o outro. O silogismo fica simplesmente sem conclusão. Trata-se de um fato diferente do que ocorre com o silogismo disjuntivo, pois, neste, negar uma alternativa permite obter a outra. Mas, no silogismo conjuntivo, negar um elemento deixa a possibilidade de o outro também não ocorrer. Assim, se o ser humano é alguém que, servindo a Deus, não serve ao dinheiro, e se esta pessoa não serve ao dinheiro, não quer dizer que ela sirva a Deus. Ela pode servir a si mesma, à Ciência, ao esporte etc. Por fim, o dilema é um tipo de silogismo que também lida com alternativas e hipóteses, mas é montado de um modo em que as premissas não podem ser discutidas e evitam todo tipo de discordância sobre a conclusão. Qualquer alternativa que seja afirmada leva à afirmação também da outra. O dilema equivale, então, a um silogismo disjuntivo em que, por causa de uma premissa que guia todo o raciocínio, é necessário obter uma das alternativas afirmando a outra. No limite, é um raciocínio cuja conclusão também
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obriga a aceitar as alternativas dadas pelas premissas. Por exemplo: Um paciente não foi atendido no Pronto Socorro exatamente no momento em que você era o médico de plantão. Ora, se você era o médico que devia receber o paciente no Pronto Socorro, ou você estava lá e não o recebeu ou você não estava lá quando deveria estar e, por isso, também não o recebeu. Se você estava lá e não o recebeu, faltou com seu dever. Se você não estava lá, também faltou com seu dever, pois o plantão era seu. Em qualquer dos dois casos, você deve ser responsabilizado por não ter recebido o paciente. Diante de um dilema como esse, não há o que discutir. O raciocínio serve apenas para mostrar todas as possibilidades de pensamento sobre a situação, de modo a concluir por algo que não pode ser interpretado de outra maneira. Há, porém, um mau uso do dilema, constituindo a falácia do falso dilema ( p. 60), tal como veremos adiante.
p. 435
Leitura de aprofundamento
p. 431
Analise os seguintes raciocínios dedutivos e diga se são válidos ou inválidos. Se forem inválidos, aponte a causa da invalidade. Não deixe de explicitar as premissas pressupostas!
7. Alguns cidadãos são bons. Todos os humanos
1. Toda injustiça é proibida. Então, o assassinato
ser dominados. Como os cidadãos não lutam pela liberdade, então aceitam ser dominados.
é proibido. 2. Alguns cidadãos são homens; alguns homens
são cidadãos. Portanto, todos os cidadãos são humanos. 8. Ou os cidadãos lutam pela liberdade ou aceitam
9. Ou os cidadãos lutam pela liberdade ou aceitam
são covardes. Portanto, alguns cidadãos são covardes.
ser dominados. Como os cidadãos lutam pela liberdade, então não aceitam ser dominados.
3. Se você tivesse lido o livro, teria aprendido.
10. O cidadão é alguém que ou luta pela liberdade
Como você não aprendeu, é porque não leu o livro.
ou aceita ser dominado. Como o cidadão não luta pela liberdade, então aceita ser dominado.
4. Se você tivesse lido o livro, teria aprendido.
11. O cidadão é alguém que ou luta pela liberdade
Como você não leu o livro, não aprendeu. 5. Todas as pessoas alegres são seres que riem.
Todas as hienas são seres que riem. Então, todas as pessoas alegres são hienas. 6. Nenhum problema me afeta. Nenhum riso me
afeta. Logo, problemas são risos.
ou aceita ser dominado. Como o cidadão luta pela liberdade, então não aceita ser dominado. 12. Sua função como bombeiro era acionar o alar-
me. O alarme não foi acionado porque ou você soube do incêndio e não o acionou ou porque não soube do incêndio (quando deveria saber) e também não o acionou. A responsabilidade pelo não acionamento do alarme é sua.
Filosofias e modos de convencer
Capítulo 4
Unidade 1
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