seus maiores méritos foi refletir sobre a total transcendência do princípio de todas as coisas, diferentemente da forma como fez Fílon. Ele a tratou dentro dos padrões gregos de pensamento, sem pensar o princípio ao modo de um criador. Plotino produziu sua filosofia em diálogo com o pensamento de seus predecessores, mas, sobretudo, em referência direta a Platão, motivo pelo qual ele ficou conhecido como neoplatônico. Seu pensamento foi chamado de neoplatonismo ou de platonismo plotiniano. Outros “platonismos” surgiram em continuidade com Plotino até, pelo menos, o século VI da Era Cristã. Mesmo nos séculos VII a VIII é possível encontrar autores platônicos ou neoplatônicos, mas convencionou-se dizer que o fim da filosofia antiga se deu no século VI, em 529, quando o imperador bizantino Justiniano proibiu o ensino dos filósofos, que ele considerava como inimigos da fé cristã.
História Medieval
História Antiga
“Pré-História”
Declínio do Império Romano do Ocidente
Formação do Feudalismo
...
... Séc. XX a.C
Século VII a. C. Surgimento da Filosofia
Ano 1 Nascimento de Jesus Cristo
Séc. III
Séc. V
Filosofias patrísticas
Ano 529
filosofias antigas
4 As filosofias patrísticas Costuma-se chamar de Patrística o período filosófico compreendido entre o surgimento do cristianismo e o século V. Muitos historiadores da Filosofia consideram esse período como uma fase da filosofia antiga, seguindo a classificação da História Antiga. Outros preferem dizer que esse período é o início da filosofia medieval, seguindo a classificação da História Medieval. As características da atividade filosófica nesse período são, porém, bastante específicas e justificam destacá-la tanto da filosofia antiga como da filosofia medieval, embora guarde grandes semelhanças com ambas. O evento histórico que permite entender as características próprias da Patrística é o surgimento do cristianismo. O iniciador da religião cristã, Jesus Cristo, nunca se apresentou como filósofo, mas como portador de uma mensagem de salvação. Ocorre, porém, que alguns filósofos gregos e romanos converteram-se à fé cristã, promovendo um encontro entre o pensamento filosófico e a mensagem religiosa judaico-cristã. O primeiro 378
Filosofia e filosofias – existência e sentidos
caso conhecido foi o de Justino (100-165), da cidade de Roma, que dizia ter encontrado na fé cristã uma realização mais completa do que aquela que a Filosofia lhe dava. Justino era platônico e dizia viver insatisfeito com a “verdade fria” da razão. Ao experimentar a fé cristã, como ele assegurava, encontrou outra “face” da verdade; percebeu que ela pode agir e “responder” aos seres humanos, como numa relação interpessoal. Deus, então, deixava de ser visto por Justino apenas como uma “ideia” e passava a ser entendido como “alguém”. Assim, o fato de pessoas cultivadas em Filosofia aderirem ao cristianismo fez surgirem tentativas de combinar formas de pensamento filosófico com a experiência de fé. Instalou-se um diálogo de intelectuais cristãos com a cultura de sua época, abrindo-se uma nova área de pesquisa para a Filosofia, a área da reflexão sobre Deus visto como uma “pessoa” que se relaciona com os seres humanos. Isso era completamente inconcebível no mundo filosófico greco-romano antigo; donde a originalidade da Patrística.