Filosofia autentica

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ou caso não tenha boa vontade, pode simplesmente tomar uma decisão que não será necessariamente a mais justa. D. Falácia da tautologia A tautologia consiste em exprimir a mesma ideia de formas diferentes. Ela pode ter um uso positivo em Filosofia e em outras maneiras de falar de nossa experiência, mas, quando serve para justificar um raciocínio, dando a impressão de que ideias novas são articuladas, ocorre uma falácia. Observe: Um Estado é uma nação politicamente organizada. Ora, o Brasil é um Estado. Logo, o Brasil é uma nação politicamente organizada. Não há problema de conteúdo nessa elaboração; e a conclusão é verdadeira, visto que, de fato, o Brasil é uma nação politicamente organizada. No entanto, nada se diz na conclusão que já não tenha sido dito nas premissas. Há, na verdade, um problema de forma, pois a primeira premissa apenas define o Estado (o sujeito é idêntico ao predicado: uma tautologia); por sua vez, na segunda premissa, diz-se que o Brasil é um Estado; e, na conclusão, só se repete a segunda premissa, porque se retoma a definição de Estado. Em resumo, essa elaboração só tem dois termos, contrariando a regra 1, que exige três termos para a dedução. E. Falácia do consequente Consiste em usar o procedimento do silogismo condicional para afirmar a condição por meio da afirmação do consequente ou para negar o consequente por meio da negação da condição:

F. Falácia do desvio do assunto Em vez de justificar um pensamento tratando diretamente dos seus elementos, a falácia leva a concentrar a atenção em outras coisas. É o caso de advogados que, em vez de provar a inocência de seus clientes mostrando que eles não são os responsáveis pelos crimes de que são acusados, passam a dizer que eles são bons filhos, bons maridos, bons trabalhadores, vítimas da Sociedade e assim por diante. Outro exemplo: Pablo Escobar é assassino. Mas também dá dinheiro aos pobres e tenta melhorar a estrutura política de seu país. Ora, quem ajuda os pobres e luta para melhorar a estrutura política merece ser premiado. Então, Pablo Escobar merece ser premiado, e não condenado por seus assassinatos. G. Falácia da força ou do argumento de autoridade Consiste em usar o argumento de autoridade para pretender provar que a palavra de alguém não pode ser questionada (em vez de apenas dizer que essa palavra pode ser digna de confiança): Se a Ana explicou esse fato e se é ela que estudou Química, você não pode questionar o que ela diz. Nossa única saída é obedecer ao governador, porque ele é a autoridade no Estado. H. Falácia da petição de princípio Muito comum no modo cotidiano de pensar e falar, a petição de princípio significa partir daquilo que justamente se pretende provar. Vem daí o nome de petição de princípio, já que o argumento permanece aberto, pedindo um princípio que o prove. É bom ser honesto porque ser honesto é bom.

Se João rouba, então ele está vivo. Ora, João está vivo. Então, João rouba.

Poder dizer tudo o que pensamos é algo que faz bem à Sociedade. Afinal, a Sociedade é melhor quando as pessoas podem dizer tudo o que pensam.

Se Maria está viva, então pode ir à escola. Ora, Maria não pode ir à escola. Então, Maria não está viva. Falácias de matéria As falácias de matéria costumam ser raciocínios formalmente válidos, mas com problemas ligados ao conteúdo.

Machado de Assis é mais importante do que José de Alencar, pois Machado de Assis é mais valorizado pelas pessoas que têm o hábito da leitura. I. Falácia do círculo vicioso A falácia do círculo vicioso é uma dupla petição de princípio. Consiste em tomar duas frases e pretender

Filosofias e modos de convencer

Capítulo 4

Unidade 1

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