Introdução A crise, sempre a crise
O homem está em crise, dizem. O homem está em crise porque a sociedade está feminilizada, porque não há mais modelos masculinos e porque os pais são excluídos pelas mães dominadoras. Vários sintomas permitem diagnosticar essa crise da masculinidade, seja pelo fracasso escolar dos meninos, do desemprego dos homens, da dificuldade dos homens em seduzir as mulheres, seja pela violência das mulheres contra os homens, dos suicídios de homens cometidos por terem sido rejeitados e abandonados pelas mulheres. O discurso da crise da masculinidade está disseminado a tal ponto que hoje se trata de um clichê ou de uma espécie de lugar-comum, como sublinham os especialistas da condição masculina na Austrália, no Canadá, nos Estados Unidos, na França, no Reino Unido e alhures. Estaria igualmente na moda falar em crise da masculinidade em países culturalmente diferentes, como China, Índia, Israel, Marrocos, entre outros.1 Mesmo em um país que chega a se 1 Ver, entre outros autores, Jean-Jacques Courtine, “La virilité est-elle en crise?”, Études, vol. 416, n. 2, 2012, p. 175-185; Shereen El Feki, Brian Heilman, Gary Barker (Orgs.),