Fernando Pessoa e Freud

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29/05/2019

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Fernando Pessoa, Kafka, Musil, Rilke inauguram uma literatura que toma as relações da palavra consigo própria como um ato de primeira ordem num mundo sem certezas. Mas,

De fato, um efeito hiperbólico da ficção é inseparável da heteronímia: nossas lembranças, nossa história e identidade seriam mera ficção? Ameaça também necessariamente presente na psicanálise, tal é a tese deste livro. Nesse caso, em que pese a recusa veemente de Freud, cabe falar em ficcionalidade da psicanálise, isto é, uma abertura entre ficção e realidade sem a qual a psicanálise não poderia existir...

Fernando Pessoa considerava que a psicanálise deveria ser empregada como estímulo da argúcia crítica, e não como dogma científico ou lei da

Diálogos inquietantes

para Pessoa, a questão central é a existência do sujeito, o que convida a psicanálise a um inquietante diálogo com sua obra.

Nelson da Silva Junior

Fernando Pessoa e Freud Fernando Pessoa e Freud

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É psicanalista, doutor pela Universidade Paris VII, professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP) e membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae e da Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental. Coordena, com Christian Dunker e Vladimir Safatle, o Laboratório de Teoria Social, Filosofia e Psicanálise da USP. É autor dos livros Le fictionnel en psychanalyse: une étude à partir de l’œuvre de Fernando Pessoa (Presses Universitaires du Septentrion, 2000) e Linguagens e pensamento: a lógica na razão e desrazão (Casa do Psicólogo, 2007) e coorganizador dos livros Histeria & gênero (nVersos, 2014) e Patologias do social: arqueologias do sofrimento psíquico (Autêntica, 2018).

Silva Junior

Nelson da Silva Junior

PSICANÁLISE

Capa_Silva Jr_Fernando pessoa.pdf

natureza. Já os encontros de Freud com a ficção costumavam ter efeitos perturbadores em sua escrita, para além de sua admiração declarada pelos artistas. Nelson da Silva Junior parte de um desses efeitos, aquele da inquietante familiaridade, para tomá-lo como método de questionamento da psicanálise como ciência. Trata-se, na verdade, de um convite a pensarmos a psicanálise a partir de inusitados caminhos entre a filosofia e a sofística, entre a literatura e a hermenêutica. O inquietante diálogo entre Fernando Pessoa e Freud se dá precisamente em um desses intervalos, aquele entre

série

PSICANÁLISE CONTEMPORÂNEA PSICANÁLISE

Coord. Flávio Ferraz

o sujeito e a palavra que o precede, e, portanto, na possibilidade da precedência do Logos sobre o Ser.


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