Augusto de Campos
Detalhe da capa externa do projeto Caixa preta, de Augusto de Campos e Julio Plaza, 1975.
O projeto Caixa preta foi um misto de escultura e livro, apresentando-nos dois tipos de código, um visual e outro escrito. Feito a quatro mãos, é uma parceria de dois artistas: o espanhol Julio Plaza (1938-2003), mais ligado às artes visuais, e o brasileiro Augusto de Campos (1931), paulistano ligado às artes literárias, mais especificamente à poesia concreta. Na poesia concreta, podemos observar imagens sem abrir mão da palavra escrita. Nessa forma de arte, a presença de elementos que estruturam uma poesia, como estrofes e rimas, entre outros, é dispensada. A palavra é trabalhada também como um elemento visual. Assim, na poesia concreta, as palavras podem ser dispostas geometricamente, criando imagens. É uma poesia que tem um forte apelo visual, você não acha? Observe outro exemplo de poesia concreta a seguir. A poesia concreta é considerada uma arte de vanguarda. Faz parte de um movimento denominado Concretismo (ou Arte Concreta). No Brasil, teve início na década de 1950. Os artistas concretistas romperam com a arte mais tradicional brasileira, ainda muito ligada à criação de imagens figurativas, que representam ou descrevem as coisas como as vemos na natureza e no cotidiano. Na imagem da página anterior, na Caixa preta, o poema traz símbolos gráficos, como a estrela, por exemplo, substituindo algumas letras. Decifre o código e leia o poema, que já foi musicado por Caetano Veloso no seu disco Uns, de 1983.
AMPLIANDO O Concretismo (ou Arte Concreta) foi um movimento e estilo internacional que teve no Brasil representatividade no Grupo Ruptura. A arte concreta busca abandonar qualquer aspecto de representação da natureza, negando as correntes artísticas subjetivistas e líricas. Elementos de linguagem são articulados para expressar a forma. Na literatura, tivemos a poesia concreta dentro do movimento concretista. É representada por poemas que exploram tanto a poética da palavra quanto da imagem. A preocupação era aproximar a palavra da imagem, em íntima relação entre o verbal e o visual. Os nomes na literatura concreta são Julio Plaza (1938-2003), Augusto de Campos (1931), Haroldo de Campos (1929- 2003) e Décio Pignatari (1927-2012), entre outros. O termo vanguarda vem da palavra francesa avant-garde, que significa estar na linha de frente de uma luta (exército). Nas artes, esse termo foi usado para denominar os movimentos estéticos e artísticos que estavam liderando mudanças culturais inovadoras.
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