PROPOSTAS PEDAGÓGICAS
Nesta seção, você encontra sugestões de encaminhamentos para explorar a obra Debaixo da minha cama, de Irena Freitas, com as crianças da creche. As propostas pedagógicas estão organizadas em três etapas: Momento da leitura: propõe um roteiro para a leitura dialogada da obra com as crianças.
A forma também é conteúdo: comenta tanto aspectos formais da obra como seus temas e sugere modos de abordá-los com leitores emergentes
Leitura com a família: orienta sobre práticas de literacia familiar e propõe a realização de uma atividade relacionada à obra com o envolvimento das famílias.
MOMENTO DA LEITURA
LEITURA DIALOGADA: consiste na interação entre um leitor autônomo e um leitor emergente, por meio de perguntas e respostas, antes, durante e depois da leitura em voz alta.
LEITORES EMERGENTES: são aqueles que começam a adquirir conhecimentos que serão importantes para a aprendizagem da leitura, como noções sobre as funções e a direcionalidade da escrita, por meio da exposição a materiais impressos e a escuta de histórias.
LITERACIA FAMILIAR: conjunto de práticas e experiências relacionadas com a linguagem, a leitura e a escrita, as quais a criança vivencia com seus pais ou cuidadores.
Inicie o trabalho com a obra por meio de uma leitura dialogada. Para isso, peça às crianças que se sentem em roda e explique a elas que vão ler em conjunto um livro chamado Debaixo da minha cama , escrito e ilustrado pela brasileira Irena Freitas. Mostre a capa do livro e peça às crianças que comentem quais elementos identificam. Você pode ajudá-las a direcionar o olhar, fazendo perguntas como: “Onde há letras e onde há ilustrações na capa deste livro?”; “O que vocês acham que está escrito na capa?”; “Alguém tem alguma ideia de onde a personagem está?”; “Como vocês acham que ela está se sentindo?”; “Que objetos aparecem na cena?” etc. Se possível, disponibilize uma ou mais cópias do livro para que a turma possa manuseá-lo e vê-lo de perto. Em seguida, chame a atenção das crianças para a contracapa do livro e peça, mais uma vez, que comentem quais elementos identificam. Incentive as crianças a antecipar possíveis sentidos para a obra a partir dos textos e das ilustrações de capa e contracapa. Você pode anotar na lousa as hipóteses levantadas pelas crianças sobre os temas tratados no livro para que, conforme forem avançando a leitu -
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ra, possam retomá-las e identificar quais hipóteses se concretizaram e quais não.
Durante a leitura, mostre cada uma das páginas do livro às crianças e peça a elas que indiquem onde há palavras escritas e que descrevam detalhadamente a ilustração que as acompanham. Proponha algumas perguntas que as incentivem a comentar os elementos ilustrados, por exemplo: “O que a personagem desenhou usando seus nove gizes de cera?” (páginas 10-11); “O que os quatro duendes estão fazendo?” (páginas 20-21); “Quais são as diferenças entre as três bonecas russas?” (páginas 22-23) etc. Após ouvir os comentários da turma, leia o texto verbal e permita que comentem se suas hipóteses estavam corretas ou não. Além disso, estimule as crianças a formular novas hipóteses sobre o andamento da história conforme as informações de que já dispõem. Alguns exemplos de perguntas que podem ser feitas são: “O que vocês acham que a personagem vai fazer?”
(páginas 4-5); “Para onde será que a personagem está olhando?” (páginas 8-9); “O que vocês acham que aconteceu para a personagem estar com essa expressão?” (páginas 28-29) etc. Conforme a leitura do livro for progredindo, verifique com as crianças se compreendem todas as palavras utilizadas no texto e, caso elas não saibam o significado de palavras ou expressões específicas, esclareça-os.
A leitura dialogada, além de garantir que a turma participe ativamente do momento de leitura, também é uma oportunidade de avaliar a compreensão oral de texto das crianças e de trabalhar o desenvolvimento de vocabulário, ambos componentes essenciais para a alfabetização.
COMPREENSÃO ORAL DE TEXTO: quando se trata de textos escritos, é o propósito da leitura. Trata-se de um processo intencional e ativo, desenvolvido mediante o emprego de estratégias de compreensão. No âmbito da Educação Infantil, a compreensão oral deve ser enfatizada.
DESENVOLVIMENTO DE VOCABULÁRIO: tem por objeto tanto o vocabulário receptivo e expressivo, quanto o vocabulário de leitura. Nos anos iniciais da escolarização, os leitores emergentes empregam seu vocabulário oral para entender as palavras presentes nos textos escritos.
Depois da leitura, faça para as crianças perguntas de verificação de conteúdo da história, por exemplo: “Quem são as personagens dessa história que acabamos de ler?”; “Onde a história se passa?”; “O que a personagem principal fez depois de escutar algo se movendo debaixo de sua cama?” etc. Ao estimular as crianças a relembrar a história lida, é possível avaliar a compreensão oral que tiveram do texto e se elas se apropriaram de palavras utilizadas na própria obra para responder às perguntas, verificando o seu desenvolvimento de vocabulário.
Por fim, sugerimos que você encerre o momento da leitura convidando as crianças a expressarem suas percepções sobre a obra. Algumas perguntas
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podem ajudá-las a organizar suas impressões, como: “Como vocês se sentiram ao ler essa história?”; “O que vocês mais gostaram?”; “O que vocês não gostaram?”; “Vocês gostariam de mudar algo na história? Por quê?”; “Vocês agiriam de maneira diferente da personagem principal em algum momento? Por quê?” etc. Acolha os comentários da turma e dê oportunidade para que todas as crianças, que assim desejarem, se manifestem. Se achar pertinente, compartilhe com as crianças suas impressões sobre a obra, respondendo às mesmas perguntas que a turma.
COMPONENTES ESSENCIAIS DE PREPARAÇÃO PARA A ALFABETIZAÇÃO
• Compreensão oral de textos.
• Desenvolvimento de vocabulário.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO
O eu, o outro e o nós
• (EI02EO03) Compartilhar os objetos e os espaços com crianças da mesma faixa etária e adultos.
• (EI02EO04) Comunicar-se com os colegas e os adultos, buscando compreendê-los e fazendo-se compreender.
• (EI02EO06) Respeitar regras básicas de convívio social nas interações e brincadeiras.
Escuta, fala, pensamento e imaginação
• (EI02EF01) Dialogar com crianças e adultos, expressando seus desejos, necessidades, sentimentos e opiniões.
• (EI02EF03) Demonstrar interesse e atenção ao ouvir a leitura de histórias e outros textos, diferenciando escrita de ilustrações, e acompanhando, com orientação do adulto-leitor, a direção da leitura.
• (EI02EF04) Formular e responder perguntas sobre fatos da história narrada, identificando cenários, personagens e principais acontecimentos.
• (EI02EF07) Manusear diferentes portadores textuais, demonstrando reconhecer seus usos sociais.
• (EI02EF08) Manipular textos e participar de situações de escuta para ampliar seu contato com diferentes gêneros textuais.
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A função da literatura está ligada à complexidade da sua natureza, que explica inclusive o seu papel contraditório mas humanizador (talvez humanizador porque contraditório). Analisando-a, podemos distinguir pelo menos três faces: (1) ela é uma construção de objetos autônomos como estrutura e significado; (2) ela é uma forma de expressão, isto é, manifesta emoções e a visão do mundo dos indivíduos e dos grupos; (3) ela é uma forma de conhecimento, inclusive como incorporação difusa e inconsciente.
[...] O efeito das produções literárias é devido à atuação simultânea dos três aspectos, embora costumemos pensar menos no primeiro, que corresponde à maneira pela qual a mensagem é construída; mas esta maneira é o aspecto, senão mais importante, com certeza crucial, porque é o que decide se uma comunicação é literária ou não.
ANTONIO CANDIDO
PAPEL CONTRADITÓRIO: Candido explicita o caráter contraditório da literatura ao argumentar que ela é composta tanto por obras aprovadas quanto por obras banidas pela sociedade. Assim, a literatura não corrompe ou edifica os seres humanos, “mas, trazendo livremente em si o que chamamos o bem e o que chamamos o mal, humaniza em sentido profundo, pois faz viver”.
Debaixo da minha cama é uma obra literária que trata da angústia perante o desconhecido, traduzida para as crianças bem pequenas como o medo de se escutar no meio da noite um barulho vindo debaixo da cama – encaixando-se assim em temas como o cotidiano de crianças nas escolas, nas famílias e nas comunidades (urbanas e rurais), e o relacionamento pessoal e desenvolvimento de sentimentos de crianças nas escolas, nas famílias e nas comunidades (urbanas e rurais). Já em relação aos aspectos formais, a obra de Irena Freitas é categorizada como um conto.
Consideravelmente mais conciso que o romance e a novela, esse gênero textual predominantemente narrativo caracteriza-se pela unidade de ação, tempo e espaço – ou seja, tudo o que acontece refere-se a um conflito central que, via de regra, se passa em uma única localidade e por um período bem delimitado de tempo –, além de foco narrativo determinado – narrador onisciente, observador ou personagem – e a presença de poucos personagens – apenas aqueles significativos para o desenvolvimento da trama.
Contudo, o que torna esse conto especial é exatamente a interrupção do ato de narrar a ação para enumerar, por meio de uma lista, os itens encontrados pela criança embaixo da sua cama.
Na medida em que uma lista caracteriza uma série, por mais desconforme que seja, de objetos pertencentes ao mesmo contexto ou visto do mesmo ponto de vista [...], ela confere ordem – e portanto, um toque de forma – a um conjunto que, sem isso, seria desordenado. (ECO, 2010. p. 111.)
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A FORMA TAMBÉM É CONTEÚDO
Ao observar o texto visual (ilustração) e verbal (UFA!) das páginas 26-27, é perceptível a sensação de relaxamento provocada na narradora-personagem do conto de Irena Freitas após formalizar através da enumeração o que antes lhe despertava medo exatamente por ser desconhecido, desorganizado, sem forma.
Contraditoriamente, a interrupção da ação aumenta a tensão no leitor, visto que a enumeração provoca a sensação de se estar diante de uma contagem regressiva para o clímax da história – afinal, não é possível ignorar que os números aqui aparecem de maneira decrescente em relação à quantidade representada de itens. E que agradável surpresa é oferecida ao leitor de Debaixo da minha cama quando esse momento finalmente chega! Segundo Luiz Nazário, em Da natureza dos monstros:
O monstro define-se, em primeiro lugar, em oposição à humanidade. [...] A maior parte dos atributos da monstruosidade está em clara oposição aos atributos que definem a condição humana. [...] A monstruosidade começa verdadeiramente a impor-se a partir dos olhos, da boca e das mãos. São essas as partes do corpo que mais exteriorizam o desejo e, quando pervertidas, na máscara monstruosa, externam o desejo perverso, desencadeando fisiologicamente e sem controle, sepa-
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Reprodução de páginas 26 e 27 de Debaixo da minha cama
rando de qualquer sentimento amoroso e inseparável do instinto de posse e destruição. (NAZÁRIO, 1998. p. 11, 13.)
O monstro é aquele que é desconhecido, desorganizado, sem forma... Pelo menos, aos olhos de quem o vê. E chegado o clímax do conto de Irena Freitas – que coincide também com seu final da história e da contagem regressiva –, temos exatamente um monstro apavorado com a bagunça da protagonista (páginas 30-31).
“Que bagunça?”, é a pergunta que fica ao leitor ao término do conto. Afinal, se se é monstro dependendo dos olhos de quem te vê, a bagunça que assustou o monstro da história de Debaixo da minha cama é a desorganização do quarto da protagonista ou a falta de forma que a criatura enxerga nela?
Que monstro é esse?
Esta proposta de atividade pode ser realizada com as crianças logo após a leitura dialogada de Debaixo da minha cama ou em um outro momento que julgar mais proveitoso. Caso opte pela segunda opção, releia o livro com a turma para que as crianças possam relembrar a história.
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Reprodução de páginas 30 e 31 de Debaixo da minha cama.
Com a turma reunida em roda, inicie a atividade propondo às crianças que conversem sobre algo ou uma situação que lhes cause medo. Você pode ajudá-las a organizar suas falas, direcionando a conversa por meio de perguntas como: “Há algo ou alguma situação que lhes causa medo?”; “Por que vocês acham que isso os deixa amedrontados?”; “O que você faz ou acha que faria para enfrentar esse medo caso se deparasse com ele?” etc.
Use o tempo que achar necessário nessa primeira etapa da atividade, garantindo que as crianças que assim desejarem se sintam à vontade para compartilhar relatos sobre seus medos. Caso perceba que alguma criança se sente desconfortável em expressar-se, não há a necessidade de fazê-la participar ativamente da conversa: o importante é que todas as crianças se sintam acolhidas. Haverá outras oportunidades para que ela expresse seus sentimentos e impressões. Se achar pertinente e se sentir confortável, compartilhe com as crianças seus medos em relação a algo ou alguma situação que elas possam compreender.
Durante a roda de conversa e sempre que as crianças estiverem se dirigindo a você, caso pronunciem uma palavra de maneira inadequada segundo a norma culta da língua portuguesa, utilize a mesma palavra em algum momento de sua fala, pronunciando-a de maneira adequada. Assim, constrangimentos são evitados e a criança continuará confortável para continuar a se expressar verbalmente.
Terminada essa primeira etapa da atividade, conte às crianças que cada uma delas, baseando-se nos medos por elas relatados, irá criar, usando massinha, argila ou outro material atóxico disponível, um monstro que represente esse medo. Caso seja inviável trabalhar com material modelável, proponha às crianças que façam um desenho com a mesma temática.
Enquanto trabalham na confecção da escultura ou desenho de seus monstros, incentive as crianças a pensarem em um nome e em características para essas personagens. Você pode ajudá-las com essa tarefa, por meio de perguntas como: “Vocês já pensaram em qual será o nome do seu mostro?”; “Onde ele vive?”; “O que é preciso fazer para espantá-lo quando ele aparece para alguém querendo assustá-lo?” etc.
Por fim, organize um momento para que as crianças possam compartilhar umas com as outras as personagens por elas criadas, mostrando suas esculturas ou desenhos, dizendo os nomes dos seus monstros e conversando sobre as características que imaginaram para essas criaturas. Caso seja possível, organize um espaço na sala de referência para que as produções
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da turma fiquem expostas. Você pode atuar como escriba das crianças, registrando os nomes dos monstros e de seus criadores em folhas de papel ou etiquetas que servirão de identificadores dos trabalhos.
COMPONENTES ESSENCIAIS DE PREPARAÇÃO PARA A ALFABETIZAÇÃO
• Compreensão oral de textos.
• Desenvolvimento de vocabulário.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO
O eu, o outro e o nós
• (EI02EO02) Demonstrar imagem positiva de si e confiança em sua capacidade para enfrentar dificuldades e desafios.
• (EI02EO03) Compartilhar os objetos e os espaços com crianças da mesma faixa etária e adultos.
• (EI02EO04) Comunicar-se com os colegas e os adultos, buscando compreendê-los e fazendo-se compreender.
• (EI02EO06) Respeitar regras básicas de convívio social nas interações e brincadeiras.
Corpo, gestos e movimentos
• (EI02CG05) Desenvolver progressivamente as habilidades manuais, adquirindo controle para desenhar, pintar, rasgar, folhear, entre outros.
Traços, sons, cores e formas
• (EI02TS02) Utilizar materiais variados com possibilidades de manipulação (argila, massa de modelar), explorando cores, texturas, superfícies, planos, formas e volumes ao criar objetos tridimensionais
Escuta, fala, pensamento e imaginação
• (EI02EF01) Dialogar com crianças e adultos, expressando seus desejos, necessidades, sentimentos e opiniões.
• (EI02EF03) Demonstrar interesse e atenção ao ouvir a leitura de histórias e outros textos, diferenciando escrita de ilustrações, e acompanhando, com orientação do adulto-leitor, a direção da leitura.
• (EI02EF05) Relatar experiências e fatos acontecidos, histórias ouvidas, filmes ou peças teatrais assistidos etc.
• (EI02EF06) Criar e contar histórias oralmente, com base em imagens ou temas sugeridos.
• (EI02EF08) Manipular textos e participar de situações de escuta para ampliar seu contato com diferentes gêneros textuais.
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LEITURA COM A FAMÍLIA
[...] para potencializar as aprendizagens e o desenvolvimento das crianças, a prática do diálogo e o compartilhamento de responsabilidades entre a instituição de Educação Infantil e a família são essenciais. Além disso, a instituição precisa conhecer e trabalhar com as culturas plurais, dialogando com a riqueza/diversidade cultural das famílias e da comunidade.
BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR
A escola tem o papel de integrar a família no processo de alfabetização das crianças, incentivando pais e cuidadores a promoverem práticas de literacia na rotina familiar. É importante que você estabeleça o diálogo com as famílias das crianças para firmar uma boa parceria no processo de ensino e de aprendizagem: em uma ocasião que julgar oportuna, seja por meio de recado escrito na agenda das crianças ou de conversa com pais e cuidadores, instrua-os sobre como realizar em casa uma leitura dialogada da obra Debaixo da minha cama com as crianças.
LITERACIA: conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes relacionados com a leitura e a escrita e sua prática produtiva.
PRODUÇÃO DE ESCRITA
EMERGENTE: diz respeito aos aspectos geralmente atribuídos à escrita emergente, como o desenvolvimento da coordenação motora fina e a manipulação de lápis, por meio da prática de desenhos, pinturas e grafismos, em especial, aqueles que se reportem às formas das letras, tanto bastão quanto cursiva.
Após o término da leitura da obra, peça aos pais e cuidadores que escolham um momento adequado e façam junto com as crianças um registro de uma lista de itens por elas selecionado. A realização de uma fotografia ou de um desenho – nesse caso, desenvolvendo também habilidades caras ao componente essencial para a alfabetização produção de escrita emergente, – são boas opções. Pais e cuidadores devem atuar como escribas das crianças, registrando os nomes e as quantidades de todos os itens agrupados, por exemplo: “9 lápis de cor”; “4 bonecos de super-herói”; “2 camisetas”; “1 ursinho de pelúcia” etc.
Em um dia previamente acordado com os pais e cuidadores e com as próprias crianças, escolha um momento da rotina escolar para reuni-las e peça a cada uma delas que mostre o registro feito em casa, conte aos colegas um pouco sobre o momento em que realizaram a atividade e como se sentiram na ocasião, quais foram os itens selecionados para compor a sua lista e por quê. Se julgar conveniente e proveitoso, faça você uma seleção de itens para compor uma lista, realize o registro e o apresente para a turma, compartilhando também as suas impressões sobre a realização
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da atividade, quais foram os itens selecionados para compor a sua lista e o porquê da seleção.
Caso, por razões diversas, alguma das crianças não leve o registro solicitado no dia combinado, não há problema. Antes de dar início à atividade com a turma, peça à criança em questão que preste atenção nas listas apresentadas pelos colegas e pense em itens que podem ser encontrados na sala de referência que gostaria de selecionar para fazer parte de sua lista. Após a turma conversar sobre seus registros, em um momento oportuno, possibilite à criança selecionar a quantidade de cada um dos itens da sala de aula por ela escolhidos e registrar sua lista, seja por meio de uma fotografia ou de um desenho. Por fim, atue como escriba dessa criança, registrando os nomes e as quantidades de todos os itens agrupados, e converse sobre como ela se sentiu ao realizar a atividade e os motivos que a levaram a escolher aqueles itens em específico.
COMPONENTES ESSENCIAIS DE PREPARAÇÃO PARA A ALFABETIZAÇÃO
• Compreensão oral de textos.
• Desenvolvimento de vocabulário.
• Produção de escrita emergente.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO
O eu, o outro e o nós
• (EI02EO03) Compartilhar os objetos e os espaços com crianças da mesma faixa etária e adultos.
• (EI02EO04) Comunicar-se com os colegas e os adultos, buscando compreendê-los e fazendo-se compreender.
• (EI02EO06) Respeitar regras básicas de convívio social nas interações e brincadeiras.
Corpo, gestos e movimentos
• (EI02CG05) Desenvolver progressivamente as habilidades manuais, adquirindo controle para desenhar, pintar, rasgar, folhear, entre outros.
Escuta, fala, pensamento e imaginação
• (EI02EF01) Dialogar com crianças e adultos, expressando seus desejos, necessidades, sentimentos e opiniões.
• (EI02EF03) Demonstrar interesse e atenção ao ouvir a leitura de histórias e outros textos, diferenciando escrita de ilustrações, e acompanhando, com orientação do adulto-leitor, a direção da leitura.
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• (EI02EF04) Formular e responder perguntas sobre fatos da história narrada, identificando cenários, personagens e principais acontecimentos.
• (EI02EF05) Relatar experiências e fatos acontecidos, histórias ouvidas, filmes ou peças teatrais assistidos etc.
• (EI02EF07) Manusear diferentes portadores textuais, demonstrando reconhecer seus usos sociais.
• (EI02EF08) Manipular textos e participar de situações de escuta para ampliar seu contato com diferentes gêneros textuais.
• (EI02EF09) Manusear diferentes instrumentos e suportes de escrita para desenhar, traçar letras e outros sinais gráficos.
Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações
• (EI02ET07) Contar oralmente objetos, pessoas, livros etc., em contextos diversos.
AVALIAÇÃO
As crianças têm diferentes características de desenvolvimento e tempos para atingir os objetivos de aprendizagem. Por isso, a avaliação na Educação Infantil deve ser formativa e focar mais em processos do que em resultados padronizados.
A avaliação sobre a compreensão oral de textos explorados, assim como dos temas neles abordados, deve ser realizada por meio do acompanhamento processual de cada turma e de cada criança.
É importante organizar anotações sobre o desenvolvimento das crianças assim como registrar sua participação nas atividades propostas, por meio de fotos, vídeos ou anotações, compondo uma documentação pedagógica, que deve ser compartilhada com os profissionais da escola, com as famílias e com as próprias crianças.
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MATERIAIS COMPLEMENTARES
A seguir, veja indicações de materiais que abordam literatura infantil, formação de leitores e outros temas relacionados à obra Debaixo da minha cama. Há sugestões que o convidam a aumentar seu repertório e aperfeiçoar sua prática docente e outras indicadas para explorar com as crianças da creche.
PARA AUMENTAR O REPERTÓRIO
Onde vivem os monstros. Direção de Spike Jonze. EUA: Warner Bros. Pictures, 2009. (101 minutos)
Dentro de todos nós existe esperança, medo, aventura e um pouco de selvageria. Onde vivem os monstros, uma adaptação do clássico da literatura infantil de Maurice Sendak, conta a história de Max, um garoto desobediente que é mandado para cama sem jantar e cria seu próprio mundo: um bosque habitado por criaturas selvagens onde ele será o governante.
PETIT, M. Leituras: do espaço íntimo ao espaço público. São Paulo: Editora 34, 2013.
Os textos reunidos em Leituras: do espaço íntimo ao espaço público são o resultado de conferências realizadas pela antropóloga francesa Michèle Petit em países da América Latina e voltadas, entre outros, para bibliotecários, professores, mediadores de leituras e profissionais dedicados à formação de leitores de modo geral. Em comum, estes ensaios destacam a leitura como atividade de resistência e indagação, a qual permite a muitas pessoas em circunstâncias desfavoráveis tornarem-se agentes de seus destinos, além de nos levarem a refletir sobre as possibilidades de conjugarmos as dimensões individual e coletiva da leitura no campo da educação, da formação de leitores e da cidadania.
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REPRODUÇÃO REPRODUÇÃO
USHER, S. (Org.) Listas extraordinárias. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
Listas extraordinárias é uma seleção do britânico Shaun Usher de 125 listas feitas por escritores, cientistas, artistas e outras figuras de diversos períodos da história – como Susan Sontag, Albert Einstein, Pablo Picasso e Martin Luther King. Ricamente ilustrada por fotos e fac-símiles, a coletânea contextualiza cada uma das listas e transporta o leitor para o mundo desses personagens. Um material detalhado que mostra as particularidades de cada um para organizar o mundo à sua volta.
PARA EXPLORAR COM AS CRIANÇAS
ARAUJO, M.; CARBOGNIN, D.; PIZANI, J.; VERANO, P. Adoro listas! Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014.
Quem mais poderia entender de listas que uma zebra? Ou um elefante, com sua memória prodigiosa? Mas, quando os dois companheiros se encontram para conversar sobre listas, tem início uma grande confusão! O jogo de palavras, cheio de rimas e trocadilhos, vai dando o tom da brincadeira.
CANÉ, R. O livro do medo. São Paulo: V&R Editoras, 2016.
Como crescer e sair da escuridão? Existem muitos tipos de medo: os grandes e os pequenos, os reais e os imaginários… E todos eles assustam da mesma forma. Mas será que ficar sempre à beira do trampolim é melhor que experimentar o mergulho? Com ilustrações e texto que traduzem delicadamente essas sensações, O livro do medo foi criado pela autora argentina Raquel Cané. Um livro para crianças e grandões descobrirem como perder o medo do medo, da leitura, da arte e das emoções.
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REPRODUÇÃO REPRODUÇÃO REPRODUÇÃO
FURNARI, E. Listas fabulosas. São Paulo: Moderna, 2013.
Em Listas fabulosas, a escritora e ilustradora brasileira Eva Furnari presenteia seus leitores com as hilárias listas do Clube das Listas, criadas por seus ilustres membros. Com elas, descobrimos, por exemplo, que lavar roupa com suco de uva e encher a banheira com conta-gotas estão entre os piores jeitos de se realizar uma tarefa; além de nos indagarmos sobre as razões do sucesso de marketing de negócios como o ponto de táxi Tartaruga e o pet shop Cachorro-quente.
HILST, H. Eu sou a monstra. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2021.
Quem é a monstra? Como ela é? Nesse livro, da escritora brasileira Hilda Hilst, a personagem do título convida os leitores a desenhar em um papel a sua verdadeira forma. Forma essa que nós nunca descobrimos: fina ou larga, uma rainha ou um astronauta, uma roseira ou simplesmente sucata? A verdade é que a monstra pode ser tudo aquilo que ela quiser – e a imaginação de uma criança permitir.
ROLDÁN, G. Como reconhecer um monstro. São Paulo: Jujuba, 2011.
O que você faria caso se deparasse com um monstro? O escritor e ilustrador argentino Gustavo Roldán descreve as características dessa criatura, ao mesmo tempo que instiga o leitor a conferir se as informações são verídicas. Assim, a narrativa cria um clima de suspense, com um desfecho surpreendente e muito humor.
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REPRODUÇÃO REPRODUÇÃO REPRODUÇÃO