Controle preditivo baseado em modelo - Volume 1

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3.1.1Cálculodaspredições

3.1.3CálculorecursivodasprediçõesdoDMC

3.2.3Minimizandoumafunçãoquadrática

3.2.4Horizontedeslizanteeobtençãodaleidecontrole

3.3Referênciafuturaeusodefiltrosdereferência

3.6Umasoluçãocompletaparaplantasintegradoraseinstáveis

3.6.1DMCGeneralizado(GDMC)

3.6.2GDMCcomaçãoantecipativa

3.6.3ImplementaçãorecursivadoGDMCparaplantasestáveis

3.7GDMC–controleequivalente

3.7.1Obtençãodocontroleequivalente

3.7.2Análisedofiltronodesempenho

3.7.3Análisedofiltronarobustez

3.7.4Análisedocontroleantecipativoefiltrodereferência

3.8Estudosdecaso

3.8.1Estudodecaso1:processoestável

3.8.2Estudodecaso2:processoinstável

3.9Comentáriosfinais

3.10Exercíciospropostos

Conteúdo 1Introdução 11 2Controlepreditivobaseadoemmodelo 13 2.1FormulaçãogeraldoMPC .............................. 22 2.1.1Fundamentos 23 2.1.2SintoniadoMPC .............................. 27 2.1.3Exemplosmotivadores 31 2.2OMPCnapirâmidedaautomaçãoindustrial ................... 38 2.3Umpoucodehistória 40 2.4Comentáriosfinais .................................. 41 2.5Exercíciospropostos ................................. 42 3ControleporMatrizDinâmica(DMC) 45 3.1FormulaçãodoDMCparaplantasestáveis .................... 45
45
.......................... 57
3.1.2Cálculodarespostalivre
61
............................. 64 3.2.1Funçãocusto ................................ 64 3.2.2Restrições 67
3.2Obtençãodaleidecontrole
................... 74
80
..................... 85
87
3.2.5Ajustedaponderaçãodocontrole
3.2.6Normalizaçãodevariáveis
.................. 89 3.4Açãoantecipativa(feed-forward) .......................... 96 3.5DMCparaplantasintegradoras 106
.......... 113
114
....................... 130
134
............................ 136
..................... 136
143
........................ 146
150
.................................... 156
156
.................... 161
.................................. 164
165

4ControlePreditivoGeneralizado(GPC)

4.1ModelousadonoGPC

4.2Cálculodaspredições(caso �� (�� 1 ) = 1) ......................

4.2.1Exemplosintrodutórios

4.2.2Cálculodasprediçõescomequaçõesdiofantinas

4.2.3Implementaçãorecursivadaequaçãodiofantina

4.2.4Análisedocasodeprocessoscomatraso

4.2.5Formamatricialdaspredições .......................

4.3Cálculodaspredições(caso �� (�� 1 ) ≠ 1)

4.4Açãoantecipativa(feed-forward) ..........................

4.5Obtençãodaleidecontrole

4.6Exemplos

4.7Obtençãodocontroladorequivalente

4.7.1GPCcomoumcontroladordedoisgrausdeliberdade comaçãoantecipativa ...........................

4.7.2GPCcomoPID

4.7.3AnálisedocontroleequivalenteantecipativodoGPC

4.7.4Controladorequivalentecom

5.1Restriçõesespeciais

5.2Problemasdeinfactibilidadecomtratamentoderestrições

5.3.1Implementaçãosimplesdasbandas

5.3.2Referênciasvariáveisdeacordocomasaídaatual

5.3.3Referênciascomovariáveisdedecisão

5.4Ponderaçõesvariáveisporfaixas

5.5Partidaaquente(warmstart)

5.7Referênciasparaavariávelmanipuladanafunçãocusto

5.8Efeitodotempodeprocessamentodaaçãodecontrole nosistemaesoluçõespráticas

5.9Comentáriosfinais

8 Controlepreditivobaseadoemmodelo
171
171
177
177
181
............
186
189
195
199
205
212
....................................... 214
228
229
237
.......... 244
(�� 1 ) ≠ 1 247
.................................... 256 4.9Comentáriosfinais 261 4.10Exercíciospropostos 262 5AspectospráticosdoMPC 267
��
4.8Estudodecaso
267 5.1.1Respostamonotônica ............................ 268 5.1.2Respostasempico 272 5.1.3Transitóriosemrespostainversa ..................... 274
276
................................. 281
5.3Controleporbandas
.................... 281
284
.................. 284
288
............................ 290
293
5.6Blocagem
............. 298
301
.................................. 308
309 313 Apêndice
GPC-SISO Apêndice B: Resumo
MPC 315
.................. 315
5.10Exercíciospropostos
A: Simulador
dos algoritmos
B.1ControlePreditivoBaseadoemModelo(MPC)
Conteúdo 9 B.2ControleporMatrizDinâmica(DMC) ....................... 317 B.2.1ImplementaçãorecursivadoDMC 319 B.2.2DMCFiltrado ................................ 319 B.3DMCGeneralizado(GDMC) 320 B.4ControlePreditivoGeneralizado(GPC) ...................... 322 B.4.1GPCcompolinômio �� (��) ≠ 1 324 Referências 327

Introdução

Estelivrotemcomoobjetivoprincipalapresentaraosestudantesdeengenharia edeáreasafinsosfundamentosdocontrolepreditivobaseadoemmodelo,também denominadoapenascomocontrolepreditivo(MPC,doinglês ModelPredictiveControl). OMPCéumadasmetodologiasdecontrolemaisusadasnaindústriadeprocessos (ALAMIR,2013),sendo,depoisdoPID,aestratégiamaisdifundidaecommaiorsatisfação deusoporpartedosusuários.Ainda,elaémuitopesquisadanomeioacadêmico,o quepodesercomprovadopelagrandequantidadedeartigospublicadosnoassunto anualmente.Estesucessosedeveaváriosfatores:(i)elapodeseraplicadatantoa processosmonovariáveisquantoamultivariáveis,sejameleslinearesounãolineares; (ii)asrestriçõesdasvariáveisdoprocessopodemserincluídasdiretamentenaformulação docontrolador,oqueéumimportantediferencialfrenteaoutrastécnicasdecontrole avançadoetalvezumadassuascaraterísticasmaisimportantesdopontodevistadas aplicaçõespráticas;(iii)osobjetivosparaosistemaemmalhafechadasãodefinidos nodomíniodotempo,oquesimplificaoentendimentoesuaaplicação;(iv)éuma estratégiadecontroleótima,quebuscaaminimizaçãodeumafunçãocustoquepode serbastanteflexível,possibilitandoasuaadaptaçãoparaumagrandediversidadede problemaspráticos.

Olivrotemumaabordagemteórico-prática,quepriorizaodesenvolvimentoda teoriaclássicadoMPC,alémdeapresentaraspectosdeimplementaçãoeestudosdecaso retiradosdoambienteindustrial.Paratal,diversoscasosreaissãousadosparamotivare embasarasmetodologiasdecontroleeseusrespectivosdesenvolvimentosmatemáticos.

Nodecorrerdestetexto,queéoVolume1deumconjuntodedoisvolumes,osconceitosbásicosdecontrolepreditivoserãodetalhados,abordandoasprincipaismetodologiasdeMPClinearusadasnapráticaindustrial,paraocasomaissimplesdesistemasde umaentradaeumasaída(SISO,doinglês Single-InputSingle-Output).Sãotraçadosparaleloscomateoriaclássicadecontroleparacompararosresultadosapresentadoscom estratégiasbemconhecidasdaliteratura,comocontroladoresPIDeopreditordeSmith. Posteriormente,noVolume2,tratam-seosproblemasmaisgeraismultivariável(MIMO, doinglês Multi-InputMulti-Output)enãolinear,bemcomoaspectosmaisdetalhadosde métodosdeotimização.

Todoodesenvolvimentoteóricoapresentadonestelivrosegueumaabordagem nodomíniodotempodiscreto,recorrendoaconceitoseferramentasbásicasdateoria

CAPÍTULO1

Controlepreditivobaseadoemmodelo

decontroledigitalclássico,comoequaçõesadiferençasetransformadaZ.Olivroé orientadoaestudantesdeengenhariaedeáreasafinsquepossuemconhecimentos básicosdeteoriadecontroleemtempocontínuoetempodiscreto,podendoserusado tantoemcursosdegraduação(nasfasesfinais)quantoemcursosdemestrado.Para cursosmaisavançadosepesquisasdedoutorado,sugere-setambémousodomaterial apresentadonoVolume2.

Estelivroéorganizadodaseguintemaneira:

• oCapítulo2introduzosprimeirosconceitossobrecontroleMPCeapresenta exemplosmotivadoresparamostraropotencialdaferramenta;

• osCapítulos3e4apresentam,paraocasoSISO,duasdasabordagensdeMPC maisusadasnaliteraturaenaindústria,respectivamente,ocontroladorDMC (doinglês DynamicMatrixControl)eocontroladorGPC(doinglês Generalized PredictiveControl);

• parafinalizarestevolume,oCapítulo5tratadeaspectospráticosdoscontroladores MPC.DetalhesdeestratégiasusadasnapráticaparaadaptaroMPCacadêmico aousoindustrial,equesãomuitoimportantesparaosucessodessasaplicações, sãoapresentadas.Assim,sediscutem,entreoutros,problemascomoousode variáveisdefolganasrestrições,fundamentalparaasrestriçõesnasvariáveis controladasdoprocesso,eastécnicasdeblocagem,muitoutilizadasparareduzir otempodecálculodaleidecontrole.

Parafinsderevisãodosconteúdosapresentados,nofinaldecadacapítulosãopropostosexercícioseatividadesdesimulação.Ainda,nosapêndices,sãoapresentadosuma ferramentadesimulaçãogratuita,eumresumodosalgoritmosMPCdiscutidosnolivro. Oscódigosdosexemplossãodisponibilizadosparadescarganapáginawebdolivro1

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1 https://danielml.paginas.ufsc.br/livro-mpc/.

Controlepreditivobaseadoemmodelo

Ocontrolepreditivobaseadoemmodelo(MPC,doinglês ModelPredictiveControl), comoseunomeindica,éumaestratégiadecontrolequeusaoconceitodepredição paraocálculodaaçãodecontroleaseraplicadanoprocesso.Prediçãoéoatoou efeitodepredizer,deafirmaroquevaiacontecernofuturo.Quandofazemosuma predição,estamosantecipandoaquiloque,supostamente,vaiacontecer.Nocasodo MPC,essasprediçõessãocalculadasusandoummodelodoprocessoasercontroladoe dadospresentesepassadosdesseprocesso.Assim,oMPC,tambémchamadoapenasde controlepreditivo,éumaestratégiadecontrolequebaseiasuasdecisõesempredições doquevaiacontecernofuturocalculadascombaseemummodelo.

Deumacertaforma,ocontrolepreditivotentareproduziraformacomooshumanos tomamdecisões.Considere,porexemplo,asaçõestomadasporumapessoaantesde iniciarocruzamentodeumaavenida.Apartirdomomentoemqueopedestrechega nofimdacalçada,aaçãodecontroleseguinte,cruzarounãoaavenida,dependede umaanáliserealizadacombasenaobservaçãodasposiçõesevelocidadesdoscarros quetrafegam,enumcálculomentaldotempoqueelesvãolevarparachegaratéo pontoondeopedestrepretendecruzar.Ainda,opedestreestimaotemponecessário paracruzaratéooutrolado.Assim,eleestárealizandoumapredição,emumajanela detempofuturo,dequalseráasuaposiçãoedequaisserãoasposiçõesdoscarros.A janeladetempoqueeleconsideraédada,aproximadamente,pelotemponecessáriopara cruzaratéooutrolado.Adecisãofinalasertomada,quepodemosdenominaraçãode controle,nãodependeapenasdasmediçõesrealizadasnoinstanteatual,mastambém dasprediçõesdasvariáveisenvolvidasnoproblema.Se,pelocálculomentalrealizado,o temponecessárioparacruzarformenorqueonecessárioparaoscarroschegarematéo local,opedestrevaicruzar.Casocontrário,deveesperaroutraoportunidade.Ainda, seadecisãofoiadecruzaraavenida,normalmenteopedestreirácontinuaraanálise damovimentaçãodoscarrosereavaliaráasituaçãoparapoderalterarsuadecisão,se necessário.Porexemplo,seopedestreobservaraaceleraçãodeumdoscarrosquese aproxima,areavaliaçãodaprediçãopodeconcluirqueénecessárioaceleraropasso parachegarasalvonooutroladodaavenida.

Omesmoaconteceemoutrassituações,porexemplo,quandodirigimosumcarro.As decisõesdeaceleraroufrearnãosãotomadasapenascomainformaçãodoinstanteatual detodososelementosmóveisquepodemcolidircomonossocarro,masusamostambém

CAPÍTULO2

Controlepreditivobaseadoemmodelo

asprediçõesdasvelocidadeseposiçõesdosmesmos.Efazemosissocontinuamente, sempreatentosamovimentaçõesdoscarrosepedestrespróximos.

Emtodasessassituações,usamosummodelomentalobtidocomaexperiência,que nospermiterealizarasprediçõesemumadeterminadajaneladetempoe,apartirdas informaçõesdessemodeloedoambienteemqueestamos,decidimosqueaçãotomar usandoalgumcritério.Nocasodocarro,porexemplo,seestamoscommuitapressa podemostomarumadecisãobemdiferentedaquetomaríamos,casonossoobjetivofosse economizarcombustívelouprezarpelasegurança.Ainda,seestivermosdirigindoum carropopularouumcarroesportivo,pormaisquetenhamosumobjetivobemdefinido, usaremosumaestratégiadiferenteparapisarnoaceleradoremcadacaso.Issoocorre porqueocomportamentodosveículosédiferenteparaumadadaaçãodecontrole,então nossocomportamentoaovolantetambémteráqueserdiferenteparaqueosveículos possamsecomportardemodosemelhante.Ouseja,nossasdecisõessãoimpactadas pelosobjetivostraçadosepelomodelodoprocessoquecontrolamos.Aindaemrelação aesteexemplo,observequeasdecisõesquetomamossãoreavaliadasacadainstantee sempreconsideramumajaneladetempofuturo.

Ocontrolepreditivocolocatodaessafilosofiadetomadadedecisãomedianteuma formulaçãomatemática.Nessaformulaçãoestarãodefinidosomodelo,osobjetivoseas restrições.Porexemplo,nocasodocarro,vamosconstruirummodelomatemáticoque relacioneasuavelocidadeeposiçãonaestrada,queserãoasvariáveiscontroladas(ou saídas),comasvariáveismanipuladas(ouentradasdecontrole),quenestecasosãoa posiçãodovolante,doaceleradoredofreio.Oobjetivopodeser,porexemplo,conduzir ocarroseguindoumatrajetóriadefinidaporvelocidadeseposiçõesaolongodaestrada. Asprincipaisrestriçõesdoproblemanestecasosãoavelocidademáximaeaaceleração máximadocarro,avelocidademáximapermitidanaviaemcadatrecho,omáximo ângulodegirodovolanteeadistânciamínimaquedesejamosmanteremrelaçãoa outroscarrosouobstáculos.Assim,combasenaprediçãocalculadapelomodelono horizonte,vamoscalcularaaçãodecontrolequeatendadamelhorformapossívelo objetivodeseguiratrajetóriaplanejada,satisfazendotambémasrestriçõesassociadasao problema.Finalmente,acadaamostra,oalgoritmodecontrolereavaliaasituação,dado queoscarroseobstáculospróximosmudamdeposição,edeslocaajaneladetempo usadaparaapredição.

Emcontrolepreditivo,utiliza-seumaformulaçãomatemáticaparadescreveros objetivosdecontrole,assimcomoparaconsiderarasrestriçõesdoproblema,oque implica,naprática,aresoluçãodeumproblemadeotimizaçãoaserresolvidoemcada amostra.Encontrarasaçõesdecontrolefuturasaseremaplicadasnoprocesso,deforma talquecheguemosomaispróximopossíveldoobjetivopodeser,emgeral,colocado

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comoumproblemademaximizaçãoouminimizaçãodeumafunção,normalmente chamadadefunçãocustooufunçãoobjetivo.

AFigura2.1mostraumdiagramadeblocosdoMPCconsiderandoasideiasanteriormenteexpostas.Nele,podemosveroblocoquerepresentaomodelomatemáticoque aproximaocomportamentodoprocessoeootimizadorqueencontraaaçãodecontrole aseraplicadanoprocessoacadaamostra.Apesardeotimizadoremodeloseremrepresentadosemblocosseparados,ootimizadorprecisadeinformaçõesdomodeloparapoderdefinirasequênciaótimadeaçõesdecontrole,entãoesseselementossãorepresentadosnafiguracomocompartilhandoumespaçodememória,paratrocadeinformações.

Observequeootimizadorprecisa,comoentradas,umafunçãocusto(oufunçãoobjetivo), asrestriçõesdoproblema,asreferênciaseomodeloquerelacionaasprediçõescomas açõesdecontrole.Emgeral,pode-secolocaroproblemadeotimizaçãodeformagenéricacomo:encontrarasaçõesdecontrolenumajaneladetempofuturoparaminimizar afunçãocustoe,aomesmotempo,satisfazerasequaçõesdomodeloeasrestrições.

Dessaforma,porumladoootimizadorprecisadasprediçõesfuturasparapoder encontrarosinaldecontroleótimo.Poroutrolado,omodeloprecisadosvalorespassados dasvariáveismanipuladasecontroladasetambémdoscontrolesfuturosdefinidospelo otimizadorparaencontrarasprediçõesnajaneladetempofuturo,comumentechamada dehorizontedepredição.Essatrocadeinformaçõeséoqueserepresentanoespaçode memóriacompartilhadanaFigura2.1.

Função custo

Referências

MPC

Restrições

Otimizador

Memória

Ação de controle

Modelo

Saída do processo

Figura2.1 DiagramadeblocosdoMPC.

Comoomodeloutilizaosvalorespassadosdasvariáveiscontroladasparacalcularas predições,ficaclaroqueocontrolepreditivoéumaestratégiaqueutilizaarealimentação. MuitaspessoastêmafalsaideiadequeoMPC,portrabalharcompredições,nãoprecisa

Controlepreditivobaseadoemmodelo 15
Processo

Controlepreditivobaseadoemmodelo

deinformaçõessobreamediçãodoprocesso,masissonãoéverdade.AbordagensMPC utilizamasaídadoprocessoparaocálculodaaçãodecontrole.Essadependêncianão aparecedeformaexplícita,maspormeiodomodelonaFigura2.1,quecalculaassaídas futurascombasenasmediçõesjáfeitas,edofatoqueootimizadorfazusodomodelo paraencontrarasaçõesótimasdecontrole.

Observeageneralidadedessesistemadecontrole,poiselepodeseraplicadonosmais diversosproblemas,usandoosmaisdiversostiposdemodelo,econsiderandodiferentes objetivos.NaformulaçãodoMPCnãoespecificamos,porexemplo,seomodeloélinear ounãolinear,seestádadoemrelaçõesentrada-saídaoucomvariáveisdeestado,se éummodelofenomenológicooudotipocaixapreta.Tambémnãoespecificamosse osobjetivossãoseguirumadeterminadareferênciaoumaximizarumaprodução,por exemplo.

Masseráqueousodoconceitodeprediçãonaformulaçãodeumaleidecontrole éumaexclusividadedoMPC?Vamosapresentarumexemplosimplesdecontroleem tempodiscretoparaanalisaresteponto.

Exemplo2.1

Considereumprocessomodeladoporumsistemadetempodiscretodeprimeira ordemdotipo:

sendo ��(��) asaída, ��(��) ocontrole, �� aamostradetempoatuale �� e �� coeficientes reaisquecaracterizamadinâmicadosistema.Suponhamosquedesejamosfazer comqueoprocessotenhaumasaídapredeterminadanumajaneladetempofutura detamanho �� dadapor:

Assumindoqueomodelorepresentabemoprocesso,épossívelobterosvalores futurosdasaídasimplesmentedeslocandonotempoaequaçãodomodelo:

Comestaúltimaequação,épossívelobterosinaldecontrolenecessárioparagarantirqueasaídaem �� + �� + 1 tenhaovalordesejado ���� (�� + �� + 1) aoseisolarosinaldecontrole ��(�� + ��) esubstituir �� por ����.Seisso forfeitoparadiferentesvaloresde ��,chega-seaumasequênciadesinaisdecon-

16
��(��) = ����(�� 1)+ ����(�� 1),
y�� = [���� (�� + 1) ���� (�� + 2) ...���� (�� + ��)]�� .
��(�� + �� + 1) = ����(�� + ��)+ ����(�� + ��).

ControleporMatrizDinâmica(DMC)

Ocontrolepormatrizdinâmica(DMC)foipropostonofimdosanos1970por engenheirosdacompanhiapetrolífera Shell (CUTLER;RAMAKER,1980).ODMCutiliza arespostaaodegraucomomodelodeprediçãoesetornouummétododecontrole bastantepopularnocontextoindustrial,aplicávelaplantasestáveisnasuaversão originalepermitindoaconsideraçãodemodosintegradoresnocasoestendido.Aadesão daindústriadeu-se,emgrandeparte,devidoàfamiliaridadenaobtençãodomodelo porprocessosconhecidosdeidentificaçãodaplantaeàcapacidadedelidarcomplantas multivariáveisdemaneirasimples(CAMACHO;BORDONS,2004).

ApesardeoDMCtersidoapresentadodiretamenteparaocasoMIMO,estecapítulo focaapenasnocasoSISOparapoderintroduzirosconceitosdeumamaneiramais simples.OcasoMIMO,queédefatoomaisusadonapráticaindustrial,éapresentado noVolume2destaobra.

3.1FORMULAÇÃODODMCPARAPLANTASESTÁVEIS

Nestaseção,apresentaremosocontroladorDMCparaplantasSISOestáveis,focando nostrêselementosprincipaisdoalgoritmo:omodelodepredição,afunçãocustoeo procedimentodecálculodaaçãodecontrole.Iniciaremosoestudocomodesenvolvimentodaestratégiausadaparaocálculodaspredições.

3.1.1Cálculodaspredições

OmodelodeprocessoutilizadopeloDMCparaocálculodaprediçãodasaídade umsistemaestávelébaseadonoconceitode“respostaaodegrau”deumsistemalinear einvariantenotempo.Considerandoosistemainicialmenteemrepouso,ométodopara modelaroprocessoconsisteemaplicarumdegrauunitárionavariávelmanipuladada plantaearmazenararespostaobservadanavariávelcontrolada.Paraarmazenaressa respostaemumvetor,bastaamostrarosvaloresdarespostaobtida.

Paraexemplificar,naFigura3.1éapresentadaarespostaaodegrauparaumsistema genéricoestável,lineareinvariantenotempo,partindodorepouso.Observenafiguraa determinaçãodoscoeficientesdarespostaaodegrau,denotadosaquipor ���� emarcados nafiguracomasteriscos.

CAPÍTULO3

Controlepreditivobaseadoemmodelo

Saída do processo resposta coeficientes gi

0 0,5 1 1,5 2

0102030405060

Tempo (minutos)

Figura3.1 RespostaaodegraudeumsistemaSISOestável.

Comumperíododeamostragemfixo,épossívelrepresentarocomportamento entrada-saídadosistema(modelodemalhaaberta)apartirdoscoeficientesdesua respostaaodegraudaseguinteforma:

emque ���� sãovaloresdoscoeficientesdarespostaaodegrau, �� éavariávelmanipulada e �� éasaídaouvariávelcontroladadosistema.Observequeassumimosqueosistema consideradonãotemrespostainstantânea,ouseja,sempretemosnomínimouma amostradeatrasoentreentradaesaída(noteque ��(��) dependede ��(�� 1) econtroles anteriores).ComodiscutidonaSeção2.1.2,emumaimplementaçãodeMPCissoé sempreverdade,poisasaídaéprimeiromedidaedepoisécalculadoosinaldecontrole aplicadoem ��.Dessaforma,mesmoqueoprocessoeventualmentetenharesposta instantânea,elasóseráobservadanoinstante �� + 1.

Paraentenderestaformaderepresentaromodelo,devemoslembrardoconceitode respostaaoimpulsodiscretadeumsistema,dadapelosomatóriodeconvolução:

com ℎ(��) = ℎ�� representandoosvaloresdoscoeficientesdarespostaaoimpulso.Vejaque estaequaçãoéanálogaàintegraldeconvoluçãodeumsistemaeenvolveumsomatório cominfinitostermos(LATHI,2006).

46
��(��) = ∞ ∑︁ ��=1 ���� Δ��(�� ��) (3.1)
��(��) = ∞ ∑︁ ��=1 ℎ(��)��(�� ��) = ∞ ∑︁ ��=1 ℎ����(�� ��), (3.2)

Mas,comooimpulsodiscreto ��(��) podesercolocadocomo: ��(��) = 1(��)− 1(�� 1),

definindo 1(��) comoumdegrauunitário,arespostaaoimpulsopodeserescrita,para todo ��,como:

oqueimplicaqueoscoeficientesdasrespostasverificam:

oquepermiteescreverarespostadosistema(3.2)como:

Usandoapropriedadedaconvoluçãoqueestabeleceque Δ�� ∗ �� = �� ∗ Δ��,temos:

Observequeaoaplicarumsinaldotipodegrauunitárionosistema,queverifica Δ��(��) = 1 para �� = 0 e Δ��(��) = 0 para ��> 0,paracada ��,todosostermosdasoma sãonulos,salvoode �� = ��,oqueresultaem ��(��) = ���� .Destaforma,podemosobter todososcoeficientes ���� (�� = 1 ... ∞)diretamenteapartirdosvaloresdarespostadosistemaparaumdegraudeamplitudeunitária.

Éimportantecolocarque,naprática,osprocessostêmcomportamentos,emgeral, nãolineareseosmodeloslinearesaproximadossãoobtidoscomoprocessooperando emumdeterminadopontodeoperação.Assim,omodelolinearderespostaaodegraué ummodeloincrementalválidoparaopontodeoperaçãodefinido.Quandoqueremos obteressemodeloexperimentalmente,oprocedimentopráticotipicamenteconsisteem aplicarumincrementodotipodegraunavariávelmanipuladanopontodeoperação. Destaforma,osdadosqueinteressamparadeterminaromodelosãoosincrementosna variávelcontroladadoprocessoreal,istoé,asvariaçõescomrelaçãoaovalorde ��(0). Destamaneira,omodeloaproximadodoprocessoseria:

sendo ��(0) asaídadoprocessonopontodeoperaçãodoprocessoeconsiderandoos controlesdeamplitudetalqueafastamoprocessodopontodeoperaçãoemumafaixa

ControleporMatrizDinâmica(DMC) 47
ℎ(��) = ��(��)− ��(�� 1),
ℎ�� = ���� ���� 1
����,
��(��) = ∞ ∑︁ ��=1 [���� ���� 1] ��(�� ��) = ∞ ∑︁ ��=1 Δ������(�� ��). (3.3)
��(��) = ∞ ∑︁ ��=1 ���� Δ��(�� ��). (3.4)
��(��) = ��(0)+ ∞ ∑︁ ��=1 ���� Δ��(�� ��), (3.5)

Controlepreditivobaseadoemmodelo

quemantenhaavalidadedaaproximação.Paraobteroscoeficientes ���� apartirdos dadosdeumexperimentoderespostaaodegrauunitário,devemoscalcularavariação de ��(��) comrelaçãoa ��(0):

eassim,usandoumdegraudeamplitudeunitáriaem ��,podemosencontraros ���� usando ����(��) = ���� (�� = 1 ... ∞).

Noteque,apesardeaobtençãodoscoeficientesderespostaaodegrauserdadapara umdegraudevalorunitárionavariávelmanipulada,naprática,dificilmenteteremosa possibilidadedeaplicarumdegraudessaamplitude,porser,àsvezes,muitograndeou muitopequeno.Porexemplo,umdegrauunitáriopodenãosersuficienteparagerar umarespostadosistemacomrelaçãosinal/ruídoadequada,inviabilizandoaobtenção domodelo.Detodaforma,comoomodeloélinear,podemossimplesmenteajustaros valoresdoscoeficientesdarespostaincrementalobtida ����(��) comodegraunãounitário, dividindotodoselespelovalordaamplitudedodegrauaplicado.Supondoqueodegrau aplicadopossuiamplitude ��0 equeoscoeficientesobtidosdarespostaincrementaldo sistemasãodadospor ˜ ���� = ����(��) (�� = 1 ... ∞),calculamososcoeficientesdesejadospara omodelocomo ���� =

Porém,semperdadegeneralidade,amaioriadosdesenvolvimentosteóricosna sequênciasãorealizadosconsiderando ��(0) = 0 e ��0 = 1,apesardenapráticaa amplitudedodegrauaplicadoraramenteserunitária.

Opróximoexemploilustraoprocedimentoparaobtençãodoscoeficientesparaum casoprático.

Exemplo3.1

Umprocessodecontroledetemperaturadeumtrocadordecalorágua-vapor usadonaindústriadoetanolutilizavaporresidualdoprocessodeevaporaçãodo caldoparaaqueceraáguaempregadanalimpezadeváriosequipamentos.Avazão devaporqueentranotrocadorécontroladacomumaválvulaeatemperaturada águaémedidalogonasaídadotrocador.

OesquemadoprocessoéilustradonaFigura3.2,enaFigura3.3émostradoo resultadodeumensaiorealizadonoprocesso.Noensaio,comotrocadornuma temperaturadeoperação,aplicou-seumdegraudeaberturanaválvuladevapor deamplitude 10% (passandode 30% para 40%),observando-seumaresposta transitóriadetemperaturadopontoinicialem �� (0) =70 ◦C paraovalorfinalde �� =90 ◦C.

48
����(��) = ��(��)− ��(0) = ∞ ∑︁ ��=1 ���� Δ��(�� ��), (3.6)
˜ ����/��0.

ControlePreditivoGeneralizado(GPC)

OmétodochamadoControlePreditivoGeneralizado(GPC,doinglês Generalized PredictiveControl)foipropostoem1987(CLARKE;MOHTADI;TUFFS,1987)esetornou umdosmétodosmaispopulares,tantonaindústriaquantonaacademia(CAMACHO; BORDONS,2004).AprincipaldiferençaentreDMCeGPCestánomodelousadoparao cálculodasprediçõesdasaídadoprocessoedasperturbações.OGPCusaummodelo baseadoemfunçõesdetransferênciapararepresentaroprocesso,quetrazalgumas vantagensemrelaçãoaomodeloadotadopeloDMC:(i)éummodeloparamétrico,com umreduzidonúmerodecoeficientes;(ii)poderepresentarqualquerdinâmicalinear possíveldeserrepresentadaporfunçõesdetransferência,inclusiveplantasinstáveis, semnecessidadedemodificações.Ainda,omodelodasperturbaçõesémaisgeralqueo usadonoDMCepodeconsiderarváriostiposdeperturbação,alémdaquelasdotipo degrau.Nosoutrosaspectos,comofunçãocusto,representaçãoderestriçõeseobtenção daleidecontrole,oprocedimentousadonoGPCéigualaodoDMC.Porisso,neste capítulofocaremosprincipalmentenaanálisedocálculodaspredições,queéoaspecto quediferenciaosdoiscontroladores.Usaremos,nasequência,amesmafunçãocustoque nocasodoDMCecomosmesmosparâmetrosdesintonia(horizonteseponderações).

4.1MODELOUSADONOGPC

Funçõesdetransferênciadetempodiscretosãomodeloslinearesamplamenteutilizadospararepresentarasdinâmicasassociadasaprocessos.Aqui,vamosconsiderara funçãodetransferência ���� (��) pararepresentararelaçãoentreavariávelmanipulada �� (��) easaídadoprocesso �� (��),noplanotransformado:

com �� sendoavariávelcomplexa.Estafunçãodetransferênciatambémpodeserescrita emfunçãode �� 1 , ���� (�� 1),oquefacilitaatransformaçãoparaequaçõesadiferenças, nodomíniodetempodiscreto.Assim,essanotaçãoseráusadanasequência:

CAPÍTULO4
���� (��) = �� (��) �� (��) , (4.1)
���� (�� 1) = ���� (�� 1) ���� (�� 1) , (4.2)

Controlepreditivobaseadoemmodelo

com ���� (�� 1) e ���� (�� 1) sendopolinômiosem �� 1.Aestruturadessespolinômiosserá discutidaembreve.

Damesmaforma,épossívelconsiderarummodelodotipofunçãodetransferência ���� (��) paraarelaçãoentreasperturbaçõesnãomensuráveis �� (��) easaída �� (��),e outromodelo ���� (��) paraarelaçãoentreasperturbaçõesmensuráveis �� (��) easaída doprocesso,comaforma:

com ���� (�� 1), ���� (�� 1) e ˜

sendopolinômiosem �� 1.Novamente,as estruturasdessespolinômiosserãodiscutidasnasequência.Porora,ofundamentalé entenderquecadarelaçãodinâmicadoprocessorealémodeladaporumafunçãode transferênciadetempodiscreto.

Destaforma,omodelocompletodosistemaédadopor:

Omodeloem(4.5)podeserreescritoconsiderandoaseguinteformacompacta:

quepossuiomesmopolinômiocomodenominadordetodasasfunçõesdetransferência. Alémdesimplificaranotação,issopossibilitaoperarmaisfacilmentenodomíniodo tempo.Trataremosissocomdetalhesaolongodestecapítulo.Nanotaçãode (4.6),note queforamfeitasasseguintesconsiderações:

• ��(�� 1) éomínimomúltiplocomumdospolinômios ���� (�� 1), ���� (�� 1) e ���� (�� 1); •parapodermanteramesmarelaçãodinâmica,osnumeradorestambémsãoalteradosemrelaçãoa(4.5);

• osprocessosestudadosnãotêmtransferênciadiretaentreosinaldecontroleea saída,istoé,existe,nomínimo,umatrasodeumaamostraentre �� e ��,representado pelofator �� 1 explicitamentecolocadononumeradordomodelo3;

3 Notequeaausênciadetransferênciadiretanomodelodeprediçãoéalgoinerenteaumcontrolador preditivo,dadoquesempresemedeprimeiroasaídaparaentãocalcularosinaldecontrolequeserá aplicadonomesmoinstantedetempo.Detalhessobreissosãoapresentadosnapartedeescolhados horizontesdaSeção2.1.2.

172
���� (�� 1) = ���� (�� 1) ���� (�� 1) , (4.3) ���� (�� 1) = ˜ ���� (�� 1) ���� (�� 1) , (4.4)
���� (�� 1), ���� (�� 1)
�� (��) = ���� (�� 1) ���� (�� 1) �� (��)+ ���� (�� 1) ���� (�� 1) �� (��)+ ���� (�� 1) ���� (�� 1) �� (��) (4.5)
�� (��) = �� 1 ��(�� 1) ��(�� 1) �� ���� (��)+ �� (�� 1) ��(�� 1) �� (��)+ ���� (�� 1) ��(�� 1) �� ���� �� (��), (4.6)

• oatrasodetransporte(outempomorto) �� adicionalentreosinaldecontroleea saídaétambémexplicitamentecolocadononumeradordomodelocomotermo �� ��;

• oatrasodetransporte ���� entreosinaldeperturbaçãomedidaeasaídaétambém explicitamentecolocadononumeradordomodelo(comotermo �� ���� )4;

• paraasperturbaçõesnãomedidas,omodelotambémpodeconsiderarresposta instantâneaentreasperturbação �� easaídamas,nestecaso,omodelonãomostra oatraso �� 1 explicitamentenaformulação.Casoexistaumatrasonestafunção detransferência,eleseráobservadonoscoeficientesnulosdopolinômio �� (�� 1).

Nomodelo(4.6),ospolinômios ��(

sãodadospor:

Notequeopolinômio ��

émônico,istoé,ocoeficientedotermodemaiorgraué1. Ospolinômios

1) originalmenteusadosem (4.5) possuemestruturasequivalentesàquelasapresentadasacimapara ospolinômios ��(�� 1), ��(�� 1), �� (

1) e ���� (��

),cadaumpodendoterumnúmerodiferentedetermosesendoospolinômiosdodenominadortodosmônicos.Casoalgum polinômiododenominadornãosejamônico,notequeépossíveldividirtantoonumeradorquantoodenominadordessepolinômiopelocoeficientedotermodemaiorgraudo denominadorechegaraumarepresentaçãoequivalentecomdenominadormônico.

Caso ���� (�� 1), ���� (�� 1) e ���� (�� 1) sejamdiferentes, ��(�� 1) édefinidocomoo mínimomúltiplocomumdessespolinômioseénecessárioadicionaralgunstermos em ���� (�� 1), ���� (�� 1) e ˜ ���� (�� 1) paracompensarostermosadicionadosaosubstituir cadaumdosdenominadoresoriginaispelomínimomúltiplocomum.Nasequência, apresentamosumexemplodecálculodomodeloqueajudaaentendercomoobtera representaçãogeralde(4.6)apartirdeumarepresentaçãocomoade(4.5).

4 Notequese ���� = 0 omodelopodeconsiderarrespostainstantâneaentreaperturbaçãomedidaea saída,dadoqueessasituaçãopodeacontecernapráticaquandoaperturbaçãoestánasaídadoprocesso (comojádiscutidonocasodoDMC).Estecasoédiferentedarelaçãoentrevariávelmanipuladaesaída, poistantoaperturbaçãomensurávelquantoasaídasãomedidasjuntasacadainstantedetempo.

ControlePreditivoGeneralizado(GPC) 173
�� (�� 1) e ���� (�� 1)
��(�� 1) = 1 + ��1 �� 1 + ��2 �� 2 + ... + ������ �� ���� , ��(�� 1) = ��0 + ��1 �� 1 + ��2 �� 2 + ... + ������ �� ���� , �� (�� 1) = ��0 + ��1 �� 1 + ��2 �� 2 + ... + ������ �� ���� , ���� (�� 1) = ����,0 + ����,1 �� 1 + ����,2 �� 2 + ... + ����,������ �� ������ .
�� 1), ��(�� 1),
(4.7)
�� 1)
���� (�� 1), ���� (�� 1), ���� (�� 1), ���� (�� 1), ���� (�� 1) e ���� (��
1
(
��

Controlepreditivobaseadoemmodelo

Exemplo4.1

Considereoseguintemodelodeumprocessoque,porsimplicidade,apenas possuiumaperturbaçãomensurável:

Claramente,osdenominadoresde ���� (�� 1) e ���� (�� 1) nãosãoiguais,apesarde teremumpoloem ��1 emcomum.Apartirdessaequação,construímosopolinômio ��(�� 1) comoomínimomúltiplocomumde (1 ��1

)2 e (1 ��1

1)(1 ��2 �� 1), istoé,umpolinômioquecontenhacomoraízestodososdiferentespolosde ���� (�� 1) e ���� (�� 1),respeitandoamaiormultiplicidadedeumdadopolo.Nestecaso,

Aseguir,encontramososnovospolinômiosnumeradores ��(�� 1) e �� (�� 1) de talformaaobtermos ���� (��) e ���� (��) considerandoonovodenominadorcomum ��(�� 1).Nesteexemplo,noteque ��(�� 1) temumtermoadicional (1 ��2 �� 1) em relaçãoaodenominadororiginalde ���� (�� 1),entãoeledeveseradicionadoao numeradorparaqueasrepresentaçõessejamequivalentes.Omesmovaleparao termo (1 ��2 �� 1) emrelaçãoa ���� (�� 1).

Dessaforma,podemserobtidasrepresentaçõesequivalentesde ���� (�� 1) e ���� (�� 1) comomesmodenominadordadaspor:

Observequeasfunçõesdetransferênciaoriginais, ����

) e ���� (�� 1),podemser obtidasefetuandooscancelamentosdasraízesiguaisnosnumeradoresedenominadores.

Porfim,notequenarepresentaçãode (4.6) oatrasoassociadoàamostragem éexplicitamenteremovidode ��(�� 1),entãoospolinômios ��(�� 1) e ���� (�� 1) são dadospor:

174
��
������
(1 ��1 �� 1)2 �� ���� (��)+ ���� (1 ��1 �� 1)(1 ��2 �� 1) �� (��)
(��) =
1
��(��
)
1 ��1 �� 1 2
1
��
)
�� 1
��
1
=
(
��2
1
.
���� (�� 1) = ������ 1 (1 ��2 �� 1) 1 ��1 �� 1 2 (1 ��2 �� 1) �� �� , ���� (�� 1) = ���� (1 ��1 �� 1) 1 ��1 �� 1 2 (1 ��2 �� 1) .
(
1
��
��(�� 1) = ���� (1 ��2 �� 1) e ���� (�� 1) = ���� (1 ��1 �� 1).

AspectospráticosdoMPC

EstecapítuloanalisadiversosaspectospráticosimportantesdoMPCquenãoforam, porumaquestãodidática,introduzidosnoscapítulosanteriores.Porexemplo,na práticaindustrial,énormalquesejamutilizadasfunçõescustodiferentesdabásica usadanoscapítulosanteriores,deformaapermitirtratarsituaçõescomobjetivosmais diversos.Também,otratamentoderestriçõesnasvariáveisdesaída,oucontroladas, deveserrealizadodeformadiferentedojáapresentadonestelivroafimdeevitar problemasdefactibilidade.Finalmente,paraaimplementaçãodoalgoritmodecontrole emumaaplicaçãoreal,oproblemadeotimizaçãodeveserresolvidodentrodoperíodo deamostrageme,casoissonãoaconteça,algumaestratégiadeveserdefinidaparaenviar osinaldecontroleaoprocesso.Nasequência,formularemosessescasosespeciaise mostraremosasdiferençasemrelaçãoaoscasosjáestudados.

5.1RESTRIÇÕESESPECIAIS

Noscapítulosanteriores,vimosqueoproblemadeotimizaçãoquadráticocom restriçõesdedesigualdade,naformapadrão,podeserdefinidocomo:

com R e r sendo,respectivamente,umamatrizeumvetorquerepresentamrestriçõesde desigualdadedadasporumacombinaçãolinearde Δu,masobtidosapartirdasrestrições originaisdoproblema(tipicamentenocontrole,noincrementodecontroleenasaída). Aformapadrãoéimportante,poisamaioriadospacotesdeotimizaçãoautilizam,facilitandoaentradadedadoseatrocadealgoritmos.E,comoveremosnasequência,vários outrostiposderestriçõespodemsercolocadosdestaforma.Ressalta-se,noentanto,que aoseaumentaronúmeroderestrições,ocustocomputacionalpararesolveroproblema deotimizaçãocresceconsideravelmente,possivelmenteinviabilizandoaimplementação docontroladoremsistemascomperíodosdeamostragemrelativamentecurtos.

Apresentaremos,nestecapítulo,algumasrestriçõesquesãobastanteinteressantes paraasvariáveisdesaídadoprocesso:(i)restriçõesderespostamonotônica,istoé,que osistemaseaproximedareferênciasemoscilações;(ii)restriçõesdepicozero,quando sedesejaquearespostanãoultrapasseovalordareferênciaduranteotransitório;e

CAPÍTULO5
min Δu �� (Δu) sujeitoa: RΔu ≤ r , (5.1)

Controlepreditivobaseadoemmodelo

(iii)restriçõesderespostainversa,quandosedesejaqueasaídanãosemovimenteem direçãocontráriadamudançadereferência(efeitogeralmenteconhecidoderespostade fasenãomínima).

Emtodososcasosanteriores,ilustraremosoestudoconsiderandoarestriçãoaplicada emtodaajaneladepredição.Outrostiposderestriçõestambémpodemserestudados aplicandoasmesmasideiasaquiapresentadas,inclusivecomcondiçõesaplicadasapenas emalgunselementosdohorizonte.Nosexercícios,nofinaldocapítulo,sãopropostos algunsproblemasrelacionadoscomoutrasrestriçõesespeciais.

5.1.1Respostamonotônica

Arespostamonotônicaexigeque:

paratodoelementodohorizonte( �� = ��1,...,��2),quandoosinaldereferênciasejatal que �� (�� + ��) >��(��).Deformacontrária,exigimos:

, paratodoelementodohorizonte,quandoosinaldereferênciasejatalque �� (�� + ��) <��(��).

Observequeseosistemativeratraso �� e ��1 forescolhidodeformainadequada,isto é,com ��1 <�� +1,nãohánadaqueocontroladorpossafazerparaascondiçõescolocadas nassaídaspreditasaté �� + 1,dadoqueumaaçãodecontroleaplicadanoinstante �� só surtiráefeitoem �� + �� + 1.Assim,aaçãodecontroledefinidaem �� nãoterácomoalterar arespostadosistemaantesde �� + �� + 1 easatisfaçãoounãodequalquerrestrição impostaparaasaídaatéesseinstantedetempodependerádarespostalivrequeosistema apresentavaemfunçãodasentradaspassadas.Dessaforma,nestecasoarestrição colocadapodeserinfactível,vistoquenãohaverásinaldecontroleaplicadoem �� enos instantesseguintesquepossafazercomquearestriçãonãosejavioladacasoaresposta dosistemaaentradaspassadasviolearestrição.Vamosconsideraraquiaescolhacorreta de ��1 edesenvolvercomdetalhesapenasoprimeirodoscasos,quando �� (�� + ��) >��(��):

268
ˆ ��(�� + �� | ��)≥ ˆ ��(�� + �� 1 | ��),
ˆ ��(�� + �� | ��)≤ ˆ ��(�� + �� 1 | ��
)
ˆ y =          ˆ ��(�� + ��1 | ��) ˆ ��(�� + ��1 + 1 | ��) . ˆ ��(�� + ��2 | ��)          ≥          ˆ ��(�� + ��1 1 | ��) ˆ ��(�� + ��1 | ��) . ˆ ��(�� + ��2 1 | ��)         

Considerandoaformavetorialdaspredições,ovetordoladoesquerdodadesigualdade éescritocomo: ˆ y = GΔu + f.Jáovetordoladodireitopodeserescritocomo:

sendoamatriz G

Assimtemos:

GΔu + f ≥ G0Δu + f0, quepodeserescritocomo:

[G G0] Δu ≥[f0 f], ou

[G0 G] Δu ≤[f f0], eusadonoconjuntoderestriçõesdoproblemadeprogramaçãoquadrática.Noteque, caso ��1 sejaescolhidocomo ��1 = �� + 1,entãoaprimeiralinhadamatriz G0 seránula, poissomenteos ����+�� com ��> 0 serãonãonulos.Lembre,também,queaspredições ˆ ��(�� + �� | ��) = ��(�� + ��) se �� ≤ 0.

Paraocasode �� (�� + ��) <��(��),seusarmosomesmoprocedimentoanteriorcoma condiçãocontrária,chegamosa:

GΔu + f ≤ G0Δu + f0, quepodeserescritocomo:

[G G0] Δu ≤[f0 f].

Vamosapresentardoisexemplos:noprimeiro,usaremosumMPCcomhorizonte curtoparaomostrarocálculodasmatrizese,nosegundo,realizaremossimulaçõescom estetipoderestrição.

AspectospráticosdoMPC 269
         ˆ ��(�� + ��1 1 | ��) ˆ ��(�� + ��1 | ��) . . . ˆ ��(�� + ��2 1 | ��)          = G0Δu + f0,
�� × ����
0
0 =            ����1 1 ����1 2 ··· ����1 ���� 1 ����1 ����1 1 ����1 ���� ����1+1 ����1 ����1+1 ���� . . . . . . . . . . . ����2 1 ����2 2 ...����2 ����           
f0 =          �� (�� + ��1 1) �� (�� + ��1) . . . �� (�� + ��2 1)         
0,dedimensão
,eovetor f
,dedimensão ��,definidoscomo: G
,
,

Controlepreditivobaseadoemmodelo

Exemplo5.1

ConsidereumsistemacontroladoporumGPCcomhorizontesdefinidospor ��1 = 1, ��2 = 3 e ���� = 2 eumamatriz G dadapor:

Considere,ainda,quenoinstante �� temosovalorde:

earespostalivreédadapor:

Comessesdados,podemoscalcularamatriz

Assim,casodesejemosimporumarespostamonotônicacomosinaldereferência, talque �� (�� + ��) >��(��),precisamoscolocaraseguinterestriçãonoproblemade otimização:

270
G =       0,20 0,40,2 0,70,4       .
ˆ ��(�� + ��1 1 | ��) = ˆ ��(�� | ��) = ��(��)
f =       ��1 ��2 ��3       .
G0 =       00 0,20 0,40,2       , f0 =       ��(��) ��1 ��2       Logo: G0 G =       00 0,20 0,40,2             0,20 0,40,2 0,70,4       =       0,20 0,2 0,2 0,3 0,2       e f f0 =       ��1 ��2 ��3             ��(��) ��1 ��2       =       ��1 ��(��) ��2 ��1 ��3 ��2       .
G0 eovetor f0 como:
      0,20 0,2 0,2 0,3 0,2       Δu ≤       ��1 ��(��) ��2 ��1 ��3 ��2       .

A

Nesteapêndice,apresentamosbrevementeumsimuladorinterativoparaocontroladorGPCparaocasoSISO,quepodeserdescarregadodapáginawebdoprofessorJosé LuisGuzmanSanchez,daUniversidadedeAlmeríanaEspanha11 .

Osarquivossãoexecutáveisenãoprecisamdenenhumainstalação.Ainda,na mesmapáginapodemserbaixadososmanuaisdeutilização.Porserinterativa,é possívelmodificarquaisquerparâmetrosdasimulaçãoeobservarosefeitoscausadosno desempenhodosistemadeformaimediata.Porisso,éumaferramentabemútilpara ilustrarosprincipaisconceitosdeMPC,apesardeserbaseadaapenasnoGPC.

Nosimulador,épossívelescolheroprocessoasersimulado,medianteàdefiniçãodos coeficientesdafunçãodetransferência,ouainda,usandoumaferramentadealocação depolosezerosnoplanocomplexo.Paraassimulações,épossívelescolherentreocaso ondeomodeloéigualaoprocessoeocasocomerrodemodelagem,bastandoparaisso movimentarospolosezerosdaplantaoumodelo.

AFiguraA.1mostraajaneladaferramentacomosdiferenteselementos.Naparte inferiorpodemosverosgráficosdasaída ��,docontrole �� edoincrementodecontrole Δ��.Barrasverticaispontilhadasindicamoshorizontesdeprediçãonográficode �� ede controlenográficode �� e Δ��.Épossívelmudarasreferênciaseperturbaçõesaplicadas, assimcomootempodesimulação.Napartesuperioràesquerda,seobservaajanela quemostraalocalizaçãodepolosezeros.Napartesuperioràdireita,estãotodosos parâmetrosdeajustedocontrole,períododeamostragem,definiçãoderestriçõese tempototaldesimulação.

Paraoajustedequaisquerparâmetro,bastamoverasbarrasparaesquerdaoudireita. Paraescolhadotipoderestriçãoaserusadabastamarcaracaixacorrespondente.Nos gráficos,épossívelmodificaroshorizontes,temposdeaplicaçãodasmudançasde referênciaeperturbações,assimcomosuasamplitudes,apenasmexendodiretamente comocursornoelementocorrespondente.

Paramaioresdetalhessugerimosaleituradomanual,quepodeseracessadoda própriaferramentanomenu Settings-Tutorial. 11 https://abre.ai/iSuL.

APÊNDICE
SimuladorGPC-SISO

FiguraA.1 JaneladaferramentainterativadesimulaçãodoGPCSISO

314 Controlepreditivobaseadoemmodelo

ResumodosalgoritmosMPC

Nesteapêndice,sãodescritosdeformaresumidaosalgoritmosMPCapresentados parafacilitareventuaisconsultasdoleitor.

B.1CONTROLEPREDITIVOBASEADOEMMODELO(MPC)

Afunçãocustoaserresolvidaconsideradanestevolumeédadapor:

sendo ��, ˆ ��, Δ��,respectivamente,areferênciadesejada,aprediçãodasaída,eoincremento decontroleaseraplicado.Osparâmetrosdesintoniasãooshorizontesdepredição inicial ��1 efinal ��2,ohorizontedecontrole ����,aponderaçãodoesforçodecontrole ��, eaponderaçãodoserrosfuturos ��

Asprediçõespodemserescritasnoformatovetorial:

y = GΔu + f , (B.2)

sendoqueotermo GΔu representaarespostaforçadae f ∈ R�� arespostalivre,com �� = ��2 ��1 + 1.Amatriz G ∈ R�� × ���� édefinidapelosalgoritmosDMCeGPC, Δu ∈ R���� éovetordeincrementosfuturosdecontrolequedevesercalculadopelo controlador,e �� ovetorderespostalivre:

y =

Afunçãocustopodeserescritanoformatomatricialpadrão:

APÊNDICE B
�� = �� ��2 ∑︁ ��= ��1 (�� (�� + ��)− ˆ ��(�� + �� | ��))2 + �� ���� 1 ∑︁ ��=0 Δ��(�� + ��)2 , (B.1)
ˆ
ˆ
         ˆ ��(�� + ��1 | ��) ˆ ��(�� + ��1 + 1 | ��) . . . ˆ ��(�� + ��2 | ��)          , Δu =          Δ��(��) Δ��(�� + 1) . . . Δ��(�� + ���� 1)          , f =          �� (�� + ��1 | ��) �� (�� + ��1 + 1 | ��) . . . �� (�� + ��2 | ��)          ,
�� = 1 2 Δu �� H�� �� Δu + f �� ���� Δu + ������, (B.3)

Controlepreditivobaseadoemmodelo

com H���� = 2 G�� Q��G + Q�� , f���� = 2G�� Q�� [r f ] ,

= [r f ]�� Q�� [r f ] ,

com Q�� = ��I���� e Q�� = ��I�� .Senãoforemconsideradasrestrições,existesolução analítica,aqualédadapor:

,

,

com K = G�� Q��G + Q�� 1 G�� Q�� constantequepodesercalculadodemaneira offline Como,usualmente,édeinteresseapenasovalorde Δ��(��),ocálculosetorna:

sendo K1 aprimeiralinhadamatriz K

Seforemconsideradasrestrições,oproblemadeotimizaçãosetorna:

com R e r representandoasrestriçõesassociadasaoproblemadeotimização.Asrestriçõesmaiscomunssão:(a)noincrementodecontrole;(b)novalordaaçãodecontrole; (c)nasaídadosistema.Arestriçãonoincrementodecontroleédescritacomo:

sendo 1���� umvetordedimensão ���� noqualtodososelementossãoiguaisa1.

Arestriçãonovalordaaçãodecontroleédadapor:

316
����
��
Δu = H 1 ����f����, Δu = G�� Q��G + Q�� 1 G�� Q�� [r f ]
Δu
=K [r f ]
��(��)
K1 [r f
=
] ,
min 1 2 Δu�� H���� Δu + f �� ���� Δu + ������ (B.4) s.a. RΔu ≤ r
Δ��min ≤ Δ��(�� + ��)≤ Δ��max, ∀ �� ≥ 0, 1���� Δ��min ≤ Δu ≤ 1���� Δ��max,
��min ≤ ��(�� + ��)≤ ��max, ∀ �� ≥ 0, ��min ≤ �� ∑︁ ��=0 Δ��(�� + ��)+ ��(�� 1)≤ ��max, ∀ �� ≥ 0, 1���� ��min ≤ TΔu + 1���� ��(�� 1)≤ 1���� ��max,

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