Poesia alemã hoje: uma pequena antologia

Page 1

1


Este ebook foi feito como parte do projeto “Passaporte: literatura”, organizado por Marcelo Lotufo e Tarso de Melo no Goethe-Institut São Paulo. Acompanham os poemas desta antologia uma conversa entre os organizadores e tradutores/as, além de leituras feitas pelos/as poetas convidados/as e que podem ser acessadas no facebook do Goethe-institut São Paulo ou pelos QR codes que acompanham cada seção do livro. Design do ebook: Marcelo Lotufo/Edições Jabuticaba

www.edicoesjabuticaba.com.br

goethe.de/saopaulo

2


índice apresentação - 5 poetas

Monika Rinck - 11 Odile Kennel - 15 Ann Cotten - 19 Steffen Popp - 31 Lea Schneider - 35 Dagmara Kraus - 39 Marcel Beyer - 43 Jan Wagner - 47 Timo Berger - 49

comentários sobre as traduções Matheus Guménin Barreto - 59

Simone Brantes - 60 Érica Zíngano e Charlotte Thiessen - 61 Douglas Pompeu - 62

biografias dos/as participantes - 67

3


4


Apresentação Douglas Pompeu

5


6


Como justificar uma seleção? Qualquer recorte temporal, geracional ou temático da produção literária nacional envolve limitações. Por definição, toda literatura está envolvida em heterogeneidades, as quais uma seleção como esta só é capaz de tocar superficialmente. Apresentar uma coletânea de traduções da poesia contemporânea em língua alemã de forma apropriada deveria considerar a sério um trabalho conjunto e de longo prazo coordenado entre tradutores/as e editores/as para transpor à língua brasileira o maior número possível de poetas de língua alemã escrevendo hoje. Uma antologia em moto continuum, sem data de expiração e que envolvesse poetas e tradutores/as, assim como obras e poéticas, distintas entre si. Para a primeira mostra de poesia alemã, os critérios envolvidos em nossa seleção foram apenas dois: afinidade e urgência. Através desses dois critérios esperávamos criar polos magnéticos para a atração de outras obras a serem traduzidas futuramente no Brasil. Esta seleção é um pontapé inicial para um trabalho futuro nesta direção. Uma motivação diante do desconhecimento no meio literário brasileiro sobre a produção heterogênea e profícua da lírica em língua alemã. Neste sentido, agradeço ao Marcelo Lotufo e ao Tarso de Melo por toparem imediatamente a dar uma forma concreta à ideia, como também à Simone Brantes, Matheus Guménin e Érica Zíngano pela disposição, interesse e motivação e ao Goethe-Institut São Paulo por acolher este projeto.

7


Ter juntado estes tradutores e tradutoras neste projeto preambular para a tradução de poesia alemã entre nós já me parece suficiente para deixar de lado qualquer justificativa para esta seleção. Ela se justifica no encontro de nossas afinidades e interesse pela poesia. Além desta seleção seria possível mencionar uma dezena de poetas que aqui caberiam em nossas afinidades e urgências. Uljana Wolf (1979), por exemplo, cujos poemas foram recentemente traduzidos por Guilherme Gontijo Flores e Ricardo Pozzo em Nosso amor de trincheira, nosso trânsito de fronteira e publicado pela editora Moinhos, ou então o suíço Raphael Urweider (1974), cuja obra está sendo traduzida e será publicado ano quem vem pela Edições Jabuticaba. Como consequência da quantidade de poetas produzindo na atual cena literária é de se esperar uma heterogeneidade de poéticas. Algo reconfortante é que que essas poéticas convivem de forma produtiva entre si. E acredito ser esse o único intuito representativo desta primeira seleção: apresentar poéticas tão distintas entre si que, parafraseando um poema de Dagmara Kraus, parecem já não caber em uma só língua. Dois dos poetas deste seleção, Marcel Beyer (1965) e Jan Wagner (1971) são autores estabelecidos e premiados na Alemanha e, com exceção da recente tradução de variações sobre tonéis de chuva, pela edições Jabuticaba em 2019, são desconhecidos até mesmo entre poetas no Brasil. O mesmo se dá com autoras extremamente produtivas e inventivas como Monika Rinck (1969) e Ann Cotten (1982), apresentadas por Ricardo Domeneck e traduzidas por Érica Zíngano na revista Modo de Usar, mas nunca publicadas em livro entre nós. São autoras e autores com uma obra de no mínimo dez títulos publicados por editoras com grande circulação, traduzidos em diversas línguas e praticamente ignorados no Brasil. Além dos nomes conhecidos e de editoras com programas para poesia, como é o caso atual da editora Hanser, uma cena lírica muito produtiva tem se estabelecido entre pequenas editoras e revistas alternativas, focadas na publicação de poesia. Há poetas que permeiam várias cenas literárias e procuram mapeá-las, como Steffen Popp (1978), cuja antologia Spitze

8


(2018, Suhrkamp) reúne uma dezena de poetas publicados por diversas editoras, como a kookbooks. Há também editoras menores como rochroth e parasitenpresse que dividem este espaço da lírica do presente e são tão interessantes e urgentes como as acima mencionadas e trabalham entre línguas, como Odile Kennel (1967), Timo Berger (1974) e Lea Schneider (1989), poetas que compõe nossa seleção. Douglas Pompeu

9


10


Monika Rinck Tradução: Érica Zíngano e Charlotte Thiessen

11


Capitão pato O pato sonda a situação. Ahá, quá-quá. O pato é uma sonda. Ele mergulha fundo nos pulmões das pessoas. Teste! Testando! Tudo certo, não tem vermes, nem algas, nem manchas ou qualquer buraco, mas duas partes. Aparentemente, tá tudo certo lá embaixo, mas agora o pato fala mais grosso: o problema mesmo não está, digamos, concentrado nos pulmões. Um minutinho, já já explico. Então, Sr. Pato, bico calado. Que babado! Qual é o motivo? Pato, por favor, meu amor! Oh, pato sabichão, onde está o problema? Explica pra gente em verso esse problema que só você conhece! Oriente as pessoas, Patinho, tanta gente tão tosca quanto a gente. E o pato diz, sem aspas na língua: rendimentos tributários de Berlim: menos de 118,8 bilhões. Um momentinho, seu Pato, de onde é que você tá tirando esses dados? Eles são – o pato deixa a gente no vácuo, bloqueado, e manda seu recado: eu não sou nenhum rato de laboratório, tá ligado? Dobrem a língua antes de falar comigo! Me respeitem! Coloquem o título que me cabe na frente: Capitão ou, opcional, Vosso Capitão-Mor: MITO! Agora, prestem atenção e compartilhem minhas ordens: recolham o pique-nique, tá chovendo no molhado. Se enrolem no plástico filme. Não dá pra baixar mais as taxas, tá chovendo promessas furadas na praça! Os preços do painço estão indo de vento em popa. E os do chapim ficam só chapinhando na praia. Mil e uma noites de amor com você, na plantação de milho, no prêmio em milhão, no abrigo do trilho, no vinho do Reno, e Vosso Capitão-Mor oferece a vocês o mais vivo hino dos tempos: Tostem a grana guardada, pois daqui a pouco não vale mais nada. 118,8 bilhões por uma toast hawaii e um copinho de vinho do vale do São Francisco. Bom proveito.

12


Regent Ente Die Ente sondiert die Lage. Aha, aha. Die Ente ist eine Sonde. Sie taucht tief in die Lungen der Menschen hinab. Test! Test! Alles in Ordnung, keine Würmer, keine Algen, weder Loch noch Schatten, aber zwei Flügel. Es sieht gut aus da unten. Jedoch - und jetzt wird die Ente sehr ernst: Das echte Problem befindet sich nicht in der Lunge. Ich komme darauf zu sprechen. Worauf die Ente verstummt. Was ist der Grund? Ente bitte, beliebe! O überweise Ente, wo? Sprich uns in Versen von jenem Problem, welches du kennest. Belehre uns Menschen, so stumpf wie wir sind. Die Ente spricht: Berliner Steuereinnahmen: Minus 118,8 Milliarden. Moment, Ente, woher nimmst Du Deine Zahlen? Das sind – die Ente stellt uns auf mute und spricht: Testsittich bin ich nicht. Beugt Euch! Ihr werdet mich mit meinem rechtmäßigen Titel ansprechen: Regente, optional: Euer Regentschaft. Vernehmt und vermehrt meine Befehle: Packt das Picknick zusammen, es regnet. Rollt Euch in die Folien ein. Die Zinsen lassen sich nicht weiter senken, es regnet leere Kredite! Die Preise für Hirse wachsen. Die Preise für Meisen verwaisen rapide. Eure Regentschaft macht Euch ein Bett im Kornfeld, Maisfeld, Preisgeld, Gleisheim, Rheinwein, der Regent Ente gießt Euch reinen Wein ein: Gebt es aus, es wird verfallen. 118,8 Milliarden für ein Toast Hawai, ein Null-Einser-Glas Gewürztraminer von der Nahe. Wohl bekomm‘s.

13


14


Odile Kennel Tradução: Matheus Guménin Barreto

15


l’intimité imminente m’intimide (notes sur la lettre l) need nid si ici parti pris plis please vibre fim afim sim heat me lid between ouvi linho fluir sílaba senti sentido please hear me aqui íntima split me into pieces give excita me dedilha me lick me risque risk mordida fendida tira isso incho inspiro piro easy please please me fique cling to my clit tine sim linha estira assim me limite me e língua que trisca virilha visite my hipster hip sister tears tear me my dear to the sea me tira me a mim enfim sobre mim brinca brinca brinca de spill enfia em mim sim ti sim fill sim ring will rise will rire dire deer into your ear my silly me spins liquid sins gira cogita thinks insists he she me weeps lists sinks

16


l’intimité imminente m’intimide (notes sur la lettre I) need nid si ici parti pris plis please lied me nie lieber lieb me heat lid between linnen find fließen sinn silben von sinnen please hear me hier innen split me into pieces give friede mit befingern mit lick me risque biss risk riss tickt richtig mein trickster flippt easy please please me bitte cling to my clit klingt wie splittern wie bitte limite me mit lippe in mitte mit stippen visite my hipster hip sister tears tear me my dear to the sea mich zieh mich an mich aus ziel auf mich spiel spiel spiel spill dich in mich will dich will fill will ring will rise will rire dire deer into your ear my silly me spins liquid sins spinnt sinnt thinks insists he she me weeps lists sinks

17


18


Ann Cotten Tradução: Simone Brantes

19


CASCALHO ECOLÓGICO Andar sobre escombros dá trabalho joguem porém as pernas pra lá e pra cá e assim o corpo, que deve se manter sobre as pernas. certamente isso é sempre bem mais fácil, trabalho bem mais fácil para individualistatas – para elas todo trabalho é absurdo de fato – do que virar as pedras, separá-las, aprová-las e com calma fazer caminhos andáveis. Fazer caminhos andáveis implica pois suposições – necessariamente de cascalho – sobre suposições sobre aqueles que devem utilizar o caminho. Devem utilizar, ainda que nada se possa determinar. Um passo de cada vez equivale mais ou menos ao máximo que se pode exigir de alguém em pensamento. Um caminho é um caminho e um caminho largo é um caminho largo. Torna inviável a clássica guerra de guerrilhas e transporta – transporta, no sentido literal da palavra – os levantes das massas assim como as movimentações das tropas. Desse modo nascem as relações baseadas no tato, onde a cada segundo o nonplusultra se renova e o nonplusultra é um infindável ter tato para o outro, o corpo do outro e ainda o espírito do outro. Cascalho ecológico quer dizer por fora, por dentro nonplusultra, ou espiritualidade, então signifique também esse texto de agora em diante não mais cascalho ecológico, mas nonplusultra. por um instante, para esse simpósio. Pois a gente tudo Pois a gente tudo se representa Pois a gente deve deixar que na língua tudo se desmanche.

20


ÖKOSCHOTTER Über diese Trümmer zu gehen macht Mühe werfen sie doch die Beine dahin, dorthin, somit den Körper, der die Beine zusammenhalten muss. Doch ist das immer noch leichter, leichtere Arbeit für Individualistennni – für sie ist eigentlich jede Arbeit absurd – als die Steine umzudrehen, zu sortieren, sie anzuerkennen, und in Ruhe gangbare Wege zu bauen. Gangbare Wege zu bauen implizierte nämlich lauter – notwendig schotterhafte – Annahmen über Annahmen über die, die den Weg benützen sollen. Benützen sollen, obwohl man nichts vorschreiben soll. Ein Schritt nach dem anderen ist ungefähr das Äußerste, was man einem anderen an Gedanken zumuten soll. Ein Weg ist ein Weg, und ein breiter Weg ist ein breiter Weg. Er behindert den klassischen Guerillakampf und befördert – befördert im wörtlichen Sinn – Massenaufstände ebenso wie die Bewegungen von Truppen. So entstehen die tastenden Beziehungen, wo das Nonplusultra in jedem Augenblick erneuert wird und das Nonplusultra ein unendliches Abtasten des Anderen, des Körper des Anderen und auch des Geistes des Anderen ist. Ökoschotter heißt es von außen, von innen Nonplusultra, oder Spiritualität, also heiße auch dieser Text von nun an nicht mehr Ökoschotter, sondern Nonplusultra, für eine Weile, für dieses Symposion. Weil man sich ja alles Weil man sich ja alles vorstellen Weil man sich ja alles auf der Zunge zergehen lassen soll.

21


Tomara que aconteça, na chuva, sem violência! Você estará de pé, na chuva, sem miséria sem violência! Ainda morrem as ervas daninhas e restam as pedras incapazes de morrer: [sem amparo: cascalho ecológico. As usinas, os reatores nucleares, ficam, e a obrapoet se vai, o torneiro, aposentado, e a obra, vazia, não mais obra erguida. Obra arquitetônica. Em cem anos: cascalho ecológico. Shelter para os newvirgens hipsters, pseudociganos, enfritzadores da arte, [scrollartististes. Aqui a palavra cresce como essa aspereza perfumada, da selvagem melancolia. Aquilo a ser nomeado é como o vento que as nuvens, num tempo absurdo, vai impelindo sobre Berlim, como se não devessem observar a cidade. Mas é largo o caminho para os mochileiros em suas botas. Quão trabalhoso é ser uma pessoa, quando ainda não se está louco. Se manter sobre as pernas só a pão com manteiga e água da bica de gosto ruim. Essa inacreditável aptidão da raça humana. Um caminho é um caminho e um caminho largo é um caminho largo. Torna inviável a clássica guerra de guerrilhas e transporta – transporta, no sentido literal da palavra – os levantes das massas assim como as movimentações das tropas. É o que faz cada deserto – mas naturalmente exagera, o que também é alguma coisa. Como geralmente inaproveitado potencial para as massas o transporta um [movimento frouxo, A comunicação: Como um telefone é um caminho largo.

22


Möge es zugehen, im Regen, ohne Gewalt! Du wirst stehen, im Regen, ohne Not und ohne Gewalt! Noch sterben die Unkräuter und bleiben die Steine, die nicht sterben können: [hilflos: Ökoschotter. Es bleiben die Werke, die Meiler, der Werkspoet geht, dieser Dreher, in Pension, und das Werk, leer, steht, kein Werk mehr. Bauwerk. In hundert Jahren: Ökoschotter. Shelter für alle neu zu entjungfernden Hipster, Pseudozigeuner, Kunstfritzen, [Scrollkünstlernnni. Das Wort wächst da wie dieser duftende Unwirsch, der wilde Wehmut. Das zu nennen ist wie der Wind, der Wolken in unsinnigem Tempo über Berlin hinwegtreibt, als sollten sie nicht zu lang hinsehen. Lang aber zieht sich der Weg für den Rucksackträger mit Stiefeln. Wie mühsam ist es, ein Mensch zu sein, wenn man noch nicht verrückt ist. Zusammenzuhalten die Beine mit Butterbroten und übel schmeckendem [Leitungswasser. Diese unglaubliche Begabung der human race. Ein Weg ist ein Weg, und ein breiter Weg ist ein breiter Weg. Er behindert den klassischen Guerillakampf und befördert – befördert im wörtlichen Sinn – Massenaufstände ebenso wie die Bewegungen von Truppen. Das tut jede Wüste – aber übertreibt natürlich, was auch etwas ist. Als meist ungenutztes Potential für Massen befördert es die lockere Bewegung, die Kommunikation: Wie ein Telefon ist ein breiter Weg.

23


Na Prússia Napoleão bateu em retirada sobre pedras de brique. de que eram feitas as alamedas, que faziam dos ossos um saco de cascalho. As estradas são fundos, escuros brejos em meio à austera ordem prussiana. No Japão feudal a deslealdade era evitada, no sentido literal não podia ser organizada, não se chegava a ela, porque os príncipes regionais a cada dois anos se mudavam com toda a família para a capital. Cascalho ecológico – evita quase tudo. Em uma espécie de escala natural O verdadeiro meio entre o transportar e o bloquear O tempo se regula quase por si sobre o calçamento. A condutora se debruça, sonhando, na janela do Tempo 30 contemplating obsolescence contemplating obsolescence contemplating obsolescence.

24


In Preussen fluchte Napoleon über die Klinkersteine, aus denen die Alleen bestanden, die die Gebeine zu einem Sack [Schotter machten. Die Straßen sind tiefe, dunkle Fenne innerhalb des preussischen Kalküls. Im feudalen Japan wurde Untreue verhindert, im buchstäblichen Sinn konnte sie nicht organisiert werden, [kam man nicht dazu, indem die regionalen Fürsten alle zwei Jahre mit der ganzen Familie in die Hauptstadt umsiedeln mussten. Ökoschotter – verhindert fast alles. In einer Art natürlichem Maßstab – der genauen Mitte zwischen Behinderung und Beförderung – regelt sich das Tempo auf Kopfsteinpflaster fast von selbst. Die Fahrerin lehnt sich, träumend, aus dem Fenster bei Tempo 30 contemplating obsolescence contemplating obsolescence contemplating obsolescence contemplating obsolescence.

25


Melhor parar por aqui Em 1907 Sakichi Toyoda registrou junto ao departamento de patentes um tear circular. O modelo só veio a ser produzido em 1924 E não se expandiu nem mostrou bons resultados Dinheiro ele fez foi com a naveta automática que aperfeiçoou ligeiramente o processo tradicional Sempre admiramos os que criam versões aperfeiçoadas de ideias ou conceitos já assentados e não os que rejeitam formas automatizadas ou os que questionam princípios fundamentais Se você quer se dar bem, preste atenção e siga os os fundamentos, como Toyoda Sakichi instruiu ele que, contudo, não deixou de patentear uma boa dose de sabedoria, o perturbava o matraquear do tear sabia por experiência, desempenho vem com silêncio, barulho indica aqui se perde energia Tinha um senso aguçadíssimo para os erros Assim fundo inscreveu na das máquinas contextura: pare antes que algo termine embaraçado.

26


Lieber nicht weiter 1907 wurde von Sakichi Toyoda ein kreisförmiger Webstuhl beim Patentamt angemeldet. Das Modell wurde 1924 erst realisiert und hatte nie Verbreitung oder viel Erfolg. Geld machte er hingegen mit dem Schiffchenwechsler der den konventionellen Ablauf leicht verbesserte. Man liebt den Menschen immer, der verbesserte Versionen von alteingesessenen Ideen oder Konzepten bringt, im Gegensatz zum Formenwechsler, und gar zu dem, der grundsätzliche Bedenken anmeldet. Wenn du Glück haben willst, dann gib acht und befolg die Grundsätze, wie Toyoda Sakichi instruiert, der ohnehin nicht wenig Weisheit patentiert hat. Es störte ihn, wie der Webstuhl rasselte, Er wusste aus Erfahrung, Leistung soll leise sein, Lärm heißt, Energie geht verloren da. Er war mit Fehlern sehr vertraut, so schrieb im Text er der Maschinen tief ein, zu stoppen, eh sich was verheddert.

27


When Toyoda invented the circular loom needless to say it was a great improvement. Not only did it take up much less room, with its so well-contained circular movement, no energy was lost with breaking and acceleration; humans around it seemed to be mere decoration. But people said it was a train without a station as they stood admiring the new circular loom. Circadian, said one, of life a celebration, of death, another. No space for improvement. Circular cloth poured out and filled the room, wiping up worries with a quiet, smooth mental image of weaving a revolution that would change how people take deviation: a way of drawing closer on the one side of the room, which is the other side of the loom. Swiftly passing around, the movement of your precision is a declaration of purpose, like the statutes of a nation you build, by alternation, on with every revolution. Such clear intent should purify the movement with total focus, in close up and radiation of purpose; without beating back and forth, acceptance of the world’s works, shining like the moon.

28


When Toyoda invented the circular loom needless to say it was a great improvement. Not only did it take up much less room, with its so well-contained circular movement, no energy was lost with breaking and acceleration; humans around it seemed to be mere decoration. But people said it was a train without a station as they stood admiring the new circular loom. Circadian, said one, of life a celebration, of death, another. No space for improvement. Circular cloth poured out and filled the room, wiping up worries with a quiet, smooth mental image of weaving a revolution that would change how people take deviation: a way of drawing closer on the one side of the room, which is the other side of the loom. Swiftly passing around, the movement of your precision is a declaration of purpose, like the statutes of a nation you build, by alternation, on with every revolution. Such clear intent should purify the movement with total focus, in close up and radiation of purpose; without beating back and forth, acceptance of the world’s works, shining like the moon.

29


30


Steffen Popp Tradução: Douglas Pompeu

31


Conversor: um magnetismo, submarina zona de uivo, piscina para calangos albinos – nunca o sol parece mais longe, seu lume mais frio, as marés mais benzidas e através de todas as doze casas, hipnotizadas sonham feito a correnteza com os sentidos com lobos você se levanta do túmulo à noite sob proteção das espécies, sobre encostas, spaceschuttles, ritos, o que te ilumina toda opala é uma guardiã de cicatrizes. Lua

32


Wandler: ein Magnetismus, submarin Howl-Zone, Pool für Albinoechsen – nie scheint Sonne ferner, ihr Abglanz kühler, wirken Gezeiten geweihter und durch alle zwölf Häuser, hypnotisiert träumen wie eine Strömung die Sinne du stehst mit Wölfen aus Gräbern auf unter Artenschutz nachts, über Halden Spaceshuttles, Riten, was dich beglänzt jeder Opal ist ein Hüter von Narben. Mond

33


34


Lea Schneider Tradução: Douglas Pompeu

35


eu me repito eu me repito. em algum lugar mais adiante, onde o modo arquetípico foi acionado: tecer, desfiar, mil e uma correções. ganhar tempo, no qual seja possível desatar os fios, as peças de lego, as placas de construção, depenar parte por parte, lixar bem o castelo, gastá-lo até chegar a base de plástico duro, sobre a qual ele se levanta, e ali erigir uma área de proteção, incluindo calefação autônoma. contanto que minha segurança precise: fornecimento de calor. um meio para fixação, como tubo de cola pritt ou redundância. empilhar as caixas de história até a altura dos ombros, então desfazer tudo imediatamente de novo, enquanto critério estendido de seu sucesso. importante: não encontrar um fim, senão falhas no plot, que eu possa ampliar. um esconderijo em cliffhanger, em constante censura, pra frente e para trás.

36


ich wiederhole mich ich wiederhole mich. irgendwo weiter vorn, wo sich der archetyp-modus eingeschaltet hat: weben, auftrennen, tausendundeine korrektur. zeit gewinnen, in der ich fäden lösen kann, die legosteine, plattenbauten, stück für stück auseinanderrupfen, die burg schleifen, abtragen bis zur hartplastikbasis, auf der sie steht, und dort ein schutzgebiet einrichten, standheizung inklusive. sofern meine sicherheit das braucht: wärmezufuhr. ein mittel zur fixierung, wie prittstift oder redundanz. die schachtelgeschichten bis auf schulterhöhe stapeln, dann sofort wieder rückgängig machen, unerfüllbarkeit als erweitertes kriterium ihres gelingens. worauf es ankommt: kein ende zu finden, sondern fehler im plot, die ich ausbauen kann. ein versteck im cliffhanger, im ständigen verweisen, vor und zurück.

37


38


Dagmara Kraus Tradução: Douglas Pompeu

39


deus sempre quer empanar tudo deus sempre quer empanar tudo ele fuรงa em farinha e gosma de ovo e farelo assobiando e cantando e o que aqui falta ele amassa e tempera agora

40


gott will immer alles panieren gott will immer alles panieren er wßhlt in mehl und eischleim und panade er pfeift und singt dabei und was hier fehlt das wälzt und wßrzt er gerade

41


42


Marcel Beyer Tradução: Douglas Pompeu

43


Vespa, venha Vespa, venha à minha boca, faça-me língua, por dentro, e por fora faça-me algo na garganta, mostre ao palato, a nós. Assim foi. Assim foram os anos oitenta. Quando éramos jovens, vivíamos no oeste. Língua, faça a tramela quente, esfole a goela toda, dê-me mais cor, se meta ali dentro. Me mostre afinco de vespa e palavra, sacie o alemão às papilas gustativas, a língua deve estar no interior. Sempre em nesquik, sempre nas beiradas. Esses foram os noventa. Foram os nulos. anos dois mil. E: assim é pelo país afora. Retenha a língua exterior fria, por dento seja vapor de inseto, sacie-me, cure-me, vespa, venha à minha boca.

44


Wespe, komm Wespe, komm in meinen Mund, mach mir Sprache, innen, und außen mach mir was am Hals, zeig’s dem Gaumen, zeig es uns. So ging das. So gingen die achtziger Jahre. Als wir jung und im Westen waren. Sprache, mach die Zunge heiß, mach den ganzen Rachen wund, gib mir Farbe, kriech da rein. Zeig mir Wort- und Wespenfleiß, mach’s dem Deutsch am Zungengrund, innen muß die Sprache sein. Immer auf Nesquik, immer auf Kante. Das waren die Neunziger. Waren die Nuller. Jahre. Und: So geht das auf dem Land. Halt die Außensprache kalt, innen sei Insektendunst, mach es mir, mach mich gesund, Wespe, komm in meinen Mund.

45


46


Jan Wagner Tradução: Douglas Pompeu

47


ensaio sobre mosquitos como se todas as letras tivessem de repente se descolado do jornal e pairassem no ar como enxame; e se pairam no ar como enxame, de todas as piores notícias nenhuma trazem, musas mesquinhas, pégasos mirrados, assomam-se apenas no ouvido; compostas do último filamento de fumaça, quando a vela se apaga, tão leves, que já não se diz: elas são, surgem quase como penumbras, projetadas de um outro mundo no nosso; dançam, os membros mais finos que traçados a lápis; minúsculos corpos de esfinge; a pedra de rosetta, sem a pedra.

48


versuch über mücken als hätten sich alle buchstaben auf einmal aus der zeitung gelöst und stünden als schwarm in der luft; stehen als schwarm in der luft, bringen von all den schlechten nachrichten keine, dürftige musen, dürre pegasusse, summen sich selbst nur ins ohr; geschaffen aus dem letzten faden von rauch, wenn die kerze erlischt, so leicht, daß sich kaum sagen läßt: sie sind, erscheinen sie fast als schatten, die man aus einer anderen welt in die unsere wirft; sie tanzen, dünner als mit bleistift gezeichnet die glieder; winzige sphinxenleiber; der stein von rosetta, ohne den stein.

49


50


Timo Berger

51


52


nenhuma cidade como keine stadt wie vor jahren faz anos achei hab ich gedacht keine stadt ist wie paris não tem cidade como paris nenhuma com tanta elegância exposta keine beweist so viel eleganz nos cafés, nas decorações das vitrines in den cafés, den schaufensterdekorationen mas paris, esse amigo da onça, abandonoume uma noite corte brutal, aber paris, dieser jaguarfreund, verließ mich eines nachts brutaler schnitt um momento atrás dançamos bem abraçados eben noch tanzten wir eng umschlungen auf einem cocktailtisch im paris-hanoï numa mesa de cocktail no paris-hanoï der laden war eigentlich geschlossen o restaurante na verdade estava fechado es stank nach frittierfett und achselschweiß um cheiro de óleo de fritar e suor de axila wir waren den ganzen tag an der seine o dia inteiro caminhamos pelo rio sena entlanggestiefelt wo hipster gekleidet als na ribeira onde os hipsters vestidos de clochards oder clochards gekleidet als vagabundos ou vagabundos vestidos de hipster ihre pullermänner an die luft streckten hipsters esticavam os seus pipis no ar paris kam gerade aus tokio zurück paris acabava de voltar de tóquio die goldmedaille bei der weltmeisterschaft a medalha de ouro no mundial der sommeliers knapp verfehlt, neben dos sommeliers por tão pouco perdida, ao lado ihr ein dichter, der perfekt vietnamesisch dela um poeta, que falava perfeitamente sprach, so durften wir bleiben, hektisch vietnamita, nos deixaram ficar, agitado wurden die anderen tische abgeräumt, limparam as outras mesas, o chão die scheiben beschlugen, der koch malte as vidraças embaçaram, o cozinheiro desenhava

53


mit dem zeigefinger ein herz hinein, i love com o dedo indicador um coração nelas, i love paris, das dachte ich auch und stellt die musik paris, eu também, achei e pus a música lauter und forderte paris zum tanz auf. mais alto e convidei paris para dançar ich glaube, ich war zum ersten mal acho que era a primeira vez que estive ganz bei mir, hatte den spott auf den lippen perto de mim, tinha a troça nos lábios den paris so sehr liebte, dieses „mir que paris adorava tanto, este “você não kannst du gar nichts vormachen“ pode me enganar jamais” sie reichte mir ihre fingernagelspitzen estendeu as pontas das suas unhas pra mim schmiegte sich an mich wie ein pelz se aconchegou a mim como uma pele (pelzimitat für die veganen leser) (imitação duma pele para os leitores veganos) obwohl wir gegrillte schweinebäuche embora tivéssemos comido barriga de porco und oktopuscarpaccio gegessen hatten grelhado e carpaccio de polvo com limão versprechen die vietnamesen auf den os vietnamitas nos assentos baratos prometem billigen plätzen calvados und schenkten calvados mas servem na segunda rodada schnaps nach, ich drehwurm torkelte bald pinga, eu, vertigem, ziguezagueava logo paris schimpfte, der koch warf mit dem löffel paris ralhou, o cozinheiro atirou a colher de pau und die tür krachte hinter mir ins schloss e a porta fechou-se com um estrondo nicht ohne den fußtritt – italienische schuhe! mas não sem um pontapé – sapatos italianos! paris, fast hätte ich geglaubt du wärst so paris, quase pensei que voce fosse tão mondän wie montecarlo oder so cosy wie mundana como montecarlo ou so cosy como

54


karlsbad, aber nichts davon stimmt karlsbad, mas tudo isso é errado clarice hatte recht, wenn sie klagte clarice tinha razão quando se queixou zwar sprach sie von bern, heute würde na verdade ela estava falando de bern, mas hoje sie sagen, nichts schmeckt mehr nach paris als paris. diria não há nada que sabe mais a paris que paris.

Poema publicado em Der Süden (parasitenpresse, Köln, 2014); versão portuguesa revisada por Rafael Mantovani

55


56


Comentários sobre as traduções

57


58


Matheus Guménin Barreto Traduzir Odile Kennel é trazer para o centro do trabalho tradutório a questão da linguagem – as diferentes línguas, seus diferentes registros, suas diferentes possibilidades sonoras; mas a mesma e constante atenção ao estranho instrumento que é qualquer linguagem. Parece-me necessário recriar as tensões linguísticas do poema “l’intimité imminente m’intimide (notes sur la lettre I)” em sua tradução para o português, não simplificá-las ou normalizá-las. Para recriar essa tensão, mantenho todas as palavras inglesas e francesas do poema, atendo-me à tradução das alemãs. Pelo mesmo motivo, faço uso não só da letra ‘i’, mas também da letra ‘e’ (que, no português brasileiro, tende a ser pronunciada como /i/ quando aparece em determinadas posições silábicas) para recriar em português essa espécie de sutil narrativa erótica que atravessa o poema de Kennel. Cunhemos para esse narrar erótico e quase melancólico uma tonalidade musical inédita, kenneliana: ‘tonalidade em i’ (bemol, talvez?).

59


Simone Brantes Os poemas de Ann Cotten são de difícil tradução; na verdade, de tradução dificílima, pois o tradutor precisa lançar mão de muitas hipóteses para remontar o seu contexto, percebendo aos poucos que a tradução de cada um deles exige, de modo radical, uma familiarização, que não pode excluir a estranheza, com a sua poética. Talvez a tradução e a interpretação que ela implica sejam movimentos essenciais aos seus poemas, que também se entregam a um jogo de montar, desmontar e remontar, que é incessante e que alcança, inclusive, categorias gramaticais e arranjos sintáticos, além de transitar entre o alemão e o inglês. Desse jogo fazem parte também as máquinas, como a de tecelagem e os processos de inovação ou aperfeiçoamento tecnológicos ou ainda os materiais de construção, as sobras aproveitáveis de antigas edificações, que vieram abaixo para dar origem a novas construções já abertas, no próprio jogo que as põe de pé, à obsolescência. Saindo da aparente frieza das escolhas desses objetos e materiais, lançando mão de uma ironia que captura um tom elevado, quase sincero, a autora acaba por nos confrontar com “o tempo presente, o homens presentes, a vida presente”, uma vez que, ao colocar em cena máquinas, materiais e tecnologias, ela articula de modo muito singular um pensamento sobre a criação e a história, cujo buraco, para nós leitores e tradutores da periferia do capitalismo, é muito, muito mais embaixo.

60


Érica Zíngano e Charlotte Tiessen Traduzir a Monika Rink foi um desafio fonético, não só no sentido de tentar reproduzir aliterações, assonâncias, ecos ou outros fenômenos acústicos que o texto dela produz, como também um certo tipo de entonação/ estilo, muito particular que a escrita dela carrega. A Monika já trabalhou na rádio e qualquer leitura dela é sempre muito animada, em termos vocálicos: caras e bocas e expressões que vão do cafona ao sublime. Mas decidimos pregar uma peça na Monika e fazer o texto dela vir passear por outros rincões, abrindo as cifras berlinenses olhar para outros buracos, os bolsos furados do sul global: dentro da periferia, tem outra periferia, tem mais outra ainda, tem. Tem quem beba cachaça e não champagne, vinho ou espumante. Uma vez vi uma leitura da Monika em Berlim e ela falou que para adormecer ela imagina um parque de estacionamento, dentro de um outro parque de estacionamento ainda maior, que se encontra dentro de outro maior ainda e assim até chegar à impressão de um infinito vasto, que a aproxima a um estado de repouso. A revelação dessa prática reflete não só interessantemente sobre o que ela considera de “relaxador” (pessoalmente acho que uma tal profusão de parques de estacionamento me deixaria soando rebolando na cama dum lado pra o outro). Reflete também sobre a forma da qual o trabalho da Monika toma a metáfora, o jogo sonoro como ponto de partida para a criação de universos inteiros.Traduzir esse trabalho significa então também criar um universo paralelo a partir duma constelação comum.

61


Douglas Pompeu Realizar esse pequeno projeto de tradução não envolveu somente trabalho textual, como também entrar em contato com os autores e autoras dispostos em ler em voz alta e diante de uma câmera. Como tradutor de poesia em Berlim escrevi aos poetas com quem eu já havia trabalhado e com os que gostaria de começar a trabalhar. A meu ver esse é também parte essencial do trabalho do tradutor: o contato e a conversa com os autores. No geral esta experiência é bastante produtiva e deveria merecer mais atenção nas praticas e estudos de tradução. Para a preparação de variações sobre tonéis de chuva, já havia tomado alguns longos cafés com Jan Wagner, também tradutor e quem sempre acolhe seus tradutores com muita gentileza e predisposição. Para minha supresa, não foi diferente com autores que ainda não conhecia pessoalmente, como Marcel Beyer, Monika Rinck, Lea Schneider, Marcel Beyer e Steffen Popp. Com este último troquei alguns e-mails não somente sobre o problema da metáfora para a lua, como também sobre a tradução do gênero deste satélite, masculino em alemão e feminino em português. A minha opção pela tradução de Wandler para „conversor“ e não „conversora“ saiu de nossas conversas, através das quais me parecia interessante apresentar ao longo do texto uma transformação de gênero do sujeito do poema, do masculino para o feminino, sem que ele fosse fixado anteriormente por essa ou aquela gramática. O nosso papo, que já havia se arrastado sobre as doze casas do zodíaco, sobre o homem na lua na cultura popular alemã assim como sobre a criação de uma mulher na lua, esbarrou por fim na notícia de que a Nasa iniciou faz alguns dias um programa para enviar a primeira mulher a lua. Eu ri e imagino que Popp também tenha rido. Para além da idéia de um resultado final para a tradução de um poema, as nossas conversas se ocuparam com o processo e os problemas envolvidos em toda construção de sentido. Lendo agora nossos e-mails posso notar como em nenhum momento tratávamos de um original e de uma tradução, mas de um texto que a cada nova palavra convidada ao jogo se reinventava e se expandia.

62


63


64


Biografias

65


66


Poetas Ann Cotten nasceu em 1982 em Ames, Iowa, EUA e vive entre Berlim, Viena e Nagoya. É autora de romances e livros de poemas como Fremdwörterbuchsonette (2007), Florida-Räume (2010) e Verbannt! Versepos (2016) entre outros. Dagmara Kraus nasceu em 1981 em Wroclaw e vive atualmente em Straßburg. É autora dos livros de poesia: kummerang (2012) kleine grammaturgie (2013) e wehbuch (undichte prosage) (2016) Jan Wagner nasceu em 1971 em Hamburgo e vive em Berlim. Foi premiado com o Georg-Büchner-Preis em 2017. Entre seus livros mais conhecidos estão Achtzehn Pasteten (2007), Australien (2010) e Regentonnenvariationen (2014). Lea Schneider nasceu em 1989 em Köln e vive em Berlim. É tradutora de literatura chinesa e autora de invasion ruckwärts (2014) e made in china (2020). Marcel Beyer nasceu em 1965 em Tailfingen/Württemberg e vive em Dresden. Recebeu inúmeros prêmios entre eles o Georg-Büchner-Preis em 2016. Entre outros títulos é autor de Flughunde (1995), Falsches Futter (1997), Erdkunde (2002), Graphit (2014) e Dämonenräumdienst (2020). Monika Rinck nasceu em 1969 em Zweibrücken e vive atualmente em Berlim. Premiada com o Kleist-Preis em 2015 e com o Ernst-Jandl-Preis em 2017 é autora de HONIGPROTOKOLLEN. Sieben Skizzen zu Gedichten, welche sehr gut sind. (2012), RISIKO UND IDIOTIE. Streitschriften (2015) e Alle Türen (2019). Odile Kennel nasceu em 1967 em Bühl e vive em Berlim. É finalista do Lyrikpreis Meran de 2020 e autora e romances de livros de poemas como de oder wie heißt diese interplanetare Luft (2013) e Hors Texte (2019). Steffen Popp nasceu em 1978 em Greifswald e vive em Berlim. Premiado pelo Leonce-und-Lena-Preis é autor de Wie Alpen (2004), Dickicht mit Reden und Augen (2013), 118 (2017) entre outros.

67


Timo Berger nasceu em 1974 em Stuttgart e vive atualmente em Berlim. Dirige o Festival Latinale (Berlim). Entre outros títulos é autor de Der Süden (2014), Kafka und ich (2006) e Extramuros. Poemas públicos (2018).

Tradutores/as Douglas Pompeu é tradutor e escritor. Traduziu para o português a primeira seleção de poemas de Kurt Schwitters, Pra trás e pela frente primeiro (2018), assim como Variações sobre tonéis de chuva (2019) de Jan Wagner e Passeios com Robert Walser (2020) de Carl Seelig. Atualmente vive e Berlin, onde edita a revista alba e trabalha em seu projeto Biografia de Fábrica. Uma de suas histórias foi publicada na coletânea Lingua Franca (Art In Flow, 2019) e seus poemas foram apresentados em leituras como Ex-Salón, Latinale e no Poesiefestival Berlin de 2019. Simone Brantes nasceu em Nova Friburgo e vive no Rio de Janeiro desde 1980. Publicou os livros Pastilhas brancas (1999), O caminho de Suam (2002) e Quase todas as noites (2016), que recebeu em 2017 o Prêmio Jabuti. Teve poemas incluídos em antologias como Roteiro da poesia brasileira anos 90 (Global, 2011) e A poesia andando: treze poetas no Brasil (Cotovia, 2008). Seus poemas e traduções de poesia foram publicados em jornais e revistas como O Globo (Página Risco), Revista Piauí, Inimigo Rumor, Poesia Sempre, Polichinello, Action Poétique e Lyrik Vännen. Érica Zíngano nasceu em Fortaleza, Ceará, em 1980. Graduou-se em Letras (Português/ Francês/ Literaturas) pela Universidade Federal do Ceará, onde também concluiu o Curso de Especialização em Estudos Literários e Culturais, com uma pesquisa sobre a escrita fragmentária de Clarice Lispector, sob o enfoque teórico de Barthes. Radicou-se por um tempo em São Paulo, onde cursou o mestrado em Literatura Portuguesa na USP, com tese sobre os percursos do EU no drama-poesia da escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol (1931-2008). Charlotte Thiessen é poeta e tradutora, nascida no Porto, mas que mora em Berlim. Ela co-organiza a série de leituras e traduções ArtiCHOKE, e edita a publicação internacionalista, feminsta de poesia Vírgulentxs.

68


Matheus Guménin Barreto nasceu em 1992, em Cuiabá, e é poeta, tradutor e doutorando na USP e na Universidade de Leipzig. Publicou A máquina de carregar nadas (7Letras, 2017), Poemas em torno do chão & Primeiros poemas (Carlini & Caniato, 2018) e Mesmo que seja noite (Corsáro-satã, 2020).

69


70


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.