Jornalismo científico e pesquisa na Amazônia

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Como tudo iniciou? Minha graduação, onde conheci a semiótica pela primeira vez, foi na França. Fiz a graduação na Paris VIII, uma faculdade que tem uma história interessante, pois foi formada graças a revolução de maio de 1968, dos estudantes. Ela surgiu como uma opção interdisciplinar [movimento científico que tem fundamentação na história da ciência moderna, a partir do século XX] e livre em relação ao modelo tradicional que havia na França, muito autoritário, em que o professor não tinha contato com o aluno. Paris VIII surgiu para democratizar o ensino. Além disso, propor linhas interdisciplinares. No departamento no qual eu estava, que era de Letras Modernas, fazia francês, só que era uma universidade livre; o aluno podia escolher as disciplinas para seu currículo. Havia, por exemplo, professores que ofereciam ao todo, 30 cursos e você poderia caminhar como bem intencionasse, seja através da empatia com a área do professor, seja com a disciplina você podia fazer a sua grade. E aí o que eu fiz? Encantei-me pelos estudos de Jean-Claude Coquet, que é um semioticista, seguidor de Benveniste de Mello Point. Encantei-me pela linha de pesquisa dele e fiz a opção de fazer 80% do meu curso baseado nas propostas de Coquet. Foi aí que comecei a me especializar na semiótica. Todas as disciplinas que me influenciam são na área de semiótica. Toda a minha formação foi pautada nessa pesquisa de semiótica. Primeiro Semiótica Literária, depois jornalística, análise de artigos de jornais. E o seu percurso na pós-graduação? Fiz um mestrado sobre três artigos de jornais que saíram sobre a Teologia da Libertação [termo elaborado pelo padre peruano Gustavo Gutiérrez, autor do livro “A Teologia da Libertação”, de 1971]. O interesse pela teoria da libertação é por causa do aniversário de 500 anos do descobrimento da América Latina e com o interesse pela Teologia da Libertação, encontrei um caminho que era tentar ver os discursos sobre política, nesses três artigos, ligados à religião. Fiz o mestrado nessa linha em semiótica. Quando cheguei ao Brasil, 53


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