UMA ATITUDE POR DIA POR UM MUNDO COM MENOS RACISMO

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por um mundo com menos racismo


© 2020 Editora Belas Letras Ltda. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, armazenada ou transmitida para fins comerciais sem a permissão do editor. Você não precisa pedir nenhuma autorização, no entanto, para compartilhar pequenos trechos ou reproduções das páginas nas suas redes sociais, para divulgar a capa, nem para contar para seus amigos como este livro é incrível (e como somos modestos). Este livro é o resultado de um trabalho feito com muito amor, diversão e gente finice pelas seguintes pessoas: Gustavo Guertler (edição), Fernanda Fedrizzi (coordenação editorial), Germano Weirich (revisão), Bruna Letícia de Oliveira dos Santos (revisão historiográfica), Humberto Nunes (capa e projeto gráfico) e Celso Orlandin Jr. (adaptação da capa e projeto gráfico) Obrigado, amigos. 2020 Todos os direitos desta edição reservados à Editora Belas Letras Ltda. Rua Coronel Camisão, 167 CEP 95020-420 - Caxias do Sul - RS www.belasletras.com.br

Dados Internacionais de Catalogação na Fonte (CIP) Biblioteca Pública Municipal Dr. Demetrio Niederauer Caxias do Sul, RS

O48a Oliveira, Gabriela Uma atitude por dia: por um mundo com menos racismo / Gabriela Oliveira. — Caxias do Sul, RS: Belas Letras, 2020. 176 p. - (Uma atitude por dia) ISBN: 978-65-5537-020-1 1. Racismo. I. Título. 20/59 Catalogação elaborada por Vanessa Pinent, CRB-10/1297

CDU 323.12


Encontre os sites e URLs que constam neste livro na página www.mundosemracismo.com.br


O racismo está em todo lugar. Quando saímos de casa. Quando vamos ao shopping. Quando estamos em uma entrevista de emprego. Quando olhamos a capa da revista. Quando assistimos ao noticiário de mais uma criança que morreu vítima de bala perdida. Quando lemos as estatísticas. Ele está na estrutura da sociedade. Para pessoas brancas, ele pode não estar tão claro. Mas para pessoas negras ele é visível todo dia. E, por conta dele, somos invisibilizados. Eu, como mulher negra, autora deste livro, sei desde criança que a minha cor me colocaria em lugares de invisibilidade. Mas nós, pessoas negras, somos potentes e herdamos a riqueza de nossos ancestrais. Por isso, lutamos e quebramos barreiras todos os dias para que o mundo nos veja e nos valorize. Valorize os artistas, designers, engenheiros, advogados, professores,


diplomatas, chefes de estado, políticos, diretores, empresários que somos e podemos ser. Todo dia, essa é nossa batalha, para que sejamos protagonistas das nossas vidas e na sociedade. Mas a luta antirracista não é só de pessoas negras. Aliás, o racismo não é responsabilidade de pessoas negras, e é por isso que este livro nasceu. Pessoas brancas precisam entender seu papel no combate ao racismo. Entender seu lugar de fala, agir a partir dele e se aliar de forma ativa e consistente. Você também deve se incomodar com o mundo do jeito que está. Por dignidade aos nossos e por um mundo mais justo. Por isso, se este livro está na sua mão, é um convite para o primeiro de muitos passos. Este é um livro para exercitar a reflexão e as atitudes. Você verá aqui práticas, leituras, vídeos para sair do discurso da rede social e ir para a ação. Como diria a filósofa Djamila Ribeiro: “Empatia é uma construção intelectual, se eu não conheço uma realidade, eu posso ler sobre e ouvir pessoas de um grupo discriminado; porque aí eu entenderei a realidade de outros grupos e, a partir daí, me responsabilizo pela mudança”. A luta antirracista é uma prática ativa. Um mundo com menos racismo é possível.

“Sempre é hora de fazer o que é certo.” Martin Luther King


1.

ESCREVA O QUE É RACISMO PRA VOCÊ.


O PRIMEIRO PASSO

para tomar consciência sobre o racismo é entender como ele é visto por nós mesmos. Por isso, antes de começar a praticar

ATITUDES ANTIRRACISTAS,

pense e escreva como o racismo é pra você hoje.


2.

RETIRE DO SEU VOCABULÁRIO EXPRESSÕES RACISTAS. ALGUMAS PALAVRAS E EXPRESSÕES DO NOSSO VOCABULÁRIO FORAM ADOTADAS DESDE A ÉPOCA DA ESCRAVIDÃO. Infelizmente, elas permaneceram na nossa comunicação sem passar por uma revisão consciente do seu uso. Ao lado, uma lista de palavras para que você pesquise e entenda quão nocivas elas são. Monitore no seu dia a dia para evitar usar estas expressões.


Denegrir Morena/Mulata Nega maluca Serviço de preto Dia de branco A dar com pau Criado-mudo Da cor do pecado Pé na cozinha Meia-tigela Tigrada Ovelha Negra Cabelo Ruim Doméstica Negro de alma branca Não sou tuas negas Fazer nas coxas Inveja branca




3.

LEIA UM LIVRO ESCRITO POR UMA PESSOA NEGRA.


Já reparou quantos autores negros você leu ao longo da vida? A prática de hoje é para expandir a sua biblioteca com novas visões. Deixo aqui uma lista de alguns livros para você iniciar a sua jornada de leitura.

Amoras, de Emicida Lugar de fala, de Djamila Ribeiro Escritos de uma vida, de Sueli Carneiro Dom Casmurro, de Machado de Assis


4. ANOTE OS PRIVILÉGIOS QUE VOCÊ ACHA QUE TEM E QUE TODOS DEVERIAM TER. IDENTIFICAR O PRIVILÉGIO BRANCO É UM DOS PRIMEIROS PASSOS PARA AGIR EM FAVOR DO ANTIRRACISMO. Há outras formas de privilégio, como de gênero, socioeconômico e religioso. Mas olhar para o privilégio no tom de pele significa identificar que as coisas não foram tão difíceis para você por conta disso.



5.

NÃO DÊ RISADA DE PIADAS RACISTAS.


HUMOR É QUANDO TODOS PODEM RIR JUNTOS, SEM OFENDER UMA PESSOA OU GRUPO DE PESSOAS. Se você estiver em um ambiente onde ouvir alguma piada que diminua pessoas negras, se for possível, alerte a pessoa sobre o conteúdo ofensivo compartilhado, para que ela possa refletir e mudar sua atitude.

Caso queira se aprofundar sobre como as piadas refletem no comportamento racista, leia o livro Racismo Recreativo, de Adilson José Moreira.


6. PROCURE O SIGNIFICADO DE BRANQUITUDE. Entender que temos a negritude passa por entender também que existe a branquitude. Indicamos alguns conteúdos para você:

Vídeo: Qual o lugar do branco na luta antirracista? Disponível em: bit.ly/lugardobranco

Livro: Branquitude: Estudos Sobre a Identidade Branca no Brasil, de Tânia M. P. Müller e Lourenço Cardoso

Definições sobre a branquitude.

Disponível em: https://www.geledes.org.br/ definicoes-sobre-branquitude/


O QUE VOCÊ DESCOBRIU?




7. DEDIQUE MINUTOS DO SEU DIA PARA ENTENDER POR QUE O DIA 20 DE NOVEMBRO É IMPORTANTE. NO BRASIL, O DIA 20 DE NOVEMBRO É O DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA. A DATA FOI CRIADA PARA REFLETIR A INSERÇÃO DO NEGRO NA SOCIEDADE, NO DIA EM QUE TERIA OCORRIDO A MORTE DO LÍDER QUILOMBOLA BRASILEIRO ZUMBI DOS PALMARES, EM 1695. Todo ano, vemos posts em mídias sociais, trabalhos nas escolas e, em alguns locais, instituiu-se um feriado para marcar a data. E, para além disso, deve ser um motivo de estudo também nos outros dias do mês. Por isso, separe 30 minutos da sua agenda de novembro para ler artigos ou livros e assistir a documentários sobre a história do povo negro no país.



8.

FAÇA O EXERCÍCIO DO PESCOÇO. QUANTAS PESSOAS NEGRAS ESTÃO NO SEU AMBIENTE DE TRABALHO? NO SEU SETOR? E NA DIRETORIA DA ORGANIZAÇÃO? Provavelmente, poucos. Por isso, liste aqui ideias de como sua empresa pode acolher mais negros. Converse com os seus colegas e com o RH da sua organização para entender como tornar isso realidade. Empresas com liderança diversificada tendem a ser mais bem-sucedidas e mais inovadoras, segundo a consultoria McKinsey.



9. ENTENDA POR QUE NÃO EXISTE RACISMO REVERSO. Ao estudar o racismo, você deve ter percebido que a conversa que estamos fazendo aqui vai além da cor. É uma estrutura social e carga histórica que privilegia uma cor e uma raça em detrimento da outra. Por isso, dedique um tempo para estudar sobre o tema.

INDICAMOS A LEITURA: RACISMO ESTRUTURAL, DE SILVIO ALMEIDA.


10. FAÇA UMA DOAÇÃO PARA PROJETOS DE COMBATE AO RACISMO E QUE APOIAM PESSOAS NEGRAS. Diversas ONGs pelo Brasil fazem um belo trabalho fornecendo suporte para que pessoas negras possam ter uma vida mais digna.

SEJA NA GERAÇÃO DE RENDA, NA EDUCAÇÃO, NO COMBATE AO RACISMO COM POLÍTICAS PÚBLICAS E TANTAS OUTRAS FORMAS DE APOIO. Ser um agente da mudança também está neste lugar de apoiar ativamente estas iniciativas para que elas se mantenham de pé. Pesquise iniciativas à sua volta e doe seu tempo, dinheiro e disposição. Caso não conheça nenhuma em sua cidade ou estado, você pode contribuir com estas ONGs: Baobá https://baoba.org.br/ Criola https://criola.org.br/ Desabafo Social https://desabafosocial.com.br/


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