Historia soc 8

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A violência

Museu Paulista da USP, SP. Foto: Alexandre Dotta

Museu Paulista da USP, SP. Foto: Alexandre Dotta

Os escravizados eram vigiados de perto por feitores, que, quase sempre, os castigavam por qualquer pequena falta, como fazer uma pausa para descanso ou se distrair no trabalho. Os castigos eram muitos; a palmatória, a gargalheira e a máscara de flandres eram alguns deles. Veja alguns instrumentos usados para punir os escravizados:

A palmatória era usada para golpear as mãos do escravizado e causar-lhe inchaço e dor.

A gargalheira era colocada em volta do pescoço do escravizado a fim de dificultar seus movimentos.

Jacques Etienne Arago. 1839. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro

Já a máscara de flandres feita de zinco ou folha de flandres era um instrumento que permitia à vítima enxergar e respirar, mas a impedia de se alimentar.

Para saber mais

A máscara no rosto da personagem é a que teria sido usada por Anastácia. Gravura de 1839.

Xando Pereira/Folhapress

A negra Anastácia: mito e religiosidade Contam que, no século XVIII, teria vivido no interior mineiro uma escrava por nome Anastácia, uma negra de olhos azuis, altiva e muito bonita. Por sua rara beleza, Anastácia teria despertado ciúmes na mulher de seu senhor que, por isso, obrigou-a a usar a máscara de flandres. Vítima de perseguição e maus-tratos, Anastácia teria morrido relativamente jovem. Muito tempo depois, em 1968, durante a comemoração dos 80 anos da abolição da escravatura, na igreja do Rosário, no Rio de Janeiro, Anastácia foi homenageada e descrita como santa pelos milagres que teria realizado. Na verdade, Anastácia é um mito da nossa História; não há provas materiais da sua existência; mas as histórias que se contam sobre ela fazem parte da memória sobre a escravidão e continuam inspirando atitudes de devoção e respeito entre as gentes de Minas Gerais. Integrantes da banda feminina Didá durante uma apresentação no Pelourinho, Salvador. Note que as percussionistas utilizam réplicas da máscara de flandres.

CAPÍTULO 1 – AFRICANOS NO BRASIL: DOMINAÇÃO E RESISTÊNCIA

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