Quimica1

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Viagem no tempo

DIVULGAÇÃO PNLD

Um pouco da história dos conceitos de ácido e base Antigas civilizações já conheciam substâncias de caráter ácido e de caráter básico (ou alcalino). O ácido acético (substância presente no vinagre), por exemplo, já era conhecido pelos egípcios, que o obtinham pela transformação do etanol (C 2H5OH), álcool presente no vinho. É a presença do etanol, aliás, que explica por que, com o tempo e dependendo da forma como é armazenado, o vinho adquire sabor azedo. O gás amoníaco (NH3), substância com propriedades básicas, também era conhecido pelos egípcios, que registraram em papiro a forma de obtê-lo. Embora tentativas de classificar as substâncias quanto à acidez e à basicidade tenham sido feitas anteriormente, uma das primeiras propostas consideradas relevantes foi a do irlandês Robert Boyle (1627-1691). Após vários experimentos, Boyle observou que todas as substâncias que apresentavam caráter ácido – e não apenas algumas delas – provocavam o efeito da mudança de cor no xarope de violetas (nessa época, já se conhecia um teste de mudança de cor, feito com xarope de violetas, que ficava vermelho em meio ácido e verde em meio alcalino). Ele realizou ampla pesquisa, usando vários extratos vegetais, entre os quais alguns empregados no tingimento de tecidos, como o de pau-brasil, cuja coloração varia de vermelho intenso, em meio ácido, a amarelado, em meio básico. O uso de corantes por artesãos, na tinturaria, e por artistas, em pinturas, levou à constatação de que, com o tempo, ou na presença de certas substâncias, esses pigmentos tinham a coloração alterada. Graças a observações desse tipo, que permitem diferenciar um meio ácido de um básico mediante a mudança de cor, é que se passou a usar os chamados indicadores ácido-base, de grande valia até os dias de hoje. Em suas pesquisas, Boyle constatou que certos materiais não alteravam a coloração desses corantes e classificou-os como neutros. Apoiando-se em experimentos, Boyle foi um dos primeiros a estabelecer formalmente que é ácida “qualquer substância que torne vermelhos os extratos de plantas”. Observações posteriores, porém, levaram à conclusão de que nem todos os indicadores, diante de um meio ácido ou básico, respondiam com as mesmas mudanças de cor. Lavoisier propôs, no final do século XVIII, identificar ácidos e bases considerando sua composição, e seus estudos sobre a combustão do carvão, do enxofre e do

fósforo o levaram à obtenção Caráter básico ou dos ácidos carbônico, sulfúrialcalino: considere, neste momento, co e fosfórico, respectivamenque o caráter básico te. Ele procurava relacionar a ou alcalino é uma composição do material à acicaracterística de substâncias que têm dez, em um raciocínio fundaa capacidade de mentado no fato de que, para neutralizar ácidos. obter os óxidos (de carbono, enxofre e fósforo) – que em água dão origem a ácidos –, é preciso realizar reações de combustão e, para que elas ocorram, o oxigênio do ar é essencial. Os ácidos, portanto, seriam compostos oxigenados; ou seja, para Lavoisier, a presença de oxigênio (o nome oxigênio, de origem grega, significa “formador de ácidos”) estava ligada à acidez. Pesquisadores posteriores verificaram que o responsável pelo caráter ácido de uma substância é o hidrogênio, e não o oxigênio, ao constatar que existem ácidos, como o clorídrico (HCℓ), por exemplo, que não possuem oxigênio em sua composição. A respeito desses conceitos químicos, vale destacar a publicação do brasileiro Vicente Coelho de Seabra Silva Telles (c. 1764-1804), graduado em Medicina e Filosofia pela Universidade de Coimbra, em Portugal. Adepto das ideias de Lavoisier, em 1788 estabeleceu uma classificação das substâncias em dois grandes grupos: combustíveis (as que podem ser queimadas) e incombustíveis (as que não pegam fogo). No grupo das incombustíveis, estão os materiais de caráter básico (ou alcalino) e ácido, cujas propriedades podemos destacar; por exemplo, a capacidade de ácidos e bases de mudar a cor de extratos vegetais (ácidos avermelham extratos azulados e bases tornam verde o xarope de violetas). Essa mudança de cor provocada por um ácido pode ser restituída por uma base, assim como a mudança de cor provocada por uma base pode ser restituída por um ácido. Fonte: COSTA, António Amorim da. Vicente Coelho de Seabra Silva Telles. Disponível em: <http://www.spq.pt/files/docs/ Biografias/Vicente%20Coelho%20de%20Seabra%20%20port.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2015.

1. Com base no que vimos até aqui, aponte algumas propriedades de ácidos e de bases. 2. Que diferença você pode apontar entre o objetivo das pesquisas de Lavoisier e as de seus antecessores, no que se refere à compreensão do conceito de ácido? Capítulo 7 Ácidos, bases e sais

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