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LINGUAGEM DA ARTE Para criar em cada linguagem, precisamos conhecer seus códigos e procedimentos. Toda linguagem tem seu jeito de

PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS Matthias Oesterle/Corbis/Latinstock

Cortina de sensações Escolha um local na escola para fazer uma

ser e de se comunicar. Para se expressar por meio de lingua-

instalação e ao mesmo tempo uma intervenção no espaço por onde as pessoas passam todos os dias. Corte várias tiras de revista e cole uma na outra, criando fios compridos. Monte uma espécie de cortina ou cachoei-

gens é preciso aprender sobre esses jeitos e significados.

ra e aplique no espaço escolhido, de modo

Assim, nesta seção vamos estudar como as linguagens da

nados, porém, nesse caso, coloque-os den-

que as pessoas passem por ela. A proposta é cada um ter a sua própria interpretação ou sensação dessa “passagem” pela instalação. O mesmo pode ser feito com papéis lamitro de salas de aula e ilumine o lugar com lanternas, abajures e outros materiais. Crie quantos projetos quiser com os colegas e o professor porque a arte também é

arte são criadas. Na subseção Ação e criação, sugerimos

uma invenção!

projetos de criação e experimentos artísticos para você,

Exploração de sensações em instalação no Festival de Luzes em Barcelona, Espanha, em 2015.

Olhando para as pinturas com luz e as instalações, como você percebe o mundo da arte atualmente? Que relações você faz entre Arte e Ciências? Inventos criados pela ciência têm influenciado a criação e invenção de obras artísticas? Como isso acontece? Que tal investigar mais sobre esses artistas e suas máquinas maravilhosas? Lembre-se de anotar suas pesquisas e descobertas em seu diário de artista. Invente as suas próprias maneiras de registro das suas aventuras pelas linguagens das artes!

seus colegas e professores poderem fazer arte. Nos boxes Procedimentos artísticos, damos algumas dicas sobre como fazer e usar materiais em produções artísticas.

MISTURANDO TUDO!

Julio Le Parc (1928), artista argentino, foi um dos fundadores do movimento de Arte Cinética, criando imagens que exploram objetos brilhantes e efeitos de luz. Veja uma de suas obras abaixo. No Brasil, artistas como Abraham Palatnik, Mary Vieira (1927-2001), Waldemar Cordeiro (1925-1973), entre outros, desenvolveram a Arte Cinética. Observe as imagens a seguir.

Observe as imagens a seguir. Pensar sobre os melhores ângulos, a posição da luz, o zoom nos detalhes... Enfim, como suas escolhas podem ajudar a ampliar seu conhecimento sobre a arte da fotografia? Para Emídio Contente, entrevistado na seção Palavra„do„artista, o fotógrafo deve ser um eterno estudioso. Portanto, vamos estudar algumas possibilidades de composição de imagens na linguagem da fotografia? Para isso, contamos com a colaboração da fotógrafa Rita Demarchi. Rita é uma artista viajante. Pelos lugares que passeia, captura imagens, que são sensações e Eus, Série Autorretrato, de Rita Demarchi, 2014. lembranças de experiências. Ela nos enviou um Rita Demarchi trecho de seu diário de artista, que mostraremos a seguir. Por meio dele, vamos entrar mais em contato com a experiência da arte da fotografia.

© Le Parc, Julio/AUTVIS, Brasil, 2016. Foto: Pierre Verdy/AFP/Getty Images

Rita Demarchi

O Beijo, de Waldemar Cordeiro, 1967. Objeto eletromecânico e fotografia P&B sobre papel, 50 cm × 45,2 cm.

„„Experiências„fotográficas„–„„

Continuel mobile - Sphère rouge, obra de Julio Le Parc, exposta em Paris, França, em 2013.

em„busca„do„interessante„„ e„do„enquadramento

Um conhecimento pode ser conectado a outro. Uma linguagem pode ter

Waldemar Cordeiro. 1967. Fotografia P&B sobre papel, sobre madeira. Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo

„„Impressões„e„composição„em„fotografias

relação com outras e até estarem juntas em uma produção artística. Esta

Mary Vieira. 1953/62. Disco plástico e alumínio anodizado. Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo

LINGUAGEM DAS ARTES VISUAIS

seção traz questões para você pensar sobre isso e para perceber o que você

Polivolume, de Mary Vieira, 1953. Disco plástico, ideia para uma progressão serial, e alumínio anodizado, 36,7 cm × 36,7 cm.

Rita Demarchi estava passeando em Arcos, uma pequena cidade da região do Alentejo, interior de Portugal, quando registrou essas impressões por meio de texto e imagens. Acompanhe nas páginas a seguir.

Eu/Helena/Eu, Série Autorretrato, de Rita Demarchi, 2013.

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aprendeu ao estudar cada capítulo.

AÇÃO E CRIAÇÃO „ Arte em movimento

„ Você costuma fotografar?

Vimos que o movimento pode ser representado por meio de desenhos, pinturas e outras linguagens, mas na Arte Cinética o movimento faz parte da obra, ou seja, é preciso criar um mecanismo, alguma forma de produzir movimento. Vamos fazer experiências e criar arte?

„ Como você fotografa? „ Será que sempre haverá uma fotografia para falar de nós? Um retrato tirado por alguém? Uma selfie? Uma cena que queremos guardar para lembrar coisas que vivemos? „ Será que imagens podem falar sobre nós?

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Em outras épocas, encontramos imagens que mostram movimentos de pássaros e outros temas. Como nos desenhos renascentistas de Leonardo da Vinci (1452-1519) em criações contemporâneas. Na música de Chico Buarque (1944), ele canta que “o tempo rodou num instante”, mensagem que mostra a relação entre tempo e movimento que influencia a nossa vida. Assim, temos registrado o movimento na arte de muitas maneiras. Entretanto, representar é diferente de colocar o movimento como parte da VEJA ARTE obra de arte, que é um passo além, e assim nasce a Arte Cinética. Alexandre Calder. Confira os vídeos das esculturas do Observe esta imagem. artista em imagens 3D que A Arte Cinética aparece como estética na história da Arte simulam o movimento de suas criações. Disponível em: em 1955, quando um grupo de artistas reuniu-se para realizar <https://ftd.li/3ititp>. a exposição Le Mouvement (O movimento), em uma galeria Ukartpics/Alamy/Latinstock de Paris, na França. Entre esses artistas, o francês Marcel Duchamp (1887-1968) apresentou obras que pareciam engenhocas, mas que criavam imagens com efeitos visuais quando colocadas em movimento. Esse tipo de arte rompeu a tradição de imagens estáticas na pintura. O interesse de Duchamp pelos experimentos com máquinas para produzir efeitos ópticos o motivou a criar vários experimentos. Pelo mundo, a proposta de arte do movimento espalhou-se. O escultor estado-unidense Alexander Calder (1898-1976) usava, em suas obras artísticas, objetos como latas de sardinha, caixas de fósforos e pedaços de vidro coloridos. Calder criaRotor rings (Rotor de anéis), de va esculturas com movimento, algumas acionadas Gavin Turk, 2012. A obra fez parte de uma exposição em Londres, em 2014, à manivela, além de inventar móbiles. AMPLIANDO

Desenhos renascentistas privilegiam as proporções dos seres humanos e da natureza fazendo uso dos princípios geométricos e matemáticos e a partir da aplicação de luz e sombra.

seios culturais e dicas de como ou onde encontrar mais arte. Registre tudo em seu Diário de artista. Aprovei-

chamada O que Marcel Duchamp ensinou-me, na qual diversos artistas expuseram suas obras inspiradas na arte de Duchamp, com depoimentos sobre essas influências. Na imagem, vemos um tipo de estrutura mecânica com círculos.

te também as dicas dos boxes Clique arte, Leia arte, Ouça arte e Veja arte por todo o livro.

Escultura de Alexander Calder, 1962. Folha de metal e haste pintada.

Cipis

arte mais de perto. Nesta seção, há propostas de pas-

celo

os colegas podem ter interesse em ver, ouvir ou sentir a

Você já viu alguma dessas linguagens artísticas que estudamos em seu cotidiano? Como são as linguagens que usam cor luz? O que é arte propositora? Como são as instalações descritas nesta unidade? O que você descobriu de novo? A Arte e as Ciências estão sempre juntas? Por quê? E em relação à música, o que aprendemos sobre Arte e Ciências? Pesquise mais sobre os luthiers brasileiros. Na sua cidade há alguma oficina desse tipo de atividade? Como é possível criar linguagens e expressar-se pela arte na sua escola? Como podemos criar instalações com luzes e sons no ambiente da sua sala? Estudamos que algumas produções artísticas são em grupo e outras individuais. Como você vê o seu processo de criação? Qual das linguagens estudadas aqui você considera mais interessante para a criação de arte em grupo? Que tal chamar a turma e os professores e criar projetos de arte com base no aprendizado desta unidade?

Mar

Depois de conhecer algumas trajetórias da Arte, você e

© 2016 Calder Foundation, New York/AUTVIS, Brasil, 2016. Foto: Christie's Images/Superstock/Glow Images

EXPEDIÇÃO CULTURAL

DIÁRIO DE ARTISTA Vamos registrar suas experiências artísticas em caderno criado especialmente por você e para você, um tipo de diário de artista? Pesquise mais sobre a cor luz, as instalações e criações na arte contemporânea. Analise também as características dos instrumentos musicais, como foram criados no passado e como são hoje. Registre suas percepções no seu diário de artista de muitas formas possíveis, escrevendo, desenhando, por meio de pinturas, colagens... O diário é o seu suporte e o artista é você!

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Instrumentos que o tempo traz

Yoshi0511/Shutterstock.com

Museu de Persépolis, Irã

Sauletas/Shutterstock.com

James Gillray. 1805. Gravura. Coleção particular. Foto: Everett Historical/Shutterstock.com

Quanto mais o mundo se conecta, maior é o intercâmbio de sonoridades e de instrumentos musicais. O xilofone, por exemplo, parte integrante das orquestras e muito usado por músicos de jazz, é um instrumento de tradição afro-asiática que no século XIX foi incorporado à cultura ocidental.

O xilofone, cuja origem remete a várias culturas de regiões da África e da Ásia, teria sido introduzido em orquestras no século XIX.

Corneta persa primitiva, da dinastia Aquemênida (séc. VI a.C.), fabricada em bronze. Museu de Persépolis, Irã.

O saxofone, criado em 1840 pelo belga Adolphe Sax, é o único entre os instrumentos de sopro de metal que possui palheta.

Séc. XVIII. Château de Thoiry, Yvelines. Foto: Gianni Dagli Orti/AFP/Otherimages

1300 Acredita-se que o cravo tenha sido criado por volta de 1300. A principal diferença entre o cravo e o piano é que no cravo as cordas são pinçadas e no piano, percutidas com martelos. Nesta imagem, cravo do século XVIII.

Vamos ver essa história mais de perto? A música é uma linguagem que impeliu o ser humano a buscar fora de seu corpo mais recursos sonoros. O corpo produz sons por meio da voz, de palmas, pisadas e batidas em partes do próprio corpo, como pernas e peito. Os seres humanos também buscaram nos elementos da natureza a matéria-prima para a criação de novas fontes sonoras. Troncos de árvores, ossos, peles de animais e rochas foram utilizados para a criação de instrumentos de percussão e de sopro.

Em 1949, John Cage fazia experimentos com instrumentos, por exemplo, alterando a afinação de seu piano com moedas e parafusos entre as cordas.

2013 Grupo Experimental de Música. 2013. SESC, Santos. Foto: Jefferson Fernandes

A harpa, um dos mais antigos instrumentos criados, originou-se dos arcos de caça que faziam barulho ao roçarem na corda. Nesta gravura de 1805, o instrumento aparece em destaque.

1949 New York Times Co/Getty Images

Século XIX

Século VI a.C.

2009 a.C. Os antigos tambores eram feitos com pedaços de troncos de árvores ocos e recobertos com pele de animal. Nesta imagem, um tambor africano de couro de confecção bem rústica, feito nos dias de hoje, traz inspirações dos artefatos antigos.

Holbox/Shutterstock.com

1840 6000 a.C.

Anos 2000: grupos musicais como o GEM fazem experimentos com instrumentos já existentes ou criados com materiais não convencionais, desenvolvendo novas sonoridades.

Pré-História

Detalhe da obra Concerto dos anjos, afresco de Gaudenzio Ferrari, mostra o alaúde, instrumento de origem árabe que teria sido introduzido na Península Ibérica por volta do século XII.

1815 Duzan Zidar/Shutterstock.com

Gaudenzio Ferrari. Séc. XVII. Afresco. Santuário Madona dos Milagres, Saronno. Foto: The Bridgeman Art Library/Easypix

Berents/Shutterstock.com Aliaksandr Shatny/Shutterstock.com

Século XV

Os europeus encontraram registros de maracas em praticamente toda a América Latina no período das navegações, iniciadas no século XV.

Idade Moderna

O aspecto tecnológico é particularmente relevante ao observarmos a história dos instrumentos musicais, assim como o trabalho dos luthiers. A criação do piano, por exemplo, consolidou tão fortemente este instrumento que seu antecessor, o cravo, quase caiu no esquecimento. Atualmente, instrumentos musicais muito antigos, como os atabaques, usados na capoeira, convivem junto a aplicativos digitais musicais em aparelhos celulares.

Idade Contemporânea

1

Qual foi o primeiro instrumento musical que você teve contato?

2

Que instrumentos musicais você conhece?

3

Que instrumentos são mais populares na região onde você mora?

4

Qual(is) instrumento(s) musical(is) desta linha do tempo você ainda não conhecia?

Século XVI (registro oficial do afresco)

O triângulo, conhecido na Europa no século XIV, só foi empregado na orquestra a partir do século XVIII, por Mozart.

A lira, instrumento amplamente usado na Antiguidade, acompanhava as récitas poéticas gregas. Há registros em outras culturas de até 3 mil a.C.

Idade Média

Século XIV

Classic statue/Shutterstock.com

3000 a.C.

Idade Antiga

Desde os primeiros tambores e flautas, os instrumentos musicais não pararam de evoluir. Do arco, utilizado na caça, surge o ancestral dos instrumentos de corda. A cada avanço intelectual e tecnológico, surgiam inovações e novos instrumentos. Uma variedade incrível de sons era irradiada do Oriente e do Ocidente, das primeiras civilizações e dos primeiros povos da humanidade.

Trompete de pistão, idealizado por Heinrich Stölzel, em 1815.

5

Qual(is) você já conhecia, mas nunca teve contato próximo?

6

O xilofone foi introduzido nas orquestras ocidentais no século XIX, mas quando teria sido ele criado?

7

Você já brincou de transformar objetos domésticos (baldes, panelas, talheres, cabos de vassoura etc.) em instrumentos musicais? É possível fazer música só com esse tipo de objeto?

8

Em uma das imagens desta linha do tempo, um músico toca um instrumento de modo diferente do usual. Você já imaginou algo assim? Localize essa imagem e pesquise sobre essas possibilidades.

Vem pra arte! Agora é a sua arte que completa a linha do tempo. Faça uma colagem com imagens de instrumentos musicais característicos de países como Índia, China, Japão, Austrália, entre outros que despertarem sua curiosidade. Cole também instrumentos musicais eletroacústicos, eletrônicos e digitais. Adicione, ainda, imagens de outros instrumentos musicais que gostaria de ver nesta linha do tempo.

ARTE PELO TEMPO – LINHAS DO TEMPO TEMÁTICAS No estudo de Arte, estamos o tempo todo fazendo relações entre passado e presente. Essa viagem nem sempre ocorre no tempo cronológico. Precisamos estudar a arte do nosso tempo porque somos contemporâneos dessas produções. Olhar para o passado e ver como a arte se transforma provoca reflexões sobre como a vida e a sociedade também mudam com o passar dos séculos. Assim, observe as linhas do tempo do material complementar e registre suas impressões e criações!

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