismos da língua que estão envolvidos na elaboração do texto e que a ele conferem o status de notícia. Também conhecerá os seis Elementos da Comunicação: emissor, receptor, mensagem, canal, código e referente, que atuam em cooperação para que o processo comunicativo se efetive.

CRIAÇÃO DE PLATAFORMA DE GESTÃO E ANÁLISE DAS NOTÍCIAS Por último, você construirá uma agência de Fact-checking em coletividade e refletirá sobre o universo da comunicação dentro do contexto das inovações tecnológicas. Você construirá um espaço virtual para o recebimento dos textos que serão submetidos à análise, através de formulários online. Com esse canal de comunicação pronto, você poderá receber os primeiros textos para a análise. Antes do lançamento oficial da agência, a equipe poderá divulgá-lo para que as primeiras notícias cheguem às mãos dos estudantes que, por meio de criteriosa análise, iniciarão o trabalho.


ETAPA 1 ESTUDO SOBRE NOTÍCIAS FALSAS E AGÊNCIAS DE FACT-CHECKING Neste momento inicial do Projeto, você realizará um estudo sobre as agências de investigação contra Fake News (ou Fact-checking) e sobre as principais notícias falsas publicadas no último ano. Para tanto, pesquisará com atenção as agências em ação no Brasil, buscando entender os métodos de análise utilizados pelos jornalistas que se dedicam a essa atividade. Desse modo, poderá traçar um panorama das empresas que estão atuando com o claro objetivo de entregar à população a informação verdadeira e de qualidade. Além disso, conhecerá a história de Fabiane Maria de Jesus, vítima de violência motivada pelo compartilhamento frenético de mensagens falsas nas principais redes sociais. Esse caso de Fabiane é emblemático e demonstra o potencial maléfico do compartilhamento inconsequente. Seu caso despertou o interesse pela discussão sobre Fake News.

PASSO 01

PESQUISANDO AGÊNCIAS DE INVESTIGAÇÃO CONTRA FAKE NEWS

AS AGÊNCIAS DE FACT-CHECKING NO BRASIL

Shutterstock / Pictrider

No Passo 1, você iniciará o trabalho de criação de uma agência de Fact-checking, realizando um criterioso estudo sobre as agências de investigação contra Fake News na atualidade. Para tanto, pesquisará as principais agências em ação no Brasil e seus respectivos métodos de trabalho. Assim, construirá um panorama das empresas que estão trabalhando em nosso país para entregar à população as informações com qualidade apropriada.

Você já parou para pensar que existem pessoas trabalhando na investigação de notícias falsas? Já se imaginou fazendo esse trabalho no intuito de garantir aos colegas a informação de qualidade? E já se imaginou fazendo esse trabalho com procedimentos reconhecidamente funcionais? Esse trabalho é possível desde que sigamos todas as orientações deste Projeto.

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Orientações na página 222.

Na atualidade, é imprescindível que os usuários da Internet estejam atentos às fontes das notícias que chegam por aplicativos de mensagens instantâneas e redes sociais. Para ajudar e proteger esses usuários contra a desinformação e o perigo de compartilhar inverdades, perfis diversos de pessoas comuns estão se dispondo a dar orientações de como verificar se uma informação é verdadeira ou falsa. Agências especializadas também estão em intensa ação de trabalho no intuito de invalidar as notícias falsas que têm se espalhado nos espaços digitais. Essas agências tornaram-se verdadeiras referências nesta varredura complexa. A sua atuação é um serviço prestado à população, em uma questão tão inquietante como é a difusão das Fake News.

vamos pesquisar! Vamos iniciar uma pesquisa? Os grupos devem conter de 3 a 5 estudantes. A pesquisa que você realizará objetiva elencar as principais agências de investigação contra Fake News para que tenhamos uma visão geral de como essas agências funcionam no cotidiano. É necessário utilizar computador conectado à Internet e catalogar com método próprio e registrar todas as informações obtidas em uma tabela e no caderno de anotações. Após a pesquisa, é importante construir cartazes e expor as características próprias das agências de investigação e seus projetos editoriais (diretrizes) em sala de aula. Utilize a tabela, a seguir, para registrar os primeiros dados encontrados

AGÊNCIAS DE INVESTIGAÇÃO CONTRA FAKE NEWS Nome da agência

Endereço eletrônico

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Fonte: elaborada pelos autores, (2020).

PASSO 02 A FAKE NEWS QUE ACABOU EM TRAGÉDIA Dando sequência ao estudo sobre agências de investigação contra Fake News e sobre notícias falsas, você pesquisará os principais textos compartilhados no último ano. Antes, você conhecerá a história de Fabiane Maria de Jesus, vítima de violência motivada pelo compartilhamento inconsequente de informação improcedente. Assim, conhecerá o potencial maléfico que uma ação descuidada e inconsequente pode ter em nossa vida cotidiana.

O CASO FABIANE MARIA DE JESUS Em 3 de maio de 2014, o país ficou em choque ao saber da morte de Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, acusada de magia negra. Cinco moradores de Morrinhos, em Guarujá, no estado de São Paulo, envolveram-se em uma confusão e juntaram-se

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g1.globo.com

a dezenas de pessoas que gritavam por justiça. Essa multidão acompanhou, arrastou e agrediu a vítima durante 2 horas. Fabiane chegou a ser resgatada, mas não resistiu aos ferimentos e morreu poucos dias depois do incidente. Por trás do grave conflito estavam as Fake News. Segundo a Folha de S. Paulo, trata-se do primeiro caso de repercussão nacional em que a notícia falsa viabilizou um final trágico. Eis o alerta de que uma notícia falsa pode até matar. Alguns dias antes dessa agressão, uma página numa rede social, com 56 mil curtidas, publicou um texto sobre uma mulher que estaria raptando crianças para realizar rituais de magia negra. Acompanhando o texto havia uma frase que dizia o seguinte: “Se é boato ou não devemos ficar em alerta” e um retrato falado da mulher. Fabiane não se parecia com a mulher do retrato falado. Essa história ganhou contorno obscuro pelo fato de que a polícia investigou e sequer encontrou rastros de alguém que estava praticando crimes dessa natureza no local. Os 5 homens que participaram do linchamento foram condenados a 30 anos de reclusão. Também foi determinada uma indenização de 550 mil reais, a qual dificilmente seria paga, pois os homens não dispunham de tais recursos. Sem dúvida, um triste acontecimento motivado pela divulgação de informação mentirosa na principal rede social no Brasil. As Fake News sempre existiram. Em outros tempos, eram conhecidas como boato, mentira, distorção, barriga (no jornalismo), desinformação. A disseminação ganha muito mais força com a Internet e nesse ambiente são rapidamente viralizadas. O termo popularizou-se, em 2016, nas eleições para a Presidência dos Estados Unidos. Mas casos como o de Fabiane mostram que as notícias falsas não atingem apenas a classe política, mas toda e qualquer pessoa, de qualquer classe social.

Orientações na página 222.

vamos pesquisar! Agora é sua vez de pesquisar as principais notícias falsas compartilhadas no último ano. Todas as informações devem ser registradas em tabela e catalogadas no caderno de anotações.

PRINCIPAIS NOTÍCIAS FALSAS COMPARTILHADAS NO ÚLTIMO ANO Título da notícia

Fonte

*************

*************

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*************

*************

*************

Fonte: elaborada pelas autores, (2020).

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ETAPA 2 ESTUDO E REFLEXÃO EM TORNO DO GÊNERO NOTÍCIA E DOS CRITÉRIOS DE NOTICIABILIDADE Nesta Etapa, você estudará o gênero textual notícia, atentando para suas propriedades: estrutura, função social e suporte. Buscará compreender as engrenagens que estão subjacentes e que são molas propulsoras para sua manifestação nos mais diversos meios. Você identificará os valores-notícia que tornam os textos legítimos e que a eles conferem credibilidade. Esses valores-notícia são critérios seguros para as análises que serão empreendidas. Em seguida, estudará os Elementos da Comunicação: emissor, receptor, mensagem, canal, código e referente. Esses elementos são fundamentais para a comunicação, uma vez que atuam em cooperação para que o ato comunicativo se concretize. Você produzirá uma notícia que seja relevante para a comunidade educativa nesta Etapa. Além disso, dará início ao processo de construção da agência de Fact-cheking, planejando um nome e desenhando um logotipo que atenda às necessidades de uma empresa dessa natureza. Esses itens acompanharão todas as postagens relativas ao trabalho desenvolvido.

Shutterstock / Maxx-Studio

PASSO 03 O GÊNERO NOTÍCIA

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Para dar continuidade às atividades, no Passo 3, você estudará a notícia enquanto gênero textual, considerando suas propriedades (estrutura, função social e suporte). Você entrará nesse universo fascinante do texto informativo no intuito de entender melhor os mecanismos da língua que estão envolvidos na elaboração do texto e que a ele conferem o status de notícia. Conhecerá, ainda, os valores-notícia responsáveis por sua legitimidade.

O GÊNERO NOTÍCIA Toda notícia é produzida por alguém e para alguém. E é elaborada com base em critérios que envolvem a noticiabilidade, que compreende tudo o que é capaz de interferir no processo de produção da notícia, como os contextos sociais, políticos, econômicos, a relação com as fontes de informação, a linha editorial da empresa jornalística, entre outros.


No processo de construção da informação jornalística, também são adotados os valores-notícia. Esses atributos são: impacto, proximidade, proeminência, raridade, polêmica, mas há outros como você pode conferir no quadro a seguir.

VALORES-NOTÍCIA Impacto Número de pessoas envolvidas (no fato), Número de pessoas afetadas (pelo fato) e Grandes quantias (dinheiro)

Proeminência Notoriedade, Celebridade, Posição hierárquica, Elite (indivíduo, instituição, pais) e Sucesso/Herói

Conflito Guerra, Rivalidade, Disputa, Briga, Greve e Reivindicação

Entretenimento/Curiosidade Aventura, Divertimento, Esporte e Comemoração

Polêmica Controvérsia e Escândalo

Conhecimento/Cultura Descobertas, Invenções, Pesquisas, Progresso, Atividades e valores culturais e Religião

Raridade Incomum, Original e Inusitado

Proximidade Geográfica e Cultural

Surpresa Inesperado

Governo Interesse nacional, Decisões e medidas, Inaugurações, Eleições, Viagens e Pronunciamentos

Tragédia/Drama Catástrofe, Acidente, Risco de morte e Morte, Violência/ Crime, Suspense, Emoção e Interesse humano

Justiça Julgamentos, Denúncias, Investigações, Apreensões, Decisões judiciais e Crimes

Fonte: Gislene Silva. (2014).

As Fake News, geralmente, apropriam-se de forma indevida dos valores-notícia e do formato da notícia em geral, exatamente para confundir o público que pode estar compartilhando uma informação como verdadeira, quando ela é falsa. A propósito das notícias falsas que você pesquisou e catalogou, discuta com os seus colegas sobre os valores-notícia empregados.

Elaborado pelos autores

Além disso, a notícia é organizada no formato da técnica da Pirâmide Invertida, que significa narrar os fatos por ordem decrescente de importância, do mais importante para o menos importante. O mais importante integra o primeiro parágrafo, este recebe o nome de lead.

PIRÂMIDE INVERTIDA Lide (Lead) Que? Quem? Onde? Quando? Como? Por quê?

+ importante

Dados secundários

Detalhes − importante

vamos pesquisar! Com base na tabela de Gislene Silva, identifique os valores-notícia empregados nos textos pesquisados no Passo 2. As informações devem ser registradas no caderno de anotações.

Orientações na página 223.

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PASSO 04 OS ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO NA NOTÍCIA Após o estudo do gênero, no Passo 4, você conhecerá os seis Elementos da Comunicação: emissor, receptor, mensagem, canal, código e referente. Eles atuam em cooperação para que o processo comunicativo se efetive. Verá detalhes de cada elemento, analisando um texto. Além disso, aproveitará para construir uma notícia relevante para a comunidade educativa.

A TEORIA DE JAKOBSON

Shutterstock / Bplanet

A comunicação faz parte da vida do ser humano desde seu nascimento. A fala e a escrita são utilizadas não apenas para expressar o pensamento, mas também para realizar ações sobre o interlocutor, produzindo algum efeito de sentido. Sendo assim, pode-se dizer que temos sempre uma intenção ao comunicar algo para alguém em qualquer circunstância de comunicação. A linguagem não é utilizada apenas para transmitir uma informação. Nessa perspectiva, ela pode ter o papel de conduzir o outro a tomar alguma atitude, fazê-lo rir, refletir, emocionar-se etc. Pode servir para escoar o que existe em nosso interior, no intuito de entendermos o mundo e refletirmos sobre ele. É com a linguagem que delineamos tudo ao nosso redor para que tenhamos condição de compreender os acontecimentos da vida.

Roman Jakobson (1896-1982) foi um dos primeiros estudiosos a considerar que a linguagem não possui apenas o papel de transmitir informações. Para esse linguista russo, haveria fundamentalmente seis Elementos da Comunicação presentes em qualquer atividade interativa. Nesse sentido, a comunicação não pode ser compreendida como um fenômeno isolado, uma vez que ela se efetiva apenas quando os elementos estão presentes na dinâmica. Vamos a eles! Os elementos básicos para que ocorra uma comunicação são: • Emissor: a pessoa que fala ou escreve. • Receptor: a pessoa para quem se fala ou escreve.

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• Canal: meio físico ou psicológico em que a comunicação acontece. • Referente: o contexto a que a mensagem se refere. • Código: a língua (na comunicação verbal). • Mensagem: o objeto da comunicação. Para o propósito deste Projeto, você deve considerar todos os Elementos da Comunicação, uma vez que cada um ocupa um importante lugar no gênero notícia. Porém, um ficará sobreposto: o referente. O contexto exerce papel fundamental em relação ao efeito de sentido produzido. É principalmente para o contexto que se deve voltar o olhar no momento da análise de um texto, uma vez que ele determina os contornos de sentido em uma notícia. Leia o texto abaixo:

ENEM É UM INSTRUMENTO DE ACESSO AO ENSINO SUPERIOR Saiba como usar o Sisu para conquistar uma vaga. Mais de 5 milhões de alunos farão provas nos dias 3 e 10 de novembro Os mais de 5 milhões de estudantes que farão o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) domingo (3) e dia 10 poderão usar as notas que obtiverem para acessar o ensino superior dentro e fora do país. As oportunidades são muitas e uma das principais condições para participar dos processos seletivos é não tirar zero na redação. Todas as universidades federais do país usam o Enem de alguma forma, seja como processo seletivo único, seja como uma das formas de admissão. Para ingressar em instituições públicas federais, estaduais e municipais, o Sisu (Sistema de Seleção Unificada), que ocorre duas vezes por ano, é uma das principais formas de acesso. Na primeira edição deste ano foram ofertadas mais de 235 mil vagas distribuídas em 129 universidades públicas de todo o país. Na segunda edição, foram mais de 59 mil vagas em 76 instituições públicas de ensino. Algumas instituições usam a nota do Enem em processos próprios. Em 2020, a Universidade de Brasília (UnB), por exemplo, deixará de usar o Sisu, mas os estudantes continuarão podendo usar o exame como forma de ingresso. As instituições particulares também admitem estudantes com base na nota do Enem, seja por meio de programas do governo federal, seja por processos próprios. O Programa Universidade para Todos (ProUni) oferece bolsas de estudos nessas instituições. Neste ano, foram ofertadas, no primeiro semestre, cerca de 244 mil bolsas de estudo em 1,2 mil instituições particulares de ensino. No segundo semestre, o total de bolsas foi 169 mil, em 1,1 mil instituições em todo o país. Também com base nas notas do Enem é possível concorrer a financiamentos pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Neste ano, foram ofertadas 100 mil vagas na modalidade juro zero. Fora do país, o Enem também pode ser usado para admissão em universidades. Em Portugal, o exame é aceito como forma de ingresso em 42 instituições de ensino. Fonte: noticias.r7.com/educacao/enem-e-um-instrumento-de-acesso-ao-ensino-superior-31102019. Acesso em: 19 jan. 2020.

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• Identifique os Elementos da Comunicação na notícia em análise.

ANÁLISE DA NOTÍCIA Elemento da comunicação

Informação correspondente

Emissor

*************

Receptor

*************

Canal

*************

Referente

*************

Código

*************

Mensagem

*************

Fonte: elaborada pelas autores, (2020).

• Aponte um contexto em que a notícia produziria um efeito de sentido totalOrientações na página 224.

mente diferente do proposto.

• Selecione um fato relevante para a comunidade educativa e produza uma notícia (no Caderno de Produção Textual), considerando a estrutura e a função social do gênero em estudo.

A NOTÍCIA COMO ESTRATÉGIA ARGUMENTATIVA EM UM DIÁLOGO A notícia é um gênero muitas vezes utilizado em contexto de argumentação. A indagação “por quê?” e sua resposta “porque” surgem no vocabulário das pessoas desde cedo. Feita pela criança, a pergunta corresponde diversas vezes a um pedido de explicação para um fenômeno do mundo. Realizada pelo adulto, pode incluir uma crítica ou uma ordem para que o interlocutor apresente justificativa, ou até convencê-lo de que sua observação não possuía fundamento ou era errônea. A notícia entra em uma discussão para validar uma argumentação, uma vez que ela traz os “porquês” tão requeridos para uma situação de diálogo. O primeiro objetivo em um diálogo é o de convencer a outra pessoa. Modificar a opinião do outro constitui o sinal da eficácia de uma argumentação. Toda argumentação é justificação e explicação. Como ela não pode impor um encadeamento automático de ideias, necessitará multiplicar provas. Portanto, será preciso que o novato em argumentação aprenda a gerir a apresentação e a organização das ideias, ou seja, a estrutura do raciocínio que será movimentado por um desejo preciso e orientado para um objetivo claro. O falante precisará de provas (exemplos, fatos, casos) e elas estão presentes no gênero em estudo. E quando um argumento é considerado verdadeiro e coerente? Nós acabamos de estudar os princípios básicos da comunicação. O esquema já é conhecido: quando um emissor transmite uma mensagem a um receptor, não se tem comunicação, mas informação. Para que a comunicação aconteça, é preciso que o receptor dê indícios ao emissor de que a mensagem foi bem com-

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Shutterstock / curiosity

preendida. Esse feedback possui o papel de viabilizar uma correção por parte do emissor caso ele perceba que a mensagem não foi entendida. Na oralidade, o falante pode confirmar se foi ou não entendido constantemente e adaptar o circuito argumentativo. Isso não acontece na escrita. A ausência de feedback imediato exige um aprofundamento das noções de emissor e receptor. É importante que um jornalista saiba levar em conta a existência de um receptor para que possa adaptar sua mensagem.

O referente é o elemento da comunicação que tem um papel importante, pois é inserida em um contexto que uma notícia pode ser considerada verdadeira. No cotidiano, muitas vezes, uma notícia é retirada de seu contexto original no intuito de modificar a leitura do receptor e gerar uma reação diferente da esperada. Essa é uma estratégia de manipulação recorrente nos dias de hoje.

vamos REFLETIR! Você já leu uma notícia retirada do contexto original? Qual o efeito de sentido gerado pela transposição do texto para um contexto diferente?

Orientações na página 225.

PASSO 05 AS AGÊNCIAS DE FACT-CHECKING No Passo 5, você construirá uma agência de Fact-checking em coletividade, atribuindo-lhe um nome condizente com a proposta e elaborando os métodos de checagem que serão utilizados. Após a escolha do nome, fará o esboço do logotipo da empresa que acompanhará as etiquetas de checagem em todas as postagens dos resultados nas redes sociais.

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AS AGÊNCIAS DE INVESTIGAÇÃO CONTRA FAKE NEWS

Colocar Crédito

As agências especializadas na técnica de fact-checking, para realizarem as suas checagens, criam uma metodologia de trabalho. Geralmente, tudo começa com a observação diária e acompanhamento de tudo que é dito, mas cada uma tem o seu método próprio de verificação dos fatos. Depois de pesquisadas as informações, consultadas as fontes e contrastados os dados, a última Etapa da checagem é a classificação das afirmações. Conforme o grau de verdade ou de falseamento, a declaração checada recebe uma etiqueta ou selo. Estes funcionam como um rótulo que acompanham as explicações. As frases analisadas são consideradas corretas ou erradas, mas em alguns casos podem corresponder adequadamente a mais de uma qualificação. Em muitas agências, além de “verdadeiro” e “mentira” aparecem termos como “exagerado”, “enganoso”, “discutível”, “impreciso” e “distorcido”. Há ainda declarações sobre assuntos em andamento na sociedade que podem ser classificadas com selos como “De olho”, “Veredito pendente” ou mesmo “Precipitado”. As agências criam suas etiquetas de modo personalizado. Essas etiquetas conferem identidade a suas respectivas empresas. Elas são símbolos que inserem os textos analisados em categorias. Vejamos alguns exemplos de etiquetas:

EXEMPLOS DAS ETIQUETAS DA AGÊNCIA DE FACT-CHECKING AOS FATOS Verdadeiro

Falso

Distorcido

Fonte: elaborada pelos autores, (2020).

VAMOS CRIAR JUNTOS UMA AGÊNCIA DE FACT-CHECKING? Roteiro de criação de agência Orientações na página 225.

1. Projeto da agência

• Reúna-se com os colegas do grupo e discuta com eles quais nomes podem ser atribuídos à empresa, considerando sua atividade principal e o público para o qual as atividades serão destinadas; • Escolha um nome em comum acordo com o grupo e desenhe um logotipo que acompanhe as etiquetas de checagem em todas as postagens. 2. Avaliação

• Peça a um colega que dê sugestão para o nome e o logotipo; • Altere o que for necessário. 3. Recepção do produto

• Agende a data para a divulgação de sua empresa (no dia do lançamento da empresa).

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ETAPA 3 CRIAÇÃO DA PLATAFORMA DE GESTÃO E ANÁLISE DAS NOTÍCIAS Após a instituição do nome e de outras características da agência de investigação contra Fake News, é hora de fazer uma reflexão acerca do universo da comunicação dentro do contexto das inovações tecnológicas. Em questão de segundos, um texto publicado alcança um número expressivo de leitores e esse fato desperta na sociedade o interesse pelo entendimento das circunstâncias que geram tal comportamento. É importante, neste momento do Projeto, conhecer o público-alvo para o qual se produz e as mídias em que a produção circula. Após o mapeamento, será construído um espaço virtual para a recepção dos textos que serão submetidos à análise. Esse espaço será construído em qualquer plataforma que permita a construção de formulários online e será customizado conforme o planejamento da equipe responsável pela apreciação dos textos. Finalizado o espaço para a recepção dos textos, será dado início ao trabalho de análise. Para tanto, será necessário publicizar esse canal de comunicação na comunidade educativa. Assim, será colocado em prática tudo o que aprendemos até este momento.

PASSO 06

A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL ESTÁ REVOLUCIONANDO O UNIVERSO DA COMUNICAÇÃO? Após os primeiros passos de construção da agência de Fact-checking, você refletirá sobre o universo da comunicação dentro do contexto das inovações tecnológicas. Atualmente, os textos produzidos são publicados na Internet e alcançam um grande público em questão de segundos. Nessa circunstância, é importante saber quem é esse público e em que lugar (ou lugares) ele está, uma vez que existem diversas plataformas para públicos distintos. Por essa razão, é necessário conhecer uma mídia em função de seu público.

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A REVOLUÇÃO NA COMUNICAÇÃO No universo da comunicação, é necessário saber quem é o público que se quer alcançar e o lugar em que ele está. Por bastante tempo, era mais fácil ter respostas para essas questões. Esse público era facilmente atingido por notícias em jornais, revistas, rádios e TVs. Por décadas foi dessa maneira. Porém, hoje, não é mais. Vamos refletir juntos sobre isso? Atualmente, os profissionais da comunicação atentam para o fato de que os consumidores de notícias não estão apenas em uma única mídia. Esses consumidores estão em vários lugares digitais. Esse público quer ser informado no horário que melhor se encaixa à rotina diária. Por essa razão, quem produz conteúdo agora possui um grande desafio: satisfazer as necessidades individuais de milhões de espectadores. Entender esse novo público e elaborar maneiras de atingi-lo são metas para os profissionais da comunicação no Brasil e no mundo. Foi-se o período em que a TV e o rádio eram os únicos meios. No cotidiano, nós consumimos informação por meio de multiplataformas. Nossa relação com os meios de comunicação na atualidade é complementar. Antigamente, para fazer cinema, bastava rodar um filme exibindo-o nas salas adequadas para essa atividade. Atualmente, é importante desenvolver um hotsite, fazer chamada específica para cada rede social ou plataforma de compartilhamento, criar outros locais para exibição etc. Para o consumo de notícias não é diferente! É importante, então, que saibamos onde as notícias falsas estão sendo publicadas e compartilhadas diariamente, para que as ações da agência de investigação contra Fake News sejam direcionadas e cumpram seu papel: o de certificar o público acerca da qualidade da informação. É com esse objetivo que devemos trabalhar seguindo o passo a passo do Projeto. Agora que estamos cientes da heterogeneidade do público e de suas demandas no mundo atual, será criado um espaço virtual para o recebimento de denúncias com possíveis notícias falsas. Essas denúncias podem ser recebidas e as análises de conteúdo podem ser realizadas antes do dia de lançamento da empresa de Fact-checking, porém os resultados das análises serão divulgados apenas a partir da data planejada para a inauguração.

O PASSO A PASSO DA CHECAGEM Orientações na página 226.

Pesquise sobre a metodologia e etiquetas das agências de verificação de fatos, anotando no caderno.

PASSO 07 RECEBENDO NOTÍCIAS COM O FORMULÁRIO ONLINE Após o mapeamento, você construirá um espaço virtual para o recebimento dos textos que serão submetidos à análise. Esse espaço será cuidadosamente customizado, recebendo logotipo, outras imagens e cores que sejam condizentes com a proposta da agência de investigação. Utilizará a ferramenta de formulário online para estruturar a base de comunicação entre o público que anseia pela informação de qualidade e a equipe responsável pelas checagens.

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CONSTRUINDO A AGÊNCIA ONLINE Shutterstock / Africa Studio

Você conhece alguma plataforma de formulários online? Sabia que é possível criar um espaço de recepção de textos na Internet? Existem diversos serviços que permitem a construção de formulários online. São gratuitos e estão disponíveis para quem precisa reunir informações dos usuários na Internet. É possível elaborar pesquisas de múltipla escolha, fazer avaliações em escala numérica, receber texto para apreciação etc. Essa ferramenta é propícia para o desenvolvimento de um espaço virtual exclusivo para a recepção de notícias potencialmente falsas para análise. Os serviços podem ser acessados em computador (pelo navegador), smartphone, tablet etc. Uma plataforma de formulários permite que os usuários customizem a página de acordo com seus interesses, inserindo itens que estejam de acordo com o propósito do espaço virtual, como cores da empresa, logotipo, vídeos, fotos etc. É possível também gerar links, compartilhar em redes sociais e incorporá-los em blog ou site. Antes do dia de lançamento da empresa, é importante verificar se todos os itens do espaço virtual estão funcionando. Para isso, peça aos demais colegas do grupo que enviem textos.

VAMOS CONSTRUIR UM ESPAÇO PARA RECEPÇÃO DE TEXTOS ONLINE? Roteiro de construção da empresa virtual 1. Criação do espaço

Orientações na página 227.

• Acesse uma plataforma para a construção de formulário online; • Crie um novo formulário do zero; • Escolha um dos templates oferecidos pela plataforma e edite como preferir, inserindo cores padronizadas e logotipo;

• Adicione perguntas, imagens e vídeos; • Envie o formulário por e-mail ou compartilhe em rede social. 2. Avaliação

• Confirme se o formulário está funcionando adequadamente; • Altere o que for necessário. 3. Recepção do produto

• Agende a data de divulgação da empresa no Passo 10 (criação dos espaços virtuais). Publique nos espaços uma chamada para envio de denúncias).

PASSO 08 É FATO OU FAKE? Com o canal de comunicação pronto, você poderá receber os primeiros textos para a análise. Antes do lançamento oficial da empresa, a equipe poderá divulgá-lo para que as primeiras notícias cheguem às mãos dos estudantes que, por meio de criteriosa análise, iniciarão o trabalho na empresa. Os primeiros resultados serão divulgados apenas após o lançamento da agência.

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ANALISANDO OS PRIMEIROS TEXTOS

Shutterstock / Rido

Com inúmeros conteúdos compartilhados na Internet, fica difícil saber o que é fato e o que é fake. Por isso, é necessário elaborar um método que ajude a identificar se a notícia que circula na rede social ou no aplicativo de troca de mensagem é verdadeira. É comum, por exemplo, que um conteúdo falso seja publicado com o título desconectado do corpo do texto. Sendo assim, é importante ler uma publicação do início ao fim antes de sair compartilhando. Além de atentar para a leitura integral da publicação, é importante desconfiar de texto alarmista. Texto alarmista pode até despertar a curiosidade, mas o intuito geralmente é o de atrair cliques para o conteúdo. Nesse sentido, devemos ter bom senso. Se uma notícia soar absurda, talvez seja porque ela realmente o é. No geral, alguém que tenta enganar o leitor geralmente opta por exagerar ou inventar situação pouco concreta, para mexer com a emoção do público. Textos com informações pouco específicas, sem sujeitos envolvidos ou local do acontecimento, são menos confiáveis. Como vimos em momento anterior, encontramos no primeiro parágrafo respostas às perguntas “Quem?”, “O quê?”, “Como?”, “Por quê?”, “Onde?” e “Quando?”. Notícias sérias trazem respostas para essas perguntas e mostram detalhes para o leitor. Textos com data de publicação antiga voltam a circular quando algo vira notícia. Antes de iniciar a leitura, é importante verificar a data original, mesmo que a informação seja verdadeira. Em um novo contexto, a notícia antiga pode estar sendo utilizada como meio de provocar comoção coletiva e de gerar confusão por ganhar novos contornos de sentido. Em 2012, por exemplo, uma matéria sobre o cancelamento do ENEM foi compartilhada às vésperas do certame, gerando pânico nos candidatos, só que o texto era de 2009. Nessa compilação de cuidados que devemos ter ao ler uma notícia, prestemos atenção nas imagens e áudios retirados do contexto original, pois eles podem ser facilmente editados e usados para gerar conflito. Por essa razão, é importante recuperar suas circunstâncias. Se a foto compartilhada parecer estranha, é importante dar um clique com o botão direito do mouse e selecionar a opção “procurar imagens”. Essa ação pode indicar sua fonte original. Informações relevantes são geralmente publicadas por veículos profissionais. Por esse motivo, é importante buscar outras fontes oficiais no intuito de verificar a autenticidade da informação. Se pesquisas são usadas para embasar textos, é fundamental checar as fontes. Os institutos de pesquisa possuem sites que geralmente disponibilizam seus resultados à população. Nós podemos repassar notícias em redes sociais e em aplicativos de troca de mensagens, mas desde que nos certifiquemos de que são verdadeiras, pois somos responsáveis pelo que publicamos. Alguns enunciados como “Mande esse texto para os seus contatos” e “Faça essa mensagem chegar ao maior número de pessoas” acompanham informações falsas. No trabalho de análise de textos, todos esses cuidados tornam-se procedimentos a partir de agora. Vamos dar início ao trabalho de checagem do material recebido no formulário online? Roteiro de checagem 1. Checagem do material Orientações na página 228.

• Reúna-se com os colegas do grupo, discuta pautas e separe com eles os textos que serão analisados;

• Selecione a notícia (de acordo com a repercussão); • Consulte a fonte original (de onde a notícia foi retirada); • Confronte a informação com fontes oficiais e alternativas; • Analise o contexto; 88


• Confirme, desminta ou relativize a informação; • Classifique com etiquetas. 2. Avaliação

• Confirme se todos estão de acordo com a etiqueta selecionada; • Altere o que for necessário. 3. Recepção do produto

• Agende a data para a divulgação dos resultados (no dia do lançamento da empresa). Com o trabalho de análise em andamento, você partirá para a criação de perfis exclusivos nas principais redes sociais do país. Você utilizará espaços nas redes sociais e plataformas de compartilhamento, no intuito de divulgar os primeiros resultados obtidos. Para publicizar as análises, será necessário construir peças com as cores da empresa e com seu logotipo, além de textos explicando os pareceres da equipe e hashtags que facilitarão a divulgação das análises realizadas. Você está chegando ao final desse processo. Para comunicar oficialmente à comunidade educativa a existência de uma empresa de Fact-cheking criada pela equipe de estudantes, você organizará um evento de lançamento, convidando pais, estudantes, docentes e demais interessados com, pelo menos, uma semana de antecedência. Porém, para que tudo ocorra dentro do planejamento, será necessário realizar um pré-teste dos recursos que serão utilizados e apresentados no evento. Siga as orientações dos Passos a seguir com atenção e compromisso.

PASSO 09 CRIANDO PERFIS NAS PRINCIPAIS REDES SOCIAIS Para publicizar os resultados oriundos das análises empreendidas, você abrirá contas nas redes sociais mais conhecidas. Você desenvolverá peças publicitárias personalizadas (com etiqueta de checagem e logotipo da agência) e produzirá textos para as postagens nos perfis, com links de origem das matérias e hashtags. Essas ações facilitarão a divulgação dos trabalhos realizados.

REDES SOCIAIS MAIS POPULARES NO BRASIL Você sabe quais são as redes sociais mais populares no Brasil? Conhece as características de cada uma delas? As redes sociais estão presentes na vida de grande parte das pessoas no mundo. Não é diferente no Brasil. De acordo com um relatório feito pela We Are Social, 66% da população brasileira é usuária das redes. Essa porcentagem representa mais de 140 milhões de usuários ativos. Existem as redes que são mais utilizadas pela população. Você pode realizar uma pesquisa na Internet em busca de estudos voltados à melhor compreensão da distribuição de usuários entre os serviços disponíveis. Há diversos estudos! É através das redes que as notícias são publicadas e compartilhadas em ritmo frenético. No contexto das Fake News, elas acabam sendo canais para a propagação cada vez maior de informações falsas. Porém, com mudança de atitude frente à questão, é possível utilizá-las também para amenizar seus impactos, conscientizando os brasileiros acerca do problema.

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Para divulgar os resultados das análises, você criará espaços virtuais exclusivos nas principais redes sociais e convidará toda a comunidade educativa para que haja o acompanhamento do trabalho realizado pela equipe durante e após o desenvolvimento do Projeto. Esses espaços virtuais devem ser customizados de acordo com as características da empresa de investigação contra a propagação de notícias falsas, com logotipo e demais recursos que conferem identidade. É importante elaborar um texto padrão explicando as diretrizes que delineiam o trabalho a ser realizado pela equipe e incluir em cada espaço virtual.

ROTEIRO DE CRIAÇÃO DOS ESPAÇOS VIRTUAIS 1. Criação dos espaços virtuais Orientações na página 229.

• Reúna-se com os colegas do grupo e separe com eles as atribuições para a criação dos espaços virtuais;

• Crie contas nas principais redes sociais; • Insira o logotipo nos perfis criados; • Inclua texto com as diretrizes da empresa em espaço adequado para isso, na seção “sobre” de cada perfil;

• Adicione os membros da comunidade educativa ou peça que curtam os perfis. 2. Avaliação

• Confirme se todos estão adicionados e peça que deem sugestões; • Altere o que for necessário. 3. Recepção do produto

• Agende a data para a divulgação dos primeiros resultados na primeira publicação.

PRÉ-LANÇAMENTO DA EMPRESA DE INVESTIGAÇÃO DE FAKE NEWS NA COMUNIDADE

Shutterstock / Rawpixel.com

Criados os canais de divulgação, agora chegou o momento tão esperado: mobilizar a comunidade, a escola, pais, vizinhos e amigos para conhecerem a agência de fact-checking que você e seus colegas criaram com tanta dedicação. As Fake News atingem a reputação de qualquer pessoa. Nesse mundo digital, qualquer informação chega em segundos do outro lado do mundo e pode, se falsa, causar prejuízos à vida das pessoas, de qualquer classe social. Como vimos, ao longo desse Projeto, elas podem causar até a morte de inocentes. Você e seus colegas agora estão prontos para combatê-las. Envolva a sua comunidade nessa batalha e mostre como esse combate pode ser feito. Reúna os checadores e planeje o evento de apresentação da agência para a comunidade. Pode ser por meio de um evento cultural, com teatro, fotografias, exibição de vídeos, do Projeto e da página da agência na Internet, entre outros recursos midiáticos.

vamos REFLETIR! Orientações na página 230.

Roteiro de pré-lançamento 1. Organização do espaço

• Calcule o público estimado; • Reserve um auditório ou qualquer espaço com recurso multimídia; 90


• Verifique o funcionamento de cada item; • Elabore slides com o logotipo, diretrizes da empresa e primeiros resultados da checagem;

• Deposite os slides em uma pasta do computador. 2. Apresentação

• Convide a todos os estudantes, os professores, o pessoal técnico-administrativo, a direção da escola e a comunidade com pelo menos uma semana de antecedência.

PASSO 10 EVENTO DE LANÇAMENTO DA AGÊNCIA DE INVESTIGAÇÃO CONTRA FAKE NEWS Você organizará o evento de lançamento da empresa para a comunidade. Mesmo em funcionamento, é necessário apresentá-la ao público que será beneficiado com as ações empreendidas. Esse evento será organizado seguindo detalhadamente passos que fortalecerão a empresa. Ela poderá funcionar de modo permanente após o evento de lançamento oficial.

LANÇAMENTO DA AGÊNCIA DE FACT-CHECKING É chegado o dia de promover o evento de lançamento da empresa de investigação contra Fake News. Você conhece as técnicas de organização de um evento? Vamos conversar sobre isso? Fazer com que um evento tenha sucesso depende também do conhecimento que temos acerca de organização. Do planejamento à execução, são diversas as etapas e muitos os detalhes que precisam ser conferidos para que tudo aconteça dentro da normalidade. Um evento auxilia a posicionar uma empresa no mercado, fortalecendo a marca e aumentando a visibilidade do serviço oferecido diante do público de interesse. Ademais, ajuda a empresa a se tornar uma referência em determinado assunto, o que pode ser um diferencial. Eis um modo eficiente de aproximar um público específico de uma determinada empresa. Roteiro de lançamento 1. Organização do evento

• Defina o nome do evento de modo criativo; • Elabore uma palestra (o formato ideal); • Monte a equipe responsável pela organização, distribuindo atividades; • Monitore o desenvolvimento das atividades durante o trabalho de organização; • Cheque mais uma vez se todos os recursos estão funcionando.

Orientações na página 230.

2. Apresentação

• Receba os convidados e dê início ao evento. Este é o momento mais esperado por você e por todos os envolvidos no Projeto. É importante se dedicar aos trabalhos, observando detalhadamente cada item que compõe esse evento tão especial. A agência de investigação contra Fake News criada por você e sua equipe poderá funcionar de modo permanente após o evento de lançamento oficial, garantindo à comunidade a informação de qualidade e a preservação saudável do direito à liberdade de expressão.

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Orientações na página 231.

Terminado o Projeto, o momento agora é de avaliação. Você e seu grupo estão convidados a conversar, refletir e responder às questões que estão apresentadas a seguir. É o momento de avaliar o desenvolvimento do Projeto e a atuação de vocês no mesmo, destacando as aprendizagens desenvolvidas de forma diferenciada e os impactos que o Projeto trouxe à vida, à escola e à comunidade.

O tEMA dO PROJETO • Você e seu grupo gostaram do tema do Projeto? •

Acharam que ele foi relevante para a escola e para a comunidade? Em que esse tema pode contribuir para mudar a sua realidade e a da sua escola e comunidade?

o DESENVOLVIMENTO dO PROJETO • Quais foram as Etapas e Passos que vocês consi• •

deraram mais interessantes? Tiveram dificuldades em alguns? Por quê? Como superaram? Destaquem as aprendizagens mais significativas. O que este projeto acrescentou de conhecimentos para o grupo? O grupo conseguiu entender e desenvolver as competências e habilidades da BNCC?

A PARTICIPAÇÃO DO GRUPO NO PROJETO • Houve • •

envolvimento de todos os integrantes do grupo durante o desenvolvimento do Projeto? Que dificuldades enfrentaram e que estratégias adotaram para superá-las? Você e seu grupo entenderam a importância de o Projeto ser trabalhado não como disciplinas isola-

das, mas fazendo a integração entre várias áreas do conhecimento? Quais sugestões vocês podem apresentar para a melhoria do Projeto?

o Produto Final • Vocês tiveram êxito ao final do Projeto? Deu certo • •

tudo que estava previsto ou vocês tiveram que fazer alguma mudança ou adequação? Quais os benefícios do Projeto e do Produto final para a sua formação no Ensino Médio? Pode-se afirmar que vocês, estudantes, foram protagonistas do processo?

A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE • Em quais momentos a comunidade participou do

Projeto? adesão da comunidade no momento do Produto final? Destaquem os benefícios do Projeto para a escola e para a comunidade.

• Houve •

• Como você avalia a sua participação no Projeto? De que formas você se envolveu? • Quais aprendizagens você desenvolveu no trabalho colaborativo? Você enfrentou dificuldades para se integrar ao grupo? Como você as superou?

• Como você avalia o conhecimento adquirido no Projeto? Foi significativo para a sua vida? • Você recomendaria esse modo inovador de estudar a outros colegas? Por quê? • Com base na sua experiência no Projeto, escreva um texto apontando os pontos positivos e negativos do Projeto e depois converse com o professor.

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REFERÊNCIAS ANTUNES, I. Lutar com palavras: coesão e coerência. 1ª ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.

comunicativo: em uma entrevista de emprego, em uma conversa no WhatsApp etc.

O gênero notícia possui as propriedades básicas de um texto. A autora elenca essas propriedades e apresenta análises a partir de exemplos do cotidiano. Esta obra pode auxiliar a compreender especificidades do gênero em estudo.

SILVA, G.; SILVA, M. P. da. FERNANDES, M. L. (Orgs). Critérios de noticiabilidade: problemas conceituais e aplicações. Florianópolis: Insular: 2014.

MEYER, Bernard. A arte de argumentar. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2008. O autor aborda a argumentação em perspectiva abrangente, considerando as situações corriqueiras do cotidiano. Defende a ideia de que a argumentação está presente em qualquer ato

Este livro coletivo emerge da constatação de que no Brasil há uma lacuna acerca de trabalhos voltados ao conceito de noticiabilidade. Esse conceito muitas vezes é abordado de forma descontextualizada. A obra surge, então, para preencher uma lacuna e oferecer subsídio para compreender melhor esse conceito.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES ICMC. Ferramenta para detectar Fake News é desenvolvida pela USP e pela UFSCar. Disponível em: <https://www.icmc.usp.br/noticias/3956-ferramenta-para-detectar-fake-news-e-desenvolvida-pela-usp-e-pela-ufscar>. Acesso em: 26 fev. 2020. Esta matéria traz uma breve contextualização acerca do problema das Fake News, apresentando uma solução desenvolvida pela USP e pela UFSCar. LAGE, Nilson. A estrutura da notícia. São Paulo: Ática, 2006. O autor, nesta obra, apresenta a notícia jornalística no contexto da sociedade industrial e as relações que estabelece com as demais formas de texto.

infraestrutura e ferramentas digitais podem auxiliar se houver maior conhecimento de suas potencialidades. PORTAL IMPRENSA. 10+ da comunicação do Fact-checking no Brasil. Disponível em: <http:// portalimprensa.com.br/imprensa+educa/conteudo/82115/10++da+comunicacao+fact+checking+no+brasil>. Acesso em: 26 fev. 2020. Esta matéria apresenta as agências de Fact-checking mais confiáveis no universo da comunicação. A checagem, de acordo com o texto, representa a retomada do conceito mais básico do jornalismo: a apuração. É importante conhecer as iniciativas do país.

MATHIAS, Sergio Larruscaim; SAKAI, Celio. Utilização da Ferramenta Google Forms no Processo de Avaliação Institucional: Estudo de Caso nas Faculdades Magsul. 2013.

VOSOUGHI, Soroush; ROY, Deb; ARAL, Sinan. The spread of true and false news online. USA: Science Magazine, 2018. Disponível em: <https://science.sciencemag.org/ content/359/6380/1146/tab-pdf>. Acesso em 26 de fev. de2020.

Os autores, neste artigo, discorrem sobre possíveis utilizações dos recursos tecnológicos de forma favorável a uma transformação. Partem do pressuposto de que as atuais condições de

Este artigo em língua inglesa apresenta uma investigação realizada sobre os modos de difusão de notícias falsas na atualidade em uma rede social de 2006 a 2017.

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Orientações na página 233.

Não existe vida sem conflito. Já pensou nisso? Sabe quando ninguém nos ouve e a sensação é de que não fazemos mais parte de um determinado lugar? Quando isso ocorre percebemos que a conversa acabou! Não dá mais, não é? Quando nos calam, não há mais espaços para dialogar. Então, o conflito se instala e tudo vira uma grande confusão. Temos a certeza de que, em algum momento, você tenha presenciado algum conflito ou se envolvido de certa forma. Você lembra como tentou resolvê-lo? Este Projeto responderá a essas perguntas, proporcionando uma reflexão do seu estado atual e de como você ampliará as suas possibilidades para saber lidar com os conflitos em que se envolve. Afinal eles fazem parte da vida. A intenção é a de oferecer o desenvolvimento do senso crítico, da criatividade e da responsabilidade. Você estudará os conceitos que estão presentes nas habilidades de se mediar conflitos na escola. Compreende-se que a escola deve ser um espaço em que se exercita a cooperação, o respeito, a tolerância e a solidariedade, premissas importantes quando se referem a valores que devem ser trabalhados e fortalecidos. Lidar com as diferenças de pensamentos, valores e culturas faz parte do amadurecimento da vida, afinal, ninguém é igual a ninguém. Os objetivos deste Projeto apontam para a convivência com a diferença. Aprender a conviver em grupo é um grande desafio. A contribuição para

a construção de uma cultura de paz e a preparação para a vida fazem parte de uma educação que fomenta o amadurecimento, a empatia e os processos de empoderamento. Um dos maiores desafios a serem vencidos na escola é a prática do bem viver juntos, como uma comunidade. Compreender que precisamos lidar com a diversidade de forma respeitosa e exercer a empatia fazem com que a convivência se torne harmoniosa. O Projeto considera o papel fundamental das palavras no estudo da mediação de conflitos, pois elas estabelecem todas as nossas relações e nossos limites, dizendo ou tentando dizer quem nós somos, quem são os outros, onde estamos, o que vamos fazer e o que fizemos. Nossas aspirações são povoadas de palavras; as outras pessoas se definem por palavras; todas as nossas emoções e sentimentos se revestem de palavras. Nesse sentido, entendemos que o mundo é uma gigantesca conversa. É pelas palavras que somos seres únicos. É por meio delas que serão construídos a cada momento todos os encontros. Uma Mandala acompanhará todo o texto. O sentido é que nela sejam registrados, com palavras, sentimentos, pensamentos e orientações dos nossos encontros, para que, ao final, as reflexões construídas se transformem em uma Carta Aberta à Comunidade Educativa, o Produto final. Afinal, conversando a gente se entende! Vamos começar?

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Orientações na página 234.

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difeDesenvolver a escuta ativa e o diálogo respeitoso, diante dos near, rentes posicionamentos da vida, como estratégia para formul congociar e defender ideias e pontos de vista e para a resolução de flitos e a cooperação. com Estimular a prática dos processos empáticos para a boa convivência, , sociais acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e grupos com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários. para Promover o uso de diferentes linguagens (verbal, escrita e digital) ia solidár o decisã de subsidiar a argumentação e a prática de tomada diante dos conflitos; ir Apreender práticas colaborativas em situações de disputas e produz icomun de io exercíc como iva, uma Carta Aberta à Comunidade Educat cação com autonomia, responsabilidade e determinação.


Orientações na página 234.

Os objetivos deste Projeto estão associados a competências e habilidades da Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018), para a área de Linguagens e suas Tecnologias, etapa do Ensino Médio, como você pode ver a seguir:

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC QUE SERÃO TRABALHADAS NO PROJETO OBJETIVOS

COMPETÊNCIAS GERAIS

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS

HABILIDADES

1

9

2

EM13LGG201 EM13LGG204

2

10

1

EM13LGG101 EM13LGG102

3

7 e 10

2

EM13LGG201 EM13LGG204

4

7e9

3

EM13LGG302 EM13LGG303

Fonte: elaborada pelos autores, com base na BNCC (2018). As competências e habilidades citadas podem ser consultadas por você nas páginas 7 e 8 deste livro.

A cada encontro, competências e habilidades específicas serão trabalhadas. A intenção é a de que você se prepare para se autoconhecer e, ao mesmo tempo, aprenda a fazer a leitura correta das situações e posições adversas que a vida proporciona. Haverá momentos de diálogos guiados, nos quais serão debatidos textos e vídeos, a fim de que você tenha a capacidade de compreender e analisar processos de produção e circulação de discursos, nas diferentes linguagens, para fazer escolhas fundamentadas em função de interesses pessoais e coletivos. O OBJETIVO 1 do Projeto remeterá você à compreensão conceitual de mediação e às habilidades necessárias para gerenciar, de forma eficaz, os conflitos na escola. Compreenderá a necessidade de ouvir o outro e a si mesmo, diante das necessidades não supridas. O OBJETIVO 2 estimulará você a praticar os processos empáticos para a boa convivência, a fim de se promover

tomada de decisão solidária diante dos dissensos. O OBJETIVO 3 apontará a mediação de conflitos e a comunicação não violenta como a forma colaborativa em situações de disputa. A intenção é a de que você apreenda esses conceitos e consiga aplicar os princípios dessas ferramentas no seu cotidiano. Logo, tenha a habilidade de analisar visões de mundo, conflitos de interesse, preconceitos e ideologias presentes nos discursos veiculados nas diferentes mídias, ampliando, por meio da argumentação, suas possibilidades de explicação, interpretação e tomada de decisão solidária diante dos conflitos. O OBJETIVO 4 fará com que você apreenda que a mediação de conflitos não se resume a técnicas, mas a uma nova postura de vida colaborativa diante das dificuldades relacionais que estarão sempre presentes quando estamos em grupo. E, em arremate, você e seus colegas produzirão uma Carta Aberta à Comunidade Educativa.

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Sabe-se que, nos dias de hoje, os conflitos que cercam a escola fazem com que ela se torne um lugar em que, nem sempre, prevalecem a harmonia e a paz. Convive-se diariamente com várias pessoas, no entanto ninguém se conhece muito bem. Sendo assim, o lugar do estudante na escola é incerto. Compreender que a mediação de conflitos proporciona esse encontro e reconecta as pessoas, por meio da palavra, é de suma importância para um cotidiano saudável e para a convivência de relações harmoniosas. Mediação de conflitos na escola é uma forma colaborativa, facilitada por um terceiro imparcial (professor ou um colega de sala). Este mediará a conversa por meio de uma escuta atenta/ativa e fará com que as partes em conflito encontrem uma melhor resolução ou/ transformação dos desacertos da relação (WARAT, 2001, p. 120). Junto com a mediação, você irá trabalhar com a CNV (Comunicação não Violenta) que, segundo Rosenberg (2019), é a forma de se comunicar com o coração, usar a palavra sem a necessidade de agredir o outro. Esses assuntos serão aprofundados mais adiante! A intenção deste Projeto não é a de formar mediadores escolares, mas a de levar você, estudante, a compreender que a violência não vale a pena, que as palavras bem colocadas são poderosas para construir novas relações, e torna você protagonista no espaço em que está inserido. Projetos dessa natureza promovem a oportunidade de saber lidar com os conflitos e ao mesmo tempo geram um espírito de empatia e de cooperação. A escola deve ser um lugar em que você possa alcançar um nível de teorização, de análise crítica, mas também deve ser um lugar de encontro, aberto ao diálogo respeitoso e sincero.

Orientações na página 235.

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Orientações na página 235.

O Produto final do Projeto será uma Carta Aberta à Comunidade Escolar. No entanto, a cada encontro, uma Mandala formada por frases e palavras colocadas em cada um dos dez Passos será construída. A experiência será incrível ao ver, a cada momento, a formação de novos entendimentos presentes e os novos horizontes que podem ser aguardados. A confecção final da Mandala exibirá como você está desenvolvendo o autoconhecimento, nesse momento construído com o outro para um bem viver. A produção textual de uma Carta Aberta demonstrará que as posições rígidas e o não diálogo impedem o crescimento individual e coletivo na escola e afetam as relações interpessoais. Compreender que conversando a gente se entende gera processos de empoderamento na escola e novos entendimentos no tocante à responsabilização na/ da escola. Para a produção do gênero em questão (Carta Aberta), será necessário utilizar o caderno de Produção Textual. Nos passos finais, o professor ministrará uma aula sobre esse gênero textual. Para a elaboração deste Projeto, sugere-se a seguinte relação de materiais: data show, cartolina, papel A4, papel colorido, envelopes, canetas hidrocor coloridas, giz de cera e cola bastão. Veja com o seu professor como viabilizar esse material.

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Orientações na página 237.

etapa 1 2 PASSOS

etapa 2 3 PASSOS

etapa 3 4 PASSOS

PRÁTICAS DE ESCUTA ATIVA E DIÁLOGO RESPEITOSO No primeiro encontro, o professor apresentará o Projeto em detalhe. Explicará quais ações serão empreendidas do primeiro ao último Passo para a construção da Carta Aberta à comunidade educativa. É necessário ficar atento às explicações, porque alguns materiais serão essenciais para a confecção da mandala no trabalho de desenvolvimento do Projeto. Durante esta Etapa, serão construídas as diretrizes e valores que deverão ser seguidos em todo o Projeto, e também você entenderá por que razões algumas culturas entendem que a felicidade do outro é o elemento propulsor para a própria felicidade.

PROCESSOS EMPÁTICOS PARA A BOA CONVIVÊNCIA Na Etapa 2, após o exercício de escutar ativamente o outro, você fará reflexões sobre maneiras de resolver um conflito. Nos Passos desta Etapa, você buscará desenvolver empatia em situações difíceis. Aprendendo os métodos para resolver uma situação complexa, você identificará em que momento será necessário agir considerando as ações direcionadas para a solução de um problema. Reconhecerá a diferença entre agir sem e com a visão da mediação de conflitos, e também a importância de ultrapassar os limites do considerado normal para realizar uma análise de situação isenta de julgamentos prévios.

PRÁTICAS COLABORATIVAS EM SITUAÇÃO DE DISPUTA Nesta Etapa, você conhecerá novas habilidades socioemocionais que podem tornar o cotidiano escolar mais colaborativo e solidário. Para que isso seja possível, será preciso refletir sobre as práticas de diálogo na escola. Você conhecerá o universo que envolve a Mediação de Conflitos, suas nuances nos diferentes segmentos da sociedade, e estudará a CNV (Comunicação Não Violenta), estabelecendo novos níveis de linguagem. No último passo desta Etapa, você participará de oficinas de mediação e descobrirá a importância de participar de uma circunstância aberta e dinâmica de aprendizagem coletiva no intuito de tornar a experiência mais enriquecedora a partir de vivências diversificadas.

PRODUÇÃO DE CARTA ABERTA À COMUNIDADE EDUCATIVA

etapa 4 1 PASSO

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Na última Etapa do Projeto, você aprenderá mais sobre o gênero discursivo Carta Aberta. Nesta Etapa, você estudará os fatores de textualidade do gênero em questão e entenderá os mecanismos internos e externos ao texto para que, assim, possa produzir um escrito relevante para expor no momento final do Projeto. Este será o momento de incluir todas as informações registradas na Mandala para a produção de um texto funcional.


ETAPA 1 PRÁTICAS DE ESCUTA ATIVA E DIÁLOGO RESPEITOSO A Etapa inicial proporcionará uma imersão conceitual acerca da mediação de conflitos e seus valores. A finalidade é que você compreenda que essa forma adequada de resolução de disputas possui ferramentas e habilidades a serem utilizadas, para que, diante de um conflito, você disponha das técnicas mais elaboradas da escuta ativa e do diálogo respeitoso. Quando a cultura da violência ensina que apenas com o uso da força e da agressividade se resolvem as disputas, ela retira de você a maior habilidade que o ser humano possui: o diálogo. Palavras mal colocadas geram conflitos e, às vezes, atos violentos! O conflito pode ser uma oportunidade de transformações nas relações interpessoais, por essa razão é importante, inicialmente, você saber o que é a Mediação de Conflitos.

Orientações na página 239.

CONSTRUINDO O SENTIDO DE MEDIAÇÃO DE CONFLITOS A mediação é um processo complexo que não pode ser compreendido ou avaliado apenas pelo acordo, principalmente quando o conflito é entre pessoas que convivem reiteradamente. A mediação escolar é uma ciência e uma arte, parafraseando Parkinson (2016), logo, não podemos reduzir a mediação como sendo apenas uma ferramenta. Ao mediar os conflitos, por meio do diálogo respeitoso e da escuta ativa, são gerados novos processos relacionais empáticos, o que gera uma harmonia ao conviver com o outro e com as diferenças. Os princípios da mediação de conflitos, segundo Rios (2012), são as bases de sustentação desse instituto. Para ela, a mediação é um processo confidencial (confidencialidade), tem um caráter voluntário (voluntariedade), prima pela oralidade, informalidade e autonomia das decisões. Através dessa forma de resolver os conflitos, o princípio da não adversariedade é de suma importância, não há ganhadores ou perdedores, certo ou errado em relação ao conflito. Ocorre o que os doutrinadores chamam de um processo de ganha-ganha.

Se você quiser saber mais sobre o que faz o mediador, o que é a mediação, por que mediar, como funciona, veja a Cartilha Quer resolver seus conflitos de forma fácil, rápida e sem custo? Conheça a mediação., elaborada pela Clínica de Mediação e Facilitação de Diálogos. Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas (2012), disponível em: direitosp.fgv.br/sites/direitosp.fgv.br/files/ arquivos/anexos/mediacao_cartilha_2012.pdf (acesso em: 20 fev. 2020)

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PASSO 01 VALORES E DIRETRIZES

Orientações na página 240.

Para iniciar o Projeto, é importante que você compreenda que lidar com Mediação de Conflitos é lidar com uma nova forma de aprendizado. A metodologia utilizada será a Roda de Conversa. Na sala de aula, as carteiras devem estar em posição circular. No meio da sala, estará a Mandala a ser construída.

A Mandala é um diagrama composto de formas geométricas concêntricas, usada para expressar a teia da vida e a influência dos nossos conhecimentos nas ações que são tomadas. No Centro da Mandala está o inconsciente, o pensamento não refletido, até chegar na borda exterior ou no círculo maior, onde estão as tomadas de decisão que precisam ser refletidas e analisadas da melhor forma para que ocorra harmonia do interior para o exterior e vice-versa. (JUNG, 2000, p. 104).

Você terá dez Passos a serem observados. Com a sua turma e o professor, estabeleça as diretrizes (regras) e valores a serem respeitados, até a confecção do Produto final. Será um trabalho feito em conjunto. Chegou a hora de construir uma das partes mais importantes do Projeto. Em uma folha de papel A4, desenhe o seguinte quadro:

VALORES E DIRETRIZES NORTEADORES VALORES

DIRETRIZES

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Fonte: elaborada pelos autores, 2020.

Escreva três valores que devem ser respeitados até o último Passo do Projeto. Na coluna das diretrizes, elenque três regras importantes para se chegar ao Produto final. A finalidade é que você altere as suas perspectivas de uma sala de aula comum e seja o protagonista deste Projeto. A construção dos valores e diretrizes proporcionará uma nova forma de enxergar questões relacionais em sala de aula. Este projeto se propõe a utilizar a arte de dialogar e de argumentar de uma forma construtiva e pacífica.

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PASSO 02 EU SOU PORQUE NÓS SOMOS! Estamos sempre em alguma situação de disputa, não é? Somos sempre avaliados por nossos desempenhos. Quase não temos tempo de ouvir o outro. Dialogar é algo tão raro nos nossos dias. Geralmente, usam conosco a lei do mando. Os verbos mandar e ordenar são corriqueiros no espaço escolar. Esses momentos que teremos nos farão refletir sobre os espaços em comum, como eles podem ser enriquecedores, quando simplesmente paramos e ouvimos o outro.

Orientações na página 242.

A escuta ativa é uma forma de comunicação extremamente eficaz. Ela se resume em estar presente no momento da conversa (PELIZZOLI, 2016). É o ato de ouvir o outro sem julgá-lo, estar simplesmente ativo em tentar entender o que ele (ela) está sentindo. Não há como mediar um conflito sem exercitar a escuta ativa. Neste momento, estamos sentados em círculo e no meio da sala está a nossa Mandala. Vamos começar a dialogar. Prepare-se para este momento. Leia o texto abaixo e depois assista ao vídeo sugerido pelo seu professor.

www.mpap.mp.br

RESTAURANDO O DIÁLOGO NA ESCOLA

UBUNTU: A FILOSOFIA AFRICANA QUE NUTRE O CONCEITO DE HUMANIDADE EM SUA ESSÊNCIA Uma sociedade sustentada pelos pilares do respeito e da solidariedade faz parte da essência de Ubuntu, filosofia africana que trata da importância das alianças e do relacionamento das pessoas, umas com as outras. Na tentativa da tradução para o português, Ubuntu seria “humanidade para com os outros”. Uma pessoa com Ubuntu tem consciência de que é afetada quando seus semelhantes são diminuídos, oprimidos. – De Ubuntu, as pessoas devem saber que o mundo não é uma ilha: “Eu sou porque nós somos”. Eu sou humano, e a natureza humana implica compaixão, partilha, respeito, empatia – detalhou em entrevista exclusiva ao Por dentro da África, Dirk Louw, doutor em Filosofia Africana pela Universidade de Stellenbosch (África do Sul). Dirk conta que não há uma origem exata da palavra. Estudiosos costumam se referir a Ubuntu como uma ética “antiga” que vem sendo usada “desde tempos imemoriais”.

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Alguns pesquisadores especulam sobre o Egito Antigo (parte de um complexo de civilizações, do qual também faziam parte as regiões ao sul do Egito, atualmente no Sudão, Eritreia, Etiópia e Somália) como o local de origem do ubuntu como uma ética, mas o próprio fundamento do Ubuntu é geralmente associado à África Subsaariana e às línguas bantos (grupo etnolinguístico localizado principalmente na África Subsaariana). No fundo, este fundamento tradicional africano articula um respeito básico pelos outros. Ele pode ser interpretado como uma regra de conduta ou ética social. Descreve tanto o ser humano como “ser-com-os-outros” e prescreve que “ser-com-os-outros” deve ser tudo. Como tal, o ubuntu adiciona um sabor e momento distintamente africanos a uma avaliação descolonizada – contou o especialista e membro fundador da South African Philosopher Consultants Association. Na esfera política, o conceito é utilizado para enfatizar a necessidade da união e do consenso nas tomadas de decisão, bem como na ética humanitária. Dirk lembra que também existe o aspecto religioso, assentado na máxima zulu (uma das 11 línguas oficiais da África do Sul) umuntu ngumuntu ngabantu (uma pessoa é uma pessoa através de outras pessoas) que, aparentemente, parece não ter conotação religiosa na sociedade ocidental, mas está ligada à ancestralidade. A ideia de ubuntu inclui respeito pela religiosidade, individualidade e particularidade dos outros. Ubuntu ressalta a importância do acordo ou consenso. A cultura tradicional africana, ao que parece, tem uma capacidade quase infinita para a busca do consenso e da reconciliação (Teffo, 1994a: 4 – Towards a conceptualization of Ubuntu). Embora possa haver uma hierarquia de importância entre os oradores, cada pessoa recebe uma chance igual de falar até que algum tipo de acordo, consenso ou coesão do grupo seja atingido. Este objetivo importante é expresso por palavras como Simunye (“nós somos um”, ou seja, “a união faz a força”) e slogans como “uma lesão é uma lesão para todos” (Broodryk, 1997a: 5, 7, 9 – Ubuntu Management and Motivation, de Johann Broodryk). Uso da palavra com a democracia na África do Sul. Após quase cinco décadas de segregação racial apoiada pela legislação, o processo de construção da África do Sul no pós-apartheid exigia igualdade universal, respeito pelos direitos humanos, valores e diferenças. Desta forma, a ideia de ubuntu estava diretamente ligada à história da luta contra o regime que excluía a cidadania e os direitos dos negros. Fonte: www.geledes.org.br/ubuntu-filosofia-africana-que-nutre-o-conceitode-humanidade-em-sua-essencia. Acesso em: 10 jan. 2020.

vamos REFLETIR! 1. Eu já consegui exercer a filosofia do Ubuntu em minha vida? Responda sim ou não, justificando a resposta. 2. Com apenas uma palavra defina o que é Ubuntu. 3. Registre a resposta em um adesivo para que seja colocada na Mandala.

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ETAPA 2 PROCESSOS EMPÁTICOS PARA A BOA CONVIVÊNCIA Vamos compreender e analisar as reações humanas frente aos conflitos. Existe uma frase que você deve ter ouvido, pelo menos uma vez na vida: para toda ação, existe uma reação. Você já avaliou que não tem o poder de dominar a ação do outro contra você, mas tem o poder de ter a reação certa para determinada situação difícil? Essa é a tônica desta segunda Etapa. As ações e reações humanas podem ser regadas de empatia e boa convivência.

PASSO 03

Orientações na página 243

Orientações na página 243

QUAL LOBO EU ALIMENTO? No Passo 1, você pôde compreender que as ações respaldadas na filosofia africana Ubuntu proporciona novas visões de mundo. Nem sempre conseguimos fazer, ser e ter aquilo que queremos. Você sabia que os conflitos nascem de uma necessidade não atendida? Quando tudo em sua volta conspira para o seu bem, não há conflito! Porém, quando você se vê diante de muros e portas fechadas, ou seja, de relações difíceis, segundo Pellizolli (2016), uma persona se revela, às vezes agressiva e às vezes empática. O diálogo proposto no texto abaixo demonstra essa realidade da natureza humana. A mediação de conflitos se propõe a alimentar o lobo bom. O texto adiante presume um conflito interno. Nem sempre somos bons e nem sempre somos maus. Porém, atitudes de bondade nos fazem colher frutos prazerosos. O professor iniciará esse diálogo após a leitura do texto. Em seguida, ele iniciará a roda de conversa.

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vamos REFLETIR! 1. Você se lembra de algum momento em que alimentou o lobo bom em você? Compartilhe nessa segunda rodada de conversa a sua experiência. 2. Escreva em um adesivo: qual lobo é mais alimentado por você? 3. Espere a sua vez de responder e depois cole na Mandala.

www.contarhistorias.com.br

A face de cada lobo:

Leia atentamente o texto abaixo e, antes de iniciar uma roda de conversa, registre suas observações.

A FÁBULA DOS DOIS LOBOS Certo dia, um jovem índio Cherokee chegou perto de seu avô para pedir um conselho. Momentos antes, um de seus amigos havia cometido uma injustiça contra o jovem e, tomado pela raiva, o índio resolveu buscar os sábios conselhos daquele ancião. O velho índio olhou fundo nos olhos de seu neto e disse: “Eu também, meu neto, às vezes, sinto grande ódio daqueles que cometem injustiças sem sentir qualquer arrependimento pelo que fizeram. Mas o ódio corrói quem o sente, e nunca fere o inimigo. É como tomar veneno, desejando que o inimigo morra.” O jovem continuou olhando, surpreso, e o avô continuou: “Várias vezes lutei contra esses sentimentos. É como se existissem dois lobos dentro de mim. Um deles é bom e não faz mal. Ele vive em harmonia com todos ao seu redor e não se ofende. Ele só luta quando é preciso fazê-lo, e de maneira reta.” “Mas o outro lobo… Este é cheio de raiva. A coisa mais insignificante é capaz de provocar nele um terrível acesso de raiva. Ele briga com todos, o tempo todo, sem nenhum motivo. Sua raiva e ódio são muito grandes, e por isso ele não mede as consequências de seus atos. É uma raiva inútil, pois sua raiva não irá mudar nada. Às vezes, é difícil conviver com estes dois lobos dentro de mim, pois ambos tentam dominar meu espírito.” O garoto olhou intensamente nos olhos de seu avô e perguntou: “E qual deles vence?” Ao que o avô sorriu e respondeu baixinho: “Aquele que eu alimento.” Fonte: obemviver.blog.br/2015/03/23/a-fabula-dos-dois-lobos-qual-deles-voce-quer-alimentar-reflexao. Acesso em: 12 jan. 2020.

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PASSO 04

Você sabe qual a diferença entre a empatia e a simpatia? Os quadros ao lado definem o conceito de uma forma incompleta. Superficialmente, demonstram a EMPATIA mesma coisa. Porém, a empatia traz nuances diferentes quando comparada à simpatia. Eu sinto a Vejamos o que dizem Sampaio; Camino; Roazzi sua dor (2009) sobre essa diferença entre empatia e simpatia: A palavra empatia deriva da palavra “empatheia”, que significa “paixão” ou “ser muito afetado”. Outros conceitos estabelecem que a empatia é a capacidade de colocar-se no lugar do outro, reconhecer-se no outro. Segundo Sampaio, Camini e Roazzi (2009), há consenso entre os teóricos de que a empatia tem forte influência nos processos de tomada de decisão, quando esta se refere ao cuidado, respeito e moralidade. Uma pessoa empática é aquela que é capaz de tomar decisões colaborativas de forma a pensar no outro, sentir que, diante das diferenças, reconhece-se a humanidade do outro como igual à sua.

simpatia Eu sinto muito por você sentir essa dor

Shutterstock / Helga Khorimarko (adaptado)

EMPATIA OU SIMPATIA?

vamos REFLETIR! O que faz as relações de ódio e agressividade crescerem são as impossibilidades do não reconhecimento do outro. A falta de empatia e a polarização das opiniões regam uma sociedade individualista e doente. Já pensou nisso? Leia o texto:

A FÁBULA DO SAPO E DO ESCORPIÃO “Certa vez, após uma enchente, um escorpião, querendo passar ao outro lado do rio, aproximou-se de um sapo que estava à beira e fez-lhe um pedido: — Sapinho, você poderia me carregar até a outra margem deste rio tão largo? O sapo respondeu: — Só se eu fosse tolo! Você vai me picar, eu vou ficar paralisado e vou morrer. Mas o escorpião retrucou, dizendo: — Isso é ridículo! Eu não pagaria o bem com o mal. Ademais, se lhe picar eu também morrerei. E o sapo sempre se negando a levá-lo. E tanto insistiu o escorpião que o sapo, de boa-fé, confiando na lógica do aracnídeo peçonhento, concordou. Levou o escorpião nas costas, enquanto nadava para atravessar o rio. No meio do rio, o escorpião cravou seu ferrão no sapo. Atingido pelo veneno, moribundo, o sapo voltou-se para o escorpião e perguntou: — Por quê? Por que essa maldade? Por que você fez isso, escorpião? Não percebe que também morrerá?

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E o escorpião respondeu: — Não sei… sabe, não sei mesmo!!! Talvez porque eu seja um escorpião e essa é a minha natureza…” O que somos? O que me tornei? O que dizem quem sou? Disponível em: www.asomadetodosafetos.com/2018/06/a-parabola-do-escorpiao.html. Acesso em: 12 jan. 2020.

Disponível em: vocesabia.com/15-pessoas-caridosas. Acesso em: 10 jan. 2020.

“Os moradores cobrem cães de rua com cobertores durante tempestades de neve em Istambul.” Disponível em: vocesabia.com/15-pessoas-caridosas. Acesso em: 10 jan. 2020.

Shutterstock / Oguz Dikbakan

“Comecei um novo trabalho em uma fábrica de metal. Minhas botas eram velhas e estavam matando meus pés. 2 caras que eu só conheço há 2 semanas racharam um novo par de botas para mim depois que eu disse que preferia cuidar da minha família a cuidar dos meus pés”.

Shutterstock / Rachid Jalayanadeja

Ao ler esse texto, você pode inferir que para o escorpião ser empático é algo impossível, ainda que a sua ação o leve à morte! Nós, seres humanos, somos bem diferentes dos escorpiões, no sentido da nossa natureza. Somos humanos e a nossa humanidade remete à evolução e mudanças de comportamentos e sentimentos. Podemos fazer as análises prévias antes de tomarmos as decisões. A tomada de decisão consciente que envolve a empatia fará de você um humano incrível. Se você tem a capacidade de sentir a dor do outro, você é uma pessoa empática. Analise as seguintes situações e responda:

Esses foram fatos reais de seres humanos que agiram com empatia. 1. Conte para o grupo uma situação em que você foi empático com alguém. 2. Escreva em uma folha de papel: Orientações na página 244.

Prefiro ser: a. Empático b. Simpático 3. Logo em seguida cole na Mandala.

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PASSO 05 A ÁGUIA OU A GALINHA? ULTRAPASSANDO OS LIMITES DO NORMAL Você conversou sobre a necessidade de escutar o outro e dialogar, como também a importância da empatia nas relações interpessoais. Observou que vivemos em um sistema de teias. Ninguém está isolado totalmente. Observe que o advento da Internet fez com que, mesmo estando sozinho no quarto com seu computador ou celular, existisse a possibilidade de acessar pessoas do mundo inteiro. Como as relações humanas têm se desenvolvido? O fato de estar num espaço global (o mundo é a nossa casa) deveria criar em nós uma cidadania ativa e comunitária (CANDAU, 2006), ou seja, um sentimento de pertencimento, não é? Mas não tem sido assim! Atualmente, há uma polarização de ideias. As “tribos” se fecham e qualquer diálogo ou pensamento que não seja parecido é motivo de exclusão total ou agressões. Bauman (2008) já refletia sobre isso, quando se referia ao mundo líquido em que vivemos e ao ato de consumir até mesmo os relacionamentos. Esse autor explana, em sua tese, que as amizades de hoje se resumem a suprir determinadas necessidades. Uma vez supridas, descartam-se pessoas. Em tempos difíceis, é preciso filosofar. Isso porque algumas reflexões podem nos tirar de um estado letárgico para um estado mais produtivo. Neste momento do Projeto, você refletirá sobre o Eu verdadeiro.

vamos REFLETIR! Leia atentamente:

A ÁGUIA E A GALINHA Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo cativo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas. Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista: — Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia. — De fato – disse o camponês. É águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão. — Não – retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração a fará um dia voar às alturas. — Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia. Então, decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse:

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— Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe! A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas. O camponês comentou: — Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha! — Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã. No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurrou-lhe: — Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe! Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas. O camponês sorriu e voltou à graça: — Eu lhe havia dito, ela virou galinha! — Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar. No dia seguinte, o naturalista e o camponês se levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas. O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe: - Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe! A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte. Nesse momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias e ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez mais para o alto. Voou… voou… até confundir-se com o azul do firmamento… [...] Há pessoas que nos fazem pensar como galinhas. Mas nós somos águias. Por isso, abramos as asas e voemos. Voemos como águias. Cada pessoa tem dentro de si uma águia. Ela quer nascer. Sente o chamado das alturas. Busca o sol. Por isso somos constantemente desafiados a libertar a águia que nos habita. Sejamos águias em nossas vidas e não galinhas! E você, já se preparou para alçar seus voos? Leonardo Boff. Fonte: www.paralerepensar.com.br/a_aguiaeagalinha.htm. Acesso em: 15 jan. 2020.

Ao ler o texto, responda no caderno e registre na Mandala: 1. Para você, o ser humano está mais vinculado às questões individuais ou às questões colaborativas? Justifique. Orientações na página 244

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2. O que você sente quando está em torno de pessoas que pensam diferente de você? 3. Na Mandala, registre quais práticas do cotidiano podem proporcionar harmonia em uma comunidade.


ETAPA 3 PRÁTICAS COLABORATIVAS EM SITUAÇÕES DE DISPUTA Vamos, nesta Etapa, compreender o conflito na perspectiva de sua gestão e tratamento. Você entenderá a mediação de conflitos na prática e como ela pode transformar as relações. Na mediação de conflitos, tem-se a figura do mediador. Você sabe o que faz um mediador? Qual o seu perfil? O mediador de conflitos precisa ter autoconhecimento, compreender as suas fragilidades e demonstrar empatia diante de pessoas que estão em situação de disputa. Ele não é uma pessoa especial ou com dons especiais. Ele simplesmente é alguém que sabe escutar o outro, sabe se colocar no lugar das pessoas e está disposto a dizer: “Eu quero te ajudar, vamos conversar?”. Nesta fase, você conhecerá algumas técnicas de mediação e compreenderá os conceitos de forma mais ampla.

Gettyimages / VIKTOR DRACHEV

PASSO 06 A GESTÃO DOS CONFLITOS Quando as diferenças se acirram e as necessidades não são supridas, surgem os conflitos! A questão está em como resolver o conflito. E aí a nossa folha corrida, histórica, como humanidade, não é das mais alentadoras. Sempre temos tentado resolver os conflitos mediante o uso do poder, da força, da exploração e subordinação dos mais fracos. (SILVEIRA,2014) Tem sido assim, anos após anos. A violência tem sido resposta para muitas resoluções de conflitos – humanos contra humanos. É preciso, no espaço escolar, extirpar a violência! Você sabe que os conflitos são inevitáveis e as relações são construídas através deles. Porém, a questão é como resolvê-los de uma forma pacífica e em um processo em que ocorra a transformação nas relações. Um conflito mal resolvido pode gerar situações de violência. Por motivos banais, as pessoas se agridem ao ponto de até se matarem. A falta de diálogo e de escuta ativa gera a escalada ou espiral do conflito! Você já ouviu falar disso?

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behance / TinTank

Orientações na página 246

A ESCALADA DO CONFLITO A escalada do conflito inicia-se por uma simples divergência, seguida de um discurso de culpar o outro pelo problema. Esse fato inicial, se não gerenciado, começa a dar contornos de uma conversa agressiva. Nesse ponto, ninguém escuta bem o que o outro quer dizer e ao mesmo tempo não compreende os reais sentimentos que estão envolvendo aquele conflito. O outro passa a se tornar inimigo, não se quer mais a convivência com ele e, a cada encontro, novas hostilidades são iniciadas. O quadro abaixo traz as perspectivas humanas e construídas socialmente acerca do conflito. Quando estamos diante da palavra conflito, as palavras que chegam à mente são: guerra, medo, violência. Na perspectiva da mediação de conflitos, essa palavra se reveste de outros sentidos (BOHM, 2005). O conflito se torna uma oportunidade para as transformações das relações. A seguir, o preenchimento dos quadros será orientado pelo professor.

PERSPECTIVA ACERCA DOS CONFLITOS 1. CULMINÂNCIA SEM A VISÃO DA MEDIAÇÃO

2. CULMINÂNCIA COM A VISÃO DA MEDIAÇÃO

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Fonte: elaborada pelos autores, 2020.

PERSPECTIVA ACERCA DOS SENTIMENTOS 1. SEM A VISÃO DA MEDIAÇÃO

2. COM A VISÃO DA MEDIAÇÃO

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Fonte: elaborada pelos autores, 2020.

Compreende-se que a empatia estabelece conexões. A mediação sugere que as percepções e sentimentos tenham outro sentido.

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1. Quando você pensa na palavra conflito, o que vem à sua mente? 2. Na perspectiva da mediação, o conflito pode ser percebido diferentemente? Se sim, escreva em uma folha de papel, observando o quadro anterior, as palavras que demonstram essa mudança. 3. Faça o mesmo em relação aos sentimentos! 4. Compartilhe esses quadros em uma folha, dobre-a em um formato de envelope pequeno e cole na mandala. Quando você compreende que a arte de mediar conflitos, de uma forma transformativa, cria processos pacificadores e empáticos, ela faz com que os espaços de convivência se tornem mais harmoniosos. A mediação faz toda diferença nas nossas relações e nas respostas a qualquer conflito.

Lembre-se: Estamos na metade da nossa trajetória. A Mandala está quase pronta. É preciso relembrar o que foi combinado no início deste Projeto – nosso lema é UBUNTU!

vamos REFLETIR! Você está construindo, de forma edificante, o entendimento sobre o gerenciamento dos conflitos na escola. Na primeira Etapa, você criou um espaço de autoconhecimento. Na segunda, você compreendeu os conceitos e práticas que envolvem a Mediação de Conflitos. Nesta fase, você vai praticar e dar início a novas habilidades socioemocionais que tornarão o cotidiano escolar mais colaborativo e solidário. Para que isso ocorra, precisa compreender em qual nível está a comunicação. Você tem conseguido estabelecer o diálogo na escola?

Você já sabe que possui uma ferramenta poderosa para transformar as relações interpessoais. Chegou até aqui compreendendo que mediar conflitos requer autoconhecimento, escuta ativa, diálogo respeitoso e empatia. Mas, afinal, o que é Mediação de Conflitos? Antes de conceituar, pede-se que você entenda que mediação e conciliação são institutos diferentes. Este presume alguém (o conciliador) que aconselha, estabelece metas e normas para um melhor acordo. Aquele é um terceiro imparcial, facilitador da conversa, o mediador que sabe que o melhor caminho para a resolução do conflito está com os conflitantes (NUNES, 2016; VASCONCELOS, 2015). Sendo assim, ele não aconselha, não estabelece metas para um acordo. Na mediação, não importa o acordo. O que torna essa prática tão importante na escola é o restabelecimento de relações respeitosas.

Shutterstock / Pasko Maksim

PASSO 07 O UNIVERSO DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS

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vamos pesquisar! 1. Realize pesquisa de textos e vídeos na Internet sobre os temas abaixo. Anote as suas percepções em um caderno.

• Mediação de Conflitos – Câmara de Mediação Privada • Mediação de Conflitos – Escola • Mediação de Conflitos – Esfera Judicial

Orientações na página 247

2. Diante da pesquisa feita, busque compreender as nuances da prática da mediação em cada esfera da sociedade civil. 3. Anote em uma folha o que chamou a sua atenção na mediação em suas várias esferas. Nas suas anotações, realize as seguintes observações: Formalidade; lugar; forma do acordo (verbal, escrito); diferença no estilo das perguntas. 4. Anote, em uma folha de caderno, o modelo dessa planilha e avance no conhecimento da Mediação de Conflitos! 5. Ao compreender as diferenças e semelhanças da prática, construa um conceito em poucas palavras sobre Mediação de Conflitos escolar e cole na Mandala.

MEDIAÇÃO NAS VÁRIAS ESFERAS - DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS LUGAR

ACORDO

PERGUNTAS

MEDIAÇÃO PRIVADA

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MEDIAÇÃO JUDICIAL

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MEDIAÇÃO ESCOLAR

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Fonte: elaborada pelos autores, 2020.

PASSO 08 COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA - CNV A CNV é uma forma de se comunicar com o coração. Não se trata de sentimentalismo, mas de uma nova linguagem que de forma compassiva se comunica e diz o que se deseja. Marshall Rosenberg, psicólogo estadunidense, criou essa ferramenta ou estilo de vida, ao se deparar desde criança com diversos conflitos. A natureza do autor cheia de compaixão o levou a pesquisas bem-sucedidas e o transformou em um dos maiores mediadores de conflitos do planeta.

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Louise Vendramini

Para Rosenberg, a CNV é uma forma de linguagem que se conecta com o coração. Nela, consegue-se observar o conflito com novas lentes, entender os sentimentos ao redor, compreender as necessidades que se tem diante do conflito e aprender a pedir aquilo de que se precisa de uma forma eficaz.

Palavras mal colocadas tornam os relacionamentos interpessoais difíceis. Quando não se sabe expressar bem aquilo que se deseja do outro, quando não se identifica os sentimentos que estão envolvidos em um conflito, tem-se a natural tendência à comunicação com palavras violentas A escola deve ser um lugar de práticas comunicacionais harmoniosas. É importante, também, aumentar o nível de linguagem. Sabia que a linguagem adotada no cotidiano escolar faz toda a diferença para estabelecer relacionamentos saudáveis e duradouros? Essa técnica ou forma de viver permitiu que Rosenberg tivesse a capacidade de pacificar inúmeros conflitos internacionais, como, por exemplo, Israel e Palestina. Rosenberg nos ensina quão poderoso é usar as palavras certas e fazer as observações corretas sem julgamentos. Importante compreender que a violência é a expressão de uma frustração impossível de ser manifestada em palavras. É por isso que jamais se consegue descrever com exatidão o que se sente ou o que se quer (D’ ANSEMBOURG, 2018). A linguagem violenta é culturalmente utilizada, tem-se ensinado a sentir a violência com prazer. Na verdade, há um condicionamento. No seu Livro Comunicação Não Violenta: práticas para avançar relacionamentos pessoais e profissionais, Marshall Rosenberg discorre sobre dois tipos de linguagem: • A linguagem chacal: essa forma de se comunicar é recheada de julgamentos moralistas e mandos. Para o autor, usa-se a linguagem chacal quando se julga entre o certo e o errado e quando há diminuição da visão nas questões de quem tem razão e quem não tem razão. Rosenberg (2006) destaca que se fala ora como chacal, ora como

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girafa. A linguagem chacal utiliza o sistema binário, certo / errado, bom / mau. Essa linguagem não escuta e não se comunica, só agride! Quem usa essa linguagem aparenta força, determinação e poder. Na verdade, a linguagem chacal demonstra que aquele que faz uso dela demonstra medo e frustrações.

• A linguagem da girafa: Rosenberg escolhe esse mamífero para representar a CNV. A girafa é o animal que possui o maior coração que existe na face da terra. Ela tem duas orelhas e duas antenas que captam as informações externas e produz um melhor entendimento da realidade. A linguagem da girafa é compassiva: escuta e dialoga. O autor ressalta que, quando observamos a situação da maneira certa e reconhecemos os verdadeiros sentimentos envolvidos, identificamos as nossas reais necessidades. Neste ponto, estaremos aptos a pedir de forma coesa e eficaz. A CNV ajuda a criar um estado mental mais pacífico, encoraja a concentração naquilo que verdadeiramente se deseja, em vez de naquilo que está errado com os outros ou conosco. (Rosenberg, 2006, p.239). Orientações na página 249.

Na vida cotidiana, você pode ter presenciado um conflito entre os colegas de sala ou até mesmo ter se envolvido em um. Em uma ocasião assim, pode-se intervir para que o conflito seja amenizado ou mesmo solucionado. Neste momento, você colocará em prática as reflexões realizadas durante o Projeto. 1. Lembre-se de um conflito presenciado recentemente. Quais foram os sentimentos que os envolvidos tiveram ou têm ao lembrar dele? Anote. 2. Agora assista ao vídeo que o professor irá sugerir sobre o que é a Comunicação Não Violenta. Em seguida, anote os pontos principais dessa prática em breves linhas e cole na Mandala. 3. O seu professor irá instruí-lo a preencher o quadro abaixo.

SENTIMENTOS ENVOLVIDOS QUANDO MINHAS NECESSIDADES SÃO ATENDIDAS

QUANDO MINHAS NECESSIDADES NÃO SÃO ATENDIDAS

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Fonte: elaborada pelos autores, 2020.

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PASSO 09

OFICINA DE MEDIAÇÃO Neste momento do Projeto, você participará de uma oficina. Você sabe o que é uma oficina? A oficina é um instrumento poderoso para o aperfeiçoamento. É uma circunstância aberta e dinâmica de aprendizagem, que permite a construção de novos conhecimentos. É nela que ocorre a aprendizagem coletiva. Você terá a grande chance de interagir com o grupo de que faz parte e isso tornará sua vivência mais enriquecedora, pois terá contato com experiências diversificadas. Nós abordaremos a mediação de conflitos de modo reflexivo. É hora de refletir sobre maneiras de mediar conflitos na escola. Com a sala de aula em círculo, ouça o que cada estudante pode propor para que essa questão seja resolvida. É importante anotar todas as contribuições no caderno de anotações e registrar na Mandala durante o momento.

Orientações na página 250.

PRODUZINDO ENTENDIMENTOS ATRAVÉS DA LINGUAGEM DA MEDIAÇÃO 1. Forme grupos de quatro pessoas. Nesse momento, estabeleça quem serão os mediadores. Os outros dois membros da equipe serão as partes em conflito. Inicie a sessão de mediação. Para isso, relembre o Passo 6 do Projeto e assista ao vídeo referente à mediação escolar e observe:

• Realize a Sessão de Abertura (apresentação dos mediadores, os princípios da mediação, o momento de fala de cada parte);

• Observe as perguntas dos mediadores; • Analise o acordo final. Sugere-se que registre anotações para iniciar a oficina.

www.youtube.com/user/VideoAlana

2. Após a oficina de mediação, anote como foi essa experiência e dobre o papel como se fosse um envelope e cole na Mandala. Pode-se também gravar a mediação simulada e enviar para o grupo no aplicativo de mensagens instantâneas.

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ETAPA 4 PRODUÇÃO DE CARTA ABERTA À COMUNIDADE EDUCATIVA Nesta etapa, você debaterá com seus colegas sobre os círculos de autocuidado e os elementos de relacionamentos saudáveis. Essas informações serão registradas no caderno de anotações e no Centro da Mandala. Em seguida, você conhecerá a Carta Aberta, gênero argumentativo em que há geralmente uma reivindicação e uma proposta de solução para um conflito comum à comunidade. Entenderá quais seus mecanismos internos e externos para a produção de um texto a ser apresentado no momento final do Projeto. Orientações na página 252

PASSO 10

Shutterstock / GoodStudio

CARTA ABERTA “CONVERSANDO A GENTE SE ENTENDE!”

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A Carta Aberta é um gênero textual do tipo argumentativo que possui a finalidade de veicular informações de interesse da coletividade. No geral, é escrita expressando um protesto relacionado a alguma questão social de urgência. Ela pode ser utilizada para evidenciar um problema que seja do interesse de um determinado grupo social, alertando e conscientizando-o. Por ser de tipo argumentativo, sua linguagem possui um estilo mais persuasivo, pois quem a escreve tem o intuito de convencer o interlocutor de suas próprias ideias. Esse gênero textual também é utilizado para instruir e reivindicar. Seus interlocutores geralmente são sindicatos, governos, comunidades, representações e, claro, escolas. A temática pode variar, unindo argumentação, descrição e instrução, por exemplo. É possível indicar uma sugestão para a questão discutida na Carta Aberta, apontando para uma possível solução do problema de modo consciente e reflexivo. Essa circunstância de comunicação permite expressão de opinião e liberdade


para abordar uma questão. Por ser de domínio público, envolve remetentes e diversos interlocutores. Sua linguagem é mais formal por possuir a dimensão de um texto argumentativo e um objetivo que deve estar nítido. A Carta Aberta deve possuir: • Título: o remetente é indicado no início para que logo em seguida o assunto seja apresentado.

• Introdução: o problema é exposto de modo contextualizado. • Desenvolvimento: o problema é analisado com argumentos

bem

fundamentados.

• Conclusão: uma proposta de intervenção é sugerida como possível solução para o problema. Veja um exemplo:

CARTA ABERTA ÀS(AOS) PSICÓLOGAS(OS) DO ESPORTE: O Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) – vem a público se manifestar sobre as várias reportagens e depoimentos recentes de atletas sobre a prática de relações abusivas no contexto dos esportes. As práticas abusivas narradas expõem experiências severas de humilhações, opressões, submissões, hierarquizações e violências sexuais no treinamento de atletas atingindo, sobretudo, a produção de subjetividades. É sabido que atletas iniciam a vida esportiva ainda na infância e, por isto, muitos abusos narrados agora, na fase adulta, aconteceram muitos anos afetando, portanto, todo o ciclo de desenvolvimento. Chamamos a atenção para a necessidade de psicólogas(os) que, no contato com estes conteúdos relacionais, sejam capazes de mapeá-los e fazer contraposição a eles promovendo contextos de segurança pessoal, comunitária e social. Isto significa que profissionais de Psicologia têm uma importante contribuição a dar, em primeiro lugar, a escuta de atletas, auxílio na criação da rede de proteção com familiares, amigos e a comunidade e, na falha destas instâncias, na geração de formas de proteção e apoio ao acionar os equipamentos públicos de garantia de direitos. O Conselho de Psicologia se mantém presente no papel de orientação profissional servindo de mediador a partir de suas comissões temáticas e a Comissão de Orientação e Fiscalização que podem ser acionadas nos casos de dúvidas da condução de casos como estes. Vale lembrar que o princípio fundamental I do Código de Ética da Psicologia afirma que “a(o) psicóloga(o) baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos” e, por isto, tem o dever ético de fazer frente ao contexto que, na dimensão da produção de significados danosos nas relações, remete a práticas machistas, misóginas e de humilhação social. Belo Horizonte, 15 de maio 2018. XV Plenário do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais Fonte: crp04.org.br/carta-aberta-psicologas-do-esporte. Acesso em: 12 jan. 2020.

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Na Carta Aberta acima, o Conselho Regional de Psicologia discorre sobre a questão das relações abusivas no contexto dos esportes. Inicia contextualizando o problema ao apresentar os tipos de práticas que deterioram o ser humano em sua dimensão psíquica. Após a contextualização, outros argumentos são apresentados no intuito de confirmar a ideia de que é necessário intervir para que a saúde mental dos violentados seja preservada. Há uma convocação da categoria para que os profissionais da área possam agir em benefício da população atingida pelo problema. Após a convocação, o conselho fortalece a argumentação citando um trecho do Código de Ética de Psicologia que reitera que é dever do psicólogo fazer frente ao problema sempre apoiado na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Atente para a estrutura da carta: um título que inclui o vocativo (para quem a carta é destinada), uma introdução com problema contextualizado, um desenvolvimento com outros argumentos e uma conclusão com proposta de intervenção social. Por ser uma carta, o texto argumentativo apresenta, em sua estrutura, data e local, além da assinatura do locutor (o CRP-MG). Guia para elaboração de Carta Aberta: 1. Apresente o destinatário; 2. Exponha e contextualize o problema de interesse coletivo; 3. Utilize argumentos de modo coerente, apresentando ponto de vista; 4. Fale em 1ª pessoa do plural; 5. Utilize conectivos; 6. Reitere o problema; 7. Sugira proposta de intervenção; 8. Apresente despedida; 9. Insira data e local;

Shutterstock / fizkes

10. Assine.

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A Carta Aberta pode ser encontrada na forma impressa, oral ou digital, publicada em suportes diversos. De acordo com seus objetivos, ela se coloca como uma importante forma de participação política dos indivíduos, pois seu conteúdo geralmente é do interesse coletivo. Sendo assim, seu uso é muito importante na sociedade, uma vez que contribui para a liberdade de expressão. Produção da Carta Aberta à comunidade

Orientações na página 252

1. A partir da leitura das informações da Mandala e com base nos conhecimentos construídos ao longo deste Projeto, redija uma Carta Aberta à comunidade educativa em modalidade escrita formal da Língua Portuguesa. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista. Atenção: todos devem produzir! Apresentação da Carta Aberta à comunidade educativa

Orientações na página 252

É chegada a hora de expor a Carta Aberta para a comunidade educativa. Agora que você e seus companheiros de jornada finalizaram a prazerosa caminhada de construção de novos conhecimentos, é necessário organizar os espaços para apresentar os textos produzidos. Mas não somente eles! A Mandala construída por todos em cada passo mantém-se viva e também pode integrar o momento. Nela, estão registrados sentimentos, reflexões, orientações que surgiram nos encontros. É importante incluí-la no centro do espaço reservado para o evento de apresentação. Roteiro do evento: 1. Organização do espaço a. Estime a quantidade de participantes. b. Reserve um auditório ou sala de aula. c. Disponibilize a Mandala no centro e os textos em local propício à leitura. 2. Convite à comunidade educativa • Convide familiares, professores, colegas com pelo menos uma semana de antecedência. 3. Apresentação • Inicie o evento apresentando todos os passos seguidos durante o Projeto para a construção da Carta Aberta a partir dos textos colados na Mandala.

• Ressalte que a Mandala é um organismo vivo porque em sua superfície estão registradas boas palavras para a promoção do bom convívio dentro do espaço escolar.

• Reafirme

com a comunidade o compromisso assumido por todos para colocar em prática todos os princípios e valores que propiciam o bem-estar em coletividade.

4. Momento final • Proponha que todos deem as mãos formando um círculo para a leitura coletiva da Carta Aberta.

121


Orientações na página 253.

Terminado o Projeto, o momento agora é de avaliação. Você e seu grupo estão convidados a conversar, refletir e responder às questões que estão apresentadas a seguir. É o momento de avaliar o desenvolvimento do Projeto e a atuação de vocês no mesmo, destacando as aprendizagens desenvolvidas de forma diferenciada e os impactos que o Projeto trouxe à vida, à escola e à comunidade.

• Você e seu grupo entenderam a importância de o

O tEMA dO PROJETO • Você e seu grupo gostaram do tema do Projeto? Acharam que ele foi relevante para a escola e para a comunidade?

• Em que esse tema pode contribuir para mudar a sua realidade e a da sua escola e comunidade?

Projeto ser trabalhado não como disciplinas isoladas, mas fazendo a integração entre várias áreas do conhecimento?

• Quais sugestões vocês podem apresentar para a melhoria do Projeto?

o Produto Final • Vocês tiveram êxito ao final do Projeto? Deu certo

o DESENVOLVIMENTO dO PROJETO • Quais foram as Etapas e Passos que vocês consi-

deraram mais interessantes? Tiveram dificuldades em alguns? Por quê? Como superaram?

• Destaquem

as aprendizagens mais significativas. O que este projeto acrescentou de conhecimentos para o grupo?

• O

grupo conseguiu entender e desenvolver as competências e habilidades da BNCC?

A PARTICIPAÇÃO DO GRUPO NO PROJETO • Houve

envolvimento de todos os integrantes do grupo durante o desenvolvimento do Projeto?

• Que

dificuldades enfrentaram e que estratégias adotaram para superá-las?

tudo que estava previsto ou vocês tiveram que fazer alguma mudança ou adequação?

• Quais os benefícios do Projeto e do Produto final para a sua formação no Ensino Médio?

• Pode-se afirmar que vocês, estudantes, foram protagonistas do processo?

A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE • Em quais momentos a comunidade participou do Projeto?

• Houve

adesão da comunidade no momento do Produto final?

• Destaquem os benefícios do Projeto para a escola e para a comunidade.

AUTOAVALIAÇÃO • Como você avalia a sua participação no Projeto? De que formas você se envolveu? • Quais aprendizagens você desenvolveu no trabalho colaborativo? Você enfrentou dificuldades para se integrar ao grupo? Como você as superou?

• Como você avalia o conhecimento adquirido no Projeto? Foi significativo para a sua vida? • Você recomendaria esse modo inovador de estudar a outros colegas? Por quê? • Com base na sua experiência no Projeto, escreva um texto apontando os pontos positivos e negativos do Projeto e depois converse com o professor.

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REFERÊNCIAS RIOS, Zoe. A mediação de conflitos no cenário escolar. Belo Horizonte: RHJ, 2012. O livro de Zoe é um manual prático com foco na resolução dos conflitos escolares por meio da mediação. A autora explica passo a passo com casos práticos a mediação escolar. Se você deseja se aprofundar na prática da mediação, esse livro didático surge como sugestão. ROSENBERG, Marshall B. Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. (Tradução: Mário Vilela). São Paulo: Ágora, 2006. __________. Vivendo a Comunicação não-violenta. Rio de Janeiro: Sextante, 2019. As duas obras de Rosenberg analisam e instruem a como ter uma vivência prática da Comunicação não violenta. Precursor do tema, o autor, através de uma vivência reiterada nesse tipo de comunicação, prova a importância da humanidade aderir a essa forma pacificadora de conversar. SAMPAIO, Leonardo Rodrigues; CAMINO, Cleonice Pereira dos Santos; ROAZZI, Antonio. Revisão de aspectos conceituais, teóricos e metodológicos da empatia. Psicol. cienc. prof., Brasília , v. 29, n. 2, p. 212-227, 2009 . Disponível em: <https://bit.ly/3mx1YGU>. Acesso em: 28 de dez. 2019. Este artigo objetiva conceituar a empatia nos diversos campos de conhecimento. No nosso Projeto, faz-se necessário compreender que a palavra empatia difere da palavra simpatia. Nos processos dialógicos que permeiam a Mediação de Conflitos, compreender essa diferenciação é extremamente necessária. SILVEIRA, Rosa Maria Godoy. Ambiente Escolar e Direitos Humanos. In: FLORES, Elio Chaves; FERREIRA, Lúcia de Fátima Guerra; BARBOSA E MELO, Vilma de Lourdes (Org.). Educação em Direitos Humanos & Educação para Direitos Humanos. João Pessoa. Editora da UFPB. 2014.

nos e a prática do diálogo como forma de não opressão na educação. Esse ambiente deve estar preparado para tratar os conflitos de uma forma dialogada. É pertinente ao nosso Projeto, pelo fato de compreender que a construção tradicional de punição na educação tem pouca eficácia para o fomento de uma cultura de paz. VASCONCELOS, Carlos Eduardo. Mediação de Conflitos e práticas restaurativas. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2015. Nesta obra, o autor discorre sobre as diversas escolas de mediação, elenca desde os princípios até a forma prática de execução. Para os que desejam se aprofundar nesse assunto, Vasconcelos esclarece de forma sucinta a importância do diálogo e desses métodos para pacificar a sociedade. WARAT, Luiz Alberto. O ofício do Mediador. Florianópolis: Habitus, 2001. Neste livro, o autor aprofunda os requisitos específicos daqueles que desejam ser mediadores. A escrita de cunho filosófico analisa essa figura não como um técnico na arte de solucionar conflitos, mas um facilitador na arte de restabelecer as relações rompidas pelas controvérsias. JUNG, Carl Gustav. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Petrópolis: Vozes, 2000. Esta obra de Jung é utilizada nas práticas de Justiça Restaurativa, cuja metodologia se dá através de um diálogo direcionado. Esse arquétipo é a forma de conhecimento que deriva do inconsciente. Muitas vezes os filhos tendem a imitar as ações dos pais, dos avós. Para Jung, essa construção não se dá através do conhecimento empírico. O Projeto prevê a criação da Mandala. Neste caso, essa construção, na visão de Jung, produzirá um conhecimento coletivo, diante do subjetivismo de cada um ao responder as perguntas norteadoras do Projeto.

Neste artigo, a autora enfatiza que o ambiente escolar deve estar envolto com a perspectiva dos Direitos Huma-

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES Ubuntu eu sou porque pertenço. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9MriLwklWKU>. Acesso em: 13 de out. 2019. O filme UBUNTU: eu sou porque pertenço é narrado por dois personagens: Padre Laurent Fabre e Dom Emmanuel Lafont. A filosofia Ubuntu faz reviver as raízes do humanismo, enfatizando a dimensão relacional e comunitária do indivíduo.

123



Orientações na página 255.

Você conhece alguma Agência de Turismo que produza conteúdo voltado à inclusão e à acessibilidade? As atrações turísticas que você conhece contemplam apenas pessoas que possuem plena capacidade de ver e locomover-se ou contemplam também as que possuem algum nível de deficiência visual ou motora? Se você precisasse indicar essas atrações, como faria? Qual a melhor maneira de divulgá-las? Este Projeto busca responder a essas questões, exercitando a curiosidade intelectual acerca do turismo no Brasil e entendendo a produção e a divulgação em uma perspectiva inclusiva. O turismo inclusivo tem como objetivo facilitar o acesso de pessoas com qualquer tipo de deficiência a atrações turísticas com conforto e segurança. O Projeto busca responder às questões, ainda, considerando a diversidade cultural, clima tropical, culinária peculiar e grande riqueza natural. Esses e outros aspectos do nosso país têm sido usados para promoção de conteúdos visando alcançar potenciais turistas nativos e, principalmente, estrangeiros. Outro fator importante para o turismo no Brasil é o papel da língua inglesa. O inglês é considerado uma língua franca, ou seja, um idioma que pessoas de diferentes países, falantes de

diferentes línguas, usam para se comunicar uns com os outros em diferentes lugares do globo terrestre. Não há dúvidas de que o inglês assume um papel protagonista nas relações humanas. Assim, a aprendizagem desta língua se faz urgente e necessária. É necessário refletir a respeito da temática das atrações turísticas do Brasil e, mais especificamente, da sua região do país, para os visitantes de outros países. Você trabalhará com os vocabulários em língua inglesa mais utilizados no contexto do turismo, bem como as principais frases, expressões e possíveis diálogos de interação no referido contexto. Você construirá como Produto final uma Agência de Turismo que tem um compromisso com a inclusão e a acessibilidade e que divulgará as atrações turísticas da sua região através do gênero Folder. Todos podem desenvolver um perfil empreendedor. Para isso, é necessário estar atento às tendências mercadológicas no Brasil e no mundo, como as iniciativas sustentáveis, por exemplo. Ao final, você fará reflexões acerca das ações empreendidas por todos os envolvidos no Projeto, coletiva e individualmente.

125


Orientações na página 256.

126

1

na coExercitar a curiosidade intelectual acerca do turismo no Brasil e diversimunidade local, com o foco no turismo inclusivo e acessível, na lugar, cada de nativos pelos o dade artístico-cultural e no saber revelad a inpara olhar o iva com o intuito de despertar na comunidade educat clusão de pessoas com alguma deficiência.

2

ção de Entender, em uma perspectiva inclusiva, a produção e a divulga turisconteúdos quanto às atrações turísticas, por parte de agências de os mo, considerando os recursos materiais, visuais e linguísticos utilizad dide torno em o entaçã argum a nesses processos, de modo a promover ferentes ideias, visões e decisões envolvidas na temática.

3

Criar uma Agência de Turismo para elaborar, em língua inglesa, conteú idade, dos de caráter ético e atrativo sobre o turismo no Brasil e na comun iliacessib e o inclusã ver no formato de Folder, com o objetivo de promo dade a todos.


Orientações na página 256.

Os objetivos deste Projeto estão associados a competências e habilidades da Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018), para a área de Linguagens e suas Tecnologias, etapa do Ensino Médio, como você pode ver a seguir:

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC QUE SERÃO TRABALHADAS NO PROJETO

OBJETIVOS

COMPETÊNCIAS GERAIS

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS

HABILIDADES

1

2e3

6

EM13LGG602

2

7e8

1e2

EM13LGG101 EM13LGG103 EM13LGG104

3

4, 5 e 6

3

EM13LGG301 EM13LGG304

Fonte: elaborada pelas autoras, com base na BNCC (2018). As competências e habilidades citadas podem ser consultadas por você nas páginas 7 e 8 deste livro.

O OBJETIVO 1 está relacionado às Competências Gerais 2 e 3 da Educação Básica propostas pela BNCC. Ao pesquisar e refletir sobre o turismo no Brasil e na cidade em que vive, você, estudante, exercitará a curiosidade intelectual, recorrendo a diversos recursos físicos e digitais. Isso o ajudará a imaginar, colocar-se no lugar do outro – especialmente quando você e seus colegas estiverem fazendo isso com o foco no turismo inclusivo – e atuar de maneira transdisciplinar. Você terá a oportunidade de ver diversas manifestações artístico-culturais presentes no fazer turístico de sua localidade e de outras. Você é o protagonista deste processo, que será realizado de maneira autônoma. Será uma oportunidade de aguçar a sua sensibilidade, a sua imaginação e a sua criatividade. O OBJETIVO 2 está relacionado às Competências Gerais 7 e 8 da BNCC. Você desenvolverá

uma compreensão e uma análise mais profunda do funcionamento das diferentes linguagens utilizadas no processo de produção e divulgação de conteúdos turísticos e poderá dialogar em torno das ideias, concepções e tomadas de decisões acerca dos interesses do público-alvo. Será uma oportunidade para o desenvolvimento do pensamento crítico seu e de seus colegas. No OBJETIVO 3, articulado às Competências Gerais 4, 5 e 6 da BNCC, você criará uma Agência de Turismo e produzirá um Folder, utilizando diferentes linguagens, inclusive a linguagem digital, no processo de produção, em língua inglesa, para a divulgação das atrações turísticas de sua localidade. Além disso, você atuará social e politicamente para sensibilizar a comunidade no tocante às dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência.

127


Trabalhar com a língua inglesa, a partir de seus enfoques culturais, enseja atribuir sentido à aprendizagem, pois assim há a representação do mundo real que cerca você, estudante. Nada mais cultural que a temática do turismo! É por meio das diversas atrações turísticas de um lugar que aprendemos sobre a cultura, os hábitos, a linguagem do povo de um determinado local. A produção e a divulgação de conteúdos relacionados ao turismo são essenciais para que aconteça o primeiro contato cultural. Muitas pessoas são despertadas para visitar lugares pela apresentação visual e linguística (em inglês e em português) que encontram em alguns Folders, vídeos, materiais publicitários etc. Acreditamos que esses materiais que veiculam conteúdos acerca das atrações turísticas de um determinado lugar podem ser usados também para alcançar públicos que, muitas vezes, por preconceito ou falta de conhecimento dos que elaboram tais artefatos, são deixados de fora como, por exemplo, pessoas com deficiência. Essa temática é urgente e necessária! Segundo o censo de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 24% da população do Brasil, ou seja, quase 46 milhões de brasileiros, possui algum grau de dificuldade ou deficiência (visual, auditiva ou motora) bem como algum grau de deficiência mental/ intelectual. Despertar a sensibilidade quanto ao tema é crucial para o bem-estar de todos. Faz-se necessário, portanto, conhecer melhor os dados, os fatos e as informações que mostram acuradamente a realidade dessas pessoas, bem como do turismo voltado para esse público-alvo. Assim, poderemos refletir, argumentar e criar conteúdo acerca da temática em questão e exercer transformação social. Produzir conteúdo através de Folders, como as agências de turismo fazem, considerando e focalizando um turismo inclusivo e acessível, é a oportunidade para você, estudante, ser um ator protagonista de transformação social no campo do turismo e na sociedade.

Orientações na página 257.

128


Orientações na página 258.

Você e seus colegas abrirão uma Agência de Turismo e divulgarão as atrações turísticas da região em que moram, tendo como principal foco o turismo inclusivo. Portanto, ao término deste Projeto, as equipes de estudantes apresentarão à comunidade escolar um Folder, redigido em língua inglesa e com elementos visuais atrativos, apresentando características dessas atrações turísticas, bem como contemplando a inclusão e o acesso de pessoas com deficiência. Para tanto, é essencial que você e seus colegas trabalhem em grupo, de maneira colaborativa. Importante é ressaltar que, tanto para a construção do Folder como para a seleção de lugares/localidades frequentemente mencionados em visitas de turistas à região, caberá aos integrantes dos grupos, com base nos estudos prévios (pesquisas) e interesses coletivos percebidos por cada equipe, atuar de maneira autônoma. A culminância do Projeto se dará com a exposição e a apresentação do instrumento confeccionado em uma feira de turismo no interior da escola para a comunidade escolar, podendo se estender aos empresários do setor de turismo em geral e aos órgãos municipais e estaduais responsáveis pela pauta que serão, com a devida antecedência, convidados ao evento escolar. Para o desenvolvimento do Projeto, serão necessários os seguintes materiais: caderno escolar, caneta, lápis e borracha, computador com programa editor de imagem conectado à Internet (se possível) e dispositivo móvel (smartphone, tablet, câmeras digitais etc.) conectado à Internet (se possível). Veja como viabilizar esse material em conjunto com o seu professor.

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Orientações na página 260.

etapa 1 3 PASSOS

etapa 2 3 PASSOS

etapa 3 3 PASSOS

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ESTUDO SOBRE O TURISMO (INCLUSIVO E ACESSÍVEL) NO BRASIL Você iniciará o trabalho de produção de materiais de divulgação das atrações turísticas na sua região tendo como diferencial o público com algum tipo de deficiência. Para tanto, é fundamental pesquisar a respeito do tema. Assim, a primeira Etapa é direcionada ao processo de pesquisa. Além de pesquisas na Internet, você visitará as principais atrações turísticas da sua região, analisando se essas atrações turísticas atendem às demandas sociais de inclusão e acessibilidade.

ESTUDO SOBRE OS PROCESSOS DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DE DIVULGAÇÃO DE ATRAÇÕES TURÍSTICAS Na segunda Etapa de desenvolvimento do Projeto, você pesquisará sobre o que caracteriza os processos de produção e divulgação de atrações turísticas, observando aspectos da linguagem verbal e não verbal, oral e escrita etc., com o objetivo de, posteriormente, usá-los na elaboração do seu próprio material de divulgação. Você conhecerá um exemplo de um Folder. Aprenderá acerca dos elementos constitutivos desse gênero textual, analisará o que está envolvido no processo de produção e os efeitos de sentido que podem ser extraídos da leitura do material. Além disso, você deverá usar sua curiosidade para pesquisar outros tipos de Folder, ampliando seu repertório e se inspirando para fazer um Folder que divulgue as atrações turísticas de sua região.

CRIANDO UMA AGÊNCIA DE TURISMO E DIVULGANDO SUA REGIÃO COM INCLUSÃO E ACESSIBILIDADE Nesta terceira Etapa, você dará sentido e funcionalidade ao gênero textual que produzirá, ou seja, o Folder. Isso porque ele tem uma função social, que é a de informar e divulgar lugares, ideias etc. Sendo assim, os lugares e maneiras em que esse gênero circula são peculiares. Por isso, nessa Etapa você irá refletir e criar situações para que essa divulgação aconteça de forma natural. Você abrirá uma Agência de Turismo, refletirá e planejará acerca dos conceitos que fazem parte do dia a dia de uma empresa, tais como missão, visão e valores, além de criar um nome e um slogan. Finalmente, você definirá o público-alvo e os serviços que sua agência deverá atender e ofertar. Depois, divulgará seu trabalho pela Internet e em uma Feira de Turismo organizada por você e seus colegas.


ETAPA 1 ESTUDO SOBRE O TURISMO INCLUSIVO NO BRASIL Você iniciará o trabalho de produção e divulgação de conteúdo acerca das atrações turísticas de sua região com um destaque para o público formado por pessoas com algum grau de deficiência. Pesquisar é um conjunto de ações que visam à descoberta de novos conhecimentos em uma determinada área. Além disso, a pesquisa é uma oportunidade de ampliar, bem como redefinir conceitos e ideias preexistentes. A pesquisa é essencial para o processo de produção de um produto voltado para um público específico.

PASSO 01

REFLEXÕES SOBRE O TURISMO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Para iniciar o trabalho de elaboração do Folder e do vídeo com o objetivo de divulgar as atrações turísticas da região para as pessoas com deficiência, você realizará um profundo estudo sobre o turismo inclusivo (ou acessível) na atualidade. Nesse sentido, você pesquisará informações importantes nos websites de agências governamentais e não governamentais, tais como IBGE, Embratur, MTur etc., para construir um embasamento teórico acerca da temática abordada no Projeto.

vamos REFLETIR! Você já pesquisou sobre as condições das pessoas com deficiência no Brasil? Quais sãos as dificuldades e barreiras encontradas por essas pessoas para viverem em uma cidade e desfrutarem de todos os seus ambientes? Você já percebeu se as atrações turísticas da sua região estão adaptadas para acolherem esse público? Vamos compreender de maneira mais profunda essa situação. O último Censo Demográfico, realizado pelo IBGE, mostrou que 45,6 milhões de pessoas declaram ter pelo menos um tipo de deficiência, seja do tipo visual, auditiva, motora ou mental/intelectual. Esse número representa 23,9% da popula-

131


Orientações na página 263.

ção brasileira no ano de 2010, ou seja, quase uma a cada quatro pessoas. Embora esses números sejam expressivos e significativos, essas pessoas não vivem em uma sociedade adaptada. Segundo a Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic), realizada no ano de 2014, a maioria das prefeituras do país não promove políticas de acessibilidade, tais como lazer para pessoas com deficiência (78%), turismo acessível (96,4%) e geração de trabalho e renda ou inclusão no mercado de trabalho (72,6%). Contudo, o governo brasileiro, através do Programa Turismo Acessível no período de 2012-2014, propôs uma série de medidas que visaram promover a inclusão social e o acesso de pessoas com deficiência aos benefícios da atividade turística. Entre as medidas, podemos encontrar um estudo do perfil do turista com deficiência, algumas cartilhas com a visão do turismo acessível, com o mapeamento e planejamento para atuar na área, bem como com sugestões de oferta e atendimento desse serviço. Um manual de orientações em turismo e acessibilidade é também uma medida do programa, entre outras publicações. Essas ações têm como objetivo principal promover alternativas para que os gestores municipais e estaduais possam basear suas ações no intuito de promover um turismo inclusivo e acessível.

vamos pesquisar! Pesquise na Internet informações sobre o turismo para pessoas com deficiência publicados pelo IBGE (ibge.gov.br), pelo Mtur (turismo.gov.br) e pela Embratur (embratur.gov.br), entre outros websites que você desejar. Selecione as principais informações e apresente às equipes posteriormente.

PASSO 02

Shutterstock / Proshkin Aleksandr

Orientações na página 264.

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CAINDO EM CAMPO: TURISMO E ACESSIBILIDADE NA SUA REGIÃO Continuando o estudo sobre o turismo inclusivo no Brasil, você fará uma pesquisa de campo. Isto é, você visitará as principais atrações turísticas de sua região em busca de verificar se elas atendem às demandas das pessoas com deficiência. Esses dados coletados na pesquisa de campo serão usados posteriormente na elaboração do Folder e do vídeo de divulgação. Portanto, tire muitas fotos, grave muitos vídeos e fique atento a cada detalhe! Para facilitar seu trabalho de pesquisa, disponibilizamos uma tabela com os dados que você deverá observar e colher in loco, por meio de entrevistas com as pessoas que fazem parte do staff administrativo dos locais ou das atrações turísticas que você visitar.


PESQUISA DE CAMPO Local ou Atração Turística

*************

Descrição das atividades que podem ser realizadas no local ou na atração turística

*************

Há adaptações para pessoas com deficiência visual? Se sim, descreva-as!

*************

Há adaptações para pessoas com deficiência auditiva? Se sim, descreva-as!

*************

Há adaptações para pessoas com deficiências motoras? Se sim, descreva-as!

*************

Outras observações:

*************

Fonte: elaborada pelos autores, 2020.

PASSO 03

AS AÇÕES INCLUSIVAS NO CAMPO DO TURISMO Agora, você analisará um artigo postado no website das Nações Unidas que tem por título Promoting accessible tourism for all. Esse artigo define o turismo acessível, relata as principais dificuldades que as pessoas com deficiência enfrentam e explica por que o assunto é importante. O artigo está redigido em inglês. Portanto, será necessário que você use todo o seu conhecimento da língua inglesa para a leitura e a interpretação do texto. Você perceberá que, mesmo não conhecendo o significado de todas as palavras do texto, há estratégias que podem ser aplicadas no momento da leitura que facilitarão a compreensão do que está escrito. Ao término da leitura e interpretação do texto, você responderá algumas perguntas sobre o que você leu. Você poderá responder às questões em língua portuguesa. Contudo, caso queira se aventurar na resolução das questões em língua inglesa, você poderá pedir ajuda ao seu professor. Por fim, você deverá pesquisar exemplos de ações inclusivas no campo do turismo. Procure-as em veículos de informação eletrônica, websites e até em agências de turismo da sua região. Exercite sua curiosidade! Os exemplos de ações que você encontrar servirão de inspiração para o Folder que sua Agência de Turismo irá elaborar e apresentar à comunidade.

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Globally, it is estimated that there are over 1 billion persons with disabilities, as well as more than 2 billion people, such as spouses, children and caregivers of persons with disabilities, representing almost a third of the world’s population, are directly affected by disability. While this signifies a huge potential market for travel and tourism, it still remains vastly under-served due to inaccessible travel and tourism facilities and services, as well as discriminatory policies and practices.

Shutterstock / Olya_Beli_Art

PROMOTING ACCESSIBLE TOURISM FOR ALL

What is accessible tourism? Accessible tourism enables all people to participate in and enjoy tourism experiences. More people have access needs, whether or not related to a physical condition. For example, older and less mobile people have access needs, which can become a huge obstacle when traveling or touring. Thus, accessible tourism is the ongoing endeavour to ensure tourist destinations, products and services are accessible to all people, regardless of their physical limitations, disabilities or age. This inludes publicly and privately owned tourist locations, facilities and services Accessible tourism involves a collaborative process among all stakeholders, Governments, international agencies, tour-operators and end-users, including persons with disabilities and their organizations (DPOs). A successful tourism product requires effective partnerships and cooperation across many sectors at the national, regional and international levels. From idea to implementation, a single destination visit normally involves many factors, including accessing information, long-distance travel of various sorts, local transportation, accommodation, shopping, and dining. The impact of accessible tourism thus goes beyond the tourist beneficiaries to the wider society, engraining accessibility into the social and economic values of society.

What are the barriers to travel and tourism for people with disabilities? For persons with disabilities, travelling can be a challenge, as finding the information on accessible services, checking luggage on a plane, booking a room to fulfil access needs, often prove to be difficult, costly and time consuming. Challenges for persons with disabilities include: • Untrained professional staff capable of informing and advising about accessibility issues

• Inaccessible booking services and related websites • Lack of accessible airports and transfer facilities and services • Unavailability of adapted and accessible hotel rooms, restaurants, shops, toilets and public places

• Inaccessible streets and transport services • Unavailable information on accessible facilities, services, equipment rentals and tourist attractions

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Why is accessible tourism important? Accessibility is a central element of any responsible and sustainable development policy. It is both a human rights imperative, as well as an exceptional business opportunity. In this context, accessible tourism does not only benefit persons with disabilities, it benefits all of society. To ensure that accessible tourism is developed in a sustainable manner requires that tourist destinations go beyond ad hoc services to adopting the principle of universal design, ensuring that all persons, regardless of their physical or cognitive needs, are able to use and enjoy the available amenities in an equitable and sustainable manner. This approach foregoes preferential or segregated treatment of differently abled constituents to permitting uninhibited use of facilities and services by all, at any time, to equitable effect. Fonte: www.un.org/development/desa/disabilities/issues/promoting-accessible-tourism-for-all.html (adaptado). Acesso em: 17 jan. 2020.

1. Qual a ideia principal do texto? 2. O que é turismo acessível? 3. Quais são as barreiras e desafios que as pessoas com deficiência enfrentam ao viajar ou realizar atividades turísticas?

Orientações na página 264.

4. Por que o turismo acessível é importante?

vamos pesquisar! Orientações na página 265.

Shutterstock / ChiccoDodiFC

Agora que você sabe o que é e qual a importância do turismo acessível, pesquise exemplos de ações inclusivas e acessíveis no campo do turismo. Exercite sua curiosidade e busque mais casos como esse relatado no texto.

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ETAPA 2 ESTUDO SOBRE OS PROCESSOS DE PRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO DE ATRAÇÕES TURÍSTICAS Dando continuidade ao Projeto, você realizará um estudo sobre os processos de produção e divulgação de atrações turísticas. O que são consideradas atrações turísticas? Como são apresentadas essas atividades em Folders e em vídeos? Quais as palavras, as frases e tópicos linguísticos mais usados na elaboração de materiais de divulgação das atrações turísticas de uma determinada região? Responder a essas e outras questões será importante para o momento em que você produzirá seu próprio material de divulgação.

PASSO 04

VISITANDO LUGARES, FAZENDO TURISMO!

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Shutterstock / marchello74

Shutterstock / prochasson frederic

Shutterstock / S-F

Shutterstock / Catarina Belova

Sabemos que o conceito de atração turística está além da ideia de simplesmente visitar prédios, ruas, lagos, rios, igrejas etc. Todavia, não há como negar a relação intrínseca entre lugares e o turismo atrativo. Portanto, nesse momento do Projeto, você irá focar os lugares mais visitados por turistas em todo o mundo. E, a partir disso, ampliará o vocabulário em língua inglesa necessário para o desenvolvimento dos materiais de divulgação da agência, Produto final deste Projeto.


Você sabe como falar os nomes de países, de cidades, de lugares em inglês? Você sabe como descrever os lugares em que você esteve em língua inglesa? É importante saber para produzir um bom material de divulgação das atrações turísticas de sua região. Não se preocupe! Este é o momento de relembrar o que você sabe e de aprender coisas novas. Você iniciará seu passeio turístico virtualmente, dando uma volta ao mundo e tentando capturar key-words [palavras-chave] que serão de grande importância para a construção textual do Folder, bem como para a construção oral do vídeo de divulgação. A sua viagem virtual acontecerá através de um vídeo que tem por título The top 10 must-visit cities around the world [As dez principais cidades visitadas do mundo]. No vídeo, você será apresentado aos dez destinos mais procurados por turistas e, além disso, conhecerá algumas das principais atrações turísticas em cada cidade. Após assistir ao vídeo, você deverá responder o quiz a seguir para testar sua habilidade de compreensão em língua inglesa. The top 10 must-visit cities around the world 1. Qual, dentre os países listados abaixo, não foi mencionado em nenhuma parte do vídeo? a. Germany ( ) b. Brazil ( ) c. Canada ( ) d. Italy ( )

Orientações na página 267.

2. Qual, dentre as cidades listadas abaixo, foi mencionada durante o vídeo? a. Rio de Janeiro ( b. Dallas ( ) c. Rome ( ) d. Lyon ( )

)

3. Qual cidade é conhecida como a cidade das luzes e por ser um destino romântico? a. Paris, France ( ) b. Rome, Italy ( ) c. New York, The USA ( ) d. London, England ( ) 4. Qual cidade é conhecida como aquela que nunca dorme e também como The Big Apple? a. Tokyo, Japan ( ) b. Vancouver, Canada ( ) c. London, England ( ) d. New York ( ) 5. Qual cidade foi fundada pelos romanos há quase dois milênios atrás? a. Rome, Italy ( ) b. Barcelona, Spain ( ) c. London, England ( ) d. Istanbul, Turkey ( ) 6. ____________ fica na foz do rio mais longo da Ásia, o rio Youngtze. a. Shanghai, China (

)

137


b. Tokyo, Japan ( ) c. Bangkok, Thailand ( ) d. Cape Town, South Africa (

)

7. ____________ é um destino comum entre religiosos católicos. a. Barcelona, Spain ( ) b. Rio de Janeiro, Brazil ( c. Istanbul, Turkey ( ) d. Rome, Italy ( )

)

8. Qual cidade foi dividida por um período de tempo? a. Berlim, Germany (

)

b. New York, The USA ( c. London, England (

) )

d. Cape Town, South Africa (

)

9. _____________ é uma mistura do mundo antigo com tecnologias futurísticas. a. Tokyo, Japan ( ) b. Shanghai, China ( ) c. New York, The USA ( d. Rome, Italy ( )

)

10. Qual cidade é reconhecida pela grande torcida de um time de futebol? a. Rio de Janeiro, Brazil ( b. Barcelona, Spain ( ) c. London, England ( ) d. Berlim, Germany ( )

)

PASSO 05

CONHECENDO O GÊNERO TEXTUAL FOLDER Lembre-se! Você irá produzir e divulgar um Folder com atrações turísticas da sua região, considerando, também, o público com deficiência. Sendo assim, é importante conhecer o gênero textual Folder. O Folder é um impresso pequeno, formado de uma só folha de papel com uma ou mais dobras, e que apresenta conteúdo informativo ou publicitário. Se olharmos para a raiz etimológica da palavra Folder, de origem inglesa, podemos notar que é uma derivação do verbo to fold, também em inglês, que significa dobrar. Esse gênero textual surgiu nos meios de comunicação e publicidade como um artefato utilizado para marketing e propaganda, especificamente para realização de campanhas publicitárias. Não confunda Folder com panfleto, pois, embora semelhantes, sua característica essencial é a presença de pelo menos uma dobra. Além disso, ele destaca as ideias mais importantes com quadros ou palavras em fontes maiúsculas, coloridas e de formatos diferentes. Seu propósito principal é comunicar rapidamente ideias sem cansar o leitor. A dobradura do Folder segue uma sequência lógica de argumentação. Ou seja, a capa apresenta uma chamada para a mensagem principal a ser transmitida e sua função é despertar o interesse e a curiosidade do leitor para continuar a

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selecttours.net

leitura do material. Cada dobra seguinte desenvolverá a mensagem de maneira detalhada através de recursos visuais e linguísticos para atingir o fim desejado. A última dobra, geralmente ao final do Folder e na parte externa, é reservada para dados importantes, tais com telefone, endereço, mapa etc. Veja um exemplo de Folder e analise-o!

vamos pesquisar! Pesquise outros exemplos de Folders e analise-os. Inspire-se!

PASSO 06

Orientações na página 269.

PRODUZINDO UM FOLDER SOBRE AS ATRAÇÕES TURÍSTICAS DE SUA REGIÃO No caso do Folder de divulgação turística, há a predominância de imagens, descrição de ambientes, informações turísticas, históricos de localidades, mapas, linguagem persuasiva e tem como público-alvo o turista. Encerrando a fase de estudo acerca da produção e divulgação das atrações turísticas, você passa a elaborar um exemplo de Folder, contendo o máximo de conteúdo inspirado pelas pesquisas realizadas até o momento. Em primeiro lugar, você fará o design do Folder. Ou seja, quantas dobras ele terá, o que você colocará em cada dobra o tamanho e tipos da fonte e das imagens. Em seguida, você selecionará os elementos visuais que comporão o seu Folder; isto é, as fotos e imagens das atrações turísticas da região que você visitou, as cores que você usará em cada parte do material etc. E, finalmente, você redigirá os elementos linguísticos, ou seja, títulos, subtítulos, textos, descrições etc.

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PENSANDO SOBRE O DESIGN DO SEU FOLDER Lembre-se! Para que um Folder seja diferenciado do panfleto, é necessário que ele tenha pelo menos uma dobra. Sendo assim, as dobras são fundamentais e têm um papel importante, uma vez que a mensagem proposta pelo material vai sendo revelada progressivamente ao longo do processo de leitura. Nesse sentido, é crucial que você pense nisso antes de começar enchendo seu Folder com imagens e textos. Sugerimos que você pegue uma folha de ofício tamanho A4 e faça vários modelos de dobras. Discuta com os integrantes de sua equipe e elejam um modelo. Em seguida, com caneta ou lápis, desenhe o que cada parte do Folder terá, onde ficarão as imagens, os textos, os dados da sua Agência de Turismo, os patrocinadores, e qualquer outra informação que vocês julgarem necessária. Discuta com os membros de sua equipe as questões abaixo e responda-as. Esse processo é importante, pois aqui o seu Produto final começa a tomar forma. 1. Quantas dobras seu Folder terá? 2. Qual o título e os tamanhos da fonte? 3. Quantas imagens conterá a capa? 4. Quais os espaços reservados para o título e imagens na capa? 5. Qual a formatação das partes internas (cada dobra)? 6. Quantas imagens serão usadas nas partes internas? 7. Qual o tamanho de cada imagem e onde ficarão? 8. Quais dados constarão na dobra final? 9. Quais os patrocinadores e parceiros que serão anunciados em seu Folder? 10. Em qual tipo de papel será impresso? Avaliação: Cada equipe apresentará o Projeto de Folder e receberá sugestões das outras equipes.

PENSANDO SOBRE AS IMAGENS DO SEU FOLDER

Shutterstock.com

Orientações na página 271.

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Os elementos visuais desempenham um papel essencial na construção de sentido em um texto. No caso dos Folders, panfletos, banners etc., as figuras, fotos, imagens são fontes de significado que, ao se articularem com os elementos verbais, colaboram para despertar no leitor o objetivo desejado. Veja o exemplo a seguir de uma parte de um Folder produzido por uma empresa de aviação.


Como podemos perceber na últimaa imagem, as fotos estão em direta relação com cada tópico abordado e descrito. Além disso, elas ocupam um espaço significativo. São elas as primeiras a aparecerem. Isso tudo é proposital e bem pensado. No referido Folder, as imagens seguem uma ordem lógica na argumentação. São cinco tópicos e cada um com uma imagem autoexplicativa e atrativa. Lembre-se de que um dos objetivos deste Projeto é contemplar o público com algum grau de deficiência. Nesse sentido, você deverá levar em consideração esse fato no momento de seleção e escolha das imagens que irão compor seu Folder.

Roteiro para seleção e escolha das imagens

• Reúna-se com os membros de sua equipe, coloque as fotos que vocês tiraram no Passo 2 da Etapa 1 deste Projeto, analise-as e escolha aquelas que irão compor o Folder. Estabeleça critérios para as escolhas!

Orientações na página 271.

• Reflita acerca do caráter inclusivo e acessível que o Folder deve ter. As imagens contribuem para a promoção desses caracteres?

PENSANDO SOBRE OS TEXTOS DO SEU FOLDER Orientações na página 271.

liuchangdesigner.wordpress.com

Para escrever o texto do Folder, é necessário retomar todas as informações importantes selecionadas a partir das pesquisas realizadas no início do Projeto. O processo de seleção requer especial atenção para as mudanças relativas ao gênero de informações, recolhidas em diversos materiais para um Folder informativo e atrativo, para circular em diversas plataformas, e divulgar as atrações turísticas pesquisadas. Os principais elementos textuais que encontramos no Folder são: o título, uma introdução e descrições de tópicos. Veja um exemplo de Folder a seguir e responda às questões.

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1. Qual o título do Folder? 2. Há algum slogan? Se sim, qual? Orientações na página 271.

3. Onde está situada a introdução do Folder? 4. Quantos tópicos há no Folder? 5. Quais são os tópicos? Na produção do Folder, primeiramente, deve-se elaborar um pequeno texto introdutório que tem por objetivo contextualizar o leitor sobre a informação, o serviço, o produto etc., que está sendo divulgado ao longo do gênero. Vejamos o texto introdutório retirado do Folder intitulado The amazing Amazon Rainforest.

One of the most spectacular vacation destinations on the planet, Ariau Amazon Towers is a magical hotel and resort built in the treetop canopy of the Amazon Jungle – a scenic bolt ride from Manaus, Brazil. The only hotel built completely at treetop in the Amazon Jungle, Ariau Amazon Towers offers the ultimate in eco-vacations – from navigating through the Amazon River to swimming with pink dolphins.

Agora responda às questões de compreensão do texto. 1. Qual a ideia principal do texto? Orientações na página 272.

2. Onde fica o hotel? 3. Qual é a curiosidade do hotel? 4. Quais serviços o hotel oferece?

Roteiro de elaboração dos textos para Folder Orientações na página 272.

• Qual o título do seu Folder? • Quais as principais características da sua região, do povo e das atrações turísticas oferecidas? Use essas informações para escrever um texto introdutório e os tópicos.

• Quantos tópicos o seu Folder apresentará? MONTANDO O FOLDER: COMO UM QUEBRA-CABEÇA. Orientações na página 272.

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Finalmente, chegou o momento de finalizar essa produção. Após todas as etapas de produção do Folder, você deverá montá-lo. Para tanto, você precisará de um computador e algum software de edição de imagens. Use toda sua criatividade para dar vida ao conteúdo que você, desde o início do Projeto, tem construído com ajuda dos participantes desse Projeto.


ETAPA 3 CRIANDO UMA AGÊNCIA DE TURISMO E DIVULGANDO SUA REGIÃO COM INCLUSÃO E ACESSIBILIDADE É o momento de apresentar o Produto final deste Projeto para a comunidade escolar. Todavia, não é interessante apenas apresentar o Folder, uma vez que esse gênero textual tem uma finalidade social e não pode ser compreendido fora dela. Sendo assim, para dar sentido à produção, você abrirá uma Agência de Turismo, criará ambientes virtuais onde há espaço para divulgação do Folder e, além disso, organizará e realizará um evento de lançamento de sua agência e lançamento do Produto.

PASSO 07

CRIAÇÃO DE UMA AGÊNCIA DE TURISMO Orientações na página 273.

Antes de apresentar à comunidade escolar o Folder que você e seus colegas produziram, é importante que ele esteja situado no seu contexto próprio e cumpra a sua função original. Nesse sentido, uma vez que seu Folder é uma divulgação das atrações turísticas de sua região, faz-se necessário ser divulgado por uma Agência de Turismo. As agências de turismo são empresas que atuam na oferta de promoção e acesso às atrações turísticas de cidades, estados e países. Portanto, você deverá pensar em um nome e um slogan para sua Agência de Turismo. Use sua criatividade! Além disso, para abrir uma Agência de Turismo, deve-se tomar como princípios norteadores os conceitos de criação de uma empresa, a saber: a missão, a visão e os valores. Por último, pense nos serviços que sua Agência de Turismo irá ofertar. Lembre-se de dar destaque ao turismo inclusivo e acessível em algum momento do seu produto. Para auxiliar você no processo de planejamento e abertura de sua agência, dispomos de um plano de abertura de empresa. Discuta com os integrantes de sua equipe e preencha cada espaço desse plano. Em seguida, compartilhe com o professor e os demais colegas de sala.

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PLANO DE ABERTURA DA EMPRESA Nome da Agência de Turismo

*************

Slogan

*************

Missão

*************

Visão

*************

Valores

*************

Serviços

*************

Público-alvo

*************

Fonte: elaborada pelos autores, 2020.

Empreendedorismo é a iniciativa de implementar negócios inéditos ou modificações em negócios já existentes. Utilizado em ambiente empresarial, é um termo que aponta para a inovação no mercado. As startups, por exemplo, são novos negócios que privilegiam as inovações. De forma geral, é a mola propulsora do desenvolvimento econômico e social de um país.

PASSO 08

CRIAÇÃO DE ESPAÇOS DE DIVULGAÇÃO NA REDE Atualmente, o marketing digital, usando as redes sociais, tem sido um dos segmentos que mais crescem em todo o mundo. As empresas precisam se adaptar ao novo cenário que o marketing online tem gerado. Esse tipo de propaganda aproxima o consumidor das empresas e cria laços de relacionamento e é por isso que aumenta o número de empresas que investem nas mídias sociais para divulgação de seus produtos e serviços.

CIRCULAÇÃO DO FOLDER NAS REDES SOCIAIS Orientações na página 274.

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O Folder que foi produzido precisa ser divulgado e nada mais propício para divulgação de conteúdo que a Internet. Portanto, você irá criar na rede espaços virtuais para divulgação do conteúdo que você produziu durante este Projeto. Recomendamos uma pesquisa das redes sociais em que cabe o produto que você deseja publicar: o Folder. Discuta com seus colegas e escolha quais você pretende usar. Após feita a escolha, você poderá criar contas exclusivas nas duas redes sociais e personalizá-las com as informações de sua Agência de Turismo. Tente dar às suas redes sociais a cara e a identidade da sua empresa. Use as informações do plano de abertura de empresa que você respondeu. Use sua criatividade!


PASSO 09 ORGANIZAÇÃO DE UMA FEIRA DE TURISMO Está chegando o momento de partilhar com toda a comunidade escolar os trabalhos elaborados a partir dos componentes de Língua Inglesa - com participações de outros componentes como História, Geografia, Artes, Português etc. Você deverá organizar uma feira de turismo, na qual realizará o lançamento da sua Agência de Turismo e do material de divulgação (o Folder) das atrações turísticas oferecidas pela mesma, bem como compartilhará as atrações turísticas de sua região com os visitantes. Tenha cuidado quanto à organização do evento para que nenhuma intercorrência aconteça e afete a apresentação. É fundamental que você verifique todos os recursos que serão utilizados durante esse evento.

ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO PARA A FEIRA A feira de turismo deve acontecer no espaço escolar, em um ambiente adequado e organizado com antecedência como, por exemplo, uma sala de aula que tenha espaço, um auditório, um pátio ou um espaço aberto. Será necessário que cada equipe disponha de um stand, ou seja, uma mesa decorada e personalizada com a cara e identidade da Agência de Turismo. No stand, você deverá colocar o material de divulgação, ou seja, o Folder.

Orientações na página 274.

CONVITE À COMUNIDADE ESCOLAR Você deverá convidar toda a comunidade escolar para a feira. Não se esqueça de deixar claro o dia e a hora em que o evento acontecerá para que não aconteçam atividades concorrentes no mesmo momento. Faça uma lista de convidados, elabore cartas-convites e as envie.

Orientações na página 275.

PLANEJAMENTO DAS AÇÕES NO DIA DO EVENTO Você e seus colegas deverão planejar cada ação que será realizada no dia do evento e elaborar um roteiro ou programação. Discuta um plano de ação coletivamente. Lembre-se de que todas as equipes devem participar desse dia.

Orientações na página 275.

PASSO 10 REALIZAÇÃO DA FEIRA DE TURISMO É fundamental que você e seus colegas recebam e acolham os convidados. Apresente-os a cada parte da feira: decoração e tudo que houver para ser visto. Percorra o caminho que você e sua equipe trilharam para a elaboração do Folder. Explore cada detalhe para que aqueles que visitarem o stand da agência sintam-se tocados pelo trabalho realizado. Prestigie os trabalhos realizados pelas outras equipes. Lembre-se de que eles foram fundamentais no processo de desenvolvimento das Etapas e dos Passos deste Projeto. Da mesma forma, você! Os trabalhos deles também foram influenciados pelas discussões e contribuições realizadas no âmbito deste Projeto. Tire fotos, grave vídeos, aproveite cada momento. Pois aprender é também se divertir. Você empreendeu desde o primeiro Passo deste Projeto e merece seu momento de estrelato.

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Orientações na página 276.

Terminado o Projeto, o momento agora é de avaliação. Você e seu grupo estão convidados a conversar, refletir e responder às questões que estão apresentadas a seguir. É o momento de avaliar o desenvolvimento do Projeto e a atuação de vocês no mesmo, destacando as aprendizagens desenvolvidas de forma diferenciada e os impactos que o Projeto trouxe à vida, à escola e à comunidade.

O tEMA dO PROJETO

• Você e seu grupo entenderam a importância de

• Você e seu grupo gostaram do tema do Projeto? •

Acharam que ele foi relevante para a escola e para a comunidade? Em que esse tema pode contribuir para mudar a sua realidade e a da sua escola e comunidade?

o DESENVOLVIMENTO dO PROJETO

• • Quais foram as Etapas e Passos que vocês con• •

sideraram mais interessantes? Tiveram dificuldades em alguns? Por quê? Como superaram? Destaquem as aprendizagens mais significativas. O que este projeto acrescentou de conhecimentos para o grupo? O grupo conseguiu entender e desenvolver as competências e habilidades da BNCC?

A PARTICIPAÇÃO DO GRUPO NO PROJETO

• • Houve envolvimento de todos os integrantes do •

grupo durante o desenvolvimento do Projeto? Que dificuldades enfrentaram e que estratégias adotaram para superá-las?

o Projeto ser trabalhado não como disciplinas isoladas, mas fazendo a integração entre várias áreas do conhecimento? Quais sugestões vocês podem apresentar para a melhoria do Projeto?

o Produto Final

• • Vocês tiveram êxito ao final do Projeto? Deu certo • •

tudo que estava previsto ou vocês tiveram que fazer alguma mudança ou adequação? Quais os benefícios do Projeto e do Produto final para a sua formação no Ensino Médio? Pode-se afirmar que vocês, estudantes, foram protagonistas do processo?

A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE

• • Em • •

quais momentos a comunidade participou do Projeto? Houve adesão da comunidade no momento do Produto final? Destaquem os benefícios do Projeto para a escola e para a comunidade.

• Como você avalia a sua participação no Projeto? De que formas você se envolveu? • Quais aprendizagens você desenvolveu no trabalho colaborativo? Você enfrentou dificulda-

des para se integrar ao grupo? Como você as superou? • Como você avalia o conhecimento adquirido por você no Projeto? Foi significativo para a sua vida? • Você recomendaria esse modo inovador de estudar a outros colegas? Por quê? • Com base na sua experiência no Projeto, escreva um texto apontando os pontos positivos e negativos do Projeto e depois converse com o professor.

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REFERÊNCIAS BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Ensino Médio. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2018. Neste documento, encontra-se a referência nacional comum e obrigatória para a produção dos currículos escolares, bem como para a elaboração das propostas pedagógicas. Através dele, é possível escolher e sugerir caminhos pedagógicos para este Projeto.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES HENLEY, Jon. Sightseeing for blind people. The guardian, Reino Unido, p. 1, 30 jun. 2011. Disponível em: https:// www.theguardian.com/society/2011/jun/30/blind-people-travel-traveleyes. Acesso em: 17 jan. 2020. Neste artigo, você, estudante, poderá conhecer um exemplo de intervenção inclusiva na área do turismo e, assim, poderá se inspirar para a elaboração do Produto final requerido neste Projeto. Vale salientar que o texto está escrito totalmente em língua inglesa, o que possibilitará que você exercite seus conhecimentos na língua em questão. BARROS, Bárbara; REGHIN, Mariane. Turismo acessível: Especialistas em acessibilidade. [S. l.], 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_BLMJ8uGhXs. Acesso em: 14 fev. 2020. Neste vídeo, você, estudante, poderá assistir a especialistas em acessibilidade discutindo o tema com o foco no turismo acessível. Através do vídeo, você saberá como funciona o processo de consultoria em acessibilidade, como o mercado pode se beneficiar atendendo às pessoas com deficiência e quais recursos podem ser implementados. Lembre-se de que você será um empreendedor e abrirá sua empresa de turismo. É uma excelente forma de adquirir conhecimento sobre a temática e, assim, usá-lo no processo de produção do Produto final deste Projeto. TRAKTO. Como fazer um folder: melhore a divulgação e aumente as vendas. [S. l.], 2017. Disponível em: https://blog.trakto.io/como-fazer-folder-aumentar-vendas/. Acesso em: 14 fev. 2020 Durante o Projeto, você produzirá um folder para divulgar as atrações turísticas de sua região como o foco no turismo acessível. Portanto, é fundamental o domínio do gênero textual Folder. Sugere-se, portanto, a publicação acima para auxiliá-lo no processo de produção do Produto final. Nela, o passo-a-passo da produção é descrito e você poderá se basear no momento da produção.

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Orientações na página 277.

Você já refletiu sobre os conceitos de arte, de cultura e de multiculturalismo? Como se comporta a indústria cultural na divulgação da arte e da cultura? Você conhece a arte, a cultura e os artistas na sua comunidade? O Brasil é conhecido mundialmente como um país multicultural. Isso quer dizer que nosso país se constitui por expressões culturais diversas. Os sotaques, as comidas típicas, as músicas regionais, entre outros, testemunham características de uma determinada região ou grupo cultural. Nesse contexto, são os jovens aqueles que representam de modo mais intenso a convivência com diferentes formas de expressão. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018, 47,3 milhões de brasileiros encontravam-se na faixa etária entre 15 e 29 anos, ou seja, a faixa etária que representa os jovens, de acordo com o Estatuto da Juventude. Contudo, os jovens não formam um grupo homogêneo, tampouco a juventude é uma fase vivida da mesma forma por todas as pessoas jovens. Este Projeto Integrador tem o objetivo de despertar em você, estudante, o exercício do protagonismo ao conhecer e valorizar as diversas manifestações artístico-culturais, refletir sobre a indústria da cultura e (des)valorização de determinados estímulos e expressões culturais, bem como participar de uma prática de produção no âmbito das artes e da cultura.

O multiculturalismo se manifesta por meio de uma variedade de linguagens como, por exemplo, música, poesia, pintura, cordel, escultura, dança, teatro, fotografia etc. Cada comunidade expressa seus valores de modos particulares, que representam a cultura local. Essa cultura, muitas vezes, é passada de uma geração para outra. Mas, nem sempre, essas formas de expressão local são valorizadas pela mídia e pela própria comunidade, tornando-se invisibilizadas na sociedade. Ao mesmo tempo, com a popularização da Internet e dos aparelhos celulares com câmera, muitos artistas têm atingido um alcance que seria impossível em outros tempos, já que, para ser conhecido e divulgar sua arte, era preciso chegar ao jornal, rádio ou televisão. A cada dia, com o auxílio das mídias, novos artistas conseguem se tornar conhecidos e divulgar seu trabalho, chegando em qualquer lugar com apenas um clique no celular ou no computador. Esse fenômeno tem modificado aquilo que tradicionalmente era compreendido como cultura e como arte. Você organizará, como Produto final, em parceria com seus colegas e professores, um Festival Multicultural para expor a produção artística e cultural da sua comunidade. Então, vamos lá! Venha ser protagonista deste Projeto cultural.

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Orientações na página 278.

150

1 2

is Conhecer e valorizar as diversas manifestações artísticas e cultura existentes na escola e na comunidade.

3

lando Participar de uma prática de produção artístico-cultural, estimu entre s afetiva a criatividade, valorizando as relações de vínculos e ultural os participantes, por meio da realização de um Festival Multic das Juventudes.

inaRefletir sobre a indústria da cultura e (des)valorização de determ , de dos estímulos e expressões culturais, em âmbito local e global as sobre vista de pontos tes diferen modo a favorecer a formulação de ético. to manifestações artístico-culturais com posicionamen


Orientações na página 278.

Os objetivos deste Projeto estão associados a competências e habilidades da Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018), para a área de Linguages e suas Tecnologias, etapa do Ensino Médio, como você pode ver a seguir:

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES TRABALHADAS NO PROJETO COMPETÊNCIAS

COMPETÊNCIAS

GERAIS

ESPECÍFICAS

1

3

6

EM13LGG602

2

7

2

EM13LGG202 EM13LGG203

3

8

3

EM13LGG301 EM13LGG304

OBJETIVOS

HABILIDADES

Fonte: elaborada com base na BNCC, 2018. As competências e habilidades citadas podem ser consultadas por você nas páginas 7 e 8 deste livro.

O OBJETIVO 1 está relacionado com a Competência Geral 3, que trata da valorização de diversas manifestações artísticas e culturais e também de práticas diversificadas da produção artística e também cultural; com a Competência Específica 6, que se refere à apreciação estética das mais diversas produções artísticas e culturais, locais, regionais e globais, além de mobilizar conhecimentos sobre as linguagens artísticas e a (re)construção de produções autorais individuais e coletivas. Neste Projeto, o primeiro objetivo será desenvolvido por meio de atividades que envolvem a realização de um mapeamento dos grupos e expressões artísticas e culturais da escola e da comunidade, bem como da elaboração de estratégias de divulgação, via Internet, dos resultados da ação. Para alcançar o OBJETIVO 2, você irá explorar conhecimentos relativos à indústria da cultura e o processo de valorização e desvalorização de determinados estímulos e expressões culturais. Está relacionado com a Competência Geral 7, que aborda a construção do pensamento argumentativo, com base em fatos, dados e

informações confiáveis, de modo a favorecer a formulação de pontos de vista sobre as manifestações artístico-culturais. Está relacionado, ainda, com a Competência Específica 2, na medida em que busca compreender as relações de poder que permeiam as práticas sociais de linguagem, respeitando as diversidades, a pluralidade de ideias e posições, além de atuar socialmente com base em princípios e valores assentados na democracia e combatendo preconceitos de qualquer natureza. Já o OBJETIVO 3, relacionado à competência 8, tem como intuito desenvolver uma prática de produção artístico-cultural, estimulando e valorizando as relações de vínculos e afetos entre os participantes e estimulando a criatividade e as diversas formas de expressões artístico-culturais, por meio da organização e realização do Festival Multicultural. E à Competência Específica 3, que busca utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) para exercer, com autonomia e colaboração, protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva e solidária, em âmbito local, regional e global.

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Diferente do que, em geral, entendemos, a arte não é apenas aquilo que está exposto nos museus, nas obras de arte consideradas clássicas e elaboradas por artistas famosos. A arte também está presente na nossa vida cotidiana, sendo produzida e expressada de diferentes formas, por artistas amadores e por pessoas comuns. Por isso, é fundamental conhecer e valorizar as manifestações artístico-culturais existentes na escola e na comunidade, assim como refletir sobre as influências de nossos ídolos naquilo que ouvimos, vestimos, compramos etc. A cultura seria, então, uma construção humana e social, uma herança de costumes e valores que são passados de uma geração para outra, sendo, ao mesmo tempo, (re)criada, atualizada, reelaborada por todos nós em nossa vida cotidiana. A cultura tem relação com os valores que influenciam nossos modos de ser e de se comportar. As experiências nos grupos culturais nos permitem experimentar nossa criatividade, a construção de relações de amizade e ampliar os conhecimentos, exercitando o protagonismo individual e coletivo.

Orientações na página 279.

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Orientações na página 279.

Você realizará um Festival Multicultural com apresentações de grupos musicais, recital de poesias, grupos de dança, teatro e demais expressões artístico-culturais existentes na comunidade. Para a realização dos Projetos, serão necessários os seguintes materiais: material de pesquisa - livros, Internet, dicionários; papel e caneta para registro das pesquisas e de trabalho de campo junto à comunidade; computador e/ou celular com Internet, cartolina, banner, isopor e/ou cartazes, para divulgação das expressões artísticas e culturais mapeadas, assim como do Festival Multicultural. E microfone e caixa de som para as apresentações do Festival. Veja, com antecedência, como apoiar o professor na viabilização desse material junto à equipe gestora da escola.

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Orientações na página 281.

etapa 1 2 PASSOS

etapa 2 4 PASSOS

etapa 3 4 PASSOS

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MAPEAMENTO DOS DIVERSOS GRUPOS ARTÍSTICOS E CULTURAIS EXISTENTES Esta Etapa está composta por dois (2) Passos. Antes de desenvolvê-los, você conhecerá o projeto: objetivos, conceitos que serão estudados, caminhos metodológicos e como você será avaliado. Em todo o projeto, a participação e o envolvimento de todos é fundamental- Seu professor irá dialogar sobre os grupos e os tipos de manifestações culturais mais conhecidos pela turma e quais são aqueles com os quais você e seus colegas se identificam. Com o apoio do professor, você e seus colegas irão mapear os grupos e expressões artístico-culturais da escola e da comunidade e elaborar as estratégias de divulgação dos grupos e expressões encontrados. Esta divulgação deverá ser feita da maneira que preferirem (cartões, memes, textos curtos etc.).

ESTUDO SOBRE A INDÚSTRIA DA CULTURA E SEUS EFEITOS NA VIDA COTIDIANA Refletir sobre os conceitos de arte, cultura e multiculturalismo é o objetivo principal desta Etapa, que está organizada em quatro (4) Passos. O estudo reflexivo dos conceitos de criatividade e de arte subsidiarão a construção e experimentação de diferentes linguagens artísticas e criativas. Pretende-se, ainda, conhecer e discutir os efeitos da indústria da cultura e da divulgação cultural na vida cotidiana de pessoas e grupos. Assim, essa é a etapa de estudos teóricos para fundamentar a realização deste Projeto. Aqui você irá ampliar seus conhecimentos sobre cultura e indústria cultural, pois refletirá sobre os conceitos de cultura, multiculturalismo e juventude, de criatividade e arte. Você e seus colegas podem produzir mini vídeos para registrar a compreensão coletiva sobre os temas. Experimentará diferentes linguagens artísticas e criativas, a partir da leitura e interpretação de poemas e discutirá os efeitos da indústria da cultura e da divulgação cultural na nossa vida cotidiana

ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DO FESTIVAL MULTICULTURAL Esta é a Etapa final, destinada à organização e estruturação do Festival Multicultural. Ela está composta por 4 Passos, em que se elaborará os materiais para ampla divulgação do Festival, por meio de mídias digitais, junto à comunidade. Você e seus colegas, com o apoio do professor, irão organizá-lo, providenciando os materiais de divulgação necessários e divulgando o evento, tendo a realização do Festival como objetivo final.


ETAPA 1 MAPEAMENTO DOS DIVERSOS GRUPOS ARTÍSTICOS E CULTURAIS EXISTENTES Chegou a hora de iniciar o Projeto. Ele será desenvolvido em três Etapas, contemplando 10 Passos. Nesta primeira Etapa, você conhecerá o Projeto, realizará um mapeamento das expressões artístico-culturais que conhece e as que estão presentes em sua comunidade. Não é demais? Mapeamento é um tipo de levantamento de informações e dados sobre um determinado tema. O mapeamento dos diversos grupos artísticos e culturais existentes na comunidade será muito importante para a organização do Festival Multicultural que você e seus colegas irão organizar.

Orientações na página 284.

PASSO 01 REALIZAÇÃO DE MAPEAMENTO DOS GRUPOS E EXPRESSÕES ARTÍSTICO-CULTURAIS DA ESCOLA E DA COMUNIDADE facebook.com/gumbootdancebrasil

O que você pensa sobre poder contribuir com a valorização da cultura da sua região? Nesta primeira Etapa do Projeto, você terá a oportunidade de (re)conhecer os grupos e as diversas expressões artístico-culturais da sua escola e da sua comunidade. Além disso, você deverá, junto com seus colegas de turma, elaborar meios de divulgação desses grupos e manifestações via Internet. Já imaginou como poderá ser enriquecedor poder mostrar e valorizar grupos culturais formados por mulheres, afrodescendentes, quilombolas, indígenas presentes na sua escola? Lembre que os grupos mapeados por você e por seus colegas poderão se apresentar no Festival Multicultural que será organizado e realizado por sua turma juntamente com seus professores. Não é animador? Você já tinha pensado em organizar um movimento de interação entre os artistas da sua escola e da sua comunidade? Essa é uma forma de você e seus colegas serem protagonistas na escola e na comunidade. Para compreender a diferença entre os termos arte e cultura, veja as ideias de Carole Gubernikoff (2001, p. 10), para quem “o velho sentido da palavra cultura considerava “culto” aquele que tinha acesso aos bens de produção de cultura compreendidos como arte, literatura, monumentos e documentos”.

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behance.net/pedrocorrea

Nesse sentido, segundo a autora, “fazer parte de uma classe social dominante, casta ou elite, já definia por si só a cultura. O povo, ou o campesinato, era considerado inculto, sem acesso à arte e sem condições de produzir bens culturais”, o que torna o conceito de arte “mais extenso” englobando “aquilo que passará a ser considerado “cultural”. Ou seja, apenas as produções das classes dominantes são consideradas artísticas e elas são a referência, ou o modelo, com o qual todo o resto da produção cultural será comparado”. Mais recentemente, ainda de acordo com Gubernikoff (2001, p. 10), “esta compreensão de cultura está sendo superada, e o preconceito contra a produção popular tem diminuído, desde que se tornou objeto de estudo e pesquisa”, dando lugar a outra perspectiva que considera o conceito de cultura “como o conjunto de todos os bens simbólicos produzidos por uma sociedade. Neste sentido, a palavra cultura não só é mais extensa, como engloba todo tipo de troca simbólica, desde a ciência até a arte, incluindo a língua, a religião e mesmo a economia”. Essa perspectiva permite considerar que a produção artística e cultural dos grupos existentes na comunidade sejam valorizada e reconhecida.

Vivemos em um país multicultural, marcado por uma grande diversidade de modos de ser, de se vestir, de comer, de fazer arte. As regiões do nosso país apresentam marcas culturais próprias e ao mesmo tempo essas marcas se misturam e se relacionam o tempo todo. Você já pensou sobre isso?

vamos REFLETIR! De quais grupos e tipos de manifestações culturais você mais gosta? Esses grupos são da sua região? Já pensou como esses grupos se parecem e se diferenciam uns dos outros? Mais adiante, você irá refletir sobre o que significa arte, cultura, multiculturalismo, criatividade, indústria cultural e os processos de divulgação cultural. Neste Passo, você fará um mapeamento dos grupos e manifestações artístico-culturais da escola e da comunidade. Vamos lá? Há poetas, grupos de dança, pintores, grupos musicais, de teatro, rappers, instrumentistas ou outros artistas na sua escola? E na sua comunidade? Na sua escola ou comunidade, os grupos de mulheres, afrodescendentes, quilombolas, indígenas e/ou povos do campo desenvolvem ações artísticas ou culturais? Você e seus colegas conhecem esses grupos?

Nós, seres humanos, podemos nos expressar de diversas maneiras. Nosso corpo fala, chora, canta, se movimenta. Sentimos alegria, raiva, medo, tristeza e tantas outras emoções. As formas como nos expressamos podem ser representadas pelas expressões artísticas, que são a forma como os artistas manifestam seus sentimentos e emoções. Desenhos, fotografias, dança, música e teatro são algumas das formas como nos expressamos artisticamente. Essas expressões nos ajudam a desenvolver a sensibilidade, a criação, o afeto.

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Existem grupos que se organizam para produzir e divulgar suas expressões culturais e artísticas, são chamados de grupos culturais, isto é, aqueles compostos por pessoas que produzem poesia, música, grafite, pinturas e outras expressões artísticas e que organizam ações culturais que servem para divulgar essa produção.

Você refletiu sobre os grupos e manifestações culturais com que mais se identifica, qual a origem desses grupos e quais são suas características. Vamos agora (re)conhecer os grupos e manifestações da escola e da comunidade? Para isso, você fará um mapeamento desses grupos. Durante esse mapeamento, você também deve aproveitar para consultá-los sobre a possível participação no Festival Multicultural a ser realizado na escola. Isso é demais, não acha? Orientações na página 285.

vamos pesquisar! Para fazer o mapeamento, junte-se em duplas ou pequenos grupos para realização da pesquisa. Siga as dicas de quais passos pode seguir. 1. Organize-se com seus colegas para realizar a pesquisa na escola e na comunidade. É preciso definir os grupos que irão para cada espaço comunitário. 2. Siga o roteiro de perguntas que deverá orientar o trabalho de todos os grupos. Isso é importante para facilitar a organização das respostas. Sugestão de Roteiro a. Quais são os tipos de expressão artístico-cultural (música, dança, teatro, pintura, desenho etc.) existentes na escola e na comunidade? b. Quais(is) nome do(s) artista(s) e/ou grupo(s) cultural(is) da escola e da comunidade? c. Quais as características do artista ou grupo (o tempo de existência, no caso de grupo, quantidade de integrantes e outras informações que considerar relevantes)? d. Há interesse e disponibilidade para participar do Festival Multicultural da escola? Em caso afirmativo, que materiais são necessários para que essa apresentação aconteça na escola? 3. Pense em qual o tamanho da escola. Por quantas turmas ela é formada? Lembre-se também de quais são os lugares estratégicos localizados na comunidade em que poderão encontrar informações sobre os grupos e manifestações culturais ali existentes. Crie um quadro! 4. Todas as turmas da escola devem ser consultadas. Assim, cada equipe deve visitar uma turma. É importante saber que uma pesquisa é uma atividade de investigação, normalmente constituída por várias etapas, cujos resultados, após organizados e analisados, geram ou aprofundam conhecimentos. Em geral, associamos a pesquisa à figura de um cientista ou pesquisador, que é o profissional que trabalha desenvolvendo pesquisas e divulgando seus resultados. Contudo, a realização de pesquisas não se limita à figura desse profissional, de modo que todos nós também podemos realizar pequenas pesquisas. E isso é o que propomos neste Passo do Projeto!

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5. Para compreender o que são manifestações artísticas e culturais, leia o texto a seguir:

MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS E SEUS MÉTODOS Existem várias formas que nós, humanos, temos para nos expressar, seja rindo, cantando, falando, gesticulando, entre outras. Mas nós também temos formas de nos expressar por meio da arte. Como? Dos seguintes modos: 1. Musicalmente - A Expressão Musical é quando conseguimos nos expressar por meio da música. Existem duas formas de se expressar com ela: cantando e/ou tocando um instrumento. 2. Corporalmente - A Expressão Corporal é quando conseguimos nos expressar usando o nosso corpo. Também existem duas formas de se expressar desta maneira: no teatro, através das peças e das encenações; na dança, através de espetáculos dos mais variados estilos de dança. 3. Visualmente - A Expressão Visual é quando conseguimos nos expressar através do uso de imagens. Entre as maneiras de se expressar estão: • Fotografia – técnica de gravação por meios mecânicos, químicos ou digitais. O elemento fundamental da fotografia está na luz. Nos primórdios da fotografia, usava-se uma câmara escura em que a luz entrava e era registrada em um papel fotossensível, que ficava exposto à luz por um tempo suficiente para que ficasse registrado. Hoje já existem aparelhos mais modernos, baratos, cabem em qualquer lugar e muito mais acessíveis. • Pintura – a pintura está na arte de pintar uma superfície, seja ela um papel, parede, tela, entre outros. O elemento primordial da pintura é a cor. Existem vários tipos de tinta, que podemos até fazer de forma caseira, até as tintas mais comuns como a acrílica, guache, óleo, aquarela etc. • Colagem – é uma técnica que possibilita a produção de uma obra de arte utilizando-se de variados materiais. É comum que esta técnica seja feita com papéis coloridos, mas é possível realizar uma colagem através de embalagens, recortes de revista, madeira, entre outros. • Desenho – de forma simples, o desenho é realizado com linhas que também podem servir como esboço para outra técnica. É possível realizarmos desenhos produzindo vários tons com o intuito de se fazer sombras. Para desenhar utilizam-se vários instrumentos como o giz de cera, o lápis, lápis de cor, canetas, entre outros. Dos mais simples até os mais robustos, próprios para desenhos. • Gravura – A gravura nada mais é do que toda imagem criada a partir de uma matriz. O material de uma determinada matriz pode variar, mas é ele que definirá o tipo de gravura. A gravura implica um número de cópias a ser determinado pelo artista. Diferente das outras técnicas, a gravura não é única, e apresenta vários tipos, como: -- Litogravura: matriz feita em pedra; -- Xilogravura: matriz em madeira; -- Gravura em metal: normalmente é realizada em uma placa de cobre; -- Serigrafia: realizada através de uma tela de nylon; -- Monotipia: este é o único tipo de gravura em que é realizada somente uma cópia, de modo que a imagem é pintada sobre a matriz. O Cinema também é uma manifestação artística, que nasceu graças à fotografia e às variadas técnicas de captação de áudio e vídeo que foram desenvolvidas assim que o homem conseguiu tirar suas primeiras fotos. Começou sem o som, mas depois foi se aprimorando, sendo sonoro, depois colorido, e continua em desenvolvimento, assim como os filmes em três dimensões. Mas o cinema é um conceito à parte, que pode ser denominado de audiovisual. Porque se usa visual (imagem) e áudio (som). Fonte: www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/idiomas/manifestacoes-artisticas-e-os-seus-metodos/53753. Acesso em: 16 jan. 2020.

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PASSO 02 ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE DIVULGAÇÃO, VIA INTERNET, DOS GRUPOS E EXPRESSÕES ARTÍSTICAS ENCONTRADOS

Orientações na página 286.

No Passo anterior, você realizou uma pesquisa sobre as manifestações artístico-culturais presentes na escola e na comunidade. Neste Passo, você se dedicará ao processo de sistematização e divulgação dos resultados. Quando finalizar a pesquisa, você deve organizar um quadro, gráfico, tabela com os dados coletados e pensar em estratégias de divulgação dos resultados. É uma forma eficaz de divulgar os artistas e a cultura local. Você pode construir (ou alimentar) um perfil nas redes sociais para divulgar os resultados da sua pesquisa e assim fazer com que mais pessoas conheçam a produção cultural da sua comunidade. Não é legal? A sistematização dos resultados do mapeamento pode ser feita conforme modelo sugerido a seguir.

QUADRO DE SISTEMATIZAÇÃO DOS RESULTADOS Nome do(s) artista(s) e/ou grupo(s) cultural(is)

***************

Tipo de expressão artístico-cultural

***************

Breve descrição das características do artista ou do grupo

***************

Interesse e disponibilidade para participar do Festival Multicultural da escola. Materiais necessários

***************

Autoriza divulgação de material sobre o grupo na Internet

***************

Após a realização do mapeamento, cada grupo deverá preencher o quadro de sistematização e, em seguida, apresentar aos demais colegas de sala. Nessa socialização, você e seu grupo podem observar quais os tipos de expressão artístico-cultural mais presentes na comunidade e quais são menos comuns, os mais antigos e os mais recentes. Podem compartilhar quais e quantos grupos e artistas se interessam em participar do Festival na escola. Essas informações devem ser sistematizadas em um único quadro que sintetize o que será apresentado no Festival Multicultural. Passado esse exercício, você e seus colegas precisarão pensar nas estratégias de divulgação do Festival (que tipo de material será produzido, onde serão divulgados etc.). Para ampliar a divulgação, poderão criar páginas em redes sociais.

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ETAPA 2 ESTUDO SOBRE A INDÚSTRIA DA CULTURA E SEUS EFEITOS NA VIDA COTIDIANA Até aqui, você socializou informações sobre os grupos artísticos e culturais que conheceu e mapeou quais os artistas e grupos culturais que estão presentes na comunidade. Quanto aprendizado você já teve, não? Esta Etapa do Projeto tem como objetivo refletir sobre a indústria da cultura e seus efeitos na vida de cada um. Nos dias atuais, cada vez mais, estamos nos tornando, ao mesmo tempo, “prosumidores”, ou seja, produtores e consumidores de conteúdos (PASSARELLI & JUNQUEIRA, 2012), o que tem acontecido, especialmente, entre os jovens. Diante disso, é importante compreender os conceitos de arte, cultura, multiculturalismo e juventude e experimentar alguns exercícios para explorar toda a criatividade.

PASSO 03 REFLEXÃO SOBRE OS CONCEITOS DE CULTURA E MULTICULTURALISMO E JUVENTUDE Como você viu até aqui, na comunidade existem manifestações e grupos culturais, alguns mais e outros menos conhecidos. Inclusive, você pode contribuir para divulgar e valorizar. Você já tinha pensado sobre a relação entre os conceitos de cultura, multiculturalismo e juventudes? Nosso país, que é considerado um país multicultural, é muito rico em expressões e manifestações culturais e as culturas juvenis fazem parte desta riqueza. O multiculturalismo no Brasil se associa às origens históricas do nosso país e tem relação com as lutas sociais de grupos historicamente excluídos, como os quilombolas, os indígenas, o movimento negro e os camponeses. Mas, afinal, o que seriam cultura e multiculturalismo? São a mesma coisa ou são diferentes? Qual a ideia que você tem sobre a concepção de juventudes e sua relação com a cultura?

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vamos pesquisar!

Orientações na página 289.

1. Que tal pesquisar nos dicionários e na Internet o que significam os termos cultura e multiculturalismo? 2. Você provavelmente encontrará as definições consagradas acerca de cultura e multiculturalismo. Mas o que pensam as pessoas da comunidade? Elas também entendem esses termos da mesma maneira? 3. Cruze os discursos sobre cultura e multiculturalismo consagrados e os da comunidade. 4. Assim que terminar a pesquisa, realize uma roda de conversa e compartilhe com os(as) colegas e o(a) professor(a) os seus achados e reflita sobre eles.

s2rio.com.br

5. Para refletir, sugere-se a leitura complementar de dois textos que ajudarão a entender melhor o multiculturalismo e a cultura juvenil.

O MULTICULTURALISMO A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA INTERCULTURAL Uma das características fundamentais das questões multiculturais é exatamente o fato de estarem atravessadas pelo acadêmico e o social, a produção de conhecimentos, a militância e as políticas públicas. São as lutas dos grupos sociais discriminados e excluídos de uma cidadania plena, os movimentos sociais, especialmente os relacionados às questões étnicas e, entre eles, de modo particularmente significativo, os relacionados às identidades negras, que constituem o locus de produção do multiculturalismo. Outra problemática do multiculturalismo se refere à polissemia do termo. Certamente são inúmeras e diversificadas as concepções e vertentes multiculturais. O multiculturalismo pode ser compreendido a partir de uma abordagem intercultural. Ou seja, a promoção deliberada da inter-relação entre diferentes grupos culturais presentes em uma determinada sociedade. Esta abordagem concebe as culturas em contínuo processo de elaboração, de construção e reconstrução. Certamente cada cultura tem suas raízes,

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mas essas raízes são históricas e dinâmicas. Não fixam as pessoas em determinado padrão cultural. Outra característica desta concepção de multiculturalismo está constituída pela afirmação de que nas sociedades em que vivemos os processos de hibridização cultural são intensos e mobilizadores da construção de identidades abertas, em construção permanente, o que supõe que as culturas não são puras. Sempre que a humanidade pretendeu promover a pureza cultural e étnica, as consequências foram trágicas: genocídio, holocausto, eliminação e negação do outro. A hibridização cultural é um elemento importante para levar em consideração na dinâmica dos diferentes grupos socioculturais. A consciência dos mecanismos de poder que permeiam as relações culturais constitui outra característica dessa perspectiva. As relações culturais não são relações idílicas, não são relações românticas; estão construídas na história e, portanto, estão atravessadas por questões de poder, por relações fortemente hierarquizadas, marcadas pelo preconceito e pela discriminação de determinados grupos. Uma última característica que gostaria de assinalar diz respeito ao fato de não desvincular as questões da diferença e da desigualdade presentes hoje de modo particularmente conflitivo, tanto no plano mundial quanto em cada sociedade. A perspectiva intercultural afirma essa relação, que é complexa e admite diferentes configurações em cada realidade, sem reduzir um polo ao outro. Disponível em: www.scielo.br/pdf/rbedu/v13n37/05.pdf Título Original: Direitos humanos, educação e interculturalidade: as tensões entre igualdade e diferença. Vera Maria Candau (2008). Acesso em: 16 jan. 2020.

CULTURA JUVENIL Os jovens se expressam culturalmente de diversas formas, seja como consumidores dos bens culturais, bem como criadores das suas próprias expressões com o intuito de mostrar à sociedade e ao mundo a importância dos seus valores e da sua cultura no processo de transformação da realidade vigente. A juventude constrói todos os dias a sua história no presente com os olhos no futuro, tendo em vista que o passado faz parte de uma história oficial, mas que muitas vezes não corresponde à realidade vivida nos dias atuais. A herança do passado tem sido, muitas vezes, o principal obstáculo para o surgimento de novas formas de expressão e convívio social típicos dos jovens. Entre os confrontos do “antigo” e do “novo” os jovens fazem suas escolhas. Estas escolhas muitas vezes se dão a partir do contato com as diferentes ideologias, que às vezes são influenciadas pela mídia e os seus apelos de consumo. A cultura juvenil se expressa por meio da música, do cinema, do teatro e das artes em geral e encontra um grande desafio porque a indústria da cultura tenta transformar estas expressões contestatórias em produtos prontos para o consumo. Ao lado da cultura industrial de massa, a juventude expressa cada vez mais sua cultura por suas vivências cotidianas como, por exemplo, a capoeira, os grupos de hip-hop, rock, rodas de samba, e também grafite, desenho animado, zines, e as ferramentas audiovisuais que aproveitam as tecnologias de informação e comunicação como as diversas redes sociais disponíveis na Internet. Fonte: www.infojovem.org.br/infopedia/descubra-e-aprenda/tempo-livre/cultura-juvenil/ (adaptado). Acesso em: 16 jan. 2020.

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PASSO 04

DIÁLOGO SOBRE OS CONCEITOS DE CRIATIVIDADE E ARTE A arte está mais próxima de nós do que imaginamos. Muitas vezes, parece que a cultura e a arte estão apenas nos museus, teatros, cinemas, o que não é verdade. Pode existir arte e cultura em qualquer espaço. A arte é indispensável para a vida humana, uma vez que movimenta afetos, criatividade, sensibilidade (TROJAN, 1996). A arte nos emociona, nos faz rir, ter medo, chorar. Em tempos de globalização, a arte foi sendo popularizada na medida em que é possível visitar, via Internet, museus famosos, ouvir músicas, assistir a filmes e conhecer obras artísticas que antes ficavam restritas a quem tinha dinheiro para pagar. A arte sobrevive e se reinventa. Cada vez mais, pessoas simples e artistas comuns produzem sua arte, divulgam, vendem e se fazem conhecer pela Internet. Artistas pintam paredes, dançam nas ruas, tocam instrumentos nos metrôs e pontos de grande circulação de pessoas nas grandes cidades. Desse modo, a arte chega, embora de modo diferente, na vida de grande parte da população, mesmo aquela menos favorecida economicamente. A produção artística demanda criatividade, experimentação, inventividade, que são habilidades humanas que podem ser expressas por meio de diferentes linguagens. Segundo Angela Philipini (1997), é por meio da “possibilidade de construir, expandir e multiplicar espaços de criação” internamente e depois expressá-los externamente que “a arte acontece”. A arte é uma forma de expressar sentimentos, desejos, afetos, uma forma de nos comunicarmos com o mundo. A linguagem artística pode ser compreendida e interpretada de diferentes formas, tocando (ou não) cada pessoa de um modo singular. A criatividade é a forma de expressar sentimentos e nem sempre é facilmente compreendida, uma vez que reflete aquilo que afeta e incomoda internamente. Criamos e compreendemos (ou não) as criações dos outros de modos diferentes. Após essa rica troca de saberes, você deve se organizar em pequenos grupos para produzir, com o uso do celular, um mini vídeo sobre os conceitos construídos coletivamente. Caso não seja possível a produção do vídeo, construa junto com o professor outras formas de registrar os conceitos aprendidos, como, por exemplo, por meio de cartazes, desenhos, esquetes teatrais. Só não se esqueça de exercitar sua criatividade! Para concluir esse Passo, leia um texto complementar para reflexão do tema.

Orientações na página 290.

A ARTE E A HUMANIZAÇÃO DO HOMEM: AFINAL DE CONTAS, PARA QUE SERVE A ARTE? Rose Meri Trojan “(...) Afinal de contas, para que serve a arte? Para que serve a música, o teatro, a dança, as artes plásticas, o cinema? A resposta mais comum diz respeito ao prazer, ao lazer, ao deleite do espírito, e tem reforçado a ideia de “coisa supérflua”, de luxo, de ocupação ociosa para quem tem tempo (e dinheiro) para frequentar teatros, cinemas e galerias. Para a grande maioria, que não consegue nem ao menos o seu sustento básico, não é importante. Só reconhecem a importância da arte os artistas e educadores da área, que enfatizam seu papel no desenvolvimento da famigerada criatividade, da expressão das emoções, das

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habilidades sensíveis e que chegam até ao limite de propor a arte como fundamento para a aprendizagem de todo e qualquer conhecimento. De certa forma, esta defesa acaba reforçando a ideia do supérfluo. Que importância tem conhecer Mozart ou Leonardo da Vinci, ser sensível e criativo, para o mundo do trabalho, na época dos computadores e satélites? Ou que importância tem a música erudita, o balé clássico ou a pintura cubista, para uma multidão de analfabetos? Cultura inútil! No entanto, a arte sobrevive - inutilmente ou não, todo mundo ouve música, dança, assiste a filmes e se preocupa em pendurar nem que seja a gravura de um calendário na parede (não estamos aqui afirmando que tudo é arte ou nos propondo a um julgamento de valor estético, mas destacando a evidência da necessidade de contato das pessoas com objetos ou atividades cujo sentido é predominantemente artístico). Do Renascimento até hoje, artistas são consagrados e se transformam em ídolos. Os meios de comunicação de massa reservam um espaço significativo para as manifestações artísticas. Por quê? Para quê? Por mais que se imponha como atividade dispensável, a produção artística não se justifica somente como luxo e decoração para as elites. Prova disso são o rádio e a televisão que, através da veiculação de música, novelas e filmes, ocupam a maior parte das horas de lazer da classe trabalhadora. Então, para que serve a arte? Se todas as respostas ainda não convenceram, a prática teima em contradizer o mito da inutilidade. O problema que se coloca então é o de encontrar a resposta certa. É preciso fazer uma limpeza no terreno da arte, no processo histórico de sua construção, na obra enquanto mercadoria, no consumo privado, nos desvios provocados pelo modo de produção de nossa sociedade e pelos valores (ou anti-valores) que produziu e produz. Se o valor da obra de arte se coloca por um lado nos domínios do prazer e da beleza, por outro não escapa da mercantilização. A possibilidade de acesso ao prazer e à beleza está presa à condição de pagar pelo seu preço. Isto significa que, do mesmo modo que o consumo de produtos que atendem às necessidades básicas de sobrevivência (como alimentação, saúde, habitação...), os produtos da arte se apresentam como mercadorias. Assim, não há possibilidade de escolha entre “o pão de cada dia” e o mais belo espetáculo artístico para a maioria daqueles que, tendo garantida sua subsistência, têm recursos “sobrando” para investir no deleite do espírito. Está dada a sentença! E agora? Voltamos ao começo: todas as aparências reforçam o papel secundário da arte, mas ainda não dão conta de explicar sua existência. Precisamos mergulhar nestas aparências que se manifestam na vida real dos homens, no seu cotidiano, para encontrar respostas mais convincentes que possam mostrar ou quem sabe até ampliar a importância da arte na existência humana. O que acontece às pessoas quando entram em contato com alguma forma de manifestação artística? A beleza de um quadro, de uma música, de um filme nos comove. Nos faz rir, chorar, pensar... Por quê? A história que se passa no filme não tem nada a ver com a nossa história, nem com o nosso tempo, nem com as atividades que desenvolvemos, mas pode nos comover até às lágrimas. Por quê? Talvez a resposta seja a de que comove porque é humana. Por que é humana? Porque mostra a vida dos homens que ontem, hoje e amanhã são homens - que pensam, agem, trabalham, se relacionam, são felizes e sofrem. É isto que permite que uma peça de Sheakespeare tenha validade hoje, quando seu tempo não mais existe. Ou que um filme de ficção futurista mostre fatos que se relacionam com o mundo de agora. Aqui se põe outro mistério, a ser desvendado: este caráter universal humano que se manifesta numa obra particular. A obra se manifesta historicamente, numa determinada época, de acordo com os seus costumes, com as suas possibilidades, condicionada pelo desenvolvimento científico e tecnológico do seu tempo, mas pode ultrapassá-lo e permanecer”. Fonte: www.scielo.br/pdf/er/n12/n12a07.pdf. Acesso em: 16 jan. 2020.

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PASSO 05 CONSTRUÇÃO E EXPERIMENTAÇÃO DE DIFERENTES LINGUAGENS ARTÍSTICAS E CRIATIVAS

Orientações na página 291.

Como você já viu, vivemos em um país diverso culturalmente e nos expressamos de diferentes formas: música, poesia, literatura, fotografia, dança e tantas outras. Neste Passo, você experimentará exercitar a criatividade a partir de algumas dessas expressões. Não é demais?

Shutterstock / Rawpixel.com

Vamos exercitar nossa criatividade experimentando expressões artísticas e culturais?

A diversidade, em todas as suas formas, é algo que nos enriquece como grupo social. Somos, ao mesmo tempo, iguais e diferentes e é sobre isso que trataremos agora. É o momento de você, estudante, produzir um texto em prosa ou verso, considerando as suas habilidades.

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Shutterstock / MicroOne

Antes de tomar sua decisão, decida, com o grupo, o tempo que será utilizado para escrever o texto. Realizada a tarefa, leia seu texto para o grupo, avaliando, em conjunto, a temática escolhida, a correção da linguagem, a qualidade que se exige de um texto literário. Não se esqueça de entregar uma cópia do texto para o professor, solicitando dele uma avaliação.

Após conversar sobre essas questões, que tal experimentar a criatividade? Vamos criar poesias, músicas e encenações sobre o tema da diversidade como uma forma de nos expressarmos culturalmente? Seja criativo! Deixe a imaginação correr livremente. É importante compreender que, para desenvolver processos criativos, é preciso aquietar a mente, observar o que passa ao seu redor, sentir o cheiro das coisas e os sons, arriscar e exprimir (PHILIPPINI, 1997). Em tempos tão apressados e imediatistas como os nossos, esses não são exercícios fáceis, mas são possíveis! Assim, após experimentar expressar a criatividade, você pode gravar pequenos vídeos e divulgar a sua criação nas redes sociais.

PASSO 06

CONHECENDO E DISCUTINDO OS EFEITOS DA INDÚSTRIA DA CULTURA E DA DIVULGAÇÃO CULTURAL NA VIDA COTIDIANA DE PESSOAS E GRUPOS Você viu, até agora, que há uma diversidade de manifestações artístico-culturais. No entanto, nem todas são igualmente conhecidas, divulgadas, valorizadas, disseminadas pela indústria cultural. Você já ouviu falar em indústria cultural? Sabe o que significa? Vamos conhecer e/ou aprofundar esses conceitos? Depois de você ter experimentado criar expressões artístico-culturais, neste Passo do Projeto conhecerá e discutirá os efeitos da indústria da cultura e da divulgação cultural na vida cotidiana de pessoas e grupos. Seu professor irá provocar reflexões sobre o que é a indústria cultural e sua relação com os conceitos de arte e cultura, já estudados anteriormente.

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vamos pesquisar! Para se preparar para esse Passo do Projeto, que tal pesquisar textos e vídeos na Internet que explorem o conceito de indústria cultural? Assim você virá para a escola ainda mais preparado para participar dessa Etapa do Projeto. Shutterstock / Rawpixel.com

Orientações na página 291.

CULTURA E INDÚSTRIA CULTURAL A cultura e a produção cultural estão relacionadas diretamente às demandas sociais, políticas e econômicas, tanto em âmbito global, como em âmbito regional. A globalização, a sociedade da informação e o mercado são elementos que interferem na produção cultural. Podemos citar pelo menos “três conjuntos culturais diferenciados”, mas inter-relacionados ao mesmo tempo: a cultura erudita (concentrada principalmente nas universidades), a indústria cultural e a cultura popular (ESTEVES, PEREIRA & SIANO, 2005). “A evolução tecnológica, por exemplo, produzida por uma cultura erudita, se desenvolve pela pesquisa científica universitária e se transmite a partir de um processo de escolarização às demais gerações e membros da sociedade” (ESTEVES, PEREIRA e SIANO, 2005, pp. 171). A cultura de massa é toda cultura produzida para as grandes massas, ela atinge todos os estratos da sociedade. A indústria cultural se apropria desta cultura de massa e a transforma em mercadoria. A indústria cultural consiste num processo de massificação de opinião, de gostos, estilos e comportamentos em geral. A cultura popular pertence, tradicionalmente, aos estratos mais pobres, o que não impede o seu aproveitamento pela cultura de massa e pela cultura erudita. De acordo com Catenacci (2001, pp. 32) “a mídia, na medida em que trabalha com as manifestações populares – mito, folhetim, festa, humor, superstição – incorporando-as à cultura hegemônica, assume um papel de concorrente. [...] O popular é visto pela mídia através da lógica do mercado, e cultura popular para os comunicólogos não é o resultado das diferenças entre locais, mas da ação difusora e integradora da indústria cultural. O popular é, dessa forma, o que vende, o que agrada multidões e não o que é criado pelo povo. O que importa é o popular enquanto popularidade”. As expressões e produções culturais devem ser tratadas como processos humanos e sociais e que estão relacionados com princípios de ética e de justiça. Textos de referência: www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40362005000200004 e www.scielo.br/pdf/spp/v15n2/8574.pdf.

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ETAPA 3 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DO FESTIVAL MULTICULTURAL Orientações na página 292.

Orientações na página 292.

Você chegou à Etapa final do Projeto! Agora você se dedicará à construção do Festival Multicultural. Você já está participando de alguma equipe de trabalho? Os professores envolvidos na organização do Festival podem auxiliar a definir quais são suas atribuições para participar de toda a organização. Inicie preparando o material de divulgação do Festival e executando ações de divulgação, tanto na escola como na comunidade. Você pode criar cartazes, panfletos e outros materiais impressos, como também materiais para serem postados nas redes sociais. Você já se imaginou sendo protagonista na organização de um Festival Multicultural? Não é incrível? Imagine a programação do Festival que será construída por você e seus colegas de turma a partir das atrações mapeadas por vocês. Você se reconhece nos grupos e artistas que serão apresentados na escola? Gosta do estilo de arte e cultura produzido por eles? Deseja se inspirar nesses grupos para produzir suas próprias expressões artísticas e culturais? Fique atento às orientações dos seus professores. Eles são os melhores companheiros para orientá-lo nesse Projeto!

PASSO 07

Shutterstock / Box Lab

ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DO FESTIVAL MULTICULTURAL DAS JUVENTUDES

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No Passo 7, você e seus colegas serão organizados em grupos de trabalho para a organização de: programação, espaço físico (local), decoração, palco, sonorização, iluminação e divulgação. Conte com o suporte dos professores. Eles são as pessoas mais adequadas para isso! A organização das equipes é fundamental para que o Festival aconteça com sucesso, uma vez que organizar um evento desse porte demanda muito trabalho e é preciso um coletivo de pessoas para organizá-lo. Se for necessário, busque parcerias no bairro para fazer acontecer o Festival Multicultural.


PASSO 08

DIVULGAÇÃO DO FESTIVAL O Passo 8 é fundamental para atrair o público para o Festival. Você, juntamente com seus colegas e professores, irá atrair o público a partir do material de divulgação que for elaborado. Decida se o melhor tipo é material impresso (folders ou cartazes), ou nas redes sociais. Pense no material que você gostaria de ver exibido. Que tipo de material chamaria a sua atenção para participar de um Festival Multicultural na escola? Quais informações seriam necessárias? Capriche nas cores e formas desse material. Juntamente com seus colegas, ouse e invente um material atraente.

Orientações na página 293.

ROTEIRO 1. Projeto de material de divulgação

• Reúna-se com os colegas do grupo e destaque quais elementos verbais e não verbais podem ser utilizados para a construção da peça; • Elabore texto persuasivo que prenda a atenção do leitor e cujo objetivo dialogue com a proposta temática; • Utilize a plataforma Canva para a elaboração do material (canva.com). 2. Avaliação

www.cultura.pe.gov.br

projetovidigalcapoeira.weebly.com

• Solicite a leitura dos colegas e peça que deem sugestões.

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No Passo anterior, você e seus colegas elaboraram o material de divulgação do Festival Multicultural. Agora, chegou a hora de fazer a divulgação para valer! É preciso decidir os locais em que os materiais serão expostos. Você já pensou nisso? Em quais lugares da comunidade circulam muitas pessoas? Esse é um lugar de fácil visualização pelas pessoas que passam? Esse material também pode ser divulgado em um perfil do Festival Multicultural nas várias redes sociais. Assim, você e seus colegas poderão acessar ainda mais pessoas. Lembre-se de divulgar na própria escola para que os estudantes de outras turmas também se animem para participar junto a suas próprias famílias. Vai ser demais!

PASSO 09

DIVULGAÇÃO DO FESTIVAL JUNTO À COMUNIDADE Orientações na página 293.

Você chegou, enfim, ao momento mais esperado do Projeto: a realização do Festival Multicultural planejado, organizado e executado por você, seus colegas e professores. Parabéns por terem chegado até aqui! Lembre-se de qual é sua função na realização do Festival e busque cumpri-la conforme combinado com o grupo. Aproveite esse momento para prestigiar as atrações culturais e artísticas presentes na sua comunidade. Essa é uma oportunidade ímpar de valorização desses artistas e suas obras. Realizar um festival é algo especial, porque propicia encontros, cria a possibilidade de reflexões coletivas sobre questões que afetam uma determinada população e, desse modo, pode trazer benefício à comunidade onde é realizado. No caso do Festival Multicultural deste Projeto, um dos benefícios é apresentar à comunidade escolar e do entorno da escola quais são os artistas e grupos artísticos e culturais presentes na comunidade. Assim, com a realização do Festival Multicultural, você irá contribuir com os artistas e grupos artísticos e culturais da sua comunidade, ajudando a divulgá-los. Não é demais?

PASSO 10 Orientações na página 293.

REALIZAÇÃO DO FESTIVAL MULTICULTURAL DAS JUVENTUDES Você chegou, enfim, ao momento mais esperado do Projeto: a realização do Festival Multicultural planejado, organizado e executado por você, seus colegas e professores. Parabéns por terem chegado até aqui! Lembre-se de qual a sua função na realização do Festival e busque cumpri-la conforme combinado com o grupo. Aproveite esse momento para prestigiar as atrações culturais e artísticas presentes. Essa é uma oportunidade ímpar de valorização desses artistas e suas obras.

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Orientações na página 294.

Terminado o Projeto, o momento agora é de avaliação. Você e seu grupo estão convidados a conversar, refletir e responder às questões que estão apresentadas a seguir. É o momento de avaliar o desenvolvimento do Projeto e a atuação de vocês no mesmo, destacando as aprendizagens desenvolvidas de forma diferenciada e os impactos que o Projeto trouxe à vida, à escola e à comunidade.

O tEMA dO PROJETO • Você e seu grupo gostaram do tema do Projeto? •

Acharam que ele foi relevante para a escola e para a comunidade? Em que esse tema pode contribuir para mudar a sua realidade e a da sua escola e comunidade?

o DESENVOLVIMENTO dO PROJETO • Quais foram as Etapas e Passos que vocês consi• •

deraram mais interessantes? Tiveram dificuldades em alguns? Por quê? Como superaram? Destaquem as aprendizagens mais significativas. O que este Projeto acrescentou de conhecimentos para o grupo? O grupo conseguiu entender e desenvolver as competências e habilidades da BNCC?

A PARTICIPAÇÃO DO GRUPO NO PROJETO • Houve • •

envolvimento de todos os integrantes do grupo durante o desenvolvimento do Projeto? Que dificuldades enfrentaram e que estratégias adotaram para superá-las? Você e seu grupo entenderam a importância de o Projeto ser trabalhado não como disciplinas isola-

das, mas fazendo a integração entre várias áreas do conhecimento? Quais sugestões vocês podem apresentar para a melhoria do Projeto?

o Produto Final • Vocês tiveram êxito ao final do Projeto? Deu certo • •

tudo que estava previsto ou vocês tiveram que fazer alguma mudança ou adequação? Quais os benefícios do Projeto e do Produto final para a sua formação no Ensino Médio? Pode-se afirmar que vocês, estudantes, foram protagonistas do processo?

A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE • Em quais momentos a comunidade participou do

Projeto? adesão da comunidade no momento do Produto final? Destaquem os benefícios do Projeto para a escola e para a comunidade.

• Houve •

• Como você avalia a sua participação no Projeto? De que formas você se envolveu? • Quais aprendizagens você desenvolveu no trabalho colaborativo? Você enfrentou dificuldades para se integrar ao grupo? Como você as superou?

• Como você avalia o conhecimento adquirido no Projeto? Foi significativo para a sua vida? • Você recomendaria esse modo inovador de estudar a outros colegas? Por quê? • Com base na sua experiência no Projeto, escreva um texto apontando os pontos positivos e negativos do Projeto e depois converse com o professor.

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REFERÊNCIAS BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992. Bakhtin, em sua Estética da Criação Verbal, afirma que a linguagem está presente em toda a vida social, exercendo uma função importante na formação social e política e nos sistemas ideológicos. O autor contesta a ideia de língua que se sustenta no objetivismo e no subjetivismo. A linguagem, então, possui uma natureza social e ideológica. CANUDO, R. Manifeste des sept arts. Paris: Séguier, 1995. Embora sejam 7 as artes de acordo com esse autor, outras foram consideradas para o propósito deste Projeto: música, arte cênica, pintura, escultura, arquitetura, literatura, cinema, fotografia, história em quadrinhos, vídeo game e arte digital. A compreensão desta tipologia colaborará para o trabalho a ser realizado. GRICE, H. P. Meaning. Philosophical Review, 66: p. 377-388, 1957. _________. Logic and Conversation. Nova York: Academic Press, 1975. Nesses livros, o autor desenvolve uma análise sobre os significados construídos nos atos comunicativos. Apresenta princípios que regem quaisquer comunicações orais ou escritas. Esses princípios são as máximas da comunicação: a quantidade; qualidade; relevância; e modo. SOARES, Ismar de Oliveira. Educomunicação: o conceito, o profissional, a aplicação: contribuições para a reforma do ensino médio. São Paulo: Paulinas, 2011. O livro apresenta caminhos para tornar a educação uma experiência significativa para as gerações atuais. De acordo com o autor, o diferencial está na perspectiva sistêmica desse conceito, ao propor que todos os envolvidos no processo de aprendizagem sejam gestores de sua comunicação.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES Guia de Educomunicação. Viração, atitude e ousadia jovem. Disponível em: <http://www.crianca.mppr. mp.br/arquivos/File/publi/educomunicacao/guia_de_educomunicacao__viracao_2011.pdf>. Acesso em: 26 fev. 2020. Este é um material que sugere muitas reflexões sobre participação política, comunicação, democracia e outras importantes pautas. Incentiva a leitura crítica dos meios de comunicação e possibilita o desenvolvimento de experiências produtivas neste campo. Uma onda no ar. Direção de Helvécio Ratton. Brasil, 2002. (92 min.) Quatro jovens amigos de uma comunidade em Minas Gerais / Belo Horizonte buscam criar uma rádio que possa representar a voz dos moradores; assim criam a Rádio Favela e realizam o grande sonho.

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APRESENTAÇÃO Prezado(a) Professor(a), é com satisfação que lhe entregamos o Manual do Professor. Este livro é fruto de um intenso trabalho de estudos e pesquisas realizado por profissionais que, como você, são professores de sala de aula, seja na educação básica ou na educação superior. Sabemos bem do desafio da educação em uma sociedade complexa, marcada pela globalização, pelo avanço da ciência, da tecnologia, e das mídias digitais, mas também por muitos percalços. Sabemos, porém, que é pela educação, vista numa perspectiva de formação integral, que podemos construir uma sociedade mais democrática, justa e inclusiva, como afirma a Base Nacional Comum Curricular BNCC (BRASIL, 2018). Seguindo o pensamento da estudiosa da educação, Isabel Baptista, compreendemos que educar é entusiasmar, é encher de esperança, alegrar dias de descoberta, animar fomes novas, despertar desejos (2005, pág. 93). Então, que seja essa a nossa maior meta, enquanto educadores e educadoras: despertar desejo de saber, vontade de aprender, de conhecer, de evoluir, de se desenvolver. Os Projetos Integradores deste livro buscam concretizar esse ideal, tornando a aprendizagem significativa para os estudantes do Ensino Médio, por meio da contextualização das práticas e conhecimentos, organizados de modo interdisciplinar. O estudante é o centro do processo de ensino e aprendizagem, na direção da sua formação integral, estimulando o seu protagonismo, na escola e fora dela. Os projetos apontam para uma prática inovadora, pois articulam o conhecimento escolar a temáticas contemporâneas da vida dos jovens, como mídiaeducação, mediação de conflitos, protagonismo juvenil. A temática STEAM (Science, Technology, Engineering, Arts and Mathematics), uma abordagem educacional que adota a Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática, como pontos de acesso para orientar o diálogo, a pesquisa e o pensamento crítico, também é contemplada. Os projetos integram diferentes conhecimentos, ideias pedagógicas, visões de mundo e valores, e integram, também, diferentes sujeitos em torno dele: estudantes, professores e comunidade escolar. Práticas colaborativas entre professores da mesma área de conhecimento são ensejadas, dado o caráter interdisciplinar dos Projetos. Dividir com a comunidade os resultados das aprendizagens e dos trabalhos finais também está previsto. Tudo se encontra organizado com muita clareza nas diferentes fases do Projeto – Planejamento, Desenvolvimento e Avaliação – e com diversidade de estratégias e dinâmicas, como forma de promover o envolvimento e, especialmente, o protagonismo dos estudantes, na perspectiva da sua autonomia e responsabilidade, como agente de transformação dentro e fora da escola. Com os Projetos, a sala de aula se transforma. Mais do que um lugar de mera transmissão de conhecimentos, ela se torna uma comunidade de práticas, não apenas uma comunidade do fazer, mas que questiona o que faz, que partilha experiências e conhecimentos, que busca em conjunto soluções para problemas reais a partir dos conhecimentos científicos; um lugar de escuta, diálogo e de reflexão permanente. Um lugar que acolhe as culturas juvenis e os estudantes em suas singularidades e pluralidades. O Livro do Estudante é bastante prático. Possibilita, sobretudo, uma atividade prazerosa, de estudo, de pesquisa, de sistematização de conhecimentos, com o desenvolvimento de um Produto final, como culminância de cada Projeto, que deverá ser exposto à escola e à comunidade. Estamos convictos de que sua atuação, nesses Projetos, será um diferencial na sua atividade profissional. É pelo seu trabalho, dedicação e envolvimento que os estudantes poderão desenvolver cada um dos Projetos. Assim, elaboramos este Manual do Professor, com textos orientativos e explicativos, e também com sugestões de referências complementares, como um suporte às suas práticas e como apoio à sua formação continuada.

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PROJETOS INTEGRADORES NA EDUCAÇÃO: INTEGRAR PARA INOVAR A adoção de projeto no âmbito educacional não é algo novo, e vem sendo usado em diferentes esferas, seja nos contextos institucionais, seja nos processos de ensino e aprendizagem. É intrínseco ao conceito de projeto o conceito de inovação. No caso dos Projetos Integradores, a inovação que se pretende está relacionada à integração dos saberes e conhecimentos, e a uma nova metodologia, capaz de gerar um novo processo educativo. Vamos conhecer os fundamentos e a metodologia, a estrutura e a organização dos Projetos Integradores deste livro, assim como orientações para o planejamento e gestão dos Projetos. Projetos integradores: fundamentos e metodologia do livro do estudante No nosso caso específico, os Projetos Integradores relacionam diversos aspectos (superação de problemas, satisfação de necessidades educacionais, oportunidades) e apontam para a inovação metodológica e para a melhoria da prática pedagógica. Contribuem também para a superação de déficits de aprendizagens e redução do abandono escolar, de modo a cumprir o propósito constitucional de garantia do direito à aprendizagem para o desenvolvimento humano, para o exercício da cidadania e para atuação no mundo do trabalho. Como um empreendimento de duração finita, com início e fim previamente definidos, o projeto difere daquilo que é cotidiano e rotineiro, que é a atividade da sala de aula. No caso deste livro cada Projeto tem objetivos definidos, que se desdobram em Etapas e Passos, com o intuito de alcançar os resultados esperados. A metodologia de projetos é uma ferramenta que você encontra disponível na educação para direcionar a aprendizagem guiada por projetos, que são desenvolvidos pelos estudantes, sob a orientação do professor, de caráter inovador, envolvendo diferentes componentes curriculares, com o propósito de aprendizagem de conceitos e desenvolvimento de competências gerais e específicas e habilidades. Nessa metodologia, coloca-se em relevo uma situação geradora, que deve ser problematizada, estudada e pesquisada. Uma vez compreendida, deve-se desenhar possíveis formas de resolução do problema, migrando da análise em direção à proposição. Conclui-se com um processo de sistematização e comunicação dos conhecimentos aprendidos. O registro para a memória do Projeto é relevante, assim como a avaliação, que será o elemento afiançador do caminho trilhado e das possíveis novas questões que venham a ser geradas. Dessa forma, podemos afirmar que os projetos se estruturam a partir da pesquisa como um princípio educativo, e nesse processo se tece a aprendizagem. Quanto às competências e habilidades a serem trabalhadas e aprendidas, tomamos a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como o nosso norte, o guia das nossas práticas. É importante que você se aproprie das dez (10) competências gerais apontadas por esse documento para o desenvolvimento integral do estudante, envolvendo as dimensões intelectual, física, social, emocional e cultural. Destaca-se que a competência 7 tem centralidade nos Projetos Integradores. Essa competência trata da aprendizagem do pensamento argumentativo, a ser construído com base na confiabilidade das informações, fatos e dados. Isso permitirá ao estudante formular, negociar e defender suas ideias, pontos de vista e decisões comuns, de forma qualificada, com respeito ao outro e com posicionamentos éticos que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável. Além do mais, tenha sempre presentes as competências e as habilidades da área de conhecimento que estão sendo trabalhadas. Em cada Etapa/Passo dos Projetos, evidencie para os estudantes as competências e habilidades que estão sendo desenvolvidas, para que eles possam fazer a gestão das suas aprendizagens. Nos Projetos Integradores, valoriza-se a organização interdisciplinar dos componentes curriculares, por meio de estratégias mais dinâmicas, interativas e colaborativas.

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Também, busca-se integrar os conhecimentos científicos com a realidade do lugar e do tempo nos quais as aprendizagens estão situadas. Essa contextualização ajuda a dar mais sentido ao que se estuda, estando prevista na BNCC, especialmente pela implementação dos Temas Contemporâneos Transversais (TCTs) A adoção da metodologia de projetos requer uma mudança na postura pedagógica, pois as situações de aprendizagem são construídas por docentes e estudantes, em conjunto. Rompe-se o tratamento disciplinar e fragmentado, bem como a pretensa homogeneização dos estudantes, pois cada um acumula uma trajetória de aprendizagem própria, uns mais avançados, outros com muitas lacunas. Com os Projetos, torna-se mais fácil evidenciar os sentidos do estudo, pois os conhecimentos e informações vinculam-se entre si e em relação a um eixo temático, o que motiva e facilita a compreensão por parte dos estudantes. Importante que você se aproprie dessa metodologia, compreenda-a e domine-a. E que você crie, imagine novos e possíveis caminhos e estratégias diferenciadas, em função do contexto em que você se encontra inserido, da realidade da escola e do nível de aprendizagem do seu alunado. Você tem em suas mãos um potencial de mudança da prática pedagógica escolar. Não se trata apenas de uma atividade nova, mas de um novo conceito, que enseja movimento diferente da ação cotidiana, em direção a um futuro que se almeja. Cada Projeto Integrador conduzirá a um Produto final próprio, que levará a marca de cada contexto escolar, o jeito próprio de fazer e de pensar de cada professor e grupo de estudantes envolvidos. Por isso, o anseio de arriscar-se, de lançar-se no inusitado torna-se relevante, tendo a avaliação como a grande companheira de jornada, que refletirá e analisará, de forma permanente e com caráter formativo, todo o processo construído. A estrutura e a organização dos Projetos Integradores Os Projetos estão organizados articulando os componentes curriculares a eixos integradores, que são temáticas da vida cotidiana dos jovens. Conheça o conceito de cada eixo integrador e as competências gerais da BNCC com as quais está articulado.

EIXOS INTEGRADORES E AS COMPETÊNCIAS DA BNCC

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Eixo Integrador

Definição do eixo

Competências da BNCC

STEAM

Tema que busca relacionar Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática, estimulando a criatividade para a resolução de problemas reais. Os projetos articulam todos ou parte desses cinco campos de conhecimento.

7 (argumentação), 1 (conhecimento) e 2 (pensamento científico, crítico e criativo)

Protagonismo juvenil

Tema integrador que aborda as culturas juvenis, estimulando a participação ativa do jovem em perspectiva cidadã. Os projetos possibilitam aos jovens a produção de dados sobre eles próprios e o mundo que os cerca, bem como dos meios de intervenção social. É dada especial atenção às manifestações artísticas e culturais que configuram esses mundos juvenis e como os jovens podem atuar com protagonismo nesses diversos coletivos.

7 (argumentação), 3 (repertório cultural) e 8 (autoconhecimento e autocuidado)

Midiaeducação

Tema integrador que busca oferecer aos jovens a oportunidade de entender como funciona a produção, circulação, apropriação de informações nas diversas mídias que existem contemporaneamente. O Projeto visa ensinar a análise crítica (no sentido de diagnóstico), e também a análise criativa e propositiva. Aprende-se sobre mídias produzindo mídias.

7 (argumentação), 4(comunicação) e 5 (cultura digital)


Mediação de conflitos

Tema integrador que busca apresentar diferentes caminhos de reflexão e ação para conflitos diários que os jovens possam viver em seus cotidianos. Compreende-se que os conflitos são inerentes à vida em sociedade. Como cidadãos e cidadãs, exige-se a busca incessante por instrumentos que permitam conciliar diferenças, tanto do ponto de vista pessoal e coletivamente, em nome de uma cultura da paz que se retroalimenta dos valores democráticos. Reconhece-se a dificuldade de lidar no dia a dia com esses valores de forma profunda.

7 (argumentação), 9 (empatia e cooperação) e 10 (responsabilidade e cidadania)

Empreendedorismo Juvenil

Tema importante na sociedade atual, levando-se em conta o cenário de incertezas no que se refere ao emprego, o que leva a reconhecer o empreendedorismo como uma alternativa viável para a vida profissional dos jovens. A cultura empreendedora requer aprendizagens que considerem o protagonismo no desenvolvimento de competências necessárias ao mundo do trabalho, relacionadas às múltiplas linguagens, às tecnologias digitais e à capacidade de argumentação e tomada de decisões. O tema é uma boa oportunidade de qualificação dos jovens para conceber e gerir o seu próprio negócio.

2 (pensamento científico, crítico e criativo), 3 (repertório cultural), 4 (comunicação), 5 (cultural digital), 6 (trabalho e projeto de vida), 7 (argumentação) e 8 (autoconhecimento e autocuidado)

Fonte: elaborada pelas autoras, 2020.

Todos os Projetos possuem uma estrutura organizativa similar – dividida em três fases: Conhecendo o Projeto, Desenvolvendo o Projeto e Avaliando o Projeto. Todos partem de uma situação geradora. Problematize a questão, instigue a curiosidade dos alunos, o desejo de conhecer. A avaliação é parte integrante de cada Projeto, revestida de duas dimensões: de um lado, como avaliação da aprendizagem, no sentido da apropriação e uso dos conceitos, processos e procedimentos específicos da área de conhecimento, como um processo diagnóstico, formativo e contínuo; por outro, como avaliação do Projeto, por meio da análise dos resultados obtidos em cada Etapa/Passo, verificando se os objetivos foram alcançados. Lembre-se de avaliar aspectos relativos ao envolvimento e ao protagonismo juvenil, e de sempre dar um feedback aos estudantes das atividades desenvolvidas, orientando-os na reflexão de suas aprendizagens. Estimule a autoavaliação dos seus estudantes. Sugerimos que você também proceda a uma permanente autoavaliação, isso o ajudará a visualizar melhor seus conhecimentos e práticas na área de conhecimento e na gestão de projetos interdisciplinares. Planejamento e gestão dos Projetos Integradores Para que o Projeto se desenvolva com êxito, vamos apresentar a você algumas pautas de planejamento e gestão que consideramos relevantes e sugerimos que adote na sua prática pedagógica: 1. Conhecer os Projetos: O estudo e o conhecimento prévio de cada Projeto são de grande valia para o processo. Você tem todo um saber acumulado da prática, use-o para uma melhor compreensão do Projeto. Enriqueça suas informações sobre o tema lendo as referências indicadas. Veja o Livro do Estudante, veja os textos básicos e complementares postos no Manual do Professor, assista previamente a todos os vídeos. Isso lhe dará segurança e autonomia. Ou seja, vivencie este momento como um processo de formação continuada. 2. Planejar e organizar o cronograma: O planejamento é uma antecipação intelectual de um futuro desejado. Nosso futuro desejado é o desenvolvimento do Produto final com êxito como culminância de um processo de aprendizagens.

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Após conhecer o Projeto, veja as condições de que você dispõe para implantá-lo juntamente com os estudantes. Lembre-se de solicitar com antecipação todo o material necessário à equipe gestora da escola. Os projetos fazem uso de tecnologias informatizadas da educação, verifique sua viabilidade. Procure adequar os projetos às suas condições. Consideramos relevante, ainda, que sejam desenvolvidos procedimentos para mapear os conhecimentos, habilidades, atitudes e valores que o estudante detém ao chegar à sala de aula (avaliação diagnóstica). Isso o ajudará num planejamento mais contextualizado, considerando as reais necessidades dos estudantes, demonstradas a partir desses diagnósticos. Organize cada Etapa e cada Passo previamente. Planeje-se. Veja, em conjunto com os demais professores, como vai se dar a inserção do Projeto em sala de aula: em qual(ais) disciplina(s), com qual(is) professor(es), com qual carga horária, em que turno. Apresente o Projeto aos estudantes, motivando-os. Organize o cronograma com a participação deles. Todas essas definições prévias são relevantes para o êxito do desenvolvimento do Projeto. 3. Professor mediador: Você é o mediador de todo esse processo, como facilitador da aprendizagem e da participação. O planejamento, a execução, o acompanhamento e controle, bem como a avaliação e o seu replanejamento, se necessário, estão sob a sua responsabilidade intelectual e profissional. Mas, recorde: são os estudantes os protagonistas do Projeto. Ajude-os a imaginar soluções novas e diferentes, quando as dificuldades surgirem. O seu desafio será elevar o seu grupo de estudantes, estimulá-los, garantir as condições necessárias para o desenvolvimento do Projeto, saber dialogar e planejar com os demais professores da área, com a comunidade e com a equipe gestora da escola. 4. Fazer da sala de aula uma comunidade de práticas. O desenvolvimento de um Projeto Integrador implica em tornar a sala de aula um ambiente de práticas e aprendizagens, por meio de um processo participativo de trabalho. Isso requer a instauração de um ambiente de diálogo, de reflexividade, de trabalho colaborativo, de avaliação permanente, de modo que os estudantes possam ir ganhando em autonomia intelectual e em solidariedade ativa e responsável com os demais colegas, no compromisso e na realização com êxito do Projeto. Em muitas atividades, está previsto que o estudante possa interagir com a escola, com a comunidade, com o bairro e a cidade. Isso é muito positivo. A vinculação afetiva que possa ser gerada no processo também é relevante e deve ser estimulada. 5. Registro e memória do Projeto: O registro do Projeto é importante, ajudará a organizar as informações sobre todas as suas fases, podendo ser feito de várias formas: fotos, vídeos, blogs etc. Essas atividades devem ser construídas em conjunto com os estudantes. Faça um portfólio com a produção realizada, com os materiais usados, e com as atividades desenvolvidas, suas reflexões e suas sugestões de melhoria. Tudo isso ajudará nas novas edições do Projeto. Também poderá ser objeto de publicação, como relato de experiências.

LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS A Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio objetiva consolidar e ampliar as aprendizagens construídas no âmbito do Ensino Fundamental, apontando para o desenvolvimento das Competências e Habilidades dos estudantes no intuito de que mobilizem e articulem conhecimentos nas dimensões socioemocionais, em circunstâncias significativas de aprendizagem. Todos os Projetos desta obra foram construídos em acordo com o que preconiza este documento oficial. Segundo a BNCC, “os jovens intensificam o conhecimento sobre seus sentimentos, interesses, capacidades intelectuais e expressivas; ampliam e aprofundam vínculos sociais e afetivos; e refletem sobre a vida e o trabalho que gostariam de ter. Encon-

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tram-se diante de questionamentos sobre si próprios e seus projetos de vida, vivendo juventudes marcadas por contextos socioculturais diversos”. Eles encontrarão nos Projetos Integradores circunstâncias favoráveis ao aperfeiçoamento das habilidades para a vida em sociedade. Além da cultura do impresso, os Projetos também consideram a cultura digital, ou seja, as novas práticas sociais de linguagem. Novos gêneros textuais surgem e, com eles, novas ações, como “curtir”, “comentar”, “compartilhar” etc. Nesse contexto, supõe-se a existência de habilidades que não estão ainda registradas nos manuais didáticos tradicionais. A existência dessas outras habilidades justifica a implementação dos Projetos no espaço escolar.

• O Projeto 1 - Artes em Frequência Digital contempla a metodologia STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática) e abordará a produção de Podcasts que envolvam curiosidades e aprendizagens da comunidade e entorno escolar acerca das Artes a partir das referências práticas da Educomunicação. Para este projeto, a Educomunicação se encaixa na construção que queremos, pois nela estão presentes a linguagem como forma de comunicação, a tecnologia como forma de construção e as artes como forma de expressão. Seu Produto final é um Canal de Podcasts sobre as Artes.

• O Projeto 2 - Mulher e Empoderamento Social: promovendo direitos solicita

de todos uma reflexão acerca da condição da mulher na atualidade. É importante desenvolver o senso de liderança em todos os estudantes envolvidos no projeto. O protagonismo juvenil é o envolvimento do jovem em atividades que vão além do seu universo familiar e pessoal, gerando impactos na vida em coletividade. Seu Produto final é uma Campanha Publicitária para a promoção dos direitos da mulher.

• O Projeto 3 - Fake News: como evitar a trama da desinformação? aborda o pro-

blema da circulação de notícias falsas no cotidiano e oferece caminhos para que ele seja amenizado em nossa sociedade. Embora o combate às Fake News seja difícil, ele não é impossível. Para o usuário comum da Internet, o essencial é conseguir identificar uma notícia mentirosa ou sensacionalista e não compartilhar. Este Projeto conduzirá a uma educação midiática. Seu Produto final é uma Agência de Investigação contra Fake News.

• O Projeto 4 - Conversando a gente se entende! tem a finalidade de inserir a Me-

diação de Conflitos no campo das Linguagens. Importante esclarecer que não se pretende formar mediadores, mas fomentar dentro da área assuntos atinentes à Mediação de Conflitos, que serão importantes para o desenvolvimento socioemocional do estudante. Neste Projeto, novas oportunidades são inseridas, uma vez que a mediação e o conflito serão trabalhados numa perspectiva transformadora e positiva. Seu Produto final é uma Carta Aberta à comunidade educativa.

• O Projeto 5 - Turismo no Brasil: para ver e sentir objetiva promover o exercício da curiosidade intelectual acerca do turismo no Brasil e na comunidade local, com foco no turismo inclusivo e acessível. Além disso, busca mobilizar diferentes linguagens para a elaboração de conteúdos atrativos em língua inglesa. Seu Produto final, através de uma ação empreendedora, é a criação de uma Agência de Turismo para a divulgação de um Folder Turístico.

• O Projeto 6 - Juventudes e as expressões artístico-culturais: vamos escutar a voz da nossa comunidade? tem como principais temas a valorização dos diversos grupos artístico-culturais presentes na comunidade onde a escola se encontra, além dos processos de produção e divulgação das expressões desses grupos, e o estímulo ao exercício do protagonismo e da criatividade dos estudantes. Seu Produto final é um Festival Multicultural das Juventudes.

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Para um bom desenvolvimento da aprendizagem em Linguagens e suas Tecnologias, estimule os estudantes a fazerem registros dos procedimentos adotados (em textos, imagens, dentre outras possibilidades). Isso os ajudará na melhor organização do pensamento e, ainda, possibilitará uma avaliação contínua de seu desenvolvimento, a partir do que você identifica objetivos já alcançados, em processo ou que demandam retomadas ou aprofundamentos. Sua mediação tem importância preponderante nas discussões e encaminhamentos gerais demandados nos Projetos, sendo fundamental seu estímulo ao estudo dos temas tratados, organizados com o objetivo de proporcionar aos estudantes uma formação que lhes permita projetar seu futuro em bases educacionais mais sólidas. Estimule os estudantes a investirem permanentemente em sua formação, o que decorre da compreensão da importância do conhecimento escolar para suas vidas, seja em função da possibilidade de aplicações práticas, para o desenvolvimento de seu raciocínio e capacidade de comunicação e argumentação, ou para práticas de convivência harmoniosa com os outros. Aproveite as sugestões de leituras complementares para ampliar sua formação sobre os temas abordados nos Projetos, enriquecendo seu repertório de estratégias didático-metodológicas para o ensino dos componentes curriculares que constituem a área Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, convidando professores de outras áreas para dividirem com você esta experiência e dividindo com a comunidade os resultados obtidos por seus estudantes.

REFERÊNCIAS BAPTISTA, Isabel. Dar rosto ao futuro: a educação como compromisso ético. Porto: Proedições, 2005. O livro da educadora e escritora portuguesa trata da educação, com uma linguagem muito própria, como uma organização ética, democrática e humanista que confere centralidade à pessoa humana, ao aprender com suas práticas.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES HERNÁNDEZ, Fernando; VENTURA, Montserrat. A organização do currículo por projetos de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. Tradução de Jussara Haubert Rodrigues. 5. ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998. Livro de referência na área, desde a década dos 1990. Aborda os fundamentos e as práticas da gestão de projetos. Importante para a compreensão dos projetos integradores. LUCK, Heloísa. Metodologia de projetos: uma ferramenta de planejamento e gestão. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. O livro aborda os fundamentos do método de projetos, apresentando aspectos específicos do processo de elaboração de projetos. Conheça os eixos, as dimensões, a estruturação e a implementação de projetos educacionais. MOURA, Dácio G.; BARBOSA, Eduardo F. Trabalhando com projetos: planejamento e gestão de projetos educacionais. 5. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. O livro está divido em três partes. Na primeira, aborda a concepção e planejamento dos projetos; na segunda, trata da execução, do controle e avaliação dos projetos; e na terceira, do ensino, aprendizagem e formação de competências em projetos.

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Conhecendo o Projeto No Projeto Artes em Frequência Digital estão presentes a linguagem como forma de comunicação, a tecnologia como forma de construção e as artes como forma de expressão. Assim, podemos num só contexto desenvolver as habilidades de que precisamos para cumprir os nossos objetivos. É importante levar os alunos a refletirem sobre a importância das Artes no local em que vivemos e dessa maneira trabalhar a valorização das produções artísticas desenvolvidas na comunidade. Este Projeto tem como tema integrador a metodologia STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática). STEAM é um termo constituído a partir das iniciais de Science, Technology, Engineering, Arts e Mathematics. Ele foca na construção de um produto que une arte e tecnologia. Para tanto, convoca as experiências da Educomunicação. A Educomunicação, à primeira vista, parece a junção de duas áreas correlatas, mas na realidade transcende tal referência quando percebemos que está pautada na ação de elaborar e executar formas de conhecimento através das construções que a compõem de forma relacionada na Educação e na Comunicação, com o apoio das mídias digitais. O Projeto está voltado para que todos na comunidade escolar tenham acesso aos conteúdos produzidos através das redes sociais. Serão formados grupos para a produção do Produto Final: Podcasts variados. Por afinidade, os alunos se reunirão para cumprir as atividades. A comunidade escolar deverá ser consultada para que sejam definidos os títulos e os conteúdos a serem tratados nos Podcasts no momento da elaboração dos roteiros, de acordo com o gênero textual definido. Os alunos aplicarão uma pesquisa de campo no intuito de resgatar as artes sob a ótica da comunidade envolvida. E, por fim, como Produto final, será apresentada a produção de Podcasts aos demais estudantes e à comunidade. Após o momento final, ainda resta uma tarefa fundamental: a avaliação do desempenho dos estudantes. Ela será realizada por meio de uma tabela de avaliação que registra o grau de envolvimento a partir da checagem dos Passos realizados. Além disso, haverá uma reflexão a partir das ações propostas.

ESTE PROJETO CONTEMPLA O TEMA TRANSVERSAL CONTEMPORÂNEO DIVERSIDADE CULTURAL

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ObjetivoS, COMPETÊNCIAS E HABILIDADES Professor, o quadro a seguir apresenta a relação entre os objetivos e as Competências Gerais da BNCC e as Competências e Habilidades Específicas da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, que serão desenvolvidas neste Projeto.

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC QUE SERÃO TRABALHADAS NO PROJETO OBJETIVOS

COMPETÊNCIAS GERAIS

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS

HABILIDADES

1. Utilizar conhecimentos conceituais que envolvam a utilização das Linguagens artística e digital, de forma combinada possibilitando a autoria de conteúdos que permitam novas aprendizagens.

1

2

EM13LGG201 EM13LGG202 EM13LP27

2. Promover experiências, para a comunidade escolar, que possibilitem o acesso a conteúdos digitais a partir do trabalho colaborativo, respeitando a diversidade e a ética acerca das variadas formas de expressão das Linguagens, especificamente das Artes.

2

3

EM13LGG301 EM13LGG304 EM13LP31

3. Exercitar a criatividade para a elaboração de conteúdos digitais a partir da solução de problemas e da utilização das tecnologias da informação e comunicação utilizadas para expressar os conhecimentos adquiridos nas áreas estudadas segundo a realidade da comunidade escolar.

7

7

EM13LGG701 EM13LGG703 EM13LP28

Fonte: elaborada pelos autores com base na BNCC (2018). As competências e habilidades citadas podem ser consultadas por você nas páginas 7 e 8 deste livro.

O Projeto Artes em Frequência Digital busca, por meio de ações direcionadas, valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos, no intuito de entender e explicar a realidade ao redor, especificamente o universo das artes, conduzindo naturalmente o estudante a aprender e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. Para tanto, recorre a Competências Gerais da BNCC e a Competências e Habilidades Específicas da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Em primeiro lugar, porque propõe compreender melhor os processos identitários, conflitos e relações de poder subjacentes às produções artísticas, com respeito às diversidades e à pluralidade de ideias e posições. Em seguida, busca promover experiências concretas dentro da comunidade escolar que poderão viabilizar o acesso aos diversos conteúdos digitais, trabalhando em conjunto, investigando o universo das Artes. O estudante, sob sua orientação, trilhando o percurso do Projeto em companhia dos colegas, agirá com base em princípios e valores propugnados na democracia, na igualdade e nos direitos humanos, com o objetivo de autoconhecer-se, exercitando a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação. Assim, será autor dentro de sua comunidade educativa, exercendo um protagonismo ao defender pontos de vista de modo respeitoso e promovendo a inclusão, a cidadania e os direitos humanos. O Projeto propõe que se construa um Canal de Podcasts com áudios sobre as manifestações artísticas locais, de modo criativo e colaborativo. Serão produzidos conteúdos digitais a partir da utilização das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação, expressando os conhecimentos construídos ao longo do

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Projeto, sempre em acordo com a realidade da comunidade escolar. As linguagens próprias do universo dos Podcasts serão utilizadas, considerando-se os métodos típicos de produção e gerando sentidos. Para tanto, serão utilizadas ferramentas digitais da contemporaneidade para manifestar os gêneros textuais que podem ser convocados para a produção de conteúdo de qualidade.

JUSTIFICATIVA O Podcast é um recurso que pode ser integrado à sala de aula. De acordo com um estudo realizado pela Fundação Telefônica Vivo, em 2018, os brasileiros ouvem cinco programas nesse formato por semana. Ele resgata as características da oralidade, motiva a criatividade e foca no potencial da aprendizagem auditiva. Quando utilizado como recurso pedagógico, o Podcast pode promover a aprendizagem. Ainda de acordo com esse estudo, 42% dos brasileiros acessam o programa online de áudio pelo telefone e 25% já desenvolveram o hábito de acessá-lo no cotidiano. É mais cômodo atualmente consumir esse tipo de conteúdo no ônibus, no caminho para o colégio ou até voltando para casa. O Podcast voltado para a educação é um meio de explorar todos os recursos tecnológicos de que dispõem os estudantes e o espaço escolar, com seus laboratórios de informática ou tablets. Mediante a gravação de conteúdos diversos, os estudantes podem ganhar voz, com sua autonomia promovida e sua aprendizagem enriquecida. O Podcast veio para ficar! A experiência do jovem com o Podcast no cotidiano facilita o trabalho do professor com esse recurso em sala de aula. A todo momento conectado, o estudante sabe como utilizar os serviços de streaming à disposição na atualidade. Além de manifestar as necessidades do presente, esse recurso traz de volta noções elementares da humanidade, como a ação de ouvir e de falar, a percepção do ambiente ao redor e o estímulo à expressão e à comunicação. O Podcast motiva a elaboração de uma atmosfera de fantasia, imaginação e criatividade que transporta o estudante para outros lugares.

Produto Final Durante a execução do Projeto, os estudantes criarão um canal de Podcast no qual serão transmitidas informações a respeito das artes. Contudo, antes da produção, buscarão reconhecer quais são as artes presentes na comunidade, seus ícones e a sua importância social, construindo boa argumentação em defesa da cultura. O Projeto propiciará a exploração do espaço virtual a partir da alimentação educativa de seus conteúdos e, assim, espera-se uma maior aproximação entre os participantes e o mundo artístico, compreendendo que toda a sua comunidade não é apenas consumidora, mas pode tornar-se produtora de conteúdos num movimento de visibilidade mundial. Para viabilizar a realização do Produto final, é essencial reconhecer as possibilidades tecnológicas disponíveis, levando em consideração que muitos jovens já utilizam Podcast, explorando softwares diversificados em dispositivos móveis ou computadores. Os materiais necessários ao desenvolvimento são: caderno escolar, caderno de produção textual, caneta, lápis e borracha, computador com programa editor de áudio conectado à Internet ou dispositivo móvel (smartphone, tablet) conectado à Internet. Veja com a equipe gestora da escola como viabilizar esses materiais.

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DESENVOLVIMENTO DO PROJETO Para realização deste Projeto, sugerimos um planejamento trimestral, com carga horária prevista de 20 horas-aula, devendo o Projeto ser conduzido sob a liderança do professor de Língua Portuguesa, de forma interdisciplinar, em conjunto com o professor do componente curricular Arte, conforme apresentado na tabela a seguir:

SUGESTÃO DE PLANEJAMENTO TRIMESTRAL PARA O PROJETO ETAPA

PASSOS

NÚMERO DE AULAS

COMPONENTE(S) ASSOCIADO(S)

1

Língua Portuguesa e Arte

Conhecendo o Projeto Apresentação do Projeto

Desenvolvendo o Projeto

Etapa 1: Utilização dos conhecimentos conceituais sobre arte e mídia.

Etapa 2: Produção de novos saberes

Passo 1: Conceituar educomunicação e Podcast.

Língua Portuguesa

Passo 2: Sistematizar temáticas sobre as Artes no contexto comunitário para roteirizar os Podcasts.

Língua Portuguesa e Arte 8

Passo 3: Pesquisar sobre diferentes gêneros textuais para a produção de Podcasts.

Língua Portuguesa

Passo 4: Analisar Podcasts com gêneros textuais variados.

Língua Portuguesa

Passo 5: Produção textual.

Língua Portuguesa

Passo 6: Realizar pesquisa de campo na comunidade sobre questões importantes a serem tratadas na coletividade.

Língua Portuguesa

Passo 7: Estudar o processo de roteirização do Podcast.

8 Língua Portuguesa

Passo 8: Efetivar a narração do Podcast no gravador do smartphone, respeitando a entonação e as regras gramaticais dos textos.

Língua Portuguesa

Organizando e Apresentando o Produto Final Passo 9: Editar e compartilhar o seu Podcast. Etapa 3: Culminância na tomada final

Passo 10: Lançamento do canal de Podcast junto à comunidade escolar.

Língua Portuguesa 2 Língua Portuguesa

Avaliando o Projeto Avaliação e autoavaliação Fonte: elaborada pelos autores, 2020.

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-

1

Língua Portuguesa


Antes de iniciar as atividades do Projeto, realize uma avaliação diagnóstica a fim de reconhecer os conhecimentos dos estudantes a respeito da temática abordada. O Projeto está sistematizado para ser desenvolvido em três meses. Deste modo, as ações de estudo e planejamento do evento devem estar sempre alinhadas, para que, ao término das vivências, os participantes tenham condições de reconhecer a importância dos gêneros textuais para as produções midiáticas digitais e, ainda, de ter um espaço de compartilhamento de informações desenvolvido e alimentado por eles, com temas de interesse da comunidade.

ETAPA 1 - UTILIZAÇÃO DOS CONHECIMENTOS CONCEITUAIS SOBRE ARTE E MÍDIA Na primeira Etapa do Projeto, os estudantes serão convidados por você, professor, a conhecer e reconhecer conceitos e fundamentos associados à Educomunicação e aos Gêneros Textuais. Com isso, estarão em condições de apropriar-se da perspectiva de produção digital do Podcast, o que exigirá o desenvolvimento de pesquisas, diálogos com a comunidade e o exercício da valorização dos artistas locais, com respeito à pluralidade. No Passo 1, propõem-se a conceituação de Educomunicação e Podcast, a exploração do formato de áudio e a sua utilização de modos diversos. Isso poderá ser feito considerando-se a existência de programas de auditório que reproduzem a música, realizam entrevistas, apresentam receitas culinárias ou até as novidades do esporte. Na sequência, a sugestão é que os estudantes, sob sua mediação, sejam convidados e incentivados a trabalhar nas artes produzidas por artistas locais. No Passo 2, propõe-se a realização de uma pesquisa sobre as manifestações artísticas mais presentes na comunidade do entorno da escola, bem como no interior desta. Os artistas podem ser convidados a usar os Podcasts que vierem a ser produzidos como uma forma de divulgar seus trabalhos. No Passo 3, recomenda-se o estudo dos gêneros textuais que podem auxiliar no processo de criação dos Podcasts. Busca-se, com isso, entender os mecanismos internos e externos ao texto para a produção da notícia, do artigo de opinião e da entrevista. Esses gêneros textuais poderão gerar dados para que os estudantes, sob sua orientação, produzam arquivos de áudio com qualidade. No Passo 4, chegou a vez de estudar os tipos de Artes. Como sugestão, pode-se utilizar a classificação de Riccioto Canudo, em seu livro Manifesto das Sete Artes (1923). A razão para isso é que ela contempla outras manifestações artísticas que possam estar presentes no cotidiano dos envolvidos no Projeto. O autor considera 11 (onze) tipos de arte existentes: música, arte cênica, pintura, escultura, arquitetura, literatura, cinema, fotografia, história em quadrinhos, vídeo game e arte digital. Finalizando a Etapa 1 do Projeto, propõe-se a realização de uma pesquisa para identificar os exemplos emblemáticos de cada arte e vislumbrar a elaboração de um roteiro.

ETAPA 2 - PRODUÇÃO DE NOVOS SABERES A segunda Etapa permitirá aos estudantes, sob sua orientação, reconhecer que os estudos relacionados às artes se transformem em Podcasts, produzidos em equipes, com a participação da comunidade. Sugere-se que os roteiros sejam enfatizados com o vislumbre do Produto final. Para isso, oriente-os acerca da necessidade da realização de uma pesquisa de campo na comunidade, identificando artistas locais e tratando de questões importantes para a coletividade. Propõe-se que o áudio daí resultante seja elaborado a partir da produção da notícia, do artigo de opinião e da entrevista. No Passo 5, você, professor, poderá sugerir aos estudantes que promovam diálogos e reflexões entre eles, sob sua mediação, acerca dos princípios que re-

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gem todas as comunicações. Com base, por exemplo, nas Máximas Conversacionais de Grice (1975), os estudantes poderão estudar os gêneros, considerando os princípios da quantidade, da qualidade, da relevância e do modo, no intuito de produzir textos cada vez mais relevantes. O primeiro princípio diz respeito à quantidade de informação requerida para uma situação comunicativa; o segundo, à veracidade das informações apresentadas nos textos; o terceiro, à relação dos temas com os objetivos propostos; e o quarto, à forma de apresentar essas informações, considerando os elementos da língua que propiciam maior clareza no momento da comunicação, evitando, assim, obscuridade de expressão. No Passo 6, o Projeto sugere que se faça uma pesquisa, no intuito de que os estudantes, em equipes, sob sua orientação, construam um plano de ação. Eles definirão o caminho a ser percorrido, delimitando os personagens que fornecerão dados por meio da entrevista. Nesse momento do Projeto, poderão valer-se de smartphone ou qualquer equipamento que possa registrar os áudios da ação, para posterior edição. No Passo 7, é interessante, professor, que você proponha aos estudantes a elaboração de um roteiro acerca dos conteúdos que farão parte do Podcast. Esse roteiro propiciará uma comunicação ordenada para que todas as informações sejam coerentes. No Passo 8, é chegado o momento da utilização dos textos produzidos – a notícia, o artigo de opinião e a entrevista – para a gravação propriamente dita, pelos estudantes. Neste momento de finalização da Etapa 2 do Projeto, os estudantes farão uma compilação dos dados obtidos para garantir a excelência dos produtos que serão elaborados.

ETAPA 3 - FINALIZANDO O PODCAST A terceira Etapa tem foco no Produto final. Sob sua orientação, as equipes farão a edição do áudio, escolherão o canal a ser veiculado e, por meio deste, compartilharão o resultado com os demais colegas da escola e colaboradores da comunidade no Projeto. Estes serão convidados para uma roda de conversa, quando, então, poderão dialogar a respeito dos Podcasts produzidos e das curiosidades que envolvem o meio artístico local. No Passo 9, o primeiro desta etapa, você, professor, poderá sugerir aos estudantes a escolha de algum programa de edição de áudio, desde que adequado às finalidades do Projeto, para a organização das informações, articulando-as ao tema de abertura e a outros elementos sonoros que conferirão identidade aos produtos. No passo 10, seu apoio será decisivo, tanto na organização dos ajustes para o momento final, incluindo o convite à comunidade, como na divulgação do Produto final, que é a produção de Podcasts, com o objetivo de interagir com a comunidade e divulgar a importância das artes na formação cidadã dos estudantes e na vida das pessoas.

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ETAPA 1

UTILIZAÇÃO DOS CONHECIMENTOS CONCEITUAIS SOBRE ARTE E MÍDIA

Para que o assunto possa ser abordado de forma clara, sugerimos que sejam levantadas reflexões a respeito das produções midiáticas feitas pelos estudantes de maneira informal, sem a intenção educativa. Pode-se estabelecer um círculo de diálogo e perguntar-lhes sobre o que mais gostam de produzir e/ou se alguma vez já fizeram gravações de áudio contando uma história ou algo parecido. É o momento de descobrir que não são apenas receptores em relação às mídias, mas podem ser – e muitos já são - agentes produtores de informações. Suas ideias podem se expandir pelo mundo. É interessante, ainda, apresentar profissionais que atuam como produtores de informação e que estão construindo carreiras diferenciadas a partir do compartilhamento de produções digitais. Estes profissionais atuam em vários ramos, quando tratamos de propaganda e marketing. Por exemplo, eles são chamados de Mídia Digital. Assista ao vídeo disponível em: www.youtube.com/watch?v=26VQy9G2kB8 (acesso em: 20 fev. 2020) e saiba mais.

PASSO 01 CONCEITUAÇÃO DE EDUCOMUNICAÇÃO E PODCAST

vamos pesquisar! Professor, leia atentamente o texto disponível em: www.usp.br/nce/wcp/ arq/textos/27.pdf (acesso em: 20 fev. 2020). Este material traz um ótimo e objetivo esclarecimento a respeito do conceito de Educomunicação e poderá servir para auxiliar em aula de aula. Visite ainda o link galeria.fabricadeaplicativos.com.br/educomsme (acesso em: 20 fev. 2020) e conheça uma interessante proposta de Educomunicação.

vamos REFLETIR! O conceito de Educomunicação precisa ficar claro para os estudantes. Apenas assim conseguirão identificar sentido para o que estão iniciando. É importante deixar nítido que o processo de produção da Educomunicação envolve os estudantes e toda comunidade escolar, não se resumindo apenas às ações de um grupo de estudos. Afinal, nas produções, os estudantes verão na prática que o forte poder da comunicação nas mídias pode ser favorável para novos diálogos e percepções do espaço social. O exercício de produção textual precisa estimular os estudantes a pesquisarem sobre o tema para que possam escrever pautados em fundamentos reais, que os levem a indagações, questionamentos e argumentações. Podem ser estimulados a pesquisar gráficos e analisar sobre a evolução dos meios de comunicação.

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PASSO 02 SISTEMATIZAÇÃO DE TEMÁTICAS SOBRE AS ARTES PARA ROTEIRIZAR OS PODCASTS AS ARTES E A COMUNIDADE

vamos pesquisar! Neste momento, os estudantes, em diálogo, comporão um quadro, coletivamente, com indicação de pessoas que consideram contribuir com as manifestações artísticas da comunidade. As temáticas podem falar sobre mercado de trabalho para a área, satisfação, respeito social etc. Sugere-se um quadro com sete colunas; dentro de cada coluna vão sendo inseridos os nomes dos artistas da comunidade e ainda temáticas que poderão ser abordadas pelos mesmos. A valorização e reconhecimento das habilidades artísticas familiares pode estimular a produção do quadro e ainda ser uma oportunidade para ter a colaboração de familiares em ações pedagógicas da escola.

PASSO 03 PESQUISA SOBRE DIFERENTES GÊNEROS TEXTUAIS PARA A PRODUÇÃO DE PODCASTS GÊNEROS TEXTUAIS Professor, baixe o vídeo disponível em www.youtube.com/watch?v=T1uRi wXs8N4 (acesso em: 20 fev. 2020) e disponibilize para os estudantes.

JOGO DA MEMÓRIA O jogo constitui um estímulo ao aprimoramento das habilidades, uma vez que, para os jovens, é geralmente mais agradável desenvolver situações seguindo regras determinadas. De modo geral, o jogo é uma fonte inesgotável de prazer, pois está fundamentado na questão da liberdade. Assim, significa um ganho de quem pode sonhar, arquitetar e agir com energia para superar quaisquer barreiras que eventualmente possam surgir no decorrer de sua esperada aplicação. Nós entendemos que brincar é colocar a fantasia em ação. O jogo propício para uma ação pedagógica é aquele em que o jovem possa atuar de modo lógico e desafiador. O jogo pode propiciar um contexto favorável para as atividades da mente, ampliando cada vez mais a capacidade de cooperar. No geral, a atividade lúdica possui um cunho de subversão dentro do contexto escolar (o da produtividade). Ela sugere pistas para a atribuição de funções sociais aos envolvidos na ação pedagógica. O jogo vincula o que há de mais íntimo no mundo interno do jovem à realidade que o circunda. No entanto, não devemos temer uma confusão e uma dificuldade por parte do jovem em traçar uma linha que separe ambos os espaços. Pelo contrário! Ao mesmo tempo em que o jovem brinca, ele vai elaborando condições para distinguir os dois mundos e ter um domínio seguro sobre eles.

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Essa atividade também auxilia o jovem a vivenciar regras já consagradas socialmente. A partir de tais regras, a ação de cada um o encaminhará para a vitória ou o contrário dela, fazendo surgir em cada estudante o entendimento de que a vida em si é um grande jogo em que nem sempre é possível ser vitorioso. Professor, apresente as regras do jogo aos estudantes e também se divirta com eles. Ao término do tempo sugerido, o conteúdo escrito precisará ser conferido com o seu auxílio. Bom trabalho!

vamos pesquisar! Professor, baixe e disponibilize para os estudantes o vídeo disponível em: www.youtube.com/watch?v=keri15mSleA (acesso em: 20 fev. 2020). Neste encontro, os estudantes podem iniciar relembrando o que sabem a respeito dos Gêneros Textuais. Durante a vivência do jogo é importante que não sejam corrigidos. Apenas ao final do levantamento poderão dialogar a respeito dos gêneros ponderados. Na ação posterior, no decorrer da pesquisa, devem ser estimulados à construção de um quadro no qual, de um lado, sejam colocados os tipos textuais citados, doutro lado suas características. Os estudantes precisam ter oportunidade de ler, em voz alta, as características que encontraram. Assim, poderão aprender uns com os outros.

PASSO 04 ANÁLISE DE PODCASTS COM VARIADOS GÊNEROS TEXTUAIS A ARTE AO REDOR

vamos pesquisar! Neste encontro, os estudantes já têm domínio conceitual a respeito dos eixos trabalhados. Já sabem o que é Podcast, já reconhecem os gêneros textuais e também já têm informações a respeito das Artes. Sugiro que ouça o Podcast disponível em player.fm/series/2528122 (acesso em: 20 fev. 2020) e, a partir daí, busque outros canais que possam ser indicados para estimular os estudantes na observação sobre a estrutura do Podcast que irão trabalhar. A turma pode, após pesquisa e produção das respostas, dialogar em grande grupo, a fim de perceberem o que mais os marcou coletivamente na estrutura do Podcast, além de ainda terem ideias de subtemas a serem abordados dentro da temática trabalhada.

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ETAPA 2

PRODUÇÃO DE NOVOS SABERES PASSO 05 PRODUÇÃO TEXTUAL COMUNICAÇÃO EFICIENTE Os estudantes estudarão e produzirão textos observando os princípios da comunicação apontados por Grice, em sua Teoria das Máximas Conversacionais. Esses princípios regem quaisquer comunicações orais ou escritas. Esse autor elenca 4 máximas: quantidade; qualidade; relevância; modo. Em suma, se fornecemos mais ou menos informações do que a quantidade requerida pela situação comunicativa (violação do princípio da quantidade), se dizemos algo que não seja verdadeiro (violação da qualidade), se dizemos algo que seja irrelevante ou sem relação com a temática proposta (violação da relevância) ou se falamos de forma obscura ou ambígua, sem observar o critério da coesão textual (violação do modo), estamos comunicando de forma pouco ou nada eficaz. É importante considerar que a violação de uma máxima pode ocorrer de modo intencional ou não intencional. Quando ocorre de modo intencional, gera-se um sentido extra que só pode ser depreendido observando o contexto em que a comunicação ocorre. Quando a violação ocorre de modo não intencional, gera-se um ruído na comunicação. Ao produzir texto, não se deve violar nenhuma máxima conversacional de modo não intencional. Assim, o ato comunicativo não será prejudicado e conseguir-se-á dizer o que se pretende com máxima eficácia. Para saber mais a respeito dessa teoria, recomenda-se a leitura do livro Lógica e Conversação, de Grice.

vamos pesquisar! Neste passo, os gêneros textuais serão estudados na perspectiva de Bakhtin. Para ele, a linguagem está presente em toda a vida social. De acordo com esse filósofo, a linguagem exerce um papel importante na formação social e política. Ele rebate a ideia de língua que se sustenta no objetivismo e no subjetivismo. A linguagem, então, possui uma natureza social e ideológica. Bakhtin faz uma crítica à perspectiva objetivista e abstrata de Sausurre e à perspectiva subjetivista e idealista de Humboldt. Ele não acata a ideia de língua apenas como um código nem a primazia do sujeito na comunicação. Argumenta, em sua obra, que produzimos textos em uma circunstância social mais abrangente. De acordo com esse estudioso da linguagem, a língua vive e evolui no decorrer da história na comunicação concreta, não dentro do sistema linguístico abstrato, como propõe Saussure. As leis da evolução linguística são, portanto, sociológicas. Essa é sua afirmação mais importante. Na visão de Bakhtin, todas as atividades humanas estão de alguma forma ligadas à utilização da língua. Por essa razão, existe uma diversidade nos usos que

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fazemos da língua e uma variedade de gêneros que atendem às diversas demandas sociais. No contexto de produção de Podcasts, é natural, então, que alguns gêneros sejam mais adequados para a sua elaboração, como a notícia, o artigo de opinião e a entrevista. É importante ressaltar em sala de aula que a circunstância de comunicação determina os gêneros que serão convocados para que uma comunicação eficaz seja efetivada. Essa é a dinâmica da produção. Para estender a discussão acerca dos gêneros textuais, sugere-se a leitura do livro Estética da Criação Verbal, de Bakhtin.

PASSO 06 PESQUISA SOBRE QUESTÕES IMPORTANTES A SEREM TRATADAS NA COLETIVIDADE Professor, baixe e disponibilize o vídeo tutorial para os estudantes. O vídeo está disponível em: www.youtube.com/watch?v=TWMlpM996Ec (acesso em: 20 fev. 2020). A visita aos artistas da região deve ser muito bem organizada. O ideal é que se faça um prévio agendamento com as pessoas e seja efetivado um convite para que a entrevista ocorra em espaço escolar. Os estudantes precisam ter clareza do que desejam saber sobre os entrevistados e realizar o trabalho de forma objetiva. Para a transcrição dos áudios, caso não tenham a possibilidade de utilizar computadores conectados à Internet, pode-se fazer a transcrição manualmente. A transcrição é muito importante para análise do conteúdo coletado. Após a transcrição, os estudantes precisam marcar as principais partes das falas para que, assim, possam contextualizar com comentários num exercício dialógico.

PASSO 07 ESTUDO DO PROCESSO DE ROTEIRIZAÇÃO DE UM PODCAST Neste encontro, os estudantes podem iniciar relembrando o que sabem a respeito dos Gêneros Textuais. Durante a vivência do jogo, é importante que não sejam corrigidos. Apenas ao final do levantamento poderão dialogar a respeito dos gêneros ponderados. Na ação posterior, no decorrer da pesquisa, devem ser estimulados à construção de um quadro no qual, de um lado, sejam colocados os tipos textuais citados, e do outro lado suas características. Os estudantes precisam ter oportunidade de ler, em voz alta, as características que encontraram. Assim, poderão aprender uns com os outros.

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PASSO 08 EFETIVAÇÃO DA NARRAÇÃO DO PODCAST NO GRAVADOR DO SMARTPHONE GRAVAÇÃO DO PODCAST Os momentos de narração são muito importantes para que os estudantes desenvolvam percepções a respeito da entonação de leitura dos textos. Devem estabelecer atenção às pontuações e assim testar as melhores formas de comunicar o conteúdo. Fique atento para o fato de alguns estudantes estarem mudando de voz, em virtude da puberdade. Estimule-os para que todos possam gravar um trecho do trabalho e atuar de forma colaborativa. Para não correrem riscos relativos aos direitos autorais, existem algumas ferramentas que auxiliam a criação de áudios. Ajude os estudantes a identificá-los.

ETAPA 3

FINALIZANDO O PODCAST PASSO 09 EDIÇÃO E COMPARTILHAMENTO DO SEU PODCAST

PRODUÇÃO DO PODCAST Professor, durante a produção do trabalho final, os estudantes ficam sempre muito animados, afinal, as suas ideias iniciais estão tomando forma. Assim, para não causar frustrações, se a edição for feita na escola, teste as máquinas e softwares antes. Caso não tenha disponibilidade de equipamentos para edição na escola, os estudantes poderão utilizar o dispositivo móvel e realizar os compartilhamentos via aplicativo de mensagens. No acompanhamento da produção, é importante que ocorra uma revisão dos áudios antes do fechamento do arquivo final. Ajude os estudantes a conseguirem uma plataforma gratuita de postagem de áudio que permita aos usuários carregar arquivos com um endereço específico. Ao autorizar que os arquivos possam ser incorporados em qualquer ambiente virtual, essa plataforma permite compartilhar as produções em quaisquer redes sociais disponíveis. Além disso, é possível compartilhar um link por aplicativos de mensagem instantânea. Essa plataforma oferece a possibilidade de criar grupos e de participar deles com base em um tema em comum. Assim, é possível sugerir que os estudantes pesquisem outros Podcasts sobre manifestações artísticas para que possam trabalhar com base em outros produtos semelhantes.

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PASSO 10 LANÇAMENTO DO CANAL DE PODCAST JUNTO À COMUNIDADE ESCOLAR Professor, este é o momento mais esperado do Projeto, a divulgação do lançamento do canal de Podcast. Então, antes que ocorra o seu desfecho, é essencial que os estudantes organizem a programação com uma abordagem dos temas escolhidos, façam os convites aos colaboradores e organizem o espaço na escola para que a atividade ocorra. É importante reservar um espaço adequado à realização do evento e enviar convites à comunidade educativa com pelo menos uma semana de antecedência. Além disso, é necessário verificar todos os recursos que serão utilizados no momento para que nada aconteça fora do esperado. Os convidados podem receber um certificado de participação no evento, como agradecimento pela presença e colaboração.

Professor(a), a avaliação no Projeto Integrador possui um caráter diagnóstico e formativo, sem um caráter classificatório. O processo deve preponderar mais que o produto. Nesse sentido, é relevante o acompanhamento progressivo dos estudantes durante a construção de todo o Projeto. A avaliação processual colaborará para que se verifique, mais de perto, se os estudantes estão se envolvendo, estão desenvolvendo as aprendizagens previstas, apoiando-os nas suas dificuldades. Recorde, sempre, que a proposta é que o estudante seja o protagonista do Projeto, o centro do processo de ensino e aprendizagem. Sua participação também é relevante ao término do Projeto, acompanhando a avaliação de desempenho de cada estudante e também dos grupos que foram formados. É importante conduzir este momento estando perto dos estudantes, provocando-os a realizar uma avaliação qualitativa, envolvendo todo o Projeto. Busque verificar se compreenderam as competências gerais e específicas e as habilidades da BNCC previstas no Projeto. Avaliar a aprendizagem na escola é um veículo para tornar bem-sucedidas as ações de ensinar e aprender. Portanto, não se pode desconectar a avaliação do estudante do processo de ensino do docente. Acompanhe com carinho o processo de avaliação do Projeto dos grupos de estudantes bem como a autoavaliação de cada um deles.

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BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Ensino Médio. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2018. Neste documento, há a referência nacional comum e obrigatória para a produção dos currículos escolares, bem como para a elaboração das propostas pedagógicas. Através dele, consegue-se escolher e sugerir caminhos pedagógicos para este Projeto. ESTEBAN, Maria Teresa. Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. Rio de Janeiro: DP&A, 1999. A autora oferece reflexões a respeito das técnicas de avaliação presentes nos espaços escolares. A ação de avaliar deve estar em acordo com as características peculiares de um grupo em um espaço e a tempo específicos. HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora. Porto Alegre: Mediação, 1993. Jussara Hoffmann é uma das maiores especialistas em avaliação de aprendizagem do país. Em seu livro, diz que na avaliação mediadora o professor deve prestar muita atenção no aluno, conhecê-lo, ouvir seus argumentos etc. para que a ação seja eficaz e justa. JAPIASSU, Hilton. A questão da interdisciplinaridade. Seminário Internacional Sobre Reestruturação Curricular. Secretaria Municipal de Educação, Porto Alegre, 1994. A interdisciplinaridade tem aparecido como uma panaceia para o autor, surgindo para superar as estreitezas e a miopia do conhecimento disciplinar ou indisciplinado. Para o ele, existe a obrigatoriedade de um diálogo ecumênico entre as diversas disciplinas científicas. LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 18 ed. São Paulo: Cortez, 2006. O livro de Cipriano Luckesi oferece suporte para melhor compreender a ação de avaliar a aprendizagem dos estudantes e, dessa forma, orientar uma prática mais adequada às suas finalidades.

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BARBOSA, A. M. Arte-Educação no Brasil. Realidade hoje e expectativas futuras. Estudos Avançados. v. 3, nº 7, p. 170-182. Disponível em: <http://www.revistas.usp. br/eav/article/view/8536>. Acesso: 26 de fev. 2020. O artigo apresenta o contexto de Arte-Educação no Brasil. A partir de uma pesquisa, busca apontar o seu papel enquanto transmissor de valores estéticos e culturais para um país em desenvolvimento. ESPÍNDOLA, L. Gêneros Discursivos: leitura X argumentação. In: III Congresso Internacional da ABRALIN, 2003, Rio de Janeiro. Lucienne Espíndola amplia a noção de que a língua é fundamentalmente argumentativa ao propor que o uso que dela se faz também cumpre um papel argumentativo. Deve-se considerar essa dimensão da língua(gem) no ato da leitura. HOPPE, B. C. A., LIBRELOTTO, G. R. Práticas Educomunicativas no contexto escolar. Manancial Repositório Digital da UFSM. Disponível em: <https:// repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/11807/Hoppe_Barbara_Chiodini_Axt. pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso: fev. 2020. A pesquisa trata de um estudo de caso realizado em Cerro Pelado/Uruguai, a partir do uso de uma rádio denominada El Chasque em uma pequena escola rural. O estudo nos apresenta que a Educomunicação pode ser utilizada inclusive em regiões rurais, permitindo o desenvolvimento da criatividade e interação entre todos. MOURA, H. Significação e Contexto: uma introdução a questões de semântica e pragmática. Florianópolis, SC: Insular, 1999. Heronides Moura tece considerações acerca da importância do contexto para a construção do sentido. Segundo o autor, a significação é subordinada ao contexto, uma vez que não se pode vislumbrar um sentido desconectado de aspectos extratextuais. SANTOS, I. P. A formação de professores na perspectiva da Educomunicação. Rev. on line de Política e Gestão Educacional. v. 21, n. esp. 1, out./2017. e-ISSN: 1519-9029. DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v21.n.esp1.out.2017.10031. Acesso: fev. 2020. Neste trabalho, você poderá conhecer as convergências entre os fundamentos da educação emancipatória e os fundamentos da Educomunicação. Além disso, você conhecerá as áreas da Educomunicação, vislumbrando possibilidades de atuação no universo das práticas educomunicativas.

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Conhecendo o Projeto

ESTE PROJETO CONTEMPLA O TEMA TRANSVERSAL CONTEMPORÂNEO VIDA FAMILIAR E SOCIAL

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Prezado(a) professor(a), é com imenso prazer que disponibilizamos mais um projeto integrador. Nós entendemos que a educação é um processo de vida e não somente uma preparação para a vida futura. Essa é uma perspectiva que modifica nossa ação em sala de aula, uma vez que passamos a valorizar o momento presente no processo de aprendizagem. Cada passo dado é um degrau que subimos numa escada infinita. Aproveite cada situação na construção do Projeto “Mulher e Empoderamento Social: promovendo direitos”. O tema deste Projeto aponta para uma reflexão acerca da condição da mulher na atualidade. A palavra empoderamento é uma tradução do inglês empowerment, o que significa oferecer condição para que a mulher expresse e defenda seus direitos, amplie sua autoconfiança, fortaleça sua identidade, melhore sua autoestima e exerça controle sobre suas relações. Um modo bastante eficaz é por meio da mobilização, da informação e da educação. Uma Campanha Publicitária de empoderamento feminino, Produto final do Projeto, pode oferecer subsídio para que os estudantes alcancem um melhor entendimento acerca das atuais necessidades da mulher na atualidade. Durante o desenvolvimento, serão pesquisados dados do IBGE (o lugar da mulher na chefia da família, no mercado de trabalho e na educação) e textos opinativos que trazem na superfície linguística discursos que podem ser colocados em diálogo. Além disso, o Projeto solicita dos estudantes a confecção de discursos edificantes sobre a mulher a partir das categorias gramaticais da Língua Portuguesa mais propícias para essa ação e aponta para a busca de exemplos de campanhas realizadas em prol de causas sociais, reunindo seus elementos. A partir de então, será iniciada a construção propriamente dita da campanha a partir das informações pesquisadas. Jingles, anúncios com imagens, vídeos, Podcasts serão produzidos e espaços virtuais nas principais redes sociais serão criados. É importante desenvolver o senso de liderança em todos os estudantes envolvidos no Projeto. O empreendedorismo juvenil é o envolvimento do jovem em atividades que vão além do seu universo familiar e pessoal, gerando impactos na vida em coletividade. Por sinal, a ideia do protagonismo permeia todo o texto da


Base Nacional Comum Curricular – a BNCC. De acordo com esse documento, a noção de preparar os estudantes para os desafios da sociedade contemporânea está fortemente ligada ao desenvolvimento do empreendedorismo juvenil. O Projeto, a partir da BNCC, entende que os meios digitais podem fomentar esse protagonismo, valendo-se de espaços e linguagens próprias dos jovens. Para o documento, é necessário “compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva”. Ele reconhece o potencial da tecnologia. O convite à participação no desenvolvimento do Projeto pode ser estendido aos docentes de outros componentes curriculares (História, Arte, Geografia, Sociologia, Filosofia etc.) e membros de toda a comunidade educativa. Entende-se que o envolvimento de profissionais de outras áreas pode enriquecer o processo de desenvolvimento e seu respectivo produto. Por esse motivo, todos os que estão aptos a contribuir serão bem-vindos! Os grupos de trabalho poderão ser formados por estudantes de acordo com seus respectivos interesses. É importante criar condições para que os estudantes com conhecimento em produção de conteúdo compartilhem seus saberes com os demais integrantes das equipes. Assim, haverá condições de avançar cada vez mais no desenvolvimento de projetos futuros. Estamos certos de que você e sua turma farão um belo trabalho. Desejamos sucesso a você e a seus estudantes.

ObjetivoS, COMPETÊNCIAS E HABILIDADES Professor, o quadro a seguir apresenta a relação entre os objetivos e as Competências Gerais da BNCC e as Competências e Habilidades Específicas da área de Linguagens e suas Tecnologias, que serão desenvolvidas neste Projeto.

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC QUE SERÃO TRABALHADAS NO PROJETO OBJETIVOS

COMPETÊNCIAS GERAIS

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS

HABILIDADES

1. Refletir acerca do discurso sobre a mulher, em diferentes campos da sociedade, enfatizando a diversidade cultural, o seu protagonismo social, bem como a sua condição cidadã, com vistas a sensibilizar a comunidade educativa para a necessidade do empoderamento feminino.

2e8

1e2

EM13LGG102 EM13LGG202

2. Compreender os processos de produção e circulação de discursos em campanhas publicitárias de grande porte, considerando os artefatos e as visões de mundo, os conflitos de interesse e os possíveis preconceitos que podem estar subjacentes nos diferentes textos publicitários.

3e7

3e4

EM13LGG305 EM13LGG402

3. Promover uma Campanha Publicitária, de caráter mobilizador, informativo e educativo, que promova os direitos das mulheres, a agenda de não violência, bem como o posicionamento ético com relação ao seu reconhecimento e o seu empoderamento social.

5

7

EM13LGG701

Fonte: elaborada pelos autores com base na BNCC (2018). As competências e habilidades citadas podem ser consultadas por você nas páginas 7 e 8 deste livro.

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Os objetivos do Projeto estão relacionados às Competências Gerais da Base Nacional Comum Curricular. O objetivo 1, por exemplo, está relacionado à Competência 2, que diz ser necessário “exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade”. Os estudantes realizarão pesquisas para entender o status da mulher na contemporaneidade. Além disso, está relacionado à Competência Geral 8, uma vez que é possível autoconhecer-se a partir da relação entre o discurso de outrem e o próprio discurso. O objetivo 2 do Projeto está relacionado à Competência Geral 3, pois a cultura manifesta-se na superfície das peças a partir da linguagem artística utilizada. Esse objetivo também está relacionado à Competência Geral 7, que diz ser necessário “argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem a promovam os direitos humanos”. Os estudantes farão reflexões acerca dos argumentos utilizados em textos opinativos e em outras manifestações textuais no intuito de criar um acervo linguístico para a criação publicitária. O objetivo 3 está relacionado à competência 5 da BNCC, que expõe a necessidade de “compreender, utilizar e criar tecnologias digitais da informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva”. Por fim, os estudantes farão circular as peças publicitárias produzidas, nas principais redes sociais do país.

JUSTIFICATIVA Nos dias de hoje, é importante um novo olhar para os métodos de ensino nas escolas, pois a sociedade exige cada vez mais que o indivíduo tenha competência e desenvolva habilidades para um desempenho acadêmico satisfatório e um desempenho profissional que não deixe a desejar. A Pedagogia por Projetos procura desenvolver a autonomia no aluno, sua criatividade e sua capacidade analítica. Assim, deve propiciar que os estudantes contextualizem os conceitos e descubram novos significados com o trabalho. A palavra projeto tem origem no latim projectus, ação de lançar para a frente. O projeto é a representação modelada, gráfica, desenhada, escrita ou oral que engendra a intenção de realizar uma atividade, empregando meios propícios para isso. Com ele, pode-se procurar a solução para um problema e acrescentar conhecimento no processo de construção do saber. Por extrapolar o limite da sala de aula, o projeto favorece a interdisciplinaridade. Este Projeto tem como Produto final uma Campanha Publicitária para a promoção dos direitos da mulher. A ideia de construir esse produto surgiu da necessidade de se estabelecer um diálogo com a comunidade de que o estudante faz parte para que haja o entendimento das reais necessidades da mulher na contemporaneidade. O empoderamento feminino é o ato de as mulheres conquistarem o poder de participação social, para que possam estar cientes da luta pelos seus direitos. Faz-se isso por meio da mobilização, da informação e da educação. Uma campanha é capaz de mobilizar, informar e educar! O estudante iniciará o trabalho tentando compreender os processos de produção e circulação de discursos nas campanhas publicitárias de sucesso na história recente da humanidade. Considerando todos os artefatos produzidos pelas equipes responsáveis por essas campanhas, buscará analisar as visões de mundo

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materializadas nos textos, conflitos de interesse, quais os possíveis preconceitos que podem estar subjacentes e as ideologias da época. Por meio da análise atenta das peças que compõem as intervenções publicitárias, o estudante buscará encontrar as perspectivas de mundo e relações de interesse e de poder que podem até estar explícitas no corpo da mensagem que se quer transmitir. Em uma análise atenta, conseguirá entender detalhadamente os processos responsáveis pela legitimação de um modo de pensar. Nessa direção, alcançará um posicionamento crítico diante das visões de mundo, dialogando e produzindo um entendimento mútuo no intuito comum de agir, respaldado por princípios e valores de equidade que devem estar presentes em uma democracia e debatendo essa questão do empoderamento feminino, respeitando diferentes argumentos e opiniões, formulando, negociando e sustentando posições que sejam coerentes no presente. Desse modo, formulará essa proposta de intervenção social considerando o bem comum e os Direitos Humanos, mapeando a condição da mulher na sua diversidade cultural, enfatizando o seu protagonismo social, a sua condição cidadã, assim como as principais dificuldades para atuar de modo eficiente na dimensão social para enfrentar este que é um desafio contemporâneo e combatendo preconceitos e estereótipos que prejudiquem a autonomia da mulher na sociedade.

Produto Final Será produzida uma Campanha Publicitária para a promoção dos direitos da mulher. Para tanto, será necessário elaborar um planejamento contendo uma problematização da temática, justificativa, objetivos do Projeto, procedimentos, materiais necessários e um cronograma de realização de atividades. Para que seja possível elaborar uma boa campanha, é necessário ter o mínimo de informações que possibilitem guiar o planejamento criativo em conformidade com o resultado que se deseja atingir. Com um briefing isso é possível. O briefing é um instrumento amplamente conhecido no universo publicitário e é utilizado no processo de elaboração de campanhas. Os profissionais da Publicidade utilizam esse instrumento de forma sistemática, de modo a garantir o desenvolvimento dos trabalhos com eficácia. Do inglês, “brief” significa resumo ou síntese. No ramo publicitário, briefing significa um conjunto de informações ou orientações sobre um assunto específico para o desenvolvimento de algum trabalho. Nesse sentido, podemos afirmar que briefing é um documento que contém todos os subsídios para orientar a equipe responsável pela criação de campanhas. Vejamos um modelo:

BRIEFING DE CAMPANHA TEMÁTICA JUSTIFICATIVA OBJETIVOS PROCEDIMENTOS MATERIAIS NECESSÁRIOS CRONOGRAMA Fonte: elaborada pelos autores, 2020.

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Os materiais necessários ao desenvolvimento do Projeto são: caderno escolar, caderno de Produção Textual, caneta, lápis e borracha, computador com programa editor de imagem e vídeo conectado à Internet (se possível), dispositivo móvel (smartphone, tablet) conectado à Internet (se possível) e TV ou Datashow com equipamento de áudio. Veja como viabilizar este material junto à escola.

DESENVOLVIMENTO DO PROJETO Para a realização deste Projeto, sugerimos um planejamento trimestral, com carga-horária prevista de 20 horas-aula, devendo o Projeto ser conduzido sob a liderança do professor de Língua Portuguesa, de forma interdisciplinar, em conjunto com o professor dos componentes curriculares Arte, História, Geografia e Matemática. Conforme apresentado na tabela a seguir:

SUGESTÃO DE PLANEJAMENTO TRIMESTRAL PARA O PROJETO ETAPA

PASSOS

NÚMERO DE AULAS

COMPONENTE(S) ASSOCIADO(S)

1

Língua Portuguesa Arte / História Geografia / Matemática

Conhecendo o Projeto Apresentação do Projeto

Desenvolvendo o projeto Passo 1: Reflexões sobre a condição da mulher no Brasil e no mundo

Etapa 1: Estudo sobre a condição da mulher na sociedade brasileira.

Etapa 2: Estudo sobre os processos de produção e circulação de discursos em campanhas publicitárias e produção das peças.

Passo 2: Quando a violência contra a mulher é silenciada na sociedade

Língua Portuguesa Geografia / Matemática

3

Língua Portuguesa / Arte

Passo 3: Categorias da língua favoráveis à construção de discursos edificantes

Língua Portuguesa / História

Passo 4: Campanhas publicitárias voltadas para causas sociais

Língua Portuguesa / História

Passo 5: O gênero publicitário

Língua Portuguesa / Arte

Passo 6: A imagem na publicidade

10

Língua Portuguesa /Arte

Passo 7: Produção do vídeo publicitário

Língua Portuguesa / Arte

Passo 8: Produção do Podcast

Língua Portuguesa / Arte

Organizando e apresentando o produto final Etapa 3: Promoção de uma Campanha Publicitária, de caráter mobilizador, informativo e educativo.

Passo 9: Criando espaços virtuais na Internet

Língua Portuguesa 5

Passo 10: Organização do evento!

Língua Portuguesa Arte / História Geografia / Matemática

Avaliando o Projeto Avaliação e autoavaliação Fonte: elaborada pelos autores, 2020.

200

-

1

Língua Portuguesa


Antes de iniciar as Etapas deste Projeto, recomendamos a realização de uma avaliação diagnóstica, que lhe permita identificar conhecimentos, habilidades, atitudes e valores até então desenvolvidos pelos estudantes, relativos ao campo das Linguagens, e suas Tecnologias. Sugerimos algumas pautas para uma conversa com os estudantes: já leram algum estudo sobre a situação das mulheres no Brasil e no mundo? O que eles entendem por empoderamento feminino? Já viram ou participaram de uma Campanha Publicitária? Já fizeram alguma pesquisa? Teriam alguma dificuldade para produzir uma Campanha Publicitária? Analise o resultado do levantamento inicial e o utilize para fazer os ajustes que entender necessários no planejamento das aulas do Projeto, a partir desse diagnóstico, ou seja, observe a necessidade de revisão de conteúdos básicos, antes ou durante as ações que demandam conteúdos prévios da área. Explore os conhecimentos prévios dos estudantes para que haja bom aproveitamento das ações em todas as Etapas e em todos os Passos.

ETAPA 1: ESTUDO SOBRE A CONDIÇÃO DA MULHER NA SOCIEDADE BRASILEIRA (3 PASSOS) Professor, no primeiro Passo, reitere o título da Etapa e explique por que é importante realizar um estudo detalhado sobre a condição da mulher na sociedade brasileira. No Passo 1, o estudo compreende uma pesquisa sobre o status da mulher a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE para traçar uma linha do tempo que demonstre o percentual de mulheres que estão à frente de suas famílias, seu status no mercado de trabalho e sua formação educacional da década de 1980 até a década de 2010. No Passo 2, a pesquisa envolve os textos opinativos com temática direcionada no intuito de verificar quais os discursos sobre a mulher que estão subjacentes na materialidade da estrutura linguística. No Passo 3, a análise envolverá algumas peças de uma Campanha Publicitária em prol do empoderamento feminino, planejada para o dia 8 de março, em que a palavra exerce importante papel na construção de discursos edificantes sobre a mulher. O professor de Língua Portuguesa deverá conduzir os estudantes a um laboratório de informática para que realizem o estudo em computadores conectados à Internet. Outro modo de realizar esse estudo é imprimindo os dados do IBGE e os textos opinativos previamente selecionados, levando-os para a sala de aula.

ETAPA 2: ESTUDO SOBRE OS PROCESSOS DE PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO DE DISCURSOS EM CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS (5 PASSOS) Na Etapa 2, especificamente no Passo 4, será realizado um estudo sobre os processos de produção e circulação de discursos em campanhas publicitárias. Antes da produção propriamente dita, veremos peças de outras campanhas publicitárias em prol de causas sociais. Assim, teremos uma noção de como os discursos ganham materialidade nos textos verbais e não verbais que constituem as mensagens construídas e transmitidas. É importante ter em mente que a Publicidade se ancora na criatividade, pois muitas vezes as ideias construídas são inéditas e estão além do que consta em nosso repertório de conhecimento. No Passo 5, será dado início à construção do jingle (peça sonora de grande alcance) construindo uma melodia nova. Uma Letra de Música será elaborada e unida à melodia para a elaboração desse material. Em seguida, no Passo 6, parte-se para a construção de um anúncio, articulando o texto verbal e o não verbal. Para conferir uma unidade lógica, essa construção deverá considerar os discursos já utilizados na produção do jingle. No Passo 7, será produzido um vídeo de 1 minuto (compatível com as principais redes sociais atualmente). Para esse momento, será necessário considerar os discursos já utilizados no jingle e no anúncio publicitário, no intuito

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de garantir uma unidade de sentido a qual conferirá identidade à campanha. Por fim, no Passo 8, será produzido um Podcast (programa de rádio feito sob demanda) para discutir a condição da mulher na sociedade nos tempos atuais. Esta é a Etapa mais longa do Projeto e deve ser conduzida pelo professor de Língua Portuguesa e por docentes de áreas afins. Serão necessárias 5 aulas para o desenvolvimento de todas as atividades propostas. Na ausência de computadores conectados à Internet, é possível desenvolver os anúncios em cartolinas, papéis A4 ou qualquer outro suporte viável. O jingle, o vídeo e o Podcast poderão ser desenvolvidos em smartphones, tablets ou qualquer outro aparelho de captação da escola ou dos próprios estudantes.

ETAPA 3: PROMOÇÃO DE UMA CAMPANHA PUBLICITÁRIA, DE CARÁTER MOBILIZADOR, INFORMATIVO E EDUCATIVO (2 PASSOS) Na Etapa 3, será promovida uma Campanha Publicitária, de caráter mobilizador, informativo e educativo. Porém, antes, será necessário criar uma estrutura adequada para que as peças produzidas possam circular nas diversas mídias. Por isso, no Passo 9, serão criadas contas nas principais redes sociais de streaming e de compartilhamento de vídeos. Essas ações podem ser distribuídas entre os estudantes envolvidos no Projeto: jingle e o Podcast nas plataformas de streaming, o anúncio publicitário nas redes sociais e o vídeo em uma plataforma de compartilhamento de vídeos. Em seguida, no Passo 10, serão elaboradas estratégias de circulação das peças produzidas nos perfis criados nas redes sociais. Ainda nesse momento, serão enviados convites às demais turmas, à direção da escola e ao pessoal técnico-administrativo, assim como à comunidade, com uma semana de antecedência e será organizado o espaço em que o evento de lançamento da campanha acontecerá. Esta Etapa deve ser conduzida pelo professor de Língua Portuguesa e por docentes de áreas afins. Serão necessárias 5 aulas para o desenvolvimento de todas as atividades propostas. Após o lançamento da Campanha Publicitária para a promoção dos direitos da mulher, é importante acompanhar sua repercussão entre o público-alvo. A campanha ocorrerá em um total de 15 dias e a reação do público deverá ser registrada para o momento final de avaliação. Após esse momento, será necessário reunir toda a equipe para discutir o que deu certo, o que não deu e o que pode ser melhorado. Além disso, será indispensável a avaliação de cada participante a partir das reflexões propostas.

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ETAPA 1

ESTUDO SOBRE A CONDIÇÃO DA MULHER NA SOCIEDADE BRASILEIRA PASSO 01 REFLEXÕES SOBRE A CONDIÇÃO DA MULHER NO BRASIL E NO MUNDO

vamos pesquisar! Professor, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) periodicamente realiza pesquisa acerca da condição da mulher no país. É possível encontrar dados coletados através dos anos para traçar um panorama do lugar ocupado pela mulher no passado e no presente, lançando luz para que possamos situá-la na sociedade e para prospectar sua condição no futuro. Com os dados divulgados através dos anos (na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio – PNAD), podemos entender os reais impactos das políticas públicas implementadas no intuito de garantir seus direitos. Nós optamos por esse instituto porque é ele que retrata o país com informações necessárias ao conhecimento de sua realidade e ao exercício da cidadania. O IBGE produz, analisa, pesquisa e dissemina informações de cunho estatístico (demográfico, socioeconômico e geocientífico) oficialmente, sendo subordinado diretamente ao Governo Federal. Os estudantes podem pesquisar dados nos sites de outros institutos que se dedicam ao levantamento de informações para melhor compreender os resultados das ações voltadas para a garantia da cidadania da população. Há pesquisas realizadas por outros institutos no intuito de verificar a condição da mulher no país, trazendo informações relevantes para a compreensão da realidade. Veja alguns dados:

COMPARAÇÃO ENTRE A PARTICIPAÇÃO SOCIAL DA MULHER E A DO HOMEM A PARTIR DA DÉCADA DE 1980, DE ACORDO COM O IBGE (EM%) Atividades

Mulheres de 1980

Homens de 1980

Mulheres de 2014

Homens de 2014

Proporção de famílias chefiadas por

15,60%

84,40%

39,84%

60,14%

Ocupação no mercado de trabalho por

27%

73%

45,40%

62,60%

Analfabetismo de.

27,15%

23,62%

7,90%

8,60%

Fonte: elaborada pelas autoras de acordo com o IBGE (2010).

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Peça aos estudantes que registrem todas as informações encontradas no caderno de anotações. As anotações de qualidade não auxiliam somente na constituição de um repertório de conhecimento. As anotações permitem que os dados encontrados sejam compartilhados com quem não teve a oportunidade de participar do momento. Por isso, solicite que anotem.

PASSO 02 QUANDO A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER É SILENCIADA NA SOCIEDADE

vamos pesquisar! O texto opinativo é um texto breve e claro na interpretação dos fatos. Por ser predominantemente argumentativo, o autor possui a intenção de convencer o leitor acerca de suas ideias. Para isso, precisa mostrar bons argumentos. Por sinal, vamos conhecer a origem da palavra “argumento”. Do latim argumentum, de aguere, significa tornar claro, demonstrar. A palavra possui o tema argu, cujo primeiro sentido é “fazer brilhar”, “iluminar”. A argumentação é uma necessidade da vida social. Haverá diversas situações em que o estudante sentirá necessidade de convencer. Elencaremos alguns campos da vida em que essa habilidade será fundamental. Em primeiro lugar, como estudante, sem dúvida será necessário produzir texto dissertativo, o que ainda favorece a argumentação no âmbito escolar. Como cidadão, ele poderá ser obrigado a tomar algum posicionamento em um debate. No espaço fora da escola, o domínio da argumentação lhe permitirá aprofundar sua reflexão e regular de modo eficaz suas trocas de ideias com os demais cidadãos. Além disso, como candidato a um emprego, o estudante será obrigado a valorizar-se (em uma entrevista, por exemplo). Nesse caso, poderá passar por uma entrevista individual, na qual terá de convencer o recrutador de suas capacidades. No mundo do trabalho, haverá múltiplas circunstâncias em que será necessário convencer. Praticamente todas as profissões dependem da técnica da argumentação. É importante compreendê-la bem. Ao pesquisar e ler textos opinativos, o estudante poderá entender melhor como a língua está a serviço dessa prática. Há categorias gramaticais da Língua Portuguesa que são convocadas para o momento da argumentação, como os conectivos, os adjetivos, os advérbios etc. Essas categorias podem surgir em um texto com o objetivo claro de fortalecer um posicionamento. Por essa razão, é necessário compreender bem os mecanismos da língua nessa situação. Sugerimos a leitura do livro A arte de argumentar, de Bernard Meyer (2008).

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PASSO 03 UM EXEMPLO DE CAMPANHA PUBLICITÁRIA DE PROMOÇÃO DOS DIREITOS DA MULHER

vamos pesquisar! Os anúncios de uma campanha publicitária devem trazer na superfície discursos edificantes sobre a mulher. A função do anúncio, então, é a de construir o discurso de valorização, a partir das categorias gramaticais da Língua Portuguesa mais propícias para essa ação: substantivos, adjetivos, advérbios e outras. Os substantivos expostos no Passo 3 do Projeto formam um campo semântico relativo à temática em questão. É importante pesquisar os significados de cada termo e os discursos favoráveis em relação à mulher. É interessante, então, construir novos discursos a partir de outros geralmente utilizados em contextos diferentes. Os estudantes, porém, podem elaborar discursos inéditos sem que recorram aos já cristalizados em nossa cultura, pois entendemos que a criatividade é o mote da Publicidade.

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ETAPA 2

OS DISCURSOS DAS CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS E A PRODUÇÃO DAS PEÇAS PASSO 04 CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS VOLTADAS PARA CAUSAS SOCIAIS

vamos pesquisar! Você conhece outras campanhas publicitárias voltadas para questões sociais? 1. Os estudantes devem apresentar campanhas de cunho social. É possível que surjam exemplos de campanhas comerciais com viés social. Nesse caso, explique que existem diferenças entre o marketing comercial e o marketing exclusivamente social. 2. Jingles, peças publicitárias com imagens, áudios/Podcasts (rádio e Internet) e vídeos (TV e Internet) de outras campanhas serão reunidos no intuito de que os estudantes trabalhem na criação de peças a partir de outras já existentes. 3. Os arquivos armazenados poderão ser utilizados nos Passos seguintes. A publicidade favorável a questões sociais constitui um fenômeno bem conhecido na atualidade. É um meio de comunicação cada vez mais valorizado por instituições. Ela tem vindo assumir uma função social, pois foca em temas que refletem as angústias do presente, desde a questão da fome, a defesa das minorias, a questão ambiental e a denúncia de violência. Os procedimentos de criação de conteúdo são utilizados visando estimular a consciência de cada indivíduo para questões sociais e a elaboração de novos hábitos. As mensagens construídas e transmitidas buscam amenizar o conformismo, modificar atitudes e servir aos anseios da sociedade. Em contrapartida, os profissionais dessa área entendem o poder que possuem e dispõem-se a utilizá-lo em busca de melhorias e de autorrealização. À parte essas motivações, a publicidade favorável a questões sociais deve ser compreendida como um meio na sequência de uma estratégia determinada pelo marketing. Esse marketing social tem de ser considerado uma tecnologia de gerenciamento do processo de transformação social. Ele elabora técnicas a partir das conhecidas no marketing comercial. Esse novo conceito (o marketing social) pressupõe a busca pela eficácia. Ele considera a importância do emprego de conceitos de segmentação do mercado, pesquisa de consumidores e desenvolvimento de produtos. Ao final dos anos 1980, o marketing não lucrativo tornou-se maduro. Por exemplo, ele provou ser produtivo no setor público dos Estados Unidos porque obteve sucesso em campanha para doação de sangue, auxiliou na redução da mortalidade infantil e contribuiu para os principais programas contra o tabagismo. Uma definição para o marketing social é:

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uma ferramenta de planejamento e execução de programas elaborados para a mudança social com o emprego dos conceitos já conhecidos do marketing comercial. Tipos de publicidade na dimensão social:

• A publicidade de caridade (campanha contra a fome, por exemplo); • A publicidade política (campanha eleitoral, por exemplo); • A publicidade governamental (promoção de atitudes, por exemplo); • A publicidade associativa (incentivo ao uso de genéricos, por exemplo).

É distinta a publicidade favorável a questões sociais, uma vez que não procura a promoção de uma marca. Está centrada no público e dele solicita um comportamento específico. Seu objeto é a causa social propriamente dita. O tempo de atuar em prol da sociedade chegou definitivamente ao campo de trabalho da publicidade. É importante, portanto, caracterizá-la dentro das diversas limitações de espaço e de recursos. Façamos isto! Duas especificidades diferenciam a publicidade voltada para causas sociais de todas as outras formas de publicidade: a gratuidade e o exercício da cidadania. Para as agências que trabalham nessa perspectiva, o interessante não é unicamente o lucro, mas o prestígio que alcançam por disporem de um campo mais amplo para o desenvolvimento de sua criatividade. Professor, estabeleça as semelhanças e diferenças entre marketing social e marketing comercial, desenhando as tabelas abaixo na lousa:

PRINCIPAIS SEMELHANÇAS ENTRE: Marketing Social

Marketing Comercial

Fonte: elaborada pelos autores, 2020.

PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE: Marketing Social

Marketing Comercial

Fonte: elaborada pelos autores, 2020.

PASSO 05 O GÊNERO PUBLICITÁRIO

vamos pesquisar! Os jingles contemplam diversos gêneros musicais e ideias distintas, porém o processo de elaboração segue uma lógica similar. A primeira Etapa é determinar o objetivo da canção. O jingle pode se encaixar em diversas classificações: de com-

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bate, de exaltação ou de moda. Depende sempre da questão que uma Campanha Publicitária quer resolver. Na melodia, o ideal mesmo é abusar da criatividade com os acordes maiores. Com o propósito determinado, é hora de pensar na letra que será incluída. As palavras que acompanham a canção devem destacar a razão para que haja a mudança pretendida. E tudo depende do público-alvo que se quer atingir. Além de destacar o discurso que se quer enaltecer, é válido realizar algo que esteja condizente com o atual contexto do problema – se é um momento de continuidade desse problema ou se é um momento de mudança. Em nosso caso, é importante ressaltar que, embora tenham ocorrido avanços em relação às conquistas de direitos da mulher, ainda há muito a se fazer. É bem interessante ver como a equipe vai lidar com esse quadro de ausência de direitos. Que canção vai representar isso? Por ser uma questão delicada, é importante atentar para as escolhas linguísticas e para a mensagem que se quer transmitir. Não deve haver espaço para interpretações que invalidem a causa, pois o intuito é o de exaltar as qualidades e direitos femininos. Faz-se necessário estudar o tipo de canção que o público-alvo da campanha escuta e adequá-lo ao meio em que esse jingle será veiculado. Geralmente, os produtores apostam em gêneros regionais para as campanhas locais. Há ritmos que são universais, porém o jingle tem que ter um sotaque da região, o modo como as pessoas estão acostumadas a ouvir. Justamente por incrementar itens culturais basilares, o jingle pode ser considerado mais do que uma peça simples da publicidade. Há jingles que conseguem contemplar expressões da região, como a batucada do axé baiano, por exemplo. Existem construções sonoras muito interessantes e originais que necessitam de mais tempo e de elaboração. Essas construções sonoras tornam o mundo dos jingles mais expressivo. Se não tiverem ressonância, não serão lembrados. Considerando o tempo de pesquisa, elaboração e gravação, um jingle pode levar até uma semana para ser feito. Mas existem casos em que eles são realizados em até 24 horas, o que leva o autor a apelar para modelos já consagrados nesse ramo de atividade profissional. O importante é que o jingle surja como uma celebração, uma vez que ninguém quer ouvir um lamento musical. O jingle tem que ser a consagração da conquista por direitos.

PASSO 06 A IMAGEM NA PUBLICIDADE PROJETO DE ANÚNCIO PUBLICITÁRIO Quando se escreve um texto é porque se quer comunicar algo para alguém. O anúncio publicitário é utilizado nas mídias com o intuito de convencer o público a fazer alguma coisa (ou mudar um pensamento). Assim, o anúncio precisa ser exposto em um espaço de fácil acesso para o público que se quer alcançar (como as redes sociais, por exemplo), e é necessário utilizar as palavras mais apropriadas para fazer com que o público adira à causa. É importante adequar a linguagem utilizada no anúncio para alcançar o público que se quer atingir. Por exemplo, o anúncio de uma loja de brinquedos infantis não pode conter palavras difíceis, pois precisa ter uma linguagem de fácil

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compreensão para as crianças entenderem. Para construir um bom anúncio, é importante que o texto possua algumas características que ajudarão a alcançar o objetivo de convencer o leitor. Vamos a essas características:

• Título: frase impactante e curta para convocar o leitor à leitura integral do anúncio.

• Imagem: fragmento importante porque algumas pessoas só aderem à causa após verem uma imagem significativa.

• Corpo do texto: parte em que se encontra o anúncio em si. É um texto não muito extenso que anuncie o que é a ideia.

• Slogan: frase curta que facilite a identificação do objeto da campanha. Professor, leve exemplos de campanhas publicitárias que entraram para a história recente da sociedade para a sala de aula. Apresente as peças que até hoje despertam memórias dos estudantes e de seus familiares. Assim, trabalharemos na construção com alguma referência.

PASSO 07 PRODUÇÃO DO VÍDEO PUBLICITÁRIO PROJETO DO VÍDEO PUBLICITÁRIO É uma das peças mais importantes em uma campanha. A ele pertence a responsabilidade de convocar a atenção do público-alvo para uma questão e gerar uma possível mudança de atitude. Desde a elaboração da ideia e do roteiro, a captação das imagens e sua edição, é preciso utilizar equipamentos adequados para que o produto supere as expectativas do produtor e do público para o qual é destinado. O fácil acesso ao produto nas redes sociais deu ao mercado audiovisual um grande potencial a ser explorado. O ramo publicitário passou a investir cada vez mais em produção de vídeos, porque enxergou neles a possibilidade de alcançar uma quantidade de espectadores cada vez maior. É necessário, então, criar uma equipe sintonizada e bem equipada para a produção do vídeo publicitário que integrará o arsenal de peças que serão veiculadas. Quando o assunto é o roteiro um tanto de gente atenta somente para produções dignas de Hollywood, com diversos termos técnicos, formatação difícil e passos difíceis de seguir. Porém nem sempre precisa ser assim na prática. O roteiro serve para ajudar no momento da gravação, e não para dificultar. Por esse motivo, enxergue nele um aliado e não um inimigo. Para iniciar elaborando um bom roteiro, você precisa responder a algumas perguntas:

• Para quê? • Para quem? • Onde? • Como?

A resposta para a primeira pergunta (para quê?) deve conter um objetivo claro para que seja possível alcançar e impactar mais pessoas com o conteúdo. Na resposta para a segunda pergunta (para quem?) deve constar o público-alvo

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para o qual o trabalho será destinado. Para o público deve-se usar uma linguagem adequada e fácil de compreender (pode-se usar memes e bordões que estejam na moda para aproximá-lo do produto). A resposta para a terceira pergunta (onde?) deve contemplar as mídias em que o vídeo será rodado. E na resposta para a quarta pergunta (como?) devem constar critérios para a sua elaboração: tempo de vídeo, recursos de edição etc. A partir dessas respostas você conseguirá desenhar estratégias. Lembre-se de trabalhar com termos práticos que facilitem o processo de produção. Jamais se deve dificultar um trabalho que poderá ser realizado com prazer e diversão de todos os envolvidos.

PASSO 08 PRODUÇÃO DO PODCAST PROJETO DO PODCAST Existem atualmente muitos formatos de conteúdo à disposição dos usuários da Internet, os quais poderão selecionar o que consumirão de acordo com suas necessidades e preferências. O Podcast é um dos diversos formatos de conteúdo que têm chamado a atenção do público. Ele é ideal para quem trafega nas ruas congestionadas das cidades e quem usa fones. O Podcast é procurado atualmente porque é informativo e também educativo. Antes de tecer comentários, acerca da produção de um Podcast, é necessário saber exatamente o que é esse tipo de conteúdo. Podcasts são arquivos digitais de áudio transmitidos pela Internet e que funcionam como uma rádio online. De modo oposto aos demais conteúdos, são elaborados para serem ouvidos, tornando-os ideais para quem pode consumi-los realizando outras atividades cotidianas. No geral, transmitem palestras, debates e programas, sobre temáticas diversas e no intuito de promover alguma aprendizagem. Por sinal, há professores que estão investindo em Podcasts para ministrar aulas sobre conteúdos diversos. No cotidiano agitado, eles se tornaram uma opção para quem não dispõe de tanto tempo. Como elaborar um Podcast? Veja os passos:

• Selecione um tema para seu produto; • Determine os participantes do Podcast; • Planeje o conteúdo que será transmitido; • Convide alguém com boa oratória; • Separe o equipamento para a captação de áudio; • Edite, publique e divulgue seu Podcast.

Há diversos canais para a publicação do arquivo. Você utilizará uma plataforma de streaming, porque há algumas gratuitas e acessíveis. É possível criar um canal para a publicação de outros materiais.

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ETAPA 3

PROMOÇÃO DE UMA CAMPANHA PUBLICITÁRIA, DE CARÁTER MOBILIZADOR, INFORMATIVO E EDUCATIVO PASSO 09 CRIANDO ESPAÇOS VIRTUAIS NA INTERNET

vamos pesquisar! CRIANDO ESPAÇOS VIRTUAIS Cada vez mais próximas das pessoas, as redes sociais transformaram-se em uma grande vitrine de produtos publicitários. Atualmente, 130 milhões de brasileiros usam as redes sociais e passam cerca de 3 horas por dia navegando em busca de conteúdos diversos. Diante disso, estar entre esses conteúdos agora faz parte da estratégia de quem trabalha com publicidade. O objetivo, então, é o de se destacar dentre os demais conteúdos e conseguir resultados favoráveis à causa. Nesse sentido, o investimento em publicidade nas redes sociais deve ser feito de maneira correta. Está enganado aquele que pensa que fazer publicidade em redes sociais é uma tarefa difícil. Com os produtos das campanhas finalizados, é hora de divulgá-los. O primeiro passo é determinar quais são as redes sociais mais propícias para a circulação das peças. É importante, então, considerar para quem a campanha está direcionada. No caso deste Projeto, entende-se que as redes sociais, as plataformas de streaming, de compartilhamento de vídeos e fotos e aplicativos de mensagens instantâneas darão conta de fazer chegar ao público os resultados do trabalho empreendido. Cada rede social possui diretrizes próprias em relação à publicidade em seus espaços. Para traçar a melhor estratégia de divulgação, lembre-se de que campanhas com um planejamento fazem toda a diferença. Elas se utilizam do que está em alta na Internet. Acompanhando as peças nas redes sociais, é necessário redigir textos que sejam coerentes, apresentando-as. Além disso, é importante vincular a publicação a hashtags que facilitarão a divulgação. É sempre bom observar como os profissionais da publicidade usam as redes sociais para a divulgação de suas peças. Sendo assim, recomendamos uma pesquisa para verificar o modo de realizar as intervenções publicitárias em outros contextos. Desse modo, você realizará o trabalho partindo de um referencial e agindo conforme as exigências atuais do público-alvo.

CIRCULAÇÃO DAS PEÇAS PRODUZIDAS Antes do lançamento oficial da campanha, você pensará em estratégias para a circulação das peças. Em primeiro lugar, solicite aos estudantes que respondam às perguntas:

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1. O que será feito? 2. Por que será feito? 3. Quem fará? 4. Onde será feito? 5. Quando será feito? 6. Como será feito? Prováveis respostas: 1. Será realizada uma Campanha Publicitária para a promoção dos direitos da mulher. 2. É necessário promover a mulher através da Campanha Publicitária; 3. Nomes dos participantes; 4. Local de elaboração e local de alcance; 5. Tempo de produção e de circulação; 6. Métodos utilizados. O convite deverá ser elaborado em forma impressa contendo algumas dessas informações acima. Os participantes do evento devem receber o convite com até uma semana de antecedência.

PASSO 10 ORGANIZAÇÃO DO EVENTO! O GRANDE DIA! No dia do lançamento da Campanha Publicitária, todos os envolvidos na elaboração do Projeto devem ficar atentos à recepção dos convidados. Os espaços devem ser organizados com antecedência e oferecer um conforto aos familiares, vizinhos e à comunidade educativa. Os equipamentos devem ser testados para que nenhuma falha venha a ocorrer no momento da apresentação. Com todos dispostos em seus devidos lugares, é hora de dar início à palestra. Será lido o documento elaborado no Passo anterior (pode-se elaborar slides); Cada peça será apresentada na seguinte ordem: 1. Anúncio publicitário com imagem; 2. Jingle; 3. Vídeo; 4. Podcast. Explique aos convidados o passo a passo para a elaboração de cada peça. Convide-os para que façam parte da divulgação das peças produzidas. Afinal de contas, é do interesse coletivo que haja uma transformação no modo de pensar e de agir em relação às mulheres da comunidade.

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Professor(a), a avaliação no Projeto Integrador possui um caráter diagnóstico e formativo, sem um caráter classificatório. O processo deve preponderar mais que o produto. Nesse sentido, é relevante o acompanhamento progressivo dos estudantes durante a construção de todo o Projeto. A avaliação processual colaborará para que se verifique, mais de perto, se os estudantes estão se envolvendo, estão desenvolvendo as aprendizagens previstas, apoiando-os nas suas dificuldades. Recorde, sempre, que a proposta é que o estudante seja o protagonista do Projeto, o centro do processo de ensino e aprendizagem. Sua participação também é relevante ao término do Projeto, acompanhando a avaliação de desempenho de cada estudante e também dos grupos que foram formados. É importante conduzir este momento estando perto dos estudantes, provocando-os a realizar uma avaliação qualitativa, envolvendo todo o Projeto. Busque verificar se compreenderam as competências gerais e específicas e as habilidades da BNCC previstas no Projeto. Avaliar a aprendizagem na escola é um veículo para tornar bem-sucedidas as ações de ensinar e aprender. Portanto, não se pode desconectar a avaliação do estudante do processo de ensino do docente. Acompanhe com carinho o processo de avaliação do Projeto dos grupos de estudantes bem como a autoavaliação de cada um deles.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Ensino Médio. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2018. A Base Nacional Comum Curricular é o documento oficial do Ministério da Educação que oferece uma direção para toda atividade educacional desenvolvida no país. É um manual fundamental para o alinhamento de todas as ações em instituições educacionais. BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Comunicação Social. Pesquisa brasileira de mídia 2015: hábitos de consumo de mídia pela população brasileira. Brasília: Secom, 2014. A pesquisa em questão apresenta um levantamento quantitativo domiciliar sobre os hábitos de consumo de mídia pela população brasileira. Para o propósito deste Projeto, surge para entender quais os caminhos para se chegar ao público-alvo. CARDOSO, P. R. Estratégia Criativa Publicitária, Fundamentos e Técnicas. Porto: Edições Universidade Fernando Pessoa, 2000. Cardoso, em seu texto, foca na criatividade típica da Publicidade. Aponta para as estratégias linguísticas que podem fazer a diferença na produção de peças produzidas para a construção de sentidos. ESTEBAN, Maria Teresa. Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. Rio de Janeiro: DP&A, 1999. Teresa Esteban oferece reflexões a respeito das técnicas de avaliação presentes nos espaços escolares. A ação de avaliar deve estar em acordo com as características peculiares de um grupo em um espaço e a tempo específicos. HOFF, Tânia Márcia Cezar. O texto publicitário como suporte pedagógico para a construção

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de um sujeito crítico. Comunicação & Educação, v. 12, n. 2, p. 29-38, 2007. São Paulo: CCA / ECA / USP / Paulinas, 2007. A autora apresenta o texto publicitário (que se manifesta em diversos gêneros textuais) como a base fundamental para a construção de novos sujeitos críticos. Apresenta, portanto, as estratégias utilizadas para convencer alguém a agir de modo determinado. HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora. Porto Alegre: Mediação, 1993. Jussara Hoffmann é uma das maiores especialistas em avaliação de aprendizagem do país. Em seu livro, diz que na avaliação mediadora o professor deve prestar muita atenção no aluno, conhecê-lo, ouvir seus argumentos etc. para que a ação seja eficaz e justa. JAPIASSU, Hilton. A questão da interdisciplinaridade. Seminário Internacional Sobre Reestruturação Curricular. Secretaria Municipal de Educação, Porto Alegre, 1994. Hilton Japiassu diz que a interdisciplinaridade tem aparecido como uma panaceia, surgindo para superar as estreitezas e a miopia do conhecimento disciplinar ou indisciplinado. Para o autor, existe a exigência de um diálogo ecumênico entre as diversas disciplinas científicas. LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 18 ed. São Paulo: Cortez, 2006. O livro de Cipriano Luckesi oferece suporte para melhor compreender a ação de avaliar a aprendizagem dos estudantes e, dessa forma, orientar uma prática mais adequada às suas finalidades. MORIN, Edgar. Educação e complexidade: os sete saberes e outros ensaios. São Paulo: Cortez, 2007. Edgar Morin, em seu livro, apresenta reflexões profundas sobre educação. Esse autor defende o pensamento integral, uma vez que permite ao homem concretizar uma meditação mais pontual. SANT’ANNA, Armando. Propaganda: teoria, técnica e prática. 7.ed. São Paulo: Pioneira, 2002. Armando Sant’Anna une seus conhecimentos e experiência profissional com a experiência de dez anos no magistério, abordando todos os campos da propaganda e publicidade de modo prático, de grande utilidade para profissionais.

MENDONÇA, J. G. R.; RIBEIRO, P. R. M. Algumas reflexões sobre a condição da mulher brasileira da colônia às primeiras décadas do século XX. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, 2010. Disponível em: <https://repositorio.unesp.br/handle/11449/124957> Acesso em: 17 de fev. de 2020. Paulo Ribeiro e João Mendonça revelam a construção histórica da posição feminina frente ao homem e à sociedade e das atitudes e comportamentos ligados ao gênero e à sexualidade. TEIXEIRA, Níncia. Discurso publicitário e a pedagogia do gênero: representações do feminino. CMC – Comunicação, mídia e consumo. São Paulo, 2009. Disponível em: <http://revistacmc. espm.br/index.php/revistacmc/article/view/165>. Acesso em: 17 de fev. de 2020. Níncia Teixeira apresenta um aporte interessante para reflexões acerca do discurso na publicidade em relação à questão de gênero. A autora apresenta exemplos para expor as representações do feminino nessa esfera social. BALONAS, Sara. A publicidade a favor de causas sociais: evolução, caracterização e variantes do fenômeno em Portugal. RepositórUM. Minho: Minho Library, 2007. Disponível em: < https://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/7773> Acesso em: 17 de fev. de 2020. Sara Balonas traz outras considerações a respeito da publicidade voltada para causas sociais, traçando um panorama desse tipo de publicidade em seu país, Portugal.

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Conhecendo o Projeto Prezado(a) professor(a), nós elaboramos o Projeto Fake News: como evitar a trama da desinformação? porque entendemos que existe a necessidade de discutir o problema da circulação de notícias falsas no cotidiano e de oferecer caminhos para que ele seja amenizado em nossa sociedade. Essas notícias circulam nos veículos de comunicação como se fossem reais para embasar pontos de vista, muitas vezes prejudicando um indivíduo ou um grupo inteiro. Nós entendemos que um modo eficaz de lidar com a questão das Fake News é ampliando a capacidade das pessoas de compreender como funciona o sistema de desinformação para que nele possa intervir de forma democrática, realizando um debate público. O conceito de Fake News vem de séculos passados e não existe uma data oficial de sua origem. A palavra “fake” não era utilizada para fazer referência a esse tipo de conteúdo. Utilizava-se “false” para nomear os boatos de grande circulação nos países de Língua Inglesa. De acordo com o Correio Braziliense, em uma matéria produzida sobre esse assunto, a produção e a circulação de conteúdo falso compõem um verdadeiro mercado. Esta matéria diz que esse mercado é alimentado por pessoas de grande autoridade. As equipes que trabalham espalhando o conteúdo falso podem ser compostas por jornalistas, publicitários, profissionais da área de tecnologia e até policiais (que garantem a segurança da sede e dos equipamentos utilizados). Nas redes, perfis falsos são abertos para disseminar notícias e vídeos de sites. Além disso, esses perfis estimulam seus contatos a realizarem o mesmo. Contratantes desse serviço investem altos valores para que as notícias falsas sejam divulgadas de modo sigiloso sem deixar rastros para possíveis investigações. Para evitar o rastreio, os produtores mudam de local constantemente, assim como alterados também são os endereços dos servidores. Atualmente, as páginas de notícias falsas têm maior participação de usuários das redes sociais do que as páginas oficiais de conteúdo jornalístico. Enquanto houve uma queda de 17% no engajamento nas páginas oficiais, as páginas de notícias falsas tiveram um aumento de 61%. Esses números revelam a necessidade de discutir propostas de intervenção para essa questão. Embora o combate às Fake News seja difícil, ele não é impossível. Para o

ESTE PROJETO CONTEMPLA O TEMA TRANSVERSAL CONTEMPORÂNEO VIDA FAMILIAR E SOCIAL

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usuário comum da Internet, o essencial é conseguir identificar uma notícia mentirosa ou sensacionalista e não compartilhar. As agências de Fact-checking são uma ferramenta de grande utilidade para saber a procedência de um texto. No Brasil, dispomos de agências (formadas por diversos jornalistas brasileiros e por uma rede de investigadores).

ObjetivoS, COMPETÊNCIAS E HABILIDADES Professor, verifique no quadro a seguir, a relação entre os objetivos do Projeto e as Competências Gerais indicadas na Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018), bem como as Competências e Habilidades Específicas da área de Linguagens e suas tecnologias, que serão desenvolvidas neste Projeto.

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC QUE SERÃO TRABALHADAS NO PROJETO OBJETIVOS

COMPETÊNCIAS GERAIS

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS

HABILIDADES

1. Estudar sobre agências de investigação contra Fake News e investigar notícias falsas publicadas no ano, de forma a compreender os processos de produção e disseminação de informações e a acessar informações confiáveis como base para a formulação e defesa de suas ideias e pontos de vista.

2

1

EM13LGG101 EM13LGG102

2. Mobilizar conhecimentos científicos em torno do gênero notícia e refletir, de forma crítica, sobre os critérios de noticiabilidade.

4e7

1

EM13LGG103 EM13LGG104

3. Utilizar as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação para criar uma plataforma de gestão de informações e análise das Fake News.

5e6

7

EM13LGG701 EM13LGG704

Fonte: elaborada pelos autores, 2020.

Relacionado à Competência 2 da BNCC, o objetivo 1 do Projeto encaminha o estudante à pesquisa das agências de investigação contra Fake News. Após elencar as agências em atividade no país, serão investigadas as principais notícias falsas publicadas no último ano. De acordo com o documento, é necessário incitar a curiosidade intelectual e buscar a abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções com base nos conhecimentos das diferentes áreas. O objetivo 2 do Projeto está relacionado às Competências 4 e 7 da BNCC. Serão mobilizados os conhecimentos acerca do gênero notícia (sua estrutura, sua função social e seu suporte) e haverá reflexão acerca dos critérios de noticiabilidade, considerando os conhecimentos referentes à produção e recepção de textos e os critérios que a eles conferem legitimidade. A notícia é utilizada para justificar pontos de vista no cotidiano, por isso a argumentação também será estudada neste momento do Projeto. De acordo com o documento, é necessário utilizar diferentes conhecimentos das linguagens, inclusive o da científica, para expressar e

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partilhar informações em diferentes contextos, produzindo sentidos que levem ao entendimento mútuo. O objetivo 3 do Projeto está relacionado às Competências Gerais 5 e 6 da BNCC. Será criada uma agência de investigação contra Fake News de forma criativa, considerando as relações próprias do mundo do trabalho, gerindo-a e fazendo escolhas alinhadas ao exercício da cidadania, respeitando as liberdades individuais, a autonomia de cada integrante da equipe, estimulando sua consciência crítica e sua responsabilidade. De acordo com o documento, é necessário apreciar a diversidade de conhecimentos e vivências culturais e apropriar-se de experiências que possibilitem entender as relações típicas do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas à prática da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. Os estudantes exercerão protagonismo utilizando as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação.

JUSTIFICATIVA As notícias fazem parte de nosso cotidiano e estão sempre ao nosso redor. Nos textos, pode-se encontrar visões de mundo, conflitos de interesses e preconceitos manifestados na palavra, em diferentes mídias: rádio, TV, Internet etc. Partindo delas, é possível analisar o funcionamento das linguagens no intuito de interpretar discursos visuais, verbais, sonoros e gestuais produzidos em função do público-alvo. Com a disseminação de Fake News, surgiu uma preocupação da sociedade em relação a seus desdobramentos, uma vez que os rumos da sociedade podem ser determinados pelo alcance desses textos. Essas notícias revelam para nós perspectivas, interesses e as relações de poder de grupos específicos da sociedade. Analisando-as, pode-se compreender melhor os processos de disputa por legitimidade nas práticas de linguagem. É necessário, então, ter um posicionamento crítico diante das diversas visões de mundo manifestadas na superfície dos textos. Para que um posicionamento crítico não tropece na questão do reducionismo, é necessário considerar os contextos de produção e de circulação de tais textos, debatendo questões polêmicas de relevância para a coletividade. Em uma análise aprofundada, é possível realizar um mapeamento das diversas possibilidades de atuação social, política, artística e cultural das notícias no enfrentamento dos principais desafios da atualidade, uma vez que a língua é um fenômeno (geo)político, histórico, social, cultural, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso. É possível, ainda, avaliar o impacto das tecnologias na questão do compartilhamento frenético das notícias falsas. Embora grande parte dos compartilhamentos seja feita por BOTS – contas criadas para replicar mensagens e influenciar o debate público -, uma pesquisa do MIT (Massachusetts Institute of Technology) em 2018 confirmou que o compartilhamento de conteúdo mentiroso acontece mais pela ação humana do que por robôs. O estudo também demonstrou que as notícias falsas se proliferam mais rápido do que as notícias verdadeiras. Nessa circunstância, cresce a importância de abordar esse assunto em sala de aula. Assim como questões de cidadania, como não agredir um colega, o estudante precisa entender os limites da cidadania. A escola precisa formar o cidadão digital por completo. Além das aptidões técnicas, a escola deve oferecer uma formação mais abrangente que desenvolva uma formação crítica dos estudantes acerca do que eles leem nos sites da Internet.

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O tom alarmista das Fake News surge para aproveitar a atual polarização ideológica tão presente na atualidade, levando pessoas a acreditarem apenas no que dialoga com suas visões de mundo. No geral, a notícia falsa dialoga com crenças, gostos, tendências. O estudante, então, precisa ter formação crítica para avaliar um texto antes de sua leitura. Isso encontra-se em consonância com a Competência 7 da BNCC, pois aponta para a capacidade do estudante de argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo e dos outros. É importante que os estudantes sejam capazes de entender que suas opiniões não podem influenciar na apreciação da veracidade de uma informação. Uma maneira de trabalhar esse assunto em sala de aula é explorando a diferença entre fato e opinião. Além disso, outro ponto essencial é não dar importância aos boatos, ensinando aos alunos o real valor das notícias verdadeiras e o real valor do bom jornalismo para a democracia do Brasil.

Produto Final É possível fazer uma checagem em casa para verificar a procedência de uma publicação na Internet, buscando fontes confiáveis, questionando, certificando-se de que existem referências no texto, avaliando a linguagem utilizada, vendo se é possível contatar o veículo etc. Porém, sabe-se que nem todo mundo possui tempo suficiente para realizar uma análise criteriosa de cada texto recebido. Por essa razão, é proposta a criação de uma agência de Fact-checking. Os estudantes construirão uma empresa, seguindo os critérios das principais agências de verificação da atualidade no Brasil. Para isso, deve-se seguir um passo a passo com atividades que trarão clareza quanto às exigências do mundo atual em relação ao trabalho proposto. Em primeiro lugar, os estudantes farão um estudo acerca das agências que atuam no mercado e sobre notícias falsas. Em seguida, continuarão o estudo acerca do gênero textual notícia e sobre os critérios de noticiabilidade que podem conferir credibilidade a um texto. Logo após, utilizarão as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação para criar um espaço de gestão e análise e, também, para criar espaços de circulação das análises para o público. Este é um trabalho que requer atenção e dedicação! Para a realização de algumas atividades, será necessário dispor de alguns recursos tecnológicos. Se não for possível levar os estudantes a um laboratório de informática, pode-se utilizar smartphones, tablets ou quaisquer outros equipamentos que pertençam aos envolvidos no Projeto. Nessa circunstância, faz-se necessário atentar para o correto uso desses equipamentos, para que nenhum conflito seja gerado na escola. É importante deixar claro que a liberação do uso dos equipamentos é condicionada exclusivamente à realização das atividades propostas no Projeto. Os materiais necessários para o desenvolvimento do Projeto são: caderno escolar; caderno de produção textual; caneta, lápis e borracha; computador com programa editor de imagem e vídeo conectado à Internet ou dispositivo móvel (smartphone, tablet) conectado à Internet. Veja como viabilizar esses materiais junto à equipe gestora da escola.

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DESENVOLVIMENTO DO PROJETO Para a realização deste Projeto, sugerimos um planejamento trimestral, com carga-horária prevista de 20 horas-aula, devendo o Projeto ser conduzido sob a liderança do professor de Língua Portuguesa, de forma interdisciplinar, em conjunto com os professores dos componentes curriculares História e Geografia, conforme apresentado na tabela a seguir:

SUGESTÃO DE PLANEJAMENTO TRIMESTRAL PARA O PROJETO ETAPA

PASSOS

NÚMERO DE AULAS

COMPONENTE(S) ASSOCIADO(S)

Conhecendo o Projeto Apresentação do Projeto

0

1

Língua Portuguesa, História, Geografia

Desenvolvendo o Projeto

Etapa 1: Estudo sobre agências de investigação contra Fake News e sobre notícias falsas

Etapa 2: Estudo e reflexão em torno do gênero notícia e dos critérios de noticiabilidade. Criação da Agência de investigação contra Fake News

Etapa 3: Utilização das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs) para criação de plataforma de gestão e análise e divulgação dos resultados

Passo 1: Investigando agências contra Fake News

Língua Portuguesa Geografia 3

Passo 2: A Fake News que acabou em tragédia

Língua Portuguesa História

Passo 3: Propriedades da notícia

Língua Portuguesa

Passo 4: Os Elementos da Comunicação na notícia

6

Língua Portuguesa

Passo 5: As agência de Fact-checking

Língua Portuguesa

Passo 6: A transformação digital está revolucionando o universo da comunicação?

Língua Portuguesa

Passo 7: Recebendo notícias online com formulário online

Língua Portuguesa

Passo 8: É fato ou fake?

9

Língua Portuguesa

Passo 9: Redes sociais mais populares no Brasil

Língua Portuguesa

Passo 10: O grande dia

Língua Portuguesa

Avaliando o Projeto Avaliação coletiva e individual do Projeto

0

1

Língua Portuguesa

Fonte: elaborada pelos autores, 2020.

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Antes de iniciar as Etapas deste Projeto, recomendamos a realização de uma avaliação diagnóstica, que lhe permita identificar conhecimentos, habilidades, atitudes e valores até então desenvolvidos pelos estudantes. Sugerimos algumas pautas para uma conversa com os estudantes: Fake News; Gênero Discursivo – Notícia; Redes Sociais; Empreendedorismo. Analise o resultado do levantamento inicial e o utilize para fazer os ajustes que entender necessários no planejamento das aulas do Projeto, a partir desse diagnóstico, ou seja, observe a necessidade de revisão de conteúdos básicos, antes ou durante as ações que demandam conteúdos prévios. Explore as potencialidades dos estudantes para que o resultado final seja satisfatório.

ETAPA 1 – ESTUDO SOBRE AGÊNCIAS DE INVESTIGAÇÃO CONTRA FAKE NEWS E SOBRE NOTÍCIAS FALSAS. Professor, neste primeiro momento, reitere o título da Etapa e explique por que é fundamental fazer um estudo sobre as agências de investigação contra Fake News e sobre notícias falsas. No Passo 1, o estudo contempla uma pesquisa que tem o objetivo de fazer um levantamento das empresas de Fact-checking em atividade no Brasil. Neste momento, é importante não apenas preencher a tabela com os dados encontrados, mas ter uma noção básica de como essas empresas atuam e quais métodos utilizam. Os sites oficiais de cada agência apresentam as diretrizes que norteiam as ações de todos os jornalistas. As linhas editoriais, por sinal, são documentos obrigatórios em quaisquer empresas de comunicação. No Passo 2, os estudantes pesquisarão as principais notícias falsas compartilhadas no último ano nas principais redes sociais. Antes de iniciar o trabalho de pesquisa, conhecerão a história de Fabiane Maria de Jesus, que foi vítima de violência motivada pelo compartilhamento frenético de uma notícia falsa acerca de sua conduta na comunidade de que fazia parte. Esse caso é emblemático no país, pois demonstra o potencial maléfico do compartilhamento de mensagem sem um senso crítico formado. Pesquisas são processos sistemáticos que geram novos conhecimentos. Com elas é possível aumentar um conhecimento já constante no repertório do pesquisador e do grupo social de que faz parte. Para esta Etapa, serão necessárias 3 aulas.

ETAPA 2 – ESTUDO E REFLEXÃO EM TORNO DO GÊNERO NOTÍCIA E DOS CRITÉRIOS DE NOTICIABILIDADE. CRIAÇÃO DA AGÊNCIA DE INVESTIGAÇÃO CONTRA FAKE NEWS. Na Etapa 2, especificamente no Passo 3, apresente o gênero textual notícia, considerando suas propriedades - estrutura, função social e suporte. Para que possam manusear os textos que serão recebidos para a análise, os estudantes precisam compreender os mecanismos da língua que estão presentes no corpo da notícia, sua função social (a de informar) e os possíveis suportes (jornais, revistas, rádio, televisão, Internet etc.). Além disso, estudarão os valores-notícia que conferem ao texto em análise o status de notícia. No Passo 4, após o estudo do gênero textual, conhecerão os Elementos da Comunicação (emissor, receptor, mensagem, canal, código e referente). Verão que esses elementos atuam em cooperação no intuito de que o ato comunicativo seja efetivado. Analisarão um texto para identificar cada elemento da comunicação. No Passo 5, os estudantes construirão uma agência de Fact-checking, atribuindo-lhe um nome que esteja de acordo com a proposta e elaborando os métodos de checagem. Definidos o nome e os métodos de checagem, desenharão um logotipo que constitua a identidade da empresa e que remeta a sua atividade principal: trabalhar para garantir à comunidade educativa e a quem possa interessar a informação de qualidade. Para esta Etapa, serão necessárias 6 aulas.

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ETAPA 3 – UTILIZAÇÃO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TDICs) PARA CRIAÇÃO DE PLATAFORMA DE GESTÃO E ANÁLISE E DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS. Na Etapa 3, especificamente no Passo 6, os estudantes farão uma reflexão acerca do universo da comunicação dentro do contexto das inovações tecnológicas. Os textos produzidos nesse contexto são facilmente compartilhados na Internet, alcançando um público significativo em um curto espaço de tempo. Por essa razão, será importante conhecer as características do público para o qual trabalharão e em que espaços virtuais eles podem ser encontrados. No Passo 7, após o mapeamento desse público em função da mídia que utiliza, construirão um espaço virtual para que os primeiros textos possam chegar à equipe de trabalho. Esse espaço virtual receberá um logotipo e será customizado de acordo com as características próprias das empresas desse ramo. Para tornar esse espaço possível, usarão uma ferramenta online e gratuita que permita a criação de formulários online. Esse espaço virtual será a base de comunicação entre o público que anseia pela informação de qualidade e a equipe responsável pelas checagens. No Passo 8, os estudantes realizarão as primeiras checagens do material recebido. Em seguida, no Passo 9, conhecerão as principais características das redes sociais no Brasil. Criarão perfis exclusivos para que os primeiros resultados sejam divulgados. Optamos pelas redes sociais mais populares por entendermos que nelas ocorre o compartilhamento frenético de notícias falsas. Pode-se, então, criar uma nova cultura dentro dessas redes, solicitando do público uma mudança de hábito, optando por notícias que veiculem informações verdadeiras e de qualidade. Após as análises dos textos recebidos, é hora de organizar o evento de lançamento da empresa de Fact-checking. Os estudantes organizarão o evento seguindo passos que fortalecerão a marca criada, aproximando seu público em potencial. Por enquanto, este é o momento do pré-lançamento. No Passo 10, enfim, receberão todos os participantes previamente convidados para dar início à apresentação da empresa. Após o desenvolvimento do Projeto, será realizada a avaliação final. Para esta Etapa, serão necessárias 9 aulas. Para a avaliação final será necessária 1 aula.

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ETAPA 1

ESTUDO SOBRE AGÊNCIAS DE INVESTIGAÇÃO CONTRA FAKE NEWS PASSO 01 INVESTIGANDO AGÊNCIAS CONTRA FAKE NEWS

AS AGÊNCIAS DE FACT-CHECKING NO BRASIL

vamos pesquisar! Professor, neste primeiro Passo, os estudantes pesquisarão as agências de Fact-checking que atuam no país. Para o desenvolvimento da atividade, sugerimos o uso de computadores conectados à Internet. Caso não seja possível, a pesquisa poderá ser realizada em equipamentos próprios, como smartphones, tablets ou quaisquer outros equipamentos conectados à rede. Os dados encontrados deverão ser registrados na tabelas, no caderno de anotações.

PASSO 02 A FAKE NEWS QUE ACABOU EM TRAGÉDIA O CASO FABIANE MARIA DE JESUS

vamos pesquisar! O uso da expressão Fake News não é consensual. Aqueles contrários ao uso do termo apontam os seguintes problemas: o termo notícia falsa é contraditório, pois, para ser classificada como notícia, a informação não pode ser falsa. Antes de tudo, exige-se que seja verdadeira. A expressão muitas vezes é concebida pelos políticos como arma para limitar a liberdade de expressão de imprensa, alegando-se, quando a notícia não os favorece, que se trata de Fake News. Sabendo disso, sugere-se que você promova com os alunos debates em sala sobre o uso do termo Fake News e compartilhe com eles também outra expressão, a da desinformação, utilizada para os casos de distorção, para conteúdo que desvirtua, oculta ou manipula a informação. Também é importante que os debates sobre os temas Fake News e “desinformação” possam ser complementados com outras atividades, como a exibição

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de vídeos de especialistas explicando os termos. Feito isso, pode-se, como atividade, propor ao aluno pesquisar as principais notícias falsas compartilhadas no último ano. Valem as notícias do seu país, da sua região, do seu estado, da sua cidade, do seu bairro ou de outros países. Para maiores informações, acesse a cartilha Desinformação: ameaça ao direito à comunicação muito além das Fake News, disponível em: app.rios.org.br/index.php/s/ p9HoCNpPoPYQJc5/download (acesso em: 22 fev. 2020).

ETAPA 2

ESTUDO DA NOTÍCIA PARA CRIAÇÃO DE AGÊNCIA DE FACT-CHECKING PASSO 03 PROPRIEDADES DO GÊNERO NOTÍCIA

vamos pesquisar! Antes de entrar no universo da notícia no que se refere a suas propriedades, cabe discutir e compreender o que são gêneros textuais. Gêneros são categorias de texto que podem ser associadas a situações comunicativas diversas no cotidiano. Eles são definidos com base em suas funções sociais. De modo geral, são textos que se realizam por razões determinadas e em contextos específicos para promover uma interação. A cada vez que um texto é produzido, um gênero é convocado:

• Em função do que se diz; • Em função da intenção ao dizer; • Em função da reação do interlocutor ao dizer.

Para tratar da notícia, precisa-se considerar sua função social de informar alguém sobre uma ocorrência específica. É um texto muito comum nos meios de comunicação de modo geral, impresso em jornais ou revistas, divulgado na Internet ou exibida na TV. Por integrar a esfera jornalística, ela se caracteriza como uma narrativa técnica. Por essa razão, sua linguagem é mais formal, imparcial e isenta de subjetividade. A notícia relata fatos condicionados ao interesse do público em geral, informando-o sobre acontecimentos que podem provocar algum impacto em seu cotidiano. Sua linguagem é clara, precisa e objetiva no intuito de evitar quaisquer interpretações equivocadas. Além disso, ela possui atributos, como impacto, proximidade, proeminência, raridade, polêmica, que conferem legitimidade e veracidade à notícia. Para facilitar o entendimento sobre os valores-notícia, você, professor, pode mencionar exemplos, utilizando valores como proximidade, impacto, a partir de notícias em jornais impressos, TVs, áudios, vídeos e sites jornalísticos. Você pode aproveitar a mesma notícia para apresentar os itens do primeiro parágrafo (lead), identificando, juntamente com o estudante, os seguintes elementos: O quê? Quem? Quando? Onde? Como? Por quê?

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PASSO 04 OS ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO NA NOTÍCIA A TEORIA DE JAKOBSON

vamos pesquisar! Os Elementos da Comunicação estão segmentados em seis tipos distintos. De modo geral, para que uma comunicação seja possível, é fundamental que os seis elementos estejam presentes e em sinergia. A comunicação está intimamente interligada à linguagem e à interação. Sendo assim, as duas convocarão os seis elementos para compor uma situação comunicativa. Qualquer ato comunicativo solicita um emissor (quem emite) e um receptor (quem recebe). A elaboração do texto é da responsabilidade do emissor e a compreensão, do receptor. Para que se configure como uma comunicação, é necessário que o receptor compreenda a mensagem transmitida pelo emissor. Não há comunicação quando não há compreensão.

• O emissor: é o mais importante dos Elementos da Comunicação, uma vez que ele tratará de dar início a uma atividade comunicativa.

• A mensagem: é a representação verbal ou não verbal do conteúdo a ser transmitido.

• O canal: é o local por meio do qual a mensagem é transmitida. • O código: é a união de signos utilizados para a transmissão da mensagem. • O referente (ou contexto): é a situação comunicativa em que se encontram o emissor e o receptor.

• O receptor: é o que recebe uma mensagem através de um canal com um có-

digo determinado e em um contexto específico. Uma mensagem transmitida de nada serve quando não há compreensão por parte do receptor. A essa ausência de comunicação dá-se o nome de ruído. O ruído ocorre quando o receptor não consegue decodificar a mensagem transmitida através de um canal por um emissor. Sugestões de respostas para a atividade proposta:

ANÁLISE DA NOTÍCIA ELEMENTO DA COMUNICAÇÃO

INFORMAÇÃO CORRESPONDENTE

Emissor

R7 Notícias.

Receptor

Leitores interessados em notícias sobre o ENEM.

Canal

Portal da Internet.

Referente

País com certame de ingresso às universidades.

Código

Língua Portuguesa.

Mensagem

O ENEM como porta de entrada para o Ensino Superior.

Fonte: elaborada pelos autores, (2020).

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1. Qualquer contexto diferente do proposto (o estudante deve elaborar uma situação concreta). 2. A correção deve considerar as propriedades do gênero notícia (estrutura, função social e suporte). Após a correção, deve-se solicitar a reescrita.

A NOTÍCIA COMO ESTRATÉGIA ARGUMENTATIVA EM UM DIÁLOGO

vamos REFLETIR! Neste caso, em circunstância afirmativa, o estudante precisa descrever o efeito de sentido gerado pela transposição da notícia para um contexto diferente. Pode-se promover uma discussão aberta para que o estudante compartilhe com a turma um exemplo de transposição intencional do texto. Professor, recomenda-se a leitura do livro A Arte de Argumentar, de Bernard Meyer. O autor aborda a argumentação em perspectiva abrangente, considerando as situações corriqueiras do cotidiano. Ele defende a ideia de que a argumentação está presente em qualquer ato comunicativo: em uma entrevista de emprego, em uma conversa em um aplicativo de mensagens instantâneas etc.

PASSO 05 AS AGÊNCIAS DE FACT-CHECKING AS AGÊNCIAS DE INVESTIGAÇÃO CONTRA FAKE NEWS

vamos praticar! A checagem exige do jornalista uma atenção plena para o conteúdo da mensagem a ser analisada. Por sinal, para um jornalista atento, uma única leitura é suficiente para classificar uma notícia como verdadeira ou falsa. As agências ainda não dispõem de robôs programados que facilitem a varredura que precisa ser feita. A análise, no entanto, não pode ser feita com base em opiniões desprovidas de uma reflexão mais atenta. Ao criar uma agência, é necessário seguir alguns passos para que o trabalho não dê margem a questionamentos dos leitores. Para que não existam questionamentos, todo o processo de criação da agência deve ser levado a sério, da criação do logotipo à publicização dos primeiros resultados. Embora sustentem um trabalho mais artesanal em relação ao realizado por agências internacionais, as agências brasileiras possuem seus critérios. Para criar o logotipo da empresa, precisamos considerar o ramo de atividade e para quem o produto será direcionado. De posse dessas informações, é chegada a hora de usar a criatividade para delinear um projeto da imagem que deverá fixar na mente do leitor.

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ETAPA 3

CRIAÇÃO DA PLATAFORMA DE GESTÃO E ANÁLISE DAS NOTÍCIAS PASSO 06 A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL ESTÁ REVOLUCIONANDO O UNIVERSO DA COMUNICAÇÃO? O PASSO A PASSO DA CHECAGEM Jornalistas duvidam e questionam à exaustão. Para verificar a procedência dos textos que circulam na Internet, eles seguem uma metodologia rigorosa de trabalho. Essa metodologia é desenvolvida de acordo com os processos bem-sucedidos elaborados por agências de investigação que já atuam no mercado há mais tempo. É com base em exemplos de sucesso no mundo que os jornalistas brasileiros elaboram seus métodos de investigação. Há agência cuja metodologia, possui algumas etapas e inicia com a checagem diária do que é dito por pessoas famosas, líderes sociais e políticos, em diversas mídias: programas de televisão, Internet, rádios, revistas e jornais. O que eles dizem é a matéria-prima de todas as atividades realizadas pelas equipes das agências de verificação. A agência engaja esforços para verificar o nível de verdade de afirmações que contenham dados históricos, dados estatísticos, comparações ou informações acerca do caráter legal ou constitucional de um fato. Essa agência ainda pode examinar a qualidade de produtos ou de serviços oferecidos por empresas. Quando as pessoas precisam tomar decisões, elas podem recorrer às análises feitas. Os jornalistas dessa agência fazem um levantamento do que está publicado acerca de um assunto específico. Após o levantamento, buscam uma base de dados oficial e iniciam o trabalho de garimpo. Para finalizar seu trabalho, os jornalistas recorrem às análises dos especialistas para evitar equívocos antes de atribuir uma classificação para o objeto da investigação. Para conferir credibilidade ao trabalho, links e imagens são disponibilizados.

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PASSO 07 RECEBENDO NOTÍCIAS COM O FORMULÁRIO ONLINE CONSTRUINDO A AGÊNCIA ONLINE As tecnologias têm conquistado espaço em todas as esferas sociais. Na educação não poderia ser diferente. O quadro, o giz e os livros também são tecnologias usadas ao longo do tempo e ainda são importantes no processo de aprendizagem. No entanto, assim como as gerações mudam, os meios de interação mudam também. Assim, é fundamental acompanhar as mudanças que surgem para fazer as reflexões sobre o modo de atuar do professor. As modernas tecnologias digitais da informação e comunicação têm viabilizado a transmissão de informações por meio das atuais ferramentas que possibilitam um manuseio rápido e prático de conteúdos antes não tão acessíveis. Mesmo facilitando os processos pedagógicos nas escolas, alguns profissionais da educação ainda se mantinham resistentes ao uso. Um dos recursos tecnológicos utilizados neste Projeto é o serviço online de criação de formulário que pode auxiliar o estudante na criação de um espaço virtual para o recebimento de textos para análise. Vamos refletir sobre o uso do recurso nesta circunstância. Há diversos serviços! Eles permitem a criação de questionários online, coleta de resposta de modo sistematizado, gerando economia de tempo e substituição de papel por um canal digital. Por serem rápidos e práticos, permitem aperfeiçoar o tempo de resposta de análise, proporcionando melhores condições à equipe de trabalho de verificação de textos. O formulário solicita do interlocutor algumas informações básicas para a continuidade da análise. Esta é apenas uma sugestão. Outras informações poderão ser solicitadas de acordo com as necessidades de cada região. No caso de nossa agência, solicitaremos as seguintes:

INFORMAÇÕES PARA O FORMULÁRIO ONLINE Nome completo

*************

Cidade / Estado

*************

Profissão (ou atividade)

*************

Línk do texto para análise

*************

Comentários

*************

Fonte: elaborada pelos autores, (2020).

O campo “Nome completo” deverá estar presente para comunicar ao interlocutor que se espera dele uma ação ética e responsável. A informação “Cidade / Estado” situará a equipe de trabalho quanto ao possível raio de alcance do texto a ser analisado. A informação “Profissão (ou atividade)” será útil para que seja possível identificar de que lugar social se comunica o interlocutor. O “Link do texto para análise” contemplará o material de análise da empresa. E nos “Comentários” será possível tecer considerações acerca da desconfiança.

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PASSO 08 É FATO OU FAKE? ANALISANDO OS PRIMEIROS TEXTOS Roteiro de checagem Para realizar a checagem dos textos, utilize a tabela a seguir:

TABELA PARA ANÁLISE DE TEXTOS Critérios

Não

Sim

Título desconectado do corpo do texto Texto alarmista Informações pouco específicas Texto com data de publicação antiga Imagens e áudios retirados do contexto original Texto publicado por veículo não profissional Fonte: elaborada pelos autores, (2020).

É importante ter em mente que, embora sejam úteis, esses critérios podem não ser suficientes para que um texto seja classificado como falso. Cada texto deve ser analisado individualmente, considerando aspectos do contexto de produção e de circulação:

• Quem o produziu; • Para quem foi produzido; • Com que intenção foi produzido; • De que modo foi produzido; • Em que local e a que tempo.

As etiquetas de checagem devem ser elaboradas considerando todos esses aspectos contextuais.

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PASSO 09 CRIANDO PERFIS NAS PRINCIPAIS REDES SOCIAIS REDES SOCIAIS MAIS POPULARES NO BRASIL Aproximadamente 200 informações improcedentes circulam, a cada dia, nas principais redes sociais do país. Uma pesquisa realizada, em 2016, pela Secretaria de Comunicação do Governo Federal demonstra que quase metade da população brasileira se informa pela Internet. Por essa razão (e considerando a circunstância atual de disseminação de notícias falsas), exige-se mais a conscientização da população acerca dos males provocados pelas Fake News. Esse sistema de produção e compartilhamento de notícias tem solicitado da sociedade um aprofundamento sobre os conhecimentos necessários para a separação de informações úteis de informações inúteis. O crescimento das chamadas notícias falsas incluiu no cerne da discussão a função das principais redes sociais, uma vez que elas são utilizadas para essa disseminação. Reconhece-se que o fenômeno da desinformação é antigo, mas é consenso entre pesquisadores do assunto que, devido ao alcance e velocidade permitidos pelo compartilhamento de mensagens nesses ambientes, o problema tornou-se mais sério. Para amenizar os questionamentos acerca da responsabilidade pela disseminação de conteúdo falso, as redes sociais anunciaram medidas para combater esse problema tão danoso. No Brasil, existem ferramentas que os usuários das redes podem usar para indicar posts como suspeitos. A partir de então, esses posts são checados pelas agências com métodos próprios. Algumas agências de investigação classificam os textos em:

• Verdadeiro • Verdadeiro, mas... • Ainda é cedo para dizer • Exagerado • Contraditório • Insustentável • Falso

Em 2018, as checagens passaram a ter consequência para seus produtores. As mensagens falsas tiveram o alcance reduzido e os usuários que compartilharam receberam notificação. Neste Projeto, os estudantes utilizarão as redes sociais de forma positiva para garantir ao interlocutor informação de qualidade, conservando, assim, todos os princípios democráticos. É importante incluir um trabalho de conscientização da população acerca dos males gerados pela disseminação de conteúdo falso nas redes sociais.

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PRÉ-LANÇAMENTO DA EMPRESA DE INVESTIGAÇÃO DE FAKE NEWS NA COMUNIDADE Professor, é importante verificar a disponibilidade de um espaço adequado à realização do evento com antecedência. Esse espaço deve conter recurso multimídia para a apresentação do trabalho final. Reserve o espaço e teste todos os equipamentos eletrônicos.

PASSO 10 O GRANDE DIA LANÇAMENTO DA AGÊNCIA DE FACT-CHECKING É sempre um grande trabalho organizar um evento, no entanto, quando as estratégias estão bem elaboradas, esse trabalho pode se tornar prazeroso e uma grande oportunidade de trocar conhecimentos e afetos. São diversas as variáveis envolvidas nesse processo. É da responsabilidade da equipe elaborar um planejamento com detalhes de todas as etapas para que tudo aconteça dentro do previsto. Antes de partir para a prática, deve-se ter uma visão bastante clara dos objetivos do evento. Vamos conversar sobre eles. Em primeiro lugar, vamos responder a algumas perguntas:

• O que a equipe quer alcançar com o evento? • O que o evento suscita de importante aos participantes? • Qual o diferencial primordial? • Qual público participará e quais suas demandas? • Quais as expectativas desse público? • De que modo o evento pode surpreender? • O evento oferecerá tudo o que se espera dele?

Respondidas as perguntas, pode-se partir para seu desenvolvimento. Existem métodos consagrados que podem atender às demandas de um evento como o que pretendemos realizar. Vamos a eles!

• Utilize a tecnologia; • Trace metas; • Planeje-se e organize-se; • Elabore um cronograma; • Escolha a data; • Reserve um local adequado; • Divulgue o evento; • Otimize o tempo; • Não acumule atividades; • Convoque uma equipe criativa.

Este é o momento mais importante do Projeto. Você trabalhou com firmeza para chegar até aqui. Então, todos os esforços devem valer a pena neste momento. Embora seja um grande desafio, a organização do evento de lançamento da empresa de Fact-cheking deve ser feita com bastante paciência, capacidade e determinação.

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Um evento de lançamento de serviço auxilia a posicionar a empresa na comunidade, fortalecendo seu nome e aumentando sua visibilidade diante de seu público-alvo. O evento é um modo de aproximar as pessoas que serão potenciais consumidoras do serviço. Sendo assim, deve-se conferir minuciosamente cada detalhe para que o sucesso seja garantido. Um dos segredos do sucesso é elaborar bem a lista de convidados. Recomenda-se que o convite seja realizado com pelo menos uma semana de antecedência, para que todos tenham tempo de incluir o evento em suas agendas. Por sinal, é muito importante saber quantas pessoas poderão comparecer, pois uma possível superlotação do espaço poderá gerar desconforto. O formato ideal para a apresentação do serviço é a palestra. Para isso, elabore com sua equipe slides detalhando cada passo seguido no Projeto até a divulgação do Produto final, o lançamento da agência de investigação contra Fake News. Desejamos sucesso a você e a sua equipe!

Professor(a), a avaliação no Projeto Integrador possui um caráter diagnóstico e formativo, sem um caráter classificatório. O processo deve preponderar mais que o produto. Nesse sentido, é relevante o acompanhamento progressivo dos estudantes durante a construção de todo o Projeto. A avaliação processual colaborará para que se verifique, mais de perto, se os estudantes estão se envolvendo, estão desenvolvendo as aprendizagens previstas, apoiando-os nas suas dificuldades. Recorde, sempre, que a proposta é que o estudante seja o protagonista do Projeto, o centro do processo de ensino e aprendizagem. Sua participação também é relevante ao término do Projeto, acompanhando a avaliação de desempenho de cada estudante e também dos grupos que foram formados. É importante conduzir este momento estando perto dos estudantes, provocando-os a realizar uma avaliação qualitativa, envolvendo todo o Projeto. Busque verificar se compreenderam as competências gerais e específicas e as habilidades da BNCC previstas no Projeto. Avaliar a aprendizagem na escola é um veículo para tornar bem-sucedidas as ações de ensinar e aprender. Portanto, não se pode desconectar a avaliação do estudante do processo de ensino do docente. Acompanhe com carinho o processo de avaliação do Projeto dos grupos de estudantes bem como a autoavaliação de cada um deles.

ESTEBAN, Maria Teresa. Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. Rio de Janeiro: DP&A, 1999. Teresa Esteban oferece reflexões a respeito das técnicas de avaliação presentes nos espaços escolares. A ação de avaliar deve estar em acordo com as características peculiares de um grupo em um espaço e a tempo específicos.

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HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora. Porto Alegre: Mediação, 1993. Jussara Hoffmann é uma das maiores especialistas em avaliação de aprendizagem do país. Em seu livro, diz que na avaliação mediadora o professor deve prestar muita atenção no aluno, conhecê-lo, ouvir seus argumentos etc. para que a ação seja eficaz e justa. JAPIASSU, Hilton. A questão da interdisciplinaridade. Seminário Internacional Sobre Reestruturação Curricular. Secretaria Municipal de Educação, Porto Alegre, 1994. Hilton Japiassu diz que a interdisciplinaridade tem aparecido como uma panaceia, surgindo para superar as estreitezas e a miopia do conhecimento disciplinar ou indisciplinado. Para o autor, existe a exigência de um diálogo ecumênico entre as diversas disciplinas científicas. LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 18 ed. São Paulo: Cortez, 2006. O livro de Cipriano Luckesi oferece suporte para melhor compreender a ação de avaliar a aprendizagem dos estudantes e, dessa forma, orientar uma prática mais adequada às suas finalidades.

PINTO, S. R. B. Dominando as Ferramentas do Google. São Paulo: Digerati Books, 2007. Sandra Rita apresenta uma compilação das principais ferramentas digitais para a utilização no cotidiano. É um manual que traz as potencialidades dos recursos oferecidos pela plataforma Google. UNELIUS, S. Marketing Nas Mídias Sociais Em 30 Minutos - Manual Prático Para Divulgar Seus Negócios. São Paulo: Cultrix, 2012. Susan Unelius entrega um manual de estratégias, simples e minucioso, para um planejamento de marketing de sucesso nas principais mídias sociais. Após a leitura, você será capaz de criar um plano de marketing capaz de produzir resultados concretos.

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Conhecendo o Projeto Prezado(a) professor(a), o Projeto Conversando a gente se entende! tem a finalidade de inserir a Mediação de Conflitos no campo das Linguagens. É importante esclarecer que não se pretende formar mediadores, mas objetiva fomentar dentro da área assuntos atinentes à Mediação de Conflitos, que serão importantes para o desenvolvimento socioemocional do estudante. A escola contemporânea precisa oferecer formação no campo conteudista, mas também deve compreender que o sujeito do século XXI difere daquele do passado. Por essa razão, faz-se importante estabelecer com ele novas conexões de aprendizado. Neste Projeto, novas oportunidades são inseridas, uma vez que você irá trabalhar a mediação e o conflito numa perspectiva transformadora e positiva. Não abordará a resolução dos conflitos, mas trabalhará com os estudantes a dimensão de fazer dos conflitos uma oportunidade de crescimento pessoal, coletivo e transformador. A maioria das abordagens acerca da Mediação de Conflitos surge da necessidade de resolução e formulação de um acordo. Porém, quando se trabalha na perspectiva escolar, urge a necessidade de se elaborar novas formas de estabelecer boa convivência e fazer da escola um espaço seguro e harmonioso. Desta forma, Etapas e Passos são elaborados pensando em como fazer da escola um lugar para o diálogo respeitoso e para uma escuta sensível. Para isso, pede-se que você, professor, disponha-se a trabalhar com novas metodologias ativas, como as que serão apresentadas a seguir.

ESTE PROJETO CONTEMPLA O TEMA TRANSVERSAL CONTEMPORÂNEO VIDA FAMILIAR E SOCIAL E EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS

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ObjetivoS, COMPETÊNCIAS E HABILIDADES Verifique no quadro a seguir, a relação entre os objetivos do Projeto e as Competências Gerais indicadas na Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018), bem como as Competências e Habilidades Específicas da área de Linguagens e suas Tecnologias, que serão desenvolvidas neste Projeto. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC QUE SERÃO TRABALHADAS NO PROJETO OBJETIVOS

COMPETÊNCIAS GERAIS

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS

HABILIDADES

1. Desenvolver a escuta ativa e o diálogo respeitoso, diante dos diferentes posicionamentos da vida, como estratégia para formular, negociar e defender ideias e pontos de vista e para a resolução de conflitos e a cooperação.

9

2

EM13LGG201 EM13LGG204

2. Estimular a prática dos processos empáticos para a boa convivência, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e grupos sociais, com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários;

10

1

EM13LGG101 EM13LGG102

3. Promover o uso de diferentes linguagens (verbal, escrita e digital) para subsidiar a argumentação e a prática de tomada de decisão solidária diante dos conflitos;

7 e 10

2

EM13LGG201 EM13LGG204

4. Aprender práticas colaborativas em situações de disputas e produzir uma Carta Aberta à comunidade educativa, como exercício de comunicação com autonomia, responsabilidade e determinação.

7e9

3

EM13LGG302 EM13LGG303

Fonte: elaborada pelos autores com base na BNCC (2018). As competências e habilidades citadas podem ser consultadas por você na página 7 e 8 deste livro.

O ato de desenvolver a escuta ativa e o diálogo respeitoso, objetivo 1 do Projeto, aponta para a negociação, por meio da troca de pontos de vista, visando à resolução de conflitos. A ação possibilitará analisar interesses, relações de poder e perspectivas de mundo nos discursos, compreendendo o modo como se reproduzem significação e aprendizagens. O objetivo 2 do Projeto está relacionado à competência geral 10. A partir do estímulo à prática dos processos empáticos para a boa convivência, será possível desenvolver a argumentação para a ação pessoal e coletiva com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação. Assim, poder-se-á compreender e analisar processos de produção e circulação de discursos e analisar visões de mundo, ampliando possibilidades de explicação, interpretação e intervenção crítica da/na realidade. Promover o uso de diferentes linguagens, objetivo 3 do Projeto, para subsidiar a argumentação e a prática de tomada de decisão também favorecerá o desenvolvimento de técnicas argumentativas para que decisões comuns sejam tomadas com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. Assim, será possível utilizar as diversas linguagens e dialogar, produzindo o entendimento mútuo, com vistas ao interesse comum. Por fim, o ato de apreender práticas colaborativas para a produção de uma Carta Aberta à Comunidade Educativa, objetivo 4 do Projeto, estimulará o uso de recursos argumentativos no texto para o exercício do diálogo, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro. No texto, o estudante poderá posicionar-se criticamente, debatendo questões polêmicas em sua comunidade e formulando propostas de intervenção condizentes com sua realidade.

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JUSTIFICATIVA O espaço escolar precisa ser um lugar que desenvolva o pertencimento e trabalhe as questões identitárias de forma que gere processos empáticos. Este projeto tem a finalidade de trabalhar a mediação no campo das Linguagens, e para isso adota a metodologia da Roda de Conversa. Em todo o desenvolvimento das Etapas, a sala deve estar em posição circular. É necessário que você viabilize o protagonismo dos estudantes nesse momento. Oriente-os a, antes de iniciar os trabalhos, posicionarem as cadeiras em círculos. Essa era a forma de os nossos ancestrais resolverem as suas controvérsias. Com o passar do tempo e a criação de um Estado tutor de decisão jurídica, o ser humano perdeu essa habilidade. A causa de termos, neste Projeto, o diálogo como ferramenta principal se justifica pela necessidade de se desenvolver as potenciais habilidades dos estudantes para a vida pessoal e para o mundo. A construção de diálogos significativos é um dos pilares à prática da mediação, pois através deles é possível a colaboração, a intersubjetividade, a reelaboração do problema e a humanização das relações. O diálogo é um meio de comunicação que busca prevenir conflitos, resolver controvérsias, gerar ideias e alcançar soluções compartilhadas. O diálogo permite aceitar as experiências dos outros como válidas e por isso exige humildade. (NUNES, 2016, p. 168)

A criação de espaços comunicacionais edificantes e dirigidos na escola, com uma finalidade específica, faz com que brotem, por meio da fala, novas perspectivas de futuro e produzam-se interconexões humanas. Onde inexiste o diálogo inexiste a paz! Realizar essa ação em círculo é condição sine qua non para que o diálogo flua e que você consiga ter uma aproximação com os estudantes. O diálogo realizado em círculo pretende igualar todos no que toca aos aspectos da comunicação. A cada Etapa, os Passos necessários para a execução do Projeto serão dirigidos, a fim de que se chegue ao Produto final de maneira colaborativa e cooperativa.

Produto Final O Produto final é uma Carta Aberta à Comunidade com o tema Conversando a gente se entende! Esta Carta conterá uma síntese reflexiva das frases que serão postas em uma Mandala no decorrer dos dez Passos deste Projeto. A intenção é construir passo a passo a Mandala que, ao final, dará a todos uma visão total do que foi cooperativamente construído. Qual o motivo de utilizarmos a Mandala? A mandala remete a um contexto educativo, criativo e reflexivo. Desenvolvê-la a partir das falas e em seguida escrever as percepções para a sua criação final faz dela um objeto vivo, cheio de sentimentos e percepções que foram desenvolvidos no passo a passo para a concretização do Produto final. Será para você, professor, uma ferramenta que o norteará a cada encontro com os estudantes. Ao deixar a mandala centrada no chão da sala, eles poderão em todos os passos lembrar o que foi construído em união. Para Jung (2002), a mandala remete às construções das experiências humanas, como os pensamentos, sentimentos, intuições e sensações (o interior humano) e à natureza, ao espaço e ao cosmo (exterior humano). Essa é a intenção: realizar uma construção coletiva e colaborativa que faça os estudantes entenderem a importância do diálogo e de

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eeemsantoantonio.blogspot.com

se refletir sobre os conflitos de forma transformativa. No primeiro encontro, será construído o primeiro círculo da nossa Mandala. Ela estará presente em todos os momentos para que haja a recordação do que foi construído de forma conjunta, até o último encontro. Valores como respeito, amabilidade, o não uso de palavras ofensivas e sinceridade devem estar presentes em todas as Etapas e Passos deste Projeto.

Modelo de uma mandala construída com palavras

No caso do Projeto, a Mandala será produzida, também, com respostas às questões apresentadas. A cada Passo, os círculos serão produzidos. É interessante que você estime o tamanho da Mandala a ser preenchida. Se a sala tiver entre 30 a 50 estudantes, o círculo da Mandala deverá ter 2 a 3 metros. É importante que ao final dos trabalhos essa Mandala seja guardada até o próximo encontro. Quando ela for totalmente preenchida, servirá para reflexão crítica da elaboração da Carta Aberta. Para tanto, sugere-se a seguinte relação de materiais: datashow, cartolina, papel A4, papel colorido, envelopes, canetas hidrocor coloridas, giz de cera e cola bastão. Além disso, pede-se a utilização do caderno de Produção Textual para a elaboração dos textos.

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DESENVOLVIMENTO DO PROJETO Para realização deste Projeto, sugerimos um planejamento trimestral, com carga-horária prevista de 20 horas-aula, devendo o Projeto ser conduzido sob a liderança do professor de Língua Portuguesa, de forma interdisciplinar, em conjunto com os professores dos componentes curriculares Artes, Filosofia, Sociologia, Direitos Humanos, Literatura e História, conforme apresentado na tabela a seguir: SUGESTÃO DE PLANEJAMENTO TRIMESTRAL PARA O PROJETO ETAPA

PASSOS

NÚMERO DE AULAS

COMPONENTE(S) ASSOCIADO(S)

Conhecendo o Projeto Apresentação do Projeto

-

1

Língua Portuguesa, Artes, Filosofia, Sociologia, Direitos Humanos, Literatura, História.

Desenvolvendo o Projeto Etapa 1: Práticas da Escuta Ativa e do Diálogo respeitoso

Etapa 2: Processos empáticos para a boa convivência

2 Passo 2: Eu sou porque nós somos!

Língua Portuguesa História

Passo 3: Qual o lobo eu alimento?

Língua Portuguesa Filosofia

Passo 4: Empatia ou simpatia?

6

Língua Portuguesa Literatura

Passo 5: Águia ou galinha?

Língua Portuguesa Filosofia

Passo 6: A Gestão dos Conflitos

Língua Portuguesa Direitos Humanos

Passo 7: O universo da Mediação de Conflitos

Etapa 3: Práticas colaborativas em situação de disputa

Língua Portuguesa Direitos Humanos

Passo 1: Valores e diretrizes

Língua Portuguesa 8

Passo 8: A Comunicação não violenta

Língua Portuguesa Artes

Passo 9: Oficinas de Mediação

Língua Portuguesa Artes

Produzindo texto e apresentando o Produto final Etapa 4: Produção da Carta Aberta à comunidade escolar

Passo 10: Carta Aberta Conversando a gente se entende

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Língua Portuguesa

1

Língua Portuguesa

Avaliando o Projeto Avaliação coletiva e individual do Projeto

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Fonte: elaborada pelos autores, 2020.

Para dar início ao trabalho, é necessário realizar uma avaliação diagnóstica. Ela permitirá a identificação de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores até

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então desenvolvidos pelos estudantes, relativos ao campo de Linguagens e suas Tecnologias. Algumas pautas para uma conversa com os estudantes são sugeridas: você já esteve envolvido em algum conflito? Fez algo para tentar resolver? Você atentou para o papel da palavra na tentativa de resolver um conflito? Avalie, também, sua relação com o mundo das Linguagens: quais gêneros textuais do cotidiano podem ser úteis para a resolução de um conflito? Você já produziu algum texto no intuito de solucionar um problema? Analise o resultado do levantamento inicial e o utilize para fazer os ajustes que entender necessários no planejamento das aulas do Projeto, a partir desse diagnóstico, ou seja, observe a necessidade de revisão de conteúdos básicos, antes ou durante as ações que demandam conteúdos prévios. Explore as potencialidades linguísticas dos estudantes, ampliando alguns dos estudos aqui propostos, considerando seus interesses. Estimule-os a inserir a realidade do seu entorno nas manifestações linguísticas que estudarem e produzirem ao longo do Projeto.

ETAPA 1: PRÁTICAS DE ESCUTA ATIVA E DIÁLOGO RESPEITOSO (2 PASSOS) No primeiro encontro, apresente todas as etapas de desenvolvimento do Projeto e elenque todas as ações que serão empreendidas nos 10 Passos até o final do projeto. Este é o momento de explicar por que é importante compreender os métodos utilizados para a mediação reflexiva de um conflito no cotidiano. No Passo 1, explique o que é uma mandala e por que ela está sendo convocada para a construção dos novos conhecimentos. Trabalhe os valores e diretrizes que nortearão o desenvolvimento do Projeto. No Passo 2, com a turma em círculo, você promoverá uma escuta ativa e um diálogo respeitoso utilizando, para isso, um texto sobre a filosofia Ubuntu (Eu sou porque nós somos) e um vídeo sugerido como suporte para a discussão. Todas as considerações serão registradas no caderno de anotações e as primeiras informações deverão constar no corpo da mandala.

ETAPA 2: PROCESSOS EMPÁTICOS PARA A BOA CONVIVÊNCIA (3 PASSOS) Nos Passos 3 e 4, você criará condições para que os estudantes façam reflexões sobre modos de resolver conflitos. Para isso, indicará situações para que seja possível o desenvolvimento de empatia nas situações mais complexas. Somente criando cenários de conflito é que será possível simular situações em que seja necessário agir sem e com a visão da Mediação de Conflitos. No Passo 5, apresentará o texto A Águia e a Galinha, de Leonardo Boff, promovendo uma discussão sobre a importância da transcendência na interpretação dos fatos cotidianos. Você e seus estudantes terão a oportunidade de refletir detalhadamente sobre comportamentos considerados padrões que podem tornar inviável a solução de um conflito.

ETAPA 3: PRÁTICAS COLABORATIVAS EM SITUAÇÃO DE DISPUTA (4 PASSOS) Após a criação de um espaço de autoconhecimento e a compreensão dos conceitos que envolvem a Mediação de Conflitos, é chegada a hora de apresentar novas habilidades socioemocionais no intuito de tornar o cotidiano escolar mais colaborativo e solidário. No Passo 7, você lançará a pergunta “O que é mediação?” no quadro e solicitará dos estudantes uma pesquisa sobre a Mediação de Conflitos na Câmara de Mediação Privada; Mediação de Conflitos na Escola; e Mediação de Conflitos na Esfera Judicial. O conceito elaborado a partir das pesquisas será registrado no caderno de anotações e no corpo da Mandala. No Passo 8, você apresentará a noção de Comunicação Não Violenta, a CNV. Marshal Rosenberg, psicólogo americano, buscou criar uma forma de comunicação que produzisse a conexão com o outro. Para esse autor, a CNV é uma forma

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de linguagem que se conecta com o coração. Haverá reflexão sobre Comunicação Não Violenta a partir das vivências dos estudantes e pesquisa para o aprofundamento do assunto. No Passo 9, você promoverá oficinas de mediação para o aperfeiçoamento. A oficina é uma circunstância de aprendizagem que permite a construção de novos conhecimentos, incentivando o protagonismo dos estudantes.

ETAPA 4: PRODUÇÃO DE CARTA ABERTA À COMUNIDADE EDUCATIVA (1 PASSO) Na última etapa de desenvolvimento do Projeto, apresente o gênero textual Carta Aberta, explicando sua estrutura, sua função social e seu suporte. Esse é o momento de solicitar a produção textual com base nos conhecimentos construídos ao longo do Projeto. É importante promover a reescrita do material para que os textos sejam apresentados ao final, respeitando os princípios da comunicação.

ETAPA 1

PRÁTICAS DE ESCUTA ATIVA E DIÁLOGO RESPEITOSO

CONSTRUINDO O SENTIDO DE MEDIAÇÃO DE CONFLITO Essa fase introdutória permitirá uma aproximação conceitual e principiológica acerca da Mediação de Conflitos. Sugerimos que você dialogue com os alunos com mais profundidade sobre o conceito e os princípios. Os princípios são as bases que sustentam uma teoria, um direito ou uma prática, como no caso da mediação. São vários os livros que norteiam esses princípios basilares, livros do campo jurídico ao educacional. O que interessa para nós, educadores, é: quais são os princípios que norteiam a mediação de conflitos no cenário escolar? Rios (2012) esclarece: a. Voluntariedade: esse procedimento só pode ser realizado a partir da manifestação de interesse das partes, ou mesmo da aceitação das mesmas da indicação. Assim, as partes são livres ou não da mediação e, após iniciado o processo, as partes podem pedir para finalizar o procedimento a qualquer momento, isto é, pode-se interromper todo processo mediatório. b. Confidencialidade: para assegurar a livre manifestação pelas partes dos interesses, das opções e da situação vivida, esta prática prevê que seja garantida a confidencialidade de tudo que transcorreu durante o procedimento. c. Imparcialidade: o mediador/facilitador precisa ser imparcial, ou seja, não tomar parte da dor do outro, mas ouvir a “verdade” de cada um sem utilizar julgamento. d. Não adversariedade: não se pretende encontrar o ganhador e o perdedor, ou o certo e o errado, em relação ao conflito. Propõe-se aos mediados um trabalho em conjunto para a resolução do problema, por meio do respeito mútuo, da comunicação assertiva e eficaz, e da implicação e compreensão sobre a visão do outro, sobretudo, da aceitação das diferenças de percepção. Procura-se amenizar possíveis sentimentos de discórdias entre as pessoas envolvidas no conflito e manter o relacionamento.

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e. Flexibilidade e Informalidade: a mediação escolar é desprovida de protocolos rígidos, pois há uma flexibilização. Tudo dependerá da vontade das partes que, pautadas nos princípios da flexibilidade, podem, no final, formalizar um acordo com termos que sejam interessantes para ambas. f. Oralidade: deve-se priorizar o diálogo entre as partes e a manifestação oral dos seus interesses. g. Autonomia das decisões: o acordo ou as decisões encontradas são definidos pelas partes, a partir de seus interesses, por meio do diálogo que é estimulado pelo mediador. O poder de decisão é das partes. h. Cooperação: a postura cooperativa frente à construção de resoluções permite, na mediação, o consenso e a quebra de posições rígidas. i. Emancipação: a participação ativa das partes permite o movimento comprometido com o exercício da autonomia, ao contrário de outras formas de resolução de conflito, que atuam na perspectiva assistencialista. Sugerimos aos alunos a leitura da Cartilha sobre Mediação da Fundação Getúlio Vargas. Nela, você encontrará conceitos simples sobre mediação e o que é ser mediador. Recomendamos fazer o download da Cartilha e a discussão dos seguintes pontos: O que faz o mediador? (pág.4) O que é mediação? (pág.5) Como funciona? (pág.7) Após realizadas as discussões acerca das perguntas, oriente-os a escrever no caderno os conceitos iniciais acerca do tema. Os links abaixo aprofundarão o seu conhecimento acerca da Mediação e da Linguagem: 1. amenteemaravilhosa.com.br/linguagem-ajuda-fazer-as-coisas-acontecerem (acesso em: 20 fev. 2020) 2. www.cnmp.mp.br/portal/images/stories/Comissoes/CSCCEAP/Diálogos_e_ Mediação_de_Conflitos_nas_Escolas_-_Guia_Prático_para_Educadores.pdf (acesso em: 20 fev. 2020)

PASSO 01 VALORES E DIRETRIZES Este Passo 1 é introdutório, talvez requererá um pouco mais de tempo. Porém, é de extrema importância tratarmos sobre a metodologia adotada. Ora, a finalidade é também a transformação do estilo de se transmitir o conhecimento. O sentido do Projeto é de troca de experiências. O Projeto “Conversando a gente se entende!” tem por objetivo levar para a sala de aula uma visão mais reflexiva de si e do outro, diante de uma situação conflituosa. Urge a necessidade de você e do estudante estabelecerem uma aproximação enquanto sujeitos pertencentes a uma mesma comunidade - a escola. Neste primeiro momento, ao estabelecer uma comunicação de convocação de que todos são importantes nessa produção, fará toda a diferença. Sugere-se motivá-los a compreender que projetos desta estirpe são únicos, pois lidam com momentos ímpares na vida estudantil. Este será o ponto mais importante a ser observado no Projeto. Sem a metodologia correta, não poderemos realizar a construção de um diálogo no nível da Mediação de Conflitos. Antes de falarmos propriamente da metodologia, vamos conhecer os princípios que envolvem a mediação de conflitos?

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O Projeto se prestará ao uso de metodologias ativas e processos analíticos criativos, do ser e estar no mundo envolvido em conflitos. O campo da Mediação de Conflitos sugere interdisciplinaridade. Você caminhará neste Projeto pelo campo das Linguagens, dos Direitos Humanos, da Sociologia e da Filosofia. Busque a colaboração destes professores, pois podem enriquecer o Projeto. O diálogo desenvolvido na mediação leva à ação e permite entender quem somos, quem é o outro, o que queremos e onde estão os nossos limites. Em todos os Passos, ao utilizar a Roda de Conversa, as carteiras devem estar posicionadas em círculos e no centro da nossa Mandala que, nesta fase introdutória, estará vazia. Importante estabelecer com os estudantes diretrizes e valores a serem respeitados até o final do Projeto. Esse é o ponto mais importante. Dará a eles o senso de responsabilidade e de responsabilização, até a confecção do Produto final. Inicie uma Roda de Conversa e explique os objetivos do Projeto de forma sucinta.

Professor, para aprofundar, você pode ler o artigo sobre a Roda de Conversa, disponível em: periodicos.uem.br/ojs/index.php/ImagensEduc/article/view/22222 (acesso em: 20 fev. 2020).

Após informar os objetivos, comente que sempre será utilizada a Roda de Conversa para se comunicar e que, neste primeiro encontro, os estudantes estabelecerão em conjunto os valores e diretrizes a serem respeitados em todos os passos até a confecção do Produto final, da seguinte forma: Coloque no quadro a seguinte tabela (sem os exemplos):

VALORES E DIRETRIZES NORTEADORES Valores

Diretrizes

*************

Não sair da sala até o final da etapa iniciada no dia.

*************

Não usar o celular.

*************

Não interromper o colega que está falando.

Fonte: elaborada pelos autores, 2020.

Com as orientações sugeridas, pergunte a eles: 1. Quais valores seriam importantes para a construção do Projeto? É importante que você, professor, indique um valor, como, por exemplo: respeito, amizade, sinceridade, verdade, se eles não conseguirem prosseguir. Ao completarem o quadro, inicie as diretrizes! 2. Precisa-se de diretrizes (regras) para caminhar até o Produto final. Haverá 10 passos para a construção final do Projeto. É importante traçarmos regras para que convivamos bem e respeitemos uns aos outros. Pergunte a eles: Quais regras devemos estabelecer? O quadro acima sugere algumas regras para vocês. Se tiverem dificuldades, inicie a regra que você considera importante. Sugere-se que você indique uma regra, como, por exemplo, não sair da sala até que se conclua a fase sugerida. Outra diretriz importante é que, durante o diálogo na Roda de Conversa, deve-se respeitar a fala do colega e só falar quando ele terminar.

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Ao construírem juntos os valores e diretrizes, peça que eles escrevam ou em um pedaço de folha de ofício de um lado os valores e do outro as diretrizes e que colem na Mandala. Cada um de cada vez se levantará e colará na borda da Mandala as primeiras construções. Observe a Figura na pág. xx e tente fazer recortes parecidos. Isso servirá para eles lembrarem durante todas as etapas qual a sua responsabilidade no Projeto e ajudará você, professor, a entender o processo sem quebras ou interrupções. A construção do Projeto exigirá a aceitação da mudança, o comprometimento, a presença de práticas pedagógicas baseadas no diálogo e no reconhecimento dos saberes do estudante, como também a reflexão crítica, a atitude ética e reconhecimento do outro. Proponha-se, professor, à reinvenção da sua profissão, será um momento ímpar. Você conhecerá os estudantes e eles o conhecerão melhor!

PASSO 02 EU SOU PORQUE NÓS SOMOS! RESTAURANDO O DIÁLOGO NA ESCOLA Aqui, você, professor, estabelecerá com eles a primeira conexão dos Passos para chegarmos ao Produto final. A cada Passo, você lembrará a metodologia circular e dialógica que o Projeto propõe: 1. Os estudantes devem estar sentados na carteira em posição circular; 2. A Mandala deve estar no centro da sala para ser produzida neste Passo do primeiro círculo; 3. Os estudantes devem ser lembrados dos valores e diretrizes que deverão ser observados neste Passo. 4. As perguntas abrem as rodadas de discussão. Aqui eles compreenderão a importância de saber quem são e aonde podem chegar. Demonstre a importância da educação para a mudança das posições sociais. 5. Um grupo em um aplicativo de mensagens instantâneas deverá ser criado e intitulado “Ubuntu”, escrevendo as diretrizes e valores construídos e lançando os vídeos que serão sugeridos. Sugerimos que você seja o administrador junto com os dois líderes da sala. O texto sugerido remeterá os alunos à importância de se viver em comunidade, compreendendo que não são seres isolados. Tudo o que acontece com o outro, de alguma forma, atinge todos. Inicie o seguinte diálogo, após a leitura do texto. A filosofia estudada nos remete a um estilo de vida em que o outro faz parte da minha vida. Não sou uma ilha, ao contrário, tudo o que afeta meu próximo, também me afeta! Conte para eles o caso da Tragédia de Brumadinho. Sugere-se que discorra sobre a cadeia que afetou a empresa, a natureza e a comunidade. Demonstre com isso que vivemos em um sistema parecido com uma teia. Para estender essa discussão, veja com os estudantes o filme Ubuntu – Eu sou porque nós somos, disponível na plataforma de compartilhamento de vídeos. Sugerimos baixar o vídeo com antecedência, para evitar a dependência das conexões com a Internet. O link encontra-se a seguir: www.youtube.com/watch?v=9MriLwklWKU (acesso em: 20 fev. 2020) 1. Após assistirem ao vídeo, em uma folha de papel faça com que eles respondam à pergunta “o que é Ubuntu?”, com apenas uma palavra. Logo após, colem no segundo círculo da Mandala.

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Depois, inicie uma Roda de Conversa e coloque a seguinte pergunta no quadro: 2. Quando foi que eu agi como a filosofia Ubuntu com alguém ou quando alguém agiu assim comigo? Sugerimos que você inicie a reposta. Após todas as falas, incentive-os a praticar essa filosofia nas próximas etapas! A finalidade do texto e do vídeo é que eles compreendam que mediar conflitos exige empatia, ou seja, reconhecer-se no outro. O sentido das relações interpessoais se encontra nas interconexões humanas.

ETAPA 2

PROCESSOS EMPÁTICOS PARA A BOA CONVIVÊNCIA Essa segunda Etapa pretende demonstrar a importância da empatia e da boa convivência nas relações interpessoais. Todos têm o poder de exercer a empatia e lutar pela conquista de um bem viver. A mediação de conflitos requer tomada de decisão. Nos Passos seguintes, você trabalhará três temas importantes: a. Os sentimentos alimentados refletem nas minhas decisões e relações; b. Empatia e simpatia; c. A fábula da águia e da galinha sob a perspectiva de um mundo diverso e diferente. Estimule os estudantes a analisarem cada Passo com as atitudes de sua vida. Faça-os refletir como as suas ações e reações afetam a boa convivência.

PASSO 03 QUAL LOBO EU ALIMENTO? Professor, aqui se trata de relembrar a metodologia de trabalho. Sugere-se que: 1. Os estudantes devem estar sentados na carteira em posição circular. 2. A mandala deve estar no centro da sala para ser produzida a terceira rodada. 3. Os estudantes devem ser lembrados dos valores e diretrizes construídos desde a fase introdutória do Projeto. Este Passo requererá uma análise pessoal de cada um diante do texto. Eles devem compreender que os sentimentos de ódio, vingança, desprezo... alimentam o lobo que é mau. Na Roda de Conversa, entenderão que, ao alimentar o lobo bom, os sentimentos de ódio e destruição pelos outros passam, logo, tem-se uma convivência harmônica consigo mesmo e com os outros. Guie o diálogo de uma forma que eles exprimam as experiências do Lobo Bom. Sugere-se que essa conversa seja iniciada por você, professor. Conte para eles um momento em que fazer o bem ao outro foi uma experiência fantástica. Logo após, escreva resumidamente em um adesivo o caso. Sugere-se que seja

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apenas um título para colar na Mandala. Após discorrer sobre a sua experiência, abra a Roda de Conversa e os escute. Cada um, ao falar, deve colocar na mandala as suas respostas.

PASSO 04 EMPATIA OU SIMPATIA? Para ampliar esta discussão, sugere-se que seja trabalhado o filme Empatia ou Simpatia, disponível na plataforma de compartilhamento de vídeos. O link encontra-se disponível em: www.youtube.com/watch?v=IzBhAu9z11E (acesso em: 20 fev. 2020). Desenvolva com os estudantes um diálogo que os leve a optar pela empatia da seguinte forma: Logo após assistirem ao filme, inicie uma Roda de Conversa para que eles respondam às perguntas. Sugere-se que você comece o diálogo, responda à pergunta e, em seguida, cole as respostas na Mandala.

PASSO 05 A ÁGUIA OU A GALINHA? ULTRAPASSANDO OS LIMITES DO NORMAL Ao entrar em contato com o texto, nós nos deparamos com duas questões essenciais da nossa existência: aquilo que nos prende à terra, o dia a dia, que seria então a metáfora da galinha; e aquilo que nos liberta da terra, a vontade, representada pela águia. A partir disso, Leonardo Boff nos direciona para o equilíbrio dessas duas dimensões. Além disso, ele nos encaminha para impedir que a cultura da padronização anule a águia da nossa essência, nos impedindo de voar. Leonardo Boff contempla a mais recente cosmologia, a nova antropologia, a psicologia profunda, a ecologia, a espiritualidade e a mística com finalidade de dar uma resposta às questões do cotidiano. O efeito é uma reflexão que incita admiração na busca da verdadeira identidade humana por meio do reconhecimento das contradições e da superação dos entraves em nível individual, coletivo e planetário. A narrativa traz à tona questões do espírito, indispensáveis para o processo de realização humana, envolvendo a autoestima, a disposição de dar a volta por cima nas dificuldades mais complexas, a criatividade nas circunstâncias de opressão coletiva que boicotam o horizonte da esperança. Nós não podemos nos limitar a ser somente um dos personagens. Somos seres concretos e históricos, mas jamais devemos esquecer nossa abertura infinita, nossa paixão indomável, nosso projeto infinito. Se não buscarmos o impossível, jamais conseguiremos o possível. O ser humano possui uma estrutura que se materializa como a águia em alguns momentos e mais como a galinha em outros momentos. Devemos ficar atentos a essa natureza interior, captar a águia que se anuncia ou a galinha que emerge. Após escutá-las, devemos usar a razão para entender bem e o coração para decidir com plenitude. Somente assim nós conquistaremos a promessa de um equilíbrio. A narrativa nos evoca o processo de individuação por que o ser humano passa. A existência definitivamente não está pronta. Nós a construímos continuamen-

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te. Há uma tradição que representa a trajetória do ser humano como uma aventura no caminho de sua identidade. Não queremos ser apenas galinhas. Nós queremos ser também águias que ganham altura e que projetam visões para além do galinheiro. Nós acolhemos o que nos prende à terra, mas não à custa do que nos faz transcender. Nós resgatamos nosso ser de águias. As águias consideram a terra, pois encontram lá seu alimento. No entanto, não são estruturadas para viver na terra, mas nos céus, medindo-se com as montanhas altas e com os ventos fortes. Atualmente, neste processo de padronização, queremos ser águias e voar para que possamos encontrar o equilíbrio. A águia poderá entender melhor a galinha, e esta se acostumará com o voo daquela.

O texto “A águia e a galinha” encontra-se disponível também em vídeo: www.youtube.com/watch?v=EqfaXw2wRzE (acesso em: 20 fev. 2020).

Para dar continuidade a essa discussão, sugere-se que seja visto o filme A incrível história de Nic Vujicic. Os links encontram-se a seguir: https://vimeo.com/472741328 (acesso em: 27 out. 2020) youtu.be/aPs6q5vqnFs (acesso em: 20 fev. 2020) youtu.be/Zuwmq8pZzMw (acesso em: 20 fev. 2020) A história de vida e superação de Nic deve servir para inspirar os estudantes a superarem as dificuldades em que estão inseridos, concatenando com o tema abordado neste Passo. É importante empoderá-los, para que eles creiam nos seus potenciais e que são dotados de habilidades socioemocionais importantes. Lembramos que esses vídeos são sugestões que podem ser modificadas por você, professor. Sugere-se que você abra um grupo em um aplicativo de mensagens instantâneas e envie esses vídeos para os estudantes. Isso os tornará mais próximos e trará o sentimento de pertencimento. A cada Passo, iremos lembrar a metodologia circular e dialógica que o Projeto propõe: 1. Os estudantes devem estar sentados na carteira em posição circular. 2. A mandala deve estar no centro da sala para ser produzida a quarta rodada. 3. Os estudantes serão lembrados dos valores e diretrizes que deverão ser observados neste Passo. 4. As perguntas abrem as rodadas de discussão. Oriente-os a compreender as suas potencialidades. Repasse o vídeo indicado para o grupo. 5. Ao fazer as perguntas, sugere-se que você oriente os estudantes a responderem à terceira pergunta e a colocarem as respostas em um envelope que será colado na Mandala. Se, porventura, houver a impossibilidade de colocar em envelopes, peça a eles para dobrar a folha e colar na Mandala.

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ETAPA 3

PRÁTICAS COLABORATIVAS EM SITUAÇÕES DE DISPUTA PASSO 06 A GESTÃO DOS CONFLITOS A ESCALADA DO CONFLITO Sugere-se que, antes de complementar o quadro, você, professor, assista com os estudantes ao vídeo Um novo olhar do conflito youtu.be/QwsJ4TZs1wI. O vídeo demonstra que a solução do conflito é mais simples do que parece. O segredo está na mudança de posições diante dele. Se sabemos que o conflito nasce de uma necessidade não atendida, logo, se sei como suprir de uma forma mediada, terei ganhos mútuos. Estimule-os a realizar as análises da palavra conflito e a entender que existem formas de gerenciamento deles, como o caso da mediação. Sugerimos que eles respondam no quadro com a sua ajuda da seguinte forma: a. Quando você pensa na palavra conflito, qual a primeira palavra que vem à sua mente? Eles falarão várias palavras como: guerra, briga, confusão. Oriente-os que, na visão da Mediação, o conflito torna-se uma oportunidade para gerenciar e não se chegar à sua escalada, que pode acarretar sérias consequências.

PERSPECTIVA ACERCA DOS CONFLITOS 1. CULMINÂNCIA SEM A VISÃO DA MEDIAÇÃO

2. CULMINÂNCIA COM A VISÃO DA MEDIAÇÃO

Guerra

Paz

Confusão

Solução

Briga

Compreensão

Disputa

Cooperação

Morte

Vida

Fonte: elaborada pelos autores, 2020.

b. Ao completar o quadro Conflito, pergunte se há a recordação do último conflito que tiveram e peça para escreverem quais foram os sentimentos envolvidos. No quadro com a visão da mediação, sugere-se que você responda e complemente da seguinte maneira: E os sentimentos?

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PERSPECTIVA ACERCA DOS SENTIMENTOS 1. SEM A VISÃO DA MEDIAÇÃO

2. COM A VISÃO DA MEDIAÇÃO

Transpiração

Moderação

Antipatia

Empatia

Hostilidade

Amabilidade

Ódio

Amor

Tristeza

Felicidade

Fonte: elaborada pelos autores, 2020.

Após a conclusão dos quadros, dobre a folha em forma de um pequeno envelope e cole na Mandala.

O artigo de Chrispino (2007) discorre sobre os conflitos no âmbito escolar. Vale a pena se aprofundar no assunto: www.scielo.br/pdf/ensaio/v15n54/a02v1554.pdf (acesso em: 20 fev. 2020).

PASSO 07 O UNIVERSO DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS

vamos pesquisar! O conceito de mediação de conflitos varia de acordo com o lugar em que ela será praticada. No âmbito Judicial, a Lei de Mediação (Lei Nº 13.140/2015), no seu parágrafo único, do artigo primeiro, assevera: Considera-se mediação a atividade exercida por terceiro imparcial sem poder decisório que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia.

A mediação de conflitos escolar, segundo Rios (2012), possui nuances diferenciadas. A mediação toma contorno de uma conversa entre seus pares, quando exercida entre o discente e seus colegas. Geralmente, o mediador é um aluno mais experiente e que passou por instruções de como exercer esse papel na escola. O mediador escolar pode ser um professor, diretor ou qualquer adulto que foi preparado para mediar. Importante esclarecer que nem toda conversa feita na escola para gerenciar conflito poderá ser caracterizada como mediação. É necessário observar os princípios que norteiam esse instituto. Na escola, tem-se a questão hierárquica, logo, o princípio da voluntariedade e da autonomia devem ser observados, pois os alunos não podem ser forçados a estar ou permanecer em uma sessão de Mediação. Esse é o grande desafio - a divisão do poder ao mediar. Lembramos que o empoderamento das partes deve ser observado em todo o processo pelo mediador escolar. Elas sabem qual a melhor forma de resolução do conflito. Sugere-se que você compartilhe os seguintes vídeos:

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• Medição de conflitos - Câmara de Mediação Privada: youtu.be/Kr13qBAPA9k (acesso em: 20 fev. 2020).

• A mediação de conflitos na Escola: youtu.be/KwOec19EEps (acesso em: 20 fev. 2020). • A mediação na esfera judicial: youtu.be/NJ7nCCJp9SM (acesso em: 20 fev. 2020). Abra a Roda de Conversa e oriente-os a preencher o quadro da seguinte maneira: Nas suas anotações, diferencie cada tipo de mediação, semelhanças e diferenças no quadro abaixo:

MEDIAÇÃO NAS VÁRIAS ESFERAS - DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS Lugar

Acordo

Perguntas

Mediação privada

Comunidade

Escrito

Perguntas informais

Mediação judicial

Poder Judiciário

Escrito

Perguntas informais

Mediação escolar

Ambiente Escolar

Oral

Perguntas formais

Fonte: elaborada pelos autores, 2020.

A planilha é apenas um guia para os estudantes iniciarem as percepções de como cada mediação é exercida na sociedade civil. Não precisa necessariamente preencher o quadro da forma sugerida. Eles podem nesta mesma planilha escrever de forma livre. Sugere-se que você explique que a Mediação escolar é um processo extremamente simples, porém deve ser levado com muita seriedade. Lembre aos estudantes que qualquer pessoa que se dispõe a ouvir e ajudar alguém pode ser um Mediador de Conflitos na escola, desde que tenha tido instruções para isso. É diferente de um mediador de Câmara Privada ou do Poder Judiciário que, conforme a Resolução 125, do Conselho Nacional de Justiça, necessita de quarenta horas teóricas e sessenta práticas para ser considerado um mediador judicial ou de Câmara de Mediação e Arbitragem Privada. Após essas reflexões, sugere-se que os estudantes escrevam em poucas palavras sobre a importância da Mediação de Conflitos na escola e cole na Mandala. No Passo 8, você verá o que é a Comunicação Não Violenta (CNV). Sugere-se que os estudantes realizem uma pesquisa na Internet sobre o que é a CNV e que eles coloquem os links de pesquisa no grupo do aplicativo de mensagens instantâneas.

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PASSO 08 COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA - CNV A finalidade de estudar a CNV se dá pelo simples fato de que ela é a base comunicacional, para que a Mediação de Conflitos ocorra de forma plena. A CNV ajuda a ligar uns aos outros e a nós mesmos, possibilitando que a compaixão natural floresça. Ela guia no processo de reformular a maneira pela qual a comunicação se efetiva, mediante a concentração em quatro áreas: o que se observa, o que se sente, o que se necessita, e o que se pede para enriquecer a vida. (ROSENBERG, 2006, p. 32). As perguntas feitas a eles nesse passo são importantes para a evolução do conhecimento aplicado à CNV. Essas são as duas questões a discutir. 1. Lembre-se de um conflito em que você se envolveu recentemente. A resposta a essa questão deve ser de caráter pessoal. Podem ser elencados conflitos relacionados a questões familiares/domésticas, no âmbito escolar, na comunidade. Esse conflito não será compartilhado. Apenas irá recordar. 2. Quais foram os sentimentos você teve ou tem ao lembrar desse conflito? Anote. Se os conflitos nascem de uma necessidade não atendida, conhecer os sentimentos que se tem diante de dissensos é muito eficaz para a resolução deles. Muitas vezes, as partes envolvidas não sabem o que realmente necessitam e sentem. Esse exercício preparará os estudantes para a realização do próximo passo – a Oficina de Mediação.

SENTIMENTOS ENVOLVIDOS Quando minhas necessidades são atendidas

Quando minhas necessidades não são atendidas

Maravilhado

Zangado

Realizado

Desanimado

Seguro

Angustiado

Alegre

Desesperado

Grato

Triste

Confiante

Impaciente

Orgulhoso

Nervoso

Cheio de energia

Frustrado

Inspirado

Indefeso

Esperançoso

Sobrecarregado

Fonte: elaborada pelos autores, de acordo com Rosenberg (2019).

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A CNV integra um tipo de linguagem, um tipo de pensamento e uma forma de comunicação capaz de influenciar nossa capacidade de contribuir voluntariamente para o bem-estar dos outros e de nós mesmos, segundo Rosenberg. As práticas de CNV que servem de base para a solução de conflitos envolvem:

• Expressar as nossas necessidades; • Enxergar as necessidades dos outros, independentemente do modo como se expressam;

• Verificar se as necessidades foram compreendidas com exatidão; • Oferecer empatia de que as pessoas precisam para ouvir as necessidades dos outros;

• Traduzir as soluções ou estratégias propostas para uma linguagem de ação positiva.

CASO PRÁTICO Sugerimos que, neste momento, você, professor, inicie a Roda de Conversa com essa contação de história: O estudante X, todas as vezes que chegava à escola, se deparava com a aluna Y, ela sempre ocupava sua carteira. Ao vê-lo chegar, ignorava-o e continuava a conversa com as suas amigas. Todos os dias eles entravam em discussões, até que um dia se agrediram. A escola estava realizando oficinas de CNV. A aluna Y se inscreveu na oficina e utilizou a técnica nesse conflito. Logo após terminar a oficina, ela decide conversar com o colega de sala. Chama o Estudante X para uma conversa e diz: “Eu observo que você não gosta quando eu me sento na sua carteira e fico conversado com as minhas amigas. Quando você chega e me olha com aquela cara e diz: saia da minha carteira, fico irritada, com muita raiva e ao mesmo tempo triste! Acontece que, por anos, sentei-me perto das minhas amigas. Mas hoje o meu lugar é do outro lado da sala, fico sozinha, necessito muito ficar perto delas. Você poderia deixar eu me sentar na sua carteira?” Essa forma de conversar gerou entendimento, acordo e paz entre os alunos. Envie o vídeo ao Grupo Ubuntu do aplicativo de mensagens: youtu. be/6pbpOV7_8RY. Peça para eles reformularem o conflito de que recordaram e que escrevam na linguagem da CNV a forma do diálogo realizado. Ao terminarem, peça para que colem a frase com as bases da CNV (observação, sentimento, necessidade e pedido) na Mandala.

PASSO 09 OFICINA DE MEDIAÇÃO PRODUZINDO ENTENDIMENTOS ATRAVÉS DA LINGUAGEM DA MEDIAÇÃO A cada passo, lembre a metodologia circular e dialógica que o Projeto propõe: 1. Os estudantes devem estar sentados na carteira em posição circular; 2. Os estudantes devem ser lembrados dos valores e diretrizes que deverão ser observados neste Passo. 3. As perguntas abrem as rodadas de discussão, após os estudantes assistirem ao vídeo. A mediação de conflitos na Escola: youtu.be/KwOec19EEps

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Este Passo arremata nosso trabalho para a construção do Produto final. Sugere-se a análise em sala de aula dos estudantes que lideraram e se conectaram com o Projeto. Esses deverão exercer o papel do mediador e do co-mediador. Separe quatro pessoas para protagonizarem uma sessão de mediação simulada. Personagens: a. Mediador; b. Co-mediador; c. Parte A – a que solicita mediação diante do conflito; d. Parte B - aquele que está gerando o conflito. É importante que eles analisem o vídeo de Mediação escolar sugerido e criem um novo caso de conflito. Essa cena deve ser feita em sala de aula e deve ser criado um ambiente para isso. Todos os outros estudantes precisam, neste momento, fazer um relatório das suas percepções da mediação simulada. Sugere-se que a escolha dos estudantes seja feita em forma de convite. Eles não podem ser obrigados a fazer parte desse processo. Deve-se observar o Princípio da Voluntariedade. Caso não encontre as pessoas para essa oficina encenada, sugere-se que separe a sala em duplas e separe entre mediadores e partes. Deixe-os à vontade para protagonizarem. Talvez uns se sintam aptos a serem mediadores e co-mediadores, outros não. O Caso para Oficina de Mediação foi retirado do livro do professor Carlos Eduardo de Vasconcelos, intitulado Mediação de Conflitos e Práticas Restaurativas. O caso intitulado Queda Provocada em sala de aula é uma sugestão. Você pode criar com seus alunos um novo caso. Oficina de Mediação – Queda provocada em sala de aula Joaquim estava para sentar em sua banca quando João, por trás e sorrateiramente, afastou a banca para o lado direito. Ao sentar, Joaquim foi ao chão. Os colegas riram ao vê-lo caído no chão. Esse foi o primeiro conflito manifesto entre João e Joaquim. A professora Fátima, ao ingressar na sala, encontrou Joaquim ao chão, mandou-o levantar imediatamente, para não atrasar o início da aula. Ela não percebeu as lágrimas de Joaquim e a sua grande dificuldade em levantar-se sozinho. Ao final da aula, Joaquim andava com muita dificuldade. O joelho não dobrava direito e incomodava bastante. Estava abatido e revoltado. A mãe foi chamada para, em companhia de outra professora, levá-lo a um posto de saúde onde foi constatado, posteriormente, que ele danificara o menisco do joelho direito. Quinze dias após, ao voltar às aulas, encontrou João na entrada da escola, aproximou-se e deu um murro. O revide resultou numa briga desapartada por dois colegas e pelo porteiro. Joaquim e João foram conduzidos à Diretoria e receberam como punição três dias de suspensão. Passos a serem observados e orientados: 1. As partes serão chamadas a realizarem uma sessão de mediação logo após o retorno da suspensão. 2. O interesse comum dos protagonistas: gostariam de voltar a conviver sem problemas, embora ainda haja mágoa, um ressentimento, especialmente em Joaquim, inclusive em relação à professora e à escola. Os estudantes já foram preparados para chegar a essa última Etapa. Eles analisaram o vídeo de Mediação Escolar e realizam as suas anotações. Contudo, é importante uma orientação:

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• Toda a Mediação inicia-se com a apresentação dos Mediadores e das Partes

e em seguida o Termo de Abertura (o método, os princípios e a finalidade da mediação).

• O mediador permite que Joaquim fale o que aconteceu e, em seguida, João. • O mediador pergunta 1: O que você sentiu quando isso aconteceu? Inicia por Joaquim, e em seguida, João.

• O mediador pergunta 2: O que você acha que deve fazer nesse momento em que ouviu o que o seu colega sentiu?

• Nesse ponto, como estamos diante de uma simulação, as partes Joaquim e João devem dizer que desejam pedir desculpas.

• Em arremate, o mediador deve firmar com eles um acordo de boa convivência

e respeito. O objetivo dessa oficina é tornar os estudantes protagonistas deste Projeto. Observe que eles foram formados durante todos os Passos para compreenderem que é por meio do diálogo e da não violência que se resolvem os conflitos. A Mediação de Conflitos possui técnicas a serem observadas, porém, é mais do que isso, é uma nova construção de convivência.

ETAPA 4 PRODUÇÃO DE CARTA ABERTA À COMUNIDADE EDUCATIVA PASSO 10 CARTA ABERTA “CONVERSANDO A GENTE SE ENTENDE!” Professor, é importante apresentar as propriedades textuais (estrutura, função social e suporte) do gênero Carta Aberta antes de solicitar a produção. Após apresentar as propriedades, é necessário ler e analisar o texto incluído como exemplo. Cada trecho pode ser isolado para que a análise seja realizada de modo progressivo. É possível relacionar o guia para elaboração às partes do texto em análise. Destaque a função da carta de apresentar uma manifestação pública, revelando uma opinião e/ou reivindicando uma intervenção social. Produção da Carta Aberta à comunidade A equipe de Língua Portuguesa poderá ser convocada para avaliar os textos produzidos pelos estudantes. Essa avaliação consistirá em verificar se os elementos da Mandala constam no corpo dos textos. Para proceder na correção, sugere-se que considere se houve a compreensão dos processos de produção da Carta Aberta, utilizando linguagem adequada para contemplar interesses coletivos, formulando proposta com diálogo produzido na finalidade de gerar entendimento mútuo em toda a comunidade educativa.

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Após a avaliação, solicite a reescrita dos textos com base nas observações dos corretores. Todos os textos deverão ser expostos em um mural reservado dentro do espaço escolar. Apresentação da Carta Aberta à comunidade educativa Professor, é importante que os estudantes assumam a organização deste momento final do Projeto. Afinal, eles são os protagonistas de todo esse processo. Esta é a ocasião ideal para promover cada vez mais a integração de todos os envolvidos na elaboração de cada fragmento deste evento. Todos os valores descobertos e manifestados na carta devem estar vivos nas ações durante a organização do mural. Este é o momento de tornar concreto cada bom sentimento em palavras e em ações. A troca afetiva acontecerá naturalmente, pois já existem subsídios para transformar qualquer circunstância em mola propulsora do autoconhecimento e do cuidado com o próximo. Com a Mandala no centro do espaço reservado e os textos dispostos em local propício, entre no círculo e participe fazendo parte da ação da leitura. Ao final, apresente suas impressões.

Professor(a), a avaliação no Projeto Integrador possui um caráter diagnóstico e formativo, sem um caráter classificatório. O processo deve preponderar mais que o produto. Nesse sentido, é relevante o acompanhamento progressivo dos estudantes durante a construção de todo o Projeto. A avaliação processual colaborará para que se verifique, mais de perto, se os estudantes estão se envolvendo, estão desenvolvendo as aprendizagens previstas, apoiando-os nas suas dificuldades. Recorde, sempre, que a proposta é que o estudante seja o protagonista do Projeto, o centro do processo de ensino e aprendizagem. Sua participação também é relevante ao término do Projeto, acompanhando a avaliação de desempenho de cada estudante e também dos grupos que foram formados. É importante conduzir este momento estando perto dos estudantes, provocando-os a realizar uma avaliação qualitativa, envolvendo todo o Projeto. Busque verificar se compreenderam as competências gerais e específicas e as habilidades da BNCC previstas no Projeto. Avaliar a aprendizagem na escola é um veículo para tornar bem-sucedidas as ações de ensinar e aprender. Portanto, não se pode desconectar a avaliação do estudante do processo de ensino do docente. Acompanhe com carinho o processo de avaliação do Projeto dos grupos de estudantes bem como a autoavaliação de cada um deles.

BAUMAN, Zygmunt. Vida para o consumo: a transformação das pessoas em mercadorias. Tradução: Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. Neste livro, Bauman discorre acerca da sociedade pós-moderna, caracterizando-a como uma sociedade voltada para o consumo. Esse consumo se torna tão danoso à sociedade

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que a torna enfraquecida em suas relações pessoais. A relevância dessa obra no projeto traz a importância de compreendermos a atual conjuntura social e relacional vivida em nossos tempos. Urge a necessidade de mudanças nas relações interpessoais, no afã de pacificá-las e torná-las saudáveis. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Ensino Médio. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2018. A Base Nacional Comum Curricular é o documento oficial do Ministério da Educação que oferece uma direção para toda atividade educacional desenvolvida no país. É um manual fundamental para o alinhamento de todas as ações em instituições educacionais. BRASIL. Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13140.htm>. Acesso em 1º jan. 2020. Dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública. CHRISPINO, Álvaro. Gestão do conflito escolar: da classificação dos conflitos aos modelos de mediação. Ensaio: aval. pol. públ. Educ. Rio de Janeiro, v. 15, n. 54, p. 11-28, Mar. 2007. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010440362007000100002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 18 de fev. 2020. Neste ensaio, o autor traz classificações sobre os conflitos escolares e as possíveis formas de gerenciá-los. Alinha-se com o nosso Projeto, pois, diante das mutações nas relações sociais, faz-se necessário compreender com maior profundidade como a mediação pode gerenciar os dissensos escolares. LEDERACH, Jonh Paul. Transformação de conflitos. Tradução de Tônia Van Acker. 2.ed. São Paulo: Palas Athena, 2018. Neste livro, o autor traz a necessidade de compreender o conflito como não apenas a ser resolvido. Na perspectiva transformativa, através do diálogo, Lederach demonstra a total possibilidade de agir de forma pacificadora diante dos dissensos.

A incrível história de Nick Vujicic. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=pMGTeyPEqOQ&feature=youtu.be. Acesso em: 03 dez. 2019. Nascido em 1982, Nick é um pregador, um palestrante motivacional e diretor de uma organização cristã sem fins lucrativos. Com sua vida cheia de dificuldades de privações, foi proibido de assistir a aulas em uma escola regular. A oficina 2013. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=NJ7nCCJp9SM&feature=youtu. be. Acessado em 10 nov. 2019. A Oficina 2013 é uma mediação simulada gravada pela ENAM – Escola Nacional de Mediação e Conciliação.

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Conhecendo o Projeto É com grande alegria que apresentamos este Projeto Integrador. Espera-se que o Projeto Turismo no Brasil: para ver e sentir promova crescimento e aprendizado a todos os participantes. Compreende-se a educação como o único meio capaz de transformar potenciais em competências para a vida. Essa visão influencia nossa prática educacional e, assim, os indivíduos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem são capazes de transformar a si mesmos e o meio em que estão inseridos. Ou seja, nessa perspectiva, os estudantes possuem um papel de protagonismo. Uma prática pedagógica fundamentada no empreendedorismo juvenil compreende o estudante como o centro do processo de ensino-aprendizagem. Ela parte do conhecimento prévio que o estudante possui, visa ao fortalecimento de sua identidade, da sua autonomia e de seu desenvolvimento pessoal para a vida. Inclusive, a noção de empreendedorismo juvenil está inserida em todo o texto da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Segundo o documento (BRASIL, 2018, p. 467), a nova estrutura de arranjos curriculares “[...] valoriza o empreendedorismo juvenil, uma vez que prevê a oferta de variados itinerários formativos para atender à multiplicidade de interesses dos estudantes”. A denominação deste Projeto suscita reflexões no tocante ao tema turismo e acessibilidade, sob o subsídio da língua inglesa. O termo turismo é comumente definido como o conjunto de atividades que as pessoas realizam durante viagens e permanência em lugares diferentes daqueles em que vivem. Contudo, não se pode minimizar os efeitos e sensações que vão além dessa definição. No fazer turístico, há a oportunidade de conhecer diferentes culturas, povos e costumes, de conhecer o diferente, de transformar a si e o outro, de aprender diferentes cosmovisões e, assim, desenvolver o respeito, a tolerância, a identidade e, consequentemente, a autonomia. Acredita-se que a melhor maneira de divulgar as atrações turísticas de um local é produzindo conteúdo acerca dele. Além da produção, fazem-se necessárias a publicação e a divulgação deste conteúdo. Nessa perspectiva, entende-se que a produção deste conteúdo, assim como as atrações turísticas, deve atender a todos os grupos sociais possíveis. É com esse pensamento que se propõe, neste Projeto, que os estudantes embarquem na aventura do empreendedorismo. Portanto, será aberta uma agência fictícia de turismo para divulgar as atrações da

ESTE PROJETO CONTEMPLA O TEMA TRANSVERSAL CONTEMPORÂNEO TRABALHO E EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS

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região em que os envolvidos no Projeto vivem e, como resultado dessa agência, produzir-se-á um gênero textual, a saber: um Folder. Um Folder é um tipo de impresso pequeno, geralmente constituído de uma folha apenas com uma ou mais dobras, e que apresenta conteúdo informativo ou publicitário. É importante ressaltar que tal agência, bem como o conteúdo produzido pelos participantes, deve dar um destaque especial ao diálogo entre o turismo e a inclusão e a acessibilidade. A participação no desenvolvimento do Projeto em questão não está limitada apenas aos alunos e ao professor da disciplina Língua Inglesa. É com base na noção de transdisciplinaridade que compreendemos o ato pedagógico como possível de se realizar, a partir de diferentes perspectivas e com a ajuda de vários atores. Ou seja, nessa perspectiva não há fronteiras disciplinares e é na articulação da pluralidade do conhecimento que se busca a unidade do saber. Portanto, estendemos o convite à participação dos professores de outros campos do conhecimento (História, Artes, Geografia etc.), bem como a membros de toda a comunidade educativa. Desejamos sucesso a você, a seus estudantes e a todos os atores envolvidos no processo de desenvolvimento deste Projeto.

ObjetivoS, COMPETÊNCIAS E HABILIDADES Professor, verifique no quadro a seguir, a relação entre os objetivos do Projeto e as Competências Gerais indicadas na Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018), bem como com as Competências e Habilidades Específicas da área de Linguagens e suas tecnologias, que serão desenvolvidas neste Projeto.

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC QUE SERÃO TRABALHADAS NO PROJETO OBJETIVOS

COMPETÊNCIAS GERAIS

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS

HABILIDADES

1. Exercitar a curiosidade intelectual acerca do turismo no Brasil e na comunidade local, com o foco no turismo inclusivo e acessível, na diversidade artístico-cultural e no saber revelado pelos nativos de cada lugar.

2e3

6

EM13LGG602

2. Entender, em uma perspectiva inclusiva, a produção e divulgação de conteúdo sobre atrações turísticas, considerando os recursos materiais, visuais e linguísticos, de modo a promover a argumentação em torno de diferentes ideias, visões e decisões envolvidas na temática.

7e8

1e2

EM13LGG101 EM13LGG103 EM13LGG104

3. Mobilizar diferentes linguagens, para elaborar, em língua inglesa, conteúdo de caráter ético e atrativo sobre o turismo no Brasil e na comunidade, no formato de folders, com o objetivo de promover inclusão e acessibilidade a todos.

4, 5 e 6

3

EM13LGG301 EM13LGG304

Fonte: elaborada pelos autores com base na BNCC (2018). As competências e habilidades citadas podem ser consultadas por você na página 7 e 8 deste livro.

Faz-se necessária a compreensão da relação dos objetivos deste Projeto com as Competências Gerais da Educação Básica, bem como com as Competências e Habilidades Específicas da área de Linguagens e Suas Tecnologias da BNCC. Pois, assim, compreenderemos melhor as ações que serão desenvolvidas em todas as Etapas do presente Projeto. O objetivo 1, em sua proposição, relaciona-se às Competências Gerais 2 e 3 da Educação Básica da BNCC. Ao pesquisar e refletir sobre o turismo no Brasil e na cidade em que vivem, os alunos estarão exercitando a curiosidade intelectual, recorrendo a

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diversos recursos físicos e digitais, imaginando, colocando-se no lugar do outro – especialmente quando estiverem fazendo isso com o foco no turismo inclusivo – de maneira transdisciplinar. Além disso, eles poderão ter a oportunidade de desfrutar e valorizar diversas manifestações artístico-culturais presentes no fazer turístico de sua localidade e de outras. Isso tudo, tendo como princípio o empreendedorismo juvenil, uma vez que os próprios estudantes realizarão essa etapa de maneira autônoma. Ainda sobre o objetivo 1, registramos que se contempla a Competência Específica 6 da área de Linguagens e Suas Tecnologias que, por sua vez, está relacionada também com o contato e exploração das manifestações artísticas e culturais locais e globais, tendo como principal foco a apreciação estética. Tal apreciação é, conforme o documento, uma oportunidade de aguçar a sensibilidade, a imaginação e a criatividade dos estudantes. O objetivo 2 deste Projeto está relacionado às Competências Gerais 7 e 8 da BNCC. O processo de produção e divulgação de conteúdos turísticos revela, por meio de diversas manifestações de linguagem, ideias, concepções, tomada de decisões acerca dos interesses do público-alvo, bem como daqueles que lucram com a oferta do serviço. Acreditamos que a compreensão desses processos ocorrerá por meio do debate que os alunos poderão realizar e da aceitação de ideias, visões e decisões dos seus pares, visto que “um indivíduo emerge através dos processos de interação social, não como Produto final, mas como alguém que é (re)constituído através das várias práticas discursivas das quais participa.” (CAVALCANTI, 2006, p. 242). As Competências Específicas 1 e 2 da área de Linguagens e suas Tecnologias são contempladas no objetivo 2. Na Competência 1, os alunos poderão desenvolver uma compreensão e análise mais profunda do funcionamento das diferentes linguagens utilizadas no processo de produção e divulgação de conteúdos turísticos. Já na Competência 2, o foco está nas situações e contextos de produção de sentido das práticas sociais da linguagem. Ou seja, não basta apenas compreender o tipo de linguagem que é geralmente utilizada. Deve-se de igual modo compreender os sentidos explícitos e implícitos nas escolhas linguísticas que pautaram tais produções. Isso está alinhado ao princípio de empreendedorismo juvenil e, além disso, é uma oportunidade para desenvolver o pensamento crítico nos alunos. No objetivo 3, embasamo-nos nas Competências Gerais 4 e 5 da BNCC, uma vez que os alunos deverão utilizar diferentes linguagens, bem como fazer uso de tecnologias no processo de produção do Folder para a divulgação das atrações turísticas de suas localidades. Além disso, este objetivo contempla a Competência Específica 3 da área de Linguagens e suas Tecnologias. Segundo o texto do documento, ela focaliza a “construção da autonomia dos estudantes nas práticas de compreensão/recepção e de produção (individual ou coletiva) em diferentes linguagens” (BRASIL, 2018, p. 485). Nesse sentido, os alunos participarão do processo de produção juntamente com seus pares, em uma Agência de Turismo, utilizando diferentes tipos de linguagens (verbal e não verbal, escrita e oral etc.), além de, por meio desse processo, atuarem social e politicamente para sensibilizar a comunidade no tocante às dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência.

JUSTIFICATIVA Conforme a BNCC, “cabe às escolas de Ensino Médio contribuir para a formação de jovens críticos e autônomos, entendendo a crítica como a compreensão informada dos fenômenos naturais e culturais, e a autonomia como a capacidade de tomar decisões fundamentadas e responsáveis” (BRASIL, 2018, p. 463). Nesse sentido, é crucial um novo olhar para as metodologias e abordagens de ensino na sua

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escola, professor, com vistas a proporcionar oportunidades para que os estudantes desenvolvam o pensamento crítico e autônomo acerca da realidade em que vivem. Este Projeto, portanto, tem como finalidade a integração dos vários atores (alunos, professores e comunidade escolar) na produção de um produto, a saber: um Folder. Embora esse produto seja amplamente conhecido na sociedade, o aspecto inovador do produzido no âmbito deste Projeto é o fato de contemplar a inclusão e a acessibilidade com objetivo de resolver a baixa oferta de turismo que contemple todos, inclusive pessoas com deficiência. Esse aspecto é uma oportunidade de transformação do meio, das representações e das identidades de todos os envolvidos no desenvolvimento das ações. Os estudantes iniciarão os trabalhos buscando refletir acerca do turismo voltado ao público com deficiência no Brasil e na localidade em que eles vivem. Para tanto, eles lançarão mão de uma pesquisa profunda através de fatos, de dados e de informações quanto ao turismo inclusivo e acessível. Além disso, visitas a pontos turísticos da cidade onde os alunos moram, visando a uma análise para saber se tais lugares atendem à demanda desta categoria de turismo. Essa é uma excelente oportunidade de constatar, na prática, a realidade. Através da análise de materiais de divulgação produzidos por agências de turismo, os alunos poderão perceber as motivações do mercado turístico inerentes ao formato de produção desses materiais de divulgação das atrações turísticas. Isto é importante no processo de desenvolvimento do pensamento crítico e autônomo. Além disso, pensando que o Produto final deste Projeto é a produção de materiais de divulgação das atrações turísticas da localidade como os realizados por agências de turismo reais, é essencial que os alunos desenvolvam esse pensamento crítico-reflexivo quanto à temática. Assim, os alunos não estarão apenas aprendendo aspectos da língua inglesa, mas também o campo do turismo será apresentado como um setor aberto para investigação e intervenção social, mercadológica, cultural etc. A língua inglesa será o caminho pelo qual os alunos trilharam a transformação em si e no meio em que eles estão inseridos. Isto é, eles estão aprendendo de maneira significativa e transformadora. Os alunos criarão uma Agência de Turismo e produzirão um produto (um Folder) para divulgar as atrações turísticas de sua região; contudo, eles não poderão deixar passar o compromisso com os Direitos Humanos, promovendo através desse produto a inclusão e a acessibilidade e, assim, ampliando o debate sobre o tema.

Produto Final Ao término do desenvolvimento do Projeto, os alunos apresentarão à comunidade escolar a Agência de Turismo e um produto, a saber: um Folder. Sugerimos que os alunos sejam divididos em equipes de no máximo seis. Vale ressaltar que esse produto precisa atender a alguns critérios como, por exemplo, destacar inclusão e acessibilidades (tanto no processo de feitura do produto quanto na oferta de divulgação de atrações turísticas); além disso, deve ser produzido em língua inglesa e contemplar diversas formas de linguagem (verbal, não verbal etc.). O Folder é um tipo de impresso com dobras, geralmente usado para transmitir uma mensagem de teor informativo ou publicitário com apelo visual e estético. As equipes deverão apresentar, cada uma, um Folder divulgando as atrações turísticas da região em que vivem tendo como princípios norteadores a inclusão e a acessibilidade. Sendo assim, os alunos deverão refletir e, consequentemente,

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escolher as atrações turísticas que contemplem tanto aqueles com plena capacidade de visão e de mobilidade, quanto as pessoas com deficiência. Além disso, os alunos deverão produzir um Folder que em si mesmo atenda ao público em questão (exemplo: confecção de parte do Folder em braile). Para o desenvolvimento do Projeto, serão necessários os seguintes materiais: caderno escolar, caneta, lápis e borracha, computador com programa editor de imagem conectado à Internet (se possível) e dispositivo móvel (smartphone, tablet, câmeras digitais etc.) conectado à Internet (se possível). Veja como viabilizar esse material em conjunto com seus alunos e colegas de trabalho.

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DESENVOLVIMENTO DO PROJETO Para a realização deste Projeto, sugerimos um planejamento trimestral, com carga-horária prevista de 20 horas-aula, devendo o Projeto ser conduzido sob a liderança do professor de Língua Inglesa, de forma interdisciplinar, em conjunto com os professores de Arte, Geografia, História e Língua Portuguesa, conforme apresentado na tabela a seguir. SUGESTÃO DE PLANEJAMENTO TRIMESTRAL PARA O PROJETO ETAPA

PASSOS

NÚMERO DE AULAS

COMPONENTE(S) ASSOCIADO(S)

Conhecendo o Projeto Apresentação do Projeto

-

1

Língua Inglesa Arte / História Geografia

Desenvolvendo o Projeto Língua Inglesa História / Geografia

Passo 1: Reflexões sobre o turismo para pessoas com deficiência Etapa 1: Estudo sobre o turismo (inclusivo e acessível) no Brasil

Passo 2: Caindo em campo: turismo e acessibilidade na sua região

7

Passo 3: As ações inclusivas no campo do turismo

Língua Inglesa

Língua Inglesa História / Geografia

Passo 4: Visitando lugares, fazendo turismo. Etapa 2: Estudo sobre os processos de produção de materiais de divulgação de atrações turísticas

Passo 5: Conhecendo o gênero textual Folder

Língua Inglesa Arte / História / Geografia

7

Passo 6: Produzindo um Folder sobre as atrações turísticas de sua região.

Língua Inglesa Língua Portuguesa / Arte

Língua Inglesa Arte

Organizando e Apresentando o Produto final

Etapa 3: Criando uma Agência de Turismo e divulgando sua região com inclusão e acessibilidade

Passo 7: Criando uma Agência de Turismo

Língua Inglesa Língua Portuguesa

Passo 8: Criando espaços de divulgação na rede

Língua Inglesa Arte 4

Passo 9: Organização de uma feira de turismo

Língua Inglesa História/ Geografia/ Arte

Passo 10: Realização da feira de turismo

-

Avaliando o Projeto Avaliação e autoavaliação Fonte: elaborada pelos autores, 2020.

260

-

1

Língua Inglesa


Antes de iniciar as Etapas, bem como cada Passo das Etapas deste Projeto, acreditamos que seja importante a realização de uma avaliação diagnóstica para que você possa, a partir dela, nortear e adaptar as metodologias e abordagens para tratar do tema ao longo do desenvolvimento das ações. Isto é, antes de apresentar o Projeto, comece com uma provocação; use perguntas para ativar o conhecimento prévio dos participantes e, assim, você poderá diagnosticar o nível de conhecimento, as habilidades, as crenças, os valores e competências de cada aluno. Ressaltamos que as ações que serão descritas a partir desse momento não precisam ser tomadas como estanques, ou seja, você pode adaptá-las à realidade em que está aplicando este Projeto. Ninguém melhor do que você, professor, para conhecer a realidade de ensino e aprendizagem na sua comunidade escolar. Passemos à descrição das Etapas e Passos deste Projeto.

ETAPA 1 - ESTUDO SOBRE O TURISMO (INCLUSIVO E ACESSÍVEL) NO BRASIL. Professor, na primeira Etapa, destaque o título e ressalte a importância de pesquisar os fatos, os dados e as informações sobre o turismo no Brasil de forma mais ampla e do turismo inclusivo de maneira mais específica. Para alguns alunos, talvez seja a primeira vez que ouvirão falar dessa modalidade de turismo. Por isso, no Passo 1, eles farão uma pesquisa individual. Os estudantes poderão acessar dados de diversos websites, tais como: IBGE, Embratur, MTur etc. O mais importante é que eles consigam, através desse processo, desenvolver um pensamento crítico-reflexivo no tocante ao tema. Esse Passo ocupará uma aula. Já no Passo 2, os alunos terão a oportunidade de realizar uma pesquisa coletiva e de campo. Acreditamos que o contato com a realidade aguçará a mudança de visão e/ou despertará para a causa, a pauta e a luta das pessoas com algum grau de deficiência. Além disso, nessa pesquisa de campo, os alunos poderão observar in loco as atrações turísticas de sua região e registrá-las. Reitere a importância de preencher a tabela de pesquisa, as informações coletadas serão muito úteis para Passos posteriores deste Projeto. Para a realização deste Passo, você, professor, juntamente com a escola, promoverá essa visita às atrações turísticas da região e utilizará cinco aulas (se possível, aulas seguidas). E, finalmente, no Passo 3, os alunos, através da leitura e interpretação de um texto em língua inglesa, refletirão sobre exemplos de ações inclusivas e acessíveis realizadas no campo do turismo. Em uma aula, você poderá realizar o Passo 3.

ETAPA 2 - ESTUDO SOBRE OS PROCESSOS DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DE DIVULGAÇÃO DE ATRAÇÕES TURÍSTICAS Na Etapa 2, especificamente no Passo 4, iniciaremos o estudo dos processos de produção de materiais usados na divulgação de atrações turísticas. Nesse sentido, o conhecimento linguístico se faz um elemento importante. Não há como divulgar algo sem articular as diversas manifestações da linguagem de maneira significativa. Portanto, assistiremos a um vídeo, cujo título é The top 10 must-visit cities around the world que está disponível gratuitamente na Internet. Além de assistir, os conhecimentos linguísticos dos alunos e a compreensão oral deles serão avaliados. Construiremos um mural de palavras em língua inglesa dentro do campo semântico do turismo. No Passo 5, conheceremos o gênero textual Folder. Estudaremos os elementos constituintes desse gênero, suas principais características e funções e, além disso, analisaremos um exemplo redigido em língua inglesa. Por fim, no Passo 6, é o momento de colocar toda a criatividade à disposição, pois é o momento em que os alunos irão planejar e elaborar o próprio Folder. É importante ressaltar que, em todo tempo, os alunos devem ser lembrados do destaque que deve ser dado à promoção de inclusão e acessibilidade por meio da produção de

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um material de divulgação das atrações turísticas da região em que vivem. Essa Etapa, como um todo, será realizada no total de sete aulas.

ETAPA 3 - CRIANDO UMA AGÊNCIA DE TURISMO E DIVULGANDO SUA REGIÃO COM INCLUSÃO E ACESSIBILIDADE Na terceira Etapa, daremos sentido e funcionalidade para o material produzido pelos alunos. Assim, no Passo 7, cada equipe de alunos abrirá uma Agência de Turismo, contendo os principais elementos que uma empresa tem, a saber: nome, slogan, público-alvo, produtos e serviços, bem como visão, missão e valores. No Passo 8, criaremos espaços virtuais de divulgação do Folder. Para tanto, buscaremos conhecimento e apropriação das diversas redes sociais, pois elas são excelentes campos de atuação do marketing digital. No Passo 9, organizaremos uma feira de turismo. É necessário cuidar da organização, do planejamento e da divulgação do evento. E, no Passo 10, teremos o grande dia. Realizaremos a feira para lançamento das agências de turismo, bem como para a divulgação dos materiais, por elas, produzidos. É preciso cuidar da acomodação dos convidados e executar as ações como planejadas, para que tudo ocorra dentro do previsto. Após a realização de todas as Etapas, realizaremos uma autoavaliação conjuntamente com os alunos e todos os participantes do Projeto. Além da autoavaliação, realizaremos uma avaliação contínua, devido ao caráter extenso e desdobrado das ações previstas neste Projeto.

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ETAPA 1

ESTUDO SOBRE O TURISMO INCLUSIVO NO BRASIL PASSO 01 REFLEXÕES SOBRE O TURISMO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

vamos pesquisar! Professor, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realiza a cada dez anos o Censo Demográfico e, assim, apresenta para a sociedade dados relevantes acerca de várias temáticas. Não é diferente em relação às pessoas com deficiência. Além do IBGE, outras agências governamentais e não-governamentais geram dados e informações quanto ao tema. Considerando que o Projeto objetiva o diálogo entre turismo e inclusão/acessibilidade, é fundamental que os alunos pesquisem dados e informações acerca do turismo para esse público-alvo. Sugerimos, então, os websites do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) e do Ministério do Turismo (Mtur). Neste segundo, visite especialmente a seção do website do programa Turismo Acessível. Faz-se necessário que os alunos sejam convidados a anotarem essas informações e dados em seus cadernos de anotação ou trazê-los impressos para um momento de compartilhamento entre as equipes. Sugerimos que esse compartilhamento ocorra através de uma dinâmica. Sugerimos a dinâmica World Café. O World Café é uma dinâmica que pode ser aplicada a qualquer grupo de pessoas. É um processo criativo com o objetivo de gerar diálogos colaborativos entre os indivíduos e responder coletivamente questões de grande relevância para o meio social. A seguir explicaremos o passo a passo para a realização dela.

• Divida os estudantes em grupos de conversação (podem ser as equipes de estudantes já formadas para o desenvolvimento do Projeto);

• Dentro de cada grupo, define-se um “anfitrião”, que permanecerá na mesa. Os outros atuarão como viajantes, trocam de mesa a cada rodada;

• As rodadas devem durar o tempo suficiente para que o diálogo seja desenvolvido;

• O “anfitrião” deve encorajar que os “viajantes” expressem suas ideias com rabiscos, desenhos ou palavras-chave no flipchart. O anfitrião deve conectar essas ideias e dar boas-vindas aos novos viajantes a cada rodada;

• Na última rodada, os viajantes voltam a suas mesas de início, onde sintetizarão as descobertas;

• Por fim, realize uma conversação em assembleia, em que todos os indivíduos 263


compartilhem suas descobertas, evidenciando o conhecimento coletivo e o surgimento de possibilidades de ações conjuntas. Observação: Para uma melhor compreensão da dinâmica World Café, disponibilizamos algumas sugestões de livro, artigo e website na seção Referências do presente Projeto.

PASSO 02 CAINDO EM CAMPO: TURISMO E ACESSIBILIDADE NA SUA REGIÃO A pesquisa de campo é uma atividade realizada por pesquisadores no local onde o fenômeno estudado acontece. Inclui a coleta ou registro de dados e informações relativas ao fenômeno ou objeto estudado. As atividades realizadas no âmbito da pesquisa de campo se diferenciam daquelas realizadas dentro do laboratório de pesquisa. Professor, os alunos serão orientados a visitar as principais atrações turísticas da região e observar se elas atendem às demandas das pessoas com deficiência. Para tanto, é importante que a escola promova essa visita. Você solicitará à escola a saída dos alunos com autorização dos pais ou responsáveis. Caso a escola, por algum motivo, não possa promover essa aula de campo, os alunos serão motivados a fazerem essa visita acompanhados dos pais ou responsáveis, como uma atividade extraescolar. No momento da observação, é interessante que os alunos procurem de maneira autônoma e livre, ou seja, sem intervenção do professor, as adaptações para cada categoria. Esse exercício é importante para aguçar a sensibilidade dos alunos para o tema em questão. Além da observação, os alunos deverão ser encorajados a entrevistarem os membros do staff administrativo dos locais que visitarem. Vale ressaltar que essa visita é uma excelente oportunidade para os alunos tirarem fotos que comporão os Folders de divulgação. Encoraje-os a levarem e usarem celulares e câmeras digitais para esse propósito.

PASSO 03 AS AÇÕES INCLUSIVAS NO CAMPO DO TURISMO 1. Qual a ideia principal do texto? A ideia principal do texto é promover o turismo acessível. De acordo com o texto, estima-se que existe mais de 1 bilhão de pessoas com deficiência em todo o globo terrestre. Embora isso signifique um enorme potencial para viagens e turismo, ainda permanece muito mal atendido devido a instalações e serviços inacessíveis de viagens e turismo, além de políticas e práticas discriminatórias. 2. O que é turismo acessível? O turismo acessível é o esforço contínuo para garantir que destinos, produtos e serviços turísticos sejam acessíveis a todas as pessoas, independentemente de deficiência ou idade. Isso inclui locais, instalações e serviços

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turísticos de propriedade pública e privada. O turismo acessível envolve um processo colaborativo entre todas as partes interessadas, governos, agências internacionais, operadores turísticos e usuários finais, incluindo pessoas com deficiência e suas organizações. 3. Quais são as barreiras e desafios que as pessoas com deficiência enfrentam ao viajar ou realizar atividades turísticas? Para pessoas com deficiência, viajar pode ser um desafio, pois encontrar informações sobre serviços acessíveis, despachar bagagem em um avião, reservar um quarto para atender às necessidades de acesso, geralmente se mostra difícil, oneroso e demorado. Os desafios para as pessoas com deficiência incluem:

• Equipe profissional não treinada, incapaz de informar e aconselhar sobre questões de acessibilidade;

• Serviços de reservas e websites relacionados inacessíveis; • Falta de aeroportos acessíveis, de facilidades e de serviços de transferência; • Indisponibilidade de quartos de hotel, restaurantes, lojas, banheiros e locais públicos adaptados e acessíveis;

• Ruas e serviços de transporte inacessíveis; • Informações indisponíveis sobre instalações acessíveis, serviços, aluguel de equipamentos e atrações turísticas.

4. Por que o turismo acessível é importante? A acessibilidade é um elemento central de qualquer política de desenvolvimento responsável e sustentável. É um imperativo de direitos humanos.

vamos pesquisar! Professor, nesta fase do Projeto, o aluno conhecerá, através de um texto, em língua inglesa, publicado pelo website das Nações Unidas, a importância do turismo acessível. O texto promoting acessible tourism for all encontra-se no livro do aluno, nas páginas 138 e 139. Tem como ideia principal demonstrar que existe a possibilidade de promover atividades turísticas sem discriminar e segregar pessoas com deficiência. Segundo o texto, globalmente, estima-se que exista mais de 1 bilhão de pessoas com deficiência, bem como existam mais de 2 bilhões de pessoas, tais como cônjuges, filhos e cuidadores de pessoas com deficiência. Isso implica que quase um terço da população mundial é afetado direta ou indiretamente por questões que passam pela inclusão e acessibilidade. Tal fato significa que esse público possui um enorme potencial para viagens e turismo, porém ainda permanece muito mal atendido devido a instalações e serviços inacessíveis, além de políticas e práticas discriminatórias. Diante disso, acreditamos que o texto motivará os alunos no desenvolvimento do Projeto. Além disso, é uma ferramenta para se trabalhar alguns aspectos da língua inglesa. Sugerimos, portanto, a seguinte abordagem com o material: 1. Pre-reading activity [Atividade de pré-leitura]: Você pode iniciar este momento realizando um brainstorming [tempestade de ideias] sobre o tema do texto. Ou seja, escreva no quadro a palavra Tourist Attractions. Em seguida, encoraje-os a dizerem as palavras, frases e tópicos que vêm às suas mentes. Enquanto eles dizem, você escreve (em inglês) tudo no quadro. Você verá que muitas das palavras e das frases que surgirão também estarão

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presentes no texto. De acordo com Oliveira (2015, p. 106), as atividades de pré-leitura “possibilitam ao professor fazer ideia dos conhecimentos relacionados ao texto que os alunos possuem ou não possuem e, assim, tomar decisões quanto à forma de conduzir a atividade de leitura”, pois atividades como esta ativam o conhecimento prévio dos alunos e os esquemas mentais necessários para o desenvolvimento da atividade de leitura. 2. Antes de ler o texto ou mandar que os alunos o leiam, você pode explicar as três estratégias de leitura mais conhecidas. Esse conhecimento é importante para qualquer leitura que os alunos precisarem fazer, inclusive na língua materna. As estratégias de leitura são: Prediction, Skimming e Scanning. Em primeiro lugar, na Prediction [Previsão], exploram-se o título e os elementos visuais presentes no texto. Peça para que os alunos tentem antecipar, com base nesses elementos, o que eles acreditam que encontrarão na leitura do texto. Em segundo lugar, na Skimming, a leitura é realizada de maneira rápida, sem traduções. Faz-se importante destacar as palavras cognatas e as palavras transparentes. Mas cuidado! Há também a ocorrência de falsos cognatos, ou seja, aquelas palavras que possuem semelhança na escrita e na pronúncia com a língua portuguesa, mas o sentido é diferente. A estratégia skimming é usada geralmente para compreensão da ideia principal do texto. Em terceiro lugar, na Scanning, o aluno precisa fazer uma leitura detalhada de parte do texto. Ele aplicará essa estratégia para resolução da atividade de leitura. 3. Reading activity [Atividade de leitura]: Esta atividade é a resolução de quatro questões com base na leitura do texto.

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ETAPA 2

ESTUDO SOBRE OS PROCESSOS DE PRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO DE ATRAÇÕES TURÍSTICAS PASSO 04 VISITANDO LUGARES, FAZENDO TURISMO! The top 10 must-visit cities around the world 1. Qual, dentre os países listados abaixo, não foi mencionado em nenhuma parte do vídeo? a. Germany ( ) b. Brazil ( X ) c. Canada ( d. Italy (

)

)

2. Qual, dentre as cidades listadas abaixo, foi mencionada durante o vídeo? a. Rio de Janeiro ( ) b. Dallas (

)

c. Rome ( X ) d. Lyon (

)

3. Qual cidade é conhecida como a cidade das luzes e por ser um destino romântico? a. Paris, France ( X ) b. Rome, Italy (

)

c. New York, The USA ( d. London, England (

) )

4. Qual cidade é conhecida como aquela que nunca dorme e também como The Big Apple? a. Tokyo, Japan (

)

b. Vancouver, Canada ( c. London, England (

) )

d. New York ( X ) 5. Qual cidade foi fundada pelos romanos há quase dois milênios atrás? a. Rome, Italy ( ) b. Barcelona, Spain (

)

c. London, England ( X ) d. Istanbul, Turkey (

)

6. ____________ fica na foz do rio mais longo da Ásia, o rio Youngtze. a. Shanghai, China ( X ) b. Tokyo, Japan (

)

267


c. Bangkok, Thailand (

)

d. Cape Town, South Africa (

)

7. ____________ é um destino comum entre religiosos católicos. a. Barcelona, Spain ( ) b. Rio de Janeiro, Brazil ( c. Istanbul, Turkey (

)

)

d. Rome, Italy ( X ) 8. Qual cidade foi dividida por um período de tempo? a. Berlim, Germany ( X ) b. New York, The USA ( c. London, England (

) )

d. Cape Town, South Africa (

)

9. _____________ é uma mistura do mundo antigo com tecnologias futurísticas. a. Tokyo, Japan ( X ) a. Shanghai, China (

)

b. New York, The USA ( c. Rome, Italy (

)

)

10. Qual cidade é reconhecida pela grande torcida de um time de futebol? a. Rio de Janeiro, Brazil (

)

b. Barcelona, Spain ( X ) c. London, England (

)

d. Berlim, Germany (

)

Professor, para iniciar a discussão acerca dos principais lugares procurados pelos turistas em todo o planeta, faz-se importante ativar o conhecimento prévio dos alunos quanto às key-words. Sugerimos, para esse propósito, a construção coletiva de uma Word Wall. Durante uma aula, o vocabulário do conteúdo principal é destacado pelo professor e escrito em ordem alfabética na Word Wall, que geralmente é uma grande folha de papel colada na parede. As Word Walls servem como uma ferramenta de ensino eficaz para exibir os principais termos de cada tema ou unidade e revisitá-los conforme necessário (Echevarría, Vogt, & Short, 2016). Sugerimos quatro categorias para a construção da Word Wall com foco no turismo. Veja o exemplo abaixo!

WORD WALL Countries

Cities

Places in a city

Adjectives

Activities/Verbs

Brazil

Rio de Janeiro

Church

Crowded

Go sightseeing

The USA

New York

Beach

Noisy

Visit

England

London

River

Polluted

Take photo

France

Paris

Restaurant

Beautiful

Eat

Spain

Madrid

Railway Station

Modern

Drink

Italy

Rome

Mall

Dangerous

Swim

Japan

Tokyo

Museum

Safe

Run

Fonte: elaborada pelos autores, 2020.

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É importante que a construção dessa Word Wall parta do conhecimento dos alunos e seja uma construção coletiva. Além disso, você deverá manter esse mural sempre atualizado e visível, pois as palavras serão sempre retomadas durante o desenvolvimento do Projeto, principalmente no momento da elaboração do Folder e do vídeo. Em seguida, você mostrará para os alunos um vídeo de aproximadamente oito minutos que tem por título The top 10 most-visit cities around the world. O link para o vídeo é < www.youtube.com/watch?v=IQVdvGRkfKs >. Os alunos precisarão ficar atentos às ocorrências das palavras que eles aprenderam e listaram na Word Wall a fim de prestar atenção à relação delas com os lugares. Como elas são usadas? Quando elas são usadas? A quem elas se dirigem? Antes de passar o vídeo, verifique se alguma palavra importante no vídeo não apareceu no momento da construção da Word Wall e ensine a eles. Oriente os alunos a tomarem nota em seus cadernos de anotação ou em uma folha avulsa para que eles não esqueçam das informações importantes do vídeo. Repita o vídeo duas ou três vezes. Em seguida, você aplicará o quiz sobre o vídeo com o objetivo de testar a habilidade de compreensão oral dos alunos. Caso você queira, você pode aplicar esse quiz de uma maneira mais interativa. Para isso, sugerimos duas ferramentas, a saber: Plickers ou Karut. São ferramentas online gratuitas. Você só precisará de conexão com a Internet para aplicação.

PASSO 05 CONHECENDO O GÊNERO TEXTUAL FOLDER

vamos pesquisar! Professor, as habilidades necessárias para a atuação autônoma do homem no meio social estão relacionadas com a busca e o processamento de informações, além da aquisição de conhecimentos e pensamento crítico-reflexivo. Isso só é possível por meio de processos de leitura. Segundo a BNCC, o foco da área de Linguagens e suas Tecnologias no âmbito do Ensino Médio “[...] está na ampliação da autonomia, do protagonismo e da autoria nas práticas de diferentes linguagens; na identificação e na crítica aos diferentes usos das linguagens [...]; na apreciação e na participação em diversas manifestações artísticas e culturais e no uso criativo das diversas mídias” (2018, p. 470). Nesse sentido, o Folder pode e deve ser usado como recurso para o ensino no campo das Linguagens e suas Tecnologias, uma vez que é um gênero que fomenta os diversos usos da linguagem. Além disso, por meio deste gênero textual, o aluno poderá, de maneira autônoma e exercendo seu protagonismo, identificar, criticar e criar, usando a linguagem em suas várias manifestações. No processo de leitura do Folder, você levará em consideração o conhecimento prévio dos alunos para que, a partir dele, construa-se sentido. De acordo com Lopes-Rossi (2003), o maior domínio do gênero textual possibilita maior objetividade de leitura e posicionamento crítico em relação ao que se lê. Em alguns gêneros textuais, há uma integração entre signos verbais, sons, imagens e formas em movimento. No caso do Folder, você pode observar a integração de signos verbais e imagens. Esses elementos funcionam para que o material seja atrativo e persuasivo ao leitor.

269


Portanto, você – professor – apresentará aos alunos os elementos constituintes do gênero textual Folder e analisará juntamente com eles o exemplo disposto no material. Para realizar a leitura e análise do texto, você poderá observar: a. o contexto de produção (autor, enunciador, destinatário, objetivos, local de publicação e outros aspectos); b. o conteúdo temático; c. a estrutura composicional (aspectos gráficos, signos verbais e não verbais, suporte, papel); d. o estilo e a linguagem (enunciados, léxico, modos verbais, títulos e chamadas, subjetividade). Você poderá usar o texto de maneira que os alunos possam, ao mesmo tempo em que se debruçam sobre os elementos linguísticos, desfrutar dos elementos não verbais, contribuindo, assim, para o desenvolvimento do pensamento crítico-reflexivo. Veja algumas questões que você pode usar durante os trabalhos com o Folder. a. Que tipo de texto vocês têm em mãos? b. Sobre qual assunto o Folder fala? c. Como foi possível saber o tema tratado pelo Folder? d. O que pode ser visto no Folder? e. Há algum slogan no Folder? f. Onde se encontra o título do Folder? (Discutir sobre o modo como o título do texto está escrito, tamanho da letra, cor etc.) g. Quais são as imagens usadas no Folder? (Neste momento, é importante explorar a função das ilustrações.) h. Qual a função das cores e das imagens usadas? i. Qual o tamanho dos textos? De que forma são escritos? Por quê? j. Com qual finalidade o Folder foi produzido? Os textos lidos servem para nos instruir a como agir em relação à determinada questão ou servem para nos divertir? k. Quem foram os responsáveis pela produção e divulgação do Folder? l. Qual o público-alvo do Folder? m. Qual a principal ideia do texto? (Para isso, os alunos poderão se basear nas informações obtidas pela leitura do texto e nas ilustrações trazidas pelo folheto). Finalmente, você poderá motivar os alunos a pesquisarem mais exemplos de Folders e, assim, eles constituirão um repertório para se inspirarem para o próximo momento (de elaboração autoral de um exemplar), bem como para que eles possam dominar o gênero rapidamente. Explique que há outros tipos de Folders que podem e devem ser pesquisados.

• Folder bancário: apresenta linguagem persuasiva, imagens, informações bancárias, taxas, serviços, promoções, histórico do banco, público-alvo específico;

• Folder institucional: contém informações institucionais, linguagem persuasiva, ofertas, históricos;

• Folder comercial: anuncia produtos, contém imagens, descrições técnicas e de preços, informações gerais;

• Folder de serviços e orientações de saúde: apresenta imagens, linguagem persuasiva, informações, estatísticas, relatos de casos, orientações de saúde e qualidade de vida.

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PASSO 06 PRODUZINDO UM FOLDER SOBRE AS ATRAÇÕES TURÍSTICAS DE SUA REGIÃO PENSANDO SOBRE O DESIGN DO SEU FOLDER O momento de planejamento requer reflexão. E, agora, os alunos refletirão acerca da estrutura e formatação dos Folders. Nesta altura do Projeto, eles já tiveram contato suficiente com o gênero textual e poderão realizar essa atividade de maneira autônoma. Contudo, você, professor, irá monitorar em qualquer dúvida ou necessidade da parte dos alunos. O planejamento consiste em uma tarefa de preparação, organização e estruturação de um determinado objetivo. Motive os alunos a preparar uma apresentação do projeto de Folder para o restante das equipes. Eles podem usar recursos eletrônicos como, por exemplo, datashow. Para tanto, cabe a você, professor, prover os recursos necessários para que a atividade ocorra dentro do previsto. Se a escola dispuser de um laboratório de informática, use-o na fase de planejamento. Há diversos websites que disponibilizam modelos de templates gratuitos de Folders. O momento de apresentação pode acontecer no laboratório ou na sala de aula, desde que haja um projetor e um computador disponível.

PENSANDO SOBRE AS IMAGENS DO SEU FOLDER Roteiro para seleção e escolha das imagens No Passo 2 da Etapa 1 deste Projeto, os alunos visitaram as principais atrações turísticas da região onde eles moram. Nessa visita, eles foram orientados a tirar muitas fotos, pois eles precisariam delas posteriormente. Esse momento chegou! Eles vão se reunir com suas equipes e selecionar entre todas as fotos que eles tiraram aquelas que comporão o Folder. Você deve ressaltar a importância de estabelecer critérios para escolha das imagens. Pois não basta inserir qualquer imagem na arte do Folder, achando que surtirá o efeito esperado. Sugerimos os seguintes critérios: 1. Pense na coerência da imagem – Pergunte sempre se ela faz sentido, se tem relação com o texto que a acompanha e se há relação com a mensagem que está sendo articulada; 2. Represente sua personalidade – Demonstre que há um vínculo afetivo na escolha da imagem; 3. Pense no formato ideal – Cada gênero textual tem uma exigência em relação a isso; 4. Preze pela qualidade – Não coloque fotos em baixa qualidade; 5. Não exagere – Às vezes o uso excessivo de elementos visuais pode causar um efeito contrário ao que se pretende; Motive-os a pesquisarem mais critérios e usá-los no processo de escolhas para a elaboração do Folder. Você deverá também monitorar e gerir qualquer que seja a necessidade dos alunos quanto ao aspecto inclusivo e acessível do material. Os elementos visuais podem comunicar esse aspecto.

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PENSANDO SOBRE OS TEXTOS DO SEU FOLDER 1. Qual o título do Folder? The amazing Amazon Rainforest. 2. Há algum slogan? Se sim, qual? Sim! Enjoy your trip. Enjoy your life. 3. Onde está situada a introdução do Folder? Ao lado esquerdo na parte de cima do Folder. 4. Quantos tópicos há no Folder? Três tópicos. 5. Quais são os tópicos? Complete Intinarary, Basic Iquitos Pacaya Samiria Tour; Rainforest Wildlife Photography Tour e Cultural Tour. Professor, os alunos já aprenderam sobre os elementos visuais e os critérios importantes para escolha das imagens no processo de produção de um Folder. Contudo, eles, em sua composição, devem articular imagens e linguagem verbal. Sendo assim, é importante uma atenção especial a esse aspecto. Você deverá apresentar esses elementos textuais presentes no gênero e dará um tempo para que eles façam a leitura e encontrem cada elemento. Agora responda às questões de compreensão do texto. 1. Qual a ideia principal do texto? Apresentar um dos destinos de férias mais espetaculares do planeta: um hotel na floresta amazônica. 2. Onde fica o hotel? O hotel fica no Estado do Amazonas, Brasil. 3. Qual é a curiosidade do hotel? Ele foi completamente construído no topo das árvores da floresta amazônica. 4. Quais serviços o hotel oferece? O hotel oferece o que há de mais recente em férias ecológicas, desde navegar no rio Amazonas até nadar com “golfinhos cor de rosa”. Você deve ter percebido que boa parte do vocabulário usado no texto introdutório foi trabalhado no Passo 5. Na ocasião, após assistirem a um vídeo, os alunos realizaram atividades com o foco na aquisição e ampliação de conhecimento de palavras, frases e expressões em língua inglesa mais usadas na área do turismo. O texto de introdução, assim como os tópicos, devem ser objetivos e atrativos. Os alunos deverão perceber a linguagem simples e de fácil compreensão presentes nesses fragmentos. Roteiro de elaboração dos textos para Folder Você motivará os alunos a responderem o roteiro acima para que eles possam organizar as ideias. Encoraje-os a responder em língua inglesa. Eles já dominam boa parte do conhecimento necessário para assim fazerem. Caso eles precisem, você poderá disponibilizar dicionários, softwares de tradução e, principalmente, sua ajuda e mediação. Peça para que eles redijam cada parte textual do Folder em uma folha separada. Corrija os textos e ajude-os com sugestões e palavras que eles não lembrem.

MONTANDO O FOLDER: COMO UM QUEBRA-CABEÇA. Professor, esta é a Etapa final do processo de produção do Folder. Leve os alunos para um laboratório de informática e deixe que eles montem cada parte do Folder como se fosse um quebra-cabeça. Ajude-os no que eles precisarem.

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ETAPA 3

CRIANDO UMA AGÊNCIA DE TURISMO E DIVULGANDO SUA REGIÃO COM INCLUSÃO E ACESSIBILIDADE PASSO 07 CRIANDO UMA AGÊNCIA DE TURISMO Quando se abre uma empresa, uma das primeiras coisas a se pensar é o nome dela. O nome da empresa é a sua identidade. Todos conhecerão e reconhecerão a empresa pelo nome que ela carrega. O que se deve considerar no momento de nomear uma empresa? No website rockcontent.com/blog/como-dar-nome-uma-empresa/, encontramos algumas dicas interessantes. Listamos essas dicas abaixo. Contudo, para um detalhamento de cada uma delas, sugerimos que você acesse o link. 1. Faça uma lista de informações importantes; 2. Reúna uma boa equipe; 3. Faça um brainstorming; 4. Inicie pelo básico; 5. Escolha opções simples; 6. Fuja de associações inadequadas; 7. Diga não aos modismos; 8. Fique atento à pronúncia do nome escolhido; 9. Escolha um nome coerente; 10. Seja criativo; 11. Dê preferência aos nomes com as letras no início do alfabeto; 12. Não se esqueça de criar o logotipo; 13. Verifique a disponibilidade do nome escolhido para a empresa. Além do nome, ter um slogan é uma estratégia interessante. O slogan é uma frase curta com o objetivo de facilitar a identificação e associação de um produto com o serviço oferecido. Professor, pesquise (na Internet, na mídia etc.) exemplos de slogans de empresas conhecidas nacional e internacionalmente para que os alunos possam se basear. Em seguida, você irá direcionar a atividade de produção dos conceitos de estruturação de empresa, a saber: a missão, a visão e os valores. Portanto, você deverá explicar o que cada um desses conceitos é e o que deve conter. Em primeiro lugar, a missão pode ser definida como a razão de ser de uma empresa, o propósito pelo qual ela trabalha. A missão tem a função de identificar a empresa, esclarecer qual o seu negócio, ser breve e objetiva. Pesquise e apresente alguns exemplos de missões de empresas conhecidas. Em segundo lugar, a visão de uma empresa responde onde ela quer chegar e o que deseja ser no futuro. São os sonhos de todos que fazem a empresa. Ela

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deve ser construída com a participação de todos os colaboradores. A visão deve ser inspiradora, realizável, objetiva, ter uma dimensão perceptível e com um prazo para acontecer. Pesquise e apresente aos alunos alguns exemplos de visões de empresas amplamente reconhecidas. Em terceiro lugar, os valores são os princípios que regem as ações e comportamentos dos indivíduos que compõem a empresa. Não podemos confundir valores e crenças. Embora pareçam a mesma coisa, são diferentes. Crença é algo em que alguém acredita como sendo certo, justo ou bom. Já valor é uma crença segundo a qual eu ajo, ou seja, está ligado ao comportamento e não às ideias. Para serem seguidos, os valores precisam ser: i) claros e objetivos, permitindo que todos compreendam; ii) públicos para toda a empresa, clientes e sociedade; e iii) obrigatórios, todos que fazem parte da empresa devem seguir à risca. A seguir, confira alguns exemplos de valores que as empresas podem possuir.

• Satisfação do cliente: Ele é a razão da existência de qualquer negócio; • Valorização e respeito às pessoas: São as pessoas o grande diferencial que torna tudo possível.

• Responsabilidade social: É a única forma de crescer em uma sociedade mais justa.

Finalmente, os alunos deverão refletir e elaborar os serviços que a Agência de Turismo irá oferecer ao público. Neste momento, conduza os alunos à reflexão do diferencial que eles querem ter na oferta de serviços, no público-alvo, nos valores que irão cobrar etc.

PASSO 08 CRIANDO ESPAÇOS DE DIVULGAÇÃO NA REDE CIRCULAÇÃO DO FOLDER NAS REDES SOCIAIS Professor, você irá conduzir esse momento de discussão. Apresente aos alunos as possibilidades, as caraterísticas de cada rede social e peça para cada grupo escolher duas opções. Apresente as principais redes sociais e elenque suas principais características. Encoraje os alunos a seguir as redes sociais das outras equipes de estudantes, curtir, comentar e compartilhar, pois, assim, vocês criarão uma rede de apoio e impulsionarão as produções uns dos outros. Além disso, é uma ótima oportunidade para trabalhar a solidariedade e o respeito ao próximo, contribuindo, assim, para a formação dos indivíduos que atuarão na sociedade de maneira transformadora.

PASSO 09 ORGANIZAÇÃO DE UMA FEIRA DE TURISMO! ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO PARA A FEIRA É importante ressaltar que esse processo deve ser uma construção coletiva. Peça que os alunos se juntem e dividam as tarefas de maneira autônoma. Cada um pode ficar responsável por uma parte da organização do espaço físico. Motive-os a se engajarem nas tarefas com que eles se identificam e sentem o desejo de realizar.

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CONVITE À COMUNIDADE ESCOLAR É importante convidar o(a) professor(a) de Língua Portuguesa para esse momento, pois os alunos precisarão redigir uma carta-convite com as principais informações sobre a feira de turismo. Nesse sentido, não pode haver inadequação de escrita ou de formatação do gênero textual. Além disso, encoraje os estudantes a fazerem uma lista de convidados. Motive-os a quererem estender o convite a órgãos públicos responsáveis pela pauta do turismo, bem como organizações de pessoas com deficiência e, até mesmo, agências privadas de turismo.

PLANEJAMENTO DAS AÇÕES NO DIA DO EVENTO Professor, no dia da feira tudo precisa estar bem definido e estruturado. Portanto, um planejamento do roteiro das ações a serem realizadas no dia é crucial. Monitore as discussões e auxilie-os na elaboração do roteiro.

PASSO 10 REALIZAÇÃO DA FEIRA DE TURISMO! No dia da feira de turismo, todos os participantes do Projeto devem estar atentos à recepção e acomodação dos convidados. O espaço deve ser organizado com antecedência e os recursos testados previamente para que não haja nenhuma intercorrência. Professor, você deverá dar as boas-vindas a todos publicamente e dar início às visitas nos stands. Neste momento, é importante que você explique o passo a passo das ações desenvolvidas no âmbito do Projeto para que o resultado tenha sido atingido. Monitore e visite todos os stands. Seu apoio será fundamental para que os alunos tenham segurança para apresentar o resultado do Projeto.

Professor(a), a avaliação no Projeto Integrador possui um caráter diagnóstico e formativo, sem um caráter classificatório. O processo deve preponderar mais que o produto. Nesse sentido, é relevante o acompanhamento progressivo dos estudantes durante a construção de todo o Projeto. A avaliação processual colaborará para que se verifique, mais de perto, se os estudantes estão se envolvendo, estão desenvolvendo as aprendizagens previstas, apoiando-os nas suas dificuldades. Recorde, sempre, que a proposta é que o estudante seja o protagonista do Projeto, o centro do processo de ensino e aprendizagem. Sua participação também é relevante ao término do Projeto, acompanhando a avaliação de desempenho de cada estudante e também dos grupos que foram formados. É importante conduzir este momento estando perto dos estudantes, provocando-os a realizar uma avaliação qualitativa, envolvendo todo o Projeto. Busque verificar se compreenderam as competências gerais e específicas e as habilidades da BNCC previstas no Projeto. Avaliar a aprendizagem na escola é um veículo para tornar bem-sucedidas as ações de ensinar e aprender. Portanto, não se pode desconectar a avaliação do estudante do processo de ensino do docente. Acompanhe com carinho o processo de avaliação do Projeto dos grupos de estudantes bem como a autoavaliação de cada um deles.

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BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Comunicação Social. Pesquisa brasileira de mídia 2015: hábitos de consumo de mídia pela população brasileira. Brasília: Secom, 2014. Nesse documento, inteiramo-nos acerca dos hábitos de consumo de mídia pela população brasileira. Trata-se de uma pesquisa realizada pela Secretaria de Comunicação Social, em 2015, e nos ajudou a entender as demandas relativas às produções de informação nas mídias, uma vez que este Projeto requer que produzamos informações quanto ao turismo acessível. BRONCKART, J-P. Atividades de linguagem, textos e discursos. São Paulo: EDUC, 1999. Esse livro é fundamental para os professores que querem conhecer ou aprofundar os conhecimentos sobre a perspectiva do interacionismo sociodiscursivo. Por meio dele, compreendemos a importância de abordar os gêneros textuais em sala de aula, tomando a linguagem como uma atividade entre sujeitos. BROWN, Juanita; World Café Community (2002). A Resource Guide for Hosting Conversations That Matter at The World Café. Whole Systems Associates. Disponível em: <http://www.meadowlark.co/world_cafe_resource_guide. pdf>. Acesso em: 20 de jan. 2020. Esse artigo, disponível on-line, amplia a discussão sobre a metodologia World Café. Lembramos que essa metodologia é sugerida em uma das etapas de desenvolvimento do Projeto. Nesse sentido, é fundamental compreendê-la o máximo possível. ECHEVARRÍA, J., VOGT, M., & SHORT, D. J. Making content comprehensible for English learners. The SIOP model (5th ed.). Pearson., 2016 Nesse artigo encontramos diversas dicas para atividades a serem desenvolvidas por professores de língua inglesa no contexto da sala de aula, a exemplo da word wall, uma forma de ensinar vocabulário de maneira criativa e efetiva. LOPES-ROSSI, M. A. O desenvolvimento de habilidade de leitura a partir de características específicas dos gêneros discursivos. In: CASTRO, S.T.R. Pesquisas em Linguística Aplicada: novas contribuições. Taubaté: Cabral Editora, 2003. Nesse artigo, embasamos a maneira pela qual abordamos o ensino de língua inglesa por meio de gênero discursivos, mais especificamente o gênero folder. Os gêneros discursivos desempenham um papel fundamental no processo de ensino e aprendizagem, sendo relevante, assim, refletir sobre a temática. OLIVEIRA, L. A. (2015) Aula de inglês: do planejamento à avaliação. São Paulo: Parábola Editorial. O livro é um relevante recurso para auxiliar as práticas pedagógicas da aula de inglês. Nele podemos encontrar reflexões acerca de todos os elementos constituintes da aula de língua inglesa, partindo do planejamento até chegar ao processo avaliativo. Destacamos, especialmente, o capítulo voltado ao ensino da leitura, uma vez que é foco das diretrizes para o Ensino Médio. KLEIMAN, A. B. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. 2 ed. Campinas, SP: Pontes, 1989. O livro trata dos aspectos cognitivos envolvidos no processo de leitura e interpretação textual. Sugerimos ele, pois acreditamos que, como o Projeto em questão aborda a leitura, é interessante que compreendamos tais aspectos para o desenvolvimento das nossas ações pedagógicas..

BRASIL. Ministério do Turismo. Turismo social: diálogos do turismo – uma viagem de inclusão. Rio de Janeiro: IBAM, 2006, 356 p. Esta publicação discute propostas e alternativas de como promover a igualdade de oportunidades, a equidade, a solidariedade e o exercício da cidadania com base na ideia de inclusão através de atividades turísticas. Nesse sentido, ele pode ajudar você, professor, na proposição da proposta de uma produção do Produto final deste Projeto. FRANCA, Inacia Sátiro Xavier de; PAGLIUCA, Lorita Marlena Freitag; BAPTISTA, Rosilene Santos. Policies for the inclusion of disabled people: limits and possibilities. Acta paul. enferm., São Paulo , v. 21, n. 1, p. 112-116, Mar. 2008 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002008000100018&lng=en&nrm=iso>. access on 13 Feb. 2020. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-21002008000100018. Neste artigo, investiga-se o impacto da Política Nacional de Integração de Pessoas com Deficiência no Brasil. Constatase que, no país, priorizam-se as políticas para minimizar os problemas sociais em relação à educação, emprego e saúde. Porém, não há tanta política voltada para os problemas em relação à cultura, turismo e lazer para pessoas com deficiência. Este artigo é importante para você, professor, pois pode municiá-lo com informações significativas sobre a temática para o desenvolvimento do Projeto. HEWINGS, Martin. Advanced Grammar in Use: A self-study reference and practice book for advanced students of English. 14. ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2012. 294 p. v. 1. Sugere-se o material acima para auxiliar o professor nos aspectos relativos à língua inglesa. O material em questão é uma excelente alternativa para que você, professor, possa abordar conteúdos gramaticais, de vocabulário etc., sem desvencilhar-se do uso real da língua inglesa.

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Conhecendo o Projeto Prezado(a) professor(a), neste Projeto vamos escutar a voz dos estudantes e da nossa comunidade? Ele tem como principais temas o estímulo à criatividade dos estudantes e a valorização dos grupos artístico-culturais presentes na escola e na comunidade. Durante a apresentação do Projeto, que poderá ser realizada em uma aula mais dinâmica, os estudantes podem ser convidados a refletir sobre os grupos culturais e os artistas locais que já conhecem e, ainda, motivados a conhecer novos grupos que se encontram nos diversos espaços. Assim, a pesquisa e a motivação para o estudo sobre juventude, cultura, arte, multiculturalismo, criatividade e indústria cultural farão parte deste Projeto. As culturas juvenis precisam ser entendidas no plural, pois existem diversas maneiras de se ser jovem, bem como várias formas de expressões das culturas juvenis (GROPPO, 2000). Os diferentes modos pelos quais os jovens se organizam em grupos, as regras de convivência e de funcionamento desses grupos variam em cada coletivo de jovens. Em geral, esses grupos se organizam em processos de autogestão/auto-organização que são aqueles em que os jovens iniciam, planejam, decidem, dirigem e executam as ações e projetos. Em outras palavras, a partir do princípio da auto-organização, eles têm liberdade de decisão em relação ao projeto (SANDER, 2014). Nesse tipo de organização, os jovens atuam como protagonistas e esse protagonismo é exercido de forma coletiva e ativa, de modo que os jovens se (co)responsabilizem por seus projetos. Incentive-os a exercer protagonismo na realização do Festival Multicultural. É importante motivar os estudantes para que, como Produto final, organizem um Festival Multicultural, com apresentações de várias linguagens artísticas e culturais, sendo, assim, protagonistas desta ação. Ao final, você, professor, deverá orientar o estudante no processo de avaliação. Após a realização do Festival Multicultural, é importante organizar um momento para a reflexão acerca das ações empreendidas por todos. Em avaliação do Projeto, você fará reflexões coletiva e individualmente respondendo às questões propostas. Vocês todos ganharão com este processo.

ESTE PROJETO CONTEMPLA O TEMA TRANSVERSAL CONTEMPORÂNEO EDUCAÇÃO PARA VALORIZAÇÃO DO MULTICULTURALISMO NAS MATRIZES HISTÓRICAS E CULTURAIS BRASILEIRAS

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ObjetivoS, COMPETÊNCIAS E HABILIDADES Os objetivos deste Projeto estão associados a competências e habilidades da Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018), para a área de Linguagens e suas Tecnologias, etapa do ensino médio, como você pode ver a seguir:

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC QUE SERÃO TRABALHADAS NO PROJETO COMPETÊNCIAS

COMPETÊNCIAS

GERAIS

ESPECÍFICAS

1. Conhecer e valorizar as diversas manifestações artísticas e culturais existentes na escola e na comunidade.

3

6

EM13LGG602

2. Refletir sobre a indústria da cultura e (des)valorização de determinados estímulos e expressões culturais, em âmbito local e global, de modo a favorecer a formulação de diferentes pontos de vista sobre as manifestações artístico-culturais com posicionamento ético.

7

2

EM13LGG202 EM13LGG203

3. Participar de uma prática de produção artístico-cultural, estimulando a criatividade, valorizando as relações de vínculos e afetivas entre os participantes, por meio da realização de um Festival Multicultural das Juventudes.

8

3

EM13LGG301 EM13LGG304

OBJETIVOS

HABILIDADES

Fonte: elaborada pelos autores com base na BNCC (2018). As competências e habilidades citadas podem ser consultadas por você nas páginas 7 e 8 deste livro.

O OBJETIVO 1 está relacionado com a Competência Geral 3, que trata da valorização de diversas manifestações artísticas e culturais e também de práticas diversificadas da produção artístico-cultural; com a Competência Específica 6, que se refere à apreciação estética das mais diversas produções artísticas e culturais, locais, regionais e globais, além de mobilizar conhecimentos sobre as linguagens artísticas e a (re)construção de produções autorais individuais e coletivas Neste Projeto, essas competências e habilidades serão abordadas pela realização de um mapeamento dos grupos e expressões artísticas e culturais da escola e da comunidade, bem como da elaboração de estratégias de divulgação, via Internet, dos resultados da ação. Para o desenvolvimento do mapeamento, o professor poderá organizar os grupos, preferencialmente com os próprios estudantes, e definir como os grupos realizarão a ação. É importante elaborar um roteiro que possa ser seguido por todos os grupos com finalidade de orientar o trabalho coletivo e garantir que a atividade seja realizada com sucesso. O OBJETIVO 2 visa refletir sobre a indústria da cultura e (des)valorização de determinados estímulos e expressões culturais e está relacionado com a Competência Geral 7, que trata da argumentação com base em fatos, dados e informações confiáveis, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam o consumo responsável em âmbito local, regional e global; e com a Competência Específica 2, que trata da compreensão das relações de poder que permeiam as práticas sociais de linguagem, respeitando as diversidades, a pluralidade de ideias e posições, além de atuar socialmente com base em princípios e valores assentados na democracia e combatendo preconceitos de qualquer natureza. Já o OBJETIVO 3, com base na Competência Geral 8, tem como intuito desenvolver uma prática de produção artístico-cultural, estimulando e valorizando as relações de vínculos e afetos entre os participantes e estimulando a criatividade e as di-

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versas formas de expressões artístico-culturais; e realizar o Festival Multicultural das Juventudes. Também se apoia na Competência Específica 3, que busca utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) para exercer, com autonomia e colaboração, protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva e solidária, em âmbito local, regional e global.

JUSTIFICATIVA Este Projeto é importante porque possibilita a reflexão e a desconstrução da ideia hegemônica de que arte é apenas aquilo que é possível de ser exposto em museus e teatros e elaborado apenas por artistas famosos. Com ele, você pode incentivar os estudantes a compreender essa concepção ampliada sobre arte e cultura. De acordo com Carole Gubernikoff (2001, pp.09-10), “o binômio arte e cultura vem sendo empregado sempre num sentido de totalidade. Não há arte sem cultura, nem cultura sem arte. Qual o termo mais extenso, qual deles inclui o outro, é uma questão de perspectiva. As diferenças de perspectiva são responsáveis por diferentes visões de mundo e podem influir drasticamente nos rumos das investigações sobre a produção de bens de arte e de cultura”. Entender essa diferenciação conceitual é importante para problematizar a noção hegemônica que identifica como cultural apenas aquilo que é produzido pelos grupos economicamente dominantes e, nesse sentido, compreender que outras produções sociais também devem ser consideradas como artísticas e culturais. Neste Projeto, a proposta é, inicialmente, mapear e conhecer os grupos artísticos e culturais presentes na localidade onde a escola se encontra e, a partir daí, organizar e desenvolver um Festival Multicultural que pode contribuir para divulgar e valorizar os artistas e grupos mapeados pelos estudantes.

Produto Final A realização do Festival Multicultural é uma aposta na divulgação dos artistas e grupos que estão presentes na escola e na comunidade. O Festival é uma oportunidade para que os estudantes, seus familiares, os profissionais da escola e a comunidade ampliada possam conhecer diversas linguagens e expressões de arte e cultura. Para a realização do Festival, será necessário construir, conjuntamente com os estudantes, materiais e canais para divulgação junto à escola e à comunidade. Outro passo importante, antes da divulgação, é definir a programação do evento para que sejam apresentadas uma diversidade de artistas e grupos nas mais diferentes formas de expressão. Atentem para que todos tenham o mesmo tempo e prestígio no evento. A realização do evento, propriamente dito, também demanda organização: do(s) espaço(s) onde acontecerão as ações do Festival, do espaço para que os artistas se vistam e se organizem antes de sua apresentação. É necessário testar os equipamentos sonoros e/ou de exibição que serão utilizados e verificar se haverá jurados ou não. Para todas as Etapas de organização do Projeto, os estudantes podem ser organizados em comissões de trabalho. Não se esqueça de organizar também a decoração do espaço e de registro do Festival. Por fim, sugere-se que seja realizada, junto com todos os envolvidos na realização do Festival, uma reunião de

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avaliação para que sejam levantados os pontos fortes e aqueles que podem ser melhorados numa próxima edição do Festival. Para a realização do Projeto, serão necessários os seguintes materiais: material de pesquisa - livros, internet, dicionários; papel e caneta para registro das pesquisas e de trabalho de campo junto à comunidade; computador e/ou celular com Internet, cartolina, banner, isopor e/ou cartazes para divulgação das expressões artísticas e culturais mapeadas, assim como do Festival Multicultural e microfone e caixa de som para as apresentações do Festival. Veja, com antecedência, como viabilizar este material junto à equipe gestora da escola.

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DESENVOLVIMENTO DO PROJETO Professor, o quadro a seguir apresenta a relação entre os objetivos e as Competências Gerais da BNCC e as Competências e Habilidades Específicas da área de Linguagens e suas Tecnologias, que serão desenvolvidas neste Projeto. SUGESTÃO DE PLANEJAMENTO TRIMESTRAL PARA O PROJETO ETAPA

PASSOS

NÚMERO DE AULAS

COMPONENTE(S) ASSOCIADO(S)

1

Português e Artes

Conhecendo o Projeto Apresentação do Projeto

-

Desenvolvendo o Projeto

Etapa 1: Mapeamento dos diversos grupos artísticos e culturais existentes

Etapa 2: Estudo sobre a indústria da cultura e seus efeitos na vida cotidiana

Passo 1: Realização de mapeamento dos grupos e expressões artístico-culturais da escola e da comunidade

Português e Artes 4

Passo 2: Elaboração de estratégias de divulgação, via Internet, dos grupos e expressões encontrados

Português e Artes

Passo 3: Reflexão sobre os conceitos de cultura e multiculturalismo e juventude

Português e Artes

Passo 4: Diálogo sobre os conceitos de criatividade e arte

Português e Artes

Passo 5: Construção e experimentação de diferentes linguagens artísticas e criativas

8 Português e Artes

Passo 6: Conhecendo e discutindo os efeitos da indústria da cultura e da divulgação cultural na vida cotidiana de pessoas e grupos

Português e Artes

Organizando e Apresentando o Produto final

Etapa 3: Compartilhar ideias e saberes sobre as manifestações culturais e Festival Multicultural das Juventudes

Passo 7: Organização e estruturação do Festival Multicultural

Português, Artes e Educação Física

Passo 8: Elaboração de materiais de divulgação do Festival

Português, Artes e Educação Física

6

Passo 9: Divulgação do Festival

Português, Artes e Educação Física

Passo 10: Realização do Festival Multicultural

Português, Artes e Educação Física

Avaliando o Projeto Avaliação e autoavaliação

-

1

Português, Artes e Educação Física

Fonte: elaborada pelos autores, 2020.

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Antes de iniciar as Etapas deste Projeto, recomendamos a realização de uma avaliação diagnóstica, que lhe permita identificar conhecimentos, habilidades, atitudes e valores até então desenvolvidos pelos estudantes, relativos ao campo das Linguagens. Analise o resultado do levantamento inicial e o utilize para fazer os ajustes que entender necessários no planejamento das aulas do Projeto, a partir desse diagnóstico, ou seja, observe a necessidade de revisão de conteúdos básicos, antes ou durante as ações que demandam conteúdos prévios. Sugere-se que as três Etapas sejam desenvolvidas em dez Passos, durante um trimestre letivo. O Projeto pode ser realizado em parceria com professores dos diversos componentes da área de Linguagens e suas Tecnologias, sob a liderança do professor de Língua Portuguesa, com a participação, por exemplo, de professores de artes e educação física, que podem atuar interdisciplinarmente na execução de todas as Etapas do Projeto. Professores de outros componentes e áreas também podem colaborar. Serão necessárias 20 aulas ao todo.

ETAPA 1 - MAPEAMENTO DOS DIVERSOS GRUPOS ARTÍSTICOS E CULTURAIS EXISTENTES No Passo 1, de apresentação do Projeto, você pode organizar uma roda de conversa em que apresente a proposta aos estudantes: objetivos, conceitos que serão estudados, caminhos metodológicos que podem ser utilizados e como esse processo será avaliado, lembrando que a participação e o envolvimento de todos é imprescindível para que o Projeto seja executado com sucesso. Em seguida, a sugestão é levantar quais são os grupos e os tipos de manifestações culturais mais conhecidos pelos estudantes e quais são aqueles com os quais eles se identificam. Esse diálogo serve como introdução para o mapeamento que será realizado no próximo Passo. Ainda neste encontro, você pode elaborar, junto com os estudantes, o roteiro de perguntas que será utilizado no mapeamento. O roteiro pode ser digitado e impresso ou mesmo escrito nos cadernos dos estudantes. Lembre-se de inserir no roteiro uma questão sobre o interesse e a disponibilidade de artistas e grupos culturais mapeados para participar do Festival Multicultural. Sugere-se que esse momento seja desenvolvido, de modo compartilhado, entre os professores de Português e Artes. A realização do mapeamento dos grupos e expressões artístico-culturais da escola e da comunidade é o segundo Passo deste Projeto. Esse Passo será realizado tanto na escola quanto na comunidade em seu entorno. A sugestão é que os professores se dividam para acompanhar os estudantes no mapeamento que acontecerá em todas as turmas da escola e naquele que acontecerá na comunidade. Os estudantes podem realizar essa atividade em duplas ou em pequenos grupos e precisam ser orientados sobre a necessidade de usarem o roteiro para que a pesquisa seja realizada seguindo o mesmo formato por todos os grupos. Lembre-se de que é necessário que os estudantes tenham consigo o roteiro e canetas para preenchimento durante a atividade. O Passo seguinte, 2, é o de elaboração de estratégias de divulgação, via Internet, dos grupos e expressões encontrados. Para isso, é importante que os dados coletados durante a atividade anterior sejam sistematizados (o que pode ser feito em gráficos, tabelas, quadros ou outros formatos combinados coletivamente). Sugere-se que a divulgação dos grupos e manifestações culturais mapeados seja realizada em forma de textos curtos, cartões virtuais, memes, chamadas para as redes sociais e o que mais a criatividade do grupo permitir. O importante é que o resultado seja amplamente divulgado na escola e na comunidade. Outra sugestão é a criação de um perfil nas redes sociais para o Festival Multicultural, o que possibilitará que a divulgação se amplie. Entre os materiais necessários para a realização desse passo estão cartolinas, canetas coloridas, recortes de revistas, tesouras, colas, computador(es) e/ou smartphone(s) conectado(s) à Internet.

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ETAPA 2 - ESTUDO SOBRE A INDÚSTRIA DA CULTURA E SEUS EFEITOS NA VIDA COTIDIANA Essa é a etapa de estudos teóricos para fundamentar a realização deste Projeto. É aqui que os estudantes poderão ampliar seus conhecimentos sobre cultura e indústria cultural. No Passo 3, os estudantes serão mobilizados a refletir sobre os conceitos de cultura, multiculturalismo e juventude. Sugere-se que esses termos sejam pesquisados em dicionários, que podem ser impressos ou digitais. A pesquisa pode ser realizada individualmente ou em pequenos grupos. Após a pesquisa, os estudantes podem socializar os seus achados com os colegas e, em seguida, em uma roda de conversa, podem perceber as similaridades e diferenciações entre esses conceitos nos vários dicionários pesquisados. No Passo 4, haverá o diálogo sobre os conceitos de criatividade e arte. Esse diálogo pode ser realizado a partir da troca de conhecimentos que os estudantes possuem sobre os temas. Em seguida, eles podem produzir mini vídeos em seus celulares que registrem a compreensão coletiva sobre esses temas. Caso não seja possível elaborar os vídeos, os estudantes podem apresentar sua comprensão por meio de desenhos, cartazes, esquetes teatrais e outras formas inventivas que podem ser criadas pelo próprio grupo. O importante é que arte e criatividade sejam dialogadas de modo leve e inventivo. O próximo Passo, 5, será a construção e experimentação de diferentes linguagens artísticas e criativas. O Passo 6 objetiva conhecer e discutir os efeitos da indústria da cultura e da divulgação cultural na vida cotidiana de pessoas e grupos. Para esse objetivo, sugere-se a exibição e posterior reflexão sobre o vídeo Teoria e Indústria Cultural, divulgado no canal do YouTube da Rádio e TV UNESP Bauru (disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=mLmw6JaJNlc). Esse vídeo permite refletir sobre a indústria cultural e seus efeitos na vida de artistas famosos (como Romero Britto, em quem o vídeo se inspira) e de pessoas comuns. A partir do vídeo, é possível retomar reflexões sobre cultura e arte, já realizadas em outros momentos. Além disso, o vídeo traz informações sobre a Escola de Frankfurt, berço do que conhecemos como indústria cultural. Para aprofundar seu conhecimento sobre o tema, sugere-se a leitura do livro: O que é indústria cultural, de autoria de Teixeira Coelho, publicado pela Editora Brasiliense.

ETAPA 3 - COMPARTILHAR IDEIAS E SABERES SOBRE AS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS E FESTIVAL MULTICULTURAL A Etapa 3 é a de culminância do Projeto. Aqui, o objetivo é o de compartilhar os saberes construídos coletivamente e realizar um Festival Multicultural envolvendo participantes de toda a escola e da comunidade do entorno. O Passo 7, que é o primeiro desta Etapa, trata da organização do Festival Multicultural. Sugere-se, aqui, que a turma seja organizada em equipes de trabalho: decoração, palco, registro, programação e outras que o grupo achar pertinentes. Os grupos, com suporte dos professores, poderão elaborar listas para checagem do que forem realizando, do que ainda precisa ser feito e do material de que precisarão para realizar as tarefas sob sua responsabilidade. No grande grupo, é necessário pensar no roteiro do evento, no tempo que o evento terá, nos espaços em que acontecerá o Festival. Mobilize os estudantes, porque essa é uma etapa em que eles atuarão como protagonistas de todo o processo. Isso será ótimo para a formação individual e coletiva deles. A elaboração dos materiais de divulgação do Festival é o objetivo do Passo 8. Essa atividade pode ser realizada utilizando aplicativos ou nos editores de texto e

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apresentações no(s) computador(es) ou smartphone(s). Caso não seja possível, você pode sugerir que os estudantes produzam cartazes e/ou panfletos, em cartolina ou papel A4 e canetas coloridas. O Passo 9 é o de divulgação do Festival. Os cartazes e outros materiais produzidos no Passo anterior precisam ser divulgados amplamente, na própria escola e na comunidade. Caso ainda não tenham criado perfis nas redes sociais para a divulgação do Festival, a hora é agora! Ali, podem ser socializados os materiais de divulgação confeccionados pelo grupo. Além disso, é importante que materiais de divulgação sejam afixados na escola e em locais estratégicos na comunidade. Caso haja alguma rádio ou jornal, também será interessante que o material seja disponibilizado para divulgação nesses espaços. Chegamos à fase final do Projeto. Este Passo 10 refere-se à realização do Festival Multicultural. O festival deve ser realizado pelos estudantes, sob sua coordenação, mas também é uma ótima oportunidade de envolver os demais professores, profissionais da escola e membros da comunidade. É importante relembrar às equipes de trabalho quais são suas atribuições para que o Festival seja um sucesso. Fotografem! Façam vídeos! Divulguem! Após a finalização do Festival Multicultural é preciso avaliar todos os Passos realizados até aqui. Como se deu o envolvimento do grupo? Foram cumpridas as tarefas planejadas? O que superou as expectativas? O que não foi realizado como gostaria? Lembre-se: a avaliação faz parte do processo de aprendizagem e, nesse sentido, aquilo que não deu certo pode ser utilizado como experiência para aprimorar a realização de outro evento na escola.

ETAPA 1

MAPEAMENTO DOS DIVERSOS GRUPOS ARTÍSTICOS E CULTURAIS EXISTENTES Professor, para introduzir o Projeto, você pode realizar uma roda de conversa com os estudantes sobre os grupos e manifestações culturais que conhecem. De que mais gostam? Se participam de algum grupo artístico ou cultural, pergunte sobre o grupo, onde se localiza e o que faz. As respostas para essas perguntas são de cunho pessoal e têm como objetivo levantar conhecimentos e saberes prévios dos estudantes sobre o tema, indicando a necessidade de valorização da cultura local e introduzindo a reflexão sobre os espaços de divulgação das produções desses grupos. Esse é o momento de motivar os estudantes e engajá-los no Projeto!

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PASSO 01 REALIZAÇÃO DE MAPEAMENTO DOS GRUPOS E EXPRESSÕES ARTÍSTICO-CULTURAIS DA ESCOLA E DA COMUNIDADE

vamos pesquisar! Professor, neste momento, você pode organizar uma roda de apresentação, com os estudantes, mostrando os objetivos e conceitos que serão estudados, os caminhos metodológicos que podem ser utilizados e como o Projeto será avaliado. É importante lembrar aos estudantes que a participação e o envolvimento de todos é imprescindível. Este Projeto é uma oportunidade para seus estudantes conhecerem as manifestações artístico-culturais da região e da comunidade, bem como de valorização da cultura juvenil local. Mostre isso aos estudantes e motive-os a participar com entusiasmo de todas as etapas do Projeto. Após a apresentação, a sugestão é levantar quais são os grupos e os tipos de manifestações culturais mais conhecidos pelos estudantes e quais são aqueles com os quais eles se identificam. Esse diálogo serve como introdução para o mapeamento que será realizado no próximo Passo. Ainda neste encontro, você pode elaborar, junto com os estudantes, o roteiro de perguntas que será utilizado no mapeamento. A seguir, será apresentado um modelo de roteiro que pode ser adaptado para a sua realidade. O roteiro pode ser digitado e impresso ou mesmo escrito nos cadernos dos estudantes. Lembre-se de inserir no roteiro uma questão sobre o interesse e a disponibilidade de artistas e grupos culturais mapeados para participar do Festival Multicultural. Sugere-se que esse momento seja desenvolvido, de modo compartilhado, entre os professores de Português e Arte. A realização do mapeamento dos grupos e expressões artístico-culturais da escola e da comunidade é o segundo Passo deste Projeto. Esse Passo será realizado tanto na escola quanto na comunidade em seu entorno. A sugestão é que os professores se dividam para acompanhar os estudantes no mapeamento que acontecerá em todas as turmas da escola e naquele que acontecerá na comunidade. Os estudantes podem realizar essa atividade em duplas ou em pequenos grupos e precisam ser orientados sobre a necessidade de usarem o roteiro para que a pesquisa seja realizada seguindo o mesmo formato por todos os grupos. Lembre-se de que é necessário que os estudantes tenham consigo o roteiro e canetas para preenchimento das informações colhidas durante a atividade.

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PASSO 02 ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE DIVULGAÇÃO, VIA INTERNET, DOS GRUPOS E EXPRESSÕES ENCONTRADOS Professor, o Passo seguinte é o de elaboração de estratégias de divulgação, via Internet, dos grupos e expressões artísticas e culturais encontrados. Para isso, é importante que os dados coletados durante a ação anterior sejam sistematizados (o que pode ser feito em gráficos, tabelas, quadros ou outros formatos combinados coletivamente). Sugere-se que a divulgação dos grupos e manifestações culturais mapeados seja realizada em formas de textos curtos, cartões virtuais, memes, chamadas para as redes sociais e o que mais a criatividade do grupo permitir. É interessante que a apresentação dos dados seja acompanhada de textos informativos que apresentem os dados de forma criativa, contribuindo para o desenvolvimento da habilidade de produção textual dos estudantes. A seguir, indica-se um texto com dicas para apresentação dos dados que irá ajudar nesta Etapa. O importante é que o resultado seja amplamente divulgado na escola e na comunidade. Outra sugestão é a criação de um perfil nas redes sociais para o Festival Multicultural, o que possibilitará que a divulgação se amplie. Entre os materiais necessários para a realização deste Passo estão cartolinas, canetas coloridas, recortes de revistas, tesouras, colas, computador(es) e/ou smartphone(s) conectado(s) à Internet.

6 DICAS PARA APRESENTAR DADOS DE UMA FORMA EFICIENTE Construir e pesquisar dados são tarefas que exigem muito empenho e foco e que fazem parte do dia a dia de todos os profissionais, inclusive os gestores de empresas do setor da saúde. Transformar soluções cotidianas em números e expô-los é necessário para que o gestor mantenha uma administração em constante crescimento e com o número mínimo de erros. Mas todo esse trabalho inicial pode não ser entendido se o gestor não apresentar dados de forma clara e eficiente. Provavelmente, você já assistiu a alguma apresentação que parecia interminável de tão desorganizada e confusa. Qualquer coisa ao redor prendia a sua atenção, menos a entediante amostra de gráficos mal elaborados. Fazer uma boa apresentação é uma arte - no entanto, é algo que está ao alcance de todos, desde que sejam utilizadas as técnicas corretas. Você precisa realizar uma apresentação com vários dados e não sabe por onde começar? Quer saber como tornar as suas apresentações eficientes? Para responder e te ajudar nessas questões, confira agora as 6 dicas que preparamos para você! 1. Enfatize os pontos mais importantes Destacando os pontos importantes e relevantes, a apresentação terá uma aparência de maior organização. Mas, para destacar tais pontos, não é necessário riscar os gráficos ou descaracterizá-los. Mudanças nas cores das figuras ou das legendas são ótimas estratégias para diferenciar os gráficos mais importantes. Uma técnica correta de modificações visuais é tudo que você precisa para salientar pontos dentro de uma apresentação.

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O ponto principal a se ter em mente é que não adianta encher a tela de números: destaque apenas o que for mais importante e relevante para a sua audiência — algo que Steve Jobs, fundador da Apple, fazia com maestria. 2. Utilize elementos gráficos adequados Uma apresentação de dados deve ser de fácil entendimento, e a escolha correta dos gráficos ajuda muito nessa hora. Começar questionando-se sobre qual o objetivo da apresentação é o primeiro passo para definir os gráficos corretamente. Também é importante considerar se terão variáveis ou alguma separação de grupos a serem exibidas. Conhecendo os detalhes da sua exibição, é só escolher o gráfico que melhor se adapta a todos. A verdade é que ninguém gosta de ficar olhando para tabelas e um emaranhado de números. Evite esse tipo de abordagem e utilize elementos gráficos para apresentar as informações. Nada de se virar para a tela de apresentação e ler números. Faça com que os elementos falem por si, sendo você apenas um facilitador. Se possível, utilize animações para destacar pontos importantes. Apenas tome cuidado com exageros, pois o foco pode sair das informações para os efeitos. Faça alguns testes e veja se pessoas que não têm conhecimento do assunto conseguem entender. Se elas não conseguirem explicar, é sinal que as suas informações não estão claras, sendo necessário simplificá-las. Se as pessoas que trabalham com você no hospital, por exemplo, não estão acostumadas a interpretar os gráficos será ainda mais importante que seus gráficos sejam atrativos e claros. 3. Trabalhe apenas com o essencial Quanto mais informações estiverem sendo apresentadas em um slide, mais difícil será para o público entender o que é mais importante. O excesso de legendas pode atrapalhar mais do que ajudar na hora de apresentar dados. Mantendo apenas o essencial na exibição, a análise torna-se mais simples, bem como a absorção das informações por parte de quem assiste. Se o intuito é demonstrar tendências por meio dos dados, as legendas na maior parte dos data points tornam-se desnecessárias. Agora, se existe legenda na maior parte dos gráficos, a referência do eixo torna-se desnecessária. Porém, é importante frisar que essa dica não quer dizer que você deve tirar tudo do gráfico só para deixá-lo mais bonito. Não esqueça que ainda é uma apresentação de dados, e o que é essencial deve ser mantido, procurando manter também um visual atrativo. Seja objetivo! Lembre-se da máxima de que “menos é mais”. Não é necessário abarrotar a apresentação de detalhes ou gráficos para fazer-se entendido. Uma regra de ouro que pode ser seguida diz que quanto menos tinta for utilizada melhor, caso a informação continue sendo passada. 4. Use o layout como seu aliado Na maioria dos idiomas, o padrão de leitura é da esquerda para direita. Sabendo que os presentes na apresentação seguirão esse padrão na hora de observar os dados, aproveite para expor as informações de forma estratégica, colocando o texto do lado esquerdo e a imagem do lado direito. Escolha templates que utilizem subtítulos, bullet points (marcadores) ou numeração em vez de utilizar frases inteiras. A escolha das cores também são fatores de extrema importância. O tema deve estar ligado com a identidade visual da empresa e ser o mais limpo possível. Os textos devem contrastar da cor do fundo, caso contrário, será muito difícil visualizar as informações. Ainda em termos de layout, atente-se ao tipo de fonte. Dê preferência a fontes comuns e fáceis de ler - como Helvética, Tahoma ou Verdana —, evite cores extravagantes e utilize tamanho a partir de 30 pontos (isso facilitará a leitura e forçará você a escrever menos).

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Para finalizar, não transforme a sua apresentação em algo carnavalesco, em que cada slide tem uma grande variação de cores, taxados, negritos, sublinhados etc. Caso queira destacar algo, utilize um ou no máximo dois estilos. Com menos poluição visual na apresentação, as pessoas conseguirão focar e entender os pontos principais. 5. Exemplifique dados difíceis Quando se trata de dados, é comum que surjam muitas informações difíceis de serem entendidas sem uma explicação complementar. Para ajudar quem assiste, é importante ilustrar e, para isso, pode-se utilizar diversos métodos, como:

• exemplos do cotidiano; • histórias; • parábolas; • comparações; • hipérboles, entre outras.

Essa abordagem é muito interessante, pois conecta as pessoas com o apresentador e faz com que elas visualizem mentalmente, o que facilita a memorização. Também é importante definir operacionalmente os indicadores que estão sendo mostrados. É importante que todos tenham clareza sobre como cada indicador foi coletado para evitar confusões e mal-entendidos. 6. Atente-se ao horário e aparência Não subestime as adversidades! Antes e durante a apresentação muitas coisas podem dar errado: sala trancada, microfone que não liga ou não funciona corretamente, os slides com os gráficos não abrem, projetor que para de funcionar etc. A melhor forma de impedir ou reverter rapidamente o jogo é seguindo alguns passos essenciais:

• chegue cedo; • teste todos os equipamentos; • ensaie a apresentação; • sempre deixe um “plano b” para eventualidades.

Além do horário, é importante que você esteja “adequadamente vestido”. Isso não significa que você deve utilizar sempre uma roupa de grife ou um traje extremamente formal. Na verdade, a situação que determinará isso. Se você está realizando a apresentação apenas para a sua equipe de enfermeiros, por exemplo, talvez seja necessária muito menos formalidade, podendo utilizar até mesmo o seu uniforme. Mas, se você for apresentar informações sobre os dados do seu setor para os médicos e conselheiros da empresa ou até em uma conferência de saúde, é mais sábio apresentar-se com um traje mais formal. No geral, apresentar dados é como falar em público: muitas coisas estarão acontecendo ao seu redor, mas nunca se deve perder a concentração e o foco no conteúdo. Coordenar uma equipe demanda várias qualidades de um profissional, então é preciso se preparar bastante para ajudar o time a construir os resultados desejados. Fonte: www.escolaedti.com.br/6-dicas-para-apresentar-dados-de-uma-forma-eficiente. Acesso em: 17 jan. 2020.

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ETAPA 2

ESTUDO SOBRE A INDÚSTRIA DA CULTURA E SEUS EFEITOS NA VIDA COTIDIANA

Professor, esta é a etapa de aprofundamento teórico e conceitual. Nela, os estudantes aprenderão sobre os conceitos de arte, cultura e multiculturalismo e experimentarão usar a criatividade para refletir sobre a temática da diversidade. Você pode falar sobre a importância da cultura e da arte na vida de cada um de nós e dos meios de divulgação tradicionais e alternativos que existem em nossos dias. No âmbito deste Projeto, é fundamental contextualizar esses conceitos a partir das culturas juvenis.

PASSO 03 REFLEXÃO SOBRE OS CONCEITOS DE CULTURA E MULTICULTURALISMO E JUVENTUDE

vamos pesquisar! No Passo 3, é importante mobilizar os estudantes a refletir sobre os conceitos de cultura, multiculturalismo e juventude. Sugere-se que esses termos sejam pesquisados em dicionários, que podem ser impressos ou digitais. A pesquisa pode ser realizada individualmente ou em pequenos grupos. Entre os possíveis achados das pesquisas realizadas pelos jovens, serão encontrados os seguintes resultados para os termos pesquisados: Cultura: 1. Ato, processo ou efeito de trabalhar a terra, a fim de torná-la mais produtiva; cultivo, lavra. 2. Ato de semear ou plantar vegetais. 3. A área cultivada de um sítio. 4. Produção agrícola com técnicas especiais; cultivo. 5. Ato de cultivar células ou tecidos vivos numa solução com nutrientes, em condições adequadas, a fim de realizar estudos científicos. 6. Criação de determinados animais. 7. Conjunto de conhecimentos, costumes, crenças, padrões de comportamento, adquiridos e transmitidos socialmente, que caracterizam um grupo social. 8. Conjunto de conhecimentos adquiridos, como experiências e instrução, que levam ao desenvolvimento intelectual e ao aprimoramento espiritual; instrução, sabedoria. 9. Requinte de hábitos e conduta, bem como apreciação crítica apurada.

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Multiculturalismo: 1. Prática de favorecer a coexistência de culturas distintas, numa única sociedade, sem preconceito ou discriminação. 2. Movimento que tem como objetivo a valorização nos meios formativos, como a escola, das características culturais de diferentes grupos étnicos de uma sociedade. Disponível em: michaelis.uol.com.br. Acesso em: 20 fev. 2020.

Entre esses possíveis resultados, é importante explorar a dimensão de cultura como construção humana, aquilo que caracteriza um determinado povo, seus costumes, crenças, valores, normas e comportamentos, passados de uma geração para outra, que expressam as maneiras como um grupo ou nação enxerga o mundo, se relaciona entre si e age sobre o mundo numa perspectiva de manutenção ou de transformação social. No YouTube, você pode encontrar diversos vídeos explicando o conceito de cultura. Indicamos um vídeo didático para estudantes: www.youtube.com/watch?v=42EpgFBDrts (acesso em: 20 fev. 2020). No que diz respeito ao multiculturalismo, você pode explorar a perspectiva da coexistência de culturas distintas, numa única sociedade, sem preconceito ou discriminação, destacando a importância da valorização dos diferentes grupos em uma dada sociedade. Sobre juventude, sugere-se que sejam abordadas as perspectivas que indicam que o período da vida de uma pessoa entre a infância e a idade adulta, destacando que essa fase da vida não é uma experiência homogênea e que jovens vivenciam de formas diferentes essa etapa, a partir de outros marcadores sociais como raça/cor, gênero, classe social, se tem ou não filhos, se trabalha etc. Lembre-se de que esses termos podem ser refletidos de forma articulada de modo que sejam pensadas as subculturas jovens e as experiências multiculturais juvenis. Após a pesquisa, os estudantes podem socializar os seus achados com os colegas e, em seguida, em uma roda de conversa, perceber as similaridades e diferenciações entre esses conceitos nos vários dicionários pesquisados. A socialização pode ser feita de forma criativa, a partir de cartazes, de encenações curtas ou pelo uso de outras linguagens escolhidas pelos estudantes.

PASSO 04 DIÁLOGO SOBRE OS CONCEITOS DE CRIATIVIDADE E ARTE Professor, você pode motivar os estudantes a aprofundarem sobre os conceitos experimentando a própria criatividade, compreendendo-a como algo fundamental para as criações artísticas e culturais. Sem criatividade, não há produção artística ou cultural. Neste momento, os estudantes podem ser incentivados a produzir mini vídeos. Para isso, é importante orientá-los na direção de elaborar um pequeno roteiro, planejar o que, quem e como será filmado, se farão edição do vídeo etc. A produção de vídeo é uma atividade educativa que pode ser bastante prazerosa. Peça aos alunos que pesquisem programas gratuitos para edição de vídeo.

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PASSO 05 CONSTRUÇÃO E EXPERIMENTAÇÃO DE DIFERENTES LINGUAGENS ARTÍSTICAS E CRIATIVAS Professor, este é o momento mais apropriado para o exercício da criatividade dos estudantes neste Projeto. É muito importante que eles sejam mobilizados e envolvidos a refletir sobre a diversidade humana e experimentar uma prática de produção artístico-cultural com uma diversidade de possibilidades de expressar sua compreensão sobre o tema. Para incentivar a expressão da criatividade dos estudantes, você pode desenvolver uma dinâmica inicial que aguce os sentidos: pedir para que fechem os olhos, convide-os a sentir a própria respiração, o cheiro do ambiente e, desse modo, estar presente na aula. Lembrando que todo esse processo tem como intuito refletir sobre a diversidade humana em suas múltiplas formas de expressão cultural. De acordo com Laraia (2002, p. 101): “(...) cada sistema cultural está sempre em mudança. Entender esta dinâmica é importante para atenuar o choque entre as gerações e evitar comportamentos preconceituosos. Da mesma forma que é fundamental para a humanidade a compreensão das diferenças entre povos de culturas diferentes, é necessário saber entender as diferenças que ocorrem dentro do mesmo sistema”.

PASSO 06 CONHECENDO E DISCUTINDO OS EFEITOS DA INDÚSTRIA DA CULTURA E DA DIVULGAÇÃO CULTURAL NA VIDA COTIDIANA DE PESSOAS E GRUPOS

vamos pesquisar! Professor, as questões sugeridas neste Passo são de respostas pessoais de levantamento dos conhecimentos prévios que os estudantes possuem. Sugerimos que essas questões sejam apresentadas e refletidas com os estudantes antes da exibição do vídeo Teoria e Indústria Cultural, divulgado no canal do YouTube da Rádio e TV UNESP Bauru (disponível em: www.youtube.com/watch?v=mLmw6JaJNlc. Acesso em: 20 fev. 2020). Refletir sobre esses conceitos é fundamental para a ampliação dos conhecimentos dos estudantes. Motive-os a estudar!

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ETAPA 3

ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DO FESTIVAL MULTICULTURAL Professor, esta é a etapa final do Projeto. O objetivo neste momento é o de compartilhar os saberes construídos com os estudantes, além de realizar um Festival Multicultural. Lembre-se de que, para o sucesso desta etapa, é fundamental mobilizar o engajamento dos estudantes e orientá-los no desenvolvimento das ações. É importante apoiá-los na organização dos grupos, na elaboração das listas de ações por que cada grupo ficará responsável, divulgar o evento dentro e fora da escola e realizar o Festival do modo mais colaborativo e diversificado possível. Quando terminar o Festival, não se esqueça de avaliar o Projeto em todas as suas Etapas e Passos.

PASSO 07 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DO FESTIVAL MULTICULTURAL O Passo 7 é dedicado à organização do Festival Multicultural. Diante do tamanho do trabalho que é a realização de um evento, é importante que os estudantes sejam divididos em equipes de trabalho: programação, espaço físico (local), decoração, palco, sonorização e iluminação, divulgação. É importante que toda a logística necessária seja prevista e organizada. Converse com os estudantes sobre a responsabilidade coletiva e a oportunidade de exercerem protagonismo nesse processo. Seu suporte neste Passo será fundamental! Caro professor, seguem algumas sugestões que podem auxiliará o realização do festival! Passo a Passo para a realização do Festival Multicultural Como organizar o festival multicultural? 1. Elabore a programação de acordo com a pesquisa realizada pelos estudantes na escola e na comunidade; 2. Confirme com os grupos a possibilidade de participação; 3. Reserve os espaços que serão utilizados na escola e garanta que estejam disponíveis e organizados no dia do festival; 4. Divida os estudantes em equipes de trabalho que podem ser coordenadas pelos próprios estudantes; 5. Revise os materiais (impressos e online) de divulgação e combine com os estudantes para que sejam disponibilizados em espaços físicos e na Internet; 6. Confira se os equipamentos de áudio, vídeo e registro estão funcionando; 7. Não se esqueça de decorar a escola para que o Festival Multicultural seja ainda mais animado;

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8. Ao final do Festival, garanta um momento de avaliação de todo o Projeto, bem como, do dia do Festival! Veja, no link, um exemplo de um Festival Multicultural organizado e realizado por jovens do ensino médio para inspirar: nortelivre.com.br/alunos-brilham-diversidade-em-festival-multicultural-em-venda-nova (acesso em: 20 fev. 2020).

PASSO 08 ELABORAÇÃO DE MATERIAIS DE DIVULGAÇÃO DO FESTIVAL O Passo 8 consiste na elaboração dos materiais de divulgação do Festival Multicultural. Essa atividade pode ser realizada tanto por meio de aplicativos, como por editores de texto e de apresentações, nos computadores ou nos smartphones, e Podcasts quanto por meio de cartazes, folders e outras formas analógicas e tradicionais de divulgação. Esteja atento ao conteúdo do material de divulgação. Ajude os estudantes a corrigirem erros de português, observem as mensagens que estão sendo passadas e, se for o caso, reflita com os estudantes e incentive-os a fazer as alterações que você julgar necessárias.

PASSO 09 DIVULGAÇÃO DO FESTIVAL JUNTO À COMUNIDADE Professor, para que o Festival seja um sucesso, é preciso investir na sua divulgação. Os materiais produzidos no Passo anterior precisam ser divulgados amplamente, na própria escola e na comunidade. Reflita com os estudantes quais os principais pontos de divulgação: espaços de maior circulação de pessoas, associação comunitária, rádios comunitárias, outras escolas, unidades de saúde e comércio podem ser estratégicos para a divulgação, além da postagem do material em redes sociais específicas para a divulgação do Projeto. No caso da escola, além de expor os materiais em um mural, por exemplo, pode ser interessante que os estudantes passem nas demais salas de aula para convidar outros estudantes e professores.

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PASSO 10 REALIZAÇÃO DO FESTIVAL MULTICULTURAL Professor, você chegou à fase final do Projeto. Parabéns por seu empenho e dedicação junto aos estudantes e demais colegas envolvidos. Lembre-se de que o Festival deve ser realizado pelos estudantes, sob sua coordenação e que ele se configura como uma excelente oportunidade para o trabalho coletivo com outros professores e profissionais da escola. É importante relembrar às equipes de trabalho quais são suas atribuições para que o festival seja um sucesso. Fotografem! Façam vídeos! Divulguem!

Professor(a), a avaliação no Projeto Integrador possui um caráter diagnóstico e formativo, sem um caráter classificatório. O processo deve preponderar mais que o produto. Nesse sentido, é relevante o acompanhamento progressivo dos estudantes durante a construção de todo o Projeto. A avaliação processual colaborará para que se verifique, mais de perto, se os estudantes estão se envolvendo, estão desenvolvendo as aprendizagens previstas, apoiando-os nas suas dificuldades. Recorde, sempre, que a proposta é que o estudante seja o protagonista do Projeto, o centro do processo de ensino e aprendizagem. Sua participação também é relevante ao término do Projeto, acompanhando a avaliação de desempenho de cada estudante e também dos grupos que foram formados. É importante conduzir este momento estando perto dos estudantes, provocando-os a realizar uma avaliação qualitativa, envolvendo todo o Projeto. Busque verificar se compreenderam as competências gerais e específicas e as habilidades da BNCC trabalhadas no Projeto. Avaliar a aprendizagem na escola é um veículo para tornar bem-sucedidas as ações de ensinar e aprender. Portanto, não se pode desconectar a avaliação do estudante do processo de ensino do docente. Acompanhe com carinho o processo de avaliação do Projeto dos grupos de estudantes bem como a autoavaliação de cada um deles.

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TROJAN, Rose Meri. A arte e a humanização do homem: afinal de contas, para que serve a arte? Educar em Revista, n..12 Curitiba Jan./Dec. 1996. Disponível em: http://www.scielo.br/ pdf/er/n12/n12a07.pdf A autora Trojan diz que a discussão acerca da arte e da humanização tem ocupado por décadas os educadores de Artes com o intuito de justificar a importância do componente curricular na escola de nível básico. PASSARELLI, B. & JUNQUEIRA, A.H. Gerações Interativas Brasil: crianças e adolescentes diante das telas. São Paulo: Escola do Futuro/USP, 2012. Este documento de Junqueira e Passarelli apresenta aspectos de como, quando e com quem as crianças e jovens acessam a Internet, o celular, a TV e os videogames; quais as peculiaridadesdo uso por faixa etária, gênero e região; se há práticas de acompanhamento e controle por parte dos pais etc. PHILIPPINI, Angela. A construção de espaços criativos através do processo arteterapêutico. Volume IV da Coleção de Revistas de Arteterapia “Imagens da Transformação”. Pomar, 1997. Angela Philippini aborda o processo de criação em arteterapia, realizando ligações com aspectos históricos e culturais. Ela localiza a necessidade de construção de espaços criativos internos e na coletividade como uma das tarefas do arteterapeuta. SANDER, Cristiane. Juventude e participação: ligas juvenis alemães e políticas de juventude no Brasil. In: Anais do Encontro de Pesquisadores e Pesquisadoras de Políticas Juventude. Brasília: Presidência da República, 2014. A autora diz que é necessário criar formas de participação ativa dos jovens que dependem de espaços sociais adequados, em que possam desenvolver ações e projetos. Para ela, esse protagonismo é indispensável no processo de socialização e no exercício da cidadania.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Ensino Médio. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2018. A Base Nacional Comum Curricular é o documento oficial do Ministério da Educação que oferece uma direção para toda atividade educacional desenvolvida no país. É um manual fundamental para o alinhamento de todas as ações em instituições educacionais. ESTEVES, Vera Vergara; PEREIRA, Wally Chan & SIANO, Lucia Maria França. Uma competência emergente na gestão escolar: a animação cultural. Ensaio: aval.pol.públ. Educ. [online]. 2005, vol.13, n.47, pp.169-180. Vera Esteves diz que, nas escolas de comunidades carentes, nos anos 80, surge, no Brasil, a figura do animador cultural, que passa a realizar um trabalho de educação popular mais relacionado em geral às artes. Para os objetivos deste Projeto, este artigo traz conhecimentos valiosos para o desenvolvimento do trabalho. JAPIASSU, Hilton. A questão da interdisciplinaridade. Seminário Internacional Sobre Reestruturação Curricular. Secretaria Municipal de Educação, Porto Alegre, 1994. Hilton Japiassu diz que a interdisciplinaridade tem aparecido como uma panaceia, surgindo para superar as estreitezas e a miopia do conhecimento disciplinar ou indisciplinado. Para o autor, existe a exigência de um diálogo ecumênico entre as diversas disciplinas científicas.

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ISBN 978-65-990203-2-2

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