Número 6 - Ano I

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109,6 milhões em 2005 e saltou para US$ 321,6 milhões em 2010 (em 2011, houve um recuo para US$ 293 milhões). Contando apenas as armas de fogo –, revólveres, pistolas e carabinas –, a quantidade impressiona. Foram 4.482.874 unidades exportadas entre 2005 e 2010, segundo levantamento inédito do Exército feito a pedido da agência Pública. Ou seja: 2.456 armas por dia. No entanto, o Exército não aceitou detalhar as vendas ano a ano, as empresas exportadoras ou os países destinatários. Assim, cabe às instituições internacionais tentar desvendar os detalhes da exportação brasileira. Todos os anos, o Instituto de Estudos Internacionais e de Desenvolvimento, sediado em Genebra, na Suíça, realiza o Small Arms Trade Survey, o mais respeitado estudo sobre essa indústria. Em 2011, os levantamentos do instituto indicaram que o Brasil foi o 4º maior exportador mundial de armas leves, atrás apenas de Estados Unidos, Itália e Alemanha. Contando somente armamentos pesados, o país é o 14º, de acordo com o Instituto Internacional de Estudos da Paz de Estocolmo (Sipri). Nos dois casos, a liderança é dos Estados Unidos, com larga vantagem. fonte: http://apublica.org/2012/01/ brasil-produtor-exportador-de-armas/

janeiro-março 2012

Human Rights First

A partir da esquerda, as ativistas de direitos humanos Sawsan Jawad, Asma Darwish e Zainab Al-Khawaja em junho de 2011, ao serem detidas na representação das Nações Unidas em Manama, onde estiveram para entregar carta endereçada ao secretário-geral da ONU

João Lins de Albuquerque, especial para DL

BAHREIN: NO FOGO CRUZADO DOS VIZINHOS O Bahrein é uma pequena monarquia formada por 35 ilhas e ilhotas no Golfo Pérsico, que faz fronteira marítima com o Irã, berço do fundamentalismo xiita, e com a Arábia Saudita, monarquia tradicional e maior potência regional sunita, para a qual religião e interesses geopolíticos caminham juntos. As manifestações que estão tirando a tranquilidade das ruas da capital, Manama, foram qualificadas pelo monarca local, Hamad Bin Issa al-Khalifa, de “conspiração xiita” – o que, no quadro específico, é referência à classe média privilegiado do país, constituída majoritariamente por muçulmanos xiitas. Em resposta, o rei do Bahrein pediu ajuda militar ao Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), do qual faz parte juntamente com Emirados Árabes Unidos, Omã, Catar, Kuwait e Arábia Saudita. Tropas sauditas foram enviadas ao Bahrein, o que levou o governo do Irã a acusar a poderosa monarquia vizinha de “brincar com fogo”. O governo saudita e seus aliados do CCG, por sua vez, acusaram a república islâmica de “inflamar tensões sectárias”. Aparentemente, o que acontece é que, com a queda de Hosni Mubarak no Egito – em fevereiro de 2011, após 30 anos no poder –, os sauditas constataram que nem mesmo um sistema protegido pelos EUA está seguro diante de populações revoltadas. O despertar dos protestos antigovernamentais no Bahrein soou, portanto, como um alarme. As reivindicações por reformas políticas começaram com passeatas pacíficas em 13 e 14 de fevereiro do ano passado, quando as forças de segurança lançaram bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha para dispersar os manifestantes. Não demorou para recorrerem a tanques e tiros reais, provocando mortes e mais revolta. Se a monarquia for abalada nesse Estado, isso poderia abrir caminho para crise nos regimes dos companheiros de CCG. Por isso, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, os “pesos pesados” da região, não pretendem vacilar no combate aos protestos. Assim, a guerra fria entre o Irã e o Conselho de Cooperação do Golfo, entre este e a Síria e as crises locais continuam a afetar toda a região, empurrando governos que se pensavam inabaláveis para a beira do abismo. DEFESA LATINA

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